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Anestesio ANESTÉSICOS LOCAIS Conceito: Drogas que injetadas localmente, interrompem de forma transitória os impulsos nervosos em células neuroexcitáveis. São drogas bloqueadoras de canal de sódio, que impedem a despolarização. Membrana celular Barreira protetora Filtro A membrana celular lipídica é um problema, pois se apresenta como uma barreira protetora ao fármaco. Portanto, para exercer o efeito, precisa penetrar a barreira celular, não permitindo o influxo de Na. Diferenças de eletrólitos intra e extracelulares: Impulso nervoso: quando entra Na e sai K da célula. Como ativar o canal de sódio? O canal de Na ou esta aberto, ou fechado ou inativo. O anestésico local torna os canais de Na inativos, bloqueando o “portão”. Os anestésicos locais precisam estar dentro da celular para funcionarem. É voltagem dependente. O impulso elétrico promove a abertura do canal em repouso e a despolarização com a entrada de sódio. O potencial de ação ocorre com a entrada de sódio na célula com a saída de potássio. O impulso nervoso para o neurônio é impedido com o bloqueio do canal de sódio pelo fármaco. Para o medicamento exercer efeito, o canal deve estar em repouso ou aberto. Inativado não promove o efeito. O anestésico local precisa ser parte ionizável e parte não ionizável para facilitar a penetração na membrana lipídica (ionizado) e exercer o seu papel (não ionizado para ligar ao canal). Potencial de ação: Ocorre com a entrada de Na na célula e com saide de K dela. Potencial de repouso nas fibras nervosas é de -70 a -90mV. Canais e receptores de membrana: Impede que o fluxo elétrico chegue na medula espinhal se ligando aos canais de Na, tornando-os inativos e impedindo o influxo de Na para dentro da célula. Estrutura química dos AL: União intermediária Amina terciária Grupo aromático (amino-éster ou amino-amida) é o que diferencia os dois grupos. Anestésicos locais: Aminoamidas: (2 “i” no nome) Bupivacaína Ropivacaína Lidocaína Etidocaína Prilocaína Metabolização: fígado (sistema P450) Causa raríssima reações alérgicas! Mais utilizados Aminoésteres: (1 “i” no nome) Cocaína Clorprocaína Procaína Tetracaína Metabolização: pseudocolinesterase hepática Causa reações alérgicas frequentes! AL: Todos os anestésicos locais são bases fracas que carregam uma carga positiva no grupo amina em pH fisiológico. São apresentados ligados a um sal (cloridrato). Ex: cloridrato de lidocaína, cloridrato de bupivacaína. pKa: é o pH onde 50% das moléculas estão sob forma ionizada e 50% estão em forma não ionizada Parte não ionizada é a parte que confere a penetração a membrana lipídica celular (penetrabilidade da molécula no nervo – porção lipofílica) e a parte ionizada é a parte que promove o efeito do anestésico bloqueando o canal de sódio (confere a potência da droga, a “rolha” no canal sódio, impedindo a despolarização – porção hidrofílica). O anestésico precisa de duas porções. A porção lipofílica determina o quanto o anestésico vai penetrar na membrana. Quanto maior a parte ionizada, maior a potência e quanto maior a parte não ionizada, maior a penetração da droga no nervo. pKa e grau de ionização em pH 7,4: lidocaína: pKa 7,9 e % ionizado em pH fisiológico 79% (N > NH) lidocaína penetra melhor, mas a bupivacaina é mais potente. Lidocaína tem um pKa de 7,9 no pH fisiológico de 7,4, estando 79% ionizada. Bupivacaína tem um pKa de 8,1 no pH fisiológico de 7,4 estando 83% ionizada. A bupivacaína tem maior potência e menor penetração que a lidocaína. Mas, de outro modo, a lidocaína tem maior penetração e menor potência. Lidocaína em infecção: pH 5,0 Lidocaína pKa 7,9 e % ionizado em pH fisiológico 98% (N>>NH) É uma base fraca também, mas se você deixa o pH mais ácido, 90% das moléculas estarão ionizadas, o que vai piorar ainda mais o poder de penetração da lidocaína. Ex: dificuldade de anestesiar locais inflamados. Farmacologia: Potencia: Forma ionizada (hidrofilica) confere potência ao anestésico Drogas mais potentes são mais toxicas Início de ação: Dependente de dose e concentração. O aumento da dose aumenta o número de molecular disponíveis, promovendo analgesia efetiva, duradoura e com início de ação mais rápido, mas cuidado com a dose tóxica! Com associação a adrenalina* na dose de 1:200.000 (vasoconstritor - IMPORTANTE), é aumentado o efeito do fármaco no local e diminui a toxicidade por eliminar do tecido mais lentamente. Bupivacaína, levobupivacaína e ropivacaína tem a mesma dose máxima se utilizado com adrenalina ou sem, entretanto, possui o efeito de reduzir toxicidade também. A ampola de adrenalina possui 1 mg para 1 ml (1:1000), para diluir é necessário diluir 1 ampola para 200 ml de anestésico. Dose: O aumento da dose aumenta o número de moléculas disponíveis: analgesia efetiva, duradoura e com início de ação mais rápido. Inicio de ação depende da massa (quantidade de anestésico) e da concentração do mesmo. Doses máximas de anestésicos locais: Adrenalina: vasoconstritor diminui absorção do anestésico. Ropivacaina: já possui ação vasoconstritora própria, por isso não necessita de adrenalina. Concentração Efeitos tóxicos dos anestésicos locais A partir de 4mcg/ml de lidocaína já é considerado toxico Formigamento de lábios não é toxico! Duração de ação: Efeito de vasoconstritor-adrenalina Adrenalina causa: Diminui a absorção sistêmica Melhora a qualidade da analgesia Prolonga a duração do efeito Limita efeitos colaterais tóxicos OBS: sempre que possível, usar anestésico local com vasoconstritor, pois diminui toxicidade dos anestésicos. Diferença do bloqueio motor e sensorial: Ao usar anestésico, primeiro tem o bloqueio das fibras finas (C e Delta) que são pouco mielinizadas, e são bem elas que conduzem o impulso da dor. Ou seja, primeiro de tudo ocorre bloqueio da dor e existe correlação com a dose de anestésico. Se eu quero bloqueio motor (paralisia) quero pegar fibras grossas, ricamente mielinizadas e preciso de maior concentração de anestésico. Diferentes tipos de fibras possuem sensibilidades diferentes aos anestésicos locais Local de injeção do anestésico local: Injeção intra-raquidiana tem um rápido início de ação Injeção no plexo braquial tem início de ação lento Efeitos tóxicos dos anestésicos locais: Taxa de absorção sistêmica depende do local da injeção Ordem crescente de toxicidade: Local mais toxico: IV Intravenosa >Intratraqueal > intercostal > caudal > paracervical > epidural > plexo braquial > isquiático > subcutâneo. Sintomas de toxicidade dos anestésicos locais: Confusão mental Inquietação, vertigem, dificuldades para focalizar Logorréia (falação sem sentido) Hipoestesia perioral ou lingual Escotomas visuais Formigamento: não é toxicidade, significa que anestésico esta impregnando na mucosa. Toxicidade dos anestésicos locais: LAST: toxicidade sistêmica por AL Chame ajuda! Foco Inicial: Via aérea: ventilar com O2 100% Tratamento convulsões: Benzodiazepínicos Prontidão equipe de bypass cardiopulmonar Manejo das arritmias cardíacas: Suporte Básico e Avançado de Vida Evitar vasopressina, bloqueadores de canais de cálcio, betabloqueadores, anestésicos locais Esses medicamentos NÃO podem ser usados quando há parada por AL! Reduzir doses de adrenalina para <1µg/kg Para por AL = massagem!!! Tratamento com emulsão de lipides 20%: promove ligação com o anestésico, exercendo ação inotrópica cardíaca, reduz fração livre de anestésico local, melhora circulação para órgãos-alvo e joga a anestesia local para órgãos de menor fluxo sanguíneo. Bolus 1,5mL/kg Infusão de 0,25mL/Kg/min Repita o bolus por 1 ou 2 vezes se o colapso cardiovascular persiste Dobre a infusão para 0,5 mL/Kg/min se a pressão arterial continua baixa Continue com a infusão por 10 minutos após estabilidade cardiocirculatória Dose limite 10ml/Kg nos primeiros 30 minutos