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RESUMO SOBRE A VIDA ADULTA Alguns estereótipos mais consistentes na atual sociedade a respeito dos idosos são que, embora de um modo geral sejam vistos como afetuoso e carinhosos, eles são incompetentes e de baixo status. Idadismo: Preconceito ou discriminação contra uma pessoa (geralmente o idoso) baseado na idade. Como tem variado a expectativa de vida, quais são as causas do envelhecimento, e quais são as possibilidades de estender o tempo de vida? A expectativa de vida pode estagnar a sua tendência crescente e até mesmo declinar nas próximas décadas, já que doenças infecciosas e relacionadas à obesidade compensam os ganhos obtidos com os avanços da medicina. Em praticamente todo o mundo, as mulheres em geral vivem mais tempo e apresentam taxas de mortalidade mais baixas em todas as idades do que os homen. A vida mais longa das mulheres pode ser atribuída à sua tendência maior de tomar conta de si próprias e de buscar cuidados médicos, ao nível mais alto de apoio social que recebem, à elevação de seu nível socioeconômico nas últimas décadas e às taxas de mortalidade mais altas dos homens. Além disso, os homens tendem a fumar e a beber mais, e também estão mais expostos a toxinas perigosas. Quais são as mudanças físicas que ocorrem durante a velhice e como essas mudanças variam entre os indivíduos? Algumas mudanças físicas costumam estar associadas ao envelhecimento, sendo óbvias para um observador casual, embora afetem mais algumas pessoas do que outras. A pele mais velha tende a se tornar mais pálida e menos elástica; e assim como a gordura e os músculos encolhem, a pele fica enrugada. São comuns varizes nas pernas. O cabelo fica mais fino, grisalho e depois branco, e os pelos do corpo tornam-se mais ralos. Alguns organismos declinam rapidamente, outros quase nada. O envelhecimento, e mais o estresse crônico, podem enfraquecer a função imunológica, fazendo as pessoas mais idosas ficarem mais suscetíveis a infecções respiratórias e com menor probabilidade de se recuperarem. O estresse crônico em adultos mais velhos também está relacionado à inflamação crônica de baixa intensidade. Problemas visuais e auditivos talvez interfiram na vida diária, mas em geral podem ser corrigidos. Danos irreversíveis podem resultar de glaucoma ou degeneração macular relacionados à idade. Perdas de paladar e olfato podem levar à má nutrição. O treinamento pode melhorar o tempo de reação, equilíbrio e força muscular. Adultos idosos tendem a ser suscetíveis a acidentes e quedas. Pessoas mais velhas tendem a dormir menos e a sonhar menos que antes, mas a insônia crônica pode ser uma indicação de depressão. Muitos adultos mais velhos permanecem sexualmente ativos Quais são os problemas de saúde comuns na vida adulta tardia, quais são os fatores que influenciam a saúde, e quais são os problemas mentais e comportamentais vivenciados por algumas pessoas idosas? A maior parte dos idosos é razoavelmente saudável, principalmente se seguem um estilo de vida saudável. Muitos apresentam problemas crônicos, mas esses em geral não limitam muito suas atividades ou interferem na vida diária. Seis das sete principais causas de morte na velhice são devidas a condições crônicas – doenças cardíacas, câncer, acidente vascular cerebral, doenças crônicas do sistema respiratório, diabetes e influenza/pneumonia (que as autoridades públicas da área de saúde contam como uma única doença). A hipertensão, que pode afetar o fluxo sanguíneo no cérebro, está relacionada a declínios na atenção, aprendizagem, memória, funções executivas, habilidades psicomotoras e habilidades espaciais, perceptivas e visuais, sendo um fator de risco para AVC. Além da hipertensão e do diabetes, as doenças crônicas mais comuns são a artrite (50%), doenças cardíacas (31%) e câncer (21%). A ocorrência de hipertensão, acidente vascular cerebral, asma, bronquite crônica, enfisema e artrite é maior em mulheres, enquanto os homens estão mais propensos a ter doenças cardíacas, câncer e diabetes. A maior parte dos idosos apresenta boa saúde mental. Depressão, alcoolismo e muitos outros problemas podem ser revertidos com tratamento; alguns poucos, como o mal de Alzheimer, são irreversíveis. A depressão geralmente está associada a outros problemas de saúde. A demência é o termo geral para o declínio comportamental e cognitivo de causas fisiológicas capaz de interferir nas atividades diárias. Quais são as perdas e os ganhos em termos de habilidades cognitivas que tendem a ocorrer na vida adulta tardia? Existem meios para melhorar o desempenho cognitivo de pessoas idosas? O Estudo Longitudinal de Seattle descobriu que o funcionamento cognitivo na vida adulta tardia é altamente variável. Poucas pessoas declinam em todas ou na maior parte das áreas, e muitas melhoram em algumas. A hipótese do envolvimento procura explicar as diferenças. Adultos mais velhos resolvem problemas práticos com mais eficácia se estes tiverem relevância emocional para eles. Uma diminuição generalizada no funcionamento do sistema nervoso central pode afetar a velocidade do processamento de informação. A inteligência pode ser um previsor de longevidade. Adultos mais velhos têm mais problemas em recuperar palavras oralmente e em soletrar do que adultos jovens. A complexidade gramatical e o conteúdo da fala declinam. Alterações neurológicas e problemas de codificação, armazenamento e recuperação podem ser responsáveis por grande parte do declínio da memória funcional em adultos idosos. Entretanto, o cérebro pode compensar alguns declínios relacionados à idade. Pessoas idosas mostram considerável plasticidade em desempenho cognitivo e podem se beneficiar de treinamento Envelhecimento Primário - é um processo gradual e inevitável de deterioração física que começa cedo na vida e continua ao longo dos anos, não importa o que as pessoas façam para evitá-lo. Nessa visão, o envelhecimento é uma consequência inevitável de ficar velho. Envelhecimento Secundário - processo de envelhecimento que resulta de doenças, abusos e maus hábitos físicos e que pode muitas vezes ser evitado. Atividades diárias da vida (ADVs) - atividades essenciais que são a base da sobrevivência, como alimentar-se, vestir-se, banhar-se e realizar tarefas domésticas. São mais comuns no terceiro grupo que é o idoso mais velho que são pessoas apartir dos 85 anos. Idade Funcional - a capacidade de uma pessoa interagir em um ambiente físico e social em comparação com outros da mesma idade cronológica. Geriatria - área da medicina relacionada aos processos de envelhecimento e aos problemas de saúde que surgem com a velhice. Gerontologia - o estudo do envelhecimento e seus processos. Expectativa de vida - é a idade máxima que uma pessoa nascida em um determinado período e lugar provavelmente viverá, considerando-se a idade atual e a saúde dessa pessoa, com base na média de longevidade de uma população. Longevidade - duração da vida de um indivíduo. Tempo de Vida - o período mais longo que os membros de uma espécie podem viver. Senescência - Período da vida marcado por declínios no funcionamento físico, normalmente associados à idade; começa em idades diferentes para pessoas diferentes. Teorias do Envelhecimento Biológico. Teorias de programação genética – Teorias que explicam o envelhecimento biológico como resultado de uma programação geneticamente determinada. • Teoria da Senescência Programada - envelhecer é o resultado de uma ativação e desativação contínua de certos genes. Senescência é o tempo em que os déficits associados ao resultado da idade ficam evidentes. Pode-se dizer que é o “desligamento” de genes específicos antes que as perdas relativas à idade (por exemplo, na visão, audição e controle motor) tornem-se evidentes. • Teoria endócrina - o relógio biológico age através dos genes que controlam as mudanças hormonais. Perda da força muscular, acumulação de gordura e atrofia dos órgãos podem estar relacionados a declínios na atividade hormonal.• Teoria imunológica - propõe que certos genes podem causar problemas no sistema imunológico, que depois resulta em maior suscetibilidade a doenças, infecções e câncer. • Teoria Evolucionista - envelhecer é um traço evolutivo que possibilita aos membros de uma espécie viver somente o suficiente para reproduzir. Teorias de taxas variáveis - Teorias que explicam o envelhecimento biológico como o resultado de processos que variam de pessoa para pessoa e são influenciados pelos ambientes interno e externo; algumas vezes chamadas de teorias dos erro. • Teoria do desgaste - o corpo envelhece como resultado do acúmulo de danos ao sistema no nível molecular. À medida que envelhecemos, as células tornam-se menos capazes de reparar ou substituir partes danificadas. Estressores internos e externos (incluindo o acúmulo de substâncias prejudiciais, como os subprodutos químicos do metabolismo) podem agravar o processo de desgaste. • Teoria dos radicais livres - concentra-se nos efeitos danosos dos radicais livres: moléculas ou átomos instáveis e altamente reativos formados durante o metabolismo, que reagem com, e podem danificar, membranas celulares, proteínas das células, gorduras, carboidratos e até o DNA. Os danos provocados pelos radicais livres se acumulam com a idade; eles têm sido associados à artrite, distrofia muscular, catarata, câncer, diabetes de ação tardia e transtornos neurológicos como o mal de Parkinson. Antioxidantes são moléculas que estabilizam a ação de radicais livres e teoricamente podem ser usados para evitar seus efeitos negativos, a suplementação com antioxidantes não tem sido útil em prolongar o tempo de vida humano. • Teoria da taxa de vida - sugere que o corpo pode trabalhar até certo ponto, e isso é tudo; quanto mais rápido ele trabalha, mais energia usa e mais rápido o desgaste. Assim, a velocidade do metabolismo, ou o uso da energia, determina o tempo de vida. • Teoria autoimune - sugere que um sistema imunológico envelhecido pode tornar-se “confuso” e liberar anticorpos para atacar as próprias células. Esse mau funcionamento, chamado de autoimunidade é, portanto, responsável pelas doenças e transtornos relacionados à idade. Quais os Sinais de Alerta para o AVC? • Dormência súbita ou fraqueza na face, braço ou perna, especialmente em um lado do corpo - não é possível levantar os braços (um de cada vez ou dois ao mesmo tempo) ou mantê-los no ar; • Súbita confusão, dificuldade para falar ou compreender a fala - fala arrastada, incapaz de encontrar as palavras adequadas para explicar alguma coisa ou dizer incoerências podem sinalizar acidente vascular cerebral; • Dificuldade súbita de enxergar em um ou ambos os olhos - perde-se a capacidade de sorrir ou abrir um dos olhos. Quase sempre as paralisias acometem um lado da face. Acrescentam-se a tudo isso problemas visuais típicos de um acidente vascular cerebral, como visão desfocada, borrada, dupla ou obscurecida. • Dor de cabeça súbita, intensa, sem causa conhecida - em um acidente vascular cerebral, a enxaqueca é tão intensa que impede de fazer qualquer outra coisa; • Tonturas e dificuldade para andar - quando o fluxo de sangue para o cérebro diminui, você poderá sentir tonturas repentinamente. Além disso, pode perder o equilíbrio ou falta de coordenação e tropeçar. Qualquer movimento que requer atenção será afetado. Descreva o Mal de Alzheimer e Mal de Parkinson. Mal de Alzheimer - Distúrbio cerebral, progressivo, irreversível e degenerativo, caracterizado por deterioração cognitiva e perda do controle das funções corporais, e que leva à morte. O mal de Alzheimer (MA) é uma das mais comuns e mais temidas doenças terminais entre as pessoas idosas. Gradualmente, rouba dos pacientes a inteligência, a consciência e até mesmo a habilidade de controlar as funções de seu corpo, e finalmente os mata. Os sintomas clássicos do mal de Alzheimer são a diminuição da capacidade de memória, deterioração da linguagem e deficiências no processamento espacial e visual. O sintoma precoce mais evidente é a incapacidade de lembrar acontecimentos recentes ou absorver novas informações. As mudanças de personalidade – por exemplo, rigidez, apatia, egocentrismo e diminuição da capacidade de se controlar emocionalmente – tendem a ocorrer no começo do desenvolvimento da doença. Outros sintomas também surgem: irritabilidade, ansiedade, depressão e, mais tarde, ilusões, delírios e pensamentos desordenados. Memória de longo prazo, julgamento, concentração, orientação e fala, tudo isso é afetado, e os pacientes apresentam problemas ao lidarem com as atividades básicas do cotidiano. No final, eles não conseguem entender ou usar a linguagem, não reconhecem os membros da família, não podem comer sem ajuda, não podem controlar o intestino e a bexiga, e perdem a capacidade de andar, sentar e engolir alimentos sólidos. O óbito vem de oito a dez anos após o aparecimento dos sintomas. Diagnóstico e Prognóstico - o MA podia ser definitivamente diagnosticado somente por um exame pós-morte do tecido cerebral. O escaneamento PET (tomografia de emissão de pósitron) não invasivo tem sido usado para detectar as placas e emaranhados característicos do Alzheimer, e os resultados foram tão bons quanto aqueles obtidos por autópsia. Outros pesquisadores concentraram-se em identificar não o Alzheimer em si, mas as pequenas deficiências cognitivas que, se não tratadas, podem resultar na doença. Tratamento - Embora não se tenha descoberto a cura, o diagnóstico e o tratamento logo no início podem reduzir o progresso do mal de Alzheimer e melhorar a qualidade de vida. Inibidores da colinesterase, como o donepezil, comercialmente conhecido como Aricept, tornaram-se o tratamento padrão para reduzir ou estabilizar o progresso do MA entre brando e moderado. A imunoterapia é uma abordagem experimental que traz grandes expectativas. Na ausência da cura, o gerenciamento da doença é crítico. Nos primeiros estágios, intervenções com treinamento cognitivo resultaram em ganhos tanto na área cognitiva quanto comportamental. Terapias comportamentais podem reduzir a degeneração, melhorar a comunicação e reduzir o comportamento perturbador. Drogas podem aliviar a agitação e a depressão, e ajudar os pacientes a dormir. Nutrição apropriada e ingestão de líquidos, juntamente com exercícios, terapia física e controle de outros estados clínicos são importantes, e a cooperação entre o médico e o cuidador é essencial. Mal de Parkinson – a segunda doença mais comum e que envolve uma degeneração neurológica progressiva, é caracterizada por tremores, rigidez, movimentos lentos e postura instável. A Doença de Parkinson é caracterizada clinicamente pela combinação de três sinais clássicos: tremor de repouso, bradicinesia e rigidez. Além disso, o paciente pode apresentar também: acinesia, micrografia, expressões como máscara, instabilidade postural, alterações na marcha e postura encurvada para a frente. O sintoma mais importante a ser observado é a bradicinesia. A clínica é dominada pelos tremores musculares. Estes iniciam-se geralmente em uma mão, depois na perna do mesmo lado e depois nos outros membros. Os sintomas cognitivos, embora comumente presentes na doença, continuam a ser negligenciados no seu diagnóstico e tratamento. Existem evidências de distúrbios nos domínios emocional, cognitivo e psicossocial, destacando-se: depressão, ansiedade; prejuízos cognitivos e olfativos; e, em particular, a demência na DP. A doença de Parkinson é uma doença primária de causa obscura. Há degeneração e morte celular dos neurônios produtores de dopamina. É portanto uma doença degenerativa do sistema nervoso central, com início geralmente após os 50 anos de idade. O Mal de Parkinson é uma doença que ocorre quando certos neurônios morrem ou perdem a capacidade. O indivíduo portador de Parkinson pode apresentar tremores, rigidez dos músculos, dificuldade de caminhar, dificuldade de se equilibrar e de engolir. Como esses neurônios morrem lentamente, esses sintomassão progressivos no decorrer de anos. A síndrome de Parkinson não é fatal mas fragiliza e predispõe o doente a outras patologias, como pneumonia de aspiração (o fraco controle muscular leva a deglutição da comida para os pulmões) e outras infecções devido à imobilidade. Descreva os tipos de Memória na Idade Tardia: A falha de memória geralmente é considerada um sinal de envelhecimento. Memória de curto prazo - Pesquisadores avaliam a memória de curto prazo pedindo que a pessoa repita uma sequência de números, ou na ordem em que lhe é apresentada, ou na ordem inversa. Um fator-chave no desempenho da memória é a complexidade da tarefa. Tarefas que exigem somente ensaio, ou repetição, mostram muito pouco declínio. Tarefas que exigem reorganização ou elaboração mostram maior queda. • Memória sensorial - Armazenamento temporário, breve, inicial das informações sensoriais. • Memória de trabalho - Armazenamento de curto prazo das informações que estão sendo ativamente processadas. Memória de longo prazo - processamento de informação dividem a memória de longo prazo em três grandes sistemas: memória episódica, memória semântica e memória de procedimento. • Memória episódica - Memória de longo prazo de experiências ou acontecimentos específicos, ligados a tempo e lugar. Como a memória episódica está ligada a acontecimentos específicos, você recupera um item do seu “diário” mental ao reconstruir a experiência original em sua mente. Adultos mais velhos têm menor capacidade do que as pessoas jovens de fazer isso, talvez porque eles se concentrem menos no contexto (onde algo aconteceu, quem estava lá) e confiem mais no ponto principal do que nos detalhes. Por causa disso, possuem menos conexões para estimular a memória. • Memória semântica - é como uma enciclopédia mental; ela mantém armazenado o conhecimento de fatos históricos, localizações geográficas, costumes sociais, significados das palavras e outros. A memória semântica não depende da lembrança de quando e onde algo foi aprendido, e apresenta pouco declínio com a idade, embora, sem ser usada frequentemente, às vezes possa ser difícil recuperar informações altamente específicas. • Memória de procedimento - Memória de longo prazo de habilidades motoras, costumes e formas de fazer as coisas, que em geral podem ser relembradas sem esforço consciente; algumas vezes chamada de memória implícita. Isso inclui habilidades motoras, hábitos e processos que, uma vez aprendidos, podem ser ativados sem esforço consciente. A memória de procedimento é pouco afetada pela idade. SILENE – RESUMO CAP. 19 A personalidade muda com a idade? E quais são as questões e as tarefas especiais que as pessoas mais velhas têm de enfrentar? O estágio final de Erik Erikson, integridade do ego versus desespero, culmina na virtude da sabedoria, ou na aceitação da vida e da morte iminente. Sabedoria, disse Erikson, significa aceitar a vida que se viveu sem maiores arrependimentos: sem ficar preso ao que “deveria ser feito” ou “poderia ter sido”. Isso significa aceitar imperfeições em si próprio, nos pais, nos filhos e na vida Erikson acreditava que as pessoas devem manter um envolvimento vital na sociedade. Os traços de personalidade tendem a permanecer razoavelmente estáveis na vida adulta tardia, dependendo de como são medidos. Em coortes recentes, os idosos parecem ter personalidade menos rígida do que em coortes anteriores. A emotividade tende a tornar-se mais positiva e menos negativa na velhice, mas traços de personalidade podem modificar esse padrão. Erikson acreditava, porém, que, mesmo quando as funções do corpo enfraquecem, as pessoas devem manter um “envolvimento vital” na sociedade. Integridade do ego versus desespero - De acordo com Erikson, a oitava e última etapa do desenvolvimento psicossocial, quando as pessoas da vida adulta tardia adquirem um senso de integridade do ego pela aceitação da vida que tiveram, e assim aceitam a morte, ou se entregam ao desespero pela impossibilidade de reviver suas vidas. Segundo o modelo dos cinco fatores e as pesquisas que lhe dão suporte, é improvável que pessoas hostis, em média, tornem-se muito mais amigáveis com a idade, a não ser que se submetam a tratamento terapêutico; e pessoas otimistas provavelmente continuarão esperançosas. Entretanto, estudos longitudinais e transversais que utilizaram uma versão modificada desse modelo constataram uma mudança contínua na vida adulta tardia: com o tempo, uma diminuição no neuroticismo; aumentos em autoconfiança, acolhimento caloroso e estabilidade emocional; e aumentos em conscienciosidade acompanhados por declínios em vitalidade social (gregarismo) e abertura para o novo. A personalidade é um forte previsor de emotividade e bem-estar subjetivo – mais forte em muitos aspectos que as relações sociais e a saúde. Emoções negativas autorrelatadas, tais como inquietude, tédio, infelicidade e depressão, diminuíram com a idade. Ao mesmo tempo, a emotividade positiva – entusiasmo, interesse, orgulho e senso de realização – tendeu a permanecer estável até a velhice e depois declinou apenas ligeiramente e aos poucos. Pessoas com personalidade neurótica (temperamentais, suscetíveis, ansiosas e inquietas) tendem a reportar emoções negativas, e não positivas, e tendem a se tornar ainda menos positivas à medida que envelhecem. Pessoas com personalidade neurótica (temperamentais, suscetíveis, ansiosas e inquietas) tendem a reportar emoções negativas, e não positivas, e tendem a se tornar ainda menos positivas à medida que envelhecem. Quais são as estratégias e os recursos que contribuem para o bem-estar e para a saúde mental dos idosos? Enfrentamento (coping): É o pensamento ou comportamento adaptativo que visa reduzir ou aliviar o estresse resultante de condições prejudiciais, ameaçadoras ou difíceis. É um importante aspecto da saúde mental. George Vaillant descobriu que o uso de defesas adaptativas - elas podem mudar a percepção das realidades que as pessoas são incapazes de modificar - maduras mais cedo na vida adulta prediz o ajustamento psicossocial na terceira idade. As defesas adaptativas podem ser inconscientes ou intuitivas. Em pesquisas baseadas no modelo de avaliação cognitiva, os adultos de todas as idades geralmente preferem o enfrentamento focalizado no problema, mas, quando a situação assim o exige, os adultos mais velhos utilizam mais o enfrentamento focalizado na emoção do que os adultos mais jovens. Modelo de avaliação cognitiva: É o modelo de avaliação cognitiva proposto por Lazarus e Folkman, o qual afirma que, com base em contínuas avaliações de sua relação com o ambiente, as pessoas escolhem estratégias adequadas de enfrentamento para lidar com situações que sobrecarregam seus recursos normais. Enfrentamento focalizado no problema: No modelo de avaliação cognitiva, estratégia de enfrentamento orientada para eliminar, administrar ou melhorar uma situação estressante. Enfrentamento focalizado na emoção: No modelo de avaliação cognitiva, estratégia de enfrentamento orientada para administrar a resposta emocional a uma situação estressante, com o objetivo de diminuir seu impacto físico ou psicológico. As respostas focalizadas no problema, em resposta a uma série de reprimendas de um patrão, poderiam ser: trabalhar com mais afinco, buscar formas de melhorar as próprias habilidades ou procurar outro emprego. Respostas focalizadas na emoção poderiam ser: recusar-se a pensar naquelas reprimendas ou convencer-se de que o patrão não tinha a intenção de ser tão duro. A pesquisa pôde distinguir dois tipos de enfrentamento focalizado na emoção: proativo (confrontar ou expressar as emoções ou procurar apoio social) e passivo (evitação, negação, supressão das emoções ou aceitação da situação como ela é). O enfrentamento focalizado na emoção pode ser particularmente útil para lidar com o que a psicoterapeuta Pauline Boss (2007) chama de: Perda ambígua: Uma perda não totalmente definida ou que não teve um desfecho. Osestilos de enfrentamento não estão relacionados apenas ao bem-estar emocional e psicológico. De um modo geral, pessoas mais felizes são também mais saudáveis. E o modo como a pessoa enfrenta as provações e atribulações da vida está relacionado a várias consequências importantes para a saúde. A religião é, para muitos idosos, uma importante fonte de enfrentamento focalizado na emoção. Foram constatados vínculos entre religião ou espiritualidade e saúde, longevidade e bem-estar. Possíveis explicações incluem o apoio social, o encorajamento a levar estilos de vida saudáveis, a percepção de uma medida de controle sobre a vida por meio da oração, a criação de estados emocionais positivos, a redução do estresse e a fé em Deus como forma de interpretação dos infortúnios. Muitos estudos sugerem uma ligação positiva entre religião ou espiritualidade e saúde. Outra revisão de estudos revelou a existência de uma associação positiva entre religiosidade ou espiritualidade e níveis de saúde, bem-estar, satisfação conjugal e função psicológica; e uma associação negativa com suicídio, delinquência, criminalidade e uso de drogas e álcool. O conceito de envelhecimento bem-sucedido ou ideal reflete o crescente número de adultos mais velhos saudáveis, revigorados, mas há controvérsias sobre como defini-lo e medi-lo, e sobre a validade do conceito. Vários estudos identificaram três componentes principais do envelhecimento bem-sucedido: anulação da doença ou de incapacidade relacionada à doença, manutenção elevada das funções psicológica e cognitiva engajamento constante e ativo em atividades sociais e produtivas atividades, pagas ou não, criadoras de valor social). Os idosos bem-sucedidos tendem a ter apoio social, emocional e material, o que contribui para a saúde mental; e enquanto permanecem ativos e produtivos não se consideram velhos. Teoria do desengajamento: envelhecer geralmente comporta uma redução gradual no envolvimento social e maior preocupação consigo mesmo; redução dos papeis sociais (trabalhador, pai, mãe…) e, como a sociedade deixa de providenciar papéis úteis para os adultos da terceira idade, o desengajamento é mútuo. Acredita-se que o desengajamento deve ser acompanhado pela introspecção e apaziguamento das emoções. Teoria da atividade: quanto mais ativos permanecem os idosos, melhor envelhecem; associa a atividade com a satisfação de viver; como as atividades tendem a ser vinculadas a papéis e a conexões sociais, quanto mais ativos permanecermos nesses papéis, mais satisfeitos provavelmente estaremos. As pessoas que envelhecem bem mantêm o máximo possível de atividades e encontram substitutos para os papéis perdidos. Teoria da continuidade: proposta pelo gerontologista Robert Atchley (1989), enfatiza a necessidade das pessoas manterem uma conexão entre o passado e o presente. Nessa perspectiva, a atividade é importante não por si mesma, mas à medida que representa a continuação de um estilo de vida e ajuda os adultos mais velhos a manter um autoconceito semelhante ao longo do tempo. Para idosos que sempre estiveram ativos e envolvidos pode ser importante manter um elevado nível de atividade. Muitos aposentados são mais felizes mantendo-se em atividades de trabalho ou de lazer semelhantes às que tinham no passado Baltes e seus colegas sugerem que o envelhecimento bem-sucedido pode depender da otimização seletiva com compensação, tanto no âmbito psicossocial quanto no cognitivo Otimização seletiva com compensação (OSC): Fortalecimento das funções cognitivas com o uso de habilidades mais desenvolvidas para compensar aquelas se tornaram mais fracas. As mesmas estratégias de administração da vida são aplicadas ao desenvolvimento psicossocial. De acordo com a teoria da seletividade socioemocional de Cartensen (1991, 1995, 1996), os adultos mais velhos tornam-se mais seletivos quanto a contatos sociais, restringindo-os aos amigos e familiares que melhor correspondam às suas necessidades correntes de satisfação emocional. Assim, mesmo que adultos mais velhos possam ter menos amigos, esses amigos são mais íntimos e proporcionam um contato social mais gratificante. Pesquisas constataram que o uso da OSC está associado a um desenvolvimento positivo e com maior bem-estar. Como os idosos lidam com o trabalho e com as decisões relativas à aposentadoria, aos recursos financeiros e às providências do dia a dia? Alguns adultos mais velhos continuam em trabalho remunerado, mas a maioria está aposentada. Entretanto, muitas pessoas aposentadas começam novas carreiras ou trabalham meio turno ou como voluntárias. Frequentemente, a aposentadoria é um processo planejado. Adultos mais velhos tendem a estar mais satisfeitos com seu trabalho e geralmente a ser mais produtivos do que os mais jovens. A idade tem efeitos positivos e negativos no desempenho no trabalho, e as diferenças individuais são mais significativas do que as de idade. A aposentadoria é um processo. Recursos pessoais, econômicos e sociais podem afetar o ânimo. Antes da crise econômica, que começou em 2007, pessoas que continuavam a trabalhar após os 65 anos gostavam do seu trabalho e não o consideravam excessivamente estressante. Elas tendiam a ser mais instruídas e a ter melhores condições de saúde do que aquelas que se aposentavam mais cedo A aposentadoria não é um evento isolado, mas um processo de ajuste dinâmico, uma forma de tomada de decisão. Os recursos pessoais (saúde, NSE e personalidade), econômicos e sociorrelacionais, como o apoio do companheiro ou da companheira, ou de amigos, podem afetar o modo como o aposentado administra essa transição. Padrões de estilo de vida muito comuns, depois da aposentadoria, incluem o estilo de vida focalizado na família e o investimento equilibrado. Estilo de vida focalizado na família: Padrão de atividades na aposentadoria que gira em torno da família, do lar e dos companheiros. Investimento equilibrado: Padrão de atividades na aposentadoria distribuídas entre família, trabalho e lazer. A situação financeira dos idosos norte-americanos melhorou, e menos pessoas vivem na pobreza. Mulheres norte-americanas hispânicas e afro-americanas estão mais propensas a ser pobres na velhice. Em países em desenvolvimento, os idosos frequentemente vivem com os filhos ou netos. Em países desenvolvidos, a maioria das pessoas mais velhas vive com o cônjuge ou sozinha. Os idosos das minorias são mais propensos do que os brancos idosos a viver com membros de família estendida. A maior parte dos idosos em nações industrializadas prefere envelhecer em casa. A maioria pode permanecer na comunidade se puder depender do cônjuge ou de outra pessoa para ajudá-los. Mulheres mais velhas estão mais propensas do que os homens mais velhos a viver sozinhas. Envelhecer em casa: A permanência na própria casa, com ou sem assistência, durante a velhice A internação é rara em países em desenvolvimento. Sua extensão varia em países desenvolvidos. Nos Estados Unidos, somente cerca de 4,5% da população de 65 anos ou mais encontra-se internada, mas a proporção aumenta acentuadamente com a idade. Os mais propensos a ser internados são as mulheres idosas, os idosos que moram sozinhos ou não tomam parte em atividades sociais, aqueles que têm saúde precária ou deficiências e aqueles cujos cuidadores estão sobrecarregados. Alternativas cada vez mais comuns para as internações são as moradias assistidas e outros tipos de moradia coletiva. Quais são as mudanças que ocorrem nos relacionamentos pessoais durante a velhice? Qual é o seu efeito sobre o bem-estar? Os relacionamentos são importantes para as pessoas mais velhas, ainda que a frequência dos contatos sociais diminua na velhice. Nossos estereótipos sobre a terceira idade geralmente nos levam a acreditar que a velhice é um tempo de solidão e isolamento. O trabalho é uma conveniente fonte de contato social; pessoas que se aposentaram há muito tempo têm menos contatos sociais do que aposentados mais recentes ou aqueles que continuamtrabalhando. Para alguns idosos, as enfermidades tornam cada vez mais difícil sair de casa e ver as pessoas. Em resumo, a rede social de adultos mais velhos é apenas metade da rede de adultos mais jovens, e a rede social dos homens tende a ser um pouco menor do que a das mulheres. Segundo a teoria do comboio social, as reduções ou as mudanças no contato social na velhice não comprometem o bem-estar porque um círculo interno estável de apoio emocional é mantido. Segundo a teoria da seletividade socioemocional, as pessoas mais velhas preferem passar seu tempo com outras que aumentem seu bem-estar emocional. A interação social está associada à boa saúde e à satisfação com a vida, o isolamento sendo um fator de risco para mortalidade. O apoio emocional ajuda as pessoas mais velhas a manter satisfação na vida, em face do estresse e de traumas como a perda do cônjuge ou de um filho, uma doença altamente letal ou um acidente (Krause, 2004b); e os laços positivos tendem a melhorar a saúde e o bem-estar. Entretanto, os relacionamentos conflituosos podem desempenhar um papel bastante negativo. Pessoas socialmente isoladas tendem a ser solitárias, e a solidão pode acelerar o declínio físico e cognitivo (Hawkley e Cacioppo, 2007; Holtzman et al., 2004). Além do mais, sentimentos de inutilidade são um forte fator de risco para deficiências e mortalidade (Gruenewald et al., 2007). Vínculos sociais podem literalmente salvar vidas. A maneira como as famílias multigeracionais funcionam na velhice muitas vezes possui raízes culturais. Quais são as características dos casamentos duradouros na velhice? E qual é o impacto da viuvez, do divórcio e de um novo casamento nessa fase da vida? À medida que a expectativa de vida aumenta, também aumenta a longevidade potencial do casamento. Mais homens do que mulheres são casados na vida adulta tardia. Os casamentos que duram até a velhice tendem a ser relativamente satisfatórios e com menos problemas de ajustamento A maneira como os casais resolvem os conflitos será fundamental para a satisfação conjugal durante a idade adulta. Pessoas com muitas desavenças no casamento tendem a ser ansiosas e deprimidas, enquanto aquelas com casamentos menos discordantes tendem a ter autoestima mais elevada (Whisman et al., 2006) e a relatar níveis mais altos de satisfação conjugal (Schmitt, Kliegel e Shapiro, 2007). As pessoas casadas são mais saudáveis (Schoenborn, 2004) e vivem mais do que as não casadas (Kaplan e Kronick, 2006), mas a relação entre o casamento e a saúde pode ser diferente para maridos e esposas. Enquanto estar casado parece trazer benefícios para homens mais velhos, a saúde das mulheres mais velhas parece estar mais ligada à qualidade do casamento (Carstensen et al., 1996). Apesar de uma proporção cada vez maior de homens que ficam viúvos, as mulheres tendem a sobreviver ao marido e estão menos propensas a se casar novamente. O divórcio não é comum entre os idosos, e a maioria dos adultos mais velhos que se divorciou casou novamente. Os segundos casamentos podem ser mais tranquilos na velhice. Estilos de vida e relacionamentos não conjugais Como convivem os idosos solteiros? E aqueles que vivem juntos, mas não são casados? E aqueles envolvidos em relacionamentos homossexuais? E como a amizade se manifesta na velhice? Uma pequena, mas crescente, porcentagem de adultos atinge a velhice sem se casar. Adultos que nunca se casaram estão menos propensos a ser solitários do que os divorciados e os viúvos. Idosos estão mais propensos a coabitar após um casamento anterior do que antes do casamento. Muitos gays e lésbicas se adaptam ao envelhecimento com relativa facilidade, especialmente se mantiverem os relacionamentos, bem como o envolvimento, com a comunidade gay. A adaptação pode ser influenciada pela condição assumida. A maioria dos adultos mais velhos tem amigos íntimos, e aqueles que os têm de fato são mais saudáveis e mais felizes. Idosos apreciam mais o tempo que passam com os amigos do que o tempo que passam com a família, apesar de esta ser a principal fonte de apoio emocional e prático Como os adultos da terceira idade se relacionam com os seus filhos adultos? E com os seus irmãos? E como se adaptam ao serem bisavós? Pais idosos e seus filhos adultos se encontram ou têm contato com frequência, preocupam-se e oferecem assistência uns aos outros. Muitos pais idosos cuidam de filhos adultos, netos ou bisnetos. Em alguns aspectos, a falta de filhos não parece ser uma desvantagem importante na velhice. Muitas vezes os irmãos oferecem apoio emocional uns aos outros e, às vezes, também apoio mais concreto. As irmãs, particularmente, mantêm laços com seus irmãos. Os bisavós geralmente estão menos envolvidos com a vida das crianças do que os avós, mas a maioria encontra satisfação nesse papel. SILENE – RESUMO CAP. 19 Como as atitudes e os costumes referentes à morte diferem entre as culturas, e quais são as implicações da “revolução da mortalidade” em países desenvolvidos? A morte é um fato biológico, mas também apresenta aspectos sociais, culturais, históricos, religiosos, legais, psicológicos, clínicos, éticos e de desenvolvimento que, com frequência, estão intimamente interligados. Embora a morte e a perda sejam experiências universais, seu contexto é cultural e histórico. Atitudes culturais e religiosas referentes à morte e ao morrer afetam o modo como as pessoas enxergam sua própria morte. Os costumes que envolvem a morte e o luto variam bastante de uma cultura para outra, e dependem da visão que uma sociedade tem da natureza e das consequências da morte. Alguns costumes modernos evoluíram a partir de crenças e práticas antigas. As taxas de mortalidade diminuíram drasticamente durante o século XX, principalmente nos países desenvolvidos. Grandes mudanças históricas envolvendo a morte e o morrer ocorreram no final do século XIX, principalmente em países desenvolvidos. Avanços na medicina e no saneamento básico, novos tratamentos para doenças outrora fatais e uma população mais informada e mais consciente sobre a saúde resultaram numa revolução da mortalidade. Hoje as mulheres estão menos propensas a morrer no parto, os bebês tendem a sobreviver ao seu primeiro ano, as crianças têm maior probabilidade de chegar à idade adulta, jovens adultos têm maior probabilidade de alcançar a velhice e os idosos geralmente conseguem superar doenças que cresceram vendo como fatais. As principais causas de morte na década de 1900 eram, na maior parte das vezes, doenças que afetavam crianças e jovens: pneumonia e gripe, tuberculose, diarreia e enterite Tanatologia: o estudo da morte e do morrer, desperta interesse, e programas educacionais foram criados para ajudar as pessoas a lidar com a morte. A assistência ao doente terminal: presta cuidados pessoais e compassivos, voltados para o paciente e a família, a indivíduos com doença terminal. Seu foco está nos cuidados paliativos (também chamados de cuidados de consolo): alívio da dor e do sofrimento e controle dos sintomas, para manter uma qualidade de vida satisfatória e permitir que o paciente morra em paz e com dignidade. Essa assistência geralmente ocorre em casa; mas também pode ser prestada num hospital ou em outra instituição, num centro assistencial ou mediante uma combinação de cuidados domésticos e institucionais. Os membros da família geralmente têm uma participação ativa. Os cuidados paliativos também podem ser introduzidos quando uma doença ainda não é terminal, e talvez melhore a qualidade de vida. Nos Estados Unidos, quase três quartos das mortes ocorrem entre os idosos, e as principais causas são doenças que afetam principalmente adultos mais velhos. À medida que a morte foi se tornando um fenômeno da última fase da idade adulta, passou a ser em grande parte “invisível”; a assistência aos doentes terminais é prestada por profissionais e ocorre em isolamento. Agora há um surto de interesse em compreender e lidar de modo realista e compassivo com amorte. Exemplos dessa tendência são o crescente interesse pela tanatologia e uma ênfase cada vez maior na assistência ao doente terminal e nos cuidados paliativos ou de consolo. Enfrentando a morte e as perdas Como as pessoas lidam com o morrer e como elas lamentam suas perdas? As pessoas costumam passar por declínios cognitivos e funcionais pouco antes da morte. Declínio terminal: refere-se especificamente a um declínio em várias capacidades cognitivas, amplamente observado pouco antes da morte, mesmo quando fatores demográficos e relativos à saúde são controlados. Algumas pessoas que estiveram próximas de morrer têm experiências de “quase-morte” que podem resultar de alterações fisiológicas. Elisabeth Kübler-Ross propôs cinco estágios perante a morte: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Esses estágios, e sua sequência, não são universais. Negação: É o primeiro estágio do luto é um sentimento diante da notícia de doença terminal para um paciente ou de morte para um enlutado. Independentemente de como tomou conhecimento do fato, funciona como um para-choque para que o paciente ou o enlutado se acostume com tal situação. Raiva: O segundo estágio do luto surge quando não é mais possível negar o fato e há o sentimento de revolta, inveja e ressentimento. O paciente ou o enlutado se pergunta: “por que eu e não outra pessoa?”. A raiva é expressa por emoções projetadas no ambiente externo e pelo sentimento de inconformismo. Para a família e os amigos é uma fase difícil de lidar. As atitudes da pessoa não têm justificativa plausível. A raiva só se torna patológica quando se torna crônica. Barganha: O paciente começa a ter esperança de uma cura divina ou de um prolongamento da vida em troca de méritos que acredita ter ou ações que promete empreender. Depressão: Inclui sentimentos de debilitação e tristeza acompanhados de solidão e saudade. Funciona para o paciente e seu entorno,como uma preparação para suas perdas. Essa fase requer muita conversa e intervenções ativas por parte dos que estão à sua volta, de modo a evitar uma depressão silenciosa. Isso porque só os que conseguem superar as angústias e as ansiedades são capazes de alcançar o próximo a aceitação. Aceitação: Após externar sentimentos e angústias, inveja pelos vivos e sadios, raiva pelos que não são obrigados a enfrentar a morte, lamento pela perda iminente de pessoas e de lugares queridos, a tendência é que o paciente terminal aceite sua condição e contemple seu fim próximo com mais tranquilidade e menos expectativa. O enlutado que já conseguiu vencer os estágios anteriores. Chega agora ao momento em que a saudade se torna mais sossegada, com mais paz, e começa a ter condições de se reorganizar na vida. Morrer, assim como viver, é uma experiência individual. Para algumas pessoas, a negação ou a raiva podem ser uma maneira mais saudável de enfrentar a morte do que a aceitação tranquila. Não há nenhum padrão universal de luto. O padrão mais amplamente estudado vai do choque e descrença até a preocupação com a memória da pessoa morta e, finalmente, à solução. No entanto, a pesquisa constatou amplas variações e a predominância da resiliência. Perda: A morte de um ente querido e o processo de adaptação a essa situação de ausência. Luto: Resposta emocional vivenciada nos primeiros estágios da perda. Elaboração do luto: Resolução de questões psicológicas ligadas ao luto. 1. Choque e descrença. Imediatamente após a morte, aqueles que estavam mais ligados ao falecido sentem-se perdidos e confusos. À medida que se aprofunda o sentimento de perda, o entorpecimento inicial dá lugar a sentimentos de tristeza e choro frequente. O primeiro estágio poderá durar várias semanas, principalmente após uma morte súbita ou inesperada. 2. Preocupação com a memória da pessoa falecida. No segundo estágio, que poderá durar de seis meses a dois anos, tenta-se resolver o problema da morte, mas ainda não se pode aceitá-la. A viúva poderá reviver a morte do marido e todo o relacionamento. Ocasionalmente, talvez seja tomada por um sentimento de que o falecido está presente. Essas experiências diminuem com o tempo, embora possam voltar – talvez durante anos – em ocasiões como o aniversário de casamento ou da morte. 3. Resolução. O estágio final ocorre quando a pessoa que sofreu a perda renova o interesse pelas atividades cotidianas. A lembrança do falecido traz sentimentos de afeto misturados com tristeza, em vez de uma dor aguda e ansiedade. A compreensão das crianças em relação à morte desenvolve-se gradualmente. Crianças pequenas podem entender melhor a morte se esta fizer parte de sua própria experiência. As crianças demonstram a dor do luto de acordo com a idade e com base no desenvolvimento cognitivo e emocional. Embora os adolescentes geralmente não pensem muito sobre a morte, a violência e a ameaça da morte fazem parte da rotina diária de alguns deles. Adolescentes tendem a assumir riscos desnecessários. Perdas significativas Quais são as dificuldades específicas quando se perde o cônjuge, os pais, um filho, ou no caso de um aborto espontâneo? As mulheres têm maior probabilidade de ficarem viúvas e podem, com menos idade do que os homens, vivenciar a viuvez de maneira um pouco diferente. A saúde física e mental tende a declinar após a viuvez, mas para algumas pessoas a viuvez pode finalmente tornar-se uma experiência positiva de desenvolvimento. A morte de um dos pais pode precipitar mudanças na identidade e no relacionamento com os outros. A perda de um filho pode ser difícil porque foge à norma. Como o aborto espontâneo e o parto de natimorto geralmente não são considerados perdas significativas na sociedade norte-americana, as pessoas que experimentam esse tipo de perda geralmente têm de lidar com isso sozinhas. Como estão mudando as atitudes em relação ao apressamento da morte, e quais são as preocupações que essas práticas fazem surgir? Embora o suicídio não seja mais ilegal nas sociedades modernas, ainda há um estigma associado a ele. Algumas pessoas defendem o “direito de morrer”, principalmente aquelas que têm doenças degenerativas de longo prazo. Uma pessoa que expressa pensamentos suicidas pode ser considerada mentalmente doente. Em contrapartida, um número cada vez maior de pessoas considera a livre decisão, por parte de um adulto maduro, de pôr fim à sua vida, uma atitude racional e um direito a ser defendido. O número de suicídios provavelmente é subestimado. Frequentemente está relacionado à depressão, ao isolamento, conflitos familiares, problemas financeiros e doenças debilitantes. Há muito mais tentativas de suicídio do que mortes efetivas. Embora algumas pessoas que pretendem se suicidar ocultem cuidadosamente seus planos, a maioria dá sinais de advertência. Entre essas sinalizações estão falar sobre morte ou suicídio; desfazer-se de objetos importantes; abuso de drogas ou de álcool; e mudanças na personalidade, como raiva, tristeza, tédio ou apatia incomuns. Pessoas que estão prestes a se matar poderão negligenciar a aparência e dormir ou comer muito mais ou muito menos que o usual. Geralmente apresentam sinais de depressão, como uma incomum dificuldade para se concentrar, perda de autoestima e sentimentos de desamparo, desesperança ou pânico A eutanásia e o suicídio assistido envolvem questões éticas, médicas e legais controversas. Eutanásia passiva: suspender ou interromper tratamento que poderia estender o tempo de vida de um paciente terminal, como, por exemplo, medicação, sistemas de suporte à vida ou sondas de nutrição. Para evitar sofrimento desnecessário por meio do prolongamento artificial da vida, a eutanásia passiva geralmente é permitida com o consentimento do paciente ou com autorização antecipada. Entretanto, essa autorização nem sempre é seguida. Atualmente a maioria dos hospitais tem comitês de ética para lidar com decisões sobre os cuidados no fim da vida. Eutanásia ativa: (por vezes chamada de assassinato por misericórdia), a ação é cometidadireta e deliberadamente para abreviar a vida. A eutanásia ativa e o suicídio assistido geralmente são ilegais, mas o apoio público ao médico que ajuda o paciente a morrer tem aumentado. O estado americano de Oregon tem uma lei que permite o suicídio assistido por um médico para doentes terminais. A Holanda e a Bélgica legalizaram tanto a eutanásia quanto o suicídio assistido. Eutanásia significa “boa morte”; ambos os tipos de eutanásia têm como objetivo pôr fim ao sofrimento ou permitir que um doente terminal morra com dignidade. Autorização antecipada (testamento em vida): Documento que especifica o tipo de assistência desejada pela pessoa em caso de incapacitação ou doença terminal. Procuração com vigência indeterminada: Instrumento legal que elege um indivíduo para tomar decisões em caso de incapacitação da outra pessoa. Retirar ou abrir mão do tratamento de recém-nascidos que não podem sobreviver ou que podem fazê-lo apenas com uma qualidade de vida extremamente precária está se tornando uma prática mais aceita do que no passado, principalmente em alguns países europeus. A controvérsia em torno da ajuda para morrer tem focalizado mais atenção na necessidade de melhores cuidados paliativos e na compreensão do estado mental do paciente. Questões relativas à diversidade social e cultural precisam ser consideradas. Suicídio assistido: Suicídio em que um médico ou qualquer outra pessoa ajuda alguém a tirar a própria vida. Encontrando significado e propósito para a vida e para a morte Como as pessoas podem superar o medo de morrer e aceitar a morte? Quanto mais significado e propósito a pessoa encontrar em sua vida, menos ela tenderá a temer a morte. A reavaliação de vida pode ajudar as pessoas a se prepararem para a morte e dar-lhes uma última chance de concluir tarefas inacabadas. Reavaliação de vida: Recordação da vida da pessoa para ver a sua importância. É claro que a reavaliação de vida pode ocorrer a qualquer momento. No entanto, poderá ter um significado especial na velhice, quando é capaz de promover a integridade do ego. À medida que se aproxima o fim de sua jornada, a pessoa poderá olhar para trás e ver onde teve sucesso e onde falhou, e perguntar-se qual foi o significado de sua vida. A consciência da mortalidade pode servir como impulso para reexaminar valores e ver experiências e ações sob uma nova perspectiva. Algumas pessoas encontram disposição para concluir tarefas inacabadas, como reconciliar-se com membros da família e com amigos com os quais haviam brigado, e assim realizar uma conclusão satisfatória. Até mesmo o morrer pode ser uma experiência de desenvolvimento.