Buscar

Introdução ao Direito Internacional Público

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO INTERNACIONAL
Prof. Carolina Merida
e-mail: carolmerida@bol.com.br
DIREITO INTERNACIONAL
INTRODUÇÃO E DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO
Desde o momento em que o homem passou a viver em sociedade, com todos os problemas, relações complexas e implicações que esta lhe impõe, tornou-se necessária a criação de normas de conduta para reger a vida em grupo.
Em decorrência da evolução e do progresso do Direito enquanto ciência, este passa a não mais se prestar a reger situações limitadas aos territórios dos Estados. À medida que os Estados se multiplicam e que cresce o intercâmbio entre eles (navegação – aviação – internet – globalização), nos mais diversos campos da vida – econômico, social, político, comercial, cultural, etc., urge a necessidade de o direito regular situações extraterritoriais.
Devido à evolução quantitativa e qualitativa das relações internacionais, o conteúdo das normas internacionais se ampliou a ponto de não mais ser possível limitá-lo a temas como comércio, segurança internacional, direito marítimo.
Hoje não é possível distinguir as normas internacionais das normas domésticas pelo conteúdo ou pelos destinatários. Há que se verificar a fonte formal da norma e o respectivo processo de formação.� 
PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA DO DIP
- A pluralidade de Estados (cada um com seu próprio ordenamento jurídico)
- A existência de comércio internacional (as relações comerciais extraterritoriais dos Estados exigem normas internacionais, posto que não seria adequado aplicar indistintamente o direito doméstico de um dos Estados Soberanos envolvidos na relação em detrimento do direito do(s) outro(s).
- A existência de princípios jurídicos coincidentes (em que pese as distinções encontradas nos diversos ordenamentos jurídicos internos, alguns princípios se repetem na grande maioria deles. Ex: boa-fé; não discriminação; cooperação entre os povos; etc)
CONCEITO E DISTINÇÃO ENTRE DIREITO DIP E DIPR
 DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO (DIP)
Esse sistema de normas jurídicas que visa disciplinar e regulamentar as atividades exteriores da sociedade dos Estados (e também, mais modernamente, das Organizações Internacionais intergovernamentais e dos próprios indivíduos) – é o que se denomina DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO. Portanto, o DIP disciplina e rege prioritariamente a sociedade internacional, formada por Estados e Organizações Internacionais intergovernamentais, com reflexos voltados também para a atuação dos indivíduos no plano internacional.
Conceito moderno: “conjunto de normas e princípios que disciplinam tanto as relações jurídicas interestatais, bem como destes e outras entidades internacionais, como também em ralação aos indivíduos, ainda que o campo de atuação destes seja mais limitado.
COMUNIDADE INTERNACIONAL (em contraposição à sociedade internacional): a formação de uma comunidade pressupõe um laço espontâneo e subjetivo de identidade (familiar, social, cultural, religioso, etc.) entre os seus membros, onde não exista dominação de uns em detrimento dos outros (identidade).
SOCIEDADE INTERNACIONAL: reveste-se de características diametralmente opostas à de comunidade. Sua formação se baseia na idéia de vontade de seus membros (ainda que não espontânea), visando determinados objetivos e finalidades comuns (interesse).
O entendimento atual é de que não existe uma comunidade internacional, apesar de a expressão ser utilizada em inúmeros acordos e documentos internacionais – ex.: Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados.
NOMENCLATURA:
- “Direito das gentes”, expressão com origem no direito romano – jus gentium – e no direito francês.
- O adjetivo “internacional” surgiu, em 1780, com o jurista Jeremias Bentham, para diferenciar o direito que cuida das relações entre Estados (international law) do direito nacional (national Law). 
- Direito internacional = Direito internacional público
- Direito internacional privado deve estar sempre qualificado pelo termo “privado”.
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO (DIPR)
Representa ramo da ciência jurídica que tem por objeto de estudo o conflito de leis no espaço em relação ao direito privado. Cuida de responder à seguinte pergunta: o que deve prevalecer, em caso de conflito de normas em relações jurídicas estabelecidas entre entes de Estados soberanos distintos, a norma internacional ou a norma de direito interno?
ORIGEM DO DIP
IDADE MÉDIA: O DIP tem origem constatada em diversos fatos sociais, políticos e econômicos da Idade Média. Suas primeiras manifestações surgem quando dos intercâmbios que passam a existir entre os vários feudos da Idade Média e das alianças que celebravam entre si (grande poder de relacionamento e enorme prestígio detidos pelos senhores feudais), muitas das quais relacionadas a questões de segurança externa. Todos os tratados, nesse período, passaram a ser celebrados sob a égide da Igreja e do Papado.
CIDADES-ESTADO ITALIANAS: Nesse mesmo momento histórico formam-se as Cidades-Estado italianas, já na transição para a Idade Moderna, que passaram a manter freqüentes intercâmbios políticos e econômicos entre si, dando início ao esboço dos contornos normativos de um direito menos doméstico e mais internacional.
SÉCULO XVII – TRATADOS DE WESTFÁLIA (1648): colocaram fim à Guerra dos 30 Anos, conflito religioso envolvendo soberanos católicos e protestantes, que encheu a Europa de sangue de 1618 a 1648. Muitos autores consideram que antes da Paz de Westfália não existia um direito internacional propriamente dito. Divisor de águas na história do DIP, que passaria a ser considerado um ramo autônomo do direito moderno.
POR QUE? Reconheceu-se, pela primeira vez, no plano internacional, o princípio da igualdade jurídico-formal dos Estados. Criou um sistema pluralista e secular de uma sociedade de Estados independentes, em substituição à ordem hierarquizada da Idade Média.
O DIP, dentre todos os ramos jurídicos modernos, é o que mais tem se desenvolvido, especialmente depois da mudança de cenário internacional pós-segunda guerra, quando começam a aparecer, com mais rigor, as organizações internacionais intergovernamentais.
FUNDAMENTOS – DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
Fundamento do DIP: significa desvendar de onde vem a sua legitimidade e sua obrigatoriedade, ou os motivos que justificam e dão causa a essa legitimidade e obrigatoriedade.
De quais fatos e valores emana a imposição de respeito a suas normas e princípios (razões jurídicas) por toda a sociedade jurídica.
 CORRENTES
VOLUNTARISTA (doutrinas: autolimitação; direito estatal externo; direitos fundamentais dos Estados; vontade coletiva dos Estados; consentimento das nações). Defensores: Jellinek, Triepel, Wenzel
Tem base subjetivista – para essa corrente, a obrigatoriedade do direito internacional decorre do consentimento (vontade) dos Estados, expresso em tratados e convenções internacionais, ou ainda da vontade tácita daqueles, pela aceitação generalizada do costume internacional. Em outras palavras, o DIP é obrigatório porque os Estados assim o desejam (vontade coletiva).
Teoria da autolimitação: o DIP funda-se na vontade metafísica dos Estados, que impõem obrigações ao seu poder absoluto, obrigando o Estado para consigo próprio – doutrina dos freios e contrapesos (checksand balances).
O Estado reconhece a existência de uma ordem internacional, sem, contudo, reconhecer que ela advenha de um poder superior.
CRÍTICAS À DOUTRINA VOLUNTARISTA:
Os Estados podem mudar drasticamente a sua posição/vontade de uma hora para outra, causando insegurança e instabilidade ao DIP. Modificando a sua vontade, desaparece o DIP, o que não é admissível. Ora, nenhum Estado pode, unilateralmente, modificar o DIP, pois está submetido a princípios superiores à sua vontade, integrantes da ordem jurídica internacional.
Defender o voluntarismo é permitir que os Estados se desliguem das normas jurídicas internacionais unilateralmente, semqualquer responsabilidade ou violação ao DIP.
Encontra modernamente obstáculo nos tratados internacionais de proteção dos direitos humanos, que impõem limites à atuação do Estado nos cenários interno e internacional, com vistas a salvaguardar os seres humanos protegidos por suas normas.
OBJETIVISTA (doutrinas: norma fundamental; solidariedade social; opinião dominante; jusnaturalista) Defensores: Kelsen, Duguit, Sófocles (Grécia), Cícero (Roma), Santo Agostinho, São Tomás de Aquino, Francisco de Vitória e Francisco Suárez (teólogos espanhóis). 
Nascida nos últimos anos do século XIX, como reação dos filósofos, sociólogos e internacionalistas contra as idéias voluntaristas.
Para os defensores dessa corrente, a obrigatoriedade do DIP advém da existência de princípios e normas superiores aos do ordenamento jurídico interno/estatal, uma vez que a sobrevivência da sociedade internacional depende de valores superiores, autônomos e independentes da vontade dos Estados.
Tem como suporte os princípios e regras do direito natural, bem como as teorias sociológicas do direito e o normativismo de jurídico kelseniano.
CRÍTICA À DOUTRINA OBJETIVISTA:
Minimiza sobremaneira a vontade soberana dos Estados, que também tem o seu valor contributivo na criação das regras de DIP. 
CORRENTE BASEADA NO “PACTA SUNT SERVANDA”: trata-se de corrente mais moderna e consagrada por inúmeros instrumentos internacionais, acredita que o fundamento mais correto de aceitação generalizada do DIP, emana do entendimento de que o DIP se baseia em princípios jurídicos alçados a um patamar superior ao da vontade dos Estados, mas sem deixá-la de lado.
Trata-se de uma teoria objetivista temperada, pois também leva em consideração a vontade dos Estados em seu conjunto. Afinal, um Estado ratifica um tratado internacional por sua própria vontade, mas tem que cumprir o tratado de boa-fé, sem se desviar desse propósito, a menos que o denuncie. 
Defendida pela escola italiana de DIP, com bases teóricas relacionadas ao direito natural – Dionísio Anzilotti.
Apareceu no Protocolo de 17.01.1871, da Conferência de Londres, como princípio essencial do direito das gentes.
Em 1969, a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados positivou a regra “pacta sunt servanda” nos seu art. 26: 
“Todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de boa-fé.” 
SUJEITOS DE DIREITO PÚBLICO INTERNACIONAL
Na atualidade, são considerados sujeitos de DIP, ou seja, entes com personalidade jurídica de DIP: os Estados soberanos, as Organizações Internacionais intergovernamentais (ex: ONU, que têm capacidade jurídica de celebrar tratados de caráter obrigatório, regidos pelo direito internacional, com Estados e outros organismos internacionais), e os indivíduos, embora de modo mais limitado.
A respeito dos sujeitos internacionais convém esclarecer que não se confundem com os atores internacionais. Nesse sentido, em que pese todos os sujeitos internacionais serem também atores internacionais, o inverso não é verdadeiro. 
Os atores internacionais, apesar de sua fundamental participação nas relações de DIP, não possuem personalidade jurídica de DIP, não podendo, por exemplo, celebrar tratados internacionais. São exemplos de atores internacionais, além dos sujeitos de DIP: as empresas multinacionais ou transnacionais (Coca-cola, IBM, Monsanto, etc.), as organizações não-governamentais com atuação internacional (Greenpeace, Earthwatch, etc.) e outras entidades que integram a sociedade civil organizada.
ESTADOS 
Originariamente eram os únicos sujeitos de DIP (considerados como sujeitos clássicos).
Os Estados soberanos são sujeitos dotados de personalidade jurídica internacional (pessoa jurídica de direito público externo), tendo como elementos constitutivos:
Povo: conjunto de nacionais; população.
Território: área geográfica fixa e determinada de exercício de poder soberano.
Governo soberano (governo e soberania): independente e com autoadministração; com capacidade de edição de suas normas.
Finalidade: bem comum, via de regra - Art. 3º da CF:
“Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.”
Princípio da continuidade: justifica a existência física do Estado, já que, como regra, os Estados não deixam de existir (embora exista possibilidade de alterações políticas).
Reconhecimento internacional: a admissão de um novo Estado, tácita ou expressa, por outros Estados soberanos (o reconhecimento permite a participação do Estado no âmbito internacional, lhe atribui personalidade internacional). 
TEORIAS SOBRE O RECONHECIMENTO:
CONSTITUTIVA (Kelsen, Triepel, Jellinek e Anzilotti): também denominada teoria do efeito atribuído. Para essa teoria, é o reconhecimento que cria o novo Estado.
 DECLARATÓRIA (Beviláqua e Accioly): o reconhecimento não cria o Estado, mas apenas declara a existência no âmbito externo. Prevalece entre os internacionalistas contemporâneos.
MISTA: o reconhecimento constata um fato (teoria declaratória), mas também constitui, entre o Estado que reconhece e o reconhecido, direitos e deveres (teoria constitutiva).
CARACTERÍSTICAS DO RECONHECIMENTO:
 Unilateral: podendo ser individual ou coletiva;
 Discricionário: depende da vontade livre de cada Estado;
 Incondicional: independe da imposição de condições;
 Irrevogável: não se pode voltar atrás.
Alguns autores destacam como característica do ato do reconhecimento, ainda, o fato de ser ele retroativo, haja vista que seus efeitos declaratórios retroagem ao início da existência/surgimento do novo Estado. 
Extinção: o desaparecimento de qualquer dos elementos constitutivos do Estado ocasiona a sua extinção. Pode ser total – ex: fusão (união de dois ou mais Estados, formando uma nova personalidade de DIP, ou parcial – ex.: desaparecimento ou restrição de soberania.
Sucessão: caracteriza-se pela modificação do poder soberano incidente sobre um dado território e tem por finalidade a preservação das relações internacionais e estabilidade da sociedade internacional, manifestando-se através da:
- Emancipação: é a aquisição da independência de uma colônia em relação ao Estado controlador, com formação de um novo Estado. (sucessão parcial) – Ex.: Brasil e Portugal
- Fusão: união de dois ou mais Estados, formando uma nova personalidade de DIP. (sucessão total) – Ex: unificação da Itália; nascimento da Tanzânia (união com consequente extinção de Tanganica e Zanzibar).
- Anexação total: há a absorção plena de um Estado por outro, com a desconstituição da personalidade jurídica internacional do Estado anexado. (sucessão total) – Ex: Países bálticos pela antiga ex-URSS
- Anexação parcial: é a perda de parte do território de um Estado em favor de outro. (Sucessão parcial) – Ex: Alsácia Lorena pela Alemanha.
Ainda no que tange à sucessão de um ou mais Estados por outro(s), cabe mencionar a existência de duas convenções internacionais: 
- Convenção de Viena sobre a Sucessão de Estados em Matéria de Tratados de 1978
- Convenção de Viena sobre a Sucessão de Estado em Matéria de Bens, Arquivos e Dívidas de 1983.
Conforme elucida Sidney Gusmão: “o artigo 15 da Convenção (de Viena de 1983) reforça o conceito sobre o caráter automático da transmissão de bens públicos do Estado precedente ao Estado sucessor, sem qualquer direito a ressarcimento” (Curso de direito internacional público. 7 ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 145)
Outrossim, no que atine à nacionalidade, vale observar que em caso de extinção total de um Estado, a sua população irá adquirir a nacionalidade do Estado queo suceder. Já na hipótese de extinção parcial de um Estado, usualmente é concedido aos indivíduos nascidos e domiciliados no território emancipado, cedido ou anexado parcialmente, a possibilidade de opção: ou mantêm a nacionalidade antiga ou adquirem nova nacionalidade.
ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS
São associações voluntárias de sujeitos de direito internacional, que detém capacidade e personalidade jurídica no DIP distinta da de seus membros.
Conceito segundo Celso D. de Albuquerque:
“Organização internacional é uma associação voluntária de sujeitos de DIP, constituída por ato internacional e disciplinada nas relações entre as partes por normas de direito internacional, que se realiza em um ente de aspecto estável, que possui um ordenamento jurídico interno próprio e é dotado de órgãos e institutos próprios, por meio dos quais realiza as finalidades comuns de seus membros mediante funções particulares e o exercício dos poderes que lhe foram conferidos.”
ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS VS. ORGANIZAÇÕES NÃO-GOVERNAMENTAIS
	
	Organizações Internacionais
	Organizações não-governamentais
	Membros
	Estados
	Particulares
	Formação
	Tratado internacional
	Contrato
	Natureza Jurídica
	Direito público
	Direito privado
Apenas as organizações internacionais são sujeitos de DIP.
ELEMENTOS: necessários para que um ente seja considerado organização internacional:
Deve ter pelo menos 3 Estados com direito a voto;
Deve ter uma estrutura formal (assembléia, secretaria, conselhos);
Os funcionários não devem ter a mesma nacionalidade;
Ao menos 3 Estados devem contribuir substancialmente para o orçamento;
Deve ser independente para escolher seus funcionários;
Deve ter objetivo internacional.
CARACTERÍSTICAS:
Não possuem território, nem população;
As organizações e seus agentes beneficiam-se de imunidades funcionais;
Têm o direito de cooperar com outras organizações;
Respondem ativa e passivamente pelas conseqüências advindas de sua participação em atividade internacional;
Têm personalidade internacional independente da de seus membros;
Não possuem soberania, têm apenas atribuições próprias, limites de competência e funcionais determinados em sua carta constitutiva.
ESPÉCIES/CLASSIFICAÇÃODE ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS:
Quanto ao objeto:
De fins gerais: não há restrição quanto aos objetivos (ex.: ONU)
De fins especiais: objetivos restritos (ex.: FMI – cooperação econômica; UNESCO – cooperação social, cultural e humanitária)
Quanto à estrutura jurídica:
Supranacionais: ocorre transferência dos poderes dos Estados para as organizações (ex.: Mercado Comum Europeu)
Intergovernamentais: tratam das relações multilaterais de cooperação (ex.: ONU, que tem a finalidade básica de manter a paz entre os Estados, mobilizando a comunidade internacional para deter agressões, bem como promover o respeito aos direitos humanos) 
Quanto à abrangência territorial/âmbito de participação:
Universais: são aquelas que admitem o ingresso de qualquer Estado da sociedade internacional (ex: ONU)
Regionais: são aquelas que restringem o acesso a regiões determinadas – ex.: OEA – apenas Estados americanos.
Quanto aos poderes:
Independentes: sem vinculação com qualquer outra personalidade;
Dependentes: obedecem a regras de outra personalidade jurídica. Ex.: UPU – sofre fiscalização da Suíça
Quanto à adesibilidade: 
Abertas ilimitadamente: admitem a participação e o ingresso de qualquer Estado;
Abertas limitadas: admitem a participação e o ingresso de novos Estados, mas restringem a entrada por região, situação econômica, dentre outros.
Fechadas: Não admitem o ingresso de novos Estados.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - ONU
Após a segunda grande guerra mundial, surgiu o interesse de diversos Estados no estabelecimento de uma organização internacional, de caráter geral e fundada na igualdade soberana de todos os Estados pacíficos, que tivesse por propósito a manutenção da paz e da segurança internacionais, nos termos do que foi pactuado na Conferência de Moscou, em 1943.
Depois de diversas discussões, a Carta da ONU foi assinada em 26/06/1945, na cidade de São Francisco, juntamente com o Estatuto da Corte Internacional de Justiça. Entretanto, a Carta da ONU entrou em vigor internacional somente em 24/10/1945.
Sede: Nova York
Membros iniciais: 51 Estados-membros, contando hoje com quase todos os países independentes do mundo.
Supremacia: Artigo 103 da Carta das Nações Unidas contém cláusula de supremacia que estabelece que, em caso de conflito entre as obrigações contraídas por seus membros em virtude da Carta e as obrigações contraídas por qualquer outro acordo internacional, deverão prevalecer as obrigações impostas pela Carta da ONU.
Principais Órgãos da ONU:
Assembléia Geral
a.1. Composição: representantes de todos os Estados-membros, com no máximo 5 delegados por Estado
a.2. Atribuições: discutir e fazer recomendações relativamente a qualquer matéria que for objeto da Carta. Ex.: paz e segurança internacionais; eleição dos membros não-permanentes do Conselho de Segurança; eleição dos membros do Conselho Econômico e Social; eleição dos membros do Conselho de Tutela, admissão de novos membros para a organização e suspensão ou expulsão dos já existentes, aprovação de emendas à Carte; dentre outros. 
a.3. Direito a voto: cada membro da Assembléia Geral da ONU tem direito a um voto, sendo que as decisões importantes (art. 18, parágrafos 2º e 3º seguem o princípio majoritário, devendo ser tomadas pelo voto da maioria de 2/3 dos membros presentes e votantes.
Conselho de Segurança
b.1. Composição: 5 membros permanentes e 10 não-permanentes (estes últimos eleitos pela Assembléia Geral e com mandato de 2 anos, vedada a reeleição). 
b.2. Membros permanentes: China, França, Reino Unido, Estados Unidos e Rússia.
b.3. Atribuições: manutenção da paz e segurança internacionais; recomendações à Assembléia Geral quanto à admissão de novos membros; suspensão ou expulsão de Estados-membros da ONU; dentre outras.
b.4. Direito a voto: cada membro do Conselho de Segurança tem um representante e direito de apenas um voto.
b.5. Poder de Veto: As deliberações do Conselho de Segurança são tomas por maioria de 9 votos, entretanto, os seus membros permanentes têm o poder de vetar as deliberações de caráter não processual, quando votam em bloco (os 5 membros permanentes votam em sentido contrário a determinada deliberação)
Em questões de caráter militar é assessorado por uma comissão de Estado- Maior formada pelos Chefes de Estado- Maior dos membros permanentes do Conselho de Segurança, tendo por responsabilidade a direção das forças armadas colocadas à disposição do Conselho por seus membros. 
Corte Internacional de Justiça
c.1.Sede: Haia (Holanda)
c.2. Composição: 15 juízes eleitos pela Assembléia Geral em ato conjunto com o Conselho de Segurança, para um mandato de 9 anos, com direito à reeleição. Esses juízes são eleitos dentre os indicados pelos grupos nacionais da Corte Permanente de Arbitragem.
O corpo de juízes da CIJ deve representar os principais sistemas jurídicos do mundo contemporâneo, sendo vedado 2 juízes da mesma nacionalidade na Corte.
c.3. Atribuições: É o principal órgão judicial das Nações Unidas, possuindo competência contenciosa e consultiva. Possui um Estatuto que é anexado à Carta da ONU. 
Somente os Estados podem ser partes em questões submetidas à apreciação da CIJ.
Todos os Estados que são membros da ONU são também partes do Estatuto da CIJ, entretanto, isso não quer dizer que um Estado que não for membro da ONU não poderá ser parte do Estatuto. Isso dependerá das condições que a Assembléia Geral determinar, mediante recomendação do Conselho de Segurança.
Se uma das partes deixar de cumprir decisão proferida pela Corte, a outra poderá recorrer ao Conselho de Segurança.
A Assembléia Geral e o Conselho de Segurança poderãosolicitar parecer consultivo da Corte sobre questões de ordem jurídica. Outros órgãos da ONU também poderão solicitar pareceres à Corte, desde que autorizados pela Assembléia Geral.
Cláusula optativa (também denominada “Cláusula Raul Fernandes”, porque foi proposta pelo referido internacionalista brasileiro) - Por regra, a jurisdição da CIJ é facultativa aos Estados, devendo a CIJ declarar-se incompetente para o julgamento de litígios envolvendo Estados que não aceitaram expressamente a sua jurisdição.
Conselho de Tutela
d.1. Objetivo: o fomento do progresso político, econômico, social e educacional dos habitantes dos territórios sob tutela e o seu desenvolvimento progressivo para alcançarem governo próprio ou independência. 
Todavia, o sistema de tutela encontra-se superado.
Secretariado
e.1. Composição: é chefiado pelo Secretário-Geral – principal e mais alto funcionário internacional da ONU, indicado pela Assembléia Geral para um mandato de 5 cinco anos, a partir de recomendação do Conselho de Segurança.
e.2. Atribuições: O Secretário-Geral exerce funções em todas as reuniões da Assembléia Geral, do Conselho de Segurança, do Conselho Econômico e Social e do Conselho de Tutela, além de desempenhar outras funções que lhe sejam atribuídas por tais órgãos. Ainda, deve apresentar anualmente relatório à Assembléia Geral e fazer recomendações ao Conselho de Segurança em relação a qualquer assunto que possa ameaçar a manutenção da paz e da segurança internacionais.
Outra importante atribuição do Secretariado é realizar o registro dos tratados internacionais ratificados pelos Estados-membros da ONU.
Conselho Econômico e Social
f.1. Composição: 54 membros eleitos pela Assembléia Geral, mediante 2/3 dos Estados presentes e votantes para um mandato de 3 anos, podendo ser reeleitos. Cada membro do Conselho terá nele um representante.
f.2.Atribuições: promover a cooperação em questões econômicas, sociais, culturais, educacionais, sanitários e conexos, incluindo direitos humanos, podendo fazer recomendações sobre tais assuntos à Assembléia Geral, aos membros da ONU e às entidades especializadas interessadas. Poderá, ainda, criar comissões necessárias ao desempenho de suas funções. Como exemplo, a Comissão de Direitos Humanos da ONU, criada em 1946, e substituída, em 2006, pelo atual Conselho de Direitos Humanos, aprovado pela Assembléia Geral por 170 votos a favor e 4 contra (Israel, Ilhas Marshall, Palau e Estados Unidos).
f.3. Deliberações: são tomadas pela maioria de votos dos membros presentes à reunião deliberativa.
Conselho de Direitos Humanos
g.1. Composição: 47 membros.
g.2. Atribuições: dar aplicabilidade concreta aos princípios de direitos humanos universalmente reconhecidos.
Além desses órgãos principais, outros órgãos subsidiários podem ser criados, quando necessário. 
INDIVÍDUOS
Os estudiosos têm incluído os indivíduos como sujeitos de direito internacional, ainda que com capacidade limitada (personalidade limitada), pois não podem celebrar tratados internacionais. Todavia, podem exercer determinados direitos e obrigações na esfera do DIP.
Como exemplos de direitos e obrigações, podemos citar a atuação do indivíduo como parte ré no Tribunal Penal Internacional (TPI), como representante perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (art. 44 do Pacto de São José da Costa Rica).
OUTRAS PERSONALIDADES INTERNACIONAIS
VATICANO (SANTA SÉ): Estado “sui generis”, Cidade-Estado criada pelo Tratado de Latrão, em 1929, celebrado entre Santa Sé Católica e Itália, que reconheceu a personalidade internacional da Santa Sé, a plena propriedade e a jurisdição soberana sobre o Vaticano, atribuindo a este último, ainda, neutralidade permanente.
Papa: exerce as funções de chefe de estado e chefe de governo.
São nacionais do Vaticano os cardeais residentes no Vaticano ou em Roma e aqueles que residirem de modo permanente no Vaticano. A perda das funções que exigem a residência na cidade do Vaticano implica a perda da nacionalidade também. 
Desde 2004, o Vaticano ganhou status de membro efetivo da ONU, entretanto, abdicou do direito de voto, funcionando como mero Estado observador.
O Vaticano mantém relações diplomáticas com os demais Estados, participando, inclusive, de organismos internacionais e subscrevendo tratados (ex.: Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados)
BELIGERANTES: representa um movimento de revolta ou insurreição dentro de um Estado que, por sua força militar e bélica, acaba exercendo poder em determinado território.Em regra, tem por finalidade a modificação do sistema político exercido no Estado. 
A beligerância assume personalidade distinta da do Estado.
Como regra, terceiros Estados (não interessados no conflito) se colocam em situação de neutralidade.
O exercício do poder de fato faz com que muitos Estados reconheçam o beligerante como personalidade internacional – Ex.: Sandinistas da Nicarágua.
INSURGENTES: o estado de insurgência é configurado por movimentos em terra ou no mar, sem a proporção de uma guerra civil ou revolução interna como ocorre com a beligerância.
Ao contrário dos beligerantes, não tem o poder de gerar o imediato reconhecimento de direitos e obrigações internacionais, não estando os demais Estados obrigados à manutenção de neutralidade.
SOBERANA CRUZ DE MALTA: Ordem Soberana e Militar Hospitalária de São João de Jerusalém, atualmente com sede em Roma, é organização humanitária internacional com hospitais em diversos Estados. Em 1119, após aprovação pela Santa Sé, recebeu o status de entidade militar.
A doutrina tem restringido a sua capacidade internacional, já que é reconhecida como organização religiosa e submetida à Santa Sé. Todavia, por aparente manutenção de relações diplomáticas, chega a ser definida com personalidade internacional por alguns juristas.
FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL
FONTES MATERIAIS: as fontes que determinam a elaboração de certa norma jurídica. No plano do Direito Internacional, existem as necessidades decorrentes das relações dos Estados e das Organizações Internacionais de regulamentarem suas relações recíprocas. Portanto, as fontes materiais determinam o conteúdo (a matéria) da norma jurídica, podendo ter origem em necessidades sociais, econômicas, políticas, morais, religiosas, etc.
FONTES FORMAIS: no direito interno, são a Constituição e as leis devidamente elaboradas por processo legislativo, o costume, a analogia, a equidade, os princípios gerais do direito, bem como as reiteradas decisões dos tribunais. Emanam sempre de uma autoridade que subordina a vontade dos cidadãos às suas deliberações.
Já na ordem internacional, a situação se torna um pouco mais complexa pelo fato de não existir nenhum tipo de autoridade superior que subordine os Estados à sua vontade, de modo a tornar a sua decisão efetiva. Desse modo, a validade de uma norma como fonte de direito internacional depende do modo pelo qual a referida norma é elaborada e de como ela se torna obrigatória no plano externo.
As fontes de DIP, segundo o Art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, são as seguintes:
Convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;
Costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito;
Os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas;
As decisões judiciárias e a doutrina dos juristas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito.
Além disso, há a faculdade da Corte de decidir uma questão com base na equidade (“ex aequo et bono”), desde que as partes concordem expressamente.
De acordo com a maioria dos doutrinadores, não há hierarquia entre as fontes primárias de DIP (quais sejam, convenções internacionais, costume internacional e princípios gerais de direito) enumeradas no Art. 38 do Estatutoda CIJ. Ademais, cumpre mencionar que o rol do Art. 38 não é exaustivo, mas meramente exemplificativo, podendo existir outras fontes do direito internacional, tais como atos unilaterais dos Estados e decisões de organizações internacionais.
Se não há hierarquia, um tratado pode revogar um costume e um costume pode revogar um tratado. Quando um tratado ou convenção é revogado por um costume internacional, diz-se que tratado caiu em desuso.
Entretanto, os tribunais internacionais têm outorgado preferência às disposições convencionais específicas de caráter obrigatório, vigentes entre as partes, sobre as normas de direito internacional costumeiro e sobre os princípios gerais de direito internacional.
O Estatuto da CIJ não menciona o chamado “jus cogens”, que são normas imperativas de direito internacional geral, aceitas e reconhecidas pela sociedade internacional em seu conjunto, como normas inderrogáveis, a não ser por normas posteriores de “jus cogens”. Essas normas de “jus cogens” estão previstas na Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (1969). Ao contrário das demais fontes de direito internacional, são hierarquicamente superiores a todas as demais. 
FONTES PRIMÁRIAS
TRATADOS INTERNACIONAIS: é todo acordo formal concluído entre sujeitos de direito internacional público e destinado a produzir efeitos jurídicos (J. F. Rezek).
São a principal fonte escrita de DIP na atualidade, não somente quanto à segurança e estabilidade que trazem nas relações internacionais, mas também porque tornam o DIP mais representativo e autêntico, pois são elaborados com a participação direta dos Estados e Organizações Internacionais, de forma democrática.
COSTUMES INTERNACIONAIS: são uma prática geral aceita como sendo o direito (Art. 38, parágrafo 1º, letra b, do Estatuto da CIJ). 
O costume internacional resulta de uma prática geral e consistente dos Estados de reconhecer como válida e juridicamente exigível determinada obrigação.
Os costumes internacionalmente reconhecidos contêm eficácia “erga omnes”, podendo vigorar inclusive para Estados que não compactuem com ele.
Os costumes internacionais têm sido codificados em diversos tratados internacionais ao longo dos anos, a exemplo do “pacta sunt servanda” positivado na Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados.
ELEMENTOS:
Elemento material ou objetivo: consiste na prática reiterada, de uma ação ou mesmo de uma omissão, ao longo do tempo, de um sujeito de DIP.
Elemento subjetivo (“opinio juris”): deve ser uma prática de bom direito, abrange a convicção de que assim se procede por ser correto.
Outro aspecto importante diz respeito à prova do costume internacional, que incumbirá sempre a quem o alega e poderá ser realizada por meio de textos legais ou decisões judiciais de ordem jurídica nacional (atos estatais) ou por meio de jurisprudência internacional, texto dos tratados ou textos preparatórios dos tratados.
PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO INTERNACIONAL:para que sejam fonte de DIP devem ser reconhecidos pela sociedade internacional, em seu conjunto, como formas legítimas de expressão do direito internacional público. Em outras palavras, tais princípios são aqueles reconhecidos internamente pelos Estados, mas que alçam ao plano internacional por constar da generalidade dos ordenamentos internos como, por exemplo, os princípios da boa-fé, do respeito à coisa julgada, do direito adquirido, solução pacífica das controvérsias, dever de cooperação internacional, dentre outros.
Não há necessidade de que todos os Estados reconheçam determinado princípio internamente para que ele seja considerado princípio geral de direito internacional, bastando que a maioria deles o consagrem internamente.
Assim como ocorre com os costumes, os princípios gerais de direito têm sido codificados em diversos tratados internacionais.
MEIOS AUXILIARES E NOVAS FONTES
JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL: a jurisprudência dos tribunais internacionais, a exemplo dos tribunais regionais de direitos humanos, dos tribunais especiais (ex.: Tribunal do Direito do Mar) e dos tribunais arbitrais, bem como a decisão das cortes de determinadas organizações internacionais (ex.: Corte Internacional de Justiça).
Em suma a jurisprudência internacional, ou seja, reiteradas e constantes manifestações do judiciário, no mesmo sentido, acerca de um mesmo assunto, atribuindo sempre a mesma solução.
Não é considerada fonte, mas meio auxiliar de determinação das normas de direito, pois não cria o direito, apenas o interpreta. Entretanto, a jurisprudência favorece a criação de um novo direito ao longo do tempo em que atua no plano internacional.
DOUTRINA DOS PUBLICISTAS: ou “doutrina dos juristas mais qualificados”, a qual não se refere apenas aos publicistas ou internacionalistas individuais, mas também quer se referir a outras entidades especializadas no estudo e na pesquisa do direito internacional, como, por exemplo, a Comissão de Direito Internacional da ONU, criada pelas Nações Unidas para incentivar o desenvolvimento progressivo do direito internacional e a sua codificação (art. 13, parágrafo 1º, a, da Carta da ONU).
Incluem-se, ainda, os trabalhos preparatórios ou relatórios explicativos que por vezes acompanham as convenções internacionais, elaborados, em geral, por juristas de renome no âmbito do direito internacional público e privado.
ATOS UNILATERIAS DOS ESTADOS: apesar de não mencionados no art. 38 do Estatuto da CIJ, os atos unilaterais criam obrigações internacionais para aqueles Estados que os proclamam. Logo, quando assumido publicamente, ainda que não efetuado no contexto das negociações internacionais, o compromisso manifestado unilateralmente será obrigatório para o Estado, que deverá cumpri-lo de boa-fé (em respeito ao “pacta sunt servanda”). Portanto, não é necessário o aceite de outros Estados para que o ato unilateral tenha valor jurídico. Ex.: “Nuclear Tests Case” entre Austrália e França, julgado pela CIJ em 1974. 
DECISÕES DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS: decisões proferidas pelas assembléias e/ou órgãos deliberativos das organizações internacionais que obrigam aos Estados-membros. São também referidos pela por atos unilaterais das organizações internacionais. Para a maioria dos doutrinadores, são fontes de DIP em razão do importante papel desenvolvido por essas organizações no cenário internacional.
Exemplificando, dentre as várias formas possíveis de manifestação das organizações internacionais, temos as resoluções da Assembléia Geral da ONU, as decisões do Fundo Monetário Internacional, as diretrizes da Comunidade Econômica Européia, etc.
ANALOGIA E EQUIDADE: são soluções eficientes para enfrentar a falta de norma jurídica regulamentadora a determinado caso concreto, ou ainda para suprir a inutilidade da norma jurídica existente.
A analogia consiste na aplicação, a determinada situação concreta, de uma norma jurídica feita para ser aplicada a um caso parecido ou semelhante. Não está prevista no Estatuto da CIJ. É dificilmente utilizada na prática das relações internacionais, pois há um certo perigo na aplicação da analogia nos casos que envolvem questão de soberania dos Estados.
Já a equidade, tem lugar nos casos em que não existe norma jurídica ou a norma existente não é eficaz para solucionar, de forma adequada, o caso concreto sob julgamento. Neste caso, a decisão é tomada com base em outras normas existentes ou em princípios que supram a falta da norma. Conforme já visto, a aplicação da equidade depende de anuência das partes em litígio (art. 38, parágrafo 2º, do Estatuto da CIJ).
A QUESTÃO DA SOFT LAW:a doutrina moderna faz menção, ainda, à chamada soft law como fonte de DIP, ou seja, direito plástico, flexível e maleável. Surgiu no século XX, em especial no âmbito do direito internacional do meio ambiente, prevendo um “programa de ação” para os Estados relativamente a determinada conduta. Um exemplo de soft law é a Agenda 21 (plano de ação a ser seguidopelos Estados para salvaguardar o meio ambiente no século XXI). Não se pode considerá-la como fonte, mas a soft law pode auxiliar a sociedade internacional a proteger determinados bem jurídicos importantes para a coletividade.
�	Sobre fontes de DIP e formação das normas internacionais trataremos mais adiante.

Outros materiais