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Jusnaturalismo A doutrina do direito natural nasceu na Grécia antiga. Segundo Sófocles, existe um direito superior à legislação positiva estabelecida pela vontade do soberano (direito natural). O Direito Natural é uma doutrina jurídica que defende que o direito positivo deve ser objeto de uma valoração que tem como referencia um sistema superior de normas e princípios que lhe condicionam a validade. Características na doutrina do Direito Natural: a) A legislação em vigor deve ser analisada a partir de determinados conteúdos superiores, b) Estes conteúdos possuem como fonte uma determinada categoria universal e imutável ideal de justiça; c) Estes conteúdos devem sempre prevalecer sobre as disposições formais da legislação em vigor. Estes conteúdos são referentes a uma ideia de justiça. A legislação vigente será considerada válida apenas na medida em que suas prescrições correspondam às exigências de um ideal de justiça. Uma regulamentação positiva injusta da conduta humana não tem qualquer validade e não é, portanto, direito em sentido escrito, na medida em que se leva a entender por direito apenas uma ordem jurídica válida. Para a doutrina do Direito Natural, direito é um direito justo (válido por ideal de justiça). Referência de justiça a ser utilizada? Há três respostas possíveis: a) A própria natureza (resposta típica do mundo antigo); b) A Deus (resposta típica do mundo medieval); c) A natureza humana (resposta típica do mundo moderno nascente). O primeiro tipo de resposta pode ser designado de doutrina do Direito Natural Cosmológico. Para Aristóteles há dois tipos de lei: a lei própria (positiva) ou comum (natural). Fundado na ideia de que os direitos naturais corresponderiam a dinâmica do próprio universo, refletindo as leis eternas e imutáveis que regem o funcionamento do Cosmos. A lei própria é a que cada um impõe a si mesmo, que pode ser escrita ou não escrita. A lei comum é a lei de acordo com a natureza. Lei que tem validade universal e se constitui referencia para a validade da lei positiva (própria), que em hipótese alguma pode contrariá-la para ser considerada válida. O segundo tipo de Direito Natural é o Direito Natural Teológico. Visão teocêntrica do mundo e para a compreensão das supostas leis divinas que o governam. Para o cristianismo, não é na justiça humana que reside a verdade, mas na lei de Deus que age de modo absoluto, eterno e imutável. Segundo o jusnaturalismo teológico, o fundamento dos direitos naturais seria a vontade de Deus. Para São Tomás de Aquino, há três tipos de leis: A lei eterna (vontade de Deus), a lei comum (positiva) e a lei natural. Para este pensador é a razão divina que estabeleceu a ordem geral do universo e esta ordem pode ser compreendida. Em consequência, somente é válida a lei justa derivada da vontade de Deus (lei eterna). O terceiro tipo de direito natural: direito natural antropológico. Volta- se para o homem como o centro do universo, portador de um conjunto de direitos naturais inatos. Houve a ruptura com a compreensão transcendente do mundo (divino/teológico) e uma grande valorização do ser humano diante do poder da Igreja e do Estado. Essa doutrina do Direito Natural representou um contrapeso histórico importante ao poder absoluto do Estado Moderno. Pressuposto fundamental: legislação de um país (direito positivo) somente será válida quando respeitar os direitos naturais inatos dos homens, que o constitui por meio de um contrato social em que manifestou a sua vontade (contratualismo). Principal representante: John Locke, que defende que os homens possuem um conjunto de direitos naturais inatos (vida, liberdade e propriedade) que não são transferidos para o corpo político quando do estabelecimento do contrato social que dá origem ao Estado Moderno. O Direito Natural inspirou a Revolução Americana e a Revolução Francesa, e contribuiu para o início da conformação do constitucionalismo moderno e do Estado de Direito. Algo em comum entre as proposições das três propostas: a validade do direito positivo está condicionada a uma ordem superior de justiça, que pode ser o cosmos, Deus ou os direitos naturais inatos! Jusnaturalismo no século XIX: buscava-se positivar o direito natural, juntando todo o conhecimento disponível em um só compendio, para facilitar a identificação de qual norma. Acreditava-se que a sistematização era o auge do direito natural, ao identificar que o juiz deveria, obrigatoriamente, aplicar as determinações do código criou-se a política do positivismo. Jusnaturalismo x Juspositivismo: Para o Positivismo jurídico, a validade do direito, independe da validade de uma norma ou princípio de justiça, ao contrário, o direito vale para o Positivismo jurídico mesmo que seja injusto. O direito natural condiciona a sua validade a uma ordem superior de justiça (cosmos, Deus ou direitos naturais inatos). Duas preposições latinas que simbolizam cada uma das doutrinas: iustum quia iussum (justo porque ordenado) e iussum quia iustum (ordenado porque justo). Positivismo Jurídico: pode ser denominado de monista, pois reduz o direito à ordem estabelecida (direito é direito positivo). Já o Direito Natural é uma doutrina jurídica dualística, pois trabalha dois planos compreensivos (direito e justiça). Jusnaturalismo: direito natural (ius naturale) tem validade em si e é anterior ao direito positivo. Direito positivo: só há um direito, que é o estabelecido pelo Estado. Jusnaturalismo: Leis superiores Pressuposto: Valores Existência de leis naturais Juspositivismo: Leis impostas Pressuposto: o próprio ordenamento positivo Existência de leis formais
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