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1 O IMPACTO DO PROCESSO DEMISSIONAL NOS FUNCIONÁRIOS REMANESCENTES Silvia Cristhina Biasi Mezari – FECEA Diego Fernandes Roque – FECEA Fabiano Pereira da Silva – FECEA Greicy Kelley da Silva – FECEA Jaiane Aparecida Pereira – FAFIJAN/UEM RESUMO Uma demissão pode ser vista como a ruptura entre o elo do colaborador com a empresa. Sabe- se que este processo apresenta uma forte dose negativa de emoção para o funcionário que está saindo da empresa, entretanto acredita-se que os funcionários remanescentes também podem apresentar comportamentos diferenciados neste processo. Diante disso, o objetivo do presente trabalho é compreender qual o impacto do processo demissional nos funcionários remanescentes. Para atingir esse objetivo, foi desenvolvida uma pesquisa de natureza qualitativa do tipo descritiva, por meio de quatro entrevistas semiestruturadas com funcionários que já passaram por esse processo, tentando evidenciar seus sentimentos. Os principais resultados mostram a importância que os colaboradores remanescentes dão ao processo de demissão. Eles se preocupam com o próprio desempenho, temem que também sejam demitidos. A demissão mexe com os ânimos da organização como um todo, esse processo causa grande tensão e pode gerar diversos conflitos organizacionais, como a sobrecarga de trabalho, o sentimento de desconfiança do funcionário em relação à postura e decisões da administração, e até mesmo desmotivação. Palavras-chave: Processo demissional. Impacto da demissão. Relacionamento organizacional. 2 1 INTRODUÇÃO Saciar as necessidades dos consumidores no mundo globalizado em que se vive hoje tem exigido cada dia mais das empresas. As pessoas estão mais seletivas e as empresas precisam atender a demanda com o menor custo possível. Conforme Maximiano (1992), uma organização se refere à junção de esforços individuais que tem como objetivo realizar metas coletivas, propósitos que não seriam possíveis de se realizar individualmente. O empregado, atualmente chamado de colaborador, é aquele que efetivamente põe em prática as atividades realizadas pela organização, é quem dá dinamismo a ela, é quem colabora diretamente para o alcance da missão empresarial. As organizações são constituídas de pessoas e dependem muito delas para atingir seus objetivos e cumprir suas missões. Por outro lado, para as pessoas, as organizações constituem um meio pelo qual elas podem alcançar vários objetivos pessoais com um mínimo de tempo, esforço e conflito (CHIAVENATO, 1999). A partir dessa relação entre a empresa e seus colaboradores, cria-se um vínculo de confiança e responsabilidade de um para com o outro. A organização deve se esforçar para que nessa relação ambas as partes saiam ganhando. Além disso, deve-se considerar a convivência entre os colaboradores dentro do ambiente empresarial, os quais se tornam companheiros de trabalho, dependem uns dos outros no serviço e chegam a criar laços afetivos que, algumas vezes, podem até ser levados para fora do trabalho. Uma demissão pode ser vista como a quebra desse elo, quando se trata da ruptura entre colaborador e empresa. O ser humano se sente útil quando trabalha, quando percebe que uma estrutura depende dele para cumprir sua missão, e isso se perde diante de um processo demissional, a pessoa se vê desmotivada e sem objetivos. A maioria dos funcionários que são demitidos de uma empresa enfrenta uma forte dose negativa de emoção. Entretanto, os funcionários remanescentes podem também experimentar sentimentos controversos. Partindo desse pressuposto, identificou-se a seguinte problemática: Qual o impacto do processo demissional para os funcionários remanescentes? Diante disso, o objetivo do presente trabalho é compreender qual o impacto do processo demissional nos funcionários remanescentes. Para atingir o objetivo proposto, o trabalho apresenta a fundamentação teórica, seguida da metodologia da pesquisa, a apresentação e discussão dos resultados e as considerações finais. 3 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A fundamentação teórica abordou em primeiro lugar, discussões sobre a relação entre as pessoas e as organizações. Em seguida, apresentou-se o processo demissional. 2.1 A RELAÇÃO ENTRE AS PESSOAS E AS ORGANIZAÇÕES Antes, a relação entre pessoas e organizações era reconhecida como antagônica e conflitante. Acreditava-se que as metas das empresas eram incompatíveis com as das pessoas, mas as organizações são constituídas por elas e dependem delas para alcançar seus objetivos e suas missões. Desse modo, constatou-se que, “se a organização quer alcançar seus objetivos da melhor maneira possível, ela precisa saber canalizar os esforços das pessoas para que também estas atinjam seus objetivos individuais e que ambas as partes saiam ganhando” (CHIAVENATO, 1999, p. 5). Atualmente, as organizações estão tornando mais amplos seus conceitos de visão e atuação estratégica. A realização completa do processo produtivo depende da contribuição conjunta de diversos parceiros, cada um colaborando com algum recurso. Para Chiavenato (1999, p. 5) “cada um dos parceiros da organização contribui com algo, na expectativa de obter um retorno pela sua contribuição. Geralmente, as organizações procuram privilegiar os parceiros mais importantes”. Chiavenato (1999) define o empregado como o parceiro mais íntimo da organização, sendo sua principal função dar dinamismo e vida a ela. Para Chiavenato (1999, p. 8): Como parceiros, as pessoas fazem investimentos na organização – como esforço, dedicação, responsabilidade, comprometimento, riscos, etc. – na expectativa de colher retornos desses investimentos – como salários, incentivos financeiros, crescimento profissional, carreira, etc. Qualquer investimento somente se justifica quando traz um retorno razoável. Daí o caráter de reciprocidade na interação entre pessoas e organizações. Farias (2007, p. 25) caracteriza o indivíduo como alguém que “trabalha para realizar suas necessidades sociais e psíquicas, sejam elas de sobrevivência, realização, sublimação ou outras”. No entanto, em seu trabalho, o indivíduo cria vínculos, os quais compõem as relações sociais e afetivas e está efetivamente ligada a subjetividade do ser humano. 4 Segundo Dejours (2000), o ser humano possui necessidades que vão além das fisiológicas, desse modo o trabalho representa, além de um meio de prover seu sustento, um ambiente de integração com outras pessoas e grupos, proporcionando reconhecimento enquanto ser social. Schirato (2000, p. 130) conclui que: A auto categorização do indivíduo, enquanto integrante do grupo em que trabalha, estabelece-se por meio de sentimentos de vinculação e diferenciação e desligar-se do trabalho, e consequentemente do grupo, representa uma ruptura desse processo. Sendo assim, a demissão não constitui um fato isolado, senão uma interrupção nessa construção psicológica decorrente da associação trabalho e identidade. Neste contexto, argumenta-se que a relação entre empresa e funcionário envolve trocas muito intrínsecas, além da ligação econômica que caracteriza esse relacionamento. Além disso, as relações entre os funcionários também são caracterizadas por vínculos profundos, pois eles convivem grande parte do dia nesse ambiente, no qual se criam relacionamentos de afeto e amizade. Portanto, quando ocorre o desligamento, dependendo do processo demissional, os sentimentos podem ser muito profundos tanto nos funcionários demitidos, quanto naqueles remanescentes. Esse assunto foi discutido no próximo tópico. 2.2 O PROCESSO DEMISSIONALO processo demissional pode ocorrer de várias formas e por vários motivos. Pode ser uma demissão por justa causa, sem justa causa ou então por pedido de dispensa. Pode ocorrer por falta de resultado do trabalho esperado, ou seja, por baixo grau de desempenho do funcionário ou também por um excepcional índice de desempenho, que está além do que a empresa realmente precisa. A falta de competência técnica também gera demissão, pois a ausência de conhecimentos dos processos pode atrasar os resultados da organização. A má relação interpessoal com os demais colaboradores, seja com o superior ou com a própria organização, influencia na decisão de demitir alguém, pois o eficiente desenvolvimento das atividades depende de um bom relacionamento da equipe. Para Lacombe (2011), a demissão é um processo traumático tanto para o demitido, quanto para quem está demitindo, assim como causa reflexos nos empregados que continuam na empresa. 5 De acordo com Robbins (2003), as pessoas demitidas e as que continuam trabalhando experimentam sentimentos parecidos de frustração, ansiedade e perda. As pessoas demitidas procuram seguir em frente e recomeçar, esquecendo o trauma. Isso não acontece com os funcionários remanescentes. Segundo Robbins (2003, p. 154): Provavelmente eles sofrerão da síndrome do sobrevivente de demissão. Os sintomas incluem insegurança no trabalho, percepções de injustiça, depressão, estresse devido a maior carga de trabalho, medo de mudanças, perda de fidelidade e comprometimento, redução no perfil de riscos e na motivação, falta de vontade de fazer algo além do mínimo requerido, de não estar sendo bem informado e a perda de confiança na alta administração. Para Caldas (2000, p.85), “o agravamento pode ser ainda maior se houver sobrecarga de trabalho para os remanescentes, comprometendo o clima organizacional, as relações de trabalho e até mesmo a qualidade dos produtos”. Macedo (1994) destaca a necessidade que a empresa tem de fortalecer sua identidade perante o público interno após o processo de demissão, evitando efeitos negativos no ambiente interno como: baixa na produtividade, sentimentos não tratados, animosidade, entre outros. Lacombe (2011) aponta que, após uma demissão, a empresa deve atentar-se à imagem do ambiente interno e à lealdade e comprometimento dos que permanecem. Por outro lado, os processos demissionais mais bem conduzidos, podem diminuir o sofrimento dos funcionários, dentre eles, cortes rápidos e claros, fornecendo informações, sendo honesto e autêntico nas comunicações (ROBBINS, 2003). Sendo assim, observa-se a possibilidade de diminuir processos deficitários que tragam malefícios aos colaboradores, dependendo da condução que a organização fará neste quesito. 3 METODOLOGIA DA PESQUISA O presente trabalho trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo, a qual, segundo Honorato (2004, p. 97), “proporciona melhor visão e compreensão do contexto do problema”. Para Michel (2005), nesse método de pesquisa a verdade não se comprova numericamente, mas convence na forma da experimentação empírica, a partir de análise feita de forma detalhada, abrangente, bem como na argumentação lógica das ideias. 6 Em relação ao tipo da pesquisa, ela é de caráter exploratório que, segundo Gil (2002, p. 41) tem por objetivo “proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito”. A pesquisa também apresenta caráter descritivo, o qual tem por objetivo, descrever as características de certa população ou fenômeno, ou ainda estabelecer relações entre determinadas variáveis, “são incluídas neste grupo as pesquisas que têm por objetivo levantar as opiniões, atitudes e crenças de uma população” (GIL, 2002, p. 42). No levantamento descritivo o pesquisador procura conhecer e interpretar a realidade, sem, contudo, nela interferir para modificá-la (RUDIO, 2000). Com relação aos procedimentos técnicos, foi realizada uma pesquisa de campo com quatro funcionários de empresas diferentes que se enquadram nos objetivos da pesquisa, ou seja, eles são profissionais remanescentes de empresas que passaram por processos demissionais no último ano. Para coleta dos dados, foram aplicadas entrevistas semiestruturadas com os participantes da pesquisa. Os entrevistados foram denominados respectivamente (E1), (E2), (E3) e (E4), conforme a ordem de data da entrevista. Eles foram informados dos objetivos da pesquisa e a adesão foi voluntária. Contudo, optou-se por assegurar o anonimato dos mesmos. As entrevistas foram realizadas em novembro de 2011. A entrevista ficou estruturada em quatro partes. A primeira parte procurou conhecer sobre o cargo ocupado e como era a relação de trabalho na empresa. A segunda parte visava à descoberta da proximidade entre funcionários de diferentes níveis hierárquicos e sobre a comunicação dentro das organizações. A terceira parte estava relacionada à como era feito o processo demissional e o seu impacto no respondente. Por fim, a quarta parte indagava sobre o respondente, idade, estado civil, formação e renda. As entrevistas foram analisadas por meio da técnica de análise de conteúdo, que, de acordo com Minayo (2008, p. 303), “diz respeito a técnicas de pesquisa que permitam tornar replicáveis e válidas inferências sobre dados de um determinado contexto, por meio de procedimentos especializados e científicos”. 4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Visando identificar o perfil dos participantes da pesquisa, o quadro 1 apresenta uma visão geral de cada um deles. 7 ENTREVISTADO PERFIL FORMAÇÃO TEMPO DE SERVIÇO NA EMPRESA ATUAL E1 Homem, 57 anos, casado, 3 filhos, única fonte de renda familiar Ensino fundamental 15 anos E2 Mulher, 20 anos, solteira, sem filhos, complementa a renda familiar Superior incompleto 1 ano e 8 meses E3 Mulher, 26 anos, solteira, 1 filho, complementa renda familiar Superior completo 1 ano e 2 meses E4 Homem, 39 anos, casado, 3 filhos, esposa e filho complementam a renda familiar Ensino superior 3 meses Quadro 1: Perfil dos Entrevistados Fonte: Baseado nos dados da pesquisa Foram entrevistados dois homens e duas mulheres. Todos já vivenciaram um processo demissional, seja diretamente sendo demitidos ou demitindo alguém, ou ainda vendo alguém ser demitido, experimentando sentimentos antagônicos, devido à dificuldade em separar o emocional do racional. Nota-se que, entre os entrevistados, a maioria não é a única fonte de renda da família. Somente (E1) é responsável por manter a estrutura financeira da casa e ele é o que está há mais tempo no mesmo emprego. Ele também é o único que não possui formação superior. Os outros entrevistados estão cursando ou já concluíram algum curso superior, o que demonstra interesse em busca de conhecimento profissional. Quanto às experiências em processos demissionais, percebe-se que há muita dificuldade nesse processo, tanto para quem demite quanto para quem é demitido. Quando se é responsável pela demissão de alguém existe dificuldade, pois apesar de ser uma decisão acertada e analisada, no momento de comunicar ao funcionário que ele está sendo demitido e expor os motivos que levaram a esta decisão, os sentimentos se intensificam, como afirma (E3) que já efetuou esse papel na empresa. A sensação é de que você pode estar fazendo a coisa mais certa do mundo, mas também pode estar fazendo a coisa mais errada do mundo, porque você não pensa na pessoa só como um funcionário, mas também que é uma mãe ou um pai de família que conta com aquele salário todo mês (E3).8 O colaborador que não participa do processo demissional também sente quando o mesmo ocorre. Todos os entrevistados já viram alguém ser demitido e sentiram insegurança em relação a sua estabilidade na empresa. Eles também demonstram se entristecer em perder um companheiro de trabalho ou ainda mudaram sua visão em relação à empresa. O respondente (E1) relatou que certa demissão de um parceiro de trabalho “ajudou a mudar a visão, a ter mais responsabilidade no falar e fazer as coisas”. A entrevistada (E2) se surpreendeu com uma situação em que achava que era injusta certa demissão, mas que entendeu posteriormente e reconheceu que não percebia os males causados por aquele funcionário, segundo (E2) “para o meu setor a pessoa era eficiente, mas depois eu percebi as falhas que ela cometia em outras atividades”. Todos os entrevistados afirmaram perceber os impactos causados nos funcionários remanescentes quando da ocorrência de uma demissão. Eles concordaram que a mesma cria um clima de tensão e que a primeira sensação que existe nesse momento é de pena da pessoa demitida, o que muitas vezes pode camuflar as verdadeiras razões para a demissão ter acontecido, mas afirmaram também que esse sentimento não permanece por muito tempo, pois dá lugar a outros mais realistas e profissionais, os quais descomplicam a situação, pois a rotina da empresa tem que continuar. Dois entrevistados (E2) e (E4) lembraram que, diante da saída de algum funcionário, as atividades continuam e os remanescentes ficam sobrecarregados e que o ritmo de trabalho se altera temporariamente. A participante (E2) relatou que na empresa onde ela trabalha, um setor depende do serviço de outro setor e que, quando um funcionário foi demitido, ela teve que ir atrás de tudo o que ele fazia e fazer horas extras para dar conta de todo o serviço. Entretanto essa alteração na rotina acaba aos poucos, podendo acontecer mais rápida ou lentamente dependendo da importância do funcionário que não está mais presente. Percebe-se também que a relação mantida com os gestores e a liberdade que cada um tem pra expor suas ideias e opiniões é importante para manter a integridade da empresa após um processo demissional. Verificou-se que esse momento também serve para reafirmar ou não a cultura da organização. Se os funcionários conhecem bem os processos organizacionais, a gerência e os demais colaboradores, eles se sentem aptos a analisar o processo de demissão, concordando ou não com os argumentos de quem demitiu o que torna ainda mais forte o vínculo que o remanescente tem com a empresa. Esse momento também foi considerado importante pelos entrevistados, pois, unanimemente, eles veem a demissão como um processo de autoanálise, de pensar se o 9 serviço que estão fazendo está bom, se dá pra ser melhor, se eles precisam mudar ou não de atitudes e ações. Sendo considerado também um momento de insegurança em relação ao próprio trabalho, o que gera um esforço maior por parte do trabalhador para evitar as falhas. Outro fator importante, destacado por todos os entrevistados, foi a maneira como é feita a demissão. O modo de agir do setor de Recursos Humanos e ainda a falta que um RH bem estruturado faz na organização. Para os respondentes E1, E2 e E4, apresentar os motivos da demissão de um colega é essencial para manter o bom desempenho das atividades. É um sentimento de importância, de valorização dos remanescentes diante da quebra de um vínculo, pois eles se acostumam com determinada pessoa, com seu jeito, suas atitudes e de repente ela não está mais lá e ninguém sabe o verdadeiro motivo. Nota-se que a influência que um processo demissional tem sobre os funcionários de uma organização é altíssima e que os remanescentes sentem-se aflitos diante de tal processo, mas mesmo com essa sensação ruim, uma empresa bem estruturada não obterá grandes perdas se manter uma relação verdadeira com seus funcionários. Os remanescentes entrevistados concordaram que os primeiros sentimentos que são expressos durante e após uma demissão na empresa são os de tristeza, insatisfação, impotência, insegurança, o medo de estar cometendo erros e a dificuldade de separar a razão da emoção. Portanto, deve-se tentar minimizar esses processos. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base no objetivo do trabalho de compreender qual o impacto do processo demissional nos funcionários remanescentes, chega-se a algumas importantes considerações. Em primeiro lugar, destaca-se a importância que os remanescentes dão ao processo de demissão. Eles se preocupam com o próprio desempenho, temem que também sejam demitidos. A demissão mexe com os ânimos da organização como um todo, esse processo causa grande tensão e pode gerar diversos conflitos organizacionais, como a sobrecarga de trabalho, o sentimento de desconfiança do funcionário em relação à postura e decisões da administração, e até mesmo desmotivação. Da análise dos resultados obtidos através das entrevistas confirmou-se a existência de um vínculo entre a organização e o funcionário, formado pela interdependência entre ambos, 10 de modo que o sucesso da organização depende da satisfação e sucesso pessoal do funcionário, e vice versa. Ficou evidente também que as relações de trabalho atualmente são diferentes do que ocorria no passado. O trabalho já não é considerado um fardo, mas algo essencial ao ser humano que, além de suprir as necessidades fisiológicas, tem o papel de integrar o indivíduo a sociedade. Esta nova relação entre empresa e funcionário exige maior atenção e mudanças em algumas posturas organizacionais. Para que a organização atinja seus objetivos é necessário que ela compreenda que a participação de seus funcionários, hoje chamados colaboradores, é fator determinante, e manter um ambiente de trabalho harmônico que possibilite o desenvolvimento destes funcionários e criar uma relação de confiança com eles é fundamental. Vista a importância deste vínculo surge a preocupação de que prejuízos possam surgir com a quebra no relacionamento. Por esse motivo, o momento da demissão pode ser usado como uma ferramenta administrativa e convertido em uma oportunidade para deixar evidente aos funcionários a cultura da organização e o perfil que ela espera dos mesmos. Enfim, abordar o processo demissional com a importância que este exige pode ser um aliado para preservar o relacionamento do funcionário com a empresa e garantir o desenvolvimento e sucesso de ambos. REFERÊNCIAS CALDAS, M. P. Demissão: causas, efeitos e alternativas para empresa e indivíduo. São Paulo: Atlas, 2000. CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999. DEJOURS, C. A banalização da injustiça social. Rio de Janeiro: FGV, 2000. FARIA, J. H. Análise crítica das teorias e práticas organizacionais. São Paulo: Atlas, 2007. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002. 11 HONORATO, G. Conhecendo o marketing. Barueri, SP: Manole, 2004. LACOMBE, F. J. M. Recursos Humanos: princípios e tendências. São Paulo: Saraiva, 2011. MACEDO, G. B. Outplacement: a arte e a ciência da recolocação. São Paulo: Maltese, 1994. MAXIMIANO, A. Introdução à administração. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1992. MICHEL, M. H. Metodologia e pesquisa científica em ciências. São Paulo: Atlas, 2005. MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 11. ed. São Paulo: Hucitec, 2008. ROBBINS, S. P. A verdade sobre gerenciar pessoas. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2003. RUDIO, F. V. Introdução ao projetode pesquisa científica. 28. ed. Petrópolis: Vozes, 2000. SCHIRATO, M. R. O Feitiço das organizações: sistemas imaginários. São Paulo: Atlas, 2000.
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