Buscar

Processo do trabalho 2018

Prévia do material em texto

1 
 
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 
 
AÇÃO TRABALHISTA 
A provocação da jurisdição é implementada pelo direito de ação, que nada mais é do que o 
direito de exigir do Estado o exercício da sua atividade jurisdicional. 
 
No Processo Trabalhista, a parte Reclamante ou Reclamada possuí o chamado jus 
postulandi, significando que, a parte poderá se socorrer na justiça do trabalho, sem 
estar necessariamente assistida por advogado. 
 
Assim, o artigo Art. 791 da CLT dispõe que os empregados e os empregadores 
poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas 
reclamações até o final. 
 
E, recentemente o Tribunal Superior do Trabalho editou a súmula 425 que diz: 
 
O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do 
Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, 
a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal 
Superior do Trabalho. 
 
 
Elementos da ação 
São elementos da ação: Partes, pedido e causa de pedir 
 
a) Partes: são as pessoas ou entes que se dizem titulares dos direitos materiais deduzidos em 
juízo. Trata-se de um elemento subjetivo da demanda. 
 
Aquele que invoca a tutela jurisdicional é chamado de autor, ou na justiça do trabalho 
reclamante, já aquele contra quem a ação é exercida é chamado réu, ou na justiça do trabalho 
reclamada. 
 
b) Pedido: É por meio da ação que a parte formula o seu pedido, cujo teor determina o objeto 
da ação. Trata-se, portanto do elemento objetivo da demanda. O pedido pode ser mediato ou 
imediato. 
 
c) Causa de Pedir: (causa petendi): É na causa de pedir que residem os motivos fáticos e 
jurídicos que justificam a invocação da tutela jurisdicional. 
 
Saliente-se, por fim, que a CLT exige que na Petição Inicial haja formulação expressa do 
pedido, no entanto, não faz referência a causa de pedir, de forma que basta a breve exposição dos 
fatos, isto porque, na justiça do trabalho vige a possibilidade do jus postulandi (791, da CLT) das 
próprias partes e estas em regra, não possuem conhecimento técnico para formular os fundamentos 
jurídicos do pedido. 
 
 2 
 
Classificação das ações trabalhistas 
a) ação de conhecimento: É aquela em que o autor invoca a jurisdição visando a obtenção de 
uma sentença terminativa ou definitiva. (Pronunciamento para que o magistrado se manifeste sobre 
a matéria pleiteada). Vale lembrar que as ações de conhecimento poderão ser condenatórias, 
constitutivas ou declaratórias. 
 
b) ação executiva: É aquela que visa a satisfação de um direito do credor. 
c) ação cautelar: É aquela que visa obter providências urgentes e provisórias que estejam em 
perigo de não obtenção por eventual demora, buscando-se a efetividade de um processo principal. 
Tem como pressupostos o periculum in mora e o fumus boni júris. 
d) ação mandamental: É aquela que tem por objeto a obtenção de uma sentença ordenatória, 
cujo descumprimento por quem a receba caracteriza desobediência à autoridade estatal passível de 
sanção. (multa de 20% sobre o valor da causa, convertido aos cofres públicos). 
 
 
Condições da ação 
Para o exercício válido do direito de ação é necessário que a petição inicial do autor satisfaça 
determinadas condições, sem as quais não haverá pronunciamento definitivo da demanda, uma vez 
que a mesma será julgada extinta sem resolução do mérito. 
As condições para propositura da ação são: legitimidade das partes, interesse processual e 
possibilidade jurídica do pedido. 
a) legitimidade das partes: (legitimatio ad causam): Trata-se da titularidade ativa ou passiva 
da demanda. Mas não basta a titularidade, é necessário também que haja um vínculo entre a 
pretensão trazida pelo autor e pleiteada contra o réu. Assim, além da titularidade da parte, é 
necessário ainda uma co-relação de interesses. 
b) interesse processual: (binômio: necessidade – utilidade/adequação): O processo deverá ser 
utilizado quando houver necessidade de atuação do Poder Jurisdicional para tutelar o direito 
material postulado, além da adequação/utilidade em propiciar o resultado útil às partes. Assim, o 
interesse processual estará presente sempre que a parte tenha necessidade de exercer o seu direito de 
ação, além de tal direito ser utilizado de forma útil e adequada. Ex.: Empregador que ajuíza 
inquérito para apuração de falta grave de empregado não estável. Falta interesse processual, pois a 
demanda é inadequada para este tipo de empregado. 
c) possibilidade jurídica do pedido: Ocorre quando a pretensão deduzida não está amparada 
por nosso ordenamento jurídico ou quando há expressa proibição em nosso ordenamento jurídico. 
Ex.: Adicional de Penosidade (existe no texto CR/88, mas não está regulamentado por lei), Aviso 
prévio Proporcional (não há previsão no ordenamento jurídico). 
 
 3 
PROCESSO 
Conceito 
Processo é o instrumento por meio do qual se vale o Estado para exercer a jurisdição. É um 
conjunto de atos processuais que coordenam e se desenvolvem desde o ajuizamento da ação até o 
trânsito em julgado da sentença, para que o Estado-Juiz cumpra a sua obrigação fundamental que é 
solucionar as lides prestando devidamente a atividade jurisdicional. 
 
Sujeitos do Processo e Sujeitos da Lide 
Os sujeitos do Processo são as partes (autor e réu), pessoas interessadas, o juiz (sujeito 
desinteressado do processo), auxiliares do direito, advogados, ministério público do trabalho, 
substitutos processuais. 
 
Pressupostos Processuais 
Trata-se de elementos imprescindíveis para que a relação processual possa existir ou se 
desenvolver validamente. Por exemplo: a) petição inicial; b) jurisdição: o juiz que vai julgar a 
demanda deve obrigatoriamente estar investido em jurisdição. Ex. Juiz aposentado não pode julgar, 
pois não tem jurisdição; c) citação: antes da citação já existe ação, mas não há processo. Assim, a 
relação jurídica processual somente será válida e o processo somente será definitivamente 
instaurado com a citação do réu. 
 
A ausência de qualquer destes pressupostos torna inexistente a relação jurídica processual. 
 
Pressupostos Processuais de Validade 
i) Positivos 
a) capacidade postulatória: no processo do trabalho as próprias partes detém a capacidade 
postulatória (jus postulandi). (Artigo 791, da CLT). 
b) petição inicial apta: no processo do trabalho, em razão do jus postulandi tal pressuposto 
não é tão rigoroso. 
c) competência de juízo: as regras de competência absoluta devem obrigatoriamente ser 
respeitadas (artigo 114, da CR/88). 
d) imparcialidade do juiz: o juiz não pode estar impedido ou ser suspeito para julgamento da 
demanda. 
e) capacidade processual: é a capacidade de estar em juízo como parte ou terceiro 
interveniente. No processo do trabalho somente os maiores de 18 anos possuem capacidade 
processual. 
 
II) Negativos: 
a) litispendência: é a identidade de partes, pedido e causa de pedir, portanto a igualdade entre 
os três elementos identificadores da demanda. É impeditivo para que não haja dois julgamentos da 
mesma demanda. 
 
b) coisa julgada: é a repropositura de demanda já julgada com o trânsito em julgado, de ação 
com a igualdade entre os três elementos da demanda (mesmas partes, mesmo pedido e mesma causa 
de pedir). 
Visa impedir novo julgamento da mesma demanda. 
 
 4 
c) convenção de arbitragem: embora tenha previsão constitucional como forma de resolução 
dos conflitos, no processo do trabalho não pode ser considerada pressuposto negativo, uma vez que 
o direito do trabalho é regido pelo princípio da indisponibilidade dos direitos individuais 
trabalhistas. 
 
d) perempção: (732, da CLT): se o reclamante der causa ao arquivamento da reclamação 
trabalhista por duas vezes consecutivas, perderá o direito de propor amesma demanda novamente 
pelo período de seis meses. Tal impedimento temporário é um pressuposto negativo de validade. 
 
 5 
 
PROCEDIMENTOS 
Procedimento ou rito é a forma, o modo como os atos processuais vão se projetando e se 
desenvolvendo dentro da relação jurídica processual. 
 
Tipos de Procedimento 
Procedimento comum 
a) procedimento comum ordinário: (artigo 837 a 852, da CLT): é o rito processual adotado 
para todas as demandas que não se enquadrem nas hipóteses do rito sumário e sumaríssimo. 
Saliente-se que todas as demandas superiores a 40 salários mínimos vigentes se processarão 
obrigatoriamente por meio do rito ordinário. 
No procedimento ordinário a audiência trabalhista poderá ser fragmentada. Assim, segundo 
ensinamentos de Carlos Henrique Bezerra Leite, a mesma divide-se em três partes: 
 
- audiência inaugural de conciliação: juiz propõe a conciliação. Havendo acordo, lavra-se o 
termo que será devidamente assinado pelas partes e pelo magistrado. Se não houver acordo, o réu 
deverá apresentar a sua defesa (escrita ou oral – 20 minutos). . 
⇒No caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá como decisão irrecorrível. 
 
- audiência de instrução: nesta o juiz tomará o depoimento das partes, ouvirá as testemunhas 
(máximo 3 testemunhas para cada parte), requisição de prova pericial. Findo, as partes aduzirão as 
razões finais (10 minutos). Em seguida o magistrado deverá renovar a tentativa de conciliação 
(artigo 850, da CLT). 
 
- audiência de julgamento: trata-se de um prazo fixado ao juiz para a publicação da sentença, 
momento em que terá início o prazo recursal. 
 
As audiências dos órgãos da Justiça do Trabalho serão públicas e realizar-se-ão na sede do 
Juízo ou Tribunal em dias úteis previamente fixados, entre 08 (oito) e 18 (dezoito horas). 
 
Obs.: No rito ordinário admite-se a citação por edital, audiência não precisará ser una, os 
pedidos não precisarão ser obrigatoriamente valorados na petição inicial e não há prazo pré-
determinado para julgamento da demanda. 
 
b) procedimento comum sumário ou rito de alçada: (Lei 5.584/70): Objetiva a maior 
celeridade às causas trabalhistas até dois salários mínimos. Neste rito processual, as sentenças 
proferidas são irrecorríveis, exceto por violação constitucional (recurso extraordinário) ou reexame 
necessário (demandas contra a fazenda pública). 
Neste procedimento o juiz é dispensado de relatar os depoimentos das partes, sendo que a 
sentença poderá ter somente a conclusão. 
 
c) procedimento comum sumaríssimo: (artigo 852-A a 852-I, da CLT): é o rito processual 
adotado para as demandas que versem sobre 2 salários mínimos à 40 salários-mínimos. 
O procedimento sumaríssimo é menos formal e mais célere. Por isso, possui certas 
peculiaridades, vejamos: 
- indicação do valor individualizado de cada um dos pedidos formulados (pedido certo e 
 6 
determinado); 
- é vedada a citação por edital; 
- o prazo para julgamento definitivo da demanda é de 15 dias a contar do ajuizamento da 
demanda 
- audiência é una não podendo em nenhuma hipótese ser ramificada; 
- admite-se a oitiva de duas testemunhas por parte; 
- dispensado o relatório na sentença do juiz, mas deve ser fundamentada; 
- intimação da sentença ocorre na própria audiência; 
- não pode ser aplicado nas demandas ajuizadas contra as pessoas jurídicas de direito público; 
 
Procedimentos especiais 
No processo do trabalho, admitem-se, em regra, todos os procedimentos especiais previstos 
no processo civil, dentre eles, podemos citar os mais comuns: mandado de segurança, consignação 
em pagamento, cautelares (produção antecipada de prova), etc. 
 
 
 7 
ATOS E PRAZOS PROCESSUAIS 
Atos processuais 
Atos processuais são acontecimentos voluntários que ocorrem no processo e também os que 
dependem de manifestação de vontade dos sujeitos do processo. 
Em regra, no processo do trabalho, todos os atos são públicos, admitindo-se somente em 
hipóteses excepcionais o segredo de justiça (interesse público ou social). Ex.: lides que envolvam 
discriminação no trabalho e conseqüentes danos morais. 
Os atos no processo do trabalho devem ser realizados nos dias úteis das 6 horas às 20 horas 
(770, da CLT). 
 
Comunicação dos atos processuais 
No direito do trabalho a notificação abrange tanto a intimação quanto a citação. 
a) citação: é o ato pelo qual se chama a juízo o réu interessado a fim de se defender. Veja que 
a citação é um pressuposto, portanto, é indispensável para a validade do processo. Veja que no 
processo do trabalho a notificação citatória é feita por meio postal, de forma que não é necessário 
que a citação ocorra na pessoa do representante da reclamada. 
 
Saliente-se que se a reclamada oferecer embaraços para recebimento da notificação citatória, 
admite-se que a mesma seja realizada por edital (somente no procedimento ordinário). 
 
Por fim, cumpre esclarecer que a notificação citatória deverá ser realizada pessoalmente por 
meio de mandato quando a reclamada for pessoa jurídica de direito público (pessoa do representante 
legal). 
 
b) intimação: é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo para que 
faça ou deixe de fazer alguma coisa. No processo do trabalho em regra as intimações são realizadas 
pelo correio e por meio de publicação nos órgãos oficiais. 
A intimação do MPT em qualquer caso deve ser realizada pessoalmente, por meio de oficial 
de justiça. 
As intimações da União serão realizadas na pessoa do advogado geral da união, por meio de 
oficial de justiça. 
 
Obs.: Ato processual por fac-símile e por e-mail (correio eletrônico): A lei 9800/99, súmula 
387, do TST e IN 28/05, do TST, permitem a utilização de fax, e e-mail para a prática de atos 
processuais. 
 
Prazos processuais 
O prazo processual é um lapso de tempo para a prática ou abstinência de um ato processual. 
Classificação dos prazos processuais: 
 
a) legais: são aqueles fixados pela própria lei (ex.: prazo para recurso ordinário – 8 dias – 
artigo ). 
b) judiciais: são aqueles fixados pelo juiz (ex. prazo para perito apresentar laudo) 
c) convencionais: são aqueles objeto de acordo entre as partes (ex.: suspensão do processo 
para tentativa de acordo). 
d) dilatórios: são os prazos prorrogáveis (ex.: suspensão do processo para tentativa de acordo) 
 8 
e) peremptórios: são os prazos fatais, improrrogáveis (ex.: prazo para apresentar recurso 
ordinário) 
f) próprios: são aqueles destinados às partes (ex.: prazo para apresentar recurso) 
g) impróprios: são aqueles destinados aos juízes e servidores (ex.: prazo de quinze dias para 
julgar as demandas de rito sumaríssimo) 
 
Contagem dos prazos 
De acordo com o artigo. 774 da CLT os prazos serão contados, a partir da data em que for 
feita pessoalmente, ou recebida a notificação, daquela em que for publicado o edital no jornal 
oficial ou no que publicar o expediente da Justiça do Trabalho, ou, ainda, daquela em que for 
afixado o edital na sede da Junta, Juízo ou Tribunal. 
 
Tratando-se de notificação postal, no caso de não ser encontrado o destinatário ou no de 
recusa de recebimento, o Correio ficará obrigado, sob pena de responsabilidade do servidor, a 
devolvê-la, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, ao Tribunal de origem: 
 
E o artigo 775 da CLT determina que: 
 
.Os prazos estabelecidos neste Título serão contados em dias úteis, com exclusão 
do dia do começo e inclusão do dia do vencimento. 
§ 1o Os prazos podem ser prorrogados, pelo tempo estritamente necessário, nas 
seguintes hipóteses: 
I - quando o juízo entender necessário; 
II - em virtude de força maior, devidamente comprovada 
§ 2o Ao juízo incumbe dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção 
dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflitode modo a conferir 
maior efetividade à tutela do direito. 
 
Instrução do processo 
a) Testemunhas: é o meio de prova mais utilizado no processo do trabalho, pois muitas vezes 
é o único meio de prova da parte. 
 
A testemunha será aquela pessoa chamada em juízo para depor sobre os fatos constantes no 
litígio, atestando ou não sua veracidade, ou esclarecendo sobre os fatos indagados pelo magistrado. 
 
Obrigação de testemunhar: testemunhar não é uma faculdade, mas sim um dever público de 
colaboração com o Estado no exercício da prestação jurisdicional. No processo do trabalho as 
testemunhas comparecerão independentemente de intimação e as que não comparecerem serão 
intimadas pelo juízo, ficando sujeitas a condução coercitiva e multa, desde que ao haja motivo 
justificado para não atender a intimação de depor. 
 
Espécies de testemunhas: 
- Instrumentárias (Signatárias, Abonatórias, Certificadoras): São aquelas convocadas para 
assistir à lavratura e assinatura de um instrumento escrito público ou particular (garantindo a 
autenticidade e sua veracidade). 
- Judiciais: São as pessoas chamadas a juízo para depor sobre fatos constantes no litígio, 
atestando ou não a veracidade de um ato ou fato alegado no processo ou mesmo prestando 
esclarecimentos sobre os fatos indagados pelo magistrado. 
 9 
 
As testemunhas judiciais poderão ser: 
1. Oculares ou auriculares: Testemunhas que prestam esclarecimentos segundo os fatos 
presenciados (oculares) ou que tiveram notícia (auriculares). 
2. Originárias ou referidas: Testemunhas que são indicadas pelas partes (originárias) ou 
mencionadas por outras testemunhas em suas declarações (referidas). 
3. Idôneas ou inidôneas: Testemunhas que tenham credibilidade (idôneas) no depoimento ou 
afetadas por algum vício ou defeito capaz de tirar ou diminuir a credibilidade (inidôneas – suspeitas, 
impedidas, etc). 
 
No processo do trabalho, cada procedimento terá um número limite de testemunhas, vejamos: 
 
- procedimento ordinário: máximo 3 testemunhas (821, CLT) 
- procedimento sumaríssimo: máximo 2 testemunhas (852-H, parágrafo 2, da CLT) 
- inquérito judicial para apuração de falta grave: máximo 6 testemunhas (821, da CLT). 
 
c) Documentos: Documento é o meio idôneo utilizado como prova material da existência de 
um fato, abrangendo não só os escritos, como também os gráficos, fotográficos, desenhos, etc. 
 
d) Perícia: Trata-se de uma espécie de prova que objetiva fornecer esclarecimentos ao juiz a 
respeito de questões técnicas. Os peritos são escolhidos entre profissionais de nível universitário, 
devidamente inscritos no órgão de classe competentes. A nomeação é realizada pelo juiz devendo 
haver correlação entre a especialidade do profissional e a natureza do exame. 
 
Após a indicação dos peritos, as partes terão cinco dias para nomear assistentes técnicos. 
 
A produção da prova pericial poderá ser determinada de ofício pelo juiz ou requerida pelas 
partes, exceto nos casos de insalubridade e periculosidade em que é obrigatória a determinação de 
ofício pelo magistrado. 
A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais está regulamentada pelo art. 790-
B, CLT, nestes termos: 
Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da parte 
sucumbente na pretensão objeto da perícia, ainda que beneficiária da justiça 
gratuita. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) 
§ 1o Ao fixar o valor dos honorários periciais, o juízo deverá respeitar o limite máximo 
estabelecido pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho. (Incluído pela Lei nº 
13.467, de 2017) 
§ 2o O juízo poderá deferir parcelamento dos honorários periciais. (Incluído pela Lei nº 
13.467, de 2017) 
§ 3o O juízo não poderá exigir adiantamento de valores para realização de 
perícias (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) 
§ 4o Somente no caso em que o beneficiário da justiça gratuita não tenha obtido em juízo 
créditos capazes de suportar a despesa referida no caput, ainda que em outro processo, a 
União responderá pelo encargo. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) 
 
 
 
 10 
 
SENTENÇA E COISA JULGADA 
A atuação do magistrado pode ensejar os seguintes pronunciamentos judiciais, quais sejam: 
 
a) despachos: são aqueles que impulsionam o processo, sem cunho decisório. (ex.: remessa 
dos autos ao contador). 
b) decisões interlocutórias: são aquelas que no curso do processo resolvem uma questão 
incidental. (ex. concessão de tutela antecipada, indeferimento de oitiva testemunhal). 
c) Sentenças: são aquelas decisões que colocam fim a uma fase processual, implicando na 
resolução ou não do mérito da demanda. (ex.: reconhecimento de vínculo de emprego). 
d) Acórdãos: são as decisões proferidas pelos tribunais, ou seja, pronunciamentos de 
colegiados. (ex.: decisão sobre a alteração da sentença por meio de recurso ordinário). 
 
Classificação quanto ao resultado da lide: 
 
a) sentença terminativa: São aquelas que extinguem o processo sem resolução do mérito, 
portanto não enfrentam o pedido formulado na petição inicial em razão da existência de algum vício 
processual. 
 
Hipóteses: 
- processo ficar parado por mais de um ano por negligência das partes; 
- autor abandonar a causa por mais de 30 dias; 
- ausência dos pressupostos processuais; 
- perempção, litispendência e coisa julgada; 
- ausência das condições da ação; 
- convenção de arbitragem; 
- confusão entre autor e réu; 
- não comparecimento do autor em audiência (artigo 844, da CLT); 
 
b) sentença definitiva: São aquelas que extinguem o processo com resolução do mérito, 
portanto enfrentam o pedido formulado na petição inicial, apreciando o mérito da demanda. 
Hipóteses: 
- juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor; 
- réu reconhecer a procedência do pedido (confissão); 
- quando as partes transigirem (acordo); 
- quando o autor renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação (desistência); 
 
Requisitos essenciais da sentença 
a) relatório: o julgador realizará a descrição resumida das principais ocorrências verificadas 
no curso do processo, com indicação do pleito formulado pelo demandante e seus fundamentos, 
bem como as defesas opostas pelo demandado. Assim, qualquer sentença proferida sem o relatório é 
nula de pleno direito, exceto no procedimento sumaríssimo em que é dispensado o relatório (artigo 
852-I, da CLT). 
 
b) motivação: o magistrado deverá expor os fundamentos fáticos e jurídicos que motivaram a 
sua convicção na prolação da decisão, mediante análise circunstanciada dos argumentos dos 
 11 
litigantes. (juiz deverá indicar as razões de sua decisão). A ausência de fundamentação acarreta a 
nulidade do julgado (artigo 93, IX, da CR/88). 
Na motivação o magistrado deverá se pronunciar na seguinte ordem: 
- pressupostos processuais 
- condições da ação 
- questões prejudiciais do mérito (prescrição e decadência) 
- mérito 
 
c) dispositivo ou parte dispositiva: o magistrado apresentará a sua conclusão, extinguindo o 
processo com ou sem resolução do mérito. Trata-se do requisito mais importante da sentença, pois 
neste é que encontraremos o “decisum”, comando da sentença. A ausência do dispositivo importa 
nulidade da decisão. 
 
Requisitos complementares da sentença (artigo 832, da CLT): 
- prazo para a condição do cumprimento da sentença procedente; 
- custas a serem pagas; 
- decisões homologatórias deverão indicar a natureza das parcelas constantes no acordo 
homologado; 
 
Julgamento citra, ultra e extra petita: 
Princípio da congruência, correlação, adstrição, correspondência, simetria - magistrado ao 
proferir a sentença deve se ater aos limites em que foi proposta a lide. 
Princípio da extrapetição: permite que em alguns casos expressamente previstos em lei, o 
magistrado poderá condenar o réu a pedidos não contidosna petição inicial (ex.: condenação de que 
na parcela principal incidam juros e correção monetária, ainda que no rol de pedidos não conste tal 
requerimento). 
 
- ULTRA PETITA: CONFERIR A PARTE MAIS DO QUE FOI PLEITEADO 
- EXTRA PETITA: CONFERIR A PARTE PEDIDO DIFERENTE DO QUE FOI 
PLEITEADO 
- CITRA PETITA: CONFERIR A PARTE MENOS DO QUE FOI PLEITEADO. 
 
 
COISA JULGADA 
Conceito: É a qualidade especial da sentença, a qual, por força de lei, torna imutáveis e 
indiscutíveis as questões decididas no bojo do processo. 
 
Assim, no momento em que se torna irrecorrível a decisão judicial, transitando em julgado, 
surgirá o fenômeno da coisa julgada, impedindo que seja renovada a discussão da parte dispositiva 
da sentença. 
 
a) coisa julgada formal: ocorre em todas as sentenças que se tornem irrecorríveis, sejam 
definitivas ou terminativas, tornando impossível a sua alteração. 
b) coisa julgada material (res judicata): ocorre nas sentenças definitivas em que houve 
resolução do mérito, assim, transitada em julgado a sentença, ocorrerá a coisa julgada material que 
tona imutável a decisão, não sendo permitida a rediscussão da matéria sequer em outro processo. 
 12 
Ocorre a estabilização definitiva da relação jurídica em razão da prestação jurisdicional, não sendo 
mais permitida qualquer discussão. 
 
Limites objetivos e subjetivos da coisa julgada: 
a) limites objetivos: é aquele que se torna definitivo e imutável (parte dispositiva da sentença). 
Assim, o relatório e a fundamentação da sentença não são alcançados pelos limites objetivos da 
coisa julgada. Exceção: Revisão de sentença normativa (alterações sociais), revisão da 
insalubridade (alteração no ambiente laboral). 
 
b) limites subjetivos (inter omnes): é aquela que atinge de forma definitiva as partes 
envolvidas na demanda. Assim, atinge somente as partes (autor, réu, litisconsortes e assistentes 
litisconsorciais), de forma que terceiros não serão atingidos pela coisa julgada subjetiva. Exceção: 
demandas coletivas. 
 
 
 13 
 
SISTEMA RECURSAL TRABALHISTA: TEORIA GERAL DOS RECURSOS 
 
Conceito de Recurso: Recurso é a provocação do reexame de determinada decisão pela 
autoridade hierarquicamente superior, ou pela própria autoridade prolatora da decisão, objetivando 
a reforma ou modificação do julgado. Portanto, é o remédio processual concedido às partes, 
ministério público e terceiro prejudicado objetivando novo julgamento pela autoridade 
hierarquicamente superior. 
 
 
PREPARO= DEPÓSITO RECURSAL + CUSTAS JUDICIAIS 
 
Saliente-se que as custas nada mais é do que o pagamento pela contraprestação estatal. Trata-
se do reembolso ao Estado em decorrência da prestação jurisdicional. (2% sobre o valor da 
condenação, sobre o valor do acordo ou sobre o valor da causa no caso de improcedência da 
demanda). 
 
Sempre serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão, no entanto, se 
houver recurso, é necessário uma antecipação das custas pela parte recorrente (sucumbente), dentro 
do prazo recursal, sob pena de não conhecimento do recurso. 
 
Quanto ao depósito recursal, importante salientar que este objetiva garantir o juízo para o 
pagamento de futura execução a ser movida pelo empregado. 
 
Assim, o recolhimento do depósito recursal somente é obrigatório em relação ao empregador, 
que vencido na demanda trabalhista, pretende recorrer da decisão. O depósito recursal deverá ser 
efetuado dentro do prazo recursal, sob pena de deserção. 
 
RECURSOS EM ESPÉCIES 
1) Embargos de Declaração (896-A, da CLT) 
2) Recurso Ordinário (895, da CLT) 
3) Recurso de Revista (896, da CLT) 
4). Recurso Extraordinário em matéria Trabalhista (artigo 102, III, da CR/88) 
5) Agravo – existem três tipos de agravos na esfera trabalhista, quais sejam: 
 
a) agravo de petição; 
b) agravo de instrumento; 
c) agravo regimental.

Continue navegando