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UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA BIOMEDICINA BIOQUÍMICA METABÓLICA Fenilcetonúria GOIÂNIA 2018/2 1 UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA BIOMEDICINA MARIANNE DIENIFFER SILVA N1676J-3 MELISSA MACIEL FERREIRA DOS SANTOS E ASSIS N18644-5 BIOQUÍMICA METABÓLICA Fenilcetonúria Trabalho de Atividade Prática Supervisionada – APS, produzido pelos alunos do Curso de Biomedicina 4° Período. Orientadora: Profª Arisneidi Kasue Ikeda Rêde GOIÂNIA 2018/2 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO……………………………………………………………...…4 DESENVOLVIMENTO ..……………………………………………………...6 1 ……………………………………………………………………….6 2 .……..………………………………………………………………..7 3 ……………………………………………………………………….8 CONCLUSÃO………………………………………………….………….....10 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA………………...………………………...12 3 INTRODUÇÃO A Fenilcetonúria (FNC), é uma doença genética, autossômica recessiva, causada por mutações no gene localizado no cromossomo 12q22-q24, o qual codifica a enzima hepática fenilalanina-hidroxilase (FAH). A ausência ou deficiência desta enzima impede a conversão hepática de fenilalanina (FAL), um dos aminoácidos essenciais e mais comuns do organismo, em tirosina, causando acúmulo de FAL no sangue e em outros tecidos. É considerada uma doença metabólica rara, com prevalência global média estimada de 1:10.000 recém-nascidos. A incidência varia entre as diferentes nações do mundo e nos diferentes grupos étnicos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013). Desde a descoberta deste transtorno metabólico, houve enorme progresso em relação a seu diagnóstico precoce, tratamento e seguimento. Mais de 500 mutações foram identificadas no gene responsável pela doença, o que corresponde a uma gama enorme de fenótipos e, portanto, a uma grande variedade de manifestações clínicas e diversidade de gravidade. Níveis variados e crescentes de FAL podem ocorrer. O excesso é neurotóxico e leva a defeitos no desenvolvimento neuromotor e neurocognitivo. O retardo mental é irreversível se não diagnosticado e tratado em idade precoce (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013). A variabilidade entre os fenilcetonúricos não depende apenas dos fatores genéticos; fatores ambientais e estilos de vida diferentes, como a idade do início do tratamento e o grau de controle da dieta, também contribuem para estas variações. Os recém-nascidos portadores de HFA são assintomáticos antes de passarem a receber alimentos que contenham FAL (leite materno ou fórmulas infantis próprias da idade). Se a doença não for detectada pelo rastreamento metabólico, seu início é insidioso e só se manifestará clinicamente em torno do 3º ou 4º mês de vida. Nessa época, a criança começa a apresentar atraso global do desenvolvimento neuropsicomotor, podendo mostrar irritabilidade ou apatia, perda de interesse pelo que a rodeia, convulsões, eczema crônico, hipopigmentação cutânea, cheiro característico da urina, da pele e dos cabelos (odor de rato pela presença do ácido fenilacético) e padrão errático do sono (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013). A principal característica da doença não tratada, é retardo mental, que vai piorando durante a fase de desenvolvimento do cérebro e que se estabilizaria, com a maturação completa deste órgão. O quociente de inteligência (QI) mede a extensão deste retardo e varia de leve a gravemente prejudicado. A HFA não tratada resulta em progressivo retardo mental, com QI abaixo de 50. A piora está relacionada aos níveis sanguíneos de FAL. Com o passar do tempo, a criança pode apresentar problemas de postura para sentar, anormalidade da marcha, hiperatividade e distúrbios comportamentais. A fala e o desenvolvimento intelectual vão se tornando bastante afetados. Pode haver também comprometimento 4 emocional, como depressão, e complicações neurológicas, como tremores, espasticidade, ataxia e epilepsia que iniciam na infância e progridem na adolescência. A identificação da doença em seu estágio inicial e o encaminhamento ágil e adequado para o atendimento especializado dão à Atenção Básica um caráter essencial para um melhor resultado terapêutico e prognóstico Fenilcetonúria dos casos. Se a doença for diagnosticada logo após o nascimento e o paciente for mantido em dieta restrita em FAL, os sintomas podem ser prevenidos e a criança pode ter desenvolvimento e expectativa de vidas normais. O rastreamento no Brasil é realizado pelo “teste do pezinho”, no âmbito do Programa Nacional de Triagem Neonatal do Ministério da Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013). 5 DESENVOLVIMENTO Caso Clínico 2: Criança de 5 anos, do sexo feminino, portadora de fenilcetonúria, atendida por serviço médico especializado. Filha de casal não consanguíneo, com irmã mais velha e outros familiares normais. Iniciou acompanhamento médico-genético em decorrência de rastreamento neonatal indicativo de hiperfenilalaninemia, com posterior confirmação de fenilcetonúria clássica. A gestação foi considerada saudável,exceto por detecção de comunicação intraventricular fetal em ultrassonografia obstétrica, realizada na 34ª semana de gestação. Nasceu pesando 3.355 kg e medindo 47 cm. O rastreamento neonatal aos vinte dias de vida, evidenciou dosagem plasmática de fenilalanina de 28,4 mg/dL, muito superior ao referencial de 2,0 mg/dL. A dosagem seguinte obteve resultado de 50 mg/dL, sendo valor alvo 4,0 mg/dL.A mãe da menor também foi submetida à dosagem de fenilalanina, cujo resultado de 3,1 mg/dL encontrou-se dentro da normalidade. Exames realizados no período neonatal revelaram significativo aumento de fenilalanina. Durante o primeiro ano de vida, o acompanhamento médico-nutricional foi realizado mensalmente, com dosagem de fenilalanina plasmática a cada duas semanas (eventualmente, sendo dosados a cada sete dias). Movimentos repetitivos e frequentes, como tremores, foram observados desde os primeiros dias de vida, de forma ocasional. Movimentos de maior espasticidade também foram observados durante o desenvolvimento da criança, sugerindo crises convulsivas. Questões: 1 - A fenilcetonúria é uma doença hereditária caracterizada pela ausência de uma enzima que participa da eliminação do aminoácido fenilalanina, obtido por meio da alimentação. Essa deficiência metabólica gera um excesso do aminoácido que se torna tóxico ao organismo, por isso, a introdução de uma dieta com baixo teor de fenilalanina deve ter início nos primeiros meses de vida, de preferência no primeiro mês, para evitar manifestações clínicas da doença. Qual o padrão de herança dessa doença? Justifique sua resposta. Trata-se de uma doença genética de herança autossômica recessiva, cujo defeito bioquímico básico consiste na deficiência da enzima fenilalanina- hidroxilase (PAH), responsável pela conversão hepática de fenilalanina em tirosina, enzima está codificada por um gene localizado no cromossomo 12, já tendo sido descritas até o momento 498 diferentes mutações neste lócus. Na década de 50, foram 6 desenvolvidas as primeiras fórmulas alimentares isentas de fenilalanina, permitindo a substituição precoce da alimentação do lactente por uma dieta pobre nesse aminoácido, e prevenindo de maneira amplamente eficaz o retardo mental. As hiperfenilalaninemias podem ser classificadas em PKU clássica, PKU leve ou Hiperfenilalaninemia não-PKU (HPA não-PKU), a depender do nível de fenilalanina sérica ao diagnóstico, que nos fornece uma estimativa da atividade enzimática residual, permitindo o estabelecimento do fenótipo bioquímico (GATTO, ET AL., 2005). 2 - Supondo que outro casal deseja ter filhos, porém, recorre a um aconselhamento genético, porque o homem possui uma irmã com fenilcetonúria e a mulher tem um irmão com fenilcetonúria. Não existem outros casos conhecidos na família. Eles pedem ao geneticista que determine a probabilidade de seu primeiro filho ter PKU. Exiba o heredograma desse caso indicando os possíveis genótipos dos pais e dos quatro avós. Qual é esta probabilidade? PKU Genótipo dos Avós: Pp Genótipo dos Pais: PP ou Pp PP X PP: 100% PP (100% normal) PP X Pp: 50% PP e 50% Pp (100% normal) 7 Pp X Pp: 25% PP, 50% Pp e 25% pp (75% normal, 25% afetado) 3 - Qual a importância do diagnóstico precoce da fenilcetonúria? Qual teste detecta essa e outras doenças genéticas? Quais danos ocorrem ao portador caso a alimentação restrita à fenilalanina não ocorra? Na década de 50 foram iniciados estudos de triagem por meio da adição de cloreto férrico à fralda dos bebês recentemente molhada, sendo conhecido como Teste da Fralda. Porém, as alterações detectáveis na urina só surgem em fases posteriores às que são detectáveis no sangue e, muitas vezes, já com os primeiros sinais de lesão no sistema nervoso. Como a excreção do ácido fenilpirúvico é demorada, o teste só podia ser realizado com resultados confiáveis após algumas semanas de vida, reduzindo assim a cobertura deste teste e retardando o início do tratamento. Posteriormente, foram desenvolvidos novos métodos de diagnóstico. As bases para a detecção precoce e tratamento da PKU, que existem atualmente, foram lançadas por três conclusões principais: na década de 1930, Asbjorn Fölling identificou níveis elevados de Phe no sangue (hiperfenilalninemia) como a causa dos déficits neuropsicológicos; na década de 1950, Horst Bickel introduziu uma dieta pobre em Phe para tratar a PKU; e na década de 1960, Robert Guthrie introduziu um teste de diagnóstico adequado para rastreamento em massa de hiperfenilalninemia conhecido como Teste do Pezinho (ROSA, 2014). Nos dias atuais, muitos países ao redor do mundo incluem um teste para hiperfenilalaninemia em PNTN, que vão de métodos simples até sistemas mais modernos baseados em espectrometria de massa. No Brasil a PKU é diagnosticada por meio do “Teste do Pezinho” (TP), cuja obrigatoriedade, para todo o território brasileiro, consta no Estatuto da Criança e do Adolescente. Todos os recém-nascidos devem ser submetidos ao teste, pois sendo diagnosticada, antes da manifestação clara de seus sintomas, a maioria das doenças podem ser tratadas com sucesso. Isso é confirmado pelo fato de que uma pessoa com PKU iniciando o tratamento logo após o nascimento consegue impedir a maioria das complicações neuropsicológicas. Por utilizar amostras de sangue coletadas do calcanhar, o exame ficou popularmente conhecido como TP e, é capaz de detectar a PKU, o HC, a fibrose cística, doenças falciformes e outras hemoglobinopatias (ROSA, 2014). Ao nascer o lactente parece normal, porque recebeu por via placentária os aminoácidos necessários, não interferindo, assim, no desenvolvimento do sistema nervoso, pois este tem maturação máxima somente após o nascimento. Se a enfermidade não for diagnosticada e tratada imediatamente após o nascimento, ocorre o comprometimento da saúde com o aparecimento de sintomas neurológicos, como por exemplo, as crises de convulsão, as quais geralmente ocorrem entre os seis e 18 meses de vida (ROSA, 2014). Consequentemente mais de 99% das crianças que as apresentam PKU tornam-se deficientes mentais de grau e intensidade variáveis (de moderado a 8 agudo) e sempre irreversível. Após o diagnóstico de PKU, mesmo havendo a possibilidade de amamentação quando associada a um rigoroso controle, a suspensão do aleitamento materno é recomendada devido à dificuldade, durante a mamada, de quantificar a ingestão de Phe, ocorrendo variações nos níveis sanguíneos acima dos recomendados. Porém, confrontando essa orientação existem os sentimentos desenvolvidos pela mãe quando tem que parar abruptamente de amamentar seu filho, pois desenvolvem sentimentos de culpa e tristeza por causa da interferência na relação com seu bebê, além da aceitação do diagnóstico. As crianças que apresentam essa patologia e não são tratadas em tempo adequado, possuem tendência a apresentar comprometimento progressivo das funções cerebrais, com o desenvolvimento de diversos sintomas como: deficiência intelectual, que é a sequela mais importante dessa patologia; tremor; microcefalia; hiperatividade; crises convulsivas; atraso global do desenvolvimento; déficit de atenção; e, até mesmo, comportamentos autísticos. Além dos sintomas citados acima são descritos também: alterações no crescimento, sendo este reduzido; odor característico na urina; e falta de pigmentação, devido à inibição completa da hidroxilação da tirosina pela tirosinase, que é a primeira etapa na formação da melanina. A síntese reduzida desse pigmento na PKU clássica confere tonalidades mais claras aos cabelos, pele e íris. Os portadores possuem, também, expectativa de vida reduzida, podendo metade morrer por volta dos 20 anos e três quartos por volta dos 30 (ROSA, 2014). 9 CONCLUSÃO Mais de 70 anos passaram desde que Fölling descobriu a fenilcetonúria. A sua identificação como causa de atraso mental, o desenvolvimento de uma terapia efetiva e segura, e a introdução de programas de rastreio neonatal da fenilcetonúria, que possibilitam o diagnóstico precoce, foram grandes avanços para a área da saúde. A Fenilcetonúria é um dos erros inatos do metabolismo, com padrão de herança au tossômico recessivo. O defeito metabólico, gerado geralmente da enzima hepática Fenilalanina Hidroxilase, leva ao acúmulo do aminoácido Fenilalanina (FAL) no sangue e ao aumento da Fenilalanina e da excreção urinária de Ácido Fenilpirúvico. Foi a primeira doença genética a ter tratamento estabelecido com terapêutica dietética específica. O diagnóstico estabelecido pelos programas de Triagem Neonatal é o ideal, pois permitirá o tratamento precoce, com introdução de terapia dietéticaadequada, que evitará o desenvolvimento do quadro clínico. A Triagem Neonatal é realizada a partir da dosagem quantitativa da Fenilalanina (FAL) sanguínea em amostras colhidas em papel-filtro. Recomenda-se que a coleta seja feita somente após 48 horas do nascimento, pois, para que o aumento da FAL possa ser detectado, é fundamental que a criança tenha ingerido uma quantidade suficiente de proteína. Nesse momento, mesmo as crianças de risco, que ainda não tiveram contato com leite materno, podem ter o sangue colhido, desde que estejam sob dieta parenteral (rica em aminoácidos essenciais). O tratamento preconizado por equipe de especialistas deverá ser mantido por toda a vida. Estudos realizados em todo o mundo sugerem que a suspensão da dieta pode resultar em deterioração intelectual e comportamental, sendo, portanto aconselhável a manutenção da dieta por toda a vida. A dieta utilizada é hipoprotéica, suplementada por uma fórmula de aminoácidos isenta de Fenilalanina (FAL), fornecida aos pacientes pelos Estados e Distrito Federal. Como os alimentos que são fontes importantes de proteína (principalmente os ricos em FAL) são eliminados da dieta, as quantidades de aminoácidos essenciais (com exceção da FAL) passam a ser controladas por meio do fornecimento dessa fórmula especial. Essa reposição permitirá que o paciente tenha desenvolvimento, tanto somático quanto neurológico, adequado apesar da importante restrição dietética que lhe será imposta. É importante que a família verifique a presença e a quantidade de fenilalanina no rótulo de medicamentos e alimentos industrializados. São proibidos alimentos que contenham o adoçante aspartame na sua formulação. Com esta preocupação, a ANVISA fez um trabalho com a indústria alimentícia e publicou uma Tabela de 10 Composição de Fenilalanina em Alimentos, com mais de 600 itens, possibilitando ampliar a variedade de alimentos consumidos e melhorar a qualidade de vida dos fenilcetonúricos. 11 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Bibliografia de Apoio: MACHADO, J.; CARDOSO, I.L. Fenilcetonúria e suas variantes: revisão bibliográfica. Faculdade de Ciências da Saúde - UFP. Disponível em: https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/927/2/12-22.pdf. Acessado em 29 de outubro 2018. Portal Ministério da Saúde: Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN). Fenilcetonúria (PKU). 2017. Disponível em: <http://www.portalms.saude.gov.br/acoes-e-programas/programa-nacional-da-triagem-neon atal/fenilcetonuria-pku>. Acesso em: 28 de outubro de 2018. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Portaria SAS/MS nº 1.307, de 22 de novembro de 2013. FENILCETONÚRIA. Acessado em 29 de outubro 2018http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/pcdt-fenilcetonuria-livro-201 3.pdf ROSA, Ruy Roberto Porto Ascenso. Fenilcetonúria: Uma revisão de literatura. Teresina – PI: Faculdade Santo Agostinho, 2014. 12
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