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SENTENÇA
CONTEÚDO DA SENTENÇA
Como ato de inteligência , a sentença contém um silogismo, daí a necessidade desta resumir todo o processo, a partir da pretensão do autor, a defesa do réu, os fatos alegados e provados, o direito aplicável e a solução final da controvérsia.
De acordo com o Artigo 458 do CPC os requisitos essenciais da sentença são :
1) Relatório
2) Os fundamentos de fato e de direito (Motivação)
3) O dispositivo (Conclusão)
Tais formalidades são substanciais da sentença, de modo que sua inobservância leva a nulidade da sentença. A nulidade da sentença que apresenta inobservância destes requisitos pode ser alegada em apelação ou ação rescisória.
1) Relatório
O relatório é o momento onde o juiz deve fazer um histórico de toda a relação processual. Deve conter o nome das partes, a suma do pedido e da resposta do réu, bem como as principais ocorrências do processo.
Ao elaborar o relatório, o juiz deve observar o critério da clareza, precisão e síntese , sem deixar de ser minucioso na descrição do objeto da decisão e da controvérsia.
A falta do relatório torna nula a decisão
2) Os fundamentos de fato e de direito  - Motivação
Antes de declarar a vontade concreta da lei frente ao caso dos autos, cumpre ao juiz motivar sua decisão.
Assim deve o juiz necessariamente expor os fundamentos de fato e direito que geraram sua convicção.
O juiz em matéria do direito aplicável, não fica adstrito aos fundamentos das pretensões das partes.
A falta de motivação da sentença trás a nulidade da sentença
3) O dispositivo (Conclusão)
Dispositivo ou conclusão é o fecho da sentença. Nele contem a decisão da causa.
A falta da parte dispositiva da sentença, acarreta mais do que a nulidade da decisão, pois sentença sem dispositivo é sentença inexistente.
O dispositivo pode ser:
a) Direto - Quando especifica a prestação imposta ao vencido.
Exemplo: Pagar ao réu a importância de R$ 10.000,00 ao autor.
b) Indireto - Quando o juiz apenas se reportar ao pedido do autor para julgá-lo procedente ou improcedente.
Toda sentença deve ser clara e precisa, pois a falta destes requisitos poderá a parte apresentar embargos de declaração, quando houver obscuridade ou contradição. Artigo 535 C.P.C.
Clareza - Para que haja clareza a sentença deve ser intelegível e ser insuscetível de interpretação ambígua ou contraditória.
Precisão - De premissas certas, chega-se a conclusões certas, pois decisão incerta torna a sentença inexeqüível.
Para ser precisa a sentença deve conter-se ao limite do pedido, assim não pode o juiz dar o que não foi pedido, nem mais do que foi pedido. O juiz também não pode deixar de decidir sobre parte do pedido. Artigo 460 – C.P.C.
PRINCÍPIO DA DEMANDA
O juiz não pode prestar a tutela jurisdicional, senão quando requerida pela parte. Assim, o princípio da demanda se inspira na exigência de imparcialidade do juiz, que restaria comprometida caso pudesse a autoridade judiciária agir por iniciativa própria na abertura do processo. Artigo 128 e 460 do C.P.C
PRINCÍPIO DA CONGRUÊNCIA
A sentença não pode versar sobre matéria não pleiteada pelo demandante, portanto o pedido é o limite da jurisdição do juiz. Tal princípio é uma decorrência da garantia do contraditório e da ampla defesa . Artigo 5º. LV da Constituição Federal. Assim deve ser o objeto do processo bem claro e preciso para que possa o réu se manifestar sobre ele em sua defesa. Daí por ser o pedido do autor o objeto do processo, o juiz não pode decidir fora dele, sob pena de surpreender o demandado , cerceando-lhe a defesa e impedindo o pleno contraditório.
PUBLICAÇÃO E INTIMAÇÃO DA SENTENÇA
A sentença pode ser proferida em circunstancias diferentes:
a) Na audiência de instrução e julgamento - Quando o juiz a dita oralmente ao escrivão, que a lança no respectivo termo. Artigo 457 – C.P.C.
b) Nos 10 dias após a audiência - Em documento escrito pelo juiz, quando não se sentir habilitado a proferi-la em audiência. Artigo 456 – C.P.C
c) Nos 10 dias seguintes a conclusão - Em documento escrito pelo juiz, quando o julgamento se dá sem audiência.
Esse tipo de sentença se dá em casos de:
c.1) De reconhecimento do pedido, transação, reconhecimento judicial da decadência ou prescrição e renúncia do autor ao direito postulado., Artigo 269, II e V e Artigo 329 – C.P.C.
c.2) Em que a questão do mérito for unicamente de direito, e se houver fatos onde não haja necessidade de audiência. Artigo 330, I – C.P.C.
c.3) Ocorrer a revelia . Artigo 330 , II – C.P.C.
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A sentença é ato público . Artigo 155 – C.P.C., assim, enquanto não publicada não produzirá qualquer efeito.
É só com a publicação da sentença que o juiz cumpre o ofício jurisdicional que lhe foi pleiteado. Desde então não pode mais alterar seu decisório. Artigo 463 – C.P.C.
SENTENÇA EM AUDIÊNCIA (PUBLICAÇÃO)
Quando proferida a sentença em audiência, a publicação consiste na leitura da sentença. Artigo 456 – CP.C. Estando presentes ou ausentes os representantes das partes, reputar-se-ão todos intimados da sentença, desde que previamente intimados da audiência. Artigo 242 , Parágrafo 1º - C.P.C.
Inexistindo audiência, a publicação será feita em cartório, pelo escrivão por meio de termo nos autos, seguindo-se a intimação na forma do Artigo 242 , Parágrafo 2º.
A divulgação da sentença pela imprensa oficial não é ato de publicação, e sem ato de intimação da sentença, que faz iniciar a contagem do prazo para recurso ou para aperfeiçoamento da coisa julgada.
A publicação da sentença é ato do escrivão, fazendo-a integrar o processo por meio de termo de juntada lavrado nos autos.
EFEITOS DA PUBLICAÇÃO
Uma vez ocorrida a publicação dois efeitos importantes ocorrem:
1) Torna-se pública a prestação jurisdicional
2) Fixa-se o teor da sentença, tornando-se irretratável para seu prolator. (com esse segundo efeito surge o princípio da irretratabilidade da sentença do mérito).
CORREÇÃO DA SENTENÇA
Embora exista o princípio da irretratabilidade, a lei abre duas exceções onde o juiz pode realizar alterações na sentença:
1) A primeira, se refere a inexatidões materiais e erros de cálculos. Tais correções podem ser feitas ex ofício pelo juiz ou a requerimento da parte. Artigo 463, I – C.P.C. Exemplo: Erro na grafia da palavra que lhe desfigura o sentido ou cria contradição, erro ou modificação de algum dos nomes das partes, erros no cálculo, etc.
2) A segunda se refere aos embargos de declaração, que é uma espécie de recurso endereçado ao próprio prolator da sentença, em casos de obscuridade, contradição ou omissão de ponto que devia pronunciar-se a sentença. Artigo 535 – C.P.C.
Os embargos devem ser apresentados em 05 (Cinco) dias , devendo o juiz julgá-los em igual período. Os embargos de declaração não têm preparo e interrompem o prazo de outros recursos. Artigo 536 e 538 – C.P.C.
OBSERVAÇÕES
Embargos de declaração - Não é recurso. É encaminhado ao próprio juiz. Interrompe o prazo de trânsito em julgado.
Recurso - É sempre encaminhado a instância superior.
Interromper o prazo - Inicia-se a contagem desde o início.
Exemplo: A parte tinha 15 dias para apresentar a defesa, e os embargos foram apresentados no 5º dia, reinicia-se a contagem, ou seja, 15 dias novamente.
Suspender o prazo - Começa a contagem do prazo de onde havia parado.
Exceção de pré-executividade
Não existe previsão legal, ou seja não existe no ordenamento jurídico, somente na doutrina.
A exceção de pré-executividade é uma espécie excepcional de defesa específica do processo de execução, ou seja, independentemente de embargos do devedor, que é ação de conhecimento incidental à execução, onde o executado pode promover a sua defesa pedindo a extinção do processo, por falta do preenchimento dos requisitos legais.
É na verdade uma mitigação ao princípio da concentração da defesa, que rege os embargos do devedor. Predomina na doutrina o entendimento no sentido da possibilidade da matéria de ordem pública ser reconhecível, inclusive, de ofício pelo próprio magistrado, a qualquer tempo e graude jurisdição, ser objeto da exceção de pré-executividade, até porque há interesse público de que a atuação jurisdicional, com o dispêndio de recursos materiais e humanos que lhe são necessários, não seja exercida por inexistência da própria ação.
Sentença extra petita - A sentença “extra petita” incide em nulidade porque soluciona causa diversa da que foi proposta através do pedido.
Artigo 128 e 460 CPC
Não é considerada sentença extra petita , quando o juiz examina matéria de ordem pública, ou nulidades, pois a lei determina que o juiz se pronuncie sobre elas independente de requerimento da parte.
Sentença ultra petita - A sentença ultra petita, ocorre quando o juiz decide o pedido, mas vai além dele, dando ao autor mais do que foi pleiteado. (ultrapassa o que foi pedido) . O juiz amplia a sentença. Exemplo: A parte não pediu liminar, porém o juiz a concede sem o pedido.
Sentença citra petita - A sentença cita petita ocorre quando o juiz não examina questão proposta pela parte. Este exame imperfeito ou incompleto de uma questão não induz a nulidade da sentença, porque o tribunal tem o poder de completar o exame da matéria.
Exemplo: O Juiz foi questionado sobre os itens “A”, “B” e “C”, porém o mesmo se pronuncia somente sobre os itens “A e “B”. Não induz a nulidade da sentença. Os embargos declaratórios poderão resolver, porém se o juiz não corrigir a sentença poderá ser apresentada apelação. Artigo 460 CPC
Sentença Declaratória - Declarar o direito. Outra ação
A sentença declaratória tem o efeito de declarar a certeza, a existência ou inexistência de relação jurídica ou da autenticidade, ou falsidade documenta. Assim, na sentença declaratória , o órgão judicial verifica a vontade concreta da lei, apenas certificando a existência do direito.
Se o vencedor quiser valer seu crédito contra o vencido, terá que propor outra ação, esta de natureza condenatória.
Sentença Constitutiva - Modifica uma situação que havia.
Exemplo: Ação de divórcio. O sujeito era casado e move uma ação para o divorcio. O estado das pessoas foi modificado.
Sentença Condenatória Condenação Artigo 466 – CPC
Sentença Terminativa - Coisa Julgada formal. Poderá ser apresentada novamente em novo processo.
Observação: Somente poderá ser apresentada Três vezes, pois ocorrerá a perempção
Exemplo: Petição inicial inepta. 
Sentença Definitiva - Coisa julgada material. Não poderá será apresentada novamente em novo processo.
Liquidação - Simples cálculo , ou seja, calcular o valor atual - Artigo 586 C.P.C.
Liquidação por arbitramento - Artigo 475, alínea “C” – CPC. - Árbitro, perito.
Liquidação por artigos - Artigo 475, Alínea “E” – C.P.C.
Exemplo No. 01
Um advogado e professor caminhava pela rua em direção ao Fórum João Mendes, e ao atravessar a rua é atropelado perdendo parcialmente a perna, ou seja, do joelho para baixo. Qual será o valor da indenização? Este mesmo advogado poderá  dar aulas ainda?
O juiz condena o autor à uma pensão de R$ 1.000,00 por mês e indenização de R$ 50.000,00.
Ocorre que ao retornar ao médico é informado que precisará amputar a perna até a virilha. Diante do ocorrido talvez não consiga mais dar aulas. Será feita a liquidação por artigo, ou seja, algo que aconteceu após a sentença. Fato novo, fato superveniente.
Exemplo No. 02
Um sujeito possui uma empresa “X”  que constrói barragens e é contratado por um cliente que é criador de gado. A barragem é executada, porém rompe-se. O juiz condena o dono da empresa “X” ao pagamento de uma indenização no valor de R$ 40.000,00. Após a condenação ocorre que o gado começa a morrer de sede em virtude da falta de água. Não havia sido prevista a morte do gado, portanto é um fato novo. Será então proposta uma liquidação por artigo.
 Observação
A liquidação é feita nos próprios autos.

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