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COMPOSIÇÃO QUÍMICA, NÍVEIS ESTRUTURAIS E FUNÇÕES DAS PROTEÍNAS Profa. Christiane Trevisan Slivinski Desenho racional de fármacos Síntese de substâncias que apresentam afinidade específica por um determinado tipo de molécula (enzima), envolvida com o processo patológico, inibindo sua ação e evitando a doença. Mas... Que relação este tema tem com a estrutura de proteínas? O planejamento racional de fármacos se desenvolveu a partir do modelo chave-fechadura proposto por Fischer, em 1885 (reconhecimento estrutural de moléculas), e contribuiu para o surgimento da química medicinal. A Química Medicinal envolve a invenção, a descoberta, o planejamento, a identificação, a preparação e a interpretação dos mecanismos de ação molecular de compostos biologicamente ativos. CONHECIMENTO DA ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DAS PROTEÍNAS SUMÁRIO - Características gerais - Composição química - Aminoácidos - Formação de polímeros - Ligações peptídica - Proteínas - Desnaturação - Funções das proteínas As proteínas são a personificação da transição de um mundo unidimensional de sequencias para um mundo tridimensional de moléculas capazes de realizar diversas funções. - são polímeros lineares construídos a partir de aminoácidos - apresentam ampla variedade de grupos funcionais - formam complexos proteicos - alguns são rígidos e outros flexíveis CARACTERÍSTICAS GERAIS Todo aminoácido tem um grupo carboxila e um grupo amino ligado ao mesmo átomo de C (o Cα). Eles diferem uns dos outros através de suas cadeias laterais ou grupos R. Todas as proteínas são construídas com o mesmo conjunto de 20 aminoácidos ligados covalentemente em seqüências lineares características C COO- R H3N + H A maioria dos aminoácidos presentes nas moléculas protéicas são L-estereoisômeros As cadeias laterais dos aminoácidos variam em: - tamanho - forma - carga - capacidade de ligar hidrogênio - reatividade química COMPOSIÇÃO QUÍMICA Os aminoácidos podem ser classificados em cinco grupos, de acordo com as características químicas gerais incluindo a polaridade de seus grupos R. Hidrofóbicos com grupos R apolares de cadeia alifática AMINOÁCIDOS Aromáticos AMINOÁCIDOS C COO- H H3N + CH2 FENILALANINA C COO- H H3N + CH2 HO TIROSINA CH2 C HN C C COO- H H3N + TRIPTOFANO H Polares, sem carga AMINOÁCIDOS Carregados negativamente (ácidos) AMINOÁCIDOS Carregados positivamente (básicos) AMINOÁCIDOS C COO- H H3N + CH2 CH2 CH2 CH2 NH3 + LISINA C COO- H H3N + CH2 CH2 CH2 NH C NH2H2N + ARGININA C COO-H3N + H CH2 C N C CN H H H HISTIDINA Dos 20 aminoácidos padrão, o organismo humano sintetiza apenas 11 (não essenciais), os outros 9 aminoácidos (essenciais) devem ser obtidos através da alimentação AMINOÁCIDOS ESSENCIAIS - metionina - fenilalanina - treonina - triptofano - histidina - valina - leucina - isoleucina - lisina Alguns aminoácidos importantes não primários: - 4-hidroxiprolina (parede celular vegetal e colágeno) - 5-hidroxilisina (colágeno) - N-metillisina (miosina) - carboxiglutamato (protrombina) - desmosina (elastina) Cerca de 300 aminoácidos adicionais foram encontrados com diversas funções mas não aparecem em proteínas AMINOÁCIDOS NÃO PRIMÁRIOS IONIZAÇÃO DOS AMINOÁCIDOS Quando um aminoácido cristalino, como a alanina, é dissolvido em água, ele existe na solução como um íon dipolar “zwitterion” As substâncias que exibem esta dupla natureza são ditas anfotéricas e frequentemente chamadas de anfólitos Zwitterion como ácido Zwitterion como base C H COO- R H3N + C COO- + H+ H R H2N C COO- + H+ H R H3N + C COOH+ H R H2N pH e pKa pKa – é o valor de pH que provoca 50% de dissociação do ácido pKa1 – COOH pKa2 – NH3 + pKa3 – grupo R (quando houver) C COO- H H3N + CH2 COO- pKa1pKa2 pKa3 Ocorre ionização primeiro do grupo carboxila, depois do grupo amino e quando o grupo R for ionizável, a ordem da ionização depende se seu pKa Grupos ionizáveis: (-COOH) e (NH3 +) – protonados (-COO-) e (NH2) - desprotonados C COOH H H3N + R H+ C COO- H H3N + R H+ C COO- H H2N R O valor de pH onde predomina a forma eletricamente neutra é denominado de ponto isoelétrico - pI As curvas de titulação predizem as cargas elétricas dos aminoácidos pI = pKa1 + pKa2 2 Curva de titulação da alanina FORMAÇÃO DE POLÍMEROS Embora exergônicas, são estáveis por possuírem alta energia de ativação Podem ser hidrolisadas por ácidos ou bases fortes ou proteases LIGAÇÕES PEPTÍDICAS Uma proteína é formada por uma sequencia de aminoácidos unidos por ligações peptídicas e que interagem entre si ao longo da cadeia PROTEÍNAS É possível deduzir a sequência de aminoácidos de uma proteína pela determinação da sequência de nucleotídeos em seu gene. Cada trinca de nucleotídeos corresponde a um aminoácido Determinada pela sequência de aminoácidos A função da proteína depende da estrutura tridimensional A estrutura tridimensional é única A estrutura é estabilizada pelas ligações não covalentes ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL Estrutura primária É definida pela sequência dos aminoácidos Organização espacial dos resíduos de aminoácidos vizinhos na sequencia (estruturas regulares e periódicas) Estrutura secundária -HÉLICE O esqueleto polipeptídico enrola-se ao longo do eixo mais longo da molécula e os grupos R dos resíduos de aminoácidos projetam-se para fora Folha β-pregueada Conformação mais estendida, o esqueleto das cadeias polipeptídicas é estendido em zigue- zague. As pontes de H entre as ligações peptídicas de cadeias poli adjacentes podem ser inter ou intra cadeias Organização espacial dos resíduos dos aminoácidos que estão distantes uns dos outros na sequencia polipeptídica e ao padrão das pontes dissulfeto Estrutura terciária Mioglobina Subunidades no interior da cadeia polipeptídica Estrutura quaternária hemoglobina glicoproteína Apresentam forma alongada, com cadeias polipeptídicas arranjadas em filamentos ou folhas. Geralmente insolúveis, apresentam função estrutural. São formadas pela associação de módulos repetitivos, possibilitando a construção de grandes estruturas, apresentam estrutura secundária regular PROTEÍNAS FIBROSAS α-queratina colágeno Uma ou mais cadeias polipeptídicas organizadas em uma forma final aproximadamente esférica, geralmente solúveis e desempenham várias funções dinâmicas (maior parte das enzimas e hormônios) PROTEÍNAS GLOBULARES HIERARQUIA PROTEICA Estrutura 3D da Proteína Função Biológica Portanto, o conhecimento da estrutura 3D é essencial para entender a função biológica e como alterá-la. o Catálise enzimática o Transporte o Armazenamento o Proteínas estruturais o Proteínas contráteis ou de motilidade o Defesa o Controle e regulação de células o Geração e transmissão de impulsos nervosos FUNÇÕES DAS PROTEÍNAS HEMOGLOBINA Células aeróbias recebimento contínuo de O2 CO2 deve ser removido constantemente Simples difusão não ocorre HEMOGLOBINA anidrasecarbônica anidrase carbônica CO2 + H2O H2CO3 HCO3 - + H+ Hemoglobina dos seres humanos adultos é formada por 4 subunidades duas α e duas β – semelhante à mioglobina Molécula tetramérica composta pela união de dois dímeros α1β1 e α2β2 Os dímeros interagem nas interfaces α1β2 e α2β1 As interfaces entre os dímeros sofrem modificações importantes durante a oxigenação e a desoxigenação da hemoglobina Cada cadeia da hemoglobina está associada a um grupo prostético chamado heme, localizado dentro de uma cavidade hidrofóbica O heme é uma molécula de porfirina contendo um átomo de ferro no estado ferroso (Fe2+), localizado em uma região hidrofóbica da proteína Uma molécula de hemoglobina totalmente oxigenada tem quatro moléculas de O2 e é chamada de oxihemoglobina (oxi-Hb ou HbO2) A hemoglobina desprovida de oxigênio é chamada de desoxihemoglobina (desoxi-Hb ou Hb) As porfirinas consistem em um anel plano, resultante da ligação de quatro núcleos pirrólicos, que apresentam cadeias laterais variáveis – PROTOPORFIRINA IX SISTEMA IMUNE E IMUNOGLOBULINAS A resposta imune consiste de dois sistemas complementares: • Sistema imune humoral – direcionada à infecções bacterianas e vírus extracelular • Sistema imune celular – destrói células hospedeiras, alguns parasitas e tecidos estranhos ANTICORPOS OU IMUNOGLOBULINAS resposta imune humoral Qualquer molécula ou patógeno capaz de elicitar uma resposta imune é chamado de ANTIGENO, que pode ser um vírus, uma parede celular bacteriana, uma proteína individual ou outra macromolécula ACTINA, MIOSINA E MOTORES MOLECULARES Força contrátil do músculo actina e miosina Filamentos que sofrem interações transitórias e deslizam entre si 80% da massa de proteínas do músculo M.M. = 540.000 Possui 6 subunidades – 2 cadeias pesadas e 4 cadeias leves Terminais carboxila são arranjadas como α-hélice estendidas, enroladas em volta da outra em uma fibra No terminal amino, cada cadeia possui um domínio globular grande, contendo o sítio onde o ATP é hidrolisado As cadeias leves estão associadas com os domínios globulares MIOSINA • M.M. = 42000 • Segunda principal proteína muscular • As moléculas monoméricas (actina G) associam-se para formar o polímero um (actina F) • Outras proteínas auxiliam na formação dos sarcôemros: α-actina, desmina, vimentina, nebulina, parmiosina, proteína C, proteína M, titina ACTINA ENZIMAS o Enzimas proteínas altamente especializadas - Elevado poder catalítico - Alta especificidade - Aceleram as reações - Funcionam em condições brandas - Centrais a todos os processo bioquímicos - Reações sequenciais REFERÊNCIAS GUIDO, R.V.C.; ANDRICOPOLUTO, A.D.; OLIVA, G. Planejamento de fármacos, biotecnologia e química medicinal: aplicações em doenças infecciosas. Estudos Avançados, v. 24, n. 70, p. 81-98, 2010.20 NELSON; D.L.; COX, M.M. Princípios de Bioquímica de Lehninger. 6ª Ed.. Porto Alegre: Artmed, 2014. MARZZOCCO, A.; TORRES, B.B.. Bioquímica Básica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. BERG, J.M., TYMOCZKO, J.L.; STRYER, L.. Bioquímica. 7ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
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