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SISTEMAS LINEARES 01. Equação Linear Uma relação de igualdade do t ipo 𝑎1𝑥1 + 𝑎2𝑥2 + ⋯ + 𝑎𝑛𝑥𝑛 = 𝑏 recebe a deno minação de equação l inear , na qual 𝑥1, 𝑥2, ⋯ , 𝑥𝑛 são incógni tas , 𝑎1, 𝑎2, ⋯ , 𝑎𝑛 são coeficientes e o número 𝑏 é chamado de termo independente . A solução de uma equação l inear é uma n-upla ordenada (𝜆1, 𝜆2, ⋯ , 𝜆𝑛) que se caracter iza por sat is fazer a equação , ou seja , por t ransformar a equação em uma se ntença verdadei ra, quando as componentes 𝜆1, 𝜆2, ⋯ , 𝜆𝑛 subst i tuem, respect ivamente, as incógni tas 𝑥1, 𝑥2, ⋯ , 𝑥𝑛. Ex. : A quádrupla (2, 1, 3, 4) é solução da equação l inear 3𝑥1 + 5𝑥2 − 𝑥3 + 2𝑥4 = 16, pois 3.2 + 5.1 − 3 + 2.4 = 16. Note que e la não é a única so lução dessa equação , po is , por exemplo, (1, 0, −5, 4) também a sa t is faz. 02. Sistema de Equações Lineares Considere m e n números intei ros, sendo 𝑚 ≥ 2. Um sistema 𝑺 de equações l ineares , ou simplesmente um s is tema l inear 𝑺, é um conjunto de 𝑚 equações l ineares , possuindo, cada uma delas, 𝑛 incógnitas, escr i tas na forma 𝑆 ∶ { 𝑎11𝑥1 + 𝑎12𝑥2 + ⋯ + 𝑎1𝑛𝑥𝑛 = 𝑏1 𝑎21𝑥1 + 𝑎22𝑥2 + ⋯ + 𝑎2𝑛𝑥𝑛 = 𝑏2 𝑎31𝑥1 + 𝑎32𝑥2 + ⋯ + 𝑎3𝑛𝑥𝑛 = 𝑏3 − −− − − − −− − − −− − − − −− 𝑎𝑚1𝑥1 + 𝑎𝑚2𝑥2 + ⋯ + 𝑎𝑚𝑛𝑥𝑛 = 𝑏𝑚 . 03. Forma Matric ial e Solução de um Sistema de Equações Lineares Um sistema 𝑆, como o apresentado ac ima, pode ser representado na fo rma denominada matric ial , escrevendo -se, s implesmente, 𝑆 ∶ 𝐴. 𝑋 = 𝐵, onde 𝐴 = [ 𝑎11 𝑎21 ⋮ 𝑎𝑚1 𝑎12 𝑎22 ⋮ 𝑎𝑚2 ⋯ … ⋱ … 𝑎1𝑛 𝑎2𝑛 ⋮ 𝑎𝑚𝑛 ] , 𝑋 = [ 𝑥1 𝑥2 ⋮ 𝑥𝑛 ] e 𝐵 = [ 𝑏1 𝑏2 ⋮ 𝑏𝑛 ], sendo 𝐴 a matriz princ ipal do sistema. A so lução de um sistema l inear é , por tanto , uma matr iz coluna 𝛼 = [ 𝛼1 𝛼2 ⋮ 𝛼𝑛 ] que se caracter iza por sat i s fazer todas as suas equações, ou seja , por transformar todas as equações do s istema em sentenças verdadei ras, quando as componentes 𝛼1, 𝛼2, ⋯ , 𝛼𝑛 subst i tuem, respect ivamente, as incógni tas 𝑥1, 𝑥2, ⋯ , 𝑥𝑛 em cada uma dessas equações. Ex. : 𝛼 = [ −2 −1 1 ] é solução do sis tema l inear 𝑆 ∶ { 2𝑥1 − 4𝑥2 + 𝑥3 = 1 𝑥1 − 2𝑥2 = 0 𝑥2 + 4𝑥3 = 3 . Observe que 𝛼′ = [ 4 2 1 ], apesar de sat i s fazer as equações 2𝑥1 − 4𝑥2 + 𝑥3 = 1 e 𝑥1 − 2𝑥2 = 0, não é so lução do mesmo sis tema, já que não transforma 𝑥2 + 4𝑥3 = 3 em uma sentença verdadeira , pois 2 + 4.1 ≠ 3. 04. Sistemas de Equações Lineares Equivalentes Sistemas 𝑆1 e 𝑆2 são di tos equivalentes , se toda so lução de 𝑆1 fo r solução de 𝑆2, e vice - versa. Ex. : Como 𝛼 = [ 2 4 ] é a única so lução dos s i stemas 𝑆1 : { 2𝑥 − 𝑦 = 0 −𝑥 + 𝑦 = 2 e 𝑆2 : { 3𝑥 − 𝑦 = 2 𝑥 + 𝑦 = 6 , es tes são equiva lentes. O s istema 𝑆3 : { 𝑥 + 𝑦/2 = 4 2𝑥 + 𝑦 = 8 t ambém possui 𝛼 como so lução , mas não é equivalente aos dois anter iores po r apresentar 𝛽 = [ 1 6 ] como outra solução que , por sua vez, não sa t i s faz as equações de 𝑆1 e 𝑆2. 05. Classif icação dos S istemas de Equações Lineares 05.1. Quanto à existência e ao número de so luções Um sis tema S que não possui so lução é chamado de incompatível ou impossível . Quando S tem so lução , e le é denominado compat íve l ou possível . O s is tema compatíve l será determinado , se apresentar so lução única . Caso contrár io , ou seja , se apresentar mais de uma so lução, o si stema compat ível será indeterminado . 05.2. Quanto à natureza dos termos independentes Se são nulos todos os termos independentes de um s is tema S , então este é chamado de homogêneo . O s istema não -homogêneo é aquele no qual pelo menos um dos termos independentes não é nulo. Todo sistema l inear homogêneo com 𝑛 incógnitas é compat ível , pois a matr iz coluna nula de ordem 𝑛×1, chamada de so lução t r iv ial , sa t i s fará , evidentemente, suas equações. 06. Resolução de Sistemas de Equações Lineares 06.1. Sistemas co m o mesmo número de equações e incógnitas e matriz pr incipal não-singular 06.1.1. A Regra de Cramer Se um s is tema S possui o número de equações igua l ao de incógnitas , sua matr iz pr incipa l é quadrada. O de terminante dessa matr iz é comumente chamado de determinante pr incipa l do s i stema. Diz -se, então, que 𝑆 é um sis tema normal , se seu determinante pr inc ipa l não é nulo , ou seja , se sua matr iz pr incipal é não -s ingular . Supondo -se, portanto, 𝑆 um s istema normal , a Regra de Cramer t raduz-se em proced imento para obtenção de sua so luç ão. Regra de Cra mer (Gabriel Cramer – 1704-1752) Considere um s is tema 𝑆, de 𝑛 equações e 𝑛 incógni tas, representado por 𝐴. 𝑋 = 𝐵. Se a matr iz 𝐴, de ordem 𝑛×𝑛, tem determinante não nulo , então 𝑆 tem solução única 𝛼 = [ 𝛼1 𝛼2 … 𝛼𝑛 ] 𝑡, sendo , portanto, co mpat íve l determinado, e , para cada 𝑖 = 1, 2, … , 𝑛, 𝛼𝑖 = |𝐴𝑖| |𝐴| , onde 𝐴𝑖 é a matr iz que se ob tém ao substi tuir -se, ordenadamente, a i - és ima coluna da matr iz 𝐴 pelas entradas da matr iz coluna 𝐵. Ex. : Vamos ap licar a Regra de Cramer na resolução do sis tema 𝑆 ∶ { 2𝑥 + 𝑦 + 3𝑧 = 1 4𝑥 + 3𝑦 + 5𝑧 = 1 6𝑥 + 5𝑦 + 5𝑧 = −3 . Na forma matr icial , 𝑆 f ica [ 2 1 3 4 3 5 6 5 5 ] . [ 𝑥 𝑦 𝑧 ] = [ 1 1 −3 ], onde [ 2 1 3 4 3 5 6 5 5 ] = 𝐴 e [ 1 1 −3 ] = 𝐵. Como |𝐴| = −4 ≠ 0, vemos que uti l ização da Regra de Cramer para obtenção da (única) so lução de 𝑆 é viáve l . Temos, então, 𝐴1 = [ 1 1 3 1 3 5 −3 5 5 ] ⇒ |𝐴1| = 12, 𝐴2 = [ 2 1 3 4 1 5 6 −3 5 ] ⇒ |𝐴2| = −4 e 𝐴3 = [ 2 1 1 4 3 1 6 5 −3 ] ⇒ |𝐴3| = −8. Ass im, 𝛼1 = 12 −4 = −3, 𝛼2 = −4 −4 = 1, 𝛼3 = −8 −4 = 2 e a solução de 𝑆 é dada pe la matr iz coluna 𝛼 = [ −3 1 2 ] . 06.1.2. O Método de Gauss-Jordan Se um s istema S é escr i to na forma matr ic ia l como [ 𝑎11 𝑎21 ⋮ 𝑎𝑛1 𝑎12 𝑎22 ⋮ 𝑎𝑛2 ⋯ … ⋱ … 𝑎1𝑛 𝑎2𝑛 ⋮ 𝑎𝑛𝑛 ] . [ 𝑥1 𝑥2 ⋮ 𝑥𝑛 ] = [ 𝑏1 𝑏2 ⋮ 𝑏𝑛 ], chamamos [𝐴|𝐵] = [ 𝑎11 𝑎21 ⋮ 𝑎𝑛1 𝑎12 𝑎22 ⋮ 𝑎𝑛2 ⋯ … ⋱ … 𝑎1𝑛 𝑎2𝑛 ⋮ 𝑎𝑛𝑛 | 𝑏1 𝑏2 ⋮ 𝑏𝑛 ] de matriz aumentada de 𝑆. O método de Gauss -Jordan consis te em transformar a matr iz pr incipal do si s tema, não -s ingular e interna à matr iz aumentada, na matr iz identidade , por meio de operações elementares que, igualmente apl icadas à matr iz coluna 𝐵, farão com que es ta apresente como entradas a solução do sis tema. Ex. : Vol temos ao si stema do exemplo anter ior para resolvê -lo pelo método de Gauss -Jordan. Temos, então, [𝐴|𝐵] = [ 2 1 3 4 3 5 6 5 5 | 1 1 −3 ]. Ass im, [𝐴|𝐵] = [ 2 1 3 4 3 5 6 5 5 | 1 1 −3 ] (𝐿1 ↔ 𝐿2) ~ [ 4 3 5 2 1 3 6 5 5 | 11 −3 ] (−3𝐿2 + 𝐿1 → 𝐿1) ~ [ −2 0 −4 2 1 3 6 5 5 | −2 1 −3 ] (𝐿1 + 𝐿2 → 𝐿2) ~ [ −2 0 −4 0 1 −1 6 5 5 | −2 −1 −3 ] (−1/2𝐿1 → 𝐿1) ~ [ 1 0 2 0 1 −1 6 5 5 | 1 −1 −3 ] (−6𝐿1 + 𝐿3 → 𝐿3) ~ [ 1 0 2 0 1 −1 0 5 −7 | 1 −1 −9 ] (−5𝐿2 + 𝐿3 → 𝐿3) ~ [ 1 0 2 0 1 −1 0 0 −2 | 1 −1 −4 ] (−1/2𝐿3 → 𝐿3) ~ [ 1 0 2 0 1 −1 0 0 1 | 1 −1 2 ] (𝐿3 + 𝐿2 → 𝐿2) ~ [ 1 0 2 0 1 0 0 0 1 | 1 1 2 ] (−2𝐿3 + 𝐿1 → 𝐿1) ~ [ 1 0 0 0 1 0 0 0 1 | −3 1 2 ] . Se representarmos a matr iz aumentada obt ida por [𝐶|𝐷], a val idade do método de Gauss f ica e s tabe lec ida pelo seguinte teorema: 06.1.3. Teorema Se a matr iz aumentada de um sis tema l inear 𝐶. 𝑋 = 𝐷 é obtida da matr iz aumentada do sistema l inear 𝐴.𝑋 = 𝐵 por meio de operações elementares sobre l inhas , ou sobre colunas, então esses s is temas são equi valentes. Portanto, tendo em vista a matr iz aumentada [𝐶|𝐷], acima, corresponder ao s i stema l inear 𝑆 ∶ { 𝑥 = −3 𝑦 = 1 𝑧 = 2 , e ter sido ob tida da matr iz aumentada do s is tema or iginal por meio de operações elementares sobre l inhas, segue , pe lo teorema anter ior , que 𝛼 = [−3 1 2 ]𝑡 também é solução de 𝑆 ∶ { 2𝑥 + 𝑦 + 3𝑧 = 1 4𝑥 + 3𝑦 + 5𝑧 = 1 6𝑥 + 5𝑦 + 5𝑧 = −3 . 06.2. Sistemas co m o mesmo número de equações e incógnitas e matriz pr incipal singular ou co m número de equações dist into do número de incógnitas 06.2.1. O Método de Gauss-Jordan Quando um s istema l inear apresenta o mesmo número de equações e incógni tas e matr iz pr incipa l s ingular ou número de equações d is t into do número de incógni tas , não se pode, evidentemente, fazer uso da Regra de Cramer ou apl icar o método de Gauss -Jordan tendo por fim conver ter a matr iz pr inc ipal do si stema em matr iz identidade. Registrando -se, portanto , uma dessas duas s i tuações, ap lica -se o método de Gauss -Jordan à correspondente matr iz aumentada até transformar a mat r iz pr incipal or igina l em uma matr iz reduzida à fo rma de escada para, assim, obter -se um s is tema equivalente e mais s imples de ser resolvido . Exemplos 1) Considere o s is tema l inear aba ixo, cuja matr iz p r incipal é singular : 𝑆 ∶ { 𝑥 + 2𝑦 + 5𝑧 = 1 4𝑦 − 2𝑧 = 3 2𝑦 − 𝑧 = 2 . De acordo com o proced imento exposto apresentado , temos [𝐴|𝐵] = [ 1 2 5 0 4 −2 0 2 −1 | 1 3 2 ] (−2𝐿3 + 𝐿2 → 𝐿2) ~ [ 1 2 5 0 0 0 0 2 −1 | 1 −1 2 ] (−𝐿3 + 𝐿1 → 𝐿1) ~ [ 1 0 6 0 0 0 0 2 −1 | −1 −1 2 ] (𝐿2 ↔ 𝐿3) ~ [ 1 0 6 0 2 −1 0 0 0 | −1 2 −1 ] (1/2𝐿2 → 𝐿2) ~ [ 1 0 6 0 1 −1/2 0 0 0 | −1 1 −1 ]. Dessa forma, concluímos que o s is tema or igina l 𝑆 é impossível , ou seja , não tem solução, por ser equiva lente ao si s tema l inear 𝑆′ ∶ { 𝑥 + 6𝑧 = −1 𝑦 − 1/2𝑧 = 1 0 = −1 . 2) O método de Gauss -Jordan nos mostra que o s i stema de três equações e quatro incógnitas dado por 𝑆 ∶ { 𝑥 + 3𝑦 + 𝑧 + 𝑤 = 3 2𝑥 − 2𝑦 + 𝑧 + 2𝑤 = 8 3𝑥 + 𝑦 + 2𝑧 − 𝑤 = −1 é compatível inde terminado. De fato , ut i l izando operações e lementares sobre l inhas , ver i ficamos que a matr iz aumentada de 𝑆 [ 1 3 1 2 −2 1 3 1 2 1 2 −1 | 3 8 −1 ] é equivalente à matr iz [ 1 0 5/8 0 1 1/8 0 0 0 0 0 1 | 3/4 −1/4 3 ] e , ass im, para cada valor do esca lar 𝜆, a co luna [ 3 4 − 5 8 𝜆 − 1 4 − 1 8 𝜆 𝜆 3 ] fornece uma so lução de 𝑆. 07. Característ icas e Grau de Liberdade 07.1. Característ icas Dado um s istema l inear 𝑆, denotemos por 𝐴 sua matr iz aumentada, por 𝐴′ a matr iz l inha reduzida à forma de escada equiva lente a 𝐴 e por 𝑉 a matr iz dos coefic ientes extra ída de 𝐴′. Dizemos que o número 𝐶𝐴 de l inhas não nulas de 𝐴′ é a característ ica da matr iz 𝐴, e que o número 𝐶𝑉 de l inhas não nulas da matr iz 𝑉 é a caracter í s t ica dessa matr iz . É claro que 𝐶𝐴 ≥ 𝐶𝑉. Considerando -se, portanto, os do is exemplos anter iores, temos, para o pr imeiro, 𝐶𝐴 = 3 e 𝐶𝑉 = 2. Assim, 𝐶𝐴 > 𝐶𝑉 e o si s tema é incompat ível . Quanto ao segundo exemplo, temos 𝐶𝐴 = 𝐶𝑉 = 3 e o s i stema é compatível . 07.2. Característ icas e Número de Variáveis de um Sistema Linear Compatíve l Se 𝑆 é um s is tema l inear compat ível com 𝑛 var iáve is , ou incógnitas, tem-se 𝐶𝐴 = 𝐶𝑉 ≤ 𝑛. Podemos, então, ver i ficar que sendo 𝐶𝐴 = 𝐶𝑉 = 𝑛, 𝑆 será determinado. Caso contrár io , ou seja , sendo 𝐶𝐴 = 𝐶𝑉 < 𝑛 , 𝑆 será indeterminado . No segundo exemplo ao qual nos re fer imos acima, observamos que 𝐶𝐴 = 𝐶𝑉 = 3 e 𝑛 = 4 . 07.3. Grau de Liberdade de um Sistema Linear Compat íve l Como vimos, sendo 𝑆 um s istema l inear compatível com 𝑛 var iáve is, o u incógni tas, 𝐶𝐴 = 𝐶𝑉 ≤ 𝑛. À d i ferença 𝑔 = 𝑛 − 𝐶𝐴 damos o nome de grau de l iberdade do si stema 𝑆 . No caso do s istema compatíve l apresentado ac ima, temos 𝑔 = 4 − 3 = 1. Evidente que o grau de l iberdade informa o número de incógni tas às quais podem ser atr ibuídos valores, de modo a serem obtidos os das demais var iáve is do si s tema. □□□□□□
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