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TRAUMA TORÁCICO E ABDOMINAL Evisceração Se atendida em boa margem de tempo pode ter um bom prognóstico. Agravantes: lascerações, isquemia - lesão de reperfusão (tratar emissão de rad livres -lidocaína). Trauma em cabeça – Proptose de bulbo ocular Doliquocéfalos com proptose tem mais chances de ter trauma crânio-encefálico associados a causa de proptose. “Síndrome do gato voador/paraquedista”- lesões que se repetem Até o 6º andar: padrão de lesão que costuma ser mais grave. Trauma de extremidade de membros, trauma crânio encefálico. Após 6º andar: animal amplia a superfície corporal – maior dissipação das forças. ROBINSON, 1976 – 132 gatos (2o ao 32o) 1 - 2,7 anos 2 - 90% trauma torácico 3 - lesões repetidas: Trauma facial Fraturas de extremidades Hipotermia / choque Fratura de palato Fraturas dentárias Lesões por armas brancas pode aparentar mais grave do que realmente é, depende de profundidade e alvo dos cortes. Pneumotórax aberto com evisceração pulmonar Pleura mediastínica mais desenvolvida permite muitas vezes o funcionamento lateral, compatibilizando com a vida. TRAUMA • Lesão tecidual causada por violência ou acidente que ocorre de forma abrupta e que leva a vários graus de danos teciduais. É causa comum de morbidade e mortalidade em cães gatos (MUIR, 2006) • 11 a 13% da casuística dos hospitais escolas (FLEMING et al 2011) • Segunda maior causa de óbito BR: 1ª e 2ª maiores causas – Infecciosas e neoplasias Causas Acidentes automobilísticos Ataques / brigas de cães 315 pacientes (HALL et al. 2014) Acidentes automobilísticos 29,8% Mordidas 26,7% Quedas 18,1% Outros 14,3% Desconhecido 11,1% Conduta •Anamnese superficial •Exame físico rápido e dirigido •Trate sempre primeiro a maior ameaça de morte! O que é necessário? (Mínimo para atendimento) • Oxigênio e fluidos • Carro de emergência respirador, fármacos de emergência • Instrumental básico Traumatismos O trauma mata conforme uma cronologia previsível: • obstrução de vias aéreas • perda da capacidade de respirarBaseado nesse raciocínio desenvolveu-se o método ABCDE do trauma (sistema ATLS) Advanced Life Trauma Support • diminuição no volume vascular circulante • compressão intracraniana • extensas lesões (pele, músculos, ossos, etc...) ABCDE – A sequência mais lógica! • A – Airways • B – Breathing • C – Circulation • D – Disability – Definitive therapy • E – Exposure PRINCIPAIS TRAUMAS A 1. Trauma facial / cervical 2. Trauma torácico PneumotóraxB Hérnia diafragmática Hemotórax / contusão / fratura 3. Trauma abdominalC Hemoperitôneo Uroperitônio TRAUMA FACIAL / OBSTRUÇAO DAS VIAS AÉREAS Avaliação primária A – Airway Fique atento: • Dispnéia • Fraturas buco maxilares • Ferida penetrante • Enfisema subcutâneo Obs: A “avaliação primária” só será interrompida se ocorrer ou for verificada: • Obstrução das vias aéreas • Parada respiratória • Parada cárdio-respiratória • Grandes hemorragias Oxigenioterapia • Ventilação boca tubo -16 a 18% de O2; • Ambu oferece – 20 a 21%; • Ambu + O2 oferece – 30 a 40%; • Ambu com bolsa oferece – 80 a 90%; • Circuitos anestésicos ou respiradores – 100% • Máscara facial / Tenda ou Gaiola de O2 / Cone com O2 • Cateter nasal Cateter nasal pode estressar o paciente • LIDO 2% ou LIDO oftálmico insensibilização com lidocaína para inserir • O fluxo deverá ser de: • 50-200ml/kg/min. • Contra-indicada • líquido nas vias aéreas • epistaxe, descarga nasal mucopurulenta, fraturamaxilar e craniana. Intubação orotraqueal muitas vezes o paciente muito estressado deve ser entubado para ser retirado do estresse respiratório • Indicações: apneia; trauma crânio encefálico grave; severo traumatismo das vias aéreas superiores. Punção cricotireóidea opção para tirar do estresse respiratório Indicações: quando a intubação orotraqueal é impossível e traqueostomia não é indicada Traqueostomia • Indicações: • Obstrução da glote • Manejo trans e pós-operatório • Necessita suporte ventilatório Traqueostomia temporária / permanente Complicações média alta de complicações • 21 casos (Lindsay, 2014) • 12 complicações (10 maiores) • Pneumonia • Média de sobrevida – 328 dias (1321) • 26% de óbito em casa Avaliação primária B – Breathing • Palpação • Percussão • Auscultação PNEUMOTÓRAX • Definição Acúmulo de ar no espaço pleural • Classificação • Não traumático Raro em animais • Traumático Aberto – comunicação com exterior por lesão no tórax; redução na capacidade de expansão pulmonar Fechado ou tensional – parede torácica intacta com laceração do parênquima pulmonar (contusão pulmonar) Em abertura de parede torácica Retração e compactação pulmonar (mais radiopaco) Não é necessária lesão pulmonar para haver pneumotórax Etiologia Trauma: 11 a 18% dos acidentes automobilísticos resultam em pneumotórax RAIO X! Manifestações clínicas • Taquipnéia • Sangue espumoso sinal para lesão pulmonar • Cianose • “Tórax em barril” pneumotórax fechado • Abafamento de bulhas • Som timpânico • Feridas no tórax Diagnóstico • Sinais principal SC dispinéia • RX / TC • Enfisema SC • Retração pulmonar • “Coração elevado” • Desvio mediastinal ar empurra órgão para outro lado (visto em VD) • Toracocentese papel diagnóstico e de tratamento Tratamento (Oxigênio -50-150ml/kg/min) • Máscara • Cateter • Gaiola ou tendaNem todo pneumotórax necessita tratamento drenar qdo se apresentar dispneico • Colar elizabethano • Traqueotubo Tratamento - medicamentoso • Fluido • Antibiótico laceração causa sangramento, misturado ao ar contaminado = pleurite. Tratar com ATB por pelo menos 1 semana. • Analgesia • AINES ou AIES Tratamento (fechado ou tensional) • Sem dispnéia (observação) • Com dispnéia - toracocentese (7o ao 9o EIC) • Paciente com dispnéia (refratário à toracocentese) • Tubos de toracostomia necessidade quando houver mais de 2 drenagens em 24 horas • Técnica Introdução de um dreno tubular no interior do espaço pleural, situado na cavidade torácica. Conta o 10º EIC, faz a incisão da pele, e perfura no 7º EIC. • Aspirador contínuo não recomendado • Seringa mais simples; mais usada • Frasco em selo d’água funcionamento mais complexo Qual o momento de desistir do tubo e partir para toracotomia? Quando houver SC persistentes por 2-5 dias (obviamente pneumotórax abertos exigem correção imediata) Toracotomia • Gaze com pomada ATB • Curativo com plástico para gatos • Toracotomia exploratória e corretiva HEMOTÓRAX / CONTUSÃO PULMONAR / FRATURAS Definição • Hemotórax - Acúmulo de sangue no espaço pleural • Contusão – Ruptura do parênquima com acúmulo de sangue Etiologia • Traumatismos • Neoplasias • Coagulopatias Manifestações clínicas Início agudo Ang. respir. Mucosas pálidas Taquisfigmia Epistaxe Respiração paradoxal – tórax instável (flail chest paradoxical movement) quando inspira ponto de trauma vai para dentro, quando expira “salta” para fora Diagnóstico • Exame clínico • Exames complementares • RX • Toracocentese • Toracotomia exploratóriaQuando não há hemorragia significativa ou se não há várias fraturas de costela, pode-se optar pelo tratamento conservador Tratamento • Conservador • Oxigenioterapia e analgesia • ATB e repouso • CirúrgicoCirúrgico remoção de lobos quando bem delimitados, estabilização de costelas (uso da íntegra como apoio) • Transfusão de sangue • Posicionamento e estabilização • Toracotomia Avaliação primária C –Circulation Anemia ou hemodiluição? Hemodiluição pode demorar até 4 hrs pós hemorragia para dar sinais – atenção a hematócritos normais Perguntas a se fazer: • Hemorragia? • Mucosas pálidas e viscosas? • Reperfusão capilar? • Pulso femoral rápido e fraco? • Extremidades frias? • Torção de mesentério? Ruptura de bexiga? HEMOPERITÔNIO • Paciente atropelado! acidentes automobilísticos como 1ª causa de hemorragia intra-abdominal SERÁ QUETEM SANGRAMENTO ABDOMINAL? Definição Sangramento na cavidade abdominal Causas • Acidentes automobilísticos • Outros traumas • Tumores Hemorragia – 3 a 4 h Lembrar que há outras lesões sem sinal clínico nas primeiras horas pós trauma que não manifestam dor abdominal Bexiga – 12 h Avulsão mesent. – 5 a 7 d Trato biliar - semanas Manifestações clínicas • Taquicardia • Taquipnéia • TPC • Taquisfigmia • Mucosas pálidas • Hipotermia Diagnóstico • Exame físico • Exames complementares • Abdominocentese Nem sempre consegue ser sensível (necessidade de 5-6 ml/kg) feita com ou sem sução – sangue livre em cavidade abdominal sofre desfibrinação (não coagula desde que esteja a mais de 30’ na cavidade) Positivo – 0,1 ml de sangue não coagulado; Negativo – não coletado; Falso positivo – sangue coagulado em 3-5’ • Lavagem peritoneal diagnóstica feita por minilaparotomia ou com cateter calibroso, deixando descer soro (20 ml/kg) e fazendo sifonagem em seguida – teste muito eficiente detectando pequenas quantidades de sangue livre • US • Laparotomia (diagnóstico e terapêutico) acesso principal aos órgãos que potencialmente têm mais hemorragia Consideração de divisão anatômica do abdome: HD Fígado X Fígado e Vesícula biliar HE Estômago LD Duodeno, pâncreas, ceco, ovário, útero, rim, adrenal e ureter RU Alças intestinalis e útero LD Cólon, baço, ovário, útero, rim, adrenal e ureter ID Anéis inguinais (vasos e nervos) PP Bexiga IE Anéis inguinais (vasos e nervos) Tratamento • Oxigênio e analgesia – idem ao pneumotórax • CateterLembrar da via Intra-Óssea (fêmur, tíbia, úmero): tão versátil quanto a IV –tudo que a IV aceita a IO tbm • Solução de Ringer Lactato • cão: 60 a 90 mL/Kg/h • gato: 30 a 60 mK/Kg/h • Salina Hipertônica (5 a 7,5%) • cão e gato: 4 a 8 mL/Kg (1mL/Kg/min) • Transfusão Proporção 3 RL : 1 S • Repor 20 a 30 ml/Kg – V= 10 a 20 mL/Kg/h • Cada 2,2 ml/Kg eleva o hematócrito em 1% • Laparotomia UROPERITÔNIO Não é emergência cirúrgica Definição • Acúmulo de urina na cavidade peritoneal Causas • Acidentes automobilísticos • Outros traumas • Cálculos, tumores Fisiopatologia: Absorção azotemia peritonite química peritonite séptica Manifestações clínicas • Hematúria, disúria, iscúria, dorHematúria em pacientes atropelados é comum. Se não houver ruptura não há necessidade de intervenção cirúrgica • Distensão abdominal, peritonite, uremia • Equimose • Tardios: vômito, anorexia, depressão, letargia Diagnóstico • Anamnese • 12 horas – sem sinais • Houve micção? • Ex. Físico • Equimose • Palpação abdominal • Dor • Distensão • Bexiga não palpável • Observação da micção ou sondagem e monitorização do débito (peq rupturas – pode urinar normalmente) • Complementares • RX Cistograma positivo (trauma importante de pelve – fazer uretrocistografia) • Urinálise – hematúria • Bioquímico – 12 horas após – uremia • US • Abdominocentese Creatinina do derrame > creatinina sérica Se a creatinina do derrame for maior que a sérica = ruptura. Bom para detectar rupturas fora da bexiga Tratamento (estabilização) • Hematúria e polaciúria sem ruptura • Irrigar com fluido frio vasoconstrição ↓hemorragia • Ruptura pequena Cateter de espera (ou reparo) • Ruptura grande Reparo cirúrgico RESUMO • Priorize a oxigenioterapia • Não hesite em tomar decisões • Traqueostomia • Fluido IO • Siga a ordem lógica de diagnóstico e tratamento • (ABC)
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