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1 “LITERATURA INFANTOjUVENIL” Anotações e questões Tema 1 - A Literatura Infantil e a Formação da Nova Mentalidade Docente “A fim de entender a Literatura Infantil como um “projeto de ensino”, alguns pressupostos dos quais resulta a responsabilidade da escola: 1 – Considerar a criança como um aprendiz de cultura – ser educável. 2 – Conceber literatura como uma experiência social/existencial/cultural. 3 – Valorizar as relações entre a literatura, a história e a cultura. 4 – Compreender a função da leitura: diálogo entre leitor e texto. 5- Assimilar que a escrita é uma derivação da leitura. 6 - Assegurar-se de que os meios didáticos sejam neutros. 7 - Entender a escola como espaço privilegiado de procura do saber” “Podemos encarar a literatura infantil não somente como um meio de entretenimento, mas mais como uma forma de aventura espiritual que engaja o eu de cada leitor a uma experiência .“As categorias de classificação de desenvolvimento infantil da Psicologia Experimental que foram aproveitadas pela literatura infantil, esclarecendo que essa classificação é aproximativa, dependendo não somente da faixa etária da criança, mas também do nível de amadurecimento e do domínio da leitura de cada criança: 1) PRÉ-LEITOR (primeira infância – 15 e 17 meses aos 3 anos de idade) - O primeiro impulso é o “toque”. Tocar é muito importante, pois o conhecimento começa com a manipulação. Por isso é importante deixar que o tato ajude a criança a conhecer tudo que a rodeia, inclusive o livro. PRÉ-LEITOR (segunda infância – a partir dos 2 e 3 anos de idade) – Nessa fase as brincadeiras são bastante egocêntricas. A criança que entra em contato com os livros e a leitura, apesar de não entender a história, já é capaz de perceber que os adultos falam de forma diferente ao lerem um livro. Nessa fase, a presença do adulto é essencial e as atividades lúdicas aceleram as descobertas do mundo concreto e do mundo da linguagem. COMO DEVEM SER OS LIVROS E A LEITURA: • Deve haver predomínio das imagens, que tem de ser atraentes e relacionadas a realidade. • As imagens devem ser coloridas, podendo-se utilizar a técnica da colagem para chamar mais atenção. • O humor e também os mistérios são muito importantes no despertar da curiosidade. • As histórias devem ser lidas e relidas, toda vez que isso for solicitado, pois essa demanda por repetições faz parte da construção interna do mundo da criança, que se sente segura ao ouvir uma história cujos momentos principais já conhece de cor. 2) LEITOR INICIANTE (a partir dos 6 e 7 anos de idade) - Nesta fase o adulto ainda é muito importante, pois a criança está reconhecendo as sílabas e os signos do alfabeto. É a fase da necessidade de aplausos e estímulo às vitórias alcançadas, o que o estimula a procurar conhecer mais nos livros. COMO DEVEM SER OS LIVROS E A LEITURA: 2 • A imagem ainda deve predominar sobre o texto. • A narrativa deve ser linear (ter começo, meio e fim). • O maniqueísmo (luta entre os bon e o mal) ainda está presente. • Os enunciados devem ser diretos e as palavras devem ser simples para facilitar a leitura. • Atração pelas histórias bem-humoradas sobre personagens astutos e fortes que vencem o mal. 3) LEITOR FLUENTE (a partir dos 10 e 11 anos de idade) – Domínio da leitura e da compreensão de mundo expressa no livro. Fase da pré-adolescência em que o adulto já não se faz tão necessário para mediar a leitura. Fase da volta do egocentrismo e da preferência pela formação de grupos, em que se possa demostrar superioridade. O adulto deve ser o “desafiador” generoso dos seus alunos. COMO DEVEM SER OS LIVROS E A LEITURA: • O texto se sobrepõe à imagem, mas gravuras esparsas ainda são atraentes. • Idealistas e emotivos, os pré-adolescentes preferem as personagens heroicas e instigantes, que enfrentam e vencem a luta contra o mal. • A linguagem pode ser mais elaborada, porém de fácil leitura, sem erudição. • A atração se fixa nos contos e nas histórias que expliquem algum tipo de fato; as novelas de ficção também são bastante interessantes. • A presença do mágico e do maravilhoso que abre espaço para o amor também chama bastante atenção nessa fase. 4) LEITOR CRÍTICO (a partir dos 12/13 anos de idade) – Fase domínio total da leitura, preferência por textos que provoquem reflexão e crítica. A ânsia em saber e vivenciar as experiências das personagens dos livros fica evidente, pela formação de novos valores e a incitação do prazer e da emoção provocados pela leitura. O adulto deve auxiliar o adolescente como um mago e seu aprendiz: a iniciação às teorias da literatura é muito importante nessa hora. COMO DEVEM SER OS LIVROS E A LEITURA: • O convívio com o texto literário deve extrapolar o prazer. • A leitura deve provocar a reflexão e o desenvolvimento de novos conceitos.” LITERATURA TRADICIONAL LITERATURA INOVADORA 1 – Espírito individualista 1 – Espírito novo 2 – Obediência à autoridade 2 – Questionamento da autoridade 3 – TER e PARECER mais valorizado 3 – FAZER e SER mais valorizado 4 – Moral dogmática 4 – Moral ética 5 – Sociedade sexófoba 5 – Sociedade sexófila 6 – Reverência pelo passado 6 – Redescoberta/reinvenção do passado 7 – Visão transcendental do homem 7 – Visão cósmica do homem 3 8 – Racionalismo 8 – Intuicionismo fenomenológico 9 – Racismo 9 - Antirracismo 10 – Criança: adulto em “miniatura” 10 – Criança: ser em formação 1 – A leitura no ambiente escolar compõe-se de dois tipos essenciais: a leitura obrigatória (atividades programadas), que é composta basicamente de informações e conhecimentos específicos e direcionados em local e horário programados, e a leitura prazerosa (atividades livres), que se traduz no estímulo e na liberação das potencialidades e gostos específicos de cada aluno-leitor. Do seu conhecimento do mundo escolar e das relações entre professor e alunos, sugira algumas metodologias que o professor pode utilizar para que esses dois momentos da leitura na escola sejam menos obrigatórios e mais prazerosos. Sugere-se listar, para a “leitura obrigatória”, ações como a indicação de livros paradidáticos, de filmes, promoção de debates e seminários, que podem ser agendados com datas preestabelecidas, sempre de comum acordo com as crianças. Para as atividades de “leitura prazerosa”, deve-se indicar projetos de trocas de livros, de leitura compartilhada, exibição de filmes em sala de aula ou em casa como tarefas de leitura, etc. Essa questão estimula a reflexão na atividade docente e permite o aluno procurar em outros ambientes (bibliotecas, colegas, internet) as metodologias que podem ser utilizadas em sala de aula para proporcionar ambientes de leitura. 2 – Alguns valores traduzidos pela literatura infantil vêm se modificando ao longo dos tempos. A literatura Tradicional foi substituída por outros modos de viver e ver o mundo do homem. Podemos assinalar como características da Literatura Tradicional: I. Espírito individualista.II. Espírito novo. III. Obediência à autoridade. IV. Questionamento da autoridade. V. TER e PARECER mais valorizado. VI. FAZER e SER mais valorizado. VII. Moral dogmática. VIII. Moral ética. IX. Sociedade sexófoba. X. Sociedade sexófila. São características da Literatura Tradicional, portanto, apenas os itens: a) I / III / V / VII / IX. b) I / II / III / V / VII. c) II / III / IV / V / VI. d) I / III / IV / V / VI. e) I / III / IV / VI / X. 3 – De acordo com a classificação da Psicologia infantil quanto aos estágios que as crianças alcançam em relação à leitura, diga que tipo de leitor reconhece a realidade e está em fase de conquista da linguagem, sendo necessário que os livros apresentem gravuras ou sejam de manipulação agradável ao tato, a fim de que a criança reconheça os objetos apresentados. a) Pré-leitor – primeira infância. b) Pré-leitor – segunda infância. c) Leitor iniciante. d) Leitor em processo. e) Leitor fluente. O leitor da primeira infância ainda está na fase das descobertas e apenas balbucia seus desejos, razão pela qual é classificado como pré-leitor da primeira infância, aquele que ainda está tendo os primeiros contatos com o ato da leitura. 4 Tema 2 - Literatura Infantil: Arte ou Instrumento Pedagógico? 1 - Nos processos pedagógicos, observa-se uma determinada dependência entre a Literatura e a Educação, já que essa união qualitativa do trabalho didático com a leitura proporciona e favorece o desenvolvimento da capacidade de aquisição da cultura, seja ela infantil ou adulta. Analise os itens abaixo sobre o favorecimento do trabalho docente em relação à essa aquisição cultural na escola: I. Capacidade de se divertir com o jogo sonoro dos poemas, provocado pelas intervenções artísticas dos autores. II. Descoberta do universo poético e fictício do qual a literatura sobrevive. III. Conhecimento da consciência de mundo presente no ato da leitura. IV. Estabelecimento da relação entre o universo literário e o mundo interior da criança, o que facilita a ampliação da consciência individual. Está(ao) correta(s): a) I, II e III. b) I, III e IV. c) I, II e IV. d) I e II. e) Todas estão corretas. Em todos os itens, podemos visualizar a capacidade da literatura em favorecer a educação no sentido de divertir ensinando, numa leitura de poemas sonoros, por exemplo. Também se dá, pela leitura dos livros literários para crianças, a descoberta desse universo poético e fictício presente nas obras literárias, o que proporciona o conhecimento da consciência de mundo e o estabelecimento da relação entre o universo literário e o mundo interior da criança, o que facilita a ampliação da cultura e da consciência individual. 2 - Como surgiram os livros infantis? a) A partir das lendas regionais. b) Os livros clássicos de adultos eram adaptados para as crianças. c) Os livros eram escritos para as crianças por elas mesmas. d) Surgiram na França, com La Fontaine. e) Apareceram a partir da tradição oral e dos relatos de viajantes. As histórias primordiais representavam a realidade social, retratando os problemas internos e externos que angustiavam o homem, não sendo restritas ao universo infantil, uma vez que eram produzidas por adultos para os adultos. Desse modo, as histórias primordiais foram aos poucos adaptadas por escritores, que mantiveram seu poder de sedução, surgindo assim os contos de fadas. 3 – Explique porque devemos ter cuidado ao explorar os textos voltados para o público infantil de maneira muito dogmática, incluindo na análise as denúncias e os valores adultos implicitamente contidos. O aluno deverá inferir que, na análise de textos infantis, para posterior escolha da leitura dos mesmos em sala de aula, não se deve ligar a obra, de maneira radical, a problemas sociais, étnicos, econômicos e políticos graves e que não estão ao alcance da consciência do novo leitor, pois corremos o risco de fazer com que a literatura infantil e juvenil perca suas características de literariedade, a partir do momento em que passa a ser tratada como simples meio de transmitir valores, ou é lida em função de seus estereótipos sociais. (Adaptada de COELHO, 2000, p. 58) Tema 3 - O Fenômeno Literário – Matéria e Forma “A matéria literária constitui-se de elementos que tornam a palavra o corpo verbal do qual se constitui o texto. O texto que tem a intenção de narrar alguns fatos apresenta como especificidade uma sequência que se relacionam a determinados acontecimentos, que podem ser reais ou fictícios, arranjados numa sequência de fatos na qual as personagens se movimentam num determinado espaço à medida que o tempo passa. São conhecidos como textos narrativos os contos, as novelas, os romances, algumas crônicas, os poemas narrativos, as histórias em quadrinhos, as piadas, as letras musicais, entre outros. Esse tipo de texto apresenta algumas características que Nelly Novaes Coelho (2000, p. 66) chamou de “dez fatores estruturantes”, a saber: Personagem (protagonista, antagonista ou secundária – coadjuvante), Narrador (narrador em 1° pessoa ou narrador-personagem , participa da história relatando os fatos sob sua ótica, sua familiaridade com a história que está narrando permeia-se de contextos que um narrador mais distante 5 jamais teria condições de apreender. Narrador em 3ª pessoa: quando o narrador revela ao leitor somente o que consegue observar direta ou indiretamente. Esse tipo de narrador pode ser: Narrador-observador, Narrador-onisciente.), Tempo (manhã, tarde, noite, presente, passado, futuro, etc.., - Tempo cronológico: é aquele determinado por horas e datas, revelado por acontecimentos dispostos numa ordem sequencial e linear: início, meio e fim. - Tempo psicológico: é aquele ligado às emoções e sentimentos, caracterizado pelas lembranças das personagens e reveladas por momentos confusos, em que se fundem presente, passado e futuro. - Tempo do discurso: é o que resulta do tratamento ou elaboração do tempo da história pelo narrador, que pode escolher narrar os acontecimentos a partir da: ordem linear em que aparecem: começo, meio e fim. / alteração da ordem temporal, recorrendo à antecipação de acontecimentos futuros: fim, começo e meio. / cadência dos acontecimentos, recorrendo ao resumo ou sumário, à elipse ou à pausa.), Espaço (O espaço determina o lugar onde se passa toda a trama. Há vários tipos de espaço numa narrativa: “O espaço ou ambiente físico”: utilizado como a cena onde acontecem as atuações das personagens ou a paisagem na qual elas se movimentam. “O espaço ou ambiente social”: configurado pelo ambiente social em que se encontram inseridas as personagens secundárias, totalmente decorativas. “O espaço ou ambiente psicológico”: definida como a esfera interna dos seres fictícios, abrangendo as experiências, os pensamentos e as emoções das personagens. “O espaço trans-real”: o lugar que só existe na imaginação do homem, ou seja, não é localizável na realidade, é o espaço utilizado para as descrições do maravilhoso nas fábulas e nos mitos, bem como na ficção científica.), Enredo (é a apresentação/ representação das situações, das personagens nelas envolvidas e das contínuas transformações que vão ocorrendo entre elas, a ponto de criar novas situações até alcançar o desfecho. O enredo comporta a história: ele é o corpo de uma narrativa. O foco principal de todo enredo é prender a atenção do leitor a partir da criação de um clima de tensão organizado em torno dos fatos. Na maioria das vezes o conflito gerado pelo enredo é representado pelas seguintes partes: “Introdução”: início e apresentação da história, em que já aparecem os fatos iniciais, algumas personagens, e, na maioria das vezes, o tempo e o espaço. “Complicação ou imbróglio”: parte emque se desenvolve um conflito que deverá ser resolvido ou não ao longo da narrativa. “Clímax”: ponto culminante de toda a trama, em que se notam os momentos de maior tensão. Parte ou partes em que o conflito atinge o auge. “Conclusão ou desfecho final”: solução do conflito construído pelo autor e que pode apresentar variados desfechos - trágico, cômico, triste, surpreendente). “No que tange à linguagem narrativa utilizada nas obras da literatura infantil, podemos observar alguns textos característicos, como: Descrição, Narração, Dissertação, Diálogo, Monólogo.” 1 - Você estudou que, em relação à pessoa gramatical, o narrador de uma obra pode escolher falar em primeira ou terceira pessoa. Quais os efeitos de sentido obtidos a partir dessa escolha? Quando há um narrador em 1ª pessoa, chamado de narrador-personagem, temos mais uma personagem que narra a história participando dela e relatando os fatos sob sua ótica. Esse tipo de narrador não possui credibilidade, pois suas impressões estarão sempre cheias das suas posturas, conceitos e pareceres diante da vida. Quando o narrador está na 3ª pessoa, a análise dos fatos é mais verídica, já que este apenas observa e retrata o que vê, sem interferir na história e nos fatos. 2 - Sobre um texto do tipo descritivo, é correto afirmar que: a) Sua principal característica é narrar um fato, fictício ou não, com tempo e espaço bem definidos e personagens que executam as ações que movimentam o enredo. b) Sua principal característica é explicar um assunto e discorrer sobre ele. Tem como intenção expor um argumento e defendê-lo. c) Sua principal característica é completar os elementos da narrativa com a caraterização de personagem e de ambiente para transmitir ao leitor dados significativos sobre as personagens. 6 d) Sua principal característica é indicar como realizar uma ação, com linguagem simples e objetiva, além de predomínio do modo imperativo. e) Sua principal característica é fazer uma defesa de idéias ou de um ponto de vista do autor do texto. A linguagem é predominantemente persuasiva e denotativa. Nos textos descritivos, a linguagem é utilizada para construir imagens que representem seres, objetos ou cenas. Descrever é empregar os sentidos para captar uma realidade circunscrita em um texto. 3 – Classifique os trechos a seguir, de acordo com a legenda: (A) Narração (B) Descrição (C) Dissertação. 1. (A) Ocorreu um pequeno incêndio na noite de ontem em um apartamento de propriedade do Sr. Marcos da Fonseca. No local habitavam o proprietário, sua esposa e seus dois filhos. O fogo despontou em um dos quartos que, por sorte ficava na frente do prédio. 2. (C) O mundo moderno caminha atualmente para sua própria destruição, pois tem havido inúmeros conflitos internacionais, o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico e, além do mais, permanece o perigo de uma catástrofe nuclear. 3. (B) Qualquer pessoa que o visse, quer pessoalmente ou através dos meios de comunicação, era logo levada a sentir que ele emanava uma serenidade e autoconfiança próprias daqueles que vivem com sabedoria e dignidade. 4. (A e B) De baixa estatura, magro, calvo, tinha a idade de um pai que cada pessoa gostaria de ter e de quem a nação tanto precisava naquele momento de desamparo. 5. (C) Em virtude dos fatos mencionados, somos levados a acreditar na possibilidade de estarmos a caminho do nosso próprio extermínio. É desejo de todos nós que algo possa ser feito no sentido de conter essas diversas forças destrutivas, para podermos sobreviver às adversidades e construir um mundo que, por ser pacífico, será mais facilmente habitado, pelas gerações vindouras. 6. (A e B) O homem, dono da barraca de tomates, tentava, em vão, acalmar a nervosa senhora. Não sei por que brigavam, mas sei o que vi: a mulher imensamente gorda, mais do que gorda, monstruosa, erguia os enormes braços e, com os punhos cerrados, gritava contra o feirante. Comecei a me assustar, com medo de que ela destruísse a barraca — e talvez o próprio homem – devido à sua fúria incontrolável. Ela ia gritando e se empolgando com sua raiva crescente e ficando cada vez mais vermelha, assim como os tomates, ou até mais. Tema 4 - Da Teoria à Análise do Texto Literário Infantil “Os contos de fadas como narrativas que fazem parte Literatura Infantil Clássica, constituem formas de narração originárias de diferenciadas fontes, apresentando problemáticas diversas que, embora pertençam a um grupo imaginário seguem os valores das sociedades que as recriaram, nomeadas narrativas primordiais. E traziam as preocupações com a problemática existencial do ser humano em busca de realização pessoal, relacionadas aos afetos entre o masculino e o feminino.” “Os contos maravilhosos originaram-se das narrativas do oriente, tendo como elemento principal a resolução de problemas sociais, políticos e econômicos que o herói buscava resolver de forma ética e valorosa.” 7 “Esta é exatamente a diferença e especificidade que reside nos contos de fada e contos maravilhosos: a exposição da luta contra as dificuldades graves da vida com as quais as pessoas não se intimida. Esse modo firme de lidar com as opressões inesperadas e, muitas vezes, injustas ajuda a criança a procurar maneiras de vencer os obstáculos e, ao fim, emergir vitoriosa.” “O conto maravilhoso, segundo Coelho, é rico em elementos mágicos como a metamorfose e o objeto mágico. No conto maravilhoso, em que a presença de fadas, bruxas, reis, rainhas, príncipes e princesas é regular.” 1 – Só podemos dizer que NÃO há uma representação do mundo das narrativas primordiais na alternativa: a) O mundo das narrativas primordiais era o mundo em que conviviam seres maravilhosos, superiores e inferiores. b) O mundo das narrativas primordiais era o mundo em que imperava o simbolismo animal, que deu origem às fábulas. c) O mundo das narrativas primordiais era o mundo das metamorfoses, em que se podia observar facilmente a realidade mágica. d) O mundo das narrativas primordiais representava também o mundo religioso cristão, em que as virtudes eram o motivo de penas e sofrimento. e) O mundo das narrativas primordiais era o mundo real, representado pela força bruta. O mundo das narrativas primordiais, apesar de representar ficticiamente o mundo real, não o reproduz. Somente aproveita os elementos da realidade para explicar os efeitos do maravilhoso e do mágico nas histórias fantásticas dos contos de fadas e dos contos maravilhosos. 2 - O Leão e os Três Touros Três touros, amigos desde a infância, pastavam juntos e tranquilos na selva. Um Leão, escondido no mato, espreitava-os na esperança de fazer deles seu jantar, mas tinha medo de atacá- los enquanto estivessem juntos. Mas, por meio de astuciosas e traiçoeiras palavras, ele conseguiu criar entre eles a desavença e separá-los. Assim, tão logo eles pastavam sozinhos, atacou-os sem medo algum, e um após outro, foram sendo devorados sempre que sentia fome. O texto apresentado se trata de: a) Lenda. b) Contos maravilhosos. c) Fábula. d) Crônica. e) Conto de fadas. 3 – O que você entendeu sobre as Formas Simples na Literatura Infantil? Formas simples, as narrativas originadas da tradição popular destinadas a um público em formação, no caso, as crianças, apontando que as características desse tipo de texto são divertir e interessar de maneira lúdica, com o intuito de transmitir experiências de vida de forma fecunda e duradoura. 4 - Explique com suas palavras as características da constante metamorfose, que sempre aparece nas narrativas primordiais e dê exemplos. A metamorfose é uma constante ligada a ideia de evolução da humanidade e corresponde à gradação com queos elementos aparecem nas histórias. Como exemplo, pode ser citado o sapo que vira príncipe ao ser beijado; a princesa que vira ogro quando ama etc. Tema 5 - Literatura Infantil Brasileira: do século XIX ao Século XXI “A obra lobatiana, principalmente o primeiro clássico Narizinho Arrebitado, fez parte da literatura infantil brasileira desde o seu lançamento, demonstrando seu valor pedagógico por acreditar na inteligência da 8 criança, sua curiosidade intelectual e sua consciência crítica, com um projeto bem definido: fazer do leitor em formação um agente da transformação social brasileira como protagonista”. “O conto maravilhoso, segundo Coelho, “é rico em elementos mágicos como a metamorfose e o objeto mágico”. Esses elementos podem ser facilmente encontrados em vários episódios das obras de Monteiro Lobato, como exemplo no episódio O nascimento do Visconde, em que o marquês de Rabicó é metamorfoseado em um porco, até que encontre um objeto mágico, um anel, escondido na barriga de uma minhoca.” “Coelho dividiu e selecionou em cinco linhas básicas as novas tendências temáticas e estilísticas da literatura para crianças, jovens e adultos: - Linha do Realismo Cotidiano, situações radicadas na vida do dia a dia comum que se subdivide em: Realismo crítico – atenção à realidade social. Realismo lúdico – ênfase nas aventuras do convívio humano. Realismo humanitário – atenção às relações afetivas e sentimentais. Realismo histórico/memorialista – intenção informativa, didática. Realismo mágico – fusão da realidade com a ficção. - Linha do Maravilhoso, situações que fogem à lógica do tempo/espaço, que se subdivide em: Maravilhoso metafórico – necessita da apreensão do nível metafórico da narrativa. Maravilhoso satírico – utiliza o humor para criticar situações familiares. Maravilhoso científico – explora fenômenos não explicáveis racionalmente. Maravilhoso popular ou folclórico – explora lendas, contos e mitos, mesclando a herança europeia com as influências africana e indígena. Maravilhoso fabular – situações vividas por personagens animais. - Linha do Enigma ou Intriga Policialesca, narrativas que têm como eixo situações enigmáticas a serem desvendadas. Inserção do mistério. - Linha da Narrativa por Imagens, imagens que ‘falam’, nas quais não há necessidade da palavra escrita, utilizada para ensinar as crianças a nomear objetos e pessoas. - Linha dos Jogos Linguísticos, brincadeira com as palavras, utilização da metalinguagem, e da intertextualidade. 1 – Analise as assertivas abaixo e assinale com ( C ) as corretas e com (E) as erradas, corrigindo-as: 1. Na Literatura Contemporânea a sequência narrativa nem sempre é linear como nas narrativas primordiais. Na Literatura de hoje em dia é utilizada a técnica do flashback. ( C ) 2. Os heróis de Monteiro Lobato nem sempre apresentam as características típicas desse tipo de personagem: valentia, nobreza de caráter e pureza. Pelo contrário, muitas vezes são rebeldes e contestadores. ( C ) 3. Para Monteiro Lobato, a criança é um leitor potencial e imaginativo, inserido na cultura, que troca ideias, resolve problemas, cria e recria o universo a sua volta, sendo capaz de produzir significados a partir daquilo que lê, assim como as personagens principais das suas narrativas. ( C ) 4. As obras de Monteiro Lobato, apesar de estimularem as crianças à imaginação e ao desprendimento, não rompem com o tradicionalismo da língua, incorporando em sua linguagem a gramaticidade e o rebuscamento que eram muito comuns aos autores de sua época. ( E ) - As obras de Monteiro Lobato romperam com o tradicionalismo da língua, incorporando às falas de suas personagens o linguajar próprio da época e do espaço em que viviam. 5. As obras conhecidas como inovadoras mantiveram a representação da vida e do mundo como antigamente, sendo conhecidas também como continuadoras. ( E ) – As obras inovadoras são aquelas em 9 que a intenção se volta para interpelação do mundo a fim de incitar à transformação do mesmo. Também são chamadas de questionadoras. Tema 6 - Espécie Literária: Gênero ou Forma na Literatura Infantil? “A linha que divide as obras em gêneros literários fica cada vez mais tênue, dificultando uma classificação precisa. Gênero: significa nascimento, descendência, origem e refere-se na literatura a grupos familiares que reúnem, nas mesmas categorias, obras dotadas de propriedades formais comuns. Veja a seguir a explicação sobre a expressão estética da experiência humana demonstrada através dos gêneros literários: • Vivência lírica – o eu e as suas emoções = poesia. • Vivência épica – o eu em relação ao mundo = prosa/ficção. • Vivência dramática – o eu vivenciando o espetáculo da vida = teatro. Subgêneros: são subdivisões dos gêneros maiores que classificam os textos de acordo um indício maior de aproximação com o gênero, como é possível verificar a seguir: • Subgêneros da poesia – textos cujas composições se dão em versos = ode, hino, madrigal, etc. • Subgêneros da prosa – textos cujas composições se dão em forma de narrativas = conto, romance, novela, literatura infantil, etc. • Subgêneros do drama – textos cujas composições se dão em forma de diálogos, voltados para a representação = farsa, tragédia, ópera, comédia, tragicomédia, etc. Categoria: é a modalidade de classificação literária de acordo com o conteúdo e a temática. Um texto literário pode ser por ex: comédia, tragicomédia, drama, melodrama, mistério, romance policial, romance de amor, romance psicológico, romance histórico, terror, teatro de marionetes, ficção científica, novela de aventuras, biografia, poesia lírica, poesia religiosa, poesia satírica, contos fantásticos, contos de terror, realismo mágico, etc. Forma: é a divisão em prosa ou poesia. A poesia consiste no arranjo harmônico das palavras. Geralmente organizada em versos, caracteriza-se pela escolha das palavras em função de seus valores sonoros, denotativos ou conotativos. A prosa consiste em obras que apresentam o texto “corrido”, sem versificação. 1 – O gênero literário que trata do registro das emoções humanas mais voltadas para a expressão do eu e dos sentimentos íntimos do poeta é: a) A poesia. b) A narrativa. c) A prosa. d) A arte dramática. e) O teatro. É importante que se reconheça que a principal característica da poesia é o sentimento pessoal, ou seja, a expressão do eu poético do autor. Tema 7 - A Imagem nos Livros Infantis – Peculiaridades “Voltado para a completa assimilação das narrativas pelas crianças, com o envolvimento das imagens nessa aquisição, Paul Faucher também se utilizou da Psicologia ao reparar que os estágios de crescimento infantil interferiam no processo de aprendizagem pela leitura. Partiu, portanto, dos estágios de desenvolvimento da criança para criar textos que fossem relacionados a essas fases, como a seguir: • Fase da elaboração da linguagem – reconhecimento de objetos e seres do cotidiano em que a criança já sabe relacionar nomes a objetos. • Fase da ampliação da linguagem – estimulação do reconhecimento ainda com imagens do cotidiano infantil. Incentivo às habilidades manuais. • Fase da consolidação da linguagem – decifração da 10 linguagem e dos signos, em que a imagem é combinada com textos breves sobre as rotinas diárias: comer, beber, dormir, brincar etc. • Fase da identificação texto/imagem – histórias curtas em que se estabelece a relação dinâmica entre o verbal e o visual. • Fase da consolidação da leitura - em que se diminui o espaço das imagens e aumenta a extensão dos textos. • Fase da leitura total – conquista da compreensão e posse da informação em sentido amplo.” “A percepção da criança em relação ao ambiente ea maneira fantasiosa como ela recebe o que a cerca faz com que as imagens unidas ao texto sejam de extrema importância, em todos os níveis de leitura, a fim de incentivar o desenvolvimento da automação e da individualidade, resultando em valores psicológicos, pedagógicos, estéticos e emocionais, que acabam: • Estimulando o olhar, resultando num agente de estruturação interior da criança em relação ao mundo que a cerca. • Aguçando a atenção visual, ajudando na percepção das coisas do mundo. • Facilitando a comunicação, auxiliando na relação entre a criança leitora e a narrativa. • Concretizando relações abstratas, contribuindo para a seleção, organização, abstração e síntese dos elementos do mundo. • Permitindo a fixação, através das sensações e impressões, fixando o aprendizado e desenvolvendo a sensibilidade. • Avivando a imaginação, ativando a potencialidade criadora, estimulando a procura da fantasia que enriquece a alma.” “De acordo com a relação entre leitor e categoria de livros, Coelho (2000) propõe a seguinte divisão: Pré- Leitor – 1° e 2° fases (2 a 5 anos), em que se observa a presença do adulto como mediador que proporciona a leitura que causa prazer. Nessa fase a qualidade é mais importante que a quantidade. Leitor Iniciante (6 a 7 anos), em que o adulto é visto como um incentivador da leitura. É necessário que os textos para essa fase sejam breves e envolvam o pequeno leitor. Leitor em processo (a partir dos 8 anos), em que há maior presença do texto e interação ente a palavra e o texto. Nessa fase a aprendizagem é um jogo.” “Coelho (2000) chama de ideia-eixo as mensagens subliminares que atuam na formação da criança, no que diz respeito aos valores, ideais, comportamentos, emergindo de conceitos e imagens arquetípicas, como a mãe, o pai, o filho, o amor, o ódio, o medo, o poder, etc. São consideradas ideia-eixos: • Ênfase nas relações = mundo real/mundo virtual/mundo da palavra (tudo existe a partir do momento que é nomeado). • Ênfase na ‘brincadeira’ com as palavras (estímulo à imaginação). • Diferença entre OLHAR e VER (intensificação da atenção do leitor). • Busca da identidade (descoberta das ‘verdades’). •Valorização das relações entre EU e o OUTRO (despertar do amor e do carinho). • Enfrentamento das dificuldades (mitos do medo e da curiosidade). • Metaficção (necessidade de expressar sentimentos pela literatura). • Percepção aguçada (valorização do estudo e da observação do mundo). • Reinvenção e transformação (noção da assimilação de conceitos). • Crítica às relações de poder (consciência e posicionamento). • Descoberta do ambiente em que vive (relação com a natureza).” 1 – São valores da linguagem iconográfica: I - Estimular o olhar da criança para o mundo exterior. II - Estimular a atenção visual desenvolvendo a capacidade de percepção. III - Facilitar a comunicação entre a criança e o texto lido. IV - Concretizar relações abstratas de difícil entendimento sem o ícone. V. Sensibilizar pelas impressões que provoca e aproximar o leitor do texto. VI - Estimular e enriquecer a imaginação potencializando a criatividade. Está correto o que se afirma em: a) I, II, III, IV, V. b) I, II, III, IV, VI. c) Somente a I. d) Somente a VI. e) Todas estão corretas. Todos os itens estão corretos, considerando que a ilustração caracteriza mais um dos recursos que relacionam ao lúdico o universo infantil, permitindo não somente a imaginação, mas também a compreensão do texto e o desenvolvimento da criança. 2 - Analise as assertivas sobre os ‘Albums du Père Castor’, abaixo: 11 1. Nasceram nos anos 20, pelas mãos do educador e orientador pedagógico francês Paul Faucher. 2. O autor buscava inovações no campo da educação, idealizando álbuns de figuras para as crianças. 3. As histórias que fazem parte desse álbum não apresentam elementos lúdicos, somente escritas para a formação do indivíduo. 4. Esse tipo de instrumento pedagógico exerceu grande influência na literatura infantil. 5. Sua importância é a capacidade de atrair as crianças estimulando sua imaginação e inteligência. Está(ão) correto(s) o que se afirma em: a) Somente na assertiva 1. b) Nas assertivas 1, 2 e 5. c) Nas assertivas 1, 2, 4 e 5. d) Todas as assertivas estão corretas. e) Nenhuma assertiva está errada. Tema 8 - O Encantamento nos Livros de Poesias para Crianças “Além de auxiliar nas relações com o outro, a poesia também é importante para o desenvolvimento oral dos alunos, visto que a leitura de uma poesia exige a observação e uso de elementos da oratória, como o respeito á entonação, tempos e a pontuação constantes nos textos. Para Cândido, a poesia desperta para o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade e do mundo dos seres, o cultivo do humor.” “O aprendizado da interpretação dos poemas, deve abranger desde a pronúncia das palavras, o conhecimentos de vocabulários até as habilidades do uso da língua.” “Outros importantes poetas brasileiros, como Cecília Meireles (1901-1964) e Vinícius de Moraes (1913- 1980), consolidaram o privilégio da musicalidade na poesia infantil, explorando as rimas, as assonâncias (repetição dos sons vocálicos) e as aliterações (repetição dos sons consonantais), além da combinação de diferentes metros e do verso livre.” 1 – O gênero literário que trata do registro das emoções humanas mais voltadas para a expressão do EU e dos sentimentos íntimos do poeta é: a) A poesia. b) A narrativa. c) A prosa. d) A arte dramática. e) O teatro. “A poesia auxilia nas relações com o outro, sendo importante para o desenvolvimento da sensibilidade dos alunos, visto que a leitura de uma poesia exige a compreensão dos sentimentos do autor e possibilita a empatia com o texto.” 12 13 14 15
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