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RESUMO P2 Sistema Digestório II CAROLINA CAVALCANTE 105 Anatomia topográfica Andar supramesocólico Bases fisiopatológicas ✔Fisiopatologia da diarreia/ má absorção intestinal. Casos clínicos. Clínica ✔Doença inflamatória intestinal e síndrome do intestino irritável. Casos clínicos. Farmacologia ✔Motilidade intestinal e doença inflamatória crônica. Patologia Intestino: ✔Má absorção e doenças inflamatórias. ✔Retrocolite ulcerativa inespecífica. ✔Apendicite aguda. ✔Tumores intestinais. ✔Adenomas túbulo-vilosos do cólon. Clínica ✔Câncer de cólon: grupos de risco, rastreamento e vigilância. Colonoscopia. Cirurgia do aparelho digestivo ✔Exame proctológico/ doenças orificiais. Cirurgia do aparelho digestivo ✔Neoplasias de cólon e reto. ✔Doença inflamatória intestinal e doenças diverticulares. Referências: Anatomia topográfica – anotações de aula + placas. Bases fisiopatológicas – Clínica Médica HCFMUSP. Clínica – Clínica Médica HCFMUSP. Patologia – Robbins. Farmacologia – anotações de aula. Cirurgia – vídeos + anotações de aula. INTESTINO Anatomia topográfica ► Embriologia do intestino médio e posterior. Intestino médio: região caudal do duodeno, jejuno, íleo, ceco, cólon ascendente, 2/3 do cólon transverso. Intestino posterior: 1/3 do cólon transverso, cólon sigmoide, reto. O intestino médio começa a se desenvolver por volta da 5ª/ 6ª semana de gestação. 1 – Crescimento da alça intestinal. 2 – Herniação (saída da cavidade abdominal). Invasão do cordão umbilical pela alça intestinal em extensão. 3 – Rotação 90º em sentido anti-horário. A alça intestinal média tem dois ramos: um ramo cranial, que forma as alças do intestino delgado, e um ramo caudal, onde se desenvolve o divertículo do ceco, que é primórdio do ceco e do apêndice. Desenvolvimento do ceco e do apêndice. O ceco e o apêndice vermiforme surgem na 6ª semana. Surge um intumescimento no ramo caudal do intestino médio chamado de divertículo cecal. Esse intumescimento não cresce tão rapidamente quanto o resto do intestino médio, assim o apêndice é um pequeno divertículo do ceco. Nos recém- nascidos, é um tubo vermiforme, relativamente longo, que surge na extremidade caudal do ceco. Após o nascimento, cresce de modo desigual, passando a entrar pelo lado medial. Ao redor da 9ª/ 10ª semana de gestação, o intestino delgado, formado pelo ramo cranial da alça intestinal média, retorna primeiro e ocupa a parte central do abdômen e o intestino grosso, ao retornar, sofre uma rotação adicional de 180º no sentido anti-horário e ocupa o lado direito do abdômen. Fixação dos intestinos. A fixação do mesentério dorsal na parede abdominal posterior é modificada após retorno dos intestinos à cavidade abdominal, pois os intestinos dilatados, alongados e em suas posições finais, possuem seus mesentérios pressionados contra a parede abdominal posterior. Ocorre a fusão e o desaparecimento do mesentério do colo ascendente e a reabsorção do mesentério duodenal, tornando o colo ascendente e o duodeno, exceto seus 2,5 cm iniciais derivados do intestino anterior, retroperitoneais. O jejuno e o íleo mantêm seus mesentérios. Após o desaparecimento do mesentério do colo ascendente, o mesentério do intestino delgado que está inicialmente preso ao plano mediano da parede abdominal posterior, adquire uma nova linha de fixação que passa da junção duodeno-jejunal, ínfero-lateralmente, para a junção íleo-cecal. Embriologia do intestino posterior. A porção terminal do intestino posterior, a cloaca, é inicialmente comum aos sistemas urinário e digestório. O crescimento do septo em direção à membrana cloacal divide a cloaca em 2 partes: • Reto e parte cefálica do canal anal – dorsalmente. • Seio urogenital ventralmente. A ruptura da membrana cloacal ocorre na 8ª semana. Correlações clínicas. • Onfalocele. • Hérnia umbilical congênita – não recolhimento do intestino da • área umbilical. • Rotação anormal do intestino: volvo. • Megacólon congênito – ausência de gânglios mioentéricos. • Ânus imperfurado devido à não perfuração da membrana cloacal ou ao desenvolvimento inadequado do septo urorretal. • Fístulas anais. ► Intestino grosso. É composto pelo ceco, cólon ascendente, transverso, descendente e sigmoide. A estratigrafia histológica é formada por camada mucosa, submucosa, muscular lisa longitudinal (tênias) e circular e serosa. As principais funções do intestino grosso são a reabsorção de água e eletrólitos e a formação do bolo fecal. Diferenciação com o intestino delgado: • 3 tênias: omental, mesocólica e livre. • Haustrações. • Pregas semilunares. • Apêndices epiplóicos. • Calibre. Irrigação: aa. mesentéricas superior e inferior e seus ramos (origem a. aorta abdominal). Drenagem venosa: vv. mesentéricas superior (tributária da v. porta) e inferior (tributária da v. esplênica). Drenagem linfática: linfonodos mesentéricos superiores e inferiores. Inervação: plexos mesentéricos superior, inferior e plexo hipogástrico superior. Ceco. É uma bolsa intestinal cega localizada na fossa ilíaca direita. Irrigado pela a. ileocólica e seus ramos (origem na a. mesentérica superior). Drenagem venosa pela v. ileocólica e seus ramos. Drenagem linfática pelos linfonodos mesentéricos superiores. Inervação pelo plexo mesentérico superior. Cólon ascendente. Normalmente aderido firmemente à parede lateral direita. Flexura cólica direita normalmente mais inferior, móvel e com angulação mais aberta. Irrigado pela a. ileocólica e cólica direita e seus ramos (origem na a. mesentérica superior). Drenagem venosa pela v. ileocólica e cólica direita e seus ramos. Drenagem linfática pelos linfonodos mesentéricos superiores. Inervação pelo plexo mesentérico superior. Cólon transverso. Irrigação: 2/3 iniciais = cólon ascendente e 1/3 final = cólon descendente. aa. cólicas direita, média e esquerda e seus ramos. Drenagem venosa: 2/3 iniciais = colón ascendente e 1/3 final = colón descendente. vv. cólicas direita, média e esquerda e suas tributárias. Drenagem linfática: 2/3 iniciais = colón ascendente e 1/3 final = colón descendente. Inervação: 2/3 iniciais = colón ascendente e 1/3 final = colón descendente. Cólon descendente. Normalmente aderido firmemente à parede lateral esquerda. Flexura cólica direita normalmente mais superior, fixa (ligamento frenocólico) e com angulação mais fechada. Irrigado pela a. cólica esquerda e seus ramos (origem na a. mesentérica inferior). Drenagem venosa pela v. cólica esquerda e seus ramos. Drenagem linfática pelos linfonodos mesentéricos inferiores. Inervação: plexo hipogástrico superior. Cólon sigmoide. Localizado entre a fossa ilíaca esquerda e o hipogástrio. Possui mesocólon e, portanto, grande mobilidade. Irrigação: ramos sigmoides (origem a. mesentérica inferior). Drenagem venosa: vv. sigmoides (tributária da v. mesentérica inferior). Drenagem linfática: linfonodos mesentéricos inferiores. Inervação: plexo hipogástrico superior. ► Apêndice. Divertículo intestinal cego de 6-10 cm de comprimento. Conteúdo: massa de tecido linfoide. Origem na face póstero-medial do ceco, inferiormente à junção ileocecal (confluência das tênias). Mesoapêndice. Posição variável. Em 64% das pessoas a posição do apêndice é retrocecal. Em 32% das pessoas o apêndice está localizado na pelve. Apendicite. Inicialmente: quadro de dor difusa periumbilical. Migração da dor para o quadrante inferior direito. Náuseas, vômitos.Sinais sistêmicos (febre, leucocitose). Sinais atípicos: disúria, polaciúria, tenesmo, diarreia. Sinais: palpação do ponto de McBurney, do Psoas, do Obturador e de Rovsing. Diarreia e má absorção intestinal ► Diarreia crônica Introdução e definição. Aumento do número de evacuações (≥ 3x/ dia) associado à diminuição da consistência das fezes. A manutenção do quadro por um período superior a 4 semanas caracteriza uma diarreia crônica. Fisiologia. Íons e água movem-se bidireccionalmente através da mucosa intestinal, provocando absorção ou secreção de líquidos no intestino. Cerca de 8 a 10 L de líquidos passam diariamente pelo trato gastrointestinal, mas apenas 100 mL são eliminados nas fezes. A função motora do intestino visa facilitar a digestão e absorção de nutrientes e fluidos. As contrações do cólon resultam em segmentação e mistura do bolo fecal, ocorrendo, ocasionalmente, contrações de alta amplitude responsáveis pela propagação do bolo fecal. A diarreia é uma manifestação clínica relativamente comum decorrente de alterações na absorção, na secreção ou na motilidade intestinal. Etiopatogenia. De modo geral, a diarreia resulta do somatório de mais de um dos seguintes fatores: • Inflamação da mucosa. • Formação de gradiente osmótico. • Secreção de íons. • Causas iatrogênicas. • Má absorção de nutrientes. • Alteração da motilidade. Como investigar. 1. História da moléstia atual: deve-se questionar o número de evacuações e a consistência e características das fezes. Deve-se diferenciar diarreia de incontinência fecal. Um dos diagnósticos diferenciais importantes, em decorrência de sua alta frequência, é a síndrome do intestino irritável; sinais e sintomas que sugiram ou afastem essa possibilidade devem ser cuidadosamente observados: • Presença de sangue nas fezes. • Evacuações noturnas. • Emagrecimento. • Investigações anteriores. • Tempo de evolução. • Padrão de diarreia (contínua ou intermitente). • Idade superior a 50 anos. • Associação com dor abdominal e suas características. 2. Características das fezes: Diarreias com pequeno número de evacuações ao dia, porém volumosas, com odor fétido e presença de gordura e alimentos não digeridos sugerem uma origem alta, com comprometimento da absorção e digestão dos alimentos. Diarreias em pequena quantidade, com presença de sangue vermelho vivo e acompanhadas de puxo ou tenesmo sugerem o comprometimento do cólon distal por neoplasia ou inflamação. Diarreia baixa com sangue ou muco: desinteria. É importante observar a presença de manifestações extraintestinais, a qual é comum em pacientes com doença inflamatória intestinal: uveíte, episclerite, pioderma gangrenoso, eritema nodoso, artrite ou artralgia. 3. Medicações: antiácidos contendo magnésio, antidiabéticos orais (acarbose, metformina), inibidor de lipase (orlistate), anti-hipertensivos (omelsartana), antirretrovirais, AINEs e antibióticos podem causar diarreia crônica. Outra informação importante é a mudança recente na alimentação, com especial atenção para alimentos diet que contenham açúcares não absorvíveis. 4. Antecedentes pessoais: doenças sistêmicas, como artrite soronegativa, diabete melito, hipertireoidismo, doenças do colágeno, deficiência de imunoglobulinas, radioterapia, úlceras pépticas de repetição e cirurgias gastrointestinais são causas de diarreia crônica. O uso de drogas injetáveis, promiscuidade sexual e transfusão sanguínea também devem ser explorados. Comentado [C1]: Puxo: sensação de dor ao evacuar. Tenesmo: sensação de necessidade de evacuar, embora o reto esteja vazio. Comentado [C2]: Uveíte: inflamação da camada média do olho. Episclerite: inflamação do tecido conjuntivo subconjuntival. Pioderma gangrenoso: ulcerações de pele em geral decorrentes de desregulação imunitária. 5. Antecedentes familiares de doença inflamatória intestinal, doença celíaca e neoplasia de cólon devem ser investigados. 6. Exame físico: na maioria dos casos, o exame físico é normal ou não contribui para o diagnóstico. Atenção especial deve ser dada ao estado nutricional e hidratação. Outro passo importante é o exame da região perianal, pesquisando a presença de fístulas, retocele e a condição do esfíncter anal. Investigação clínica. Para facilitar a investigação, recomenda-se a divisão das diarreias crônicas em três grupos: a. Esteatorreia. b. Diarreia inflamatória. a. Diarreia exsudativa: caracterizada por fezes purulentas, sanguinolentas, que continuam durante o jejum. c. Diarreia aquosa: secretora ou osmótica. a. Diarreia secretora: caracterizada por fezes isotônicas e persiste durante o jejum. b. Diarreia osmótica: caracterizada fezes hipertônicas em relação ao plasma e melhora durante o jejum. A colonoscopia deve ser solicitada na suspeita de diarreia inflamatória ou em casso sem diagnóstico definido. O achado de pseudomelanose colônica é um sinal indicativo de abuso de laxativos. A calprotectina fecal é um biomarcador promissor de inflamação instestinal. Tratamento. O tratamento deve ser direcionado para a condição subjacente, quando possível. Quando a causa ou mecanismo específico não é elucidado, a terapêutica empírica pode ser benéfica. Nos casos de diarreia aquosa, opioides podem ser úteis no tratamento sintomático. ► Má absorção. Má absorção é um termo comumente usado para descrever o resultado tanto de hidrólise ineficiente de nutrientes (má digestão), como de defeitos na absorção intestinal pela mucosa e no transporte de nutrientes adequadamente digeridos. Deve ser entendida como uma doença, que resulta do mal funcionamento de um ou mais processos fisiológicos envolvidos na digestão e absorção, como: solubilização de nutrientes, vitaminas e minerais, secreção hormonal, hidrólise dos alimentos ou capacidade absortiva da mucosa intestinal. Definição. Absorção deficiente de um ou mais nutrientes da dieta, independentemente de haver esteatorreia ou diarreia. Diarreia diabsortiva. É causada pela absorção inadequada de nutrientes e está associada a esteatorreia. É aliviada com o jejum. Fisiopatologia. A absorção de nutrientes, vitaminas e sais minerais pelo TGI depende dessas etapas: solubilização, liberação do substrato ou ligação a fatores, alteração química, digestão de macromoléculas, funcionamento motor e sensitivo do intestino, funções hormonais e neuro-hormonais, absorção e transporte pós-mucosa. Qualquer uma dessas etapas pode estar comprometida na síndrome de má absorção. Pacientes submetidos à gastrectomia parcial com gastrojejunoanastomose podem desenvolver síndrome de má absorção resultante da liberação de secreções biliares e pancreáticas distantes de onde o quimo chega ao jejuno. Esses pacientes também têm uma tendência ao supercrescimento bacteriano por causa da alça em fundo cego criada pelo procedimento cirúrgico e excluída do trânsito. Condições que prejudicam a síntese e ativação da lipase também podem gerar má absorção. São elas: deficiência congênita da enzima, hipersecreção ácida no estômago (síndrome de Zollinger-Ellison) e destruição da glândula pancreática por fibrose cística, inflamação crônica (pancreatite) ou neoplasias. Após a lipólise, o produto resultante interage com sais biliares e fosfolipídios para a formação de micelas, e sob essa forma ocorre a maior parte da absorção desses nutrientes. Portanto, condições em que a síntese, transporte ou reabsorção de sais biliares estejam prejudicados, ou ainda quando ocorre redução da disponibilidadeluminal desses sais, provocam a má absorção, que se caracteriza principalmente pela deficiência de vitaminas A, D, E e K. A absorção inadequada de vitaminas e minerais pode resultar em anemia e mucosite devido à piridoxina, folato ou deficiência de vitamina B12, sangramento devido à deficiência de vitamina K, osteopenia e tetania devido ao cálcio, magnésio ou deficiência de vitamina D e neuropatia devido à deficiência de vitamina A ou B12. • Supercrescimento bacteriano. As principais causas de supercrescimento bacteriano no intestino delgado estão relacionadas à diminuição da secreção ácida pelo estômago, como gastrite atrófica, uso de antiácidos ou cirurgias gástricas, que diminuem a secreção cloridropéptica; e à diminuição da motilidade intestinal, por diabetes mellitus ou esclerodermia. Condições anatômicas ou pós-cirúrgicas que levem à estase ou recirculação das bactérias habitualmente restritas ao cólon também provocam o supercrescimento bacteriano. As bactérias anaeróbias desconjugam precocemente os ácidos biliares, que assim são mais facilmente absorvidos, diminuindo, portanto, sua concentração luminal e prejudicando a formação de micelas. As bactérias também utilizam a vitamina B12 para a produção de folato, e liberam proteases que degradam dissacaridases presentes na borda em escova do intestino delgado, levando à deficiência de B12 e de dissacarídeos. O diagnóstico é feito por cultura de aspirado duodenal ou jejunal ou por testes respiratórios. O tratamento envolve a correção dos fatores predisponentes, quando possível, o uso de pró-cinéticos e antibioticoterapia. • Fibrose cística. Devido à ausência do regulador de condutância transmembranas CFTR, as pessoas com fibrose cística têm defeitos na secreção intestinal e ductal pancreática de cloreto. Essa anormalidade leva à interferência na secreção de bicarbonato, sódio e água, resultando em hidratação intraluminal defectiva. Essa falha de hidratação pode resultar em íleo meconial. No pâncreas, concreções intraductais podem levar a obstrução, autodigestão crônica de baixo grau e, consequentemente, insuficiência pancreática exócrina. • Doença celíaca. A DC é uma doença induzida pelo consumo de proteínas presentes no trigo, centeio e cevada, levando a uma lesão característica na mucosa do intestino delgado de indivíduos geneticamente susceptíveis. Ocorre má absorção de nutrientes no segmento envolvido. Nos adultos, a doença se manifesta mais comumente entre os 30-60 anos. A apresentação da doença celíaca varia desde oligossintomático/ assintomático até as manifestações clássicas da doença, como o déficit de crescimento, desnutrição, diarreia crônica, dispepsia, alterações de enzimas hepáticas. É considerada, atualmente, uma das doenças genéticas mais comuns na Europa e Estados Unidos, com risco atribuído ao antígeno leucocitário humano (HLA) classe II. A gliadina é um substrato natural da transglutaminase, que é o antígeno-alvo do anticorpo anti-endomísio. O anticorpo, quando ligado à transglutaminase, bloqueia sua ação e reduz a disponibilidade de TGF-beta na sua forma ativa. A lesão intestinal é mediada pela resposta celular, estando os linfócitos intraepiteliais, diretamente envolvidos na atrofia de vilosidades, aumentados em todos os pacientes com doença celíaca (não retornam aos valores da população normal mesmo após o tratamento). Segue-se uma resposta típica de linfócitos B, com a produção de anticorpos antitransglutaminase, antigliadina desaminada e anti-endomísio. Por ação das IL-15, produzidas pelas células epiteliais ativadas pela gliadina ou por células apresentadoras de antígenos, os linfócitos intraepiteliais também sofrem um processo de transformação com expressão de marcadores de células NK, proliferam, produzem citocinas pró-inflamatórias, reduzem a taxa de apoptose e adquirem a capacidade de lise celular pela liberação de granzima e perforina. A gliadina também estimula os macrófagos via My88 e resulta na ativação do sistema imune com a produção de citocinas inflamatórias. A transglutaminase expressa de maneira anômala na região subepitelial da mucosa intestinal forma, com a gliadina, imunocomplexos capazes de ativar células T, rearranjar o citoesqueleto e causar apoptose das células epiteliais. A gliadina induz aumento na permeabilidade intestinal, interferindo na sinalização das zonas de oclusão. Figura 1. A perda de área da superfície mucosa e borda em escova provavelmente explica a má absorção. Além disso, as taxas de aumento de turnover epitelial podem limitar a capacidade de absorção dos enterócitos de se diferenciar completamente e contribuir para os efeitos na digestão terminal e transporte tranespitelial. Figura 2. Aumento do número de linfócitos CD8+ intraepiteliais, com linfocitose intraepitelial, hiperplasia das criptas e atrofia das vilosidades. Figura 3. "Scalloping" de pregas duodenais. O diagnóstico é feito por exame sorológico (antiendomísio IgA – altamente específico, porém menos sensível – ou antitransglutaminase IgA) e pela documentação anatomopatológica da lesão, com o objetivo de identificar as seguintes características: atrofia das vilosidades, hiperplasia das criptas, aumento dos linfócitos intraepiteliais (> 40/100 enterócitos). O tratamento da doença celíaca consiste, em geral, na retirada do glúten da alimentação. Pacientes com doença celíaca apresentam maior taxa de malignidade. O câncer mais comum associado à doença celíaca é o linfoma de célula T associado a enteropatia. O adenocarcinoma de intestino delgado também é comum. • Infecção por Giardia intestinalis. A infecção crônica por giárdia causa aumento da permeabilidade intestinal por supressão da claudina 1 e aumento da apoptose, prejuízo na absorção de glicose dependente de sódio e ativação de mecanismos de secreção iônicos. O quadro pode variar de assintomático até diarreia crônica, desnutrição e retardo de crescimento. • Doença de Whipple. Doença multisistêmica causada pelo Thopheryma whippelii. O diagnóstico é realizado pela detecção do agente etiológico por técnica de PCR associado ao achado de macrófagos tumefeitos positivos para o PAS no exame anatomopatológico. • Enterite actínica. Ocorre em alguns pacientes submetidos à radioterapia. O quadro típico é uma endoarterite obliterativa de pequenos vasos. • Intolerância à lactose (congênita/ adquirida). A sintomatologia típica envolve dor abdominal em cólica, flatulência e eructações; secundariamente pode ocorrer diarreia osmótica por dificuldade de absorção de grande quantidade de ácidos graxos de cadeia curta produzidos pela metabolização da lactose por bactérias colônicas. O diagnóstico se dá pelo teste (expiratório ou sanguíneo) após a sobrecarga de lactose. • Colite microscópica – colagenosa e linfocítica. Achados radiológicos e endoscópicos normais. • Enteropatia ambiental. • Abetalipoproteinemia. • SII. • Doença enxerto vs. Hospedeiro. • Distúrbios na drenagem linfática. O aumento da pressão do sistema linfático leva à perda e até à ruptura de vasos linfáticos, com extravasamento para o lúmen intestinal de lipídios, gamaglobulina, albumina e linfócitos, provocando um quadro de diarreia e edema por hipoalbuminemia. Entre as principais causas, estão a linfangiectasia intestinal, o linfoma, a tuberculose, a doença de Crohn, o sarcoma de Kaposi, a fibrose retroperitoneal, a pericardite constritiva e a insuficiência cardíaca congestiva grave. Comentado [C3]: Distúrbio raro caracterizado por obstrução ou malformação dos vasos linfáticos intramucosos do intestino delgado. • Enteropatiaperdedora de proteínas. Muitas das condições supracitadas podem gerar enteropatia perdedora de proteínas, seja por dano da mucosa, seja pela lesão linfática. • Mecanismos desconhecidos. Hipoparatireoidismo, insuficiência de suprarrenal, hipertireoidismo e síndrome carcinoide. ❖ COMPLEMENTO AULA: Digestão: fase cefálica – oral – gástrica. Freio ileal: a presença de ácidos graxos, bem como o aumento de osmolaridade e calorias na porção ileal do intestino produzem a liberação de peptídeo YY e GLP-1 e 2, que resultam na lentificação do esvaziamento gástrico. Secretina: secretada no duodeno; estimula a secreção de íons bicarbonato pelo pâncreas. Produz elevação do pH. Colecistoquinina: secretada no duodeno; estimula a secreção enzimática do pâncreas. Gastrina: o único hormônio gastrointestinal que aumenta o apetite. Digestão de hidratos de carbono: digestão via amilases salivar e pancreática, complementada na borda em escova do intestino delgado. A absorção ocorre via SGLT1 (co-transporte Na+/ glicose) e GLUT5 (frutose). Digestão de proteínas: • Estômago: conversão de pepsinogênio em pepsina na presença de HCL. • Intestino delgado: formação de quimiotripsina, elastina (endopeptidases) e carboxilase A e B (exopeptidases). Segue a absorção de di e tripeptídeos, mais eficiente e resistente à inflamação que a absorção de aminoácidos. Trocador com H+. Digestão de gorduras: a CCK induz a contração da vesícula biliar e o relaxamento do esfíncter de Oddi, liberando sais biliares no intestino delgado. Esses sais são anfipáticos e, por isso, solubilizam a gordura. Essa gordura será digerida por um complexo lipase + colapse. A absorção do quilomicro ocorre por via linfática. Absorção de B12 (cobalamina): em pH ácido, a vitamina B12 associa-se à proteína R, da qual se dissocia na curvatura do duodeno, para se associar ao fator intrínseco produzido no estômago. No íleo, o complexo vitamina B12 + FI é absorvido. Comentado [C4]: Inibem lipase pancreática. Ocorre deficiência de B12 na gastrite atrófica, na pancreatite crônica, no gastrinoma/ síndrome de Zollinger-Ellison, na doença de Crohn e quando existe história de ressecção do ílio. A deficiência de B12 produz carência de ferro e zinco, hipocratismo digital, desnutrição e anasarca. Fases da digestão no TGI – má absorção de nutrientes: • Luminal – importância do pâncreas. o Pancreatite crônica, gastrectomia, cirurgia da obesidade. • Mucosa: digestão terminal (borda em escova) e transporte transepitelial. o Intolerância a lactose, doença celíaca, síndrome de Zollinger- Ellison, HIV, supercrescimento bacteriano, verminose. • Transporte de nutrientes – vascular e linfático. o Linfoma, doença de Crohn, doença de Whipple, linfangiectasia intestinal. O cólon prolonga o tempo de trânsito intestinal. • Hidratos de carbono: na presença de Ca2+ são fermentados, aumentando a absorção de calorias e a produção de gases. • O aumento de oxalato livre (digestão de gorduras) no intestino delgado aumenta a permeabilidade da mucosa intestinal e diminui a absorção colônica, piorando a diarreia. Doença inflamatória intestinal e Síndrome do intestino irritável ► Doença inflamatória intestinal. A doença inflamatória intestinal (DII) corresponde a qualquer processo inflamatório crônico envolvendo o trato gastrointestinal, em que 80-90% dos casos englobam a retocolite ulcerativa (RCU) e a doença de Crohn (DC). Os 10%-20% restantes são representados principalmente pelas colites linfocítica, colagênica e indeterminada. A doença de Crohn caracteriza-se pela inflamação transmural crônica do tubo digestório, da boca ao ânus, com predileção pela região ileal ou ileocecal; gera reação granulomatosa não caseificante. A RCU acomete a mucosa do cólon e do reto e classicamente apresenta distribuição simétrica e contínua. Ambas as doenças apresentam etiologia desconhecida. Epidemiologia. A incidência de DII é maior conforme o grau de industrialização e desenvolvimento socioeconômico da região. Nos países com elevada mortalidade perinatal, os indivíduos com predisposição a DII seriam os primeiros a morrer de exposição prematura a infecções, o que levaria à baixa incidência dessas doenças 20 a 40 anos mais tarde. Observa-se a diminuição da predominância de RCU, enquanto a DC torna-se mais prevalente. A DII incide predominantemente entre os 20 e 40 anos. São fatores de risco para DII: fatores genéticos, dieta rica em carboidratos e pobre em frutas, uso de anticoncepcionais e AINEs (induz recaídas) e ocorrência de infecções prévias. O tagabagismo tem efeito protetor de RCU, mas aumenta o risco de desenvolvimento de DC. Etiopatogenia. a. Fatores genéticos. Polimorfismos no gene NOD/ CARD15 conferem maior susceptibilidade para doença de Crohn. O gene NOD/ CARD15 é responsável pela codificação da proteína NOD2, um receptor proteico de células imunológicas que detecta componentes bacterianos lipopolissacarídeos (LPS), que auxilia no controle da resposta inflamatória, pela modulação do fator nuclear kB. Estudos posteriores revelaram, contudo, que era um derivado de peptideoglicano, o MDP, o antígeno bacteriano reconhecido. A forma NOD2 mutante, encontrada em indivíduos com DC, não reconhece o MDP, deixando de exercer seu efeito normal de inibição da via de produção de citocinas NF-kB e levando à amplificação do processo inflamatório. Os pacientes com DII apresentam um defeito na função da barreira epitelial intestinal, o que facilita a colonização e o constante estímulo de produtos bacterianos e citocinas pró-inflamatórias. É provável que uma resposta imunológica anormal aos ativadores bacterianos presentes na flora dos indivíduos geneticamente suscetíveis desempenhe um papel na indução dessa exacerbada resposta inflamatória. Pesquisadores identificaram, recentemente, polimorfismo ligado à DII no gene do receptor da interleucina 23. Esse polimorfismo afeta a via de sinalização da IL-23, alternando a resposta para inflamação crônica. Estudos envolvendo o sistema HLA têm fornecido resultados mais consistentes no caso da RCU que no da DC. b. Fatores luminais – microbiota intestinal, seus antígenos e produtos metabólicos, e antígenos alimentares. Paciente com DII apresentam alterações quantitativas e qualitativas da flora bacteriana intestinal. Indivíduos com DC apresentam concentrações aumentadas de bactérias anaeróbicas Gram-positivas e Gram-negativas, enquanto aqueles com RCU apresentam bactérias cujos produtos metabólicos (citotoxinas, hialuronidase) são sabidamente lesivos à mucosa. c. Fatores relacionados à barreira intestinal, incluindo aspectos referentes à imunidade inata e à permeabilidade intestinal. Barreira: células justapostas e firmemente aderidas umas às outras + IgA secretora + mucina. Foi identificada, na DII, redução da mucina e menor expressão do intestinal trefoil fator (ITF), importante elemento favorecedor da reparação da mucosa lesada e componente da camada viscoelástica em conjunto com a mucina. A deficiência desses elementos atua conjuntamente, e modo a contribuir para o aumento da permeabilidade intestinal e a menor reparação da mucosa intestinal. d. Fatores relacionados à imunorregulação, incluindo a imunidade adaptativa. Foi demonstrado que em indivíduos com DII a apresentação de antígenos por células epiteliais ocorria na direção dos linfócitos T auxiliadores (CD4+), enquanto que nas células epiteliais provenientes de indivíduos do grupo controle ocorria ativação de linfócitos T supressores (CD8+). A consequência da hiperestimulaçãode linfócitos CD4+ é a amplificação e cronificação do processo inflamatório. Na doença de Crohn, observa-se uma resposta imunológica predominantemente do tipo Th1 (relacionada à imunidade celular), com linfócitos secretores de IFN-alfa e aumento de IL-18 (perpetuação da resposta Th1). Há envolvimento das células Th17. Na RCU, há resposta do tipo Th2 (relacionada à imunidade humoral), com elevação de IL-4, IL-5, IL-9, IL-10 e IL-13. Fisiopatologia. RCU: As principais manifestações de RCU são diarreia e perda de sangue nas fezes, que podem ser entendidas como consequências diretas da inflamação intensa que acomete a mucosa dos cólons e a ela se circunscreve. Nessas condições, há exsudação do fluido intersticial rico em proteínas, decorrente da alteração da permeabilidade do epitélio, secundária à inflamação. Há também acentuado prejuízo à absorção de água e eletrólitos, que concorre para o aumento do conteúdo líquido luminal. Outro mecanismo envolvido na produção da diarreia é constituído pelas alterações da motilidade intestinal, também decorrentes da inflamação. A solução de continuidade da mucosa colônica, dada pelas ulcerações características da RCU, ocasiona presença de sangue nas fezes. A perda de sangue pode resultar em anemia ferropriva, contribuindo para a sensação de fraqueza que alguns pacientes apresentam. Outro mecanismo de anemia, específico para pacientes em tratamento com sulfassalazina, é a carência de ácido fólico (anemia macrocítica). A inflamação do reto traz como consequência acentuada redução do limiar sensorial desse seguimento do intestino grosso, de modo que pequenas quantidades de fluido na ampola retal desencadeiem o reflexo de defecação. A exacerbação dessa alteração sensorial é responsável pelos sintomas de urgência retal e tenesmo. As alterações da contratilidade do intestino grosso, representadas pelo aumento do reflexo do tônus muscular e pela ocorrência de contrações de amplitude elevada, constituem, possivelmente, os mecanismos subjacentes às manifestações dolorosas apresentadas pelos pacientes. Doença de Crohn. Quando a doença acomete predominantemente o intestino delgado, as manifestações clínicas mais comuns são diarreia e dor abdominal, seguidas de perda de peso e anemia. Os mecanismos subjacentes à diarreia são semelhantes aos da RCU. Nos casos em que há comprometimento do íleo distal, outro mecanismo é a má absorção de sais biliares, predispondo o paciente a coletíase por redução do pool de sais biliares e menor solubilização do colesterol biliar. Eventualmente, a má absorção de vitamina B12 no íleo comprometido ou ressecado pode gerar anemia megaloblástica. Dor abdominal localizada no quadrante inferior direito do abdômen e de duração constante pode ter como mecanismo subjacente a estimulação de receptores localizados na serosa, pois a inflamação na DC pode afetar todas as camadas do intestino. Anorexia e náuseas podem ser decorrentes da ação, no SNC, de certos mediadores de inflamação, como o TNF-alfa. Esses sintomas podem desencadear diminuição importante da ingestão de alimentos, ocasionando perda de peso e desnutrição. Outro mecanismo subjacente à desnutrição é a má absorção de nutrientes nos casos de comprometimento mais extenso da mucosa. Manifestações extraintestinais são comuns, principalmente em articulações. Anatomia patológica. A RCU é caracterizada por inflamação difusa da mucosa do intestino grosso, que acomete exclusivamente esse segmento do tubo digestivo. O reto quase invariavelmente está comprometido e a extensão para os demais segmentos do intestino grosso, quando acontece, processa-se de forma uniforme, contínua, ascendente e homogênea. Nos períodos de maior atividade da doença, a mucosa dos cólons exibe, macroscopicamente, hiperemia, edema, friabilidade e sangramento fácil ao toque, exsudato fibrinomucoide, erosões e ulcerações. Nos casos de longa evolução, o cólon pode ter aspecto tubular, com perda das haustrações, e a mucosa pode mostrar-se atrófica, pálida e com perda do padrão vascular normal. Em muitos casos, podem ser vistos pseudopólipos, constituídos por "ilhas" de mucosa com estrutura relativamente preservada, cercadas por áreas de erosões ou ulcerações confluentes. No exame histopatológico, encontra-se distorção com graus variáveis da arquitetura das criptas da mucosa, que exibem alterações inflamatórias (criptite e abscessos). Há considerável depleção das células caliciformes, bem como intenso infiltrado inflamatório, que acomete a mucosa e, eventualmente, a submucosa, mas não estende às camadas mais profundas. Na fase aguda e nos períodos de ativação da doença, esse infiltrado inflamatório é constituído, predominantemente, por neutrófilos polimorfonucleares, ao passo que na fase crônica prevalecem as células mononucleares. A DC pode acometer qualquer segmento do tubo digestivo, desde a mucosa oral até o ânus e a própria região perineal, porém os locais mais frequentemente afetados são o íleo distal e o cólon proximal. São aspectos característicos do envolvimento intestinal na DC as lesões segmentares ou salteadas, entremeadas por áreas inteiramente preservadas. Ao contrário da RCU, o reto encontra-se preservado na maioria dos casos. O exame macroscópico da mucosa pode mostrar úlceras profundas, irregulares, aftoides ou serpiginosas. A coexistência de edema e infiltração da mucosa e da submucosa e de úlceras lineares pode propiciar o aspecto em paralelepípedo (cobblestone) das áreas mais afetadas do intestino. Áreas de estenose e orifícios de fistulas podem ser vistos como complicações comuns da DC. O exame histopatológico pode exibir infiltrado inflamatório focal transmural predominantemente linfocitário. A arquitetura das criptas é quase sempre preservada e não raro há granulomas epitelioides com a presença de células gigantes de Langerhans. É interessante notar que essas alterações microscópicas podem ser encontradas mesmo em áreas que não apresentam anormalidades ao exame macroscópico. Quadro clínico e diagnóstico. RCU. • RCU distal: geralmente são casos leves e moderados. É comum o sangramento retal, fezes com muco e pus, tenesmo, diarreia e dor abdominal em cólica precedendo as evacuações. • RCU hemicólon esquerdo e pancolite: geralmente casos moderados e graves. Febre, perda de peso e astenia são comuns, além dos sintomas descritos na RCU distal em maior intensidade. • Curso clínico: forma aguda fulminante (< 5%) I forma crônica contínua (< 20%) I forma crônica intermitente, com períodos de remissão que podem durar meses ou anos (> 80%). • Complicações: megacólon tóxico. Trata-se da dilatação aguda do cólon (geralmente transverso), que se associa a manifestações tóxicas sistêmicas. Caracteriza-se clinicamente por dor e distensão abdominal de grande intensidade, febre, prostração, hipotensão, taquicardia, desidratação e intensa leucocitose. Outras complicações: sangramento digestivo baixo maciço e estenoses. • Risco de adenocarcinoma colorretal: o risco de desenvolvimento de adenocarcinoma colorretal em paciente com RCU está relacionado à duração (> 10 anos) e à extensão da doença (pancolite), e é significativamente maior que na população em geral. Por isso, pacientes com RCU com mais de 10 anos de evolução/ pancolite devem uma colonoscopia a cada 1-2 anos. Doença de Crohn. • Diarreia caracterizada por número pouco elevado de evacuações. Habitualmente não se encontram relatos de sangue, muco ou pus nas fezes, exceto quando há envolvimento do cólon mais distal. • Dor abdominal contínua, de intensidade moderadaa alta, localizada no quadrante inferior direito. • Febre, astenia, emagrecimento. • Fissuras, fístulas e abscessos são achados muito frequentes. • Manifestações extraintestinais: iguais às da RCU. Diagnóstico. Exames laboratoriais: podem estar normais ou discretamente alterados. O hemograma pode revelar anemia hipocrômica microcítica, leucocitose de grau pouco acentuado e trombocitose. Há, com frequência, elevação das provas de atividade inflamatória, como VSH, níveis de alfa-1-glicoproteína ácida e proteína C reativa. Nos casos mais graves pode ocorrer hipoalbuminemia e deficiência de ferro, vitamina B12 e ácido fólico. Marcadores sorológicos: p-ANCA é um marcador de retocolite ulcerativa, enquanto ASCA é encontrado predominantemente na doença de Crohn. Esses marcadores não devem ser considerados isoladamente para o diagnóstico. Exames endoscópicos: endoscopia, colonoscopia, cápsula endoscópica (contraindicada nos casos de suspeita de obstrução gastrointestinal, estenoses ou fístulas, marcapasso e distúrbios de deglutição) e enteroscopia com duplo balão ou balão único. Exames de imagem: radiografia simples de abdômen, exame contrastado do intestino delgado (TIDE) e enema opaco, enterotomografia (TC), enteroressonância (RM), ultrassonografia. Exame anatomopatológico (já descrito). Tratamento clínico. Objetiva o controle sustentado da inflamação, por meio da cicatrização da mucosa, e a prevenção de lesões estruturais irreversíveis e complicações. Abordagem terapêutica na DII. Abordagem step-up: inicia-se o tratamento com sulfassalazina oral nos casos leves com envolvimento colônico ou budesonida oral nos casos leves/ moderados de DC ileal, ileocecal e/ou de cólon ascendente. Os aminossalicilatos dissolvem-se no intestino e atuam topicamente sobre a mucosa intestinal, diminuindo a inflamação local, mas não penetram profundamente no tecido. Nos pacientes com DC moderada a grave são empregados corticoesteroides sistêmicos (prednisona). Caso o paciente seja refratário ao tratamento ou se torne dependente de corticoesteroide, estão indicadas AZA ou 6-MP. Pode também ser utilizado Metotrexato. Na ausência de resposta ao tratamento, recorre-se a terapia biológica (infliximabe, adalimumabe, cerrtolizumabe). A terapia nutricional exclusiva Comentado [C5]: São pró-fármacos. Ponte azo previne absorção no estômago e intestino delgado. Absorvido após clivagem da ponte azo por bactérias colônicas. Inibe NF-kB. Efeitos adversos: cefaleia, náuseas, fadiga, síndrome de Stevens-Johnson, hepatite, pancreatite, redução da contagem de esperma no homem. Acetiladores rápidos têm menores concentrações sistêmicas e menor chance de efeito adverso. (dietas poliméricas ou oligoméricas, em geral por via enteral), pode ser útil nessa fase. Essa estratégia não parece alterar a história natural da doença, mas melhora a qualidade de vida do paciente. Abordagem top-down: inicia-se o tratamento com um imunobiológico associado a um imunossupressor, evitando-se o uso de corticoesteroides. Essa abordagem apresenta potencial para impactar na história natural da doença, especialmente naqueles pacientes com critérios de mau prognóstico. O tratamento cirúrgico da doença de Crohn deve ser reservado para os casos não responsivos ao tratamento clínico e para tratar as complicações da doença. Imunobiológicos na DII • Infliximabe: anticorpo quimérico monoclonal anti-TNF (bloqueia a atividade pró-inflamatória do TNF-alfa). Reações adversas: infecções, reações relacionadas à infusão, cefaleia e dor abdominal. • Adalimumabe (ADA): totalmente humano. Reações adversas: infecções, reações relacionadas à infusão, cefaleia e rash. • Certolizumabe (CZB): humanizado e peguilado. Não contém a porção Fc da imunoglobulina e, portanto, não induz a ativação do complemento, Comentado [C6]: Efeitos adversos: infecções devido à supressão da resposta Th1, perda de resposta ou intolerância, desenvolvimento de anticorpo dirigido contra o anticorpo. citotoxicidade dependente e anticorpo e apoptose. Pelo mesmo motivo, não atravessa a barreira placentária. • Contraindicações do uso de imunobiológicos: infecções ativas, abscessos abdominais, tuberculose ativa, alergia ou hipersensibilidade aos componentes da droga, esclerose múltipla, neurito óptica, insuficiência cardíaca grave. ► Síndrome do intestino irritável. Doenças orgânicas: caracterizadas por alterações anatômicas ou estruturais, químicas, bioquímicas ou infecciosas que expliquem os sintomas ou mau funcionamento de determinado órgão. Doenças funcionais: não existe ou não se conhece o substrato orgânico da doença. Epidemiologia. A SII constitui uma afecção funcional comum, afetando aproximadamente 10-15% da população de países desenvolvidos. Manifesta-se comumente entre os 20-40 anos e é duas vezes mais comum em mulheres do que em homens. 70% dos casos de SII são leves e apenas 5% são graves. Em 70% dos casos há associação com ansiedade e/ou depressão. Diagnóstico. Os critérios de Roma II são os mais utilizados para caracterização dessa patologia, definindo-a como dor e/ou desconforto abdominal recorrentes, pelo menos 3 dias por mês, nos últimos 3 meses, associada com dois ou mais dos seguintes sintomas: melhora com a defecação/ alteração da frequência das evacuações/ alteração na forma das fezes. A SII pode ser dividida em quatro grupos, conforme os sintomas: • SII com constipação: fezes endurecidas, ressecadas ou fragmentadas (cíbalos) em ≥ 25% e fezes amolecidas ou pastosas em < 25% das evacuações. • SII com diarreia: fezes amolecidas ou pastosas em ≥ 25% e fezes endurecidas, ressecadas ou fragmentadas (cíbalos) em < 25% das evacuações. • SII de forma mista: fezes endurecidas em ≥ 25% e fezes amolecidas ou pastosas em ≥ 25%. • SII não determinada: anormalidades insuficientes na consistência das fezes para ser alocada em um dos subtipos citados. A escala visual de Bristol pode ser útil para a caracterização das fezes. Constipação: ≤ 3 evacuações por semana. Diarreia ≥ 3 evacuações por dia. O diagnóstico não requer exames subsidiários, desde que se respeitem os sinais e sintomas de alarme, que exigem uma investigação mais detalhada: • Idade > 50 anos. • Anemia. • Sintomas noturnos • Hemorragia digestiva alta ou baixa. • Emagrecimento. • Febre. • História familiar de neoplasia. • Alteração recente no padrão dos sintomas. • Massa abdominal palpável ao exame físico. Podem ser pedidos, para afastar a possibilidade de doenças orgânicas: hemograma completo, provas de atividade inflamatória e dosagem de hormônio tireoidianos. Na SII diarreica, pode-se realizar sorologia para doença celíaca (anti-endomísio, anti-transglutaminase), teste de intolerância a lactose, dosar calprotectina fecal e realizar teste respiratório para supercrescimento bacteriano. Fisiopatologia. • Reatividade gastrointestinal alterada (secreção e motilidade). o Reflexo gastrocólico. • Hipersensibilidade visceral. Hiperalgesia (resposta mais intensa e prolongada à dor) e alodínia. o Dor ao complexo motor migratório. • Processamento no sistema nervoso central. • Síndrome do intestino irritável pós-infecciosa. Alguns indivíduos não conseguem resolver o processo inflamatório pós-infeccioso, mecanismo que parece ser influenciado por características genéticas ou por grau de invasão da mucosa pelo agente infeccioso e consequente lesão neural. • Disbiose. A disbiose modifica a barreira mucosa, diminuindo a secreção de muco e defensinas pela parede intestinal, reduzindo a eficáciadas tight junctions, modificando, assim, a apresentação antigênica, alterando a resposta imunológica local e sistêmica, promovendo alterações motoras e secretórias intestinais, além de interferir diretamente com a trofia das células intestinais e com a sensibilidade visceral, perpetuando um processo mucoso inflamatório. • Genética. Tratamento. Comentado [C7]: Reflexo de evacuação quando ingerimos alimentos. Deve ser construída uma boa relação médico-paciente, em que o clínico deverá explicar a natureza da síndrome e sua cronicidade, ressaltando sua benignidade. Destacam-se dietas pobres em FODMAP (fermentable oligosaccharides, disaccharides, monosaccharides and polyols) – diminuição do consumo de lactose e glúten podem trazer benefícios mesmo para pacientes sem intolerância comprovada. É importante que o paciente faça um diário alimentar, relatando suas sensações conforme a ingestão de determinados alimentos. Tratamento farmacológico conforme a apresentação clínica: • Anti-espasmódicos (dor/ distensão abdominal): beverina, brometo de pinavério, brometo de otilônio, trimebutina. Podem demorar para fazer efeito (1 mês). Podem ser utilizados na forma diarreica e com constipação. • Analgésicos viscerais – antidepressivos (hipersensibilidade visceral). Preferir tricíclios para SII-D. • Probióticos (se disbiose) – inibem acoplamento de cepas patobiontes aos seus receptores intestinais, aumentam a eficácia da barreira mucosa, atuam diretamente sobre as imunidades intestinal e sistêmica, interferem sobre a motilidade e atuam sobre a sensibilidade visceral. • AGONISTA 5HT4 (Tegaserodi): apenas para SII-C. o Efeito pró-cinético. o Efeito anti-nociceptivo visceral. • ANTAGONISTA 5HT3 (Ondrazetona): apenas SII-D. Atua no sistema nervoso, promovendo redução da dor visceral, trânsito colônico e secreção no intestino delgado. o 5HT3: associado à dor visceral, contração intestinal e secreção de água e cloreto. • Anti-inflamatórios tópicos em casos de SII pós-infecciosa: mesalazina, cromoglicato de sódio, cetotifeno. • Psicoterapia, técnicas de relaxamenteo, acupuntura, hipnoterapia. Fármacos que alteram a motilidade intestinal 1. Laxantes. Promovem a evacuação do intestino por: • Aumentar a retenção de líquido intraluminal por mecanismo hidrofílico ou osmótico. • Diminuir a absorção de líquidos por ação no transporte de eletrólitos no intestino. o Emolientes fecais. o Estimulantes (irritantes). O Bisacodil é um pró-fármaco. Comentado [C8]: O purgante é mais forte, tendendo a esvaziar os intestinos. • Alterar motilidade por inibição das contrações segmentares (não propulsoras) e estimulação das contrações propulsoras: PRÓ- CINÉTICOS. o Antagonista dos receptores de dopamina (Metoclopramida, Domperidona). Uso na DRGE, gastroparesia e vômitos. o Agonista do receptor de serotonina. Uso na constipação crônica. o Agonista de canais Cl- 5HT4 (Metoclopramida). Uso na constipação crônica e SII-C. Agente secretor. ▪ Induzem à liberação de Acetilcolina, facilitam a transmissão colinérgica e estimulam o reflexo peristáltico por aumento de secreção de fluido intestinal. Antagonistas de receptores D2 e agonistas de receptores 5HT4 estimulam a liberação de Ach, que aumenta a motilidade do TGI superior – aumento do tônus do EEI, contração do antro gástrico e contração do intestino delgado. 2. Antidiarreicos. • Opióides. Loperamida (não atravessa a BHE), Difenoxilato (altas doses), Codeína. • Resinas de ligação a sais biliares. Diarreia secretora colônica resultante de má absorção de sais biliares. • Octreotida. Tumores endócrinos, fístula pancreática, controle de sangramento gastrointestinal. Patologia – Intestino ► Divertículo de Meckel. Os divertículos verdadeiros resultam da atrofia incompleta do ducto onfalomesentérico e geralmente contém mucosa gástrica e tecido pancreático heterotópicos. ► Doença inflamatória intestinal. Diverticulite do sigmoide. Em geral, doença diverticular refere-se a evaginações pseudodiverticulares adquiridas da mucosa e submucosa do cólon. Esses divertículos do cólon são raros em pessoas com menos de 30 anos, mas a prevalência aproxima-se de 50% na população adulta ocidental acima de 60 anos. A diverticulose é muito menos comum no Japão e em países não industrializados, provavelmente em decorrência de diferenças dietéticas. Os divertículos geralmente são múltiplos, condição chamada de diverticulose. Patogenia. Os divertículos colônicos tendem a se desenvolver sob condições de elevada pressão intraluminal no cólon sigmoide. Isso é facilitado pela estrutura única da camada muscular própria do cólon, onde os nervos, vasos retos arteriais e suas bainhas de tecido conjuntivo penetram o revestimento interior do músculo circular, criando descontinuidades na parede do músculo. Em outras partes do intestino, essas lacunas são reforçadas pela camada longitudinal externa da muscular própria, mas no cólon essa camada é descontínua, sendo reunida em três faixas, denominadas “tênias”. Elevadas pressões intraluminais podem ser geradas por contrações peristálticas exageradas, com sequestração espasmódica dos segmentos intestinais que podem ser exacerbados por dietas com baixo teor de fibras, o que reduz o volume das fezes. A obstrução dos divertículos leva a alterações inflamatórias, produzindo diverticulite. Como a parede do divertículo é suportada apenas pela muscular da mucosa e uma fina camada de tecido adiposo subseroso, inflamação e aumento da pressão dentro do divertículo podem levar a perfuração. A perfuração pode levar à formação de abscessos pericolônicos, desenvolvimento de tratos sinusais e peritonite. Diverticulite recorrente pode causar colite segmentar, espessamento fibrótico da parede do cólon e formação de estenose. Características clínicas. A maioria das pessoas com doença diverticular permanece assintomática ao longo da vida. Cerca de 20% daquelas acometidas desenvolvem cólicas intermitentes, desconforto abdominal inferior contínuo, obstipação e diarreia. Alguns pacientes desenvolvem sintomas urinários, levantando a suspeita da formação de fístulas. A diverticulite apresenta-se como dor em quadrante inferior esquerdo, febre, massa abdominal palpável, náuseas, alteração do hábito intestinal, disúria e leucocitose. Hipotônicos: colo largo, com divertículos difusos. Hipertônicos: colo estreito, com divertículos principalmente em cólon sigmoide. O uso de corticoides e AINEs pode agravar os sintomas. Diagnóstico. • Exames laboratoriais: hemograma, provas de atividade inflamatória, amilase/ lipase, urina-1, beta-HCG, ureia e creatinina, protoparasitológico de fezes. Pode se encontrar leucocitose e aumento de provas inflamatórias. • Radiografia de abdômen. • TC contrastada de abdômen. • Ressonância magnética. • USG – desvantagens (operador dependente e imagens de difícil compreensão). • A colonoscopia não deve ser realizada na vigência de divertículo. Pode ser realizada como seguimento ambulatorial ou três meses após o quadro se agudização se dúvida sobre CCR e outras queixas. Tratamento. Hinchey 0-1. • Dieta rica em fibras e líquidos. • Responder prontamente aos estímulos intestinais. • Evitar força para evacuar. • Anti-espasmódicos. • Atividade física regular. • Hinchey ≥2. Em alguns casos é necessária internação, durante a qual o paciente deve receber hidratação e antibioticoterapia. • A cirurgia é reservada para casos em que há: o Falha no tratamento clínico. o Mais de dois episódiosagudos em pacientes com mais de 50 anos ou um episódio agudo em pacientes com menos de 50 anos. o Suspeita de CCR. o Hinchey 3 ou 4. Complicações (estenose, fístula, perfuração). o Imunodepressão. ► Doença de Hirshsprung (aganglinose cólica ou megacólon congênito). Decorre da falha de migração ou morte prematura de células ganglionares da crista neural para a parede intestinal. A consequência é obstrução funcional por perda de inervação no segmento e a dilatação (megacólon) do seguimento proximal. Relaciona-se a mutação do gente RET. ► Distúrbios vasculares. Infarto intestinal. O infarto intestinal pode ser mucoso e mural (1h), geralmente por hipoperfusão sistêmica, ou transmural (8h), por obstrução de grandes vasos. É sempre hemorrágico, devido ao refluxo do sangue de múltiplas anastomoses. São fatores predisponentes trombose arterial, embolia arterial (principalmente em mesentérica superior), trombose venosa e isquemia não oclusiva. O infarto intestinal produz dor abdominal de rápida instalação, náuseas, vômitos e diarreia com sangue ou melena. Já a isquemia intermitente produz diarreia com sangue, ulceração e fibrose, que simulam DII. Angiodisplasia. Lesão degenerativa de vasos da mucosa do cólon. Dilatação e degeneração da parede de vênulas mucosas e submucosas, relacionadas a episódios de distensão e aumento da pressão do cólon. ► Hemorroidas. São dilatações varicosas do plexo venoso anal e perianal, causadas por pressão venosa persistentemente elevada no plexo. Afetam 5% da população e estão associadas a constipação e estase venosa na gravidez, além de predisposição genética. Complicam com trombose, sangramento, ulceração, fissura, infarto e estrangulamento. ► Apendicite aguda. Acredita-se que a apendicite aguda seja iniciada por aumentos progressivos da pressão intraluminal, que comprometem o fluxo venoso. Em 50-80% dos casos, a apendicite aguda está associada a obstrução luminal evidente, geralmente por um fecalito ou, menos comumente, por cálculo biliar, tumor ou massa de vermes. Lesão isquêmica e estase do conteúdo luminal, que favorecem a proliferação bacteriana, desencadeiam respostas inflamatórias que incluem edema do tecido e infiltração neutrofílica da luz, parede muscular e tecidos moles periapendiciais. A apendicite aguda tipicamente produz dor periumbilical que finalmente localiza- se no quadrante inferior direito, acompanhada de vômitos, náuseas, febre baixa e discreto aumento na contagem de leucócitos periféricos. É característica a presença de sinal de McBurney. ► Pólipos colônicos e doença neoplásica. Um pólipo é uma lesão tumoral que protrui para o lúmen do intestino. Os pólipos sem pedúnculos são chamados sésseis. À medida que os pólipos sésseis aumentam, a proliferação de células adjacentes ao pólipo e os efeitos da tração na protusão luminal podem se combinar para criar um pedúnculo (pólipos pedunculados). Os pólipos intestinais podem ser classificados em neoplásicos e não neoplásicos. O pólipo neoplásico mais comum é o adenoma, que tem potencial de evoluir para câncer. Os pólipos colônicos não neoplásicos podem ser classificados como inflamatórios, hamartomatosos ou hiperplásicos. Pólipos inflamatórios. Forma-se como parte da síndrome de úlcera retal solitária. Os pacientes apresentam a tríade clínica sangramento retal, secreção de muco e lesão inflamatória da parede retal anterior. A causa subjacente é o comprometimento do relaxamento do esfíncter anorretal, criando um ângulo agudo na plataforma anterior do reto. Isso leva à abrasão recorrente e ulceração da mucosa retal sobrejacente. Ciclos crônicos de lesão e cicatrização produzem uma massa poliploide composta de tecido mucosal inflamado e reativo. Pólipos Hamartomatosos. Ocorrem esporadicamente e como componentes de várias síndromes geneticamente determinadas ou adquiridas. Hamartomas são crescimentos desorganizados, semelhantes a tumores compostos de tipos de células maduras normalmente presentes no local em que o pólipo se desenvolve. • Pólipos juvenis. São o tipo mais comum de pólipo hamartomatoso. Podem ser esporádicos ou sindrômicos. A maioria dos pólipos juvenis ocorre em crianças com menos de 5 anos de idade. São caracteristicamente localizados no reto e a maioria se manifesta como sangramento retal. Em alguns casos, ocorre prolapso e o pólipo se sobressai através do esfíncter anal. Os pólipos juvenis geralmente são solitários, mas em pessoas com a síndrome autossômica dominante de polipose juvenil o número varia de 3-100 pólipos. A colectomia pode ser necessária para limitar a hemorragia associada à ulceração do pólipo. Ocorre displasia em pequena proporção. A polipose juvenil está associada a um risco aumentado de desenvolvimento de adenocarcinoma de cólon. Figura 4. Pólipos hamartomatoso juvenis. Em geral, são lesões pedunculadas de superfície lisa, avermelhadas, que têm menos de 3 cm de diâmetro e exibem espaços císticos típicos. Esses cistos são glândulas dilatadas preenchidas com mucina e detritos inflamatórios. • Síndrome de Peutz-Jeghers. Trata-se de um transtorno autossômico dominante raro definido pela presença de múltiplos pólipos hamartomatosos gastrointestinais e hiperpigmentação mucocutânea (manchas café-com-leite) que carrega risco aumentado de várias neoplasias malignas, como câncer de cólon, pâncreas, mama, pulmão, ovários, útero e testículos. Os pólipos são mais comuns no intestino delgado. Pode ocorrer obstrução e sangramento. Os pólipos são grandes e pediculados, com contorno lobulado. O exame histológico mostra uma rede arborizada típica de tecido conjuntivo, músculo liso, lâmina própria e glândulas revestidas por epitélio intestinal aparentemente normal. Pólipos hiperplásicos. É o tipo de pólipo não neoplásico mais comum. Geralmente ocorrem no reto e no cólon sigmoide e são tipicamente descobertos na sexta ou sétima década de vida. Acredita-se que a formação dessas lesões resulte de redução do turnover de células epiteliais e do atraso na eliminação de células epiteliais da superfície (aspecto serrilhado), levando a um amontoado de células caliciformes. Essas lesões não têm potencial maligno, mas devem ser cuidadosamente distinguidas dos adenomas sésseis serrilhados, lesões histologicamente semelhantes. Figura 5. Pólipos hiperplásicos são protusões nodulares lisas da mucosa, frequentemente sobre as cristas das pregas da mucosa. Tendem a ser múltiplos. Figura 6. Os pólipos hiperplásicos são formados por células caliciformes e absortivas maduras. Têm arquitetura tipicamente serrilhada. Adenomas. São os pólipos neoplásicos mais comuns do cólon. Os adenomas são pólipos benignos que dão origem à maioria dos carcinomas colorretais. A maioria dos adenomas, no entanto, não evolui para adenocarcinoma. Em decorrência do potencial maligno e da alta prevalência dos adenocarcinomas, propõe-se avaliação colonoscópica a cada 10 anos para indivíduos a partir de 50 anos. Para os indivíduos com história familiar de CCR, a investigação deve ser iniciada 10 anos antes do caso índice. Adenocarcinomas colorretais são caracterizados pela presença de displasia epitelial. A incidência de adenomas tem aumentado na Ásia, à medida que dietas e estilos de vida ocidentais tornam-se mais comuns. Os adenomas típicos variam de 0,3-10 cm de diâmetro e podem ser pedunculados ou sésseis, sendo que a superfície de ambos tem textura de veludo ou framboesa. Histologicamente, a marca citológica de displasia epitelial é a hipercromasia, com alongamento e estratificação nuclear (alteraçõesmais facilmente apreciadas na superfície do adenoma). Os adenomas podem ser classificados como tubulares, tubulovilosos ou vilosos com base na sua arquitetura. Os adenomas tubulares tendem a ser pólipos pequenos, pedunculados, compostos por glândulas arredondadas ou tubulares. Os adenomas vilosos, em geral, são maiores e sésseis, cobertos por vilosidade delgadas. Os focos de invasão são mais frequentemente adenomas vilosos, embora a arquitetura das vilosidades não aumente o risco de câncer quando o tamanho é considerado. O tamanho é a característica mais importante que se correlaciona com risco de malignidade. Outro fator importante é a displasia de alto grau. Os achados histológicos de adenomas sésseis serrilhados são semelhantes ao dos pólipos hiperplásicos e não há características citológicas de displasia. No entanto, essas lesões têm potencial maligno semelhante aos demais adenomas. Enquanto nos pólipos hiperplásicos a arquitetura serrilhada está restrita à superfície, nos adenomas serrilhados está presente em todo o comprimento da glândula. Síndromes familiares. • Polipose adenomatosa familiar (PAF). Doença autossômica dominante causada por mutações no gene APC. O adenocarcinoma colorretal ocorre em 100% dos pacientes com PAF não tratada, muitas vezes precocemente (30 anos). A terapia padrão é a colectomia profilática o Síndrome de Gardner: pode incluir osteomas de mandíbula, crânio e ossos largos, cistos epidérmicos, tumores desmoides e da tireoide e dentes supranumerários. o Síndrome de Turcot: inclui adenomas intestinais e tumores do sistema nervoso central. o PAF atenuada: < 100 adenomas planos, com predomínio em cólon direito e malignização mais tardia. o Diferencial: mutação recessiva em MUTYH. • Câncer colorretal não polipose hereditária (CCNPH) ou síndrome de Lynch. Nessa síndrome autossômica dominante, o CCR ocorre em idade jovem e, geralmente, no cólon direito. A SL é causada por mutação germinativa em genes que codificam enzimas de reparo do DNA (MLH1, MSH2, MSH6); o paciente herda dos pais uma mutação e um alelo normal, que deve sofrer mutação somática ou silenciamento epigenético em algum momento da vida (2nd hit). Quando o segundo alelo é perdido, defeitos de reparo levam ao acúmulo de mutações principalmente nas regiões de microssatélite. Isso conduz à instabilidade de microssatélite. As lesões geralmente são sincrônicas ou metacrônicas e levam a tumores mucinosos. É frequente a presença de neoplasia em outros órgãos, como endométrio e urotélio. O diagnóstico utiliza critérios de Amsterdã II e Bethesda. Adenocarcinoma. O adenocarcinoma colorretal é a neoplasia maligna mais comum do TGI, sendo responsável por 15% das mortes por câncer nos EUA. A incidência de CCR tem seu pico aos 60-70 anos e homens são acometidos com frequência ligeiramente maior que as mulheres. A incidência global de adenocarcinoma diminui nos últimos anos; no Oriente, porém, o número de casos de CCR aumentou. Atribui-se esse aumento à adoção de hábitos dietéticos ocidentais, bem como fumo, consumo de álcool e sedentarismo. A prevalência de adenocarcinoma é significativamente maior em países desenvolvidos e industrializados, guardando relação com a dieta dessas regiões. São fatores de risco para CCR a baixa ingestão de fibra vegetal não absorvível e o alto consumo de carboidratos refinados e gorduras. Estudos sugerem que AAS e outros AINEs (inibição de COX-2) possam ter efeito de quimioprevenção do CCR. Patogenia. • Via APC/ β-catenina (sequência clássica). O gene APC é um regulador negativo importante de β-catenina, um componente da via de sinalização WNT. Com a perda da função de APC, a β-catenina se acumula e transloca para o núcleo, onde ativa a transcrição de genes que promovem a proliferação. Isso é acompanhado por mutações adicionais, como mutações de ativação em KRAS, que também promovem o crescimento e evitam a apoptose. A progressão neoplásica também está associada a mutações em outros genes supressores de tumor, como SMAD2 e SMAD4, efetores da sinalização de TGF-beta (inibidor do ciclo celular). O gene supressor de tumor TP53 está mutado em 70-80% os cânceres de cólon e a mutação ocorre tardiamente na progressão do tumor. Alternativamente, os genes supressores de tumor podem ser silenciados por metilação de ilhas CpG (região promotora). • Via de instabilidade de microssatélites. Ocorre em pacientes com deficiência de reparo do DNA (p.e., HNPCC). As mutações podem levar à perda de TGF-beta tipo II e BAX (aumento da sobrevida de clones geneticamente anormais). Mutações no oncogene BRAF e silenciamento de grupos distintos de genes devido à hipermetilação da ilha CpG também são comuns. Por outro lado, KRAS e TP53 tipicamente não são mutados. • Via epigenética. Morfologia. Os adenocarcinomas de cólon proximal geralmente crescem como massas poliploides, exofíticas, que raramente causam obstruções. Já os carcinomas de cólon distal tendem a ser lesõ anulares que produzem constrições em “anel de guardanapo” e estreitamento luminal, às vezes até o ponto de obstrução. A maioria dos tumores é formada por células colunares altas que se assemelham ao epitélio displásico dos adenomas. Alguns tumores podem produzir mucina abundante que se acumula na parede intestinal. Os tumores também podem ser compostos por células em anel de sinete. Características clínicas. Anemia, sangue oculto nas fezes, mudança de hábito intestinal, cólicas no quadrante inferior esquerdo. Prognóstico. Dois fatores prognósticos importantes são a profundidade da invasão e a presença de metástases linfonodais. • Tumor – Node – Metástase. • As metástases podem envolver linfonodos regionais, pulmões e osso, mas, por causa da drenagem portal, o fígado é o local mais comum de lesões metastáticas. Câncer colorretal O câncer colorretal é o terceiro mais frequente em homens e o segundo em mulheres em relação à incidência, e a terceira maior causa de morte por câncer no mundo. O CCR é mais incidente nas sociedades ocidentais e é pouco frequente antes dos 40 anos. Fatores de risco. • Raça, etnia e gênero. A incidência e a mortalidade de CCR é maior em afro-americanos. A mortalidade por CCR é maior em mulheres. • História pessoal ou familiar de CCR esporádico ou pólipos adenomatosos. • Síndromes hereditárias. • Doença inflamatória intestinal. o Retocolite ulcerativa idiopática. o Doença de Crohn. • Radiação abdominal. Adultos que receberam radiação abdominal na infância possuem risco aumentado de neoplasias gastrointestinais. Recomenda-se realizar colonoscopia a cada 5 anos em pacientes que receberam mais de 30 Gy de radiação, após 10 anos da radioterapia ou a partir dos 35 anos. • Acromegalia. • Hábitos de vida. o Fatores de risco: dieta rica em carne vermelha e pobre em vegetais, consumo de álcool e tabaco, diabetes melito, obesidade e terapia antiandrogênica. o Fatores protetores: dieta rica em frutas, vegetais, ácido fólico, fibras, vitamina B6, cálcio, vitamina D e ômega 3. AAS Patogênese. Sequência adenoma-adenocarcinoma com evolução por 10 anos. Apenas 5% dos CCR independe de lesão adenomatosa ou displásica prévia. Rastreamento. • A partir dos 50 anos para indivíduos sem fatores de risco. Continuar até 10 anos antes da expectativa de vida. • Pesquisa de sangue oculto nas fezes anual – método guáiaco ou por imuno-histoquímica. • Retossigmoidoscopia flexível a cada 5 anos. • Colonoscopia a cada 10 anos ou colonoscopia virtual a cada 5 anos.Manifestações clínicas. Hematoquezia (sangramento retal) ou melena, dor abdominal, alteração do hábito intestinal e anemia ferropriva. o Cólon direito: diarreia. Cólon esquerdo: obstrução. Doença metastática. A disseminação pode ocorrer por via hematogênica, linfática ou por contiguidade. Os sítios mais afetados são linfonodos regionais, fígado (drenagem porta do cólon), pulmão (drenagem do reto pela VCI) e peritônio. O risco de metástases linfonodais aumenta quanto maior a profundidade da invasão do tumor. Diagnóstico. • Colonoscopia. Localiza a lesão, coleta biópsias e realiza polipectomias/ mucosectomias. o Indicações de tratamento endoscópico: adenomas, independentemente do grau de displasia, adenocarcinoma intra- mucoso, adenocarcinoma invasivo da submucosa • Retossigmoidoscopia flexível. Não é ideal, devido ao aumento do número de casos de CCR no cólon direito. • Enema opaco. Não recomendado. • Colonoscopia virtual e enterotomografia. São úteis nos casos em que a colonoscopia não pode ser completada, em razão de obstrução ou de dificuldade técnica. • Exames laboratoriais. Podem ser avaliadas a presença de anemia e as enzimas hepáticas. • Marcadores tumorais – antígeno carcinoembrionário (CEA): não é útil para diagnóstico, pois é muito pouco específico. Pode ser utilizado para avaliação prognóstica e acompanhamento pós-tratamento. CCR precoce: acomete a mucosa e submucosa. CCR avançado: invade além da camada muscular da mucosa. Estadiamento. Para pacientes com estadiamento II, III e IV é recomendada TC de abdômen, pelve e tórax. Não é recomendada a realização pré-operatória de PET-scan, exceto quando há altos níveis de CEA e nenhuma alteração nos exames de imagem. Manejo do CCR. • Tratamento endoscópico. Cânceres colorretais precoces, sem risco de metástases linfonodais (neoplasias intraepiteliais de alto grau limitadas à camada muscular da mucosa). Lesões que invadem a submucosa ou infiltram vasos linfáticos ou venosos devem ser obrigatoriamente ressecadas cirurgicamente com esvaziamento ganglionar. • Tratamento cirúrgico. Ressecção completa do tumor, do pedículo vascular e da drenagem linfática (12 linfonodos) do segmento afetado. É necessária colostomia ou ileostomia de proteção quando há peritonite generalizada, perfuração ou obstrução de cólon esquerdo. • Terapia neoadjuvante e adjuvante. o Quimioterapia neoadjuvante (pré-operatória) é considerada para o câncer retal localmente avançado. Já nos tumores colônicos não é recomendada terapia neoadjuvante. o Quimioterapia adjuvante (pós-operatória) tem o objetivo de eliminar micrometástases, diminuindo a recidiva sistêmica da doença. Indicada para estados III e IV. • A radioterapia é indicada para cânceres de reto, mas não para cânceres de cólon. Acompanhamento após ressecção. • Consulta clínica e dosagem de CEA a cada 3-6 meses nos primeiros 5 anos. • TC de abdômen e pelve anual nos primeiros 3 anos. TC pélvica anual por 3-5 anos nos casos de câncer de reto. • Colonoscopia em um ano e, se negativa, após 5 anos (não é necessária se o pólipo ressecado for um adenoma tubular único). • Retossigmoidoscopia semestral por 2-5 anos em casos de câncer de reto sem radioterapia. Exame proctológico e doenças orificiais ► Exame proctológico. O exame proctológico está indicado para: • Pacientes sintomáticos: o Sangramento – geralmente presente em hemorroidas, fissuras e neoplasias anorretais. Sempre deve ser investigado. o Dor anal – comum nos casos de fissura, abscesso e carcinoma anal e em quadros infecciosos, principalmente herpes. o Prurido – geralmente decorrente de causas benignas. o Tenesmo – indica um processo que envolve o reto. o Sintomas sistêmicos: febre, sudorese noturna e emagrecimento – sugerem doença crônica infecciosa, inflamatória ou malignidade. o Alterações na frequência e no calibre das fezes – sugestivo de neoplasia maligna. Comentado [C9]: Pacientes que apresentam defeitos em enzimas de reparo não se beneficiam de terapia adjuvante. • Pacientes assintomáticos com risco para ou em seguimento de CCR, doença inflamatória intestinal ou em screening de ISTs. Anamnese: é importante considerar a idade do paciente, seus antecedentes pessoas e familiares. Exame físico geral e de abdômen/ regiões inguinais. Exame anorretal. Posicionamento: 1 – Decúbito lateral esquerdo (Sims): mais confortável para o paciente. 3 – Posição genu-peitoral: boa exposição da região perianal; melhor posição para retossigmoidoscopia rígida. Inspeção. • Estática: o Orifícios fistulosos. o Abaulamentos. o Hemorroidas, plicomas. o Dermatites. o ISTs. o Fissuras. • Dinâmica: o Contração e relaxamento esfincteriano. o Valsalva (prolapsos, hemorroidas). Palpação. • Trajeto fistuloso. Comentado [C10]: Os plicomas anais são dobras de pele externas “soltas” que podem existir no ânus. Decorre do espessamento da pele, ou de dobras da mesma. • Abscesso perianal – áreas endurecidas/ amolecidas. • Áreas infiltradas por tumor. Toque retal. 1) Lubrificação. 2) Introduzir lentamente o indicador até o relaxamento da musculatura. 3) Verificar força de contração esfincteriana. Observar: • Dor ao toque. • Sulco interesfincteriano (depressão entre os dois esfíncteres). • Anel anorretal (músculo puborretal). • Mucosa do reto. • Estruturas extra-retais (tumores, abscessos, próstata, colo do útero, estrutura óssea, fecaloma de sigmoide). • Presença de sangue ou pus e aspecto das fezes. Anuscopia. • Observar o aspecto da mucosa do reto distal. • Retirar o aparelho lentamente. o Na altura do anel anorretal, as hemorroidas se projetam para a luz do anuscópio, tornando-se mais evidentes. o Pode-se observar fissuras, orifícios fistulosos e papilas hipertróficas no interior do canal anal. o Durante a retirada, são observadas a linha pectínea, hemorroidas (interna) e fístulas. Retossigmoidoscopia rígida. o Necessita de limpeza do reto – supositório de glicerina ou fleet. o A ultrapassagem do ângulo retossigmoidiano deve ser feita com muito cuidado, sem grande insuflação de ar. o O exame é realizado na retirada do aparelho. Observar: • Conteúdo do reto e cólon (fezes, pus, sangue, muco). • Diâmetro interno do reto e do cólon, se é complacente ou se apresenta zonas de estenose. • Aspecto da mucosa, presença de ulcerações ou elevações da mucosa, pólipos e lesões vegetantes. É possível fazer biópsia. ► Doenças anorretais. # Doença hemorroidária. Os plexos venosos hemorroidários são estruturas anatômicas normais presentes no canal anal que protegem suas paredes do traumatismo decorrente da evacuação. Normalmente, são divididos em duas estruturas vasculares distintas delimitadas pela linha pectínea em plexo hemorroidário superior (submucoso) e inferior (subcutâneo). A doença hemorroidária representa uma dilatação das veias desses plexos hemorroidários. É uma condição comum na população adulta, principalmente entre 25 e 40 anos, com discreta predominância no sexo masculino. Fatores de risco – levam ao enfraquecimento dos tecidos de sustentação, nos quais estão localizados os plexos venosos, permitindo deslizamento, prolapso e ingurgitamento desses plexos. • Hereditariedade. • Idade. • Aumento da pressão abdominal: o Constipação. o Diarreia. o Abuso de laxantes ou lavagens. o Obesidade. o Gravidez. • Prejuízo do retorno venoso: o Hipertensão portal. o Trombose de veia porta. Classificação.
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