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Paulo Freire

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PAULO FREIRE
Como professor de Filosofia e História da Educação, começa a trabalhar em 1961 na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de Recife, depois de ter defendido a tese de Doutorado "Educação e atualidade brasileira”. Em1962 passa a ser Livre Docente de História e Filosofia da Educação da Escola de Belas Artes de Recife. Dessa forma começa a emergir o filósofo da educação. Segundo Scocuglia (1999), pensadores como Sartre, Lukács e Amílcar Cabral foram determinantes na evolução do seu pensamento.  Integrou o Conselho Consultivo de Educação do Recife e, anos depois, em 1963, foi membro do Conselho Estadual de Educação de Pernambuco até o golpe militar de 1964.  Partiu ao exílio com 43 anos, primeiro para Bolívia e depois para o Chile onde trabalhou desde novembro de 1964 até abril de 1969, como assessor do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e como assessor do Ministério de Educação do Chile, bem como consultor da UNESCO no Instituto de Capacitação e Investigação na Reforma Agrária desse país. Regressa ao Brasil em 1979, sob a Lei de Anistia, se engajando no trabalho de professor universitário da Universidade de Campinas até 1990. Nessa década, Paulo Freire ficara viúvo (1986), se casando pela segunda vez com Ana M. Araujo.Em 1989, o educador se converte em homem público ao aceitar o cargo de Secretário de Educação do Município de São Paulo até 1991 quando volta, dentre outras atividades, à docência - desta vez na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Com 75 anos de idade, Paulo Freire morre em São Paulo, em 02 de maio de 1997, deixando um legado marcado pela humildade característica dos intelectuais éticos.
Dos escritos de Paulo Freire, o livro "Pedagogia do Oprimido" vem sendo identificado como a obra mais importante do educador pernambucano. Desenvolvida em 1968 durante seu exílio no Chile, passou a influenciar não somente educadores, pensadores, intelectuais e revolucionários latino-americanos como também, africanos, europeus e estadunidenses.O movimento dialético que caracteriza o pensamento de Paulo Freire possibilitou que o educador estivesse constantemente se reinventando, juntando tramas passadas a novos fatos, a novos saberes, constituindo novas tramas como ele próprio afirmou nas Primeiras Palavras de "Pedagogia da Esperança, um Reencontro com a Pedagogia do Oprimido" quando, 24 anos depois, analisando sua vida, refez historicamente a trajetória do seu texto "Pedagogia do Oprimido". 
 A tendência para o político pedagógico começa a se delinear em "Pedagogia do Oprimido" onde se evidenciam as aproximações do educador com as concepções de Marx e de Gramsci, marcando a guinada desde as "instâncias superestruturais" - que dizem respeito às crenças; às ideias; à moral; à política; à religião; ao direito; à arte, para as "infraestruturais" - que dizem respeito às classes sociais e aos conflitos entre elas. Freire percebe que superar a polarização opressor-oprimido significa a conquista de criticidade por parte destes, embora "consciência crítica" não apareça ainda explicitamente na Pedagogia do Oprimido como "consciência de classe". Os escritos, "Educação e Atualidade Brasileira" (1959), "Conscientização" (1980) e "Educação como Prática da Liberdade" (1984) são considerados por Scocuglia (2001) os mais representativos das mudanças conceituais e da rede de relações que envolvem o binômio educação-política.A caverna, diz Platão, é o mundo sensível onde vivemos. A réstia de luz que projeta as sombras na parede é um reflexo da luz verdadeira (as ideias) sobre o mundo sensível. Somos os prisioneiros. As sombras são as coisas sensíveis que tomamos pelas verdadeiras. Os grilhões são nossos preconceitos, nossa confiança em nossos sentidos e opiniões. O instrumento que quebra os grilhões e faz a escalada do muro é a dialética. O prisioneiro curioso que escapa é o filósofo. A luz que ele vê é a luz plena do Ser, isto é, o Bem, que ilumina o mundo inteligível como o Sol ilumina o mundo sensível. O retorno à caverna é o diálogo filosófico. Essas obras permeiam o construto do educador em relação ao conceito "conscientização", em que, num primeiro momento, a criticidade não expressava ainda a questão dos conflitos entre as classes sociais e, portanto, não significava a busca da "consciência de classe" para os subalternos.  Da "conscientização" e do "entendimento geral para o desenvolvimento de todos”. Freire passa a defender o desenvolvimento da "consciência da situação histórica das classes trabalhadoras". 
A construção do discurso político-pedagógico de Freire evidencia o dinamismo de processamento do seu pensamento incorporando novas categorias analíticas, agora no nível das relações de produção, que irão se traduzir em 1977, em "Cartas à Guiné-Bissau" no conceito "trabalho" e no postulado de uma educação política que prepare não tão só "para a autonomia e para a capacidade de dirigir" como também para fazer emergir a pedagogia das classes populares.
A autonomia, conceito trabalhado em 1996 na "Pedagogia da Autonomia”, vai se constituindo na experiência de várias e inúmeras decisões que vão sendo tomadas. É um processo centrado nas experiências da decisão e da responsabilidade, ou seja, centrada na experiência respeitosa da liberdade.Postulado político pedagógico do pensamento freireano que contribui com uma educação para cidadania plena que possibilite a construção de outra sociedade menos desigual e menos injusta para a grande maioria da população.
É imprescindível ao educador não se fechar aos outros nem se enclausurar no ciclo da própria verdade para se resguardar das artimanhas da ideologia.Preservar a capacidade de pensar certo, ver com seriedade, ouvir com respeito, implica em se arriscar à exposição. Para se libertar das correntes da ideologia, é necessário se expor às diferenças, recusando posições dogmáticas. Implica em fazer opções ou pela domesticação ou pela libertação.Paulo Freire demonstrou através de sua práxis que a educação não é neutra. Criou um sistema de conhecimento que sustenta o educador para estar em permanente disponibilidade de lidar sem medo nem preconceito com as diferenças, aberto a multiplicar a libertação: aberto a fazer de seu trabalho educativo uma prática de libertação, um ATO POLÍTICO.

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