Buscar

teorico (2)

Prévia do material em texto

Prática de Ensino e Orientação de 
Estágio Curricular Supervisionado em 
LÍNGUA INGLESA
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Ms. Sandra Regina F. Moreira
Revisão Textual:
Profa. Ms. Sílvia Albert
Pedagogia de Projetos
5
• Introdução
• Pedagogia de Projetos: o que é
• A Pedagogia de Projetos e a Realidade Escolar
• As Sequências Didáticas
 · Destacar a importância do trabalho com projetos e sequências didáticas como 
estratégias de ensino que visam envolver os alunos em atividades significativas 
para eles mesmos e suas comunidades. Observar e aplicar as teorias linguísticas e 
didático-pedagógicas estudadas em contextos reais de uso.
Caro (a) aluno (a),
Nesta unidade comentaremos sobre a importância do trabalho com projetos como forma 
de criar um engajamento maior dos alunos em atividades significativas para eles e para suas 
comunidades.
Para obter um bom desempenho, você deve percorrer todos os espaços, materiais e 
atividades disponibilizadas na unidade.
Comece seus estudos pela leitura do Conteúdo Teórico: nele você encontrará o material 
principal de estudos na forma de texto escrito. Depois, assista à Apresentação Narrada e à 
Videoaula que sintetizam e ampliam conceitos importantes sobre o tema da unidade.
Só depois participe do debate proposto no Fórum de Discussão. Como você observará, não 
há nota para esta disciplina. Contudo, a participação nas atividades de discussão é essencial 
para sua formação docente. Sendo assim, não deixe de participar ativamente, tanto deixando 
sua opinião, comentando a dos colegas e postando dúvidas ou outros comentários pertinentes. 
Por fim, mas não menos importante, consulte as indicações sugeridas em Material 
Complementar e Referências Bibliográficas para aprofundar e ampliar seus conhecimentos. 
Lembramos a você sobre a importância de realizar todas as leituras e as atividades propostas 
dentro do prazo estabelecido para cada unidade, no cronograma da disciplina. Para isso, 
organize uma rotina de trabalho e evite acumular conteúdos e realizar atividades no último 
minuto. Em caso de dúvidas, utilize a ferramenta “Mensagens” ou “Fórum de dúvidas” para 
entrar em contato com o tutor.
É muito importante que você exerça a sua autonomia de estudante e que desenvolva sua 
proatividade para construir novos conhecimentos.
Bons estudos!
Pedagogia de Projetos
6
Unidade: Pedagogia de Projetos
Contextualização
Assista ao vídeo disponibilizado no link abaixo, no qual Rubem Alves fala sobre o papel do 
professor. Logo no início, ele afirma que o papel principal do professor não é ensinar, mas 
“criar espantos”, ou seja, despertar a curiosidade e motivar os alunos a realizarem algo que 
lhes seja significativo.
Essas afirmações estão muito alinhadas ao assunto desta unidade: a pedagogia de projetos, 
além disso, ouvir e aprender com Rubem Alves é sempre um prazer.
Assim...aproveite o material!
Acessar o link:
https://www.youtube.com/watch?v=qjyNv42g2XU
7
Introdução
Nesta unidade pretendemos, inicialmente, apresentar para você alguns recursos 
metodológicos que podem contribuir com a maior dinamicidade de suas aulas de língua inglesa: 
os projetos educacionais e as sequências didáticas. Concomitantemente, vamos refletir sobre 
as demandas, limites e restrições que enfrentamos, de fato, quando nos disponibilizamos a 
realizar essas propostas, saindo de nossa zona de conforto.
Dessa forma, vamos entender o que é e onde se situa a pedagogia de projetos no universo 
educacional brasileiro. A seguir, comentaremos sobre a importância da contínua análise e 
reflexão sobre os contextos internos e externos à sala de aula e que exercem papel crucial na 
elaboração de qualquer atividade didática. Para isso, verificaremos como podemos elaborar 
uma análise do que denominamos entorno escolar. Finalmente, apresentaremos uma variante 
dos projetos, denominada sequência didática e abordaremos seus aspectos mais relevantes 
que podem ser adaptados para a prática educacional em língua estrangeira, considerando-se, 
inclusive, todas as habilidades comunicativas. 
Conforme veremos, trabalhar com projetos é uma atividade altamente motivadora e 
estimulante, que nos faz aplicar na prática muitos elementos teóricos. Essa prática, contudo, 
é também uma atividade que demanda bastante planejamento e organização, tanto por parte 
dos alunos, quanto, e principalmente, por parte do próprio professor.
Vamos, portanto, sem demora, a essas questões!
8
Unidade: Pedagogia de Projetos
Pedagogia de Projetos: o que é
Ainda que a terminologia “pedagogia de projetos” não esteja presente nos Parâmetros 
Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira – PCN-LE – sua concepção perpassa todo o 
documento desde sua apresentação. Veja o que o documento diz logo na carta ao professor:
O papel fundamental da educação no desenvolvimento das pessoas e das 
sociedades amplia-se ainda mais no despertar do novo milênio e aponta 
para a necessidade de se construir uma escola voltada para a formação de 
cidadãos. Vivemos numa era marcada pela competição e pela excelência, 
onde progressos científicos e avanços tecnológicos definem exigências 
novas para os jovens que ingressarão no mundo do trabalho. Tal demanda 
impõe uma revisão dos currículos, que orientam o trabalho cotidianamente 
realizado pelos professores e especialistas em educação do nosso país. 
(BRASIL, 1998)
Essa preocupação com os novos objetivos do ensino, que não mais se limitam apenas à 
disseminação de conhecimentos, mas à formação de cidadãos críticos e engajados, também 
está presente na pedagogia de projetos, também conhecida como “método de projetos”.
Conforme apresentado por Amaral (2001), o “método de projetos” conhecido no 
Brasil é uma reinterpretação de uma série de propostas pedagógicas desenvolvidas pelos 
pesquisadores norte-americanos John Dewey e seu discípulo, William Kilpatrick, a partir dos 
estudos da chamada “Escola Nova”, um movimento que se contrapôs às metodologias de 
ensino tradicionais.
9
“A Escola Nova foi um movimento de renovação do ensino que foi especialmente 
forte na Europa, na América e no Brasil, na primeira metade do século XX. O 
escolanovismo desenvolveu-se no Brasil sob importantes impactos de transformações 
econômicas, políticas e sociais. O rápido processo de urbanização e a ampliação da 
cultura cafeeira trouxeram o progresso industrial e econômico para o país, porém, 
com eles surgiram graves desordens nos aspectos políticos e sociais, ocasionando 
uma mudança significativa no ponto de vista intelectual brasileiro.
Na essência da ampliação do pensamento liberal no Brasil, propagou-se o ideário 
escolanovista. O escolanovismo acredita que a educação é o exclusivo elemento 
verdadeiramente eficaz para a construção de uma sociedade democrática, que leva 
em consideração as diversidades, respeitando a individualidade do sujeito, aptos a 
refletir sobre a sociedade e capaz de inserir-se nessa sociedade. Então, de acordo 
com alguns educadores, a educação escolarizada deveria ser sustentada no indivíduo 
integrado à democracia, o cidadão atuante e democrático.”
HAMSE, A. Escola Nova e o Movimento de Renovação do Ensino. Disponível em: 
http://educador.brasilescola.com/gestao-educacional/escola-nova.htm Acesso: 20/06/2015
Isso significa que, enquanto as metodologias tradicionais realizam uma separação das 
disciplinas em blocos distintos, na proposta da Escola Nova.
A aprendizagem passa a ser vista como um processo complexo e global, 
onde teoria e prática não se dissociam, onde o conhecimento da realidade e 
a intervenção nela tornam-se faces de uma mesma moeda. A aprendizagem é 
desencadeada a partir de um problema que surge e que conduz à investigação, 
à busca de informações, à construção de novos conceitos, à seleção de 
procedimentos adequados. (AMARAL, 2001)Desse modo, ainda segundo Amaral, o trabalho com projetos passa a ser muito mais uma 
postura pedagógica do que uma abordagem metodológica.
Conforme dito no início deste tópico, essa preocupação com um ensino abrangente e 
que ultrapassa os limites impostos por uma divisão disciplinar estanque está presente nos 
principais documentos que norteiam a educação básica brasileira. A título de ilustração, veja o 
que dizem as Orientações Curriculares para o Ensino Médio – OCEM:
As propostas epistemológicas (de produção de conhecimento) que se delineiam 
de maneira mais compatível com as necessidades da sociedade atual apontam 
para um trabalho educacional em que as disciplinas do currículo escolar se 
tornam meios. Com essas disciplinas, busca-se a formação de indivíduos, o 
que inclui o desenvolvimento de consciência social, criatividade, mente aberta 
para conhecimentos novos, enfim, uma reforma na maneira de pensar e ver o 
mundo. (BRASIL, 2006, p.90)
O que se propõe ao se falar no trabalho com projetos, é a aplicação prática de diversas 
teorias, com vistas, principalmente a melhorar a realidade que impacta a vida dos alunos ou 
da comunidade em que se inserem.
Tratando mais especificamente de línguas estrangeiras, são as abordagens comunicativas em 
geral, e a Abordagem Baseada em Tarefas (Task Based Approach), em particular, que fornecem 
os fundamentos teóricos que mais se relacionam com a proposta do trabalho com projetos. 
10
Unidade: Pedagogia de Projetos
Atenção
As Abordagens Comunicativas ganham força, a partir dos anos 80, como propostas 
que se contrapõem ao formalismo e às cansativas repetições que caracterizavam 
os métodos tradicionais, em sua busca pela reprodução ‘native-like’ da língua alvo. 
O que chamamos de Abordagem Comunicativa é, de fato, um grande guarda-chuva 
que contém uma variedade de metodologias que se assemelham em sua busca pela 
integração e interação dos aprendizes com e pela língua estrangeira.
A Abordagem Baseada em Tarefas (Task Based Approach) tem por principal 
objetivo a aquisição da língua estrangeira por meio de sua utilização na realização 
de alguma tarefa significativa para os alunos. Assim, não se fala em “aprender o 
Simple Present”, por exemplo, mas na “elaboração de diário que registre nossos 
hábitos do cotidiano”.
Para conhecer mais a respeito dessas abordagens, ou relembrar, acesse:
http://www.cambridge.org/other_files/downloads/esl/booklets/Richards-Communicative-Language.pdf
http://www.educ.ualberta.ca/staff/olenka.bilash/best%20of%20bilash/task-based%20language%20teaching.pdf
Desse modo, podemos estabelecer algumas distinções entre o trabalho com projetos e as 
atividades didáticas tradicionais. Veja os aspectos que apresentamos a seguir:
1. Os objetivos
Em uma atividade didática tradicional, espera-se que os alunos adquiram determinados 
conhecimentos teóricos, sendo esses conhecimentos verificados a partir de atividades 
avaliativas.
Imaginemos assim, uma aula de língua inglesa tradicional na qual se apresente como 
conteúdo gramatical as principais características dos adjetivos: a não flexão de número e o 
posicionamento anterior ao substantivo. Numa atividade pedagogia tradicional subsequente à 
teoria, o objetivo é verificar se os alunos entenderam as regras e se são capazes de reproduzi-
las em outros contextos. Essa atividade, ainda que fazendo uso de elementos comunicativos, 
ou de situações do dia a dia dos alunos, não necessariamente busca o engajamento discursivo 
dos alunos, mas a verificação sobre sua compreensão em relação ao assunto da aula.
No trabalho com projetos o objetivo não é necessariamente que os alunos adquiram algum 
conhecimento teórico específico, mas que, qualquer conhecimento teórico adquirido no 
processo de realização do projeto seja utilizado para conquistar um fim prático e útil, quer 
para o próprio aluno, quer para sua família ou comunidade.
Dessa forma, no mesmo exemplo anterior, os usos e características dos adjetivos em inglês 
não é o fator principal a ser discutido, mas, provavelmente, os alunos terão que utilizar esse tipo 
de conhecimento para realizar alguma atividade significativa, como por exemplo, a elaboração 
de um arquivo histórico-cultural que retrate, de forma bilíngue, a história e o desenvolvimento 
da comunidade em que vivem.
Outro aspecto distintivo do trabalho com projetos é seu caráter interdisciplinar.
11
2. A interdisciplinaridade
Uma vez que o conteúdo teórico não é visto como um fim em si, a visão das disciplinas como 
elementos estanques e distintos também perde força no trabalho com projetos. A especificidade 
deve ser utilizada a serviço da interdisciplinaridade, pois, para se alcançar um objetivo maior, 
como a elaboração de um arquivo histórico-cultural, como o exemplificado acima, será necessário 
se articular conhecimentos advindos de diversas áreas.
Não devemos supor, contudo, que a interdisciplinaridade que caracteriza o trabalho com 
projetos, abra mão dos conhecimentos teóricos específicos, como se esses se fundissem na 
variedade dos conteúdos interdisciplinares envolvidos.
Assim, voltando à elaboração do arquivo histórico-cultural citado, em relação à língua inglesa, 
é necessário que se identifique que elementos gramaticais (lexicais, sintáticos, semânticos) 
serão úteis para a realização dessa tarefa. Também é importante definir, desde a idealização do 
projeto, as razões que tornam importante o caráter bilíngue da tarefa. Uma justificativa poderia 
ser a possibilidade de compartilhamento das informações obtidas para além das fronteiras 
nacionais, tornando a comunidade conhecida em outros países, por exemplo.
Chegamos, assim, a um terceiro elemento que distingue o trabalho com projetos: sua 
relação com o público ao qual se dirige.
3. A Especificidade
Enquanto que a especificidade nas atividades tradicionais se refere ao contexto da própria 
disciplina, na pedagogia de projetos esse item se relaciona ao público-alvo, ou seja, ao grupo 
com o qual o projeto será desenvolvido.
Desse modo, um projeto desenhado e desenvolvido para um determinado público, 
possivelmente não poderá ser replicado, da mesma forma e com os mesmos objetivos, em 
outras situações. Logicamente é sempre possível se reaproveitar atividades (principalmente as 
boas!), contudo, também é necessário pensar e realizar as devidas atualizações, uma vez que 
nenhum grupo é igual ao outro.
Dedicaremos apenas essas poucas linhas ao item ‘especificidade’ nos projetos, uma vez que 
ele será comentado, de forma mais abrangente no próximo tópico que iremos discutir nessa 
unidade: a verificação dos contextos externos à sala de aula, ou seja, o entorno escolar.
12
Unidade: Pedagogia de Projetos
A Pedagogia de Projetos e a Realidade Escolar
O trabalho com projetos pode, em geral, ser observado por dois ângulos distintos, mas 
complementares: o do professor e o do aluno. 
Antes de um projeto ser apresentado aos alunos, ele é idealizado, desenhado e organizado 
pelo professor. Desse modo, é o professor aquele que precisa definir, de antemão, aquilo que 
poderá ser significativo para seus alunos. As perguntas que certamente orientam seu trabalho são:
– Como saber o que é significativo para os alunos?
– Como verificar o que, de fato, eles precisam ou os incomodam?
– Como estabelecer os procedimentos para atingir os fins imaginados?
– Como mensurar os resultados?
Para responder a essas ou a outras questões relacionadas, não basta buscar teorias ou 
analisar relatórios governamentais ou escolares. É preciso, primeiramente, definir o público-
alvo com o qual o projeto se desenvolverá: esse tanto pode ser uma única sala (alunos do 
7ºano A), diversas salas da mesma série ou ano (alunos do 7º ano) ou um grupo maior (alunos 
dos 7ºs e 8ºs anos). Certamente, quanto mais amplo for o grupo, mais complicada será a 
tarefa de delimitaro que é significante. É por essa razão que se enfatiza tanto a definição do 
público-alvo da forma mais específica possível.
 Uma vez definido o público-alvo, é preciso observá-lo atentamente, com vistas a 
identificar suas necessidades, sonhos, objetivos, percepções etc. Essa observação pode ser 
feita de diversas formas: informalmente, através de conversas e discussões; formalmente, 
através do preenchimento de questionários, ou por gravações em áudio ou vídeo.
Lembre-se de que, uma vez que estamos lidando com menores de 
idade, é necessária a prévia autorização, por escrito, dos pais ou 
responsáveis, para gravações de qualquer natureza ou registros 
escritos. Também é importante garantir a preservação das identidades 
dos alunos, com o uso de pseudônimos ou registros anônimos.
Há vários modelos que servem de referência para as observações sobre a realidade escolar 
e seu entorno, assim, a título de ilustração utilizamos um que se encontra disponível no 
seguinte endereço:
Explore: http://coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/uft/file.php/1/coord_ped/sala_3/mod03_2unid_12_124.html
13
Veja os itens que podem ser levados em consideração quando se analisa o aluno, a escola 
e seu entorno:
Itens para observação:
Entorno Escolar Local onde a escola se insere (comunidade, criminalidade, próxima a vias importantes, local de difícil acesso, outras escolas na região).
Perfil socioeconômico 
da comunidade
Condição social, econômica e cultural dos alunos e das famílias.
Histórico da Escola Fundação, mudanças significativas.
Descrição Física atual
Nº de salas de aula, espaços acadêmicos (salas de vídeo, de informática, 
biblioteca, de artes etc.), administrativos (secretaria, coordenação, diretoria 
etc.) e de convivência (pátio, anfiteatro, parque, quadra etc.). Condições de 
conservação, organização e acessibilidade.
Descrição do 
 Corpo Discente
Nº de alunos matriculados, nº de alunos por sala/série (ano), nº de alunos 
com necessidades especiais, taxa de evasão e/ou retenção.
Descrição do 
 Corpo Docente
Professores efetivos, professores temporários, eventuais, contratados etc. 
Formação docente (graduação, pós-graduação lato sensu, pós-graduação 
stricto sensu etc).
Descrição do Corpo 
Técnico Administrativo 
e da Equipe Gestora
Nº de funcionários, nº de coordenadores, diretor, vice etc. Frequência 
presencial desses indivíduos no dia a dia escolar.
Relações Interpessoais Aluno-aluno; aluno-professor; professor-professor; professor-equipe gestora/administrativa.
Relação Escola-
Comunidade
Participação da comunidade (APM, ONGs, reuniões, projetos culturais etc.)
Nem todos os itens se aplicam a todos os tipos de projetos, mas, certamente, muitos deles 
precisam ser considerados na elaboração de qualquer projeto que tenha o objetivo de se 
inserir como uma proposta para modificar ou influenciar positivamente determinada realidade 
observada. Essa é uma questão que interfere, diretamente, na relevância do projeto e, por 
conseguinte, na adesão dos alunos.
14
Unidade: Pedagogia de Projetos
Como você deve ter observado, a proposta do trabalho com projetos é extremamente 
importante tanto para motivar os alunos numa aprendizagem contextualizada quanto para 
desenvolver nos professores um senso de valorização de seus conhecimentos. Contudo, essa 
proposta não diminui as responsabilidades docentes, antes, apresenta outras como: seleção, 
análise e elaboração de uma proposta de projeto adequada ao nível de maturidade dos alunos, 
aos conhecimentos que eles são capazes de desenvolver, se corretamente estimulados, e à 
aplicabilidade e importância do projeto no contexto social que envolve os alunos.
A questão que surge, antes que passemos ao último tópico desta unidade é: até que ponto 
estamos dispostos a realizar um trabalho como este? Essa opção implica, certamente, em 
abandonarmos a zona de conforto a qual já estamos acostumados, ainda que nem sempre 
a consideremos estimulante e útil, para nos aventurarmos no desconhecido de uma série de 
atividades para as quais não podemos, de antemão, traçar os limites que alcançará.
As respostas, infelizmente, não estão prontas em lugar algum. Caberá a nós, portanto, 
individualmente, buscá-las. Por isso, nosso objetivo nessa unidade é mais apontar possibilidades 
e caminhos do que definir respostas.
Foi a preocupação com a relevância dos elementos linguísticos à nossa disposição, 
principalmente com relação aos usos dos gêneros textuais orais e escritos, que levou 
pesquisadores como Joaquim Dolz, Michèlle Noverraz e Bernard Schneuwly a desenvolverem 
um estudo que alia a teoria à prática na elaboração do que eles denominam “sequências 
didáticas”. Será esse o tópico que encerra esta unidade.
O texto utilizado para a apresentação sobre Sequências Didáticas está 
disponível no livro Gêneros Orais e Escritos na Escola, traduzido 
e organizado pelas Professoras Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro, e 
publicado pela Editora Mercado de Letras, em 2004. Esse texto não é 
específico para a língua inglesa, mas a proposta realizada pelos autores 
pode certamente ser utilizada tanto para o ensino de língua materna, 
quanto para o de línguas estrangeiras.
15
As Sequências Didáticas
O trabalho com sequências didáticas muito se assemelha ao trabalho com projetos. Veja 
algumas das definições sobre esse tópico, conforme apresentado por Dolz (2004) e seus 
colaboradores:
Uma “sequência didática” é um conjunto de atividades escolares organizadas, 
de maneira sistemática, em torno de um gênero textual oral ou escrito. (p.82)
[...] tem, precisamente, a finalidade de ajudar o aluno a dominar melhor um gênero 
de texto, permitindo-lhe, assim, escrever ou falar de uma maneira mais adequada 
numa dada situação de comunicação. [...] servem, portanto, para dar acesso aos 
alunos a práticas de linguagem novas ou dificilmente domináveis. (p.83)
Enquanto o trabalho com projetos tem uma abrangência quase que infinita, dadas as amplas 
possibilidades a que se referem, as sequências didáticas são projetos que se organizam em 
torno de um gênero textual, tendo por objetivo principal habilitar os alunos a utilizarem-no 
adequadamente em situações reais de comunicação. 
Para entendermos melhor: podemos chamar de sequência didática um projeto que busca 
apresentar, entender e utilizar melhor um determinado gênero textual, oral ou escrito. Também 
há algumas características que definem as sequências didáticas. 
Caso você goste de esquemas gráficos, uma sequência didática, em geral, possui a seguinte 
estrutura:
Apresentação da situação
Produção
Final
Produção
Inicial
Módulo
1
Módulo
2
Módulo
3
(Adaptado de Dolz, 2004, p.83)
Vamos comentar cada item abaixo:
Apresentação da situação
Na apresentação da situação o professor deve representar a situação de comunicação e da 
atividade de linguagem a ser executada. Isso significa que é preciso apresentar um problema de 
comunicação bem definido, observando-se: o gênero em questão, os participantes da produção e 
a forma que a produção adquire. Também é importante que o professor prepare antecipadamente 
os conteúdos dos textos que serão produzidos, destacando sua importância.
Isso significa que, caso o objetivo da sequência didática seja trabalhar com o gênero ‘adaptação 
literária’, por exemplo, é importante que na apresentação da situação, exemplos de adaptações 
literárias sejam apresentados e comentados, destacando-se as características do gênero e as 
modificações que sofrem dependendo dos diversos contextos socioculturais e históricos.
16
Unidade: Pedagogia de Projetos
Produção Inicial
Nesse momento, é solicitado aos alunos que tentem elaborar, a partir dos modelos e exemplos 
fornecidos, um primeiro texto que represente o mesmo gênero textual em discussão. Dessa forma, 
eles podem revelar para si mesmos,e para o professor, as representações que têm dessa atividade. 
A produção inicial possui, ainda, uma dupla função: para os alunos, ela é a concretização dos 
elementos apresentados; é uma prática inicial que permite aos alunos desenvolverem uma 
consciência crítica sobre seus conhecimentos e limites. Já para o professor, essa atividade 
possibilita a refinação, modulação e adaptação da sequência de forma mais precisa às 
capacidades reais dos alunos.
Utilizando o exemplo dado sobre a adaptação literária, ao definir esse gênero, o professor já terá 
antecipado alguns tópicos que julga necessários para a realização dessa atividade, contudo, de 
acordo com os resultados observados na produção inicial, ele poderá manter ou reorganizar os 
tópicos com os quais trabalhará nos módulos que se seguirão.
Módulos 
Os módulos compõem as diversas etapas de trabalho necessárias para vencer as dificuldades 
identificadas na produção inicial. Assim, não existe um número mínimo, ou máximo, para os 
módulos, antes, eles serão definidos a partir dos problemas observados. Devemos notar que, 
quando se fala em problemas nas sequências didáticas, não nos limitamos a problemas de ordem 
gramatical (ainda que esses sejam os mais frequentes). 
Os módulos devem, portanto, desenvolver atividades que abordem problemas de níveis 
diversificados: aspectos lexicais, sintáticos, semânticos; variando os tipos de atividades (análise, 
produção, identificação) e, finalmente, capitalizando as aquisições a partir de reflexões críticas 
sobre o gênero e suas características.
É a partir dessa sistematização que os alunos poderão partir para o último item da sequência didática.
17
Produção Final
na produção final, os alunos serão estimulados a realizarem novamente a mesma produção 
feita como atividade inicial. Essa atividade é muito útil porque oportuniza aos alunos a 
autorreflexão sobre o quanto aprenderam no processo realizado. Constitui-se, desse modo, 
em uma avaliação do tipo somativo (que verifica os resultados), mas que possui critérios 
bastante claros, já que parte de algo conhecido pelos alunos e para a qual já foram realizadas 
diversas atividades distintas nos módulos.
A produção final também garante ao professor a oportunidade de avaliar toda a sequência 
didática, verificando se os objetivos inicialmente traçados foram conquistados, ou não.
Dotz (2004) comenta ainda sobre os dois elementos que mais distinguem a sequência didática 
de outros trabalhos com projetos que são a modularidade e a diferenciação, defendendo que a 
sequência didática se caracteriza como
Abordagem não naturalista (apenas o fazer), ou impressionista (de 
visitação). Insere-se numa perspectiva construtivista, interacionista e social 
que supõe a realização de atividades intencionais, estruturadas e intensivas 
que devem adaptar-se às necessidades particulares dos diferentes grupos 
de aprendizes. (p.93)
Isso significa que percursos variados podem ser utilizados, com ênfase maior ou menor nos 
aspectos gramaticais, dependendo das capacidades e dificuldades observadas.
Ainda sobre a organização modular, é importante destacar que, apesar de flexível, ela não é 
aleatória, pois certas atividades são uma base para a realização de outras.
Para compreendermos melhor a ideia da modularização dentro da Sequência Didática, 
podemos compará-la aos episódios de um seriado televisivo: cada episódio possui, em geral, 
uma unidade temática, assim é possível compreender o enredo sem ter que assistir a toda a 
série. O conceito dos módulos é semelhante, pois cada módulo deve propor uma atividade 
que se conclua no próprio módulo, ainda que muitas vezes ela se relacione com outras 
atividades. O objetivo desse tipo de trabalho é trazer um senso de finalização das atividades 
tanto para os alunos quanto para o professor.
Chegamos aqui ao final desta unidade que explorou e destacou as questões relacionadas ao 
trabalho com projetos e sequências didáticas – as vantagens que essas práticas trazem para 
nosso fazer docente e as demandas que elas também acrescentam aos professores. Dentre as 
tarefas que nos são atribuídas, comentamos sobre a importância da identificação e análise do 
entorno escolar para a elaboração de atividades mais pertinentes e contextualizadas.
Aproveite todo o material disponibilizado para estudo e participe ativamente das discussões 
propostas!
Até a próxima!
18
Unidade: Pedagogia de Projetos
Material Complementar
Sites:
Para saber um pouco mais sobre a Escola Nova, acesse o link abaixo. Nele a autora apresenta 
de forma bastante objetiva e resumida as principais ideias dessa proposta pedagógica.
http://educador.brasilescola.com/gestao-educacional/escola-nova.htm
No link abaixo, você poderá ler tanto sobre os itens que podem incidir sobre a análise 
do entorno escolar quanto sobre outras questões que impactam o gerenciamento dos 
espaços escolares.
http://coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/uft/file.php/1/coord_ped/sala_3/mod03_2unid_12_124.html
Leituras:
No link disponibilizado abaixo você encontrará um livreto que apresenta e comenta 
sobre a Abordagem Comunicativa. Vale a pena a leitura!
http://www.cambridge.org/other_files/downloads/esl/booklets/Richards-Communicative-Language.pdf
Um dos grandes nomes da Abordagem Baseada em Tarefas é David Nunan. No link abaixo 
você poderá ler algumas páginas de seu livro intitulado Task Based Language Teaching.
http://www.educ.ualberta.ca/staff/olenka.bilash/best%20of%20bilash/task-based%20language%20teaching.pdf
No artigo abaixo são analisadas duas sequências didáticas a partir dos mesmos 
pressupostos teóricos que utilizamos nesta unidade. Assim, essa é uma oportunidade 
para entender melhor, na prática, como funcionam as Sequências Didáticas proppstas 
por Dolz , Noverraz e Schneuwly.
http://goo.gl/iYE7uP
19
Referências
AMARAL, Ana Lúcia. A Pedagogia de Projetos na Implantação da Escola Plural. 
Disponível em: http://homes.dcc.ufba.br/~frieda/pedagogiadeprojetos/conteudos/
escolaplural.htm Acesso: 10/06/2015
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: 
terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua estrangeira / Secretaria de 
Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.
BRASIL, Secretaria de Educação Básica. Linguagens, códigos e suas tecnologias / 
Secretaria de Educação Básica. Brasília: MEC/SEB, 2006. (Orientações Curriculares para o 
Ensino Médio: volume 1)
PRADO, Maria Elisabette Brisola Brito. Pedagogia de Projetos. Disponível em: http://www.
eadconsultoria.com.br/matapoio/biblioteca/textos_pdf/texto18.pdf Acesso: 10/06/2015.
SCHNEUWLY, Bernard. DOLZ, Joaquim. Et al. Sequências Didáticas para o Oral e a 
Escrita: Apresentação de um Procedimento. In SCHNEUWLY, Bernard. DOLZ, Joaquim. 
Et al. Gêneros Orais e Escritos na Escola. Trad. e org. Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. 
Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004. (Coleção As Faces da Linguística Aplicada). p.95-108.
20
Unidade: Pedagogia de Projetos
Anotações