Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO AÇÃO TRABALHISTA A provocação da jurisdição é implementada pelo direito de ação, que nada mais é do que o direito de exigir do Estado o exercício da sua atividade jurisdicional. No Processo Trabalhista, a parte Reclamante ou Reclamada possuí o chamado jus postulandi, significando que, a parte poderá se socorrer na justiça do trabalho, sem estar necessariamente assistida por advogado. Assim, o artigo Art. 791 da CLT dispõe que os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final. E, recentemente o Tribunal Superior do Trabalho editou a súmula 425 que diz: O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho. Elementos da ação São elementos da ação: Partes, pedido e causa de pedir a) Partes: são as pessoas ou entes que se dizem titulares dos direitos materiais deduzidos em juízo. Trata-se de um elemento subjetivo da demanda. Aquele que invoca a tutela jurisdicional é chamado de autor, ou na justiça do trabalho reclamante, já aquele contra quem a ação é exercida é chamado réu, ou na justiça do trabalho reclamada. b) Pedido: É por meio da ação que a parte formula o seu pedido, cujo teor determina o objeto da ação. Trata-se, portanto do elemento objetivo da demanda. O pedido pode ser mediato ou imediato. c) Causa de Pedir: (causa petendi): É na causa de pedir que residem os motivos fáticos e jurídicos que justificam a invocação da tutela jurisdicional. Saliente-se, por fim, que a CLT exige que na Petição Inicial haja formulação expressa do pedido, no entanto, não faz referência a causa de pedir, de forma que basta a breve exposição dos fatos, isto porque, na justiça do trabalho vige a possibilidade do jus postulandi (791, da CLT) das próprias partes e estas em regra, não possuem conhecimento técnico para formular os fundamentos jurídicos do pedido. 2 Classificação das ações trabalhistas a) ação de conhecimento: É aquela em que o autor invoca a jurisdição visando a obtenção de uma sentença terminativa ou definitiva. (Pronunciamento para que o magistrado se manifeste sobre a matéria pleiteada). Vale lembrar que as ações de conhecimento poderão ser condenatórias, constitutivas ou declaratórias. b) ação executiva: É aquela que visa a satisfação de um direito do credor. c) ação cautelar: É aquela que visa obter providências urgentes e provisórias que estejam em perigo de não obtenção por eventual demora, buscando-se a efetividade de um processo principal. Tem como pressupostos o periculum in mora e o fumus boni júris. d) ação mandamental: É aquela que tem por objeto a obtenção de uma sentença ordenatória, cujo descumprimento por quem a receba caracteriza desobediência à autoridade estatal passível de sanção. (multa de 20% sobre o valor da causa, convertido aos cofres públicos). Condições da ação Para o exercício válido do direito de ação é necessário que a petição inicial do autor satisfaça determinadas condições, sem as quais não haverá pronunciamento definitivo da demanda, uma vez que a mesma será julgada extinta sem resolução do mérito. As condições para propositura da ação são: legitimidade das partes, interesse processual e possibilidade jurídica do pedido. a) legitimidade das partes: (legitimatio ad causam): Trata-se da titularidade ativa ou passiva da demanda. Mas não basta a titularidade, é necessário também que haja um vínculo entre a pretensão trazida pelo autor e pleiteada contra o réu. Assim, além da titularidade da parte, é necessário ainda uma co-relação de interesses. b) interesse processual: (binômio: necessidade – utilidade/adequação): O processo deverá ser utilizado quando houver necessidade de atuação do Poder Jurisdicional para tutelar o direito material postulado, além da adequação/utilidade em propiciar o resultado útil às partes. Assim, o interesse processual estará presente sempre que a parte tenha necessidade de exercer o seu direito de ação, além de tal direito ser utilizado de forma útil e adequada. Ex.: Empregador que ajuíza inquérito para apuração de falta grave de empregado não estável. Falta interesse processual, pois a demanda é inadequada para este tipo de empregado. c) possibilidade jurídica do pedido: Ocorre quando a pretensão deduzida não está amparada por nosso ordenamento jurídico ou quando há expressa proibição em nosso ordenamento jurídico. Ex.: Adicional de Penosidade (existe no texto CR/88, mas não está regulamentado por lei), Aviso prévio Proporcional (não há previsão no ordenamento jurídico). 3 PROCESSO Conceito Processo é o instrumento por meio do qual se vale o Estado para exercer a jurisdição. É um conjunto de atos processuais que coordenam e se desenvolvem desde o ajuizamento da ação até o trânsito em julgado da sentença, para que o Estado-Juiz cumpra a sua obrigação fundamental que é solucionar as lides prestando devidamente a atividade jurisdicional. Sujeitos do Processo e Sujeitos da Lide Os sujeitos do Processo são as partes (autor e réu), pessoas interessadas, o juiz (sujeito desinteressado do processo), auxiliares do direito, advogados, ministério público do trabalho, substitutos processuais. Pressupostos Processuais Trata-se de elementos imprescindíveis para que a relação processual possa existir ou se desenvolver validamente. Por exemplo: a) petição inicial; b) jurisdição: o juiz que vai julgar a demanda deve obrigatoriamente estar investido em jurisdição. Ex. Juiz aposentado não pode julgar, pois não tem jurisdição; c) citação: antes da citação já existe ação, mas não há processo. Assim, a relação jurídica processual somente será válida e o processo somente será definitivamente instaurado com a citação do réu. A ausência de qualquer destes pressupostos torna inexistente a relação jurídica processual. Pressupostos Processuais de Validade i) Positivos a) capacidade postulatória: no processo do trabalho as próprias partes detém a capacidade postulatória (jus postulandi). (Artigo 791, da CLT). b) petição inicial apta: no processo do trabalho, em razão do jus postulandi tal pressuposto não é tão rigoroso. c) competência de juízo: as regras de competência absoluta devem obrigatoriamente ser respeitadas (artigo 114, da CR/88). d) imparcialidade do juiz: o juiz não pode estar impedido ou ser suspeito para julgamento da demanda. e) capacidade processual: é a capacidade de estar em juízo como parte ou terceiro interveniente. No processo do trabalho somente os maiores de 18 anos possuem capacidade processual. II) Negativos: a) litispendência: é a identidade de partes, pedido e causa de pedir, portanto a igualdade entre os três elementos identificadores da demanda. É impeditivo para que não haja dois julgamentos da mesma demanda. b) coisa julgada: é a repropositura de demanda já julgada com o trânsito em julgado, de ação com a igualdade entre os três elementos da demanda (mesmas partes, mesmo pedido e mesma causa de pedir). Visa impedir novo julgamento da mesma demanda. 4 c) convenção de arbitragem: embora tenha previsão constitucional como forma de resolução dos conflitos, no processo do trabalho não pode ser considerada pressuposto negativo, uma vez que o direito do trabalho é regido pelo princípio da indisponibilidade dos direitos individuais trabalhistas. d) perempção: (732, da CLT): se o reclamante der causa ao arquivamento da reclamação trabalhista por duas vezes consecutivas, perderá o direito de propor amesma demanda novamente pelo período de seis meses. Tal impedimento temporário é um pressuposto negativo de validade. 5 PROCEDIMENTOS Procedimento ou rito é a forma, o modo como os atos processuais vão se projetando e se desenvolvendo dentro da relação jurídica processual. Tipos de Procedimento Procedimento comum a) procedimento comum ordinário: (artigo 837 a 852, da CLT): é o rito processual adotado para todas as demandas que não se enquadrem nas hipóteses do rito sumário e sumaríssimo. Saliente-se que todas as demandas superiores a 40 salários mínimos vigentes se processarão obrigatoriamente por meio do rito ordinário. No procedimento ordinário a audiência trabalhista poderá ser fragmentada. Assim, segundo ensinamentos de Carlos Henrique Bezerra Leite, a mesma divide-se em três partes: - audiência inaugural de conciliação: juiz propõe a conciliação. Havendo acordo, lavra-se o termo que será devidamente assinado pelas partes e pelo magistrado. Se não houver acordo, o réu deverá apresentar a sua defesa (escrita ou oral – 20 minutos). . ⇒No caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá como decisão irrecorrível. - audiência de instrução: nesta o juiz tomará o depoimento das partes, ouvirá as testemunhas (máximo 3 testemunhas para cada parte), requisição de prova pericial. Findo, as partes aduzirão as razões finais (10 minutos). Em seguida o magistrado deverá renovar a tentativa de conciliação (artigo 850, da CLT). - audiência de julgamento: trata-se de um prazo fixado ao juiz para a publicação da sentença, momento em que terá início o prazo recursal. As audiências dos órgãos da Justiça do Trabalho serão públicas e realizar-se-ão na sede do Juízo ou Tribunal em dias úteis previamente fixados, entre 08 (oito) e 18 (dezoito horas). Obs.: No rito ordinário admite-se a citação por edital, audiência não precisará ser una, os pedidos não precisarão ser obrigatoriamente valorados na petição inicial e não há prazo pré- determinado para julgamento da demanda. b) procedimento comum sumário ou rito de alçada: (Lei 5.584/70): Objetiva a maior celeridade às causas trabalhistas até dois salários mínimos. Neste rito processual, as sentenças proferidas são irrecorríveis, exceto por violação constitucional (recurso extraordinário) ou reexame necessário (demandas contra a fazenda pública). Neste procedimento o juiz é dispensado de relatar os depoimentos das partes, sendo que a sentença poderá ter somente a conclusão. c) procedimento comum sumaríssimo: (artigo 852-A a 852-I, da CLT): é o rito processual adotado para as demandas que versem sobre 2 salários mínimos à 40 salários-mínimos. O procedimento sumaríssimo é menos formal e mais célere. Por isso, possui certas peculiaridades, vejamos: - indicação do valor individualizado de cada um dos pedidos formulados (pedido certo e 6 determinado); - é vedada a citação por edital; - o prazo para julgamento definitivo da demanda é de 15 dias a contar do ajuizamento da demanda - audiência é una não podendo em nenhuma hipótese ser ramificada; - admite-se a oitiva de duas testemunhas por parte; - dispensado o relatório na sentença do juiz, mas deve ser fundamentada; - intimação da sentença ocorre na própria audiência; - não pode ser aplicado nas demandas ajuizadas contra as pessoas jurídicas de direito público; Procedimentos especiais No processo do trabalho, admitem-se, em regra, todos os procedimentos especiais previstos no processo civil, dentre eles, podemos citar os mais comuns: mandado de segurança, consignação em pagamento, cautelares (produção antecipada de prova), etc. 7 ATOS E PRAZOS PROCESSUAIS Atos processuais Atos processuais são acontecimentos voluntários que ocorrem no processo e também os que dependem de manifestação de vontade dos sujeitos do processo. Em regra, no processo do trabalho, todos os atos são públicos, admitindo-se somente em hipóteses excepcionais o segredo de justiça (interesse público ou social). Ex.: lides que envolvam discriminação no trabalho e conseqüentes danos morais. Os atos no processo do trabalho devem ser realizados nos dias úteis das 6 horas às 20 horas (770, da CLT). Comunicação dos atos processuais No direito do trabalho a notificação abrange tanto a intimação quanto a citação. a) citação: é o ato pelo qual se chama a juízo o réu interessado a fim de se defender. Veja que a citação é um pressuposto, portanto, é indispensável para a validade do processo. Veja que no processo do trabalho a notificação citatória é feita por meio postal, de forma que não é necessário que a citação ocorra na pessoa do representante da reclamada. Saliente-se que se a reclamada oferecer embaraços para recebimento da notificação citatória, admite-se que a mesma seja realizada por edital (somente no procedimento ordinário). Por fim, cumpre esclarecer que a notificação citatória deverá ser realizada pessoalmente por meio de mandato quando a reclamada for pessoa jurídica de direito público (pessoa do representante legal). b) intimação: é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo para que faça ou deixe de fazer alguma coisa. No processo do trabalho em regra as intimações são realizadas pelo correio e por meio de publicação nos órgãos oficiais. A intimação do MPT em qualquer caso deve ser realizada pessoalmente, por meio de oficial de justiça. As intimações da União serão realizadas na pessoa do advogado geral da união, por meio de oficial de justiça. Obs.: Ato processual por fac-símile e por e-mail (correio eletrônico): A lei 9800/99, súmula 387, do TST e IN 28/05, do TST, permitem a utilização de fax, e e-mail para a prática de atos processuais. Prazos processuais O prazo processual é um lapso de tempo para a prática ou abstinência de um ato processual. Classificação dos prazos processuais: a) legais: são aqueles fixados pela própria lei (ex.: prazo para recurso ordinário – 8 dias – artigo ). b) judiciais: são aqueles fixados pelo juiz (ex. prazo para perito apresentar laudo) c) convencionais: são aqueles objeto de acordo entre as partes (ex.: suspensão do processo para tentativa de acordo). d) dilatórios: são os prazos prorrogáveis (ex.: suspensão do processo para tentativa de acordo) 8 e) peremptórios: são os prazos fatais, improrrogáveis (ex.: prazo para apresentar recurso ordinário) f) próprios: são aqueles destinados às partes (ex.: prazo para apresentar recurso) g) impróprios: são aqueles destinados aos juízes e servidores (ex.: prazo de quinze dias para julgar as demandas de rito sumaríssimo) Contagem dos prazos De acordo com o artigo. 774 da CLT os prazos serão contados, a partir da data em que for feita pessoalmente, ou recebida a notificação, daquela em que for publicado o edital no jornal oficial ou no que publicar o expediente da Justiça do Trabalho, ou, ainda, daquela em que for afixado o edital na sede da Junta, Juízo ou Tribunal. Tratando-se de notificação postal, no caso de não ser encontrado o destinatário ou no de recusa de recebimento, o Correio ficará obrigado, sob pena de responsabilidade do servidor, a devolvê-la, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, ao Tribunal de origem: E o artigo 775 da CLT determina que: .Os prazos estabelecidos neste Título serão contados em dias úteis, com exclusão do dia do começo e inclusão do dia do vencimento. § 1o Os prazos podem ser prorrogados, pelo tempo estritamente necessário, nas seguintes hipóteses: I - quando o juízo entender necessário; II - em virtude de força maior, devidamente comprovada § 2o Ao juízo incumbe dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflitode modo a conferir maior efetividade à tutela do direito. Instrução do processo a) Testemunhas: é o meio de prova mais utilizado no processo do trabalho, pois muitas vezes é o único meio de prova da parte. A testemunha será aquela pessoa chamada em juízo para depor sobre os fatos constantes no litígio, atestando ou não sua veracidade, ou esclarecendo sobre os fatos indagados pelo magistrado. Obrigação de testemunhar: testemunhar não é uma faculdade, mas sim um dever público de colaboração com o Estado no exercício da prestação jurisdicional. No processo do trabalho as testemunhas comparecerão independentemente de intimação e as que não comparecerem serão intimadas pelo juízo, ficando sujeitas a condução coercitiva e multa, desde que ao haja motivo justificado para não atender a intimação de depor. Espécies de testemunhas: - Instrumentárias (Signatárias, Abonatórias, Certificadoras): São aquelas convocadas para assistir à lavratura e assinatura de um instrumento escrito público ou particular (garantindo a autenticidade e sua veracidade). - Judiciais: São as pessoas chamadas a juízo para depor sobre fatos constantes no litígio, atestando ou não a veracidade de um ato ou fato alegado no processo ou mesmo prestando esclarecimentos sobre os fatos indagados pelo magistrado. 9 As testemunhas judiciais poderão ser: 1. Oculares ou auriculares: Testemunhas que prestam esclarecimentos segundo os fatos presenciados (oculares) ou que tiveram notícia (auriculares). 2. Originárias ou referidas: Testemunhas que são indicadas pelas partes (originárias) ou mencionadas por outras testemunhas em suas declarações (referidas). 3. Idôneas ou inidôneas: Testemunhas que tenham credibilidade (idôneas) no depoimento ou afetadas por algum vício ou defeito capaz de tirar ou diminuir a credibilidade (inidôneas – suspeitas, impedidas, etc). No processo do trabalho, cada procedimento terá um número limite de testemunhas, vejamos: - procedimento ordinário: máximo 3 testemunhas (821, CLT) - procedimento sumaríssimo: máximo 2 testemunhas (852-H, parágrafo 2, da CLT) - inquérito judicial para apuração de falta grave: máximo 6 testemunhas (821, da CLT). c) Documentos: Documento é o meio idôneo utilizado como prova material da existência de um fato, abrangendo não só os escritos, como também os gráficos, fotográficos, desenhos, etc. d) Perícia: Trata-se de uma espécie de prova que objetiva fornecer esclarecimentos ao juiz a respeito de questões técnicas. Os peritos são escolhidos entre profissionais de nível universitário, devidamente inscritos no órgão de classe competentes. A nomeação é realizada pelo juiz devendo haver correlação entre a especialidade do profissional e a natureza do exame. Após a indicação dos peritos, as partes terão cinco dias para nomear assistentes técnicos. A produção da prova pericial poderá ser determinada de ofício pelo juiz ou requerida pelas partes, exceto nos casos de insalubridade e periculosidade em que é obrigatória a determinação de ofício pelo magistrado. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais está regulamentada pelo art. 790- B, CLT, nestes termos: Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, ainda que beneficiária da justiça gratuita. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) § 1o Ao fixar o valor dos honorários periciais, o juízo deverá respeitar o limite máximo estabelecido pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) § 2o O juízo poderá deferir parcelamento dos honorários periciais. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) § 3o O juízo não poderá exigir adiantamento de valores para realização de perícias (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) § 4o Somente no caso em que o beneficiário da justiça gratuita não tenha obtido em juízo créditos capazes de suportar a despesa referida no caput, ainda que em outro processo, a União responderá pelo encargo. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) 10 SENTENÇA E COISA JULGADA A atuação do magistrado pode ensejar os seguintes pronunciamentos judiciais, quais sejam: a) despachos: são aqueles que impulsionam o processo, sem cunho decisório. (ex.: remessa dos autos ao contador). b) decisões interlocutórias: são aquelas que no curso do processo resolvem uma questão incidental. (ex. concessão de tutela antecipada, indeferimento de oitiva testemunhal). c) Sentenças: são aquelas decisões que colocam fim a uma fase processual, implicando na resolução ou não do mérito da demanda. (ex.: reconhecimento de vínculo de emprego). d) Acórdãos: são as decisões proferidas pelos tribunais, ou seja, pronunciamentos de colegiados. (ex.: decisão sobre a alteração da sentença por meio de recurso ordinário). Classificação quanto ao resultado da lide: a) sentença terminativa: São aquelas que extinguem o processo sem resolução do mérito, portanto não enfrentam o pedido formulado na petição inicial em razão da existência de algum vício processual. Hipóteses: - processo ficar parado por mais de um ano por negligência das partes; - autor abandonar a causa por mais de 30 dias; - ausência dos pressupostos processuais; - perempção, litispendência e coisa julgada; - ausência das condições da ação; - convenção de arbitragem; - confusão entre autor e réu; - não comparecimento do autor em audiência (artigo 844, da CLT); b) sentença definitiva: São aquelas que extinguem o processo com resolução do mérito, portanto enfrentam o pedido formulado na petição inicial, apreciando o mérito da demanda. Hipóteses: - juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor; - réu reconhecer a procedência do pedido (confissão); - quando as partes transigirem (acordo); - quando o autor renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação (desistência); Requisitos essenciais da sentença a) relatório: o julgador realizará a descrição resumida das principais ocorrências verificadas no curso do processo, com indicação do pleito formulado pelo demandante e seus fundamentos, bem como as defesas opostas pelo demandado. Assim, qualquer sentença proferida sem o relatório é nula de pleno direito, exceto no procedimento sumaríssimo em que é dispensado o relatório (artigo 852-I, da CLT). b) motivação: o magistrado deverá expor os fundamentos fáticos e jurídicos que motivaram a sua convicção na prolação da decisão, mediante análise circunstanciada dos argumentos dos 11 litigantes. (juiz deverá indicar as razões de sua decisão). A ausência de fundamentação acarreta a nulidade do julgado (artigo 93, IX, da CR/88). Na motivação o magistrado deverá se pronunciar na seguinte ordem: - pressupostos processuais - condições da ação - questões prejudiciais do mérito (prescrição e decadência) - mérito c) dispositivo ou parte dispositiva: o magistrado apresentará a sua conclusão, extinguindo o processo com ou sem resolução do mérito. Trata-se do requisito mais importante da sentença, pois neste é que encontraremos o “decisum”, comando da sentença. A ausência do dispositivo importa nulidade da decisão. Requisitos complementares da sentença (artigo 832, da CLT): - prazo para a condição do cumprimento da sentença procedente; - custas a serem pagas; - decisões homologatórias deverão indicar a natureza das parcelas constantes no acordo homologado; Julgamento citra, ultra e extra petita: Princípio da congruência, correlação, adstrição, correspondência, simetria - magistrado ao proferir a sentença deve se ater aos limites em que foi proposta a lide. Princípio da extrapetição: permite que em alguns casos expressamente previstos em lei, o magistrado poderá condenar o réu a pedidos não contidosna petição inicial (ex.: condenação de que na parcela principal incidam juros e correção monetária, ainda que no rol de pedidos não conste tal requerimento). - ULTRA PETITA: CONFERIR A PARTE MAIS DO QUE FOI PLEITEADO - EXTRA PETITA: CONFERIR A PARTE PEDIDO DIFERENTE DO QUE FOI PLEITEADO - CITRA PETITA: CONFERIR A PARTE MENOS DO QUE FOI PLEITEADO. COISA JULGADA Conceito: É a qualidade especial da sentença, a qual, por força de lei, torna imutáveis e indiscutíveis as questões decididas no bojo do processo. Assim, no momento em que se torna irrecorrível a decisão judicial, transitando em julgado, surgirá o fenômeno da coisa julgada, impedindo que seja renovada a discussão da parte dispositiva da sentença. a) coisa julgada formal: ocorre em todas as sentenças que se tornem irrecorríveis, sejam definitivas ou terminativas, tornando impossível a sua alteração. b) coisa julgada material (res judicata): ocorre nas sentenças definitivas em que houve resolução do mérito, assim, transitada em julgado a sentença, ocorrerá a coisa julgada material que tona imutável a decisão, não sendo permitida a rediscussão da matéria sequer em outro processo. 12 Ocorre a estabilização definitiva da relação jurídica em razão da prestação jurisdicional, não sendo mais permitida qualquer discussão. Limites objetivos e subjetivos da coisa julgada: a) limites objetivos: é aquele que se torna definitivo e imutável (parte dispositiva da sentença). Assim, o relatório e a fundamentação da sentença não são alcançados pelos limites objetivos da coisa julgada. Exceção: Revisão de sentença normativa (alterações sociais), revisão da insalubridade (alteração no ambiente laboral). b) limites subjetivos (inter omnes): é aquela que atinge de forma definitiva as partes envolvidas na demanda. Assim, atinge somente as partes (autor, réu, litisconsortes e assistentes litisconsorciais), de forma que terceiros não serão atingidos pela coisa julgada subjetiva. Exceção: demandas coletivas. 13 SISTEMA RECURSAL TRABALHISTA: TEORIA GERAL DOS RECURSOS Conceito de Recurso: Recurso é a provocação do reexame de determinada decisão pela autoridade hierarquicamente superior, ou pela própria autoridade prolatora da decisão, objetivando a reforma ou modificação do julgado. Portanto, é o remédio processual concedido às partes, ministério público e terceiro prejudicado objetivando novo julgamento pela autoridade hierarquicamente superior. PREPARO= DEPÓSITO RECURSAL + CUSTAS JUDICIAIS Saliente-se que as custas nada mais é do que o pagamento pela contraprestação estatal. Trata- se do reembolso ao Estado em decorrência da prestação jurisdicional. (2% sobre o valor da condenação, sobre o valor do acordo ou sobre o valor da causa no caso de improcedência da demanda). Sempre serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão, no entanto, se houver recurso, é necessário uma antecipação das custas pela parte recorrente (sucumbente), dentro do prazo recursal, sob pena de não conhecimento do recurso. Quanto ao depósito recursal, importante salientar que este objetiva garantir o juízo para o pagamento de futura execução a ser movida pelo empregado. Assim, o recolhimento do depósito recursal somente é obrigatório em relação ao empregador, que vencido na demanda trabalhista, pretende recorrer da decisão. O depósito recursal deverá ser efetuado dentro do prazo recursal, sob pena de deserção. RECURSOS EM ESPÉCIES 1) Embargos de Declaração (896-A, da CLT) 2) Recurso Ordinário (895, da CLT) 3) Recurso de Revista (896, da CLT) 4). Recurso Extraordinário em matéria Trabalhista (artigo 102, III, da CR/88) 5) Agravo – existem três tipos de agravos na esfera trabalhista, quais sejam: a) agravo de petição; b) agravo de instrumento; c) agravo regimental.
Compartilhar