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Aula 9 e 10 Brasil republicano

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Aula 9 e 10 Resumo Brasil republicano
Nesta aula, veremos o impacto da Crise de 1929 na economia brasileira, que promoveu o rompimento culminando na Revolução de 1930. A década de 1930 é um momento de profundas transformações no modelo político e econômico brasileiro, criando as condições para a emergência de um modelo industrial no país.
Durante a República Velha, prevaleceram os interesses das oligarquias e a manutenção da economia agroexportadora.
A distribuição de terras, baseada no grande latifúndio, não sofreu alteração e os princípios federalistas contidos na Constituição de 1891 acabaram por permitir a supremacia política concentrada no eixo São Paulo – Rio de Janeiro – Minas Gerais.
Esta concentração de poder provocou a criação dos pactos oligárquicos, como é o caso da política do café com leite, onde candidatos oriundos de Minas Gerais e São Paulo revezavam-se no cargo de presidente da República.
Além disso, havia a política dos governadores, um acordo entre o governo federal e os governos estaduais. Utilizando a influência dos coronéis, garantia-se a eleição daqueles que apoiavam a presidência. Em troca, o Governo Federal garantia apoio sem restrição à política executada pelos governadores.
A manipulação das eleições é um dos aspectos do coronelismo, que vigorava, sobretudo, no interior do país. Como o voto não era secreto, os coronéis, grandes latifundiários que dominavam a política municipal, garantiam a eleição de seus pares, pois tinham sob seu controle grande parte da população, que deles dependia para sua sobrevivência, no que ficou conhecido como voto de cabresto. 
 De modo geral, podemos dizer que os interesses privados se sobrepuseram aos interesses coletivos. Podemos observar esta relação analisando o Convênio de Taubaté, firmado em 1906. Através deste acordo, o estado se comprometia a comprar o excedente de café produzido, garantindo os preços competitivos do produto no exterior. Este convênio em nada auxiliava a população, mas garantia aos cafeicultores a venda de suas safras, sejam quais forem as condições.
Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914, a exportação do café foi prejudicada, já que os países para o qual o Brasil exportava estavam de algum modo envolvidos neste conflito, que desorganizou o mercado externo.
Após o fim da guerra, em especial a partir de 1919, o Estado brasileiro passa a enfrentar uma intensa crise política, como afirma o historiador Boris Fausto:
A crise política que surge na Primeira República, após a Primeira Guerra Mundial, se revela em dois aspectos: no descontentamento de um grupo funcional, o Exército; na crescente insatisfação da população urbana, de algum modo associada à classe média, que o sistema não absorve. As tensões regionais da classe dominante não apresentam uma linha contínua. Aparecem com nitidez em 1922, diminuem em intensidade a partir de 1926, para voltar à tona em 1929.”
A crise dos anos 1920
A insatisfação dos militares tomou forma no movimento tenentista, que teve sua primeira revolução em 1922, no Rio de Janeiro, na chamada Revolta dos 18 do Forte de Copacabana.
Os tenentes reivindicavam mudanças como a reforma na estrutura política, o fim do voto de cabresto e a instituição do voto secreto.
Além da Revolta do Forte, podemos destacar como importantes manifestações tenentistas a Revolta Paulista, a Revolta de 1924 e a Coluna Prestes.
Estes movimentos foram reprimidos com vigor e embora não tenham sido vitoriosos, construíram parte do caminho que levaria à Revolução de 1930, pondo fim na República Velha.
Apesar da crise externa, o café prosseguia sendo o principal produto exportador. Em 1922 foi fundada, em Santos, a Bolsa do Café, com o objetivo de negociar o produto. Parte do patrimônio histórico desta cidade está ligada à economia cafeeira, como é o caso do prédio da bolsa, tombado em 2009 pelo Patrimônio Histórico.
Aos militares somava-se a insatisfação da população urbana, em especial da classe trabalhadora. 
Cabe lembrar que a classe operária, cada vez mais numerosa, não possuía nenhum direito trabalhista garantido pelo Estado, como férias e regulamentação da jornada de trabalho. 
O movimento operário ganhou expressão e era influenciado por correntes de pensamento como o socialismo e o anarquismo.
Por seu lado, as elites regionais demandavam maior participação política na esfera federal e questionavam o claro favorecimento econômico concedido a São Paulo. 
O presidente Arthur Bernardes, do Partido Republicano Mineiro, governou de 1922 a 1926 e foi obrigado a recorrer ao estado de sítio para garantir a ordem.
Podemos definir estado de sítio como um instrumento legal, utilizado em casos de crise grave, para manter a chamada ordem constitucional. 
Ao utilizar este mecanismo, o poder executivo submete o executivo e o judiciário e as garantias individuais são temporariamente cassadas.
Após Arthur Bernardes, e mantendo a política do café com leite, assume o poder o paulista Washington Luis, que procurou manter a estabilidade. 
 Mas em 1929, eclode uma crise econômica de proporções mundiais, a chamada Crise de 29.
Os países afetados suspenderam grande parte de suas importações, afetando diretamente a economia cafeeira que dependia deste mercado.
Nas eleições de 1930, esperava-se que Washington Luis honrasse o acordo que o colocara no poder e por sua vez indicasse um mineiro para ocupar a presidência. No lugar disso, temendo que um presidente mineiro acabasse com o favorecimento econômico de São Paulo, o presidente rompe este pacto oligárquico e indica outro paulista, Júlio Prestes, para concorrer às eleições. 
Esta atitude provoca o rompimento dos partidos que constituía a base da república: o PRM e o PRP – respectivamente, Partido Republicano Mineiro e Partido Republicano Paulista.
O Partido Mineiro aliou-se às elites gaúchas e lançou como candidato um político do Rio Grande do Sul, Getúlio Vargas, que teria um paraibano, João Pessoa, como vice-presidente, em uma aliança política denominada Aliança Liberal. 
 O projeto político da Aliança Liberal tinha como alguns de seus principais pontos a instituição do voto secreto e a criação de leis trabalhistas.
O assassinato de João Pessoa
Apesar dos esforços da Aliança Liberal, as eleições de 1º de março de 1930 deram a vitória a Júlio Prestes. Não podemos esquecer que São Paulo era, de fato, o maior colégio eleitoral do país e assim a vitória de Prestes não foi algo inesperado.
Entretanto, apesar de ter vencido nas urnas, Prestes não contava com o apoio de políticos importantes, como Oswaldo Aranha e Lindolfo Collor.
A revolução era iminente quando um evento trágico acabou por precipitar os acontecimentos: o assassinato de João Pessoa.
João Pessoa era um importante político paraibano que ocupava a cadeira da presidência deste estado – o que hoje corresponde ao cargo de governador. 
Em 1929, negou o apoio a Júlio Prestes, contrariando os interesses do Presidente da República Washington Luis.
Após sua morte e com a Revolução de 1930, a capital do estado passa a ter seu nome – chamava-se antes Cidade da Parayba – e a bandeira foi alterada para conter características que fizessem menção a Pessoa, conforme podemos ver ao lado.
Não há um consenso de que sua morte tenha sido motivada por questões politicas, stricto sensu. Embora tenha sido assassinado enquanto estava em uma confeitaria, em Pernambuco, por João Dantas, atribui-se ao crime também razões pessoais e não somente políticas.
De toda forma, seu assassinato foi o impulso que faltava para que Washington Luis fosse deposto e em seu lugar tomasse posse um governo provisório, chefiado por Getúlio Vargas.
Chegava ao fim a República Velha e começava a Era Vargas, que duraria até 1945.
A Era Vargas
Após assumir o poder, o novo governo dissolveu o Congresso Nacional e as casas legislativas municipais e estaduais. Foram nomeados interventores para diversos estados, como Juarez Távora e Pedro Ernesto.  
 São Paulo reagiu à perda de seu lugar na política nacional e, em 1932, acontecea Revolução Constitucionalista, iniciada em 9 de julho, que só teve seu final em 3 de outubro do mesmo ano. 
A pressão por uma nova constituição evidenciada por este movimento paulista deu impulso a uma assembleia constituinte que elaboraria a Constituição de 1934.
Pela primeira vez um documento deste porte considerou as necessidades reais dos trabalhadores. Vargas havia criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, cuja gestão ficou a cargo de Lindolfo Collor. 
Progressivamente, os sindicatos e a jornada de trabalho foram regulamentados e, no artigo 121, deste documento:
• proibiam-se a prática de diferenças salariais, o que era recorrente até então; 
• o estabelecimento de um salário mínimo; 
• férias remuneradas; 
• a proibição do trabalho de menores de 14 anos entre outras medidas.
A lei promoverá o amparo da produção e estabelecerá as condições do trabalho, na cidade e nos campos, tendo em vista a proteção social do trabalhador e os interesses econômicos do País.
Vargas assume, portanto, o papel de mediador entre os diversos grupos sociais, como o operariado, a quem favorece com as leis trabalhistas e as elites econômicas.
Muito tem se discutido acerca do papel normalizador das medidas vistas anteriormente, que acabaram por enfraquecer o movimento operário, bem como fazendo com que os sindicatos, após sua regulamentação, acabassem sendo incorporados pelo estado e perdessem parte de seu papel como representantes da classe trabalhadora.
Este sistema foi chamado de “estado de compromisso”, como aponta Boris Fausto:
“Vitoriosa a revolução, abre-se uma espécie de vazio de poder por força do colapso político da burguesia do café e da incapacidade das demais frações de classe para assumi-lo, em caráter exclusivo. O estado de compromisso é a resposta para esta situação. Embora os limites da ação do Estado sejam ampliados para além da consciência e das intenções de seus agentes, sob o impacto da crise econômica, o novo governo representa mais uma transação no interior das classes dominantes, tão bem expressa na intocabilidade sagrada das relações sociais no campo”. 
FAUSTO, Boris: A Revolução de 1930: historiografia e história. São Paulo: Brasiliense, 1972;
O que podemos perceber é que apesar de seu caráter reformista, questões fundamentais como a manutenção do latifúndio permaneceram, o que nos faz referir a este período como uma modernização conservadora.
Em 1930, foi criado o Ministério da Educação e Saúde, que teve como seu mais notável ministro o mineiro Gustavo Capanema. 
O novo ministro da educação trouxe para o Estado varguista a participação de intelectuais de peso, como Mario de Andrade e Carlos Drummond de Andrade.
Sua simpatia pelos modernistas norteou a construção da sede deste ministério, atualmente denominado Palácio Gustavo Capanema no Rio de Janeiro.
O prédio, cuja construção começou em 1936, foi projetado por uma equipe de arquitetos modernistas composta por Lúcio Costa, Carlos Leão e Oscar Niemeyer e foi decorado com obras de Cândido Portinari, Alberto Guignard e outros artistas de grande expressão na época.
O palácio refletia os ares de modernismo que a Era Vargas acreditava trazer para o Brasil e foi tombado como Patrimônio Histórico, pelo IPHAN.
O período Vargas caracteriza-se não só pelas mudanças operadas nos campos econômico e político, mas também pela construção de um novo modelo de identidade. 
Para isso, amparou-se no resgate da memória e, por conseguinte, do patrimônio público que considerava significativo para resgatar a história nacional.
O início da proteção do patrimônio público
De acordo com a proposta de resgate do patrimônio público, surgiu a Inspetoria de Monumentos Nacionais (IPM)
Seu objetivo era impedir que artefatos e monumentos fossem retirados do país ilegalmente e garantisse a preservação de prédios históricos, ameaçados pelo crescimento urbano.
A primeira cidade a ser beneficiada pela Inspetoria foi Ouro Preto, cujos prédios e monumentos foram o alvo da atenção do poder público.
Após o IPM, foi criado o SPHAN, elaborado a partir do projeto de Mario de Andrade, redigido em 1936.
Não se trata de empreendimento inspirado em motivos sentimentais ou românticos (...). O que o projeto governamental tem em vista é poupar à Nação o prejuízo irreparável do perecimento e da evasão do que há de mais precioso no seu patrimônio. Grande parte das obras de arte mais valiosas e dos bens de maior interesse histórico, de que a coletividade brasileira era depositária, tem desaparecido ou se arruinado irremediavelmente, em consequência da inércia dos poderes públicos e da ignorância, da negligência e da cobiça dos particulares. (...) E, assim, se faltarem, acaso, por mais tempo, as medidas enérgicas requeridas para a preservação desses valores, não serão apenas as gerações futuras de brasileiros que nos chamarão contas pelo dano que lhes teremos causado, mas é desde logo a opinião do mundo civilizado que condenará nossa desídia criminosa.” 
ANDRADE, Rodrigo Melo Franco de. Rodrigo e o SPHAN. Rio de Janeiro: Ministério da Cultura, Fundação Nacional Pró-Memória, 1987. p. 48 Citado por MIGUEL, Nadya Maria Deps e CORREIA, Maria Rosa dos Santos. Os Intelectuais no IPHAN e no IBGE na Era Vargas. Disponível em: http://www.cult.ufba.br/enecult2009/19141.pdf
Neste sentido, percebemos o início de uma política sistemática de tombamento e preservação, que será constituída após a transformação do SPHAN no Iphan, como vimos em aulas anteriores.
O Estado Novo
As grandes reformas não impediram que, em 1937, ocorresse um novo golpe, dando início ao Estado Novo, um período ditatorial que se estenderia ate o fim da Era Vargas em 1945.
Sob a justificativa de impedir a tomada de poder pelos comunistas, o Estado passa a ser centralizado nas mãos do executivo.
É redigida uma nova constituição autoritária, que ganhou o apelido de Polaca por sua semelhança com o documento polonês.
Começa um período de repressão e censura, com a criação de órgãos como o DIP e a Polícia Secreta, chefiada por Filinto Muller e responsável pela deportação de Olga Benário.
Olga, judia, companheira do líder comunista Luis Carlos Prestes, foi deportada para a Alemanha nazista quando estava grávida. Sua filha com Prestes, Anita Leocádia, nasceu em um campo de concentração onde Olga morreria em 1942.
Houve um considerável fortalecimento do mercado interno além da criação de empresas nacionais em áreas estratégicas, como é o caso da Siderúrgica Nacional, fundada em 1941, na cidade de Volta Redonda, Rio de Janeiro.
Mesmo buscando a diversificação, as políticas para o café não foram deixadas de lado. 
O Estado não foi capaz de abandonar completamente os incentivos neste setor e manteve a compra do café o que culminou com a prática da queima das sacas para manter o preço do produto no mercado.
A eclosão da Segunda Guerra Mundial, em 1939, deu um novo salto econômico para o Brasil, que através de seus aliados aumentou seus índices de importação e exportação. Mas o final da Segunda Guerra criou um paradoxo.
O Brasil lutara junto aos seus aliados contra os estados nazista e fascista. Ao final da guerra, houve uma forte pressão internacional para que Vargas abandonasse a política autoritária, pondo fim à ditadura do Estado Novo.
No plano interno, também existiam pressões das elites e da população para a abertura política, o que acabou por fazer com que Vargas fosse obrigado a abandonar o poder em outubro de 1945.
Ainda que a Era Vargas tenha terminado, o mesmo não se pode dizer da carreira política de Getúlio, que voltaria à presidência através das eleições em 1951.
Tanto o período como a própria figura de Getúlio Vargas permanece alvo de diversas controvérsias até os dias de hoje.
Entretanto, as mudanças operadas em sua gestão foram fundamentais para o desenvolvimento do país e para o processo de industrialização, tardio e necessário.
Aula 10-
Nesta aula, identificaremos as alterações na concepção de patrimônio histórico, acompanhando a trajetória deste conceito não só no Brasil,como também no contexto mundial. Bons estudos!
O populismo
O período que se iniciou na década de 30 do século XX daria origem a um fenômeno singular, compartilhado por outros países latinos e que no Brasil teria Getúlio Vargas como seu principal expoente: o populismo. 
De modo geral, podemos definir o populismo como uma série de práticas políticas que aproximam o estado da população sem, contudo, alterar profundamente a estrutura de classes dominante. 
Nacional-desenvolvimentismo
As políticas iniciadas por Vargas teriam continuidade mesmo após sua saída do governo, em 1945, com a inauguração de um novo momento na história da República: o nacional-desenvolvimentismo, que se estende de 1945 até 1964, quando ocorre o golpe que inaugura a ditadura militar brasileira. 
Segundo Vera Cepêda, podemos definir desenvolvimentismo da seguinte forma:
 De maneira geral, pode-se definir desenvolvimentismo como um projeto de transformação social profunda, operada politicamente de maneira racional e orientada pelo Estado, vinculando economia e avanço social.
 Se essa definição estiver correta, o desenvolvimentismo nasce de uma constatação de deficiência estrutural e crônica como base lógica de intervenção, com o objetivo de transformação.
 Portanto, é mais que desenvolvimento: é mudança social sistêmica, orientada e sustentada politicamente.
O desenvolvimentismo, percebido como projeto, é produto de um momento datado e de uma conjuntura específica, mas mesmo nessa modalidade foi capaz de produzir um arranjo teórico e político capaz de ser atualizado e realinhado em outras situações históricas” (Cepêda).
Nacional-desenvolvimentismo
Com a saída de Vargas, assume o poder, temporariamente, José Linhares, que ocupava a cadeira de presidente do Supremo Tribunal Federal. 
A primeira medida necessária era a convocação de novas eleições, que dariam a vitória a Eurico Gaspar Dutra, que governou entre 1946 e 1951.
Os anos pós-1945 com o contexto mundial
Não podemos deixar de relacionar os anos pós-1945 com o contexto mundial. Após a II Guerra, o mundo se viu mergulhado na Guerra Fria e em uma nova ordem, denominada de bipolaridade, que opunha dois blocos de influência. São eles: 
Capitalista, liderado pelos EUA   X   Socialista, liderado pela URSS
O Brasil e os EUA
O Brasil alinhou-se aos Estados Unidos, já que tinha profundos interesses econômicos no mercado externo, o que criava certa dependência da economia brasileira, permitindo a interferência norte-americana em diversos assuntos nacionais.
Durante o governo Dutra, foi redigida uma nova Constituição, que incorporou os direitos trabalhistas concedidos por Vargas e inspirou-se no modelo norte-americano, ao estabelecer, por exemplo, um mecanismo de controle e fiscalização conhecido como CPI.
Ao alinhar-se diplomaticamente aos EUA, o Brasil rompeu relações diplomáticas com a URSS. Com isso, o Partido Comunista, liderado por Luis Carlos Prestes, foi posto na ilegalidade.
Adaptação à realidade mundial
O período Dutra foi uma adaptação política do país à realidade mundial. Em 1951, novas eleições deram a vitória a Vargas, que não terminaria seu mandato. Cabe lembrar que este segundo governo não faz parte da Era Vargas, mas é analisado sob outra conjuntura, profundamente ligado à ordem internacional do pós-guerra.
Por essa razão, este segundo governo nasce de um impasse:
Por um lado, Vargas mantém a política econômica nacionalista que havia caracterizado sua antiga gestão.
Impasse
Por outro, o imperialismo norte-americano tinha grandes interesses no Brasil como fornecedor de matérias-primas.
Esse interesse, contudo, acaba por ser freado pelo nacionalismo varguista, sendo esta uma das causas de deterioração deste governo.
Como exemplo dessa nova adaptação à realidade mundial, podemos citar a criação da Petrobras, em 1953, que estabelecia o monopólio sobre o petróleo.
As dívidas interna e externa, aliadas à oposição, desgastavam progressivamente o mandato presidencial. 
O principal oponente de Vargas era o jornalista Carlos Lacerda, que fazia campanha constante contra Getúlio, colocando-o como um ditador que não estava a serviço do povo.
A situação se tornou insustentável com o atentado sofrido pelo jornalista, que ficou conhecido como atentado da Tonelero, por ter ocorrido na rua de mesmo nome, em Copacabana, Rio de Janeiro.
 Lacerda sobreviveu, mas um oficial da Aeronáutica, o major Rubens Vaz, foi vítima do atentado, que foi realizado por indivíduos ligados ao Presidente.
Lacerda acusou Getúlio de ser o mandante do atentado, o que causou grande comoção na opinião pública. 
Sem apoio interno e externo, Vargas via seu projeto nacionalista naufragar e, em agosto de 1954, suicidou-se no Palácio do Catete.
Suicídio de Vargas
A Carta-Testamento de Getúlio Vargas é um documento endereçado ao povo brasileiro escrito por Getúlio Vargas horas antes de seu suicídio, em 24 de Agosto de 1954.
Período de incertezas
Diante do suicídio do Presidente, seguiu-se um período de incertezas políticas, que só teriam fim com as eleições seguintes, que elegeriam Juscelino Kubitschek para o cargo de Presidente da República, que ocuparia entre 1956 e 1961. 
Como podemos inferir, o desenvolvimentismo supera o aspecto econômico, à medida que atrela a industrialização ao avanço no campo social. Juscelino apostou no plano de metas.
Um conjunto de medidas com o objetivo de acelerar a industrialização brasileira.
Os anos JK, também denominados “anos dourados”, é o exemplo, por excelência, do nacional-desenvolvimentismo.
Governo JK
O governo JK é alvo de diversas controvérsias, mesmo antes de sua vitória nas eleições. 
O político ocupava então o cargo de Governador de Minas Gerais, e sua eleição foi fruto de uma coligação partidária fundamentada, sobretudo, na aliança PSD  – PTB .
Cabe lembrar que as eleições eram feitas em separado, e embora João Goulart fosse candidato à Vice-presidência, teria que ser igualmente votado. Assim, havia a eleição tanto para o cargo de Presidente quanto para o de Vice-presidente.
O trabalhismo de Juscelino era entendido como uma continuidade da política getulista, o que levantou uma forte onda oposicionista, liderada sobretudo pela UDN, que lançara a candidatura de Juarez Távora à Presidência.
Se no campo político a candidatura de Juscelino dividida opiniões, a vitória teria que se dar, de fato, nas urnas, com o apoio popular. 
A campanha presidencial foi ousada, investindo na ideia de progresso e desenvolvimento, que seria traduzido no slogan 50 anos em 5. 
Na sua campanha, Juscelino construiu uma imagem associada ao trabalhador, evidenciada por seu jingle eleitoral.
50 anos em 5
Os “50 anos em 5” seriam alcançados através de um avançado conjunto de objetivos: o plano de metas e o “meta síntese” – a construção de Brasília.
Para que o plano de metas fosse executado – e consciente da forte oposição que sofria –, em 1956 foi criado o Conselho de Desenvolvimento, encarregado de coordenar a execução das metas propostas.
 Cabe lembrar que o plano era ambicioso e previa investimentos em cinco setores considerados básicos ao desenvolvimento.
Os investimentos seriam mistos – tanto públicos quanto privados –, mas os três primeiros setores acabaram recebendo a maior fatia do investimento, contando com mais de 90% do total. Alimentação e educação acabaram, portanto, ficando em segundo plano.
A preocupação industrial já havia sido foco da gestão de Juscelino, enquanto Governador de Minas Gerais, concentrada, sobretudo, nas áreas de transporte e energia.
 A necessidade de um salto industrial não era novidade. Deste a década de 40, comissões de análise acerca do desenvolvimento econômico já haviam produzido diversos estudos que apontavam neste sentido.
O projeto de construção de Brasília
Brasília não integrava, particularmente, nenhum dos cinco setores fundamentais, mas representava-os em seu conjunto, já que construir uma capital a partir do zero implicava em, necessariamente, desenvolver seus setores básicos.
Como o projeto era antigo,acabou ganhando ares de lenda. Não se acreditava, de fato, que ele fosse sair do papel em algum momento, e a determinação de Juscelino em construir Brasília foi encarada tanto como ousadia como quanto loucura.
Surgiu um problema de ordem prática: a transferência dos servidores públicos e de suas famílias do Rio de Janeiro para Brasília, o que afetou sobremaneira a vida destes funcionários: era a capital interferindo na ordem familiar.
O funcionalismo público, que teve suas vidas alteradas radicalmente, não fez esta transferência com satisfação. 
A capital, inaugurada em 1960, é, deste então, objeto de estudo em diversas áreas, como história, sociologia, antropologia, arquitetura, urbanismo e políticas públicas.
 Sua organização provocou um intenso estranhamento e logo surgiram os apelidos: cidade burocrata, sem esquinas e sem gente.
Em 1956, foi criada a Novacap, tendo à frente Israel Pinheiro, político e engenheiro mineiro cujo objetivo seria tirar a capital do papel.
O escritor Otto Lara Resende, igualmente mineiro, afirma que “Brasília foi produto de uma conjugação de quatro loucuras: a de Juscelino, a de Israel Pinheiro, a de Oscar Niemeyer e a de Lucio Costa” (Oliveira).
Lucio Costa e Oscar Niemeyer haviam participado do concurso, feito em 1957, para escolher o projeto que daria origem a Brasília. Dos 26 inscritos, sobraram dez finalistas e por fim, foi escolhido aquele que havia sido formulado por Lucio Costa, o que provocou intensas discussões entre os arquitetos e engenheiros da época.
 
O projeto de Costa era modernista, o que entrava em conflito com as escolas clássicas de urbanismo e arquitetura.
 Juscelino tinha claras afinidades com os modernistas, o que provavelmente influenciou os resultados, em detrimento de elementos de ordem prática, como o custo e a viabilidade do projeto.
A construção e tempo recorde – três anos – demonstra o comprometimento do governo com o novo empreendimento.
Patrimônio Cultural da Humanidade
Reconhecendo sua importância como patrimônio arquitetônico, em 1987 a cidade de Brasília foi tombada pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade.
Embora o tombamento não implique em nenhuma ajuda financeira internacional para a manutenção deste patrimônio- tarefa que cabe ao Estado Brasileiro –, seu tombamento busca preservar o conjunto original da obra.
Desde seus primeiros momentos, o tombamento de Brasília foi controverso. Seus defensores argumentavam que era a primeira capital erguida no século XX e o conjunto arquitetônico modernista era, em si, único.
 Em contrapartida, os que se posicionavam contra diziam que era prematuro avaliar a importância do Modernismo enquanto estilo artístico e arquitetônico. Este argumento foi vencido pela justificativa de que se tombava o projeto, e não somente sua realização.
Em 2009, nova polêmica, desta vez envolvendo um dos fundadores da cidade, Oscar Niemeyer. 
O mais famoso arquiteto brasileiro demonstrava seu desapontamento ao constatar a pobreza das cidades-satélites e concluir que Brasília falhara em seu objetivo de promover uma integração social entre as mais diversas classes, já que os pobres foram confinados aos espaços periféricos da capital.
Cidade-satélite é uma designação usada para se referir a centros urbanos surgidos nos arredores de uma grande cidade, tipicamente para trazer algum benefício a cidade núcleo da região.
Um resumo da definição "cidade-satélite" pode ser o seguinte: as cidades-satélites são centros urbanos construídos para trazer algum benefício socioeconômico para a região onde se encontram. Por exemplo, que foi construído para abrigar trabalhadores de indústrias importantes para o desenvolvimento do lugar pode ser chamado de cidade-satélite.
Niemeyer projetou uma praça, cujo projeto foi vetado por implicar em uma alteração do plano-piloto que, por sua vez, estava tombado e, portanto, não podia ser alterado. Em vista da rejeição da obra, Niemeyer declarou então:
 Uma cidade não pode ser tombada, porque sempre aparecem modificações. Se Paris fosse tombada, não existiria a Champs-Élysées, nem o Arco do Triunfo. Se Barcelona fosse tombada, a cidade não teria se voltado naturalmente para o mar.
 Uma cidade tombada é uma ignorância. As modificações são inevitáveis, e Brasília ainda vai passar por muitas delas.
(Extraído de: http://www.senado.gov.br/noticias/especiais/brasilia50anos/not05.asp. Acesso em 18 set. 2013.)
A polêmica persiste
Com seu plano piloto traçado por Lúcio Costa, mentor da arquitetura moderna do país, e seus principais edifícios públicos projetados por Oscar Niemeyer, o maior expoente da arquitetura brasileira do Século XX, Brasília representou um evento estético, cultural e político único na história do Brasil e um capítulo marcante na história contemporânea ocidental.
Esses foram alguns dos motivos que levaram a UNESCO a conceder a Brasília, em 1987, o Título de Patrimônio Cultural da Humanidade.
Tanto o tombamento como os protestos nos fazem refletir sobre esse processo e de sua importância, bem como coloca em xeque a própria definição de patrimônio e as escolhas feitas sobre o que pode e deve ser preservado.
Podemos concluir que a análise do resultado dos planos de metas é controversa. Se, por um lado, de fato houve um crescimento econômico significativo, por outro também ocorreu um enorme endividamento, pois o Estado teve que recorrer a empréstimos estrangeiros para realizá-los.
O senso comum culpou a construção de Brasília e o governo JK pela dívida externa brasileira, o que não é verdade. A dívida já existia, mas sofreu, de fato, um aumento considerável no período.  Seja como for, meio século depois, Brasília continua polêmica, título que está muito longe de ser extinto.

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