Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EXAMES LABORATORIAIS Disciplina: Avaliação Nutricional Avançada Profª Nathalia Scrafide Exames laboratoriais Parecer Técnico CRN-3 Nº 03/2014 Solicitação de Exames laboratoriais pelo nutricionista. A solicitação de exames laboratoriais faz parte da prática clínica do nutricionista e está prevista pela Lei Federal 8234/91 em seu artigo 4º, Resolução CFN nº 306/03, Resolução CFN nº 380/05 e Resolução CFN nº 417/08. Exames laboratoriais O CRN-3 esclarece e orienta: • A definição dos exames bioquímicos que o nutricionista solicita está na dependência do objetivo pretendido e do diagnóstico nutricional, momento e tipo de tratamento dietoterápico em que o paciente se encontra. • A periodicidade dessa solicitação decorre do acompanhamento da evolução nutricional do paciente. Exames laboratoriais O nutricionista deve considerar os diagnósticos, laudos e pareceres e, sempre que pertinente, definir outros exames laboratoriais com os demais integrantes da equipe; A interpretação dos exames laboratoriais deve ser considerada juntamente com outros indicadores diretos e indiretos para obtenção da avaliação nutricional; A identificação profissional deve estar de acordo com o Código de Ética do Nutricionista, portanto faz-se necessário informar a profissão, nome, número de inscrição no Conselho Regional de Nutricionistas e respectiva jurisdição. Processo diagnóstico Exemplo: FADIGA Importância da Avaliação • DIAGNÓSTICO PRECOCE: Identificar possíveis distúrbios antes que haja manifestação clínica; • DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL; • ESTÁGIO OU ATIVIDADE: Saber o grau de comprometimento do paciente e orientar corretamente a conduta dietética; • CONFIRMAR OU EXCLUIR HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS; • NORTEAR A PRESCRIÇÃO; • MONITORAMENTO; • AVALIAR FATORES DE RISCO. Qual exame solicitar ? • Qual indicação do exame solicitado? • Quais mecanismos fisiopatológicos explicam o resultado? • O que significa o exame solicitado no contexto geral do paciente? • Tenho conhecimento técnico para interpretar o resultado e aplicar na minha prática clínica? • Qual a relação custo x benefício? Lembrando que: • Os exames laboratoriais servem de instrumentos para: - Auxiliar na hipótese diagnóstica; - Podem ser utilizados como medida preventiva (ex: exames de glicemia que pode indicar um pré diabético); - Auxilia na conduta dietoterápica; - Uma das ferramentas para avaliar a eficiência de sua conduta. * Não devemos nos esquecer de que quem faz o diagnóstico clínico é o Médico. Exames laboratoriais Os exames laboratoriais de hematologia e bioquímica clínica de interesse para o diagnóstico nutricional e acompanhamento da evolução do paciente, podem ser: Exames laboratoriais utilizados em avaliação nutricional: hemograma completo, proteínas totais, proteína ligadora de retinol, índice creatinina-altura (ICA); Série Vermelha: Eritrócitos (ou hemácias): avaliação do número e aspecto. Podem apresentar alterações de tamanho, formato e coloração. Hemoglobina (Hb): proteína presente no eritrócito (carrega O²). Um litro de sangue contém cerca de 15 g de hemoglobina; 1 g de hemoglobina pode transportar 1,34 mℓ, de O², ou seja, 1 ℓ, de sangue pode transportar cerca de 200 mℓ, de O². Hematócrito: avalia % de hemácias que pode estar diminuída por redução da síntese (doença renal, hemorragias) e/ou por perdas (hemólise, queimadura, hemorragias). Volume Corpuscular Médio (VCM): representa tamanho das hemácias e é o melhor indicador para classificar anemias. Hemoglobina Corpuscular Média (HCM): média da Hb por eritrócito. Concentração de Hb corp. média (CHCM): concentração de Hb em 100ml de hemácias. Normocrômica, hipocrômica e hipercrômica. RDW = variação na distribuição do volume dos eritrócitos (red cell distribution width). Índices Hematimétricos Anemia por deficiência de ferro (microcítica e hipocrômica Anemia macrocítica VCM Baixo Alto HCM Baixo Alto CHCM Baixo ------------ Série Vermelha: RDW normal RDW alto VCM baixo Doença crônica Talassemia Deficiência de ferro Fragmentação de células vermelhas Talassemia VCM normal e HB Doença crônica Hemorragia Quimioterapia Leucemia mielóide ou linfóide Transfusão Hemoglobinopatia (falciforme) Deficiência prococe de ferro ou de folato Hemoglobinopatia (falciforme) Mielofribose VCM alto Anemia aplástica Pré-leucemia Deficiência de folato ou de vitamina B12 Anemia hemolítica Leucemia Tipos de Anemias Anemia Características Hemolítica Anemias agudas ou crônicas, herdadas ou adquiridas, caracterizada pelo encurtamento da sobrevivência das hemácias adultas e incapacidade da medula em compensar a redução. Hipocrômica Redução desproporcional de hemoglobinas. Macrocítica Hemácias maiores do que as normais pelo aumento do VCM e HCM. Megaloblástica (vitamina B12 e ácido fólico) Presença de magaloblastos na medula óssea. Microcítica Redução no tamanho das hemácias. Perniciosa (vitamina B12) Megaloblásticas que afeta adultos e idosos devido incapacidade da mucosa gástrica em secretar o fator intrínseco adequado e potente, o que resulta em má absorção de vitamina B12. Por deficiência de ferro Depósitos de ferro deficientes ou ausentes, baixa concentração sérica de ferro, baixa saturação de transferrina, baixa concentração de hemoglobina ou baixo hematócrito e hemácias microcíticas e hipocrômicas. Exemplo de Hemograma: série vermelha • Sexo feminino • Resultado: Eritrócitos............. 4,38 milhões/mm Hemoglobina........... 10,8 g/dL Hematócrito............ 36% VCM........................ 82,2 HCM........................ 26,9 CHCM...................... 32,8% RDW....................... 13,8% Valor de referência Mulheres: 4.500.000 – 5.500.000 mm3 Homens: 3.800.000 – 5.000.000 mm3 Mulheres: 11,5 – 15 g/dL Homens: 13,5 – 16,5 g/dL Mulheres: 36 – 45% Homens: 39 – 50% 80 – 95 fl 27 – 34 pg 30 – 35% 10 – 14% Série branca: Leucócitos = defesa do organismo Leucócitos = granulócitos (neutrófilo, basófilo e eosinófilo) linfócito monócito Série leucocitária: diagnóstico ou acompanhamento de infecções e inflamações. CTL: (Contagem Total de Linfócitos) indica defesa celular e reservas imunológicas momentâneas. Plaquetas: Trombócitos: inclui contagem de plaquetas e sua avaliação morfológica. Trombocitopenia: redução de plaquetas (anemia megaloblástica, etc.) Trombocitose: elevação (leucemia, hemorragia, anemia ferropriva, inflamação, esplenectomia (remoção completa ou parcial do baço) ) Pancitopenia: redução na quantidade de eritrócitos, leucócitos e plaquetas. Albumina Pré-albumina PTN carreadora de retinol (RBP) PCR Avalia capacidade do corpo em converter alimentos em componentes corporais (nutrientes, metabólitos, enzimas) Avaliação das Reservas Viscerais A utilização das proteínas séricas como instrumento de avaliação de desnutrição em pacientes gravemente enfermos tem sido um medidor confiável. A síntese das proteínas hepáticas depende de aminoácidos disponíveis, e o paciente com desnutrição terá essa deficiência em seu organismo, assim, o metabolismo protéico hepático responde mais ao estímulo fisiológico associado à doença do que variações na ingestão. Só depois de descartar presença de doença é quea ingestão alimentar passa a ser fator que afeta o E.N. Baseia-se em análise de sangue e urina: SANGUE: + centrifugação SORO + gel anticoag. + centrif. PLASMA Volume total (adulto): 5 a 6L (18% do peso) Plasma: líquido que sobra após centrifugação (sem coagular). Soro: obtido pela coagulação do sangue antes de remover células. Maioria dos testes é feita no soro, pois após centrifugar, células se precipitam e se separam do plasma. Análises sanguíneas: usadas para diagnóstico e/ou acompanhamento dos problemas de saúde. URINA Água + sais orgânicos (Na, K, Ca, Mg, amônia, cloreto, fosfatos, sulfatos) + compostos orgânicos (restos do metabolismo) Volume normal: 600 a 2500ml/dia pH normal: 5,5 a 7,5 Vitaminas hidrossolúveis: podem ser excretados dependendo da ingestão. PADRÕES DE REFERÊNCIA • Valores sugeridos de normalidade ou apropriados para a idade; • Cada laboratório estabelece padrões de referência e procedimentos para um teste; • Pode ser inadequado comparar resultados de laboratórios diferentes. RESERVAS PROTEICAS PLASMÁTICAS Proteínas presentes na circulação: • albumina • transferrina • transtiretina • Ptn carr. de retinol • fibronectina • Somatomedina C • 3 metilhistidina • Creatinina-altura PLASMA: 60 a 80g/L de PTN 30 a 50g são albumina 15 a 30g são mistura de globulinas Proteínas Totais: albumina (60%) e globulinas (40%) **Não indicam estado da proteína visceral pois globulinas são pouco sensíveis. Mais sensíveis à mudanças do EN, pois concentrações mudam mais rápido Albumina: - No estágio inicial da desnutrição não é bom indicador do E.N., nem para avaliar resposta à terapia nutricional; - Vida-média longa: 19-21 dias (mau indicador de alterações rápidas no E.N.); - Limitação em pacientes que utilizam nutrição parenteral, pois é administrada na solução; -Transportadora universal (metais, íons, enzimas, metabólitos, hormônios, fármacos, aminoácidos, ácidos graxos). - Mais utilizada (ferramenta de triagem prognóstica); - Pode ser alterada por fatores não nutricionais; - Sofre impactos da resposta inflamatória (queda), cirurgias/injúrias (queda); Albumina: Aumento: Desidratação Uso de medicamentos: - Esteróides anabólicos - Androgênicos - Corticosteróides - GH - Insulina - Fenazopiridina (analgésico urinário) - Progesterona - Dextran (expansor do volume circulante em hemorragias agudas) Diminuição: - Sobrecarga hídrica - Insuficiência pancreática, má-absorção; - Ingestão alim. Inadequada - Necessidade protéica aumentada: hipertireoidismo, gestação - Perdas protéicas: queimaduras, úlceras de decúbito, hemorragias, síndrome nefrótica - AIDS - Edema, infusão endovenosa excessiva - Catabolismo aumentado: Ca e trauma - Doença inflamatória - Uso de medicamentos: íons amônio, estrogênios, hepatotóxicos, contracept. orais Normal: 3,5– 5,0 g/dl Depleção leve: 3 – 3,4 g/dl Depleção moderada: 2,1 – 2,9 g/dl Depleção grave: < 2,1 g/dl Transferrina Plasmática: - Marcador de depleção de proteína visceral (Exame caro. Melhor uso para avaliar metabolismo de Fe, não do estado protéico); - É uma β-globulina (0,3 a 0,5%) das proteínas totais; - vida média: 8 a 10 dias (vantagem em relação à albumina). - Responsável pela absorção e transporte de Fe (liga-se com Ferro férrico (Fe+3): usada para avaliar o metabolismo do Fe e investigar anemias microcíticas. • medula óssea (na síntese de Hb) • células retículo-endoteliais do fígado (estoque) • cél. mucosa gastrointestinal (p/ incorporá-la em enzimas) • Após correção de anemia: últimos índices a retornarem ao normal Transtiretina (pré-albumina): - Não é precursora da albumina (apenas aparece antes no teste de eletroforese de ptn); - transportadora de tiroxina (hormônio tireóide – T4); - classe de metabolismo rápido: vida média: 2 a 3 dias; - altera-se em infecções e inflamação; - indicador sensível de def. protéica e de resposta a intervenção alimentar devido à vida média bem curta; - Reduz drasticamente na restrição calórica e um pouco menos na restrição protéica. - normal: 15,1 a 42mg/dL; depleção leve: 10 a 15mg/dL - depleção moderada: 5,0 a 9,9mg/dL depleção grave: <5mg/dL Proteína carreadora de retinol (RBP): - síntese no fígado e excretado pelos rins; - transporta retinol no sangue, do fígado para tecidos periféricos; - indicador sensível da restrição protéico-calórica (queda após 48 a 72h); - mais sensível para avaliar estado protéico (não afetada pela resposta inflamatória como a albumina, transferrina e transtiretina); - pode ser indicador mais confiável do E.N. em estresse (cirurgia, trauma); - vida média: 10 a 12 horas; - em insuficiência renal crônica: deixa de ser indicador confiável (quase todos os indicadores protéicos séricos estão aumentados). - doença hepática avançada: não confiável (fígado tem reservas altas e libera estoque quando doença progride). Fibronectina - característica: deposição em locais de injúria e inflamação; - importante para cicatrização de feridas e manutenção da permeabilidade vascular; - vida média: 12 a 15 horas (resposta rápida ao aporte nutricional) - correlação com balanço nitrogenado e ingestão protéica - níveis diminuídos: desnutrição, trauma, sepse e queimaduras - no estresse agudo ou inflamação: pode não ser confiável como indicador nutricional. Aminoácidos plasmáticos e intracelulares: Objetivo: refletem ingestão de ptn e responde rápido à reposição protéica - Ptn não são armazenadas no corpo em células particulares; - mobilização parcial de proteína após jejum curto ou prolongado; - jejum prolongado: proteínas plasmáticas são hidrolisadas à aminoácidos (principalmente albumina); - fígado, pâncreas, mucosa intestinal (tec. metabolismo rápido): perdem rapidamente proteína; - músculo (maior reserva): perda + lenta; - Sangue: último compartimento a ser alterado quanto à Aas; - medidas intracelulares mais específicas na avaliação das reservas de AA do que as sanguíneas. Proteína -C reativa (PCR): Síntese: fígado - Indicador sensível de inflamação ([ ] sérica até 1000 vezes); - Ptn de fase aguda da resposta inflamat. qto + grave inflamação > produção e concentração sanguínea; - aumento nas infecções e doenças infecciosas bacterianas (não nas virais); - função exata não está totalmente clara; - pacientes renais podem ter índices elevados normalmente; - marcador de risco cardiovascular: monitora pacientes com infarto agudo do miocárdio; - pode ser tão boa preditora da arterosclerose quanto Colesterol Total. • Albumina: má nutrição grave • Transferrina: má nutrição (mais confiável que albumina para parâmetro nutricional). Transporta Fe = usada para avaliar o metabolismo do Fe. • Pré-albumina: depleção aguda • Proteína C–reativa: processos inflamatórios • Proteína ligada ao retinol: depleção aguda Fatores associados ao aumento dos níveis séricos da PCR Infarto agudo do miocárdio Febre reumática aguda Meningite bacteriana Doença de Crohn Rejeição ao transplante de rim ou de medula óssea Lúpus eritematoso Doenças malignas Infecções de ferida operatória Infarto pulmonar Artrite reumatóide Necrose tissular ou trauma Tuberculose Infecções do trato urinário Vasculites Uso de contraceptivos orais ObesidadeFonte: Martins, 2008. Índice creatinina-altura 3-Metil histidina urinária Principais indicadores de proteína somática (indicam proteína muscular): Exames indicadores de proteínas somáticas: • Músculo esquelético fornece aminoácidos (para gliconeogênese) durante as situações de estresse. • Aumento das perdas urinárias de nitrogênio; Índice de creatinina-altura (ICA): avalia massa protéica muscular, sendo necessário obter volume urinário: • Depleção protéica leve: 60 a 80% • Moderada: 40 a 60% • Grave: menor que 40% • Normal: 90 a 100% 3-metilhistidina: avalia massa protéica muscular, sendo necessário obter volume urinário: • Adultos saudáveis: 1,3 a 7,8 µmol/kg/dia • Trauma e sepse: 6,3 µmol/kg/dia (mulheres) e 11,8 µmol/kg/dia (homens) • Sem padrão de referência para a interpretação da excreção de 3-metilhistidina Exames indicadores de proteínas somáticas: Desvantagens (3-metilhistidina e creatinina-altura): - grande variabilidade intra-individual (10 a 20%); - coleta de urina de 24h devem ser realizadas precisamente em horários definidos; - Dieta isenta de carne; - Interferem nos resultados: sexo, idade, condicionamento físico, exercício recente, lesões, hipercatabolismo, alteração nas funções renais e hidratação. Vantagens: - não invasivos - custo baixo - boa acurácia ICA (%)= creatinina urinária (mg) X 100 *creatinina urinária ideal (mg) • ICA não é indicado para insuficiência renal, fase aguda do pós trauma, atividade física intensa e alta ingestão de carne. *de acordo com tabela de referência: Coeficiente de creatinina: homens = 23 mg/kg peso corporal mulheres= 18 mg/kg peso corporal Normal: 90 a 100% Depleção protéica leve: 60 a 80% Moderada: 40 a 60% Grave: menor que 40% Excreção Urinária e Balanço Nitrogenado • Excreção urinária: única que reflete proteínas somáticas e viscerais; • Reflete processos anabólicos e catabólicos. - excreção uréia urinária: ∆ enfermo: presença e grau de catabolismo ∆ saudável: ingestão PTN horas antes BALANÇO NITROGENADO: estima metabolismo protéico (diferença entre aporte e perdas de N²) Em balanço: ingestão de N² = excreção (urina, suor e fezes) BALANÇO NITROGENADO: Balanço Nitrogenado Positivo: ingestão de N² > que excreção Associado ao crescimento, gestação, convalescença. Balanço Nitrogenado Negativo: ingestão de N² < que excreção Associado jejum prolongado, queimaduras, cirurgias e traumas. Classificação do grau de estresse metabólico Nitrogênio Uréico Urinário (g/dia) Grau de catabolismo < 5 Normal e na privação alimentar 5 – 10 Discreto (ex: cirurgia) 10 – 15 Moderado (ex: politrauma) > 15 Intenso (ex: sepse) Exemplo: indivíduo com excreção de uréia urinária = 17g em 24 h Método de Blackburn et al: como cada 100g de uréia contém 46,66g de N2, então 17g de uréia contêm 7,9g de N2. Ou seja, a excreção de N2 referente à uréia da urina foi de 7,9g neste dia. Classificação: discreto Fonte: Martins, 2008. Estado Nutricional e Resposta Imunológica E.N. está diretamente correlacionado à resposta imunológica, por isso, imunocompetência pode ser utilizada como indicador funcional do EN. Imunidade celular: defesa intra-celular; decorrente da ação de linfócitos T. Age em locais inacessíveis aos anticorpos circulantes, contra microrganismos intracelulares (vírus e bactérias) que sobrevivem e se proliferam dentro de células do hospedeiro. Imunidade humoral: principal mecanismo de defesa contra microrganismos extracelulares e suas toxinas. Mediada por linfócitos B produzem anticorpos. Alterações nos diferentes parâmetros imunológicos com alterações do EN: contagem de linfócitos e provas de hipersensibilidade cutânea. Resposta de Hipersensibilidade do Tipo Tardio (RHTT): método mais simples e eficaz para a avaliação da imunidade mediada por células. São reações locais (resposta inflamatória) mediadas por células que são estimuladas apenas em indivíduos sensibilizados por meio da administração cutânea de um determinado antígeno. A RHTT pode ser mensurada como uma enduração epidermal 24-48h após a aplicação do antígeno, o que reflete o efeito integrado da resposta imune mediada por células. A reação é considerada positiva quando há a formação de pápula igual ou superior à 5 mm de diâmetro. Os antígenos mais utilizados são: tuberculina (tuberculose), Candidina (candida albicans), tétano, difteria e tricofitina (fungos). Alergia: hipersensibilidade imunológica a um estímulo externo específico. Anergia (ou inativação funcional): reconhecimento fraco ou ausente dos antígenos. Anergia cutânea está associada a uma série de condições como: infecções sistêmicas agudas ou crônicas, deficiência de linfócito T, doenças autoimunes, desnutrição grave e condições que levam a imunossupressão: câncer, medicação imunossupressora e doenças renais. Enduração LINFÓCITOS SANGUÍNEOS: maior função é a de combater infecção contra corpos estranhos. Leucócitos = neutrófilos, linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos. Contagem: 1) Número total de leucócitos em 1mm3 de sangue venoso periférico 2) Contagem por % de cada tipo de leucócito presente Componentes da contagem de leucócitos (leucograma) Contagem diferencial Absoluta (por mm3) Porcentagem (%) Neutrófilos 2500 – 80000 55 - 70 Linfócitos 1000 – 40000 20 – 40 Monócitos 200 – 700 2 – 8 Eosinófilos 50 – 500 1 - 4 Basófilos 25 - 100 0,5 – 1,0 Resposta Imunológica Situações associadas à alteração dos leucócitos Leucocitose (aumento) Leucopenia (diminuição) Estresse Infecção Inflamação Leucemia neoplásica Necrose de tecido Trauma Medicamentos: adrenalina, alopurinol, aspirina, clorofórmio, epinefrina, esteróides, heparina, quinina, trianterene AIDS Deficiência alimentar Doença auto-imune Falência da medula óssea Infecção grave Infiltração da medula óssea Medicamentos: quimioterápicos, antibióticos, anticonvulsivantes, anti- histamínicos, arsênicos, barbitúricos, diuréticos, antitireoidianos, corticóide, sulfonamidas Granulócitos: neutrófilos, eosinófilos e basófilos - Atacam e eliminam microorganismos e tecidos mortos. Neutrófilos Eosinófilos e basófilos Principais células fagocíticas + abundantes na fagocitose Aumentado em infecções bacterianas agudas e trauma. Reações alérgicas Monócitos: - Células fagocíticas (combate as bactérias) - Secretam citocinas que controlam resposta imune - Prednisona ( corticoide) diminui monócitos Monocitose (aumento): - Distúrbios inflamatórios crônicos - Infecções viróticas - Tuberculose - Colite ulcerativa crônica Linfócitos: combatem infecções bacterianas crônicas e viróticas agudas. Contagem Total de Linfócitos (CTL): Desnutrição: Depressão das respostas imunes do paciente; Diminuição de substrato para produção de imunoglobulinas e células de defesa; Pode ser alterada por fatores não nutricionais; Não é indicador específico de E.N. pois pode reduzir com idade, AIDS, radioterapia, uso de imunosupressores, quimio; Interpretação deve ser feita com cuidado. CTL = % linfócitos x leucócitos / 100 Normal: 1500 – 5000 / mm3 Depleção leve: 1200 – 2000 / mm3 Depleção moderada: 800 – 1199 / mm3 Depleção grave: < 800 / mm3 Bottoni e cols., 2000Exames laboratoriais Exames bioquímicos para avaliação e acompanhamento de doenças cardiovasculares: triglicérides, colesterol total, HDL, LDL, VLDL; Exames utilizados para acompanhamento de doenças endócrinas: glicemia, teste oral de tolerância à glicose, insulina, peptídeo C, hemoglobina glicada; Exames laboratoriais Exames para avaliação da tireóide: tiroxina (total e livre), triiodotironina, hormônio estimulador da tireóide (TSH); Exames utilizados para acompanhamento de doenças renais: gasometria, uréia, creatinina, sódio, cálcio (total e iônico), potássio sérico, fósforo sérico, magnésio sérico, ácido úrico, oxalato, citrato, proteína; Exames laboratoriais Exames laboratoriais para acompanhamento de doenças hepáticas: alanina aminotransferase (ALT); aspartato aminotransferase (AST), gama glutamiltransferase (GGT), bilirrubina; Exames laboratoriais para acompanhamento de anemia: ferro, transferrina, ferritina, capacidade total de ligação do ferro; Acompanhamento laboratorial de carências específicas advindas de cirurgia bariátrica: vitamina B12, ácido fólico, cálcio total e ferro. MATERIAL EXTRA IDADE DEFICIENTE BAIXO ACEITÁVEL 0 a 11 meses ----- < 2,5 > 2,5 1 a 5 anos < 2,8 < 3,0 > 3,0 6 a 17 anos < 2,8 < 3,5 > 3,5 Adulto < 2,8 2,8 – 3,4 > 3,5 Gestante (1º trimestre) < 3,0 3,0 – 3,9 > 4,0 Gestante (2º e 3º trimestre) < 3,0 3,0 – 3,4 > 3,5 Albumina – mg% Proteína Total – mg% RESULTADO CLASSIFICAÇÃO 8,0 – 6,0 normal 6,0 – 6,5 depleção leve 5.3 – 6,0 depleção moderada < 5,3 depleção severa Sauberlich Dowdy, 1974 Grant e col (1981) Hemoglobina – g/100ml CLASSIFICAÇÃO SEXO ACEITÁVEL MODERADAMENTE REDUZIDO GRAVEMENTE REDUZIDO Masculino > 12 12,0 – 10,0 < 10,0 Feminino > 10 10,0 – 8,0 < 8,0 Grant e col (1981) Hematócrito - % CLASSIFICAÇÃO SEXO ACEITÁVEL MODERADAMENTE REDUZIDO GRAVEMENTE REDUZIDO Masculino > 36 36 – 31 < 31 Feminino > 31 31 – 24 < 24 Grant e col (1981) Transferrina Transferrina = (0,8 X CTLF* ) – 43 •CTLF = capacidade total de ligação como ferro CLASSIFICAÇÃO RESULTADOS normal Acima de 200 mcg % depleção leve De 150 a 200 mcg % depleção moderada De 100 a 149 mcg % depleção severa Menor que 100 mcg % Grante e col (1981) Pré Albumina – mg% RESULTADO CLASSIFICAÇÃO > 15 normal 15 – 10 depleção leve 10 – 5 depleção moderada < 5 depleçãp severa Grante e col (1981) PROTEÍNA FIXADORA DE RETINOL VALORES INFERIORES A 3mg/100 ml DEMONSTRAM PERDA DE MASSA VISCERAL Diagnóstico e Monitoramento do Diabetes Mellitus 1- Glicose na Urina (Glicosúria) – método complementar • Quando o nível de glicose for > 180mg/dL no plasma, a glicose pode ser eliminada pela urina. • O limiar renal de glicose aumenta com a idade. • O nível de glicose na urina não reflete o nível exato de glicose sanguínea no momento da análise. 2- Cetonas na Urina/Plasma – exame complementar • Os corpos cetônicos podem acumular-se no plasma de um paciente diabético. • Sua presença não diagnostica cetoacidose. O aumento de corpos cetônicos no sangue aumenta a acidose (excesso de ácido no sangue) diminuindo o pH. A variação de pH pode levar a necrose das células. • Podem estar presentes em um jejum prolongado. 3- Glicose Sanguínea (Glicemia) – principal exame • Determinação dos níveis sanguíneos de glicose no jejum (de pelo menos 10h): – Valores Normais= <110mg/dL (< 6,1 mmol/L) – Intolerância à Glicose= > 110 e < 126mg/dL – Diabete ≥ 126mg/dL (duas ocasiões). • Determinação dos níveis sanguíneos de glicose casual: – Diabete: ≥ 200mg/dL. • No sangue venoso: < 5,0 mmol/L 4-Teste oral de tolerância à glicose/Curva Glicêmica • A última contagem é feita com 120min • Normal: <140mg/dL • Intolerância à glicose: ≥ 140 e < 200mg/dL • Diabético: ≥ 200mg/dL Indicações do TOTG: • Glicose sanguínea em jejum, ou pós-prandial no limiar. • Glicosúria persistente. • Mulheres grávidas com história familiar de diabete mellitus • Glicosúria em mulheres grávidas 5- Microalbuminúria • Teste feito em pessoas com diabetes Mellitus para verificar se há lesão de néfrons • Taxa de excreção intermediária do normal (2,5-25mg/dia) e a macroalbuminúria (>250mg/dia). • Determina a nefropatia diabética precoce e reversível. 6- Hemoglobina glicosilada (Hb A1c) – Glicose ligada à hemoglobina • Quando a glicose vai se ligando às proteínas do sangue por haver grandes quantidades de glicose no sangue. • Usado no controle glicêmico por um período de 2 a 3 meses antes do teste de glicemia comum. • Valores normais: 4 a 6%. Se passar disso é indicador de diabetes. O diabetes controlado deve estar entre 6 e 7%. Valores de Referência das Frações Lipídicas TRIACILGLICEROL • Desejável: < 150 mg/dL VLDL • Desejável: < 30 mg/dL COLESTEROL TOTAL • Desejável: < 200 mg/dL • Limiar de alto risco:200-239 mg/dL • Alto risco: ≥ 240 mg/dL LDL • Desejável: < 130 mg/dL • Limiar de alto risco:130-159 mg/dL • Alto risco: ≥ 160 mg/dL HDL • Alto risco: < 35 mg/dL Avaliação dos principais íons Hipernatremia • Aumento da concentração de sódio no soro. • Valor de referência: 135 - 145 mmol/L. Causas: • Perda de água em um paciente que não consegue beber • Perda tanto de sódio quanto de água (ex: cetoacidose diabética, sudorese excessiva ou diarréia) • Ingestão excessiva de sódio • Perda de água leva ao aumento da concentração de sódio • Tratamento: H2O Hiponatremia • Diminuição da concentração de sódio no soro e aumenta a concentração de água. • Valor de referência: 135 - 145 mmol/L. Causas: • 1- Retenção de água: Ex: Infecções, câncer, trauma e Síndrome da inadequada secreção de hormônios antidiurético. Ex: Insuficiência cardíaca e Hipoalbuminemia • 2- Perda de Sódio: • a) ocorre a hipotensão e não tem edema • b) ocorre no paciente com perda de liquido gastrointestinal ou renal • A hipotensão (diminuição da pressão arterial) sem edema acontece em casos de vômito, diarréia, excesso de transpiração e nos atletas. Deve ser tratada com H2O + Na. Hipercalemia (aumento de potássio no sangue) • Aumento da concentração de potássio no soro • Valor de referência: 3,5 - 5,0 mmol/L. Causas: • Insuficiência renal e acidose • Liberação de potássio de células lesadas (lesão muscular, câncer, processo inflamatório) • Potássio elevado indica lesão grave. • Tratamento: neutralizar potássio com Cloreto de Cálcio Hipocalemia • Diminuição da concentração de potássio no soro • Valor de referência: 3,5 - 5,0 mmol/L. Causas: • Perdas gastrointestinais (vômitos/diarréias) • Perdas renais: diuréticos e aumento da aldosterona (um antidiurético que retém Na e H2O. • Alcalose - o potássio sai do sangue para neutralizar os íons CH- do interior das células Hiperuricemia Sexo Ác. Úrico Homem até 7 mg/dl Mulher até 6 mg/dl INVESTIGAÇÃO LABORATORIAL EM CRIANÇAS VARIÁVEIS VALORES Proteína total (g/dl) 6,2 a 8,0 Albumina sérica (g/dl) 4 a 5 Cálcio total (mg/dl) 8,8 a 10,8 Sódio (mEq/l) 138 a 145 Colesterol total (mg/dl) 120 a 200 HDL colesterol (mg/dl) 0 a 12 anos: 30 a 65 Triglicérides (mg/dl) 0 a 5 anos: 30 a 99 6 a 11 anos: 31 a 114 Creatinina (mg/dl) Lactentes: 0,2 a 0,4 Criança: 0,3 a 0,7 Eritrócitos (milhões de cel/mm³) 6 meses a 2 anos: 3,7 a 5,3 2 a 6 anos: 3,9 a 5,3 6 a 12 anos: 4,0 a 5,2 Glicose (mg/dl) RN: 1 dia – 40 a 60 RN: > 1 dia – 50 a 90 Criança: 60a 100 Hemoglobina (g/dl) 2 meses: 9 a 14 6 a 12 anos: 11,5 a 15,5 Hb glicolisada (% total Hb) 5,6 a 7,5 VCM - Volume corpuscular médio (fl) 6 meses a 2 anos; 70 a 86 6 a 12 anos: 77 a 95 HCM – Hemoglobina Corpuscular média (pg) 6 meses a 2 anos: 23 a 31 6 a 12 anos: 25 a 33 EXAMES BIOQUÍMICOS - Crianças • Proteínas séricas que podem ser utilizadas na avaliação da condição nutricional Fonte: Koletzko, 2008. EXAME VALORES NORMAIS CONSIDERAÇÕES Albumina Pré-termo: 2,5-4,5 g/dL Termo: 2,5-5,0 g/dL 1-3 meses: 3,0-4,2 g/dL 3-12 meses: 2,7-5,0 g/dL >1 ano: 3,2-5,0 g/dL ↓ Resposta na fase aguda (infecção, inflamação, trauma) ↓ Disfunção hepática, renal, enteropatia perdedora de proteína Alterada pela hidratação Pré – albumina 20-50 mg/dL ↓ Disfunção hepática, fibrose cística, hipertireoidismo, infecção e trauma Transferrina 180-260 mg/dL ↓ Inflamação, disfunção hepática ↑ Deficiência de ferro Alterada pela hidratação Ptn transportadora de retinol 30-40 ug/mL ↓ Disfunção hepática, deficiência de zinco e vitamina A, infecção ↑ Doença renal EXAMES BIOQUÍMICOS- Crianças EXAME VALORES NORMAIS CONSIDERAÇÕES Retinol plasmático >1,05 umol/L ↓ Disfunção hepática e deficiência de zinco Zinco plasmático >70 ug/dL ↓ Hipoalbuminemia Vitamina E sérica <11 anos: 7-35 umol/L >11 anos: 14-42 umol/L Influenciada pelo perfil lipídico (realizar ajuste de vitamina E: colesterol + triglicérides) Vitamina D (25-OH plasmático) Verão: 15-80 ug/dL Inverno: 14-42 ug/dL ↓ Utilização de medicamentos anticonvulsivantes Vitamina C plasmática 22,7-85,2 umol/L Vitamina B12 147-616 pmol/L ↓ Utilização de fenitoína, inibidores de bomba de prótons, neomicina e na deficiência de folato Vitamina B6 (piridoxina no plasma) 14,6-72,8 nmol/L ↓ Utilização de isoniazida Fonte: Koletzko, 2008. EXAMES BIOQUÍMICOS - Crianças EXAME VALORES NORMAIS CONSIDERAÇÕES Folato sérico Neonatos: 11-147 nmol/L Lactentes: 34-125 nmol/L 2-16 anos: 11-48 nmol/L >16 anos: 7-45 nmol/L Metotrexato, fenitoína e sulfassalazina antagonizam a utilização do folato Cálcio total 8,0-10,5 mg/dL Não reflete de forma direta os estoques corporais e está ↓ na hipoalbuminemia Cálcio ionizável 1,20-1,37 mmol/L Fósforo 4,0-7,0 mg/dL Sofre queda importante na “síndrome de realimentação”, que pode acontecer em crianças com desnutrição no início da terapia nutricional Magnésio sérico 1,8-2,5 mg/dL ↓ Na presença de hipoalbuminemia Fosfatase alcalina 250-950 U/L Marcador do metabolismo de cálcio Fonte: Koletzko, 2008. EXAMES BIOQUÍMICOS- Crianças • Valores habitualmente utilizados para abordagem de anemia e deficiência de ferro EXAME VALORES DESCRIÇÃO Hemoglobina (mg/dL) <11,0 Indicativo de anemia Hematócrito (%) <33 Indicativo de anemia Volume corpuscular médio (fL) <75 Indicativo de anemia microcítica Ferritina (ng/mL) <12 Depleção dos estoques de ferro Fonte: Samaur, 2005. EXAMES BIOQUÍMICOS • Concentrações de hemoglobina e hematócrito abaixo das quais se considera anemia – por sexo e faixa etária. Concentração de hemoglobina (<g/dL) Hematócrito (<%) Criança (idade em anos) 1-<2+ 2-<5 5-<8 8-<12 11,0 11,1 11,5 11,9 32,9 33,0 34,5 35,4 Sexo masculino (idade em anos) 12-<15 15-<18 >=18 12,5 13,3 13,5 37,3 39,7 39,9 Sexo feminino não gestante e não lactante (idade em anos) 12-<15 15-<18 >=18 11,8 12,0 12,0 35,7 35,9 35,7 Fonte: CDC, 1990. EXAMES BIOQUÍMICOS- criança e adolescente • Perfil Lipídico Lipoproteínas (mg/dL) Desejáveis Limítrofes Aumentados Colesterol total < 150 150-169 >170 LDL-C <100 100-129 ≥130 HDL-C ≥45 Triglicerídeos <100 100-129 ≥130 Fonte: I Diretriz de prevenção da aterosclerose na infância e adolescência, 2005.
Compartilhar