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Processo Civil II 1º GQ Aula 09

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO
Elaborado pelos Novinhos do Direito com base nas aulas dos professores da UNICAP
Disciplina: Processo Civil II 16 de Setembro de 2017
Cód. Transcrição: 38 Aula 09 – 1º GQ
Ele pediu pra dar uma lida no art. 332, CPC. Foi visto no sábado na outra sala,
além de ter sido dado na aula anterior.
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente
da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de
Justiça;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de
Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou
de assunção de competência;
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
§ 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar,
desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.
§ 2o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da
sentença, nos termos do art. 241.
§ 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.
§ 4o Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a
citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para
apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias.
ATITUDES DO RÉU
Para que se possa entender todos os possíveis comportamentos do réu e as
consequências ou a importância desse comportamento é melhor começar com o
estudo entendendo a inércia, os EFEITOS DA INÉRCIA. Isso é, os efeitos do
silêncio.
SE O RÉU DEIXAR DE CONTESTAR, QUAL SERÁ A CONSEQUÊNCIA?
Para entender as atitudes em si, a importância que ele se defenda, tem que
começar estudando os efeitos da ausência de defesa, especificamente da
ausência de contestação, portanto, O ESTUDO DA REVELIA.
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REVELIA quer dizer AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO, conforme o art. 344,
CPC:
Art. 344. Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-se-ão
verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor.
Historicamente, esse nome revelia ou revel descende de rebelde ou de
rebeldia, então revel era o rebelde, que se rebelava. Essa ideia de rebelde surge
com a ideia que existia em determinada fase do Direito Romano da litiscontestatio, ou
melhor, a fase que para que o processo tenha início, para que o procedimento
judicial pudesse ter início autor e réu deveriam estar em CONSENSO. Daí a ideia
de Didier, se o réu deixasse de comparecer era um rebelde, estava se rebelando,
se insurgindo de alguma forma.
Faz-se esse registro histórico apenas para que se tenha certo cuidado quando
for tratar desse tema, não que se possa olhar hoje e pensar que "ah o revel é o
rebelde ou é um rebelde", não é isso. Hoje a revelia assim me parece, ela circula em
outras questões quais sejam o direito em geral e o processo em particular eles
relevam, dão relevo ao silêncio da parte.
O silêncio tem importância jurídica, contudo, não é algo a ser estudado. No
ambiente processual isso é algo mais palpável ou mais sentido porque o ambiente de
um procedimento ele é necessariamente DIALÉTICO, então há interesses
contrapostos, CADA UMA DAS PARTES TEM QUE FAZER PREVALECER O
PRÓPRIO INTERESSE.
Para que o autor possa fazer seu interesse prevalecer ele precisa ALEGAR
determinadas coisas e precisa tentar PROVAR isso que está falando. Já o réu ele
vai tentar demonstrar que aquilo que o autor está falando não teria acontecido e
também vai ter essa preocupação de fazer prova de suas afirmações. Então, é um
ambiente necessariamente dialético, eu tenho uma tese e tem uma antítese, eu
tenho síntese que é uma nova tese e assim sucessivamente.
Isso não leva a obtenção da verdade, não é o que se discute, a questão é: o
procedimento judicial ele tem regras que estimulam o debate, atribuindo EFEITOS
JURÍDICOS RELEVANTES AO SILÊNCIO. Isso é interessante quando se pensa o
seguinte, a própria lei ela tenta estimular a parte a não ficar em silêncio e em
algumas situações excepcionais é que a LEI PERMITE, ela dá o direito do sujeito
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ficar em silêncio, por exemplo, eu tenho o direito de não me auto incriminar, em
virtude disso eu tenho direito de ficar em silêncio. Outras situações serão vistas ao
longo do semestre.
. Isso está na lei, DIREITO CONTRA A AUTO INCRIMINAÇÃO, privilégio
contra a auto incriminação, isso é constitucional, mas quando você vai, por exemplo,
para o Código Civil, o art. 111 diz que o silêncio importa anuência quando há
circunstâncias assim o indicarem. O silêncio é juridicamente relevante e no
processo A LEI TEM QUE ESTIMULAR A PARTE A FALAR, quando não raro ela
força o sujeito processual a falar.
Esse estímulo no ambiente do processo passa pela ATRIBUIÇÃO DE ÔNUS
PROCESSUAIS, pela existência de regras que atribuem ônus. Há regras que
preveem faculdades, há regras que preveem deveres, há regras que preveem ônus.
Quando uma regra estabelece um ônus (por exemplo, defender-se, produzir provas)
ela TUTELA UM INTESSE DA PRÓPRIA PARTE.
Então quando se diz que contestar é um ônus, é porque se você deixar de
contestar você ASSUME O RISCO DE TER UM PREJUÍZO. Sempre que existir um
ônus, um encargo a essa situação. Se diz contestar é um ônus ou produzir provas
é um ônus, recorrer é um ônus. O não exercício, a não prática do ato, ou não
exercício daquela faculdade leva a assunção de um prejuízo ou melhor dizendo,
ASSUNÇÃO DE UM POSSÍVEL PREJUÍZO.
O não exercício ou a não prática daquela faculdade; o ônus vem associado
a uma faculdade: algo que pode fazer, algo que você tem o poder de fazer. O réu
ele tem o direito, o poder de contestar; ele tem o poder, o direito de produzir
provas, ele tem a faculdade de produzir provas. Direito inclusive de fundamento
constitucional, mas se ele deixar de se defender ele assume risco de ter um
prejuízo.
Qual é o prejuízo que pode recorrer da revelia? Eu tenho um efeito material e
dois efeitos processuais. O efeito material que é a presunção de veracidade das
afirmações do autor, que é a CONFISSÃO FICTA. E os efeitos processuais que são
dois:
1) Prazos ao revel correrão independentemente de intimação.
2) Julgamento antecipado do mérito.
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A revelia em si não tem como se reverter, agora os efeitos sim, a revelia e os
efeitos são coisas distintas. Eu posso ser revel e não ocorrer nenhum dos efeitos da
revelia, porque se eu deixar de contestar, isso basta, mas ainda assim pode ser o caso
de não ser produzido qualquer dos efeitos da revelia. Uma coisa não leva
necessariamente a outra.
Por exemplo, o art. 344, CPC; faz parecer que se houver revelia haverá presunção
de veracidade das afirmações do autor, não é assim. Há algumas situações indicadas
no Código em que os efeitos ficarão inibidos, então a revelia não produzirá seus
efeitos.
No caso dos prazos correrem independentemente de intimação é quando o
revel não tiver advogado ou extinguido o processo, ou seja, já basta ser feito. Nas
hipóteses do art. 345, CPC., não haverá o efeito material;
Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se:
I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumentoque a lei considere
indispensável à prova do ato;
IV - as alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou estiverem em
contradição com prova constante dos autos.
OS EFEITOS :
• EFEITO MATERIAL
Começando com o efeito material, já vimos CONFISSÃO FICTA. O que releva a
acrescentar? Essa PRESUNÇÃO DE VERACIDADE É RELATIVA. A presunção da
relatividade é dos enunciados de fato. Ela incide quanto aos enunciados de fato e
não quanto ao direito, do tipo o réu não contestou o autor tem direito, não, o
raciocínio não é esse, o réu não contestou pode ser um caso das afirmações do
autor serem presumidas como verdadeiras, mas essa presunção é relativa.
Sendo a presunção relativa, vale dizer, que ADMITE PROVA EM SENTIDO
CONTRÁRIO.
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Vejam, o que o efeito material da revelia implica para o réu; imagine que o autor
vai á justiça e diz que não contratou determinado serviço ou o produto que adquiriu
veio com defeito, o réu simplesmente deixa de contestar essa afirmação,
suponhamos que seja o caso do efeito material da revelia. A partir disso tem-se a
afirmação do autor como PRESUNÇÃO DA VERDADE, de modo que o ônus da
prova que era do autor, passa para o réu. Isso é, o réu vai ter de provar o contrário,
o réu vai ter que provar que aquele defeito não era originário de fábrica, que aquele
defeito decorreu do mau uso pelo autor. Logo, se uma afirmação que feita é
presumida verdadeira, não se tem mais que provar aquilo, agora cabe ao réu
provar o contrário.
Obs. 1: Uma coisa é deixar de contestar, outra coisa é ele não participar do
processo propriamente dito, ele continua tendo a possibilidade de intervir no processo
a qualquer custo. Aí entra aquela ideia de que ele não é rebelde, ele perdeu o direito
de contestar, mas ele não perde os direitos titulares no processo ao longo do
procedimento.
Obs. 2: Os outros efeitos podem acontecer, se ele voltar vai acabar impedindo os
demais efeitos, ele impede a produção dos demais efeitos no processo.
Há esse deslocamento do ônus - inclusive do ônus da prova-, do encargo
probatório que surgem do efeito material da revelia. Além da verdade, é que
qualquer situação que existe uma presunção relativa, o ônus da prova é o da parte
contrária, então contra entre fato que é presumido pela lei é afirmado, na revelia não
é diferente.
• EFEITOS PROCESSUAIS
1. PRAZOS AO REVEL CORRERÃO INDEPENDENTE DE INTIMAÇÃO:
O primeiro deles está no artigo 346, CPC:
Art. 346. Os prazos contra o revel que não tenha patrono nos autos fluirão da data
de publicação do ato decisório no órgão oficial.
Parágrafo único. O revel poderá intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o
no estado em que se encontrar.
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As comunicações processuais após a incitação são feitas para o
advogado, uma vez que, a procuração o habilita para falar em nome da parte, receber
ações para os atos processuais em geral - a citação é um ato pessoal, personalíssimo-,
então o réu tem que ser citado.
O oficial de justiça vai com a carta que será endereçada com o domicílio dele,
mas depois que ele constitui um advogado no processo, uma procuração é passada
para o advogado e o advogado vai lá e junta isso no processo, no momento em que
isso acontece todas as demais comunicações ou quase todas serão feitas em
nome do próprio advogado. Se tiver algum outro ato que precise ser praticado ou
que só possa ser praticado pela parte, a intimação será novamente pessoal, mas no
geral as intimações são todas feitas na pessoa do advogado. Se deixou de contestar
é rebel.
O autor não vai ser citado, porque se cita alguém que não faz parte do
processo, que não conhece a demanda e não apenas isso, quando se cita alguém se
convoca aquela pessoa para se defender. A citação faz isso, já a intimação se
intima para dar ciência ou para fazer ou deixar de fazer alguma coisa.
As COMUNICAÇÕES PROCESSUAIS se dão a partir de publicações sobre
os atos processuais, sobre a movimentação processual, no Diário Oficial em nome
do advogado, saem em nome da parte também, mas sairá em nome do advogado
e com a OAB do mesmo. Assim, os escritórios de advocacia têm empresas
contratadas para fazer uma leitura do Diário Oficial e selecionar todas as publicações
que saem em nome do escritório ou dos advogados titulados desse escritório, sendo
que isso era indispensável.
*******
Coloquemos assim para quem não lia o Diário Oficial, o advogado que não lia o
diário oficial, era indispensável quando as publicações no Diário Oficial, Diário de
Justiça é físico hoje em dia, é meio eletrônico. Você recebe um e-mail porque na
anuidade está embutindo esse serviço, então a OAB daqui ela contratou esse serviço,
que é o serviço de recorte digital, tem uma empresa que faz essa seleção essa
garimpagem do Diário Oficial e remete para o e-mail todas as publicações que saírem
no meu nome, então não quer dizer que eu receba automaticamente eu recebo porque
tem uma empresa que faz isso.
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Pela OAB daqui eu tenho direito aos tribunais TJPE, TRF, aos tribunais
superiores STJ, todos eles mais o Supremo, então se sair alguma coisa em algum
tribunal superior vem pra mim no meu e-mail e eu ainda posso escolher 3 Estados,
então eu recebo as publicações de Pernambuco, Minas Gerais e um outro Estado. Ele
pesquisa tanto pelo nome quanto pela OAB.
Fora isso eu poderia contratar outra empresa, a OAB ela chegou a contratar
recentemente outro serviço da Advice e tal protocolo digital, eu também recebia um e-
mail dessa Advice, mas o contrato já se encerrou. Na Advice você entrava na
plataforma deles e todas as publicações que tiverem o seu nome constavam lá e aí ele
dava outros serviços adicionalmente, mas parece que já encerrou o contrato e fica a
critério ou não do advogado se vai aderir a esse serviço.
*******
Observem, quando o Código diz no artigo 346, CPC, que o réu revel pode
com ou sem advogado constituir os autos, os processos correm
independentemente de intimação ou que ele diz que as intimações vão ser contadas
nas publicações no Diário de Justiça, ele pressupõe que o revel não tenha advogado
no processo que é algo que pode acontecer, mas que não é algo que
necessariamente aconteça. O réu pode ter perdido o prazo para contestar, assim, o
policiamento do processo deve ser através de uma petição com a procuração
respectiva e a partir do momento em que ele já faz isso, todas as intimações já vão
começar a sair em nome do advogado.
O que a lei quer dizer apenas é que como ele não tem um advogado,
pressupõe-se que ele não vá tomar conhecimento dessas publicações, mas se ele é
uma pessoa que lê o Diário Oficial, por exemplo, se sair alguma coisa no nome dele
ele já vai saber, se for uma grande empresa possivelmente ela tem o serviço de
garimpagem e vai saber também independentemente de advogado, ele vai ter
conhecimento daquelas publicações.
A publicação sai em nome da parte necessariamente, ela não sai em
nome da parte quando é segredo de justiça, aí sai as iniciais apenas.
O PJE já é diferente, ele comunica, ele notifica o advogado por e-mail
dizendo que houve uma movimentação processual e esse tem 10 DIAS
CORRIDOS PARA ACESSAR O SISTEMA, se o advogado não acessar o sistema,
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ainda assim, contado os 10 dias começaa fluir o prazo automaticamente. O PJE
notifica, e acaba notificando a parte se ela não tiver advogado constituído nos
autos. Possivelmente ela não vai ter conhecimento de nenhuma movimentação. Eu
tenho 10 dias para acessar o sistema e ter conhecimento daquilo, quando eu acessar
já vai começar a contar o prazo, muitos advogados já sabem o que é ai deixa os 10
dias e não acessa e ele monitora. Lembrem-se que são 10 dias corridos em dias
úteis.
2. JULGAMENTO ANTECIPADO DO MÉRITO
O último dos efeitos processuais, JULGAMENTO ANTECIPADO DO MÉRITO,
previsto no artigo 355, CPC:
Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com
resolução de mérito, quando:
I - não houver necessidade de produção de outras provas;
II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de
prova, na forma do art. 349.
Ainda vamos estudar o julgamento antecipado... Por toda sorte o artigo 355, II,
permite que o processo seja prontamente julgado quando ocorrer revelia, efeito
material e o réu não comparecer em tempo de produzir provas. Isso supõe que
ocorreu a revelia. Então não contestou, houve o efeito material da revelia,
presunção de veracidade das afirmações do autor, confissão ficta, e o réu não
compareceu para tentar produzir provas em sentido contrário daquela
presunção, neste caso pode haver como se chama de JULGAMENTO
ANTECIPADO.
Faz-se um julgamento antecipado porque não há a necessidade de
produção de outras provas, uma prova documental aliada à presunção relativa
das afirmações do autor elas são suficientes ao esclarecimento dos fatos não há
necessidade de produzir prova testemunhal, prova pericial, recolher depoimento das
partes.
Como já vimos a situação em que o outro efeito processual é afastado vamos
agora para o artigo 345, CPC, ele trata das hipóteses em que o efeito material da
revelia é afastado.
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Vamos começar com dois exemplos que vai facilitar isso:
Exemplo 1: imaginem ação de nulidade de casamento; o Ministério Público
verifica que houve algum vício substancial no casamento, tendo o MP legitimidade
para promover uma ação de invalidação ou nulidade do casamento. Suponha-se que o
marido e mulher foram citados, mas o marido contesta e a mulher não. O marido diz
que o casamento não é nulo, mas a mulher não fala nada.
A nulidade o marido contesta e a esposa não, a defesa do marido
aproveita para a esposa? Sim, porque a relação é una.
Exemplo 2: contrato de locação; imaginem que o locatário começa a atrasar o
pagamento dos aluguéis, então ele deixa de pagar alguns meses e atrasa vários
outros, o locador vai à justiça postulando a condenação do locatário dos valores não
pagos, além de multa por atraso dos outros meses, pede a condenação do locatário,
mas também pede a condenação do fiador, no contrato de locação garantia uma
fiança. Imaginem que o locatário não contesta, mas o fiador o faça, o locatário revel o
fiador contestou, o fiador alega benefício de ordem e também alega que os valores
mencionados pelo locador não são devidos em virtude de uma reforma útil, necessária,
que o locatário teve que fazer no imóvel.
A defesa do fiador aproveita ao locatário? Parcialmente, mas se aquilo for
comum às partes, sim.
Qual é a diferença entre os dois casos na perspectiva do litisconsórcio?
Quando eu digo que o litisconsórcio é facultativo isso me diz alguma
coisa sobre o tratamento das partes no processo?
Quanto à OBRIGATORIEDADE DE FORMAÇÃO, o litisconsórcio pode ser
NECESSÁRIO ou FACULTATIVO. Quanto ao REGIME DE TRATAMENTO DOS
LITISCONSÓRCIOS ele pode ser UNITÁRIO ou SIMPLES/COMUM.
O que interessa aqui é quanto ao regime de tratamento, porque que vocês
falaram necessário? Porque talvez vocês nunca tenham entendido a diferença entre
unitário e o necessário, e talvez não tenha visto diferença porque a doutrina não traça
isso muito bem, para falar a verdade o que diz a doutrina, o autor Vicente Greco Filho,
eu acho interessante quando o autor diz o seguinte, 99% dos casos em que o
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litisconsórcio é unitário ele também é necessário, então talvez por isso vocês
tenham pensando em litisconsórcio necessário, de fato poderia ser unitário e
poderia ser necessário, salvo se você dizer "ah não no polo ativo não porque delimita
o direito de ação etc", mas você pode seguir essa linha se ele é unitário ele também é
necessário.
O que nos interessa neste momento é se ele é unitário ou se ele é simples.
No UNITÁRIO, a decisão é uniforme necessariamente. No litisconsórcio SIMPLES,
ela pode ser diferente, não é que ela tenha que ser, ela pode ser diferente. Mas a
questão é, por quê?
Aí entra os exemplos dados, no primeiro caso ele tem uma relação jurídica
incindível ou una, ela não pode ser fracionada e tratar cada uma das partes de modo
distinto, trata-se de relação jurídica incindível - o casamento titularizado com duas
pessoas. E aí é simples isso você pensar um matrimônio não tem como eu dizer que
o marido está casado e a mulher está solteira ou o casamento é nulo para a esposa e
válido para o marido, porque é uma única relação jurídica que ela não pode ser
fracionada.
A decisão é igual porque não pode fracionar aquela relação, quando eu me
pronuncio sobre a relação em si isso afeta as partes igualmente, é o que acontece no
casamento, é o que acontece no condomínio, então aquilo o que diz respeito aos
condôminos ou aquilo que se desrespeita ao condomínio vai para todos os
condôminos.
Se ele é nulo, é nulo desde sempre. Essa nulidade não é a partir de agora,
mas isso não invalida nada que está sendo dito aqui, isso é em despeito aos efeitos
da decisão, se vai ter efeitos pretéritos ou não. A questão é, eu não posso
fracionar, quando ele é nulo e ele não produziu efeitos, ele não produziu efeitos
para nenhuma das partes, não apenas para uma delas. A esposa aproveita porque é
um litisconsórcio unitário, no litisconsórcio unitário o comportamento de uma das
partes sempre aproveita aos demais.
Pensem em um condomínio residencial, o que valer para o condomínio vai
para todos os condôminos; se o condomínio perder uma ação contra o condomínio
vizinho isso vincula todos os condôminos necessariamente. Lógico que tem que
ter o interesse do condomínio. Se um condômino qualquer move uma ação é um
problema, é algo que diz respeito exclusivamente aos interesses dele, mas quando um
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condômino vai a juízo é em nome dos interesses comuns que não podem ser
fracionados.
Um condomínio quer fazer uma reforma e um dos condôminos discorda, e
perde na votação da assembleia. Ele quer argumentar que aquela votação é nula ou
que aquela reforma ainda assim não tem que ser realizada, que não houve
provavelmente uma incitação de propostas, e assim, vai a justiça.
Então, o condomínio é citado, nisso um dos moradores que está preocupado
vai lá e contesta, mas o condomínio não. Essa contestação vai ser aproveitada pelo
condomínio necessariamente, uma vez que, se trata de um litisconsórcio unitário.
O segundo exemplo é um litisconsórcio simples, porque a relação jurídica
pode ser fracionada, uma coisa é a relação de locação outra coisa é a afiança que é
um pacto adjeto, que é um outro contrato embutido naquele. No litisconsórcio
simples eu preciso analisar o caso e verificar se os argumentos de defesa são
comuns ou não as partes. Aqui o efeito da revelia também podeser afastado.
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