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OAB 2ª fase – Direito Penal O Instituto IOB nasce a partir da experiência de mais de 40 anos da IOB no desenvolvimento de conteúdos, serviços de consultoria e cursos de excelência. Por intermédio do Instituto IOB, é possível acesso a diversos cursos por meio de ambientes de aprendizado estruturados por diferentes tecnologias. As obras que compõem os cursos preparatórios do Instituto foram desenvolvidas com o objetivo de sintetizar os principais pontos destacados nas videoaulas. institutoiob.com.br OAB 2ª fase – Direito Penal / Obra organizada pelo Instituto IOB - São Paulo: Editora IOB, 2013. ISBN 978-85-8079-085-6 Informamos que é de inteira responsabilidade do autor a emissão dos conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Instituto IOB. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº 9.610/1998 e punido pelo art. 184 do Código Penal. Sumário Capítulo 1 – Orientações para a 2ª Fase do Exame de Ordem, 5 1. Sugerimos o Uso do Vade Mecum Penal – Ed. Rideel – Organizador Rogério Cury, 6 2. Resposta Escrita à Acusação/Resposta Preliminar, 7 3. Casos Referentes à Matéria, 9 4. Memoriais/Alegações Finais, 9 5. Considerações Finais (Considerações Derradeiras), 11 6. Casos Referentes à Matéria, 12 7. Recursos de Competêcia Recursal da Justiça Comum Estadual, 12 8. Competência Recursal da Justiça Comum Federal, 13 9. Casos Referentes à Matéria, 17 10. Recurso em Sentido Estrito, 18 11. Casos Referentes à Matéria, 20 12. Contrarrazões de Recurso em Sentido Estrito, 21 13. Casos Referentes à Matéria, 21 14. Embargos Infringentes e de Nulidade, 22 15. Embargos de Declaração – Endereçado para a 1ª Instância, 24 16. Casos Referentes à Matéria, 25 17. Embargos de Declaração – Endereçados para a 2ª Instância, 26 18. Casos Referentes à Matéria, 26 19. Queixa-crime, 30 20. Casos Referentes à Matéria, 31 21. Relaxamento de Prisão em Flagrante, 32 22. Casos Referentes à Matéria, 34 23. Gabarito Comentado, 34 Gabarito, 38 Capítulo 1 Orientações para a 2ª Fase do Exame de Ordem Na prova prático-profissional, é permitida, exclusivamente, a consulta à legislação sem qualquer anotação ou comentário. Não é permitido o uso de material didático, tais como Manuais, Livros de Doutrina, sendo também vedado o uso de apostilas ou material que possua modelos de peças práti- cas, informativos de Tribunais, anotações pessoais, manuscritas, impressas ou transcrições, cópias reprográficas, impresso da internet, jurisprudências, dicionários ou qualquer outro material de consulta. Os examinandos deve- rão trazer os textos de consulta com as partes não permitidas já isoladas, por grampo ou fita adesiva. É permitido utilizar legislação não comentada, códigos, leis de introdu- ção dos códigos, índice remissivo, instruções normativas, exposição de moti- vos, súmulas, enunciados, regimento interno, resoluções de tribunais, marca- -texto, traço ou simples remissão a artigos ou à lei e separação de códigos por cores, marcador de página, post-it com remissão apenas a artigo ou à lei, clipes ou similares. O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 6 1. Sugerimos o Uso do Vade Mecum Penal – Ed. Rideel – Organizador Rogério Cury 1 – Fique atento à leitura do problema proposto e à fase processual que se encontra. Você deve utilizar somente os dados fornecidos pelo problema, sem acrescentar algo alheio ao enunciado. Não assine a peça e nem forneça quais- quer outros dados pessoais. 2 – Reserve cerca de 3 horas para a elaboração da peça prático-profissional e aproximadamente 25 a 30 minutos para cada questão, quando a prova tiver duração de 5 horas. 3 – Antes de iniciar a elaboração da peça, realize um pequeno rascunho, contendo um esquema do que vai ser produzido, ou seja, anote qual a peça, para quem vai ser encaminhada, qual a tese, qual o pedido, etc. Após, inicie a feitura da peça. 4 – Durante a elaboração da peça e questões, não utilize palavras repetidas. Cuidado para não repetir a mesma palavra no início de parágrafos próximos, como também no mesmo parágrafo. Cite artigos de lei e súmulas, não bastan- do fazer constar seu conteúdo. 5 – Cuidado com os erros de grafia, acentuação e português. Eles podem levar à reprovação. 6 – Na prova prático-profissional, os examinadores avaliarão o endereça- mento, teses (preliminares e mérito), raciocínio jurídico, a fundamentação e sua consistência, a capacidade de interpretação e exposição, a correção grama- tical, pedido e a técnica profissional demonstrada. Lembramos aos candidatos que, seja na(s) tese(s) e pedido(s), sempre devem citar artigos de lei e/ou súmu- las no corpo da peça, tendo em vista que isto vem sendo exigência da FGV. 7 – A procura dos temas nos Códigos deve ser feita a partir do índice alfabé- tico remissivo. Isto agiliza sua procura e, consequentemente, o tempo de prova será melhor aproveitado. 8 – Cada parágrafo feito deve ser analisado para que não reste nenhum erro, como também para que o parágrafo seguinte não seja repetição do anterior. 9 – A letra apresentada pelo candidato deve ser legível, pois poderá correr o risco do examinador não entendê-la ou até mesmo interpretá-la de modo diverso do que está realmente escrito. 10 – As questões devem ser respondidas de forma objetiva, indo ao cerne do tema proposto. Lembramos aos candidatos que na respostas devem citar artigos de lei e/ou súmulas, tendo em vista que isto vem sendo exigência da FGV. 11 – O candidato deve iniciar a prova com a elaboração da peça profissional e, em seguida, responder às questões. O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 7 12 – Importante lembrar que o examinador fará a correção da prova anali- sando a conduta de um profissional. Portanto, o uso de técnica profissional é imprescindível (boas frases, bons parágrafos, comentários técnicos e adequados para o caso, citação de artigos e súmulas). 13 – O candidato deve utilizar de raciocínio jurídico, amparado por legisla- ção e súmulas do STJ e STF. 14 – Para a redação da peça profissional, o examinando deverá formular tex- to com extensão máxima de 150 (cento e cinquenta) linhas; para a redação das respostas às questões práticas, a extensão máxima do texto será de 30 (trinta) li- nhas para cada questão. Será desconsiderado, para efeito de avaliação, qualquer fragmento de texto que for escrito fora do local apropriado ou que ultrapassar a extensão máxima permitida. 15 – Quando da realização das provas prático-profissionais, caso a peça pro- fissional e/ou as respostas das questões práticas exijam assinatura, o examinan- do deverá utilizar apenas a palavra “ADVOGADO”. Ao texto que contenha outra assinatura, será atribuída nota 0 (zero), por se tratar de identificação do examinando em local indevido. 16 – Na elaboração dos textos da peça profissional e das respostas às ques- tões práticas, o examinando deverá incluir todos os dados que se façam necessá- rios, sem, contudo, produzir qualquer identificação além daquelas fornecidas e permitidas no caderno de prova. Assim, o examinando deverá escrever o nome do dado seguido de reticências (exemplo: “Município...”, “Data...”, “Advoga- do...”, “OAB...”, etc.). A omissão de dados que forem legalmente exigidos ou necessários para a correta solução do problema proposto acarretará em descon- tos na pontuação atribuída ao examinando nesta fase. 17 – Nos casos de propositura de peça inadequada para a solução do proble- ma proposto, considerando, neste caso, aquelas peças que justifiquem o inde- ferimento liminar por inépcia, principalmente quando se tratar de ritos proce- dimentais diversos, como também quando não se possa aplicar o princípio da fungibilidade nos casos de recursos,ou de apresentação de resposta incoerente com situação proposta ou de ausência de texto, o examinando receberá nota ZERO na redação da peça profissional ou na questão. 2. Resposta Escrita à Acusação/Resposta Preliminar Observações preliminares sobre a peça: “É uma peça utilizada após a citação do acusado. Após a decisão que recebeu provisoriamente a ação penal, O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 8 o juiz abre prazo de 10 (dez) dias para o advogado apresentar a defesa, poden- do nela alegar tudo (teses preliminares e de mérito) o que entenda necessário, devendo arrolar as suas testemunhas, sob pena de preclusão.” Modelo Prático Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da _____ Vara Criminal da Comarca de ______________, Estado de _______. ou Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ____ Vara Federal da Sub- secção Judiciária de _______, do Estado de _______, (pular 2 linhas) Processo nº __/__ (pular 8 linhas) _______, qualificado nos autos da Ação Penal que lhe move a Justiça Pública, processo em epígrafe, via de seu advogado e procurador que esta subscreve, vem, mui respeitosamente à presença de Vos- sa Excelência, apresentar RESPOSTA ESCRITA, a que alude o art. 396-A do Código de Processo Penal (ou a Legislação Especial ou art. 406, CPP – Júri) expondo e requerendo o que segue: (pular 1 linha) DOS FATOS Narrar os fatos em parágrafos de até 4 ou 5 linhas, não repetindo a mesma palavra dentro do mesmo parágrafo. (pular 1 linha) DA PRELIMINAR Narrar a preliminar, tal como citação defeituosa, hipótese de rejeição da ação penal etc. Na narrativa da preliminar, podem ser citadas doutrina e jurisprudência, além de ficar bem esclarecido o motivo que deu ensejo para essa alegação. (pular 1 linha) DO MÉRITO Narrar a tese de mérito, como hipótese de absolvição sumária, nos termos do art. 397 do CPP. (pular 1 linha) DOS PEDIDOS Nesta fase, havendo a arguição de preliminar, deve ser feito o pedido preli- minar e de mérito. Não havendo arguição de preliminar, mas somente tese de mérito, o pedido será apenas em relação à tese alegada. Fique atento no pedido, para a presença das hipóteses do art. 397 do CPP, pois após a apresentação da resposta escrita, os autos serão enviados ao juiz que decidirá sob a hipótese de absolvição sumária ou não. O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 9 Não se esqueça de arrolar testemunhas, realizando a qualificação e reque- rendo as devidas intimações, como: ROL DE TESTEMUNHAS: Nome ___________; qualificação ________; Endereço __________ . Nome ___________; qualificação ________; Endereço __________ . Nome ___________; qualificação ________; Endereço __________ . Nome ___________; qualificação ________; Endereço __________ . Nestes termos, Pede deferimento. (pular 2 linhas) Local e data (pular 2 linhas) Advogado _________________ OAB/______ nº _________ 3. Casos Referentes à Matéria Tício foi preso em flagrante pela prática do crime de furto. Houve a decre- tação de prisão preventiva, que fora revogada a pedido do Ministério Público quando do oferecimento da denúncia. A exordial acusatória imputou a Tício a figura típica prevista no art. 155 caput do CP, em razão de ter subtraído quatro CD de música de uma loja especializada, sendo avaliados em R$ 25,00 (vinte e cinco reais) cada qual, totalizando o importe de R$ 100,00 (cem reais). O objeto do furto foi integralmente devolvido à vítima. Foram testemunhas dos fatos e da devolução dos CD à vítima os Srs. Mévio de Rivera e Sassoferrato de Bártolo. Na data de ontem, Tício foi citado e recebeu cópia da denúncia. Questão: Apresente a peça cabível para a defesa de Tício. 4. Memoriais/Alegações Finais Observações preliminares sobre a peça: as Alegações Finais ou “Memo- riais Escritos” é a peça a ser utilizada após o final da instrução criminal e antes da prolação de sentença. Nela as partes fazem um resumo do que consta dos autos, sendo a última oportunidade, antes da sentença, para as partes frisarem suas teses preliminares e de mérito. Com a reforma do CPP (Lei nº 11.719/2008), haverá apresentação de Alegações Finais (Memoriais Escritos), quando não puderem ser realizadas O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 10 de maneira oral (regra atual). Desta feita, apenas em casos complexos, ou de grande número de acusados, haverá a conversão dos memoriais orais em escri- tos, nos termos do art. 403, § 3º do CPP. Aqui, para a apresentação da peça em questão, existe processo e existe mo- mento processual específico, ou seja, após o término da instrução criminal. Modelo Prático (rito ordinário) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Egrégia ____ Vara Criminal da Comarca de ____________, Estado de São Paulo, ou Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ___ Vara Federal da Subsecção Judiciária de ____________, Estado de ________, (pular 2 linhas) Processo nº __/__ (pular 8 linhas) ___________, qualificado nos autos da Ação Penal que lhe move a Justiça Pública, por infração ao artigo ____ do ou da ________, via de seu advogado e procurador que esta subscreve, vem, mui respeitosamen- te à douta presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 403 do Código de Processo Penal, apresentar MEMORIAIS ESCRITOS, expondo e requeren- do o quanto segue: (pular 1 linha) DOS FATOS (pular 1 linha) O presente processo, diz respeito à suposta prática do crime de __________ e, segundo consta na exordial, o ora imputado ___________ (narrar os fatos, sem que haja a repetição da mesma palavra dentro do mesmo parágrafo, como também que o parágrafo tenha, no máximo, entre 4 ou 5 linhas). (pular 1 linha) DA PRELIMINAR (pular 1 linha) Narrar a tese preliminar, com a menção de doutrina e jurisprudência. (pular 1 linha) DO MÉRITO Via de regra este é o momento de articular tese que redunde na absolvição do cliente. (pular 1 linha) *Não esquecer de reservar, conquanto não haja consulta, espaço específico para colocação de doutrina e jurisprudência, que deve ser assim enunciada, por exemplo: O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 11 “A jurisprudência já afirmou que nos crimes materiais contra a ordem tri- butária é imprescindível o lançamento, que condiciona a própria tipicidade da conduta (Súmula Vinculante nº 24 do STF).” Ou A doutrina de Guilherme Nucci tem merecido reiteradas citações dos Tri- bunais. O eminente autor entende que... (Código Penal, p. ...,). Obs.: Importante: o candidato só deve citar jurisprudência ou doutrina que conheça, desde que saiba exatamente o nome do livro, do autor ou o número do recurso criminal enfrentado pela corte. (pular 1 linha) SUBSIDIARIAMENTE Aqui o candidato deve mencionar todas as teses alternativas à anulação do processo e a absolvição pura e simples. A pertinência da tese dependerá do caso concreto. Apenas para ilustrar, aqui vão algumas teses que o candidato deve saber manusear na hora da prova: Desclassificação (atenção com eventual prescrição ou decadência que dela derivar e com a Súmula nº 337 do STJ). Afastamento de qualificadoras. Circunstâncias judiciais favoráveis. Reconhecimento de atenuantes. Afasta- mento de agravantes e causas de aumento. Reconhecimento de causas de diminuição. Concurso de crimes mais favorável ao agente. Regime inicial de cumprimento de pena menos gravoso. Substituição da pena por restriti- va de direitos, ou pena de multa. Sursis. Recurso em liberdade. Negativa de indenização. Negativa aos efeitos do art. 91 do CP. 5. Considerações Finais (Considerações Derradeiras) (pular 1 linha) A acusação não logrou provar o que imputara na denúncia e as provas pro- duzidas impõem a prolação de uma sentença absolutória(pular 1 linha) É imprescindível, para uma condenação criminal, um juízo de certeza. Meras suposições não bastam para levar a uma sentença penal condenatória. Entretanto, se V. Exa. entender de forma diversa, a condenação não pode ser nos termos que pretende o Parquet, devendo ser considerados os argumentos acima expendidos. (pular 1 linha) DOS PEDIDOS (pular 1 linha) Por tudo quanto foi exposto e inequivocamente provado, a defesa requer: a) preliminarmente a .... nulidade absoluta .......... O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 12 b) Caso V. Exa. entender de forma diversa, afastando a nulidade apontada, quanto ao mérito, postula-se a absolvição do acusado, com fulcro no inciso __, do art. 386 do Código de Processo Penal. c) Apenas pela eventualidade, em caso do não acatamento da tese meritó- ria, subsidiariamente requer a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, nos termos do art. 44 do CP (ou suspensão con- dicional da pena – art. 77 do CP; ou causa de diminuição de pena, etc.). OBS.: Sendo caso de rito especial do Júri, além de preliminares, a defesa poderá requerer a impronúncia (art. 414 do CPP); absolvição sumária (art. 415 do CPP) ou desclassificação (art. 415 do CPP). Em verdade, é plenamente possível requerer como tese principal a absolvição sumária (art. 415 do CPP) e, subsidiariamente, a desclassificação (art. 419 do CPP). (pular 1 linha) Nestes termos, Pede deferimento. (pular 2 linhas) Local e data (pular 2 linhas) Advogado ___________ OAB/ ____ nº __________ 6. Casos Referentes à Matéria Caim, enfermeiro, do Hospital sem Base, responde processo por praticar ato que se adequa ao que dispõe o art. 121, § 2º, inciso III, 1ª parte, c.c. o art. 14, inciso II do CP, pois segundo narra a denúncia, tal enfermeiro tentou matar Abel, mediante aplicação de injeção intravenosa. Feito o laudo, para apurar o caráter da substância ora utilizada, este conclui que tal substância ministrada não tinha potencialidade lesiva, não podendo através de seu uso causar a morte de ninguém. O representante do Ministério Público apresentou suas Alegações Finais, requerendo a pronúncia de Caim, conforme versava a denúncia. Questão: Advogue para Caim. 7. Recursos de Competêcia Recursal da Justiça Comum Estadual No que diz respeito à Justiça Comum Estadual, temos o Tribunal de Justi- ça (Seção Criminal), que tem competência para julgar recursos relacionados a todos os crimes, salvo os crimes de menor potencial ofensivo (crimes com O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 13 pena máxima em abstrato de até 2 anos e as contravenções penais) que serão julgados pelo Colégio Recursal do Juizado Especial Criminal da comarca onde foi julgado o caso. Também vale lembrar que, em tal órgão, seus componentes recebem a denominação de Desembargadores. Por sua vez, na Justiça Comum Estadual, em 1ª instância temos Juízes de Direito da Vara Criminal ou Vara do Júri da Comarca de Fortaleza, Estado do Ceará, por exemplo. Quanto à 2ª instância, temos, para todos os Estados, Tribunal de Justiça, Seção ou Secção Criminal, do Estado de Minas Gerais, por exemplo. Os integrantes dos TJ são denominados Desembargadores. Os TJ possuem Câmaras Criminais (em alguns casos excepcionais, Turmas Criminais). Os crimes de competência da Justiça Comum Estadual são todos aqueles que não são da competência da Justiça Especializada Militar e Eleitoral ou da Justiça Comum Federal. 8. Competência Recursal da Justiça Comum Federal Na Justiça Federal, em 1ª instância, temos Juízes Federais da Vara Criminal ou Vara do Júri da Seção Judiciária de São Paulo, por exemplo. Quanto à 2ª instância, temos o Tribunal Regional Federal, dividido em regiões, como: SP e MS formam a 3ª Região. Os integrantes dos TRF são denominados Desembargadores. Os TRF possuem Turmas Recursais. Os crimes de competência da Justiça Comum Federal estão tratados, em regra, no art. 109 da CF. Dentre os crimes de competência da Justiça Comum Federal, temos: cri- mes políticos (Lei de Segurança Nacional); crimes que atinjam quaisquer inte- resses da União ou de suas entidades autárquicas, ou empresas públicas, salvo as contravenções e os crimes de competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral (art. 109, IV da CF); crimes praticados contra a Justiça do Trabalho e a Justiça Eleitoral, excetuados os crimes eleitorais; tráfico internacional de entorpecentes; crimes cometidos a bordo de navios e aeronaves, ressalvados os casos da competência Justiça Militar – art. 109, IX da CF; crimes contra o sistema financeiro e contra a ordem econômica e financeira; art. 109, X da CF; crimes praticados contra servidores públicos no exercício da função, etc. Importante frisar que em matéria de competência devem ser também estu- dadas as súmulas do STJ e STF. O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 14 APELAÇÃO Observações preliminares sobre a peça: “Tal peça é cabível quando, no processo, houve sentença definitiva ou com força de definitiva, porém, ainda não há trânsito em julgado.” Então, há processo, sentença que ainda não transitou em julgado. Modelo Prático: *Petição de interposição: Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal da Comarca de _________, Estado de São Paulo, Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ___ Vara Criminal da Seção Judiciária de ________, Estado de São Paulo, (pular 1 linha) Processo nº __/__ (pular 8 linhas) ________________, qualificado nos autos do processo em epígrafe, via de seu advogado e procurador que esta subscreve, vem, mui respeitosamente à Douta Presença de Vossa Excelência, dentro do quinquídio legal, interpor re- curso de APELAÇÃO, com fulcro no art. 593 do Código de Processo Penal, data vênia, por não se conformar com a r. sentença condenatória. Em anexo, seguem as razões recursais. (pular 1 linha) Nestes termos, Pede deferimento. (pular 2 linhas) Local e data (pular 2 linhas) Advogado__________ OAB/ ____ nº___ *Roteiro de Razões de Apelação: Egrégio Tribunal de Justiça, Seção Criminal, do Estado de São Paulo, ou Egrégio Tribunal Regional Federal da ___ Região. (pular 2 linhas) Comarca de ____________________ Cartório do ____ Ofício Criminal Processo nº __/__ (pular 1 linha) Apelante: ______________________ Apelado: ______________________ (pular 3 linhas) O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 15 DOUTO PROCURADOR, (pular 2 linhas) COLENDA CÂMARA (justiça estadual) COLENDA TURMA (justiça federal) (pular 2 linhas) EMÉRITOS JULGADORES: (pular 3 linhas) A r. sentença condenatória de fls. não deu ao caso o conforto da justiça e merece ser reformada, senão vejamos: ou Em que pese o zelo do magistrado “a quo”, este não deu ao caso a solução adequada, assim vejamos: ou A r. sentença de fls. é injusta e necessita de reparo. Verifiquemos: (pular 1 linha) DOS FATOS (pular 1 linha) DO DIREITO Aqui o candidato deve organizar seu raciocínio da mesma maneira que em uma alegação final: higidez do processo (preliminares) mérito (absolvição, normalmente) e subsidiárias (outras teses que melhorem de alguma forma a situação do condenado, como desclassificação, afastamento de qualificadora, alteração de regime de cumprimento, etc.). (pular 1 linha) *Não se esquecer de reservar, conquanto não haja consulta, espaço especí- fico para colocação de doutrina (desde que o candidato tenha conhecimento de alguma) e jurisprudência, que deve ser assim enunciada, por exemplo: “A jurisprudência já se pronunciou no sentido de que o regime integral- mente fechado não compõe com o princípio da individualização da pena (HC nº ... do C. STF ou STJ).” OuDoutrina respeitada sobre este tema é a de Júlio Fabbrini Mirabete. O emi- nente autor entende que... (CP interpretado p. ...,). Obs.: Importante: o candidato só deve citar jurisprudência ou doutrina que conheça, desde que saiba exatamente o nome do livro do autor ou o número do recurso criminal enfrentado pela corte. ou CONCLUSÃO (pular 1 linha) *Este tópico serve para reforçar a sua tese. O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 16 REQUERIMENTO Por tudo que dos autos consta, requer o conhecimento e provimento do recurso para que haja a total reforma da r. sentença condenatória, sendo im- prescindível a imposição da absolvição ao caso em tela, alicerçado no inciso _____ do art. 386 do Código de Processo Penal. OU (pode ser requerida a reforma parcial do julgado recorrido); (pode ha- ver pedido subsidiário); (pode haver pedido alternativo – preliminar e mérito). (pular 1 linha) DE FORMA ALTERNATIVA (pular 1 linha) *Neste tópico, deve-se requerer algo além da absolvição, ou seja, suspen- são condicional da pena; aplicação da pena mínima; perdão judicial; substi- tuição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos; aplicação de regime prisional mais brando. Enfim, a aplicação de benefícios cabíveis ao caso em questão. Local e data (pular 2 linhas) Advogado_____________ OAB/ ____ nº______ *A apelação, em suas razões, pode ser confeccionada com preliminar e mérito, dependendo do caso. Neste caso, haverá, no mínimo, dois pedidos (preliminar e mérito). CASOS REFERENTES À MATÉRIA Guapo morador da cidade de Jaboatão foi denunciado como incurso nas penas do art. 155, § 4º, inciso I do CP, sob a acusação de ter adentrado na residência do senhor Manoel Luiz, com 50 anos de idade, e primário. Guapo subtraiu uma TV. Na polícia, confessou o delito, mas, em juízo, negou o fato, esclarecendo ao magistrado que a confissão ocorreu, pois foi ameaçado pelos policiais. O advogado do acusado apresentou resposta escrita em momento oportuno. Quando ouvidas, as testemunhas arroladas pela acusação nada escla- receram, ao passo que as arroladas pela defesa confirmaram que Guapo é traba- lhador, boa pessoa e não que este não tiveram notícia alguma que este praticou o crime em questão. Quando da fase do art. 402, do CPP, nada foi requerido pelas partes. Na fase do artigo seguinte, o Parquet requereu a condenação do acusado nos exatos termos da denúncia. Após intimado, o defensor do ora acu- sado não apresentou suas alegações finais. Sem tomar qualquer tipo de provi- dência, o magistrado prolatou sentença condenando Guapo e concedendo-lhe sursis. Intimado o réu, de próprio punho recorreu. Questão: Como advogado de Guapo, ofereça as razões recursais. O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 17 CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO Observações preliminares sobre a peça: tal peça serve para contra-arra- zoar, o recurso de apelação, ou seja, uma parte descontente com a sentença proferida ingressa com o recurso de apelação, a outra parte, que foi beneficiada com tal decisão, não quer que ela seja modificada, e com isso ingressa com as contrarrazões de apelação, para combater a tese alegada em sede de apelação, e para requerer que a sentença prolatada não seja reformada. Em verdade, esta peça nada mais é do que uma contestação ao recurso de apelação interposto. Modelo prático *Petição de Juntada Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Egrégia ___ Vara Criminal da Comarca de _________, Estado de São Paulo, (pular 1 linha) Processo nº __/__ (pular 8 linhas) _________, qualificado nos autos em epígrafe, via de seu advogado e procurador que esta subscreve, vem, mui respeitosamente à Douta presença de Vossa Excelência, nos termos do art. 600 do Código de Pro- cesso Penal, requerer a juntada aos presentes autos das contrarrazões do recurso de apelação, ora interposto pelo ilustre representante do Ministério Público. Nestes termos, Pede deferimento. (pular 2 linhas) Local e data (pular 2 linhas) Advogado ___________ OAB/ ____ nº ____ • As contrarrazões seguem o mesmo modo do recurso de apelação, ou seja, a 2ª peça aqui segue o mesmo modo da 2ª peça apresentada em apelação, dividida em fatos, direito e pedido. 9. Casos Referentes à Matéria Evandro, Policial Militar, após cumprir sua jornada de trabalho, estava cami- nhando até sua residência, momento em que avistou um grupo de pessoas nos arredores de um veículo; diante de tal situação, percebeu que ali estava ocor- rendo um roubo e que um dos integrantes do grupo mantinha uma moça na mira de um revólver. Caminhando por trás do meliante, sem ser por este notado, disparou quatro tiros com sua arma particular, vindo, o citado delituoso, a falecer O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 18 no local. Os outros integrantes do grupo lograram êxito em empreender fuga e escaparem. Evandro foi processado e, ao final, absolvido sumariamente em primeiro grau, pois a r. decisão judicial reconheceu que o policial agiu no cum- primento do dever de sua profissão (art. 23, inciso III, 1ª parte, do Código Penal). Descontente com tal decisão, o Ministério Público recorreu pleiteando a reforma da r. decisão. Para tanto alega, em síntese, que o policial estava fora de serviço e que houve excesso no revide, eis que Evandro, disparando quatro tiros do seu revólver, praticamente descarregou-o, pois a arma possuía, ao todo, seis balas. Questão: Advogue para Evandro, apresentando a peça pertinente. 10. Recurso em Sentido Estrito Observações preliminares sobre a peça: “Entendemos, como a maior par- te da doutrina, que o recurso em sentido estrito, segue um rol taxativo, e só cabe nas hipóteses previstas no art. 581 do Código de Processo Penal. Há ainda hipóteses em leis especiais, tais como: da Lei nº 1.521 de 1951 (lei de economia popular); art. 294 do Código de Trânsito; art. 2º, do Decreto-Lei nº 201/1967 e art. 6º da Lei nº 1.508/1951. Modelo Prático (Roteiro de Interposição) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Egrégia ____ Vara Crimi- nal da Comarca de __________, Estado de São Paulo, Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ___ Vara Criminal Federal da Seção Judiciária de ________, Estado de São Paulo, (pular 1 linha) Processo nº __/__ (pular 8 linhas) _________, qualificados nos autos da Ação Penal que lhe move a Justiça Pública, via de seu advogado e procurador que esta subscreve, vem, respeitosamente à Douta presença de Vossa Excelência, dentro do quinquídio legal, com fulcro no art. 581, inciso ___ , do Código de Processo Penal, interpor RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, por não se conformar com a r. ________. Requer que Vossa Excelência se retrate da decisão proferida. Caso entenda por bem mantê-la requer, outrossim, que, juntamente com as razões recursais, os autos sejam encaminhados à Instância Superior (ou que se feito o traslado de peças, nos termos do art. 587 do CPP – nos casos que o RESE “sobe” ao Tribunal por instrumento). O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 19 Nestes termos, Pede deferimento. (pular 2 linhas) Local e data (pular 2 linhas) Advogado ____________ OAB/ ____ nº _____ Razões de RESE Egrégio Tribunal de Justiça, Seção ou Secção Criminal, do Estado de São Paulo, Ou Egrégio Tribunal Regional Federal da ____ Região (pular 2 linhas) Comarca de __________ ou Subsecção Judiciária de _________. Cartório do __ Ofício Criminal ou Secretaria do __ Ofício Criminal. Processo nº __/__ (pular 1 linha) Recorrente: __________ Recorrido: ___________ (pular 3 linhas) DOUTO PROCURADOR, (pular 2 linhas) COLENDA CÂMARA (justiça estadual) COLENDA TURMA (justiça federal) (pular 2 linhas) EMÉRITOS JULGADORES: (pular3 linhas) A r. decisão de fls., não traz aos autos a correta e eficaz aplicação da Justiça, senão vejamos: ou A Justiça não abraça o caso em tela com a r. sentença de fls., o que será demonstrado pelos fatos e fundamentos abaixo aduzidos: ou Revestida de injustiça a r. decisão __________, merecendo ser reformada por esta Corte, senão verifiquemos: (pular 1 linha) Dos Fatos: ou (pular 1 linha) O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 20 DO DIREITO APLICÁVEL À ESPÉCIE (pular 1 linha) CONSIDERAÇÕES DERRADEIRAS ou CONCLUSÃO: (pular 1 linha) REQUERIMENTO (pular 1 linha) Por tudo quanto foi exposto, requer o conhecimento e provimento do pre- sente recurso, com a reforma da r. decisão de fls., com fulcro no inciso ____ , do artigo _____, do Código de Processo Penal. – PODERÁ HAVER PEDIDO ALTERNATIVO/SUBSIDIÁRIO. – PODERÁ HAVER PEDIDO PRELIMINAR. (pular 1 linha) DE FORMA ALTERNATIVA ou ALTERNATIVAMENTE (pular 2 linhas) local e data (pular 2 linhas) Advogado_____________ OAB / ____ nº_______ • O exemplo acima é de razões simples, todavia, existem casos onde, nas razões, serão articuladas preliminares e mérito e, neste caso, devem cons- tar todos os pedidos, ou seja, preliminares, mérito e eventuais subsidiárias. 11. Casos Referentes à Matéria Luminha, após desentendimento com Martinha, saca de um revólver e ati- ra vindo a acertar a perna esquerda desta, mas, de repente, arrepende-se e vai embora. Por causa do ocorrido, o Parquet da cidade de Bebedouro-SP ofereceu denúncia qualificando o fato como tentativa de homicídio, tendo o juiz recebi- do a exordial e o processo seguido seus trâmites normais. Nas vezes em que foi ouvido, Luminha afirma que atirou, mas que se arrependeu, pois tinha a inten- ção de matar Martinha. Passadas as alegações finais, o juiz pronuncia Luminha para responder ao delito perante o Tribunal do Júri, conforme se verifica pela sentença que foi proferida da data de ontem. Questão: Adote o recurso cabível. O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 21 12. Contrarrazões de Recurso em Sentido Estrito Observações preliminares sobre a peça: “As contrarrazões de recurso em sentido estrito, é utilizada, quando nas hipóteses do art. 581 do Código de Pro- cesso Penal, a acusação recorre.” Modelo Prático (petição de juntada) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ____ Vara Criminal da Comarca de __________, Estado de São Paulo, Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ___ Vara Criminal Federal da Seção Judiciária de ________, Estado de São Paulo, (pular 1 linha) Processo nº __/__ (pular 8 linhas) ___________, qualificados nos autos em epígrafe, por intermédio de seu advogado e procurador que a esta subscreve, vem, mui respeitosamente à Douta presença de Vossa Excelência, requerer, nos termos do art. 588 do CPP, a juntada aos autos das CONTRARRAZÕES do Recurso em Sentido Estrito, ora interposto pelo representante do Ministério Público. Nestes termos, Pede deferimento. (pular 2 linhas) Local e data (pular 2 linhas) Advogado _________ OAB / ____ nº ___ • As contrarrazões de Recurso em Sentido Estrito seguem praticamente a mesma forma das razões de Recurso em Sentido Estrito, ou seja, a 2ª peça de contrarrazões aqui é praticamente idêntica às razões de RES; é claro que diferenciando-se por parte de quem está recorrendo. 13. Casos Referentes à Matéria Maria deu à luz, num terreno baldio, e ato contínuo, influenciada pelo estado puerperal e, mediante asfixia mecânica, levou a óbito o filho que acaba- ra de nascer. O representante do Ministério Público tipificou sua ação como sendo homicídio qualificado, frisando o animus necandi da autora. O juiz, O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 22 entretanto, pronunciou-a como incursa nas penas do crime de infanticídio. O Promotor de Justiça não se conformou e recorreu, frisando que o caso era de homicídio qualificado. Questão: Apresente as contrarrazões do recurso interposto pela acusação. 14. Embargos Infringentes e de Nulidade Observações preliminares sobre a peça: “É uma peça que utilizada diante de decisões dos Tribunais (Câmaras ou Turmas) que não são unânimes e des- favoráveis ao réu. Deste modo, caberá o recurso em questão, dos julgamentos de apelação, de recurso em sentido estrito ou de agravo em execução (maioria da doutrina), não unânimes e desfavoráveis ao réu. Caso prático “Ciro” foi processado e condenado pelo MM. Juiz de Direito da 2ª Vara Criminal da Comarca de Barreiras-PI a dois anos de reclusão e multa, por violação ao art. 155, caput, do Código Penal, tendo-lhe sido concedido a sus- pensão condicional da pena pelo tempo legal. “Ciro” em juízo confessou a prática do delito, havendo prova que não ostenta qualquer outro antecedente criminal e tendo, por outro lado, a res furtiva sido avaliada em R$ 10,00. A res- peitável sentença condenatória transitou em julgado para o Ministério Público e “A”, tempestivamente, apelou e arrazoou. Em grau de recurso (Apelação nº 155.099/1), a 11ª Câmara do Tribunal competente negou provimento ao recurso de apelo, contra o voto do juiz revisor. O julgador que entendeu ser o caso de acolher as ponderações da defesa aduziu que, sendo o apelante primá- rio, e de pequeno valor o prejuízo causado, não podia prevalecer a pena corpo- ral, que importaria em contrariar as disposições do § 2º, do art. 155 do Código Penal. O venerando acórdão foi publicado na data de hoje. Questão: adotar a medida cabível, em favor do apelante “Ciro”. Justifique e de a tramitação. Modelo prático Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Relator, da Apelação Cri- minal nº 155.099/1 em trâmite perante a 11ª Câmara Criminal do Egrégio Tribunal de Justiça, do Estado de São Paulo, (pular 1 linha) Apelação nº 155.099/1 (pular 8 linhas ) “Ciro”, qualificado nos autos da apelação em epígrafe, por seu advogado no final assinado, vem respeitosamente à ilustre presença de Vossa Exce- O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 23 lência, tempestivamente, com fundamento no art. 609, parágrafo único, do Código de Processo Penal, opor EMBARGOS INFRINGENTES, ao vene- rando acórdão de fls. ... . Nestes termos, com as razões anexas, Pede e espera deferimento. (pular 2 linhas) Advogado ___________ OAB/ ____ nº_________ EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO, (pular 2 linhas) DOUTO PROCURADOR GERAL DE JUSTIÇA: (pular 2 linhas ) COLENDA CÂMARA (justiça estadual) COLENDA TURMA (justiça federal) (pular 2 linhas) EMÉRITOS JULGADORES: (pular 2 linhas) Muito embora houvesse por bem este E. Tribunal negado provimento ao recurso de apelo, ora interposto, sem unanimidade, a razão está para o voto vencido, como vejamos: (pular 1 linha) DOS FATOS Trata-se de condenação, por infração ao art. 155, caput, do Código Penal, à pena de 2 (dois) anos de reclusão e multa, tendo sido aplicada a suspensão condicional da pena pelo prazo legal. O embargante não ostenta antecedentes criminais, e a res furtiva, laudo de fls. ..., foi avaliada em R$ 10,00 (dez reais). (pular 1 linha) Negou-se provimento ao apelo, votação não unânime. (pular 1 linha) DO VOTO VENCIDO ou DAS RAZÕES DO VOTO VENCIDO (pular 1 linha) O voto vencido do eminente julgador merece transcrição: (pular 1 linha) Aduziu que: “em sendo o apelante primário, e de pequeno valor o prejuízo causado, não podia prevalecer a pena corporal que importaria em contrariar as disposições do § 2º, do art. 155, do Código Penal.” (pular 1 linha) O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 24 Evidente que mantendo-se a decisão, estaríamos por contrariar dispositivolegal, ainda mais sendo reconhecidos pela r. sentença, tais requisitos que tornam o furto privilegiado. (pular 1 linha) Celso Delmanto, em Direitos Públicos Subjetivos do Réu, no Código Pe- nal Comentado, fl. 269, com a propriedade que lhe é inerente, comenta: (pular 1 linha) “Se comprovados os dois requisitos não pode o magistrado deixar de con- cedê-lo, pois, preenchidas as condições que o § 2º prevê, este constitui direito público subjetivo do agente.” (pular 1 linha) Neste sentido, é a sustentação jurisprudencial: (pular 1 linha) “Presentes o binômio, primariedade do réu e pequeno valor da subtração, é indisputável a incidência do disposto no § 2º do art. 155 do Código Penal.” (JUTacrim 79/27) (pular 1 linha) No presente caso, não há como sustentar situação diversa, pois, assim sen- do, estaríamos negando ao embargante um direito que lhe assiste, como bem pondera o voto vencido, em seus argumentos. REQUERIMENTO (pular 1 linha) Assim, requer-se o acolhimento dos embargos, para que prevaleça o voto vencido, aplicando, para tanto, o § 2º do art. 155, do Código Penal. (pular 1 linha). Sendo esta medida certa de Justiça! Local e data. (pular 2 linhas) Advogado _____________ OAB / ____ nº_________ 15. Embargos de Declaração – Endereçado para a 1ª Instância Observações preliminares sobre a peça: “É o famoso embarguinho, se- gundo a praxe informal forense. Tal embargo ataca sentença, que é obscura, ambígua, omissa ou contraditória.” O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 25 Modelo prático Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Egrégia ___ Vara Crimi- nal da Comarca de _________, Estado de São Paulo, Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ___ Vara Criminal da Sub- secção Judiciária de ________, Estado de São Paulo, (pular 1 linha) Processo nº __/__ (pular 8 linhas) __________, qualificado nos autos em epígrafe, via e de seu advogado e procurador que esta subscreve, vem, mui respeito- samente à Douta presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 382 do Código de Processo Penal, opor EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, contra a r. sentença de fls., pelos motivos de fato e de direito que passa a aduzir: (pular 1 linha) DOS FATOS (pular 1 linha) DO DIREITO APLICÁVEL À ESPÉCIE (pular 1 linha) CONSIDERAÇÕES DERRADEIRAS (pular 1 linha) REQUERIMENTO Em face do exposto, requer o embargante: Que haja conhecimento dos embargos, a fim que se declare a ___, ... (pular 1 linha) Nestes termos, Pede deferimento. (pular 2 linhas) Local e data. (pular 2 linhas) Advogado ___________ OAB / ____ nº _____ 16. Casos Referentes à Matéria Paulo, com 22 anos de idade, primário e com emprego fixo, envolveu-se com a prática de crime de roubo, em sua forma tentada. Denunciado, foi pro- cessado e condenado a dois anos de reclusão. O juiz que prolatou a sentença, embora tenha reconhecido a primariedade, no tocante ao sursis, foi omisso, mas concedeu o apelo em liberdade. Questão: Elabore a medida cabível que ataque a omissão da sentença. O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 26 17. Embargos de Declaração – Endereçados para a 2ª Instância Observações preliminares sobre a peça: “Estes embargos, são opostos contra acórdão que possua obscuridade, omissão, contrariedade e ambiguidade.” Modelo prático Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Relator do Recurso Crimi- nal nº ____, no Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (ou Juiz Relator do Recurso Criminal nº ____, do Egrégio Tribunal Regional Federal), (pular 1 linha) Apelação nº __/__ (pular 8 linhas) ___________, outrora qualificado, por intermédio de seu advogado e procurador que esta subscreve, vem, mui respeitosamente à douta presença de Vossa Excelência, opor EMBARGOS DE DECLARA- ÇÃO, com fulcro no art. 619 do Código de Processo Penal, contra o v. acórdão, pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos: (pular 1 linha) DOS FATOS (pular 1 linha) Do Direito (pular 1 linha) REQUERIMENTO Por tudo quanto foi exposto e provado, requer o embargante: Que haja conhecimentos dos embargos, de modo que se declare a ____, (pular 1 linha) Nestes termos, Pede deferimento. (pular 2 linhas) Local e data. (pular 2 linhas) Advogado _________ OAB / ____ nº ___ 18. Casos Referentes à Matéria Vildo, brasileiro, solteiro, foi processado perante a 78ª Vara Criminal da Comarca de Colina-MG, como incurso nas penas do art. 213 do Código Penal. Baseou toda a sua defesa no fato de que, apesar de ter sido reconhecido pela O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 27 vítima, não seria possível ser o autor do crime, uma vez que, no dia dos fatos, estava na cidade do Rio de Janeiro, tendo anexado aos autos notas fiscais de res- taurantes e do hotel em que ficou hospedado. Foi concedido a Vildo o direito de recorrer em liberdade; ele efetivamente apelou ao Tribunal competente, sempre alegando, dentre outras coisas, que não era possível ter ele praticado o crime que fora condenado, pois não se encontrava no Estado de Minas Ge- rais e que a prova juntada aos autos era robusta e insofismável. A decisão do Tribunal, por sua 1ª Câmara, publicada ontem, negou provimento ao recurso interposto por Vildo, salientando seus péssimos antecedentes criminais, e que era sólida a prova acusatória, mas não mencionou a prova carreada aos autos, no que diz respeito às notas fiscais anexadas. Questão: Como advogado de Vildo, elabore a peça que melhor atenda seus interesses. AGRAVO EM EXECUÇÃO Cabimento/Utilização Das Decisões proferidas pelo Juiz da Vara de Execução Criminal (art. 66 da Lei nº 7.210/84) ROTEIRO/ESTRUTURA Interposição dirigida ao Juiz da Vara das Execuções Criminais Razões: ao Egrégio Tribunal (TJ ou TRF). CASOS REFERENTES À MATÉRIA “TICO” foi processado por infração ao art. 157, § 2º, incisos I e II do CP. Foi condenado pela 7ª, 10ª e 22ª Varas Criminais, sendo apenado, em cada uma delas em 5 anos e 4 meses de reclusão, mais pena de multa, tendo como vítimas 3 (três) casas de loteria, todas situadas na Capital. Requereu-se ao juízo competente a unificação de penas, sendo o pedido indeferido sob o fundamento de que, sendo diversas as vítimas que se viram envolvidas no comportamento criminoso do agente, estando em jogo bem jurídico persona- líssimo, não caberia, portanto, a ficção jurídica do crime continuado. Questão: Você como advogado de “Tico”, interponha o recurso competen- te para o caso. LIVRAMENTO CONDICIONAL Fundamento legal Art. 83 e seguintes, do Código Penal, c.c. o art. 131 e seguintes da Lei nº 7.210/1984. Forma/Estrutura É formada por uma única peça que, necessariamente, deverá ser instruída com documentos, por exemplo, atestado de conduta e permanência carcerária, proposta de emprego, etc. O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 28 Requisitos para a obtenção do Livramento Condicional: – condenação igual ou superior a 2 anos; – que o condenado que estiver preso tenha cumprido mais de um terço da pena (regra); – no caso de condenado reincidente em crime doloso, o preso deve ter cumprido mais da metade da pena; – no caso do condenado em crime hediondo deve ter cumprido mais de dois terços da pena, desde que não seja reincidente específico. – comprovação de bom comportamento carcerário, bom desempenho no trabalho e aptidão para prover a própria subsistência com atividade honesta; – reparação do dano causado pelo delito, salvo demonstração de total im- possibilidade de fazê-lo; – crime praticado com violência ou grave ameaça contra a pessoa; de- verá demonstrar que não voltará a delinquir; – o preso devepreencher os requisitos objetivos e subjetivos; – poderá ainda ser determinada a realização de exame criminológico, conforme jurisprudência do STF e STJ (Súmula nº 439). Caso Prático Artur foi condenado a cinco anos de reclusão pela prática do roubo, sendo que determinada decisão já transitou em julgado. Já cumpriu mais de um terço da pena preso. Possuiu em seu favor um bom comportamento carcerário, não sendo reincidente, e ainda trabalhando internamente no presídio. Questão: Adotar a medida judicial cabível para a soltura de Artur. Modelo Prático Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara das Execuções Criminais da Comarca de_________, Estado de Minas Gerais, (pular 1 linha) Execução nº___ (pular 8 linhas) ARTUR, já qualificado nos autos da execução supra, por seu advogado, que esta subscreve, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fun- damento no art. 83 e seguintes do Código Penal, c/c com o art. 131 e seguintes da Lei nº 7.210/1984 requerer LIVRAMENTO CONDICIONAL pelos mo- tivos de fato e de direito a seguir aduzidos: (pular 1 linha) DOS FATOS O requerente foi condenado ao cumprimento de 5 anos de reclusão, pelo fato de ter sido provado ser ele o autor do crime de roubo, sendo que, tal deci- são já transitou em julgado (doc. 1). (pular 1 linha) O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 29 DO DIREITO Da pena imposta, o requerente já cumpriu um terço integralmente preso, fato este que pode ser verificado pelo cálculo de liquidação de pena às fls. ..., e certidão de permanência carcerária (doc. 2). (pular 1 linha) Durante o período em cárcere, o requerente manteve bom comportamento e trabalhou internamente; fatos comprovados pela certidão de conduta carce- rária e atestado de trabalho (docs. 3 e 4). (pular 1 linha) Com relação aos antecedentes, certo que o requerente não é reincidente, segundo consta pela certidão de antecedentes criminais (doc. 5). (pular 1 linha) Possui, graças a sua aptidão ao trabalho, promessa de emprego para quando sair do presídio (doc. 6), e comprova também que possui moradia certa (doc. 7). (pular 1 linha) Segundo dispõe o art. 83 do CP, tem direito ao livramento condicional o condenado primário que preencher os seguintes requisitos legais (copiar art. 83 CP e incisos correspondentes ao caso): (pular 1 linha) No caso em questão, o requerente já cumpriu mais de 1/3 (um terço) da pena imposta além de preencher os demais requisitos legais, o que lhe dá o direito a obter o livramento condicional, haja vista tratar-se de direito seu e não faculdade judicial. (pular 1 linha) Desta forma, presentes os requisitos legais, é medida de Justiça a concessão do livramento condicional ao requerente. DOS PEDIDOS Em face do exposto, requer a Vossa Excelência, após parecer do ilustre representante do Ministério Público, a concessão do pedido de livramento con- dicional, prosseguindo-se nas demais formalidades legais, com a expedição de carteira em favor do requerente. (pular 1 linha) Nestes termos, Pede e espera deferimento. (pular 2 linhas) Local e data (pular 2 linhas) Advogado__________ OAB/ ____ nº________ O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 30 19. Queixa-crime Observações preliminares sobre a peça: Sempre que se falar em queixa, estar-se-á tratando da petição inicial da ação penal de iniciativa privada, assim como a denúncia é a petição inicial da ação penal pública. Modelo prático Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito ou Juiz Federal da Egrégia ___ Vara Criminal da Comarca ou Subsecção Judiciária de _____, Estado de São Paulo, (pular 8 linhas) ________, brasileiro, estado civil ____, profissão ____, portador da Cédula de Identidade RG nº ____, e do CPF/MF nº ____, residente e domiciliado na Rua ______, nº ___, na cidade de ______, via de seu advogado e procura- dor que a esta subscreve (procuração específica inclusa), vem, mui respeito- samente à Douta presença de Vossa Excelência, oferecer QUEIXA-CRIME, nos moldes do art. 41 do Código de Processo Penal contra ______, brasileiro, estado civil ____, profissão ____, portador da Cédula de Identidade RG nº ____, e do CPF/MF nº ____, residente e domiciliado na Rua ______, nº ___, na cidade de _______, pelos motivos que a seguir aduz: (pular 1 linha) OS FATOS (pular 1 linha) (narre de forma ordeira os fatos ocorridos, inclusive citando o dispositivo legal infringido, pulando 1 linha de um parágrafo a outro) DO DIREITO Além de enfrentar a tese, o candidato deve citar respectivo artigo de lei, súmula, etc. REQUERIMENTO (pular 1 linha) Por tudo quanto restou exposto, tendo o querelado infringido o artigo ___ do Código Penal, requer a Vossa Excelência: O recebimento da presente; Que se colha a manifestação do representante do Parquet; A citação do querelado e intimação para os demais atos processuais, até final julgamento, momento em que deverá ser condenado, observando-se o disposto no art. 529 do Código de Direito Processual Penal; Outrossim, que haja a fixação de valor mínimo de indenização pelos pre- juízos causados ao querelante, nos termos do art. 387, IV do CPP; Notificação das testemunhas, cujo rol segue abaixo. (pular 1 linha) O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 31 ROL DE TESTEMUNHAS: 1 – nome, qualificação, endereço. 2 – nome, qualificação, endereço. 3 – nome, qualificação, endereço. (pular 1 linha) Nestes termos, Pede deferimento. (pular 1 linha) Local e data (pular 1 linha) Advogado ______________ OAB / ____ nº _______ PROCURAÇÃO ESPECÍFICA (pular 8 linhas) ____________, brasileiro, estado civil _____, profissão _____, portador da Cédula de Identidade RG nº _____, e do CPF/MF nº _____, residente e domi- ciliado na Rua ______, nº ___, na cidade de _______, nomeia e constitui seu advogado e procurador o Dr. __________, brasileiro, estado civil _____, advo- gado, OAB/SP nº _____, com escritório profissional na Rua ______, nº ___, na cidade de _______, a quem confere todos os poderes, inclusive os da cláusula ad judicia e, especialmente, para propor queixa-crime contra: _______, bra- sileiro, estado civil _____, profissão _____, portador da Cédula de Identida- de RG nº _____, e do CPF/MF nº ______, residente e domiciliado na Rua ______, nº ___, na cidade de _______, pelo fato a seguir: (narrar os fatos com clareza e objetividade – breve relato dos fatos) (pular 1 linha) Local e data (pular 1 linha) Assinatura do Cliente (Querelante) 20. Casos Referentes à Matéria Múrcio, separado judicialmente, presidente da Associação dos Médicos da cidade de Ribeirão Preto-SP, teve sua honra afrontada por pessoas que são seus inimigos políticos. Tais pessoas são os também médicos, Drs. Habib e Tício que, usualmente fazem fortes críticas e restrições à sua gestão. Desta vez, citados oponentes enviaram uma circular a todos os outros associados, onde fizeram severas acusações à pessoa do então presidente. Dentre outras coisas, disseram que o Dr. Múrcio era safado e pilantra, e que habitualmente se apropriava de dinheiro que não era seu. Questão: Apresente a peça cabível para a defesa dos interesses de Múrcio. O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 32 21. Relaxamento de Prisão em Flagrante Observações preliminares sobre a peça: “A peça em tela é utilizada quan- do a prisão em flagrante possui mácula. Há uma prisão em flagrante ilegal, contendo vícios ou irregularidades, tal como flagrante preparado, provocado dentre outras hipóteses.” Fundamentos Legais O relaxamento de prisão em flagrante tem amparo de nossa Carta Política, em seu art. 5º, inciso LXV e art. 310, I do CPP. Endereçamento Da mesma forma quea Liberdade Provisória, esta peça é encaminhada à 1ª instância (a um Juiz de Direito Competente de uma Vara Criminal, ou a um Juiz Federal). Denominação do postulante Também, na mesma esteira da Liberdade Provisória, o indivíduo que ingressa – via procurador – com o pedido de Relaxamento de Prisão em Flagrante recebe a denominação de REQUERENTE. Prazo Como, na Liberdade Provisória, o pedido de Relaxamento de Prisão em Flagrante não possui momento oportuno para ser requerido, podendo ser feito enquanto perdurar a situação de ilegalidade. Hipótese Essa peça é utilizada em casos em que haja prisão em flagrante ilegal, ou seja, quando o auto e prisão em flagrante possuir irregularidades, como no caso em que a pessoa após cometer algum crime se apresenta espontaneamente e é presa em flagrante delito, ou então quando não é realizada a entrega de nota de culpa no prazo de 24 horas, após a prisão. Forma Compõe-se de uma única peça, onde serão demonstradas as máculas exis- tentes no auto de prisão em flagrante. Não se discute o mérito da causa. Observações imprescindíveis Caberá relaxamento de prisão em flagrante em casos de prisão ilegal, ou seja, o auto de prisão em flagrante conterá vícios, como no caso do flagrante preparado, ou quando não é expedida e entregue ao indiciado sua nota de culpa, dentre outros. A ilegalidade da prisão é imprescindível. A diferença desta peça para com a liberdade provisória é que no relaxamento o auto de prisão em fla- grante a prisão é ilegal, já na liberdade provisória a prisão é legal, porém, o preso possui os requisitos inerentes à concessão de tal liberdade. Atenção: PODEM SER CUMULADOS OS PEDIDOS DE RELAXAMENTO DE O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 33 FLAGRANTE E LIBERDADE PROVISÓRIA, QUANDO, SIMULTANEA- MENTE, HOUVER VÍCIO DO FLAGRANTE E ESTIVEREM AUSEN- TES OS REQUISITOS DA PRISÃO PREVENTIVA. Casos práticos A – preso em flagrante delito, não houve a expedição da nota de culpa. B – policiais preparam o flagrante, vindo a autuar o indivíduo em fla- grante delito. Modelo prático Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ____ Vara Criminal da Comarca de _______________, Estado de São Paulo, (pular 2 linhas) Processo nº __/__ (pular 8 linhas) ________, qualificado nos autos de prisão em flagrante em epígrafe, via de seu advogado e procurador que esta subscreve (procuração inclusa), vem, mui respeitosamente à Douta presença de Vossa Excelência, requerer RELAXA- MENTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE, com fulcro no art. 5º, inciso LXV, da Constituição Federal c/c o art. 310, I do CPP, pelos fatos e fundamentos que a seguir aduz: (pular 1 linha) DO AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE (pular 1 linha) (especificar os motivos da prisão e os vícios do auto, tudo de acordo com os dados fornecidos pelo caso sorteado). Do Direito – Ausência de situação flagrancial (ou vício formal do flagrante) (pular 1 linha) (especificar toda a matéria de direito, jurisprudência, súmulas etc. ...) REQUERIMENTO (pular 1 linha) Assim sendo, requer: Vista ao ilustre representante do Ministério Público; A concessão do pedido, determinando o relaxamento da prisão ilegal noticiada; A expedição do competente alvará de soltura, em favor do requerente. Termos em que, Pede deferimento. (pular 2 linhas) Local e data (pular 2 linhas) Advogado ______________ OAB / SP nº ________ O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 34 22. Casos Referentes à Matéria 3 – (FGV/OAB – 1) No dia 10 de março de 2011, após ingerir um litro de vinho na sede de sua fazenda, José Alves pegou seu automóvel e passou a con- duzi-lo ao longo da estrada que tangencia sua propriedade rural. Após percor- rer cerca de dois quilômetros na estrada absolutamente deserta, José Alves foi surpreendido por uma equipe da Polícia Militar que lá estava a fim de procurar um indivíduo foragido do presídio da localidade. Abordado pelos policiais, José Alves saiu de seu veículo trôpego e exalando forte odor de álcool, oportunidade em que, de maneira incisiva, os policiais lhe compeliram a realizar um teste de alcoolemia em aparelho de ar alveolar. Realizado o teste, foi constatado que José Alves tinha concentração de álcool de um miligrama por litro de ar expe- lido pelos pulmões, razão pela qual os policiais o conduziram à Unidade de Polícia Judiciária, onde foi lavrado Auto de Prisão em Flagrante pela prática do crime previsto no art. 306 da Lei nº 9.503/1997, c/c art. 2º, inciso II, do Decreto nº 6.488/2008, sendo-lhe negado no referido Auto de Prisão em Flagrante o direito de entrevistar-se com seus advogados ou com seus familiares. Dois dias após a lavratura do Auto de Prisão em Flagrante, em razão de José Alves ter permanecido encarcerado na Delegacia de Polícia, você é pro- curado pela família do preso, sob protestos de que não conseguiram vê-lo e de que o delegado não comunicara o fato ao juízo competente, tampouco à Defesnoria Pública. Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, na qualidade de advogado de José Alves, redija a peça cabível, exclusiva e advogado, no que tange à liberdade de seu cliente, questionando, em juízo, eventuais ilegalidades praticadas pela Autori- dade Policial, alegando para tanto toda a matéria de direito pertinente ao caso. 23. Gabarito Comentado O examinando deverá redigir uma petição de relaxamento de prisão, fun- damentado no art. 5º, LXV, da CRFB/1988, ou art. 310, I, do CPP (embora os fatos narrados na questão sejam anteriores à vigência da Lei nº 12.403/2011, a Banca atribuirá a pontuação relativa ao item também ao examinando que indicar o art. 310, I, do CPP como dispositivo legal ensejador ao pedido de relaxamento de prisão. Isso porque estará demonstrada a atualização jurídica acerca do tema), a ser endereçada ao Juiz de Direito da Vara Criminal. Na petição, deverá argumentar que: 1. O auto de prisão em flagrante é nulo por violação ao direito à não autoin- criminação compulsória (princípio do nemo tenetur se detegere), previsto no art. 5º, LXIII, da CRFB/1988 ou art. 8º, 2, “g” do Decreto nº 678/1992. O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 35 2. A prova é ilícita em razão da colheita forçada do exame de teor alcoólico, por força do art. 5º, LVI, da CRFB/1988 ou art. 157 do CPP. 3. O auto de prisão em flagrante é nulo pela violação à exigência de comu- nicação da medida à Autoridade Judiciária, ao Ministério Público e à Defenso- ria Pública dentro de 24 horas, nos termos do art. 306, § 1º, do CPP ou art. 5º, LXII, da CRFB/1988, ou art. 6º, inciso V, c/c. art. 185, ambos do CPP (a banca também convencionou aceitar como fundamento o art. 306, caput, do CPP, considerando-se a legislação da época dos fatos). 4. O auto de prisão é nulo por violação ao direito à comunicação entre o preso e o advogado, bem como familiares, nos termos do art. 5º, LXIII, da CRFB ou art. 7º, III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil ou art. 8º, 2, “d” do Decreto nº 678/1992. Ao final, o examinando deverá formular pedido de relaxamento de prisão em razão da nulidade do auto de prisão em flagrante, com a consequente expe- dição de alvará de soltura. Exercícios 1. José da Silva foi preso em flagrante pela polícia militar quando trans- portava em seu carro grande quantidade de drogas. Levado pelos policiais à delegacia de polícia mais próxima, José telefonou para seu advogado, o qual requereu ao delegado que aguardasse sua chegada para lavrar o flagrante. Enquanto esperavam o advogado, o delegado de polícia conversou informalmente com José, o qual confessou que pertencia a um grupo que se dedicava ao tráfico de drogas e declinou o nome de outras cinco pessoas que participavam dessegrupo. Essa conversa foi gravada pelo delegado de polícia. Após a chegada do advogado à delegacia, a autoridade policial permi- tiu que José da Silva se entrevistasse particularmente com seu advo- gado e, só então, procedeu à lavratura do auto de prisão em flagrante, ocasião em que José foi informado de seu direito de permanecer cala- do e foi formalmente interrogado pela autoridade policial. Durante o interrogatório formal, assistido pelo advogado, José da Silva optou por permanecer calado, afirmando que só se manifestaria em juízo. Com base na gravação contendo a confissão e delação de José, o Delegado de Polícia, em um único ato, determina que um de seus policiais atue como agente infiltrado e requer, ainda, outras medidas cautelares investigativas para obter provas em face dos demais mem- bros do grupo criminoso: O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 36 1. quebra de sigilo de dados telefônicos, autorizada pelo juiz com- petente; 2. busca e apreensão, deferida pelo juiz competente, a qual logrou apreender grande quantidade de drogas e armas; 3. prisão preventiva dos cinco comparsas de José da Silva, que es- tavam de posse das drogas e armas. Todas as provas coligidas na investigação corroboraram as informações fornecidas por José em seu depoimento. Relatado o inquérito policial, o promotor de justiça denunciou to- dos os envolvidos por associação para o tráfico de drogas (art. 35, Lei nº 11.343/2006), tráfico ilícito de entorpecentes (art. 33, Lei nº 11.343/2006) e quadrilha armada (art. 288, parágrafo único). Considerando tal narrativa, excluindo eventual pedido de aplicação do instituto da delação premiada, indique quais as teses defensivas, no plano do direito material e processual, que podem ser arguidas a partir do enunciado acima, pela defesa de José. Indique os dispositi- vos legais aplicáveis aos argumentos apresentados. 2. Caio, funcionário público, ao fiscalizar determinado estabelecimento comercial exige vantagem indevida. A qual delito corresponde o fato narrado: I. se a vantagem exigida servir para que Caio deixe de cobrar tributo devido; II. se a vantagem, advinda de cobrança de tributo que Caio sabia não ser devida, for desviada para proveito de Caio? 3. Pedro, almejando a morte de José, contra ele efetua disparo de arma de fogo, acertando-o na região toráxica. José vem a falecer, entretanto, não em razão do disparo recebido, mas porque, com intenção suicida, havia ingerido dose letal de veneno momentos antes de sofrer a agressão, o que foi comprovado durante instrução processual. Ainda assim, Pedro foi pronunciado nos termos do pre- visto no art. 121, caput, do Código Penal. Na condição de Advogado de Pedro: I. indique o recurso cabível; II. o prazo de interposição; III. a argumentação visando à melhoria da situação jurídica do defendido. Indique, ainda, para todas as respostas, os respectivos dispositivos legais. 4. Aurélio, tentando defender-se da agressão a faca perpetrada por Berilo, saca de seu revólver e efetua um disparo contra o agressor. O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 37 Entretanto, o disparo efetuado por Aurélio ao invés de acertar Be- rilo, atinge Cornélio, que se encontrava muito próximo de Berilo. Em consequência do tiro, Cornélio vem a falecer. Aurélio é acusado de homicídio. Na qualidade de advogado de Aurélio, indique a tese de defesa que melhor se adequa ao fato. Justifique sua resposta. 5. Lucas, processado em liberdade, foi condenado na 1ª instância à pena de 05 (cinco) anos em regime integralmente fechado, pelo cri- me de tráfico de drogas, cometido em setembro de 2006. Interpôs Recurso de Apelação o qual foi parcialmente provido. O Tribunal alterou apenas o dispositivo da sentença que fixava o regime em integralmente fechado para inicialmente fechado. Após o trânsito em julgado, Lucas deu início ao cumprimento de pena em 10 de fevereiro de 2009. O juízo da execução, em 10 de outubro de 2010, negou a progressão de regime sob o fundamento de que Lucas ainda não havia cumprido 2/5 da pena, em que pese os demais requisitos tenham sido preenchidos. Diante dos fatos e da decisão acima exposta, sendo que sua intima- ção, na condição de Advogado de Lucas, ocorreu em 11/10/2010: I. indique o recurso cabível. II. apresente a argumentação adequada, indicando os respectivos dispositivos legais. 6. Lauro foi denunciado e, posteriormente, pronunciado pela prática dos crimes previstos no art. 121, § 2º, incisos II e IV, em concurso material com o art. 211, todos do Código Penal Brasileiro (CPB). Em 24/6/2008, Lauro foi regularmente submetido a julgamento pe- rante o tribunal do júri. A tese de negativa de autoria não foi acolhida pelo conselho de sentença e Lauro foi condenado pelos dois crimes, tendo o juiz fixado a pena em 16 anos pelo homicídio qualificado e, em 3 anos, pela ocultação de cadáver. O Ministério Público não recorreu da decisão. A defesa ficou inconformada com o resultado do julgamento, por entender que havia prova da inocência do réu em relação aos dois crimes e que a pena imposta foi injusta. Considerando a situação hipotética apresentada, indique, com os devidos fundamentos jurídicos: – o recurso cabível à defesa de Lauro; – a providência jurídica cabível na hipótese de o juiz denegar o recurso. 7. Qual a diferença entre “furto privilegiado”, com objeto de pequeno valor e atipicidade do fato em caso de subtração em caso de princípio da insignificância ? Explique e fundamente sua resposta. O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 38 Gabarito 1. Gravação informal obtida pelo delegado de polícia constitui prova ilícita, já que o preso tem o direito de ser informa- do dos seus direitos, dentre os quais o de permanecer calado (art. 5º, inciso LXIII, Consti- tuição). O depoimento poli- cial é um ato formal e, segun- do o art. 6º, V, deve observar as regras para a oitiva do acu- sado na fase judicial, previstas no Capítulo III, Título VII do Código de Processo Penal. Como as demais provas foram obtidas a partir do depoimento que constitui prova ilícita, de- vem igualmente ser considera- das ilícitas (art. 157, § 1º, Có- digo de Processo Penal). 2. A infiltração de agente policial, conforme determina o art. 53, I da Lei nº 11.343/2006, só pode ser determinada median- te autorização judicial e oitiva do Ministério Público. 3. Não se admite a acumulação das acusações de quadrilha e as- sociação para o tráfico, já que as duas redações típicas com- preendem as mesmas ações objetivas (estabilidade na co- munhão de ações e desígnios para a prática de crimes). O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 39 2. Art. 3º da Lei nº 8.137/1990 e excesso de exação qualificada – art. 316, § 2º, do CP. Justificativa: A exigência de van- tagem indevida por funcionário público em razão de sua fun- ção caracteriza, em princípio, o delito de concussão. A Lei nº 8.137/1990, a lei dos crimes contra a ordem tributária, criou, no que interessa à questão, dois tipos novos: inseriu no art. 316 do Código Penal dois parágra- fos, criando o excesso de exação – nas hipóteses em que a vanta- gem indevida for ela mesma um tributo ou contribuição social indevida –, e sua forma qualifi- cada, que se dá quando a vanta- gem é apropriada pelo agente. O outro novel tipo penal está no art. 3º da Lei nº 8.137/1990, que tipifica uma forma específica de concussão: a exigência de van- tagem indevida para deixar de cobrar tributo devido. 3. (i) Recurso em Sentido Estrito, nos termos do art. 581, IV, do Código de Processo Penal; (ii) 5 dias, nos termos do art. 586, do Código de Processo Penal; (iii) deveria ser requerida a desclas- sificaçãode crime consumado para tentado, já que a ação de Pedro não deu origem à morte de José. Trata-se de hipótese de concausa absolutamente inde- pendente preexistente. Artigo 13, do Código Penal. 4. Trata-se o presente caso de um erro na execução (art. 73 do CP, 1ª parte), atendendo-se, confor- me o citado artigo, ao disposto no § 3º do art. 20 do Código Penal. Por outro lado, verifica-se que Au- rélio ao efetuar o disparo agiu em legítima defesa (art. 25 do CP) própria e real. Entretanto, por um erro acertou pessoa diversa (Cornélio) do agressor (Berilo). Mesmo assim, não fica afastada a legítima defesa posto que de acor- do com o art. 20, § 3º do CP “não se consideram, neste caso, as con- dições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime”. Levando-se, ainda, em considera- ção o fato de que Aurélio agiu em defesa de uma agressão injusta e atual, utilizando-se, ainda, dos meios necessários e que dispunha para se defender. 5. (a) Recurso Cabível: Agravo em Execução (valor 0,2), nos termos do previsto no art. 197, da Lei nº 7.210/1984 (valor 0,1); (b) Fun- damentação: Com o advento da Lei nº 11.464/2007, restou legal- mente instituída a possibilidade de progressão de regime nos cri- mes hediondos e equiparados, respeitando, assim, o princípio constitucional da individualiza- ção da pena. A mencionada lei fixou prazo diferenciado para tais delitos, afastando o critério de cumprimento de 1/6 da pena, O AB 2 ª fa se – D ire ito P en al 40 determinando o cumprimen- to de 2/5, para primários e 3/5, para reincidentes. No entanto, no caso em comento, o delito fora cometido antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464/2007, sendo esta prejudicial ao réu no que tange ao prazo para progres- são, razão pela qual não poderá ser aplicada retroativamente. Logo, quando do pedido perante o juízo da execução, Lucas já havia cumprido o requisito ob- jetivo exigido para a progressão de regime, ou seja, 1/6, devendo ser concedido, nos termos do art. 112, da Lei nº 7.210/1984. O re- querimento deve ser de progres- são de regime. Pontuação para argumentação 0,5. Pontuação para indicação dos dispositivos legais.
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