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Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias Licenciatura a Distância UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA COORDENAÇÃO DE EDUCAÇÃO Á DISTÂNCIA - UFPB CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS SOCIAIS E AGRÁRIAS AVICULTURA Prof. José Jordão Filho DEPARTAMENTO DE AGROPECUÁRIA CCHSA / UFPB 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Considerações Iniciais O crescimento da população mundial tem reduzido as áreas disponíveis e apro- priadas para atividade agropecuária e, aliado à crescente degradação e aprovação de legislação de proteção dos recursos naturais, tem restringido e obrigado produtores, go- vernos e entidades não governamentais a buscarem atividades que diversifiquem a ofer- ta de alimento, principalmente nas regiões mais pobres do planeta. A avicultura tem sido um importante setor do agronegócio, pela facilidade de pro- dução devido o menor espaço para criação, precocidade sexual, longevidade produtiva, rápido capital de giro com geração de renda e, principalmente, pelos produtos serem con- siderados democráticos, ou seja, estarem acessíveis a todas as classes da população (ricos e pobres), devido o preço de aquisição. Além disso, os produtos das aves (carne e ovos) são considerados deliciosos e nutritivos, os que o torna apreciáveis em todo o mundo. O sucesso da criação de aves obtido nos últimos 50 anos é fruto de incansáveis trabalhos dos setores acadêmico e empresarial, nas áreas de genética, nutrição, manejo, sanidade e bem-estar das aves. O Brasil vem tendo grande destaque no setor a partir do desenvolvimento de milhares de textos, livros, dissertações e teses concluídas, propor- cionando a formação de mão-de-obra especializada e o surgimento de empresas de alta competitividade, capazes de criar produtos de extrema qualidade e, assim, exportá-los para os mais diversos lugares do mundo. Esta obra oferece a você, caro leitor, conhecimento técnico e prático sobre a criação de aves. Nas primeiras unidades estão focadas o “Histórico e Importância So- cioeconômica” da avicultura; Genética avícola, que permitiu esse significativo avanço de qualidade; o “Planejamento de uma Empresa Avícola”. As noções de conhecimento “Anatômico e Fisiológico” do corpo das aves; Em seguida, os conhecimentos foram apri- morados na área de “Instalações e Equipamentos”; nos cuidados “Manejo” de criação de frangos, poedeiras e matrizes; na descrição das práticas do processo de “Abates de Frangos e Processamento de Carne” e “Qualidade de Carne e Ovos” para consumo hu- mano e “Incubação de Ovos”; e na Sanidade das Aves. Por fim, a última unidade enfoca as “Noções de Criação de Galinha Caipira”. Caro aluno fase a breve apresentação de nossa proposta de conteúdos para a disciplina de Avicultura esperamos poder contribuir para com seu aprendizado na criação de aves. Prof. José Jordão Filho Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 Unidade 1 Histórico e Importância Socioeconômica Brasil é o segundo maior produtor e o primeiro exportador de carne de aves do mundo. Em termos de competitividade, o país produz, atualmente, o frango mais barato do mercado. O agronegócio avícola brasileiro movimenta mais de 10 bilhões de dólares ao ano, repre- sentando mais de 2% do PIB do país. São milhões de empregos gerados, diretos e indiretos e, uma taxa de crescimento de 10% ao ano, nas últi- mas três décadas. O Brasil exporta para mais de 150 diferentes destinos e é responsável por um terço do total comercializado de carne de frango no mercado internacional, demonstrando claramente o reconhecimento da qualidade do produto brasileiro. Evolução da avicultura no Brasil Ao longo da história do Brasil, praticou-se uma avicultura tradicional e fa- miliar, conhecida como produção de frango caipira. Nas pequenas propriedades, produziam-se carne e ovos para o próprio consumo, vendendo-se apenas o exce- dente. De 1900 a 1930, conhecido por Período Romântico, a avicultura carac- terizou-se pela importação das primeiras galinhas da raça pura. A criação era encarada como passa tempo e não para auferir lucros, resultando nos primeiros cruzamentos sem conhecimento técnico, apenas como forma de distração e cu- riosidade. De 1930 a 1960, intervalo caracterizado por período comercial, a avicultura passa a ter base comercial. Nesta época, foram publicados os primeiros exem- plares da revista “Chácaras e Quintais”, assim como “O Campo”. Após a Segunda Guerra Mundial, ocorreu a modernização da avicultura industrial americana, com a adoção do uso de híbridos, das linhagens muito refinadas e do confinamento estrito, proporcionaram um grande salto de produção. O período de 1960 a 1970 ficou conhecido como período industrial, no qual ocorreu a implantação de novas tecnológias no Brasil, com a vinda de indústrias americanas com suas linhagens de alta qualidade genética. O UNIDADE I - AVICULTURA Histórico e Importância Socioeconômica 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 De 1970 aos dias atuais, poderíamos classificar como período super indus- trial, onde a avicultura avançou enormemente. Neste período, houve um avanço no tempo de abate dos frangos de 60 para 40 dias, com peso vivo de 2 para 2,5 kg e uma conversão alimentar de 2,1 para os atuais 1,8 kg por quilo de carne produzida, por exemplo. Esses índices foram obtidos graças, principalmente, aos investimentos na área de melhoramento genético que permitiram uma tremenda evolução produtivos das aves comerciais. Essa evolução na avicultura de cor- te foi acompanhada e incentivada mundo afora pelo consumo de carne (Figura 1.1a). Entretanto, o consumo de ovos (Figura 1.1b) no Brasil não acompanhou o avanço genético das aves e as tendências alimentares dos consumidores, em- bora Empresas e Técnicos tenham disponibilizado esforços e dinheiro em favor da atividade. Vantagens da avicultura Muitas são as vantagens ao se optar pela criação de aves comerciais. A necessidade de pequena extensão de terra, independente se esta é agricultável ou não, o que valoriza as áreas de terras inférteis, tem sido uma das vanta- gens principais. A avicultura é um dos poucos empreendimentos do agronegócio que apresenta alta capacidade de rendimento por área coberta de abrigo. Gera emprego para famílias, contribuindo com a redução do êxodo rural, que, infeliz- mente, tem crescido no país. A avicultura, em função do pequeno porte das aves e da maturidade sexual precoce, apresenta rápido capital de giro, em compara- ção com animais de médio e grande porte. Os produtos das aves são considerados nutritivos e deliciosos para con- sumo humano em todas as faixas etárias. Álias, a carne e ovos produzidos pelas aves têm sido considerados alimentos democráticos, devido ao fato de estarem acessíveis a todas as classes da sociedade, desde os mais pobres até os mais ricos. Isso torna os produtos avícolas, excelentes fontes de proteína animal, com capacidade de combater a fome e a desnutrição de muitas populações pobres do planeta. Figura 1.1a- Evolução do Consumo per capita de carne de frangos no Brasil. Fon- te: adaptado da UBA. Figura 1.1b- Evolução do Consumo per capita de ovos no Brasil. Fonte: adaptado da UBA Unidade 1 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciaturaem Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 Cadeia produtiva de aves A cadeia produtiva de aves movimenta diversos setores da dita indústria avícola (Figura 1.2), como as granjas de criação, os fornecedores de insumos, as indústrias de abate e processamento de carne e ovos e o consumidor final. Os sistemas de produção relacionam-se com um ou mais setores da cadeia produ- tiva da indústria avícola dentro das condições de mercado, classificando os produ- tores como independente, integrados e cooperados. Sistema de criação independente: representado em sua maioria absoluta pelos produtores rurais, pessoas físicas e jurídicas. O sistema de criação indepen- dente é aquele no qual, o produtor produz e vende no mercado livre, ou seja, a produção de ovos de consumo e férteis, pintos de um dia, frangos abatidos, ap- enas um ou todos, encontram-se sob a responsabilidade individual de um produ- tor independente. Atualmente, esse sistema de criação é muito limitado, pois, os produtores independentes devem ter disponibilidade de capital o suficiente para investir e/ou prever eventuais crises e, assim, garantir a sobrevivência do negócio. Sistema de criação integrado: trata-se do sistema que engloba todo o processo produtivo, desde a produção do ovo fértil até o abate ou comercialização dos ovos de consumo, sendo que cada uma dessas etapas é realizada por um diferente membro da integração. A título de exemplo, temos as agroindústrias. A integração é um acordo mútuo entre empresa e produtores, sem a necessidade obrigatória de um contrato formal. Nesse acordo a empresa integradora se com- promete a fornecer as aves, a alimentação, os medicamentos e a assistência téc- nica, o transporte da ração e dos frangos, bem como o abate e a comercialização. Ao integrado cabe providenciar as instalações e a mão de obra. A remuneração do integrado pode ser feita pelo cálculo do fator de produção (FP = % de viabilidade x ganho de peso x 100 ÷ conversão alimentar) ou, então, por meio de um valor percentual fixo do preço de mercado. Sistema de criação cooperado: a maioria das cooperativas trabalha no sistema de integração, ou seja, o integrado entra com as instalações e mão de obra e recebe os demais insumos da cooperativa. Ao término do lote, ele recebe um valor por frango criado de acordo com a produtividade. Além disso, no final do ano, quando da apuração dos resultados financeiros, o cooperado recebe uma bonificação proporcional à quantidade de frangos entregue na cooperativa. Esse cálculo da bonificação é feito para cada atividade em que o cooperado esteja en- volvido (cereais, suínos etc.). Consideração final Os investimentos científicos e empresariais fizeram da avicultura atual, um suces- so no agronegócio mundial. Unidade 1 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Unidade 1 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 Unidade 2 Genética Avícola evolução no desempenho das linhagens de aves comerciais são fru- tos de investimentos e esforços feitos a pelo menos cinco décadas, em cinco áreas de atuação: nutrição, manejo, sanidade, ambiência e genética. No entanto, tem sido consenso entre os pesquisadores que 80% das melhorias obtidas nas linhagens de corte e postura foram decorrentes do pro- cesso de seleção genética. O constante desenvolvimento de estudos de gené- tica quantitativa, aliado ao uso de técnicas computacionais e métodos estatísticos mais completos, tem assegurado um progresso genético contínuo de todas as características de produção. São vários os benefícios que o melhoramento gené- tico trouxe para a avicultura. Nos anos 40, o número de ovos produzidos por ave alojada era próximo de 130. Atualmente, esse valor atinge a incrível marca de 350 ovos produzidos por ave/ano, por exemplo. Origem, classificação e domesticação A origem das aves sempre nos remete a pergunta: “Quem veio primeiro, a galinha ou o ovo?”, a resposta certamente dependerá de conhecimentos ar- queológicos ou da fé. Podemos acreditar que foi a galinha, pois: Deus disse: que as águas fiquem cheias de seres vivos e os pássaros voem sobre a terra, sob o firmamente do céu. E Deus criou as baleias e os seres vivos que deslizam e vivem na água, con- forme a espécie de cada um, e as aves de asas conforme a espécie de cada um (Gn. 1:20-21). Ou acreditar que seja o ovo, pois, répteis já os produ- ziam milênios antes das aves existirem. A Quadro 2.1- Surgimento das aves X UNIDADE II - AVICULTURA Genética Avícola 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Acredita-se que a galinha de hoje teve sua origem a um pouco mais de 150 milhões de anos, a partir do Archaeopterix, que teria habitado a região conhecida atualmente como a Índia. O registro das espécies primitivas que originaram as aves comerciais de hoje não é total- mente seguro. A maioria dos pesqui- sadores, incluindo Darwin, acredita- vam que as aves foram originadas do Gallus bankiva. Além do Gallus bankiva, é possível que outras espé- cies tenham contribuído com mate- rial genético para a formação das linhagens atuais, como: o Gallus lafayetti do Ceilão; o Gallus varius de Java e o Gallus sonneratti do norte da índia. A classificação das aves pode ser feita de três formas diferentes, conforme o critério adotado: grau de domesticação, classificação biológica das espécies e a classificação oficial da “American Poultry Association Standard of Perfection”. 1. Grau de domesticação: entende-se por domesticado, a ave que possui uti- lidade econômica e reproduz em cativeiro. Como exemplo, temos as aves domesticadas: galinha, patos, marrecos, etc. e as aves semi-domesticadas: codornas, faisões, gansos, entre outras. 2. Classificação biológica: entende-se como o esquema geral de classificação das espécies. 3. Classificação da American Poultry Association Standard of Perfection. Esta classificação envolve centenas de variedades de aves agrupadas em pelo menos 15 classes. Porém, quatro são de maior importância econômica, divi- dida conforme a origem geográfica em: Americanas, Inglesas, Mediterrâneas e Asiáticas (Tabela 2.1). Tabela 2.1- Características das principais espécies classificadas economicamente pela American Poultry Association Standard of Perfection. Os principais representantes das espécies americanas são: New Hampshire, Rhode Island Red, Plymonth Rock Barrada e a Wiandotte. Inglesas: Cornish, Or- pington, Australorp, Sussex, Dorking e Redcap. Mediterrânea: Leghorn, Ancona, Minorca e Andaluza azul. Asiática: Brahma, Cochim e Langshan. As característi- cas particulares de algumas das raças representantes desses grupos estão apre- sentadas no último capítulo desta obra, a unidade de “Galinha Caipira”. Fóssil de Archaeopterix Espécie Americana Inglesa Mediterrânea Asiática Pele Amarela Branca (exceção da Cornish) Amarela Amarela (exceção da Langshan) Ovos Vermelhos Vermelhos (exceção da Redcaps e Dorkings) Brancos Vermelhos Tamanho Médio Médio ou grande Pequena Grande Pernas Sem penas Sem penas Sem penas Com penas Unidade 2 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 A domesticação das aves teve origem por volta de 3200 a.C., com duas finalidadesbásicas: bele- za e briga, sendo as aves que não serviam a estes fins abatidas para consumo. As brigas de galo eram muito difundidas na Europa, entretanto, essa cruel modalidade de “diversão” foi proibida na Inglaterra, em 1849 e, neste mesmo ano, foi realizada a primeira exposição de aves, dando início a atividade econômica do futuro. Geralmente, costuma-se informar que da ave primitiva (Archae- opterix) ao galo de briga levaram-se cerca de 150 milhões de anos, e do galo de briga às linhagens atuais, com eficiente potencial de conversão, foram necessários um pouco mais de 150 anos. Cruzamentos Segundo o Sistema de Produção de Frangos da Embrapa, nos cruzamentos, normalmente busca-se tirar proveito de dois efeitos: a) Genéticos: Efeito de raça: (devido ao efeito genético aditivo dos genes, passa de ge- ração a geração e inclui habilidade geral de combinação das linhas utilizadas no cruza- mento). Efeito da heterose: (devido aos desvios de dominância dos alelos e dos desvios da epistasia entre locus e inclui habilidade específica de combinação das linhas utilizadas no cruzamento) pode existir no indivíduo, na mãe e no pai do mesmo, mas não passa para a geração seguinte. Efeito recíproco: é o desvio entre o desempenho dos indivíduos de um cruzamento e do seu recíproco, como por exemplo: A x B é diferente de B x A. Na nomen- clatura de melhoramento genético se convenciona que a primeira letra representa a raça do pai e a segunda a raça da mãe. b) Não genéticos: Efeito da complementariedade: é a vantagem que se obtém ao cruzar, por exemplo, galinhas de potencial genético para maior produção de ovos com galos de maior rusticidade. O recíproco desse cruzamento dá um custo de produção maior. No cru- zamento entre as linhas puras (avós) para a formação das matrizes, se busca combinar as características para as quais as linhas foram selecionadas com diferentes ênfases. Além disso, os cruzamentos efetuados para gerar frangos e poedeiras incorporaram ganhos pela melhor eficiência produtiva. Portanto, observar as seguintes recomendações: adquirir pintos de linhagens reconhecidas pelo mercado; a criação poderá ser mista ou separada por sexo; os pintos devem apresentar características saudáveis como olhos brilhantes, umbigo bem cicatrizado, tamanho e cor uniformes, canelas lustrosas sem deformidades, com plumagem seca, macia e sem empastamento na cloaca; transportar os pintos do incubatório, onde são mantidos em ambiente controlado, até o local do alojamento, em veículos adequados, com conforto e buscando o bem-estar dos pintos. Critérios de seleção: no passado, o peso corporal, produção de ovos e conversão ali- mentar eram as características de maior importância nos programas de melhoramento genético de aves. Atualmente, varias características foram incorporadas ao processo de seleção. As prin- cipais, consideradas pela maioria das empresas de melhoramento são: quanto ao frango: peso corporal, eficiência alimentar, conformação de carcaça, empenamento, pigmentação de pernas e penas, robustez e aspecto físico do peito; quanto à carcaça: rendimento da carcaça eviscerada, rendimento de carne de peito, rendimento de carne de perna, teor de gordura; quanto a galinhas: produção de ovos, peso de ovos, conversão por massa de ovos, ausência de choco; quanto a reprodução: produção de ovos incubáveis, fertilidade, eclodibilidade; Quadro 2.3- Sexagem pelo empenamento Unidade 2 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Herança ligada ao sexo: a determinação do sexo do pinto no primeiro dia, permite a en- gorda separada por sexo. Várias empresas adotam esse procedimento na busca de maximizar o desempenho produtivo. Como a resposta da taxa de crescimento em relação à proteína/energia da ração é maior nos machos, a engorda em separado permite o uso de uma ração mais ad- equada. Frangos machos e fêmeas são alojados em granjas separadas, com manejo e nutrição adequados para cada sexo, podendo ser abatido em idades e frigoríficos diferentes. Essa prática é possível graças à facilidade de sexagem do pinto de um dia utilizando o tipo de empenamento. O tipo de empenamento é determinado pela expressão de um gene ligado ao sexo. Os alelos deste gene são: k + recessivo – confere o empenamento rápido; K dominante – confere o empenamento lento. Enquanto, na matriz (mãe) os machos serão de empenamento rápido (kk, homozigoto), e as fêmeas de empenamento lento (K_). No produto, o fenótipo inverte-se, ou seja, o pinto de em- penamento rápido será a fêmea (k_) e o de empenamento lento será o macho (Kk). Portanto, a sexagem nos primeiros dias de vida dos pintos, geralmente, é feita pelo empenamento da asa. O tipo de empenamento que relaciona as duas camadas de penas na asa, uma bem maior do que a outra indica que a ave é fêmea. Por outro lado, quando a dupla camadas são quase de tamanho igual, dizemos que a ave é macho. Formação das linhagens comerciais O melhoramento genético ganhou proporções cientificas no inicio do século XX. Neste período, avançaram-se os estudos na área de estatística e apareceram os novos conceitos sobre genética quantitativa, consaguinidade, cruzamentos e formação de híbridos. As razões para as aves com- erciais de hoje serem híbridos são, segundo Michelan Fo & Souza (2001): Heterose (vigor híbrido): efeito benéfico da combinação de linhagens distintas, que faz com que o desempenho do híbrido seja superior ao desempenho médio das linhagens puras dos pais. É importante para as características reprodutivas, a exemplo de produção de ovos, fertilidade e eclodibilidade. A heterose pode melhorar significativamente estas variáveis, onde podemos en- contrar na literatura heterose de 10% para produção de ovos. Complementaridade: ocorre quando uma linhagem complementa a deficiência da outra, produzindo um híbrido funcionalmente adequado às necessidades. Exemplo: as linhagens de ma- cho (linhagem 1 e 2) são fortes em ganho de peso, eficiência alimentar e rendimento de carcaça. Estas características complementam as deficiências das linhagens de fêmeas (linhagem 3 e 4), as quais foram selecionadas para características reprodutivas. Quadro 2.3- Sexagem pelo empenamento Fonte: Manual de frango de corte AgRoss Unidade 2 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 Especificidade: o programa de melhoramento genético privilegia o progresso nas características economicamente importantes para cada linhagem, conforme seu principal objetivo, tornando a seleção genética muito mais eficiente. O ganho genético em uma característica é inversamente proporcional ao número de carac- terísticas sob seleção. Isto é, quanto maior o numero de características do critério de seleção, menor o ganho em cada um. Assim, o uso do conceito de comple- mentaridade e especificidade atenua o efeito indesejável do numero excessivo de características do critério de seleção, sendo de vital importância nos programas de melhoramento. Segurança do patrimônio genético: apenas as aves híbridas são comer- cializadas, conservando o patrimônio genético das linhagens puras e, assim, ga- rantindo o investimento realizado pela empresa de melhoramento genético. Principais linhagens comerciais Em programas de melhoramento, o banco genético tem sido o combustível para os cruzamentos que darão origem aos híbridos modernos. Em frangos de corte, as raças utilizadas são: Plymouth Rock Branca – muito utilizada atualmente nos cruzamentos para produção de frangos de corte; New Hampshire – raça que por muitos anos foi utilizada para a produção de frangos de corte. Porém, atualmentesão poucos criad- ores que se dedicam à comercialização desta; Cornish Branca – com habilidades de produção de carne muito apreciadas, mas com pouca produção de ovos e Sussex. Para os produtores interessados na produção comercial de carne e ovos existem os híbridos de corte e de postura importados e na- cionais. O desempenho esperado dos híbridos de frangos de corte é de peso médio aos 42 dias de idade com 2,400 kg, conversão alimen- tar 1,7, rendimento de carcaça de 73% e rendi- mento de carne no peito de 22%, com peque- nas variações entre linhagens e entre sistemas de produção. Existem, atualmente, no mercado uma variedade de híbridos comerciais com ex- celentes atributos genéticos. O frango atual é um produto híbrido, oriundo do cruzamento de 3 a 4 linha- gens puras. Em geral, duas linhagens de fêmeas que dão origem à fêmea matriz e uma a duas linhagens de machos darão origem ao macho matriz. Num pro- grama de melhoramento genético comercial, normalmente levam-se 4 anos para se transferir os ganhos genéticos das linhagens puras para os frangos de acordo com o esquema abaixo (Tabela 2.2). Unidade 2 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Tabela 2.2- Esquema de cruzamento genético na obtenção de uma nova linhagem. Uma ave destinada à produção de carne deve possuir, entre outras, as seguintes características: baixa mortalidade, baixa conversão alimentar, rápido ganho de peso, crescimento uniforme, empenhamento precoce e de cor branca, pele de pigmentação amarelada, peito longo, pernas curtas e resistente a doen- ças. Eficiência alimentar: característica que resume-se no aproveitamento da ali- mentação pela ave, ou seja, se refere a eficiência da transformação de ração em carne; conformação da carcaça: característica ligada ao rendimento das partes da ave abatida. Índice obtido através da avaliação da proporção de rendimento das partes comestíveis do frango como peito e coxa; rusticidade: característica referente à resistência da ave às principais enfermidades. As aves com finalidade na produção de ovos devem apresentar as seguintes características: baixa mortalidade, baixa conversão alimentar, alta produção de ovos, ovos de casca resistentes, ovos com boa qualidade interna, baixa ocorrên- cia de galinhas chocas, resistente a doenças, capacidade para pigmentar a gema dos ovos, alta fertilidade e alta eclodibilidade. A eficiência alimentar em aves de postura refere-se à eficiência da transformação da ração em ovo; precocidade de produção: característica considerada fundamental, uma vez que a melhoria da precocidade antecipa o retorno do capital investido. A precocidade das aves é calculada a partir da data em que alcançam 50% de produção; qualidade da casca: fundamental, pois, garante a integridade do ovo. A resistência da casca resulta em reflexo direto no custo de produção. Por isso que muitos produtores preferem produzir um número menor de ovos por ave, mas comercializá-los numa quantidade maior. Duas linhagens formaram basicamente as aves comerciais de alta postura: a Leghorn (ovos brancos) e a Rhode Island Red (ovos vermelhos). Os híbridos comerciais de postura apresentam produção de 350 ovos/ano, com ave de até 60 semanas de idade, que pesam em média 60g e apresentam conversão por dúzia de ovos de 1,4. Existem no mercado marcas comerciais para linhagens leves (brancos) e linhagens semipesadas (marrom). Evolução das características produtivas A evolução dos programas de melhoramento genético na área da avicul- tura tem contribuído para o crescimento e a rentabilidade da atividade, seja na criação de frangos de corte ou de poedeiras comerciais. O aprimoramento do mel- Tempo Atual 1º ano 2º ano 3º ano 4º ano Produto Pedigree Bisavós Avós Matrizes Frangos Ovos M1xF1 M2xF2 M3xF3 M4xF4 M1xF1 M2xF2 M3xF3 M4xF4 M1 x F2 M3 x F4 M12 x F34 1234 Unidade 2 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 horamento genético de aves obtido no decorrer de mais de meio século permitiu a inclusão de parâmetros como melhor conversão alimentar, resistência a doenças e maior produção de ovos, pois até meados da década de sessenta (1960), o mel- horamento de aves baseava-se tão somente no aumento do peso corporal da ave. Comparando o desempenho esperado de quatro grupos genéticos, pre- sente nos manuais das linhagens de poedeiras leves e semipesadas nos últimos 25 anos, efeitos positivos do melhoramento podem ser observados na redução da mortalidade, do consumo acumulado de ração e no peso corporal das frangas durante os diferentes períodos de crescimento, reforçando as novas tendências do melhoramento genético de aves de considerar outras variáveis e não apenas o ganho de peso corporal das poedeiras. No período de postura, a expectativa de idade para as aves ao atingirem 50% de produção foi reduzida, com a evolução do melhoramento genético no período comparado de 25 anos, para poedeiras leves e semipesadas. Entretanto, as poedeiras semipesadas apresentaram melhores resultados de peso corporal, peso de ovos e conversão alimentar, enquanto as poedeiras leves apresentaram maior produção de ovos/ave que as semipesadas. No segmento de corte, observa-se que avanço extraordinário; veja, que na década de 50 os frangos levavam cerca de 70 dias para o abate, consumindo 2,5 quilo ração por quilo de carne produzida. Há cinco anos atrás, os frangos precisa- vam apenas de 40 dias para atingir 2,4 kg de peso vivo, ingerindo apenas 1,8 quilo de ração. Ano 1950 1970 1990 2005 Peso vivo (g) 1580 1700 2000 2400 Conversão alimentar (kg/kg) 2,50 2,15 1,99 1,82 Idade de abate (dias) 70 49 47 40 Fonte: adaptado da UBA Unidade 2 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 Unidade 3 Planejamento de um Empreendimento Avícola ntes de se implantar uma empresa, seja avícola ou não, é preciso planejar cuidadosamente cada fator que a envolve, em particular, pois assim, evitará problemas futuros. Antes de tudo, é preciso definir o segmento da empresa: corte ou postura? Fabrica de ração ou abat- edouro? Além disso, é importante escolher o funcionamento da empresa, se atu- ará de forma independente, integrada ou como cooperativa. Principais fatores analisados Capital disponível: é considerado, talvez, como o principal ponto crítico da implantação de um empreendimento avícola. Antes de qualquer iniciativa, de- vemos calcular exatamente os investimentos necessários para a aquisição das instalações e equipamentos, insumos e animais, além dos custos fixos e da mão de obra, mesmo que seja do próprio avicultor. A regra básica é que o capital in- vestido não deva ultrapassar os 60% de todo o dinheiro investido no empreendi- mento. A escolha do segmento é fundamental para ajudar nos cálculos do capital investido. Veja que a produção de ovos necessita de maior investimento inicial de capital que o segmento de corte. As razões que justificam esse fato são os maiores custos de aquisição das pintinhas de um dia e o fato das poedeiras ini- ciarem a postura comercial por volta das 18 semanas, necessitando, portanto, de capital suficiente para criar e alimentar as frangas até o início da postura.Além deste exemplo, a implantação de um incubatório exige, provavelmente, mais capi- tal disponível que as granjas de criação, devido aos altos custos de construção e equipamentos, porém, é possível que ao longo do tempo os investimentos neste segmento sejam, compensáveis em relação às granjas de criação. Mercado consumidor: uma vez dispondo do capital necessário à implan- tação do empreendimento, devemos nos certificar de que existe um mercado com potencial de consumo naquela localidade. Entre os fatores relativos ao mercado consumidor, deve-se levar em consideração as tradições alimentares, as exigên- cias religiosas e o poder aquisitivo do consumidor. A UNIDADE III - Avicultura Planejamento de um Empreendimento Avícola 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Localização: a instalação da empresa é perti- nente no perímetro rural, por evitar uma série de prob- lemas tanto para a empresa como para a população, porém, próximo de mercado consumidor. As aves so- frem com os barulhos comuns das cidades, ficando estressadas e perdendo desempenho, consequente- mente. A população, por sua vez, sofrerá com os chei- ros comuns em aviários. Estradas e vias de acesso: quanto menos acidentadas forem as estradas, melhor será para o transporte dos produtos, sendo o ideal que sejam as- faltadas, pois assim a trepidação será mínima. É im- portante também que a estrada de acesso à granja seja trafegável o ano inteiro e permita passagem para caminhões, com pelo me- nos 15 toneladas, que transportarão rações/insumos e os próprios produtos. Energia elétrica: a granja deve ser instalada na rede de eletrificação rural ou urbana, por muitas vezes, ser mais econômico. No entanto, em incubatórios é comum o uso de geradores de eletricidade, devido à preocupação de falta de energia, que poderia causar total prejuízo na eclosão dos ovos. Água potável: ao determinamos o local do aviário, devemos nos certificar se existe água potável em abundância para servir não só às necessidades de consumo das aves, como também para lavagem das instalações durante o vazio sanitário e uso na residência do tratador. A fonte de água deverá ser, preferencial- mente, de poço artesiano ou de rede hidráulica municipal. Caso seja usada água de fontes naturais ou poço não artesiano, devemos nos certificar se esta água é potável para o uso humano. Condições climáticas: para esta observação, devemos instalar a granja em local onde as temperaturas oscilem dentro da faixa de 15 a 25oC. A umidade relativa do ar não deve ultrapassar os 70%, sob pena da ocorrência de problemas respiratórios. Condições topográficas: locais de topografia muito acidentados devem ser evitados, pois oneram a construção dos galpões a partir da necessidade de se fazer grande volume de terraplenagem. Se for escol- hido um local montanhoso, devemos procurar sempre o meio da encosta, evitando o fundo dos vales, devido ao acumulo de água de chuvas, e o topo da montanha, onde ocorrem ventos fortes. As condições topográfi- cas ideais seriam então, as daqueles terrenos que apresentem um declive levemente acentuado, que possibilite o rápido escoamento das águas de chuva e que sejam suficientemente planos para evitar grandes trabalhos de terraplenagem. Telefone e gás combustível: sistema de tele- fonia é fundamental por agilizar a comunicação dentro de uma granja. Geralmente, a fonte de calor das campânulas tem sido elétrica, entretanto, na eventual falta de energia, butijões de gás seriam de extrema im- portância para manter o calor requerido. Portanto, todas as granjas, mesmo que adotam o aquecimento elétrico, devem ter botijões de gás e campânulas de reser- Localização e boas estradas Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Condição topográfica do aviário Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Unidade 3 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 va, sob pena de resultarem em alta mortalidade dos pintinhos, devido ao frio. Proximidade de outros setores da cadeia produtiva: para evitarmos prejuízos e minimizarmos custos, as granjas de criação de aves devem ser próxi- mas de abatedouros e/ou indústria de processamento de ovos, incubatórios, fá- bricas de ração e/ou próximo de zona produtoras de insumo. Para o abatedouro, quanto maior for à distância entre a granja e este, maior será a perda de peso e mortalidade das aves no transporte. A proximidade dos incubatórios reduz o tempo entre eclosão e ingestão de alimento, já bastante discutida, sua importância no peso final de frangos de corte. A proximidade de fábricas de ração e/ou zona produtora de insumo poderá reduzir custos de alimentação que, atualmente, rep- resentam cerca de 60 a 70% do total investido. Isso explicar por que a avicultura tem crescido tanto na região centro-oeste. Consideração final A observação minuciosa destes e de outros fatores que possam interferir na produção de aves para corte, ovos de consumo e ovos férteis são fundamen- tais para garantir a sobrevivência da atividade. Unidade 3 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 Unidade 4 Anatomia e Fisiologia das Aves anatomia e fisiologia das aves têm sido apresentadas como máqui- nas perfeitas, constituídas de nove sistemas integrados. O bem-estar dessa máquina depende do funcionamento de cada sistema em par- ticular. Esqueleto: O esqueleto da galinha é composto de 150 ossos e possuí duas funções básicas: (1) moldura e caixa para o apoio dos músculos e suporte do corpo, além de proteger os órgãos internos; (2) É a de servir como deposito de cálcio e fósforo, importante, principalmente para galinhas poedeiras durante a postura de ovos. Durante a formação dos ovos, grande parte dos minerais são retirados da matriz óssea das aves. A Estrutura do esqueleto de aves comerciais UN IDADE IV - Avicultura Anatomia e Fisiologia das Aves 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Sistema muscular: normalmente, a musculatura é conhecida como a par- te comestível da ave, ou seja, a carne, constituindo aproximadamente 75% do peso vivo da ave. Atualmente, o desenvolvimento científico tem sido voltado para a seleção de linhagem com maior rendimento de cortes nobres (peito, coxa e so- brecoxa). Na galinha, os dois músculos responsáveis pelo movimento das asas (Pectoralis major e Pectoralis minor) são muito macios e têm baixo conteúdo de gordura. Isto ocorre porque as galinhas são aves com baixa capacidade de voo, o que leva a uma quantidade pequena de movimentos quando comparado com músculos localizados em outras áreas. Sistema digestivo: a estrutura do aparelho digestivo das aves permite uma passagem rápida do bolo alimentar. O sistema digestivo das aves assemelha-se ao dos carnívoros, devido ser relativamente curto de 250cm, além de apresentar a moagem na moela, o que caracteriza como semelhança a mastigação dos her- bívoros. O volume e cumprimen- to do tubo digestivo depende do hábito alimentar. Esse sistema consta de um tubo compreendido de bico, boca, faringe, esôfago, papo, proventículo e moela, intes- tino delgado, intestino grosso, clo- aca e órgãos acessórios: fígado,pâncreas e baço. (1) A boca tem a função de coletar alimento e água. O alimento, quando na cavidade bucal, é umidificado por ação das glândulas salivares, que lubrificam e facilitam o deslizamento do bolo alimentar em direção as partes in- feriores do aparelho digestivo. Na boca das aves encontram-se pou- cos botões gustativos, cerca de 300 em comparação aos 1500 dos suínos. Isso faz com que a ave tenha pouca sensibilidade olfativa, ou seja, sinta pouco gosto dos alimentos. (2) O esôfago é relativamente longo e possuí um divertículo, o papo que separa a porção inferior e posterior, apresenta glândulas mucosas que tem a função de lubrificar a passa- gem do bolo alimentar. (3) O papo nada mais é que uma dilatação do esôfago, é um deposito de alimento que tinha muita utilidade no tempo da galinha selvagem, que nem sempre encontrava alimento à disposição. (4) O proventrículo, conhe- cido como estômago glandular é a porção onde o alimento fica exposto à ação do suco gástrico, rico em HCl (ácido clorídrico) e a pepsina ativa (pH varia de 1 a 3,5), além de muco, através de glândulas que recobre sua parede. No proventrí- culo (estômago glandular) não ocorre absorção de nutrientes e a presença desta porção, juntamente com a moela (ação mecânica), diferencia marcadamente a anatomia do aparelho digestivo das aves em relação aos outros animais. (5) A moela é um músculo forte e que, através de contrações e expansões, tritura o alimento, transformando em uma parte semilíquida pronta para ser absorvida no intestino. A presença da moela é, talvez, a compensação evolutiva pela ausência de dentição. (6) O intestino: o delgado é composto pelo duodeno, jejuno e íleo. Apesar de não existir uma perfeita diferenciação entre jejuno e íleo nas aves, o Vilosidades do intestinoFonte: Prof. Jordão Filho, J. Unidade 4 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 divertículo de Merck é considerado como o limite entre estas duas porções do intestino delgado. A mucosa do intestino delgado é semelhante a dos mamíferos, exceto nas vilosidades, que são mais altas nas aves. O duodeno em forma de “U”, envolve o pâncreas, uma porção conhecida como alça duodenal e é neste local que ocorre o maior processo de digestão. Sistema reprodutivo: Galinha – o embrião em desenvolvimento de uma galinha possui dois ovários e dois ovidutos, entretanto, logo após a eclosão, o ovário e oviduto direito se atrofiam. Assim, o aparelho reprodutor de galinha é dividido em ovário e oviduto. O ovário consiste de uma massa esponjosa que con- tém óvulos em diversos estágios de desenvolvimento (cacho de uvas). O oviduto é uma mucosa pregueada, com cerca de 70cm de comprimentos, altamente es- piralada, que sai do ovário e termina na cloaca, seguindo pelo lado esquerdo da coluna vertebral. É no oviduto que a gema se reveste de albumina, membranas e casca. O oviduto é dividido em cinco partes: infundíbulo, magnum, istmo, útero e vagina. O infundíbulo é uma estrutura tubular de parede simples que mede de 4 a 10cm com região côni- ca. Apresenta a mucosa pouco pregueada, de epitélio simples, cilíndrico e calciforme. Segue- se outra região tubular com pregas em espiral suave. O ovo percorre o infundíbulo em cerca de 15 minutos. As funções do infundíbulo são: captar o ovócito; servir de sede para a fecunda- ção; lubrificar a mucosa para a passagem do ovo; formar as calazas, proteínas mucinas re- torcidas que mantêm a gema no centro do ovo. É no infundíbulo que se dá a união do esper- matozóide com o óvulo. O ovo inicia sua forma- ção no ovário e vai se completando à medida que caminha nos diferentes compartimentos do oviduto, por um tempo médio de 25 a 26 horas. A gema em desenvolvimento está presa por uma delicada membrana chamada folículo. Quando o óvulo atinge a maturidade, rompe-se o folículo e a gema cai no infundíbulo, o que é conhecido por ovulação interna. A gema permanece de 10 a 20 min no infundíbulo quando verifica-se a fertilização do óvulo por um espermatozóide, caso a galinha tenha sido coberta. Depois, a gema passa para o magno, onde é envolvida por cerca de 50% da clara, durante o período duas a três horas. As funções do magno são: formação da base do albúmen (cerca de 16g são depositadas); adição de mucina; adição da maior parte do Na+, Ca++ e Mg++. No istmo, o ovo permanece de uma a uma hora e meia, recebe as membranas da casca e 10% da clara. As funções do istmo são: formação da membrana testácea, que é a membrana da casca do ovo constituída por ovo-queratina; adição de proteínas ao albúmen; adição de uma pequena quantidade de água. Em seguida, o ovo passa para o útero, onde permanecerá a maior parte do tempo (20 a 23 horas), necessários para receber os 40% restantes da clara e para a formação da casca. As funções do útero são: adição de grande quantidade de água; adição de vitaminas, da maior parte do K+; formação de uma matriz orgânica seguida de deposição de íons Ca++, formando Estrutura do apa- relho reprodu- tivo de machos e fêmeas Unidade 4 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 a casca; secreção de porfirinas que dão cor ao ovo; formação da cutícula do ovo. Muitas aves põem ovos coloridos, em tons de azul, castanho ou verde. Os pig- mentos são derivados dos eritrócitos. Pigmentos do tipo porfirina são distribuídos através da casca, concentrando-se em suas camadas externas. Por fim, o ovo entra na vagina e permanece de 5 a 15 min, somente para receber a cutícula que veda as paredes porosas da casca contra a entrada de microorganismos. Galo – o aparelho reprodutor é composto de dois testículos, canais deferentes e órgão copulatório rudimentar. Os testículos estão localizados na parte superior dos rins, junto à parede dorsal do corpo. Não tem tamanho definido, sendo o esquerdo geralmente maior que o direito. Seu volume aumenta enormemente nos galos em serviço de cobertura. Sistema urinário: o aparelho urinário das aves é constituído de dois rins e dois ureteres. Os rins estão presos à parede dorsal do corpo, abaixo dos pulmões e até a região das vértebras caudais. Cada rim é constituído de três lóbulos de coloração marron avermelhada. As aves, geralmente, não possuem bexiga e por isso a urina passa pelos ureteres diretamente à cloaca. É por esse motivo, que as aves excretam fezes e urinas conjuntamente. Sistema respiratório: o aparelho respiratório das aves começa pela boca, orifícios e cavidades nasais, segue por parte da faringe, traquéia, pulmões e sacos aéreos. Os pulmões possuem uma leve coloração rosada e sua função é a de trocar as moléculas de O2 do ar por moléculas de CO2 dos glóbulos vermelhos do sangue. Em comunicação com os pulmões, existem quatro pares de sacos aéreos e mais um isolado. Os sacos aéreos não são diretamente responsáveis pela respiração; no entanto, realizam importantes funções como: função de balão, o que torna as aves mais leves durante o voo; função de contra-peso, permitindo que o corpo da ave fique em posição de equilíbrio no voo; diminuir o atrito dos músculos em movimento; e reservatório de ar. Ovos com duas gemas – é o resultado da ovulação de duas gemas ao mesmo tempo, é mais comum em frangas. Ovos com mancha de sangue – pela ruptura do folículo haverá também ruptura de algum pequeno capilar e consequentemente derrame de sangue. Pedaços de carne – é geralmente o resultado de manchas de sangue em que parte foi reabsorvido ou pedaço de tecido de folículo rompido na hora da ovulação. Ovo com casca mole – pode ser o resultado do não funcionamento das glândulassecretoras ou de um anormal peristaltismo do oviduto. Também doenças, deficiência de cálcio e fósforo podem ser os responsáveis. Ovo dentro do ovo – o peristaltismo reverso poderá fazer voltar os ovos já formados, que entrando em contato com a gema que desce do oviduto, serão cobertos pela nova casca. Ovo sem gema – ocorre quando algum material estranho entra no oviduto e estimula a ação das suas glândulas. Quadro 3.1- Ovos defeituosos Unidade 4 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 Vista lateral de órgãos de galinhas Sistema circulatório: o aparelho circulatório das aves é basicamente con- stituído de sistema linfático e sistema sanguíneo. O sistema vascular das aves é formado por um coração de quatro câmaras, artérias, veias, capilares e sangue. O coração, que funciona como uma bomba, é constituído por dois ventrículos (di- reito e esquerdo) e duas aurículas, situadas em cima de cada um dos ventrículos. O sangue contendo CO2 retorna ao coração, transportado pelo sistema venoso. O coração então, bombeia o sangue sob pressão para os pulmões e faz com que atravesse os mesmos para que o CO2 dos glóbulos vermelhos seja trocado pelo O2. O sangue já oxigenado, retorna ao lado esquerdo do coração, onde a pressão é aumentada, para que possa chegar a todas as partes do corpo pelo sistema arterial. O sangue que chega às paredes intestinais recolhe os nutrientes recém digeridos e os transporta até o fígado. Para o sangue, quase a totalidade de suas células é composta de eritrócitos (glóbulos vermelhos) e leucócitos (glóbulos bran- cos). Os eritrócitos são responsáveis pelo transporte de CO2 para os pulmões e O2 para as células do corpo. Por outro lado, os leucócitos são responsáveis pela defesa do organismo contra infecções e doenças. Sistema nervoso: o sistema nervoso trata-se da rede elétrica do organ- ismo que coordena o funcionamento de todos os órgãos. Na galinha comercial, o sistema nervoso proporciona excelente visão e audição, mas pouca capacidade olfativa e gustativa. O sistema nervoso se divide em sistema nervoso central e neuro-vegetativo. O primeiro é constituído do cérebro e da medula espinhal, com todas as ramificações da rede nervosa. O sistema, neuro-vegetativo é represen- tado pelos vários nervos que conectam-se ao cérebro e a medula espinal, mas que agem involuntariamente. Estes nervos transmitem impulsos fundamentais ao funcionamento de órgãos, como: estômago, fígado, pâncreas, intestino, rins, tes- tículos, ovários, coração e várias glândulas. Unidade 4 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Sistema endócrino: o sistema endócrino é representado pelas glândulas, onde fazem parte a pituitária, o timo, a tireóide, as paratireóides, as suprarenais, os testículos e o ovário. Podemos também incluir as ilhotas de langerhans e a epífise. Entre as glândulas, grande destaque tem sido dado a pituitária, devido à função de secretar hormônios estimuladores da reprodução (FSH e LH). A fo- liculina (FSH) regula o crescimento e a ruptura do folículo que envolve o óvulo no ovário, tornado-se essencial a ovulação. De forma semelhante, o luteinizante (LH) estimula certos tecidos das gônadas de galos, que determinam o crescimen- to dos órgão sexuais acessórios e dos caracteres sexuais secundários (crista, barbelas e esporão). Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 Unidade 5 Instalações e Equipamentos s requisitos básicos na construção de galpões são a simplicidade, ex- ecução rápida, seguro e durável, baixo custo, que permita um mane- jo eficiente e o condicionamento térmico natural. Normalmente, os galpões podem receber diferentes focos construtivos, dependendo do grau de tec- nificação e do segmento de produção. Assim, galpões de aves de corte podem-se diferenciar dos empregados em aves de postura comerciais, como estes diferirão daqueles utilizados no segmento de ovos férteis. De modo geral, o que buscamos é o conforto da ave durante a criação. Ambiência A evolução nos programas de melhoramento genético de aves comerciais levou ao surgimento de linhagens mais produtivas. O grande desafio é dominar o dinamismo da genética, que tornou as aves muito mais exigentes, principalmente, sob os aspectos nutricional e ambiental, sendo necessário modernizar as práticas de manejo em instalações cada vez mais automatizadas, com ambiente contro- lado e maior número de aves por área. Fatores ambientais externos e o microclima dentro das instalações exer- cem efeitos diretos e indiretos sobre a produção das aves em todas as fases de produção, acarretando redução na produtividade, com consequentes prejuízos econômicos. Esse ramo, conhecido por ambiência, é definido como o conforto baseada no contexto ambiental, quando se analisa as características de meio ambiente em função da zona de conforto térmico, associado a características fi- siológicas que atuam na regulação da temperatura interna da ave. A ambiência também leva em conta o bem-estar dos animais, através da redução de fatores estressantes como densidade animal, conforto e ausência de poluição sonora e ambiental. As aves são animais homeotérmicos, portanto mantêm a temperatura corporal dentro de certos limites relativamente estreitos, mesmo que a tempera- tura ambiente flutue e que sua atividade varie intensamente. A troca de energia térmica da ave se dá por meio de calor sensível, através O UNIDADE V - Avicultura Instalações e Equipamentos 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 da condução, convecção e radiação. Radiação é a transferência de energia tér- mica de um corpo a outro, através de ondas eletromagnéticas. Condução é o me- canismo de transferência de energia térmica entre corpos e entre partes de um mesmo corpo. O animal ganha ou perde calor por condução através de contato direto com substâncias frias ou quentes, incluindo o ar, a água e materiais sóli- dos. Convecção é a perda de calor através de uma corrente de fluído (líquido ou gasoso), que absorve energia térmica em um dado local e que, então, se desloca para outro local, onde se mistura com porções mais frias do fluído e para elas transfere a energia. A ventilação favorece as perdas de calor entre as aves e o ambiente. Instalações Existem, atualmente, diferentes modelos de aviários de norte a sul do país. Encontramos aviários convencionais, semiautomatizados, automatizados e os climatizados. Dependendo da região e do grau de tecnificação, o custo de um aviário pode ser o dobro de um outro ou até mais. Aviários convencionais: são os mais antigos, de instalações simples, com cobertura de telha de barro ou fibrocimento, de equipamentos normais e baratos, geral- mente manejados pelos próprios proprietários. Apresenta- ram sucesso de produção e lucratividade em épocas an- terior, onde a avicultura não era tão competitiva, se bem manejado, ainda geram excelentes resultados. São usa- dos com êxito em zonas tropicais, como galpão aberto. As vantagens deste tipo de galpão é que requer menor capital e equipamento e ainda, a ventilação não depende da fonte de eletricidade. As desvantagens são a dificuldade de con- trolar a maturidade sexual do lote, roedores e fatores que possam propagar doenças. Aviários semiautomatizados: são modelos convencionais, mas com al- gum tipo de tecnologia,ou seja, painéis que controlam a ventilação, nebulização, bebedouro nipple e comedouros automático e até o sistema de aquecimento. Aviários automatizados: trata-se de instalações modernas, muitas delas com telhados isolantes, ventilação tipo túnel, equipamentos totalmente automáticos, controlados por painéis eletrônicos. Aviários climatizados: os aviários climatizados tratam-se de galpões de ambiente controlado, que são muito bons durante o período de recria, porque facilitam o controle da maturidade sexual. Todos os galpões devem ser construídos de modo que possam ser limpos e desinfetado de maneira fácil e completa. Milhares de aves comerciais já se encontram alojadas em instalações modernas nos mercados nacionais e interna- cionais, com as seguintes características: alta densidade de alojamento; neces- sidade de pouco espaço físico; redução do percentual de ovos não aproveitáveis; menor custo de mão de obra; menor desperdício de ração; maior controle dos fa- tores ambientais e maior competitividade no mercado. Porém, estas instalações exigem maior custo de implantação e grandes lotes de reposição e há dificuldade no manejo de dejetos, controle sanitário e adaptabilidade das aves. Os tipos de instalações avícolas para aves de corte, postura e matrizes Ambiente climatizado Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Unidade 5 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 modificaram-se muito nos últimos dez anos. Os antigos galpões avícolas, fecha- dos ou com muretas laterais de 0,60m ou mais de altura (própria de climas tem- perados), foram substituídos por instalações totalmente abertas e leves, pés direitos mais elevados, materiais de melhor comportamento térmico, etc. Simul- taneamente, a partir da metade da década de 90, o acondicionamento térmico ambiente por meio natural e artificial passaram a compor o projeto dos aviários, quando também se iniciaram os primeiros galpões ventilados com sistema de ven- tilação negativa em modo túnel. O padrão atual contempla dois tipos dominantes e semi-climatizados: a) aviários abertos, com sistema de ventilação positiva em modo túnel e lateral; b) abertos, com sistema de ventilação negativa em modo tú- nel. O resfriamento, geralmente, ocorre por via evaporativa com uso de materiais porosos ou nebulizadores. Principais características construtivas Localização: a escolha do local adequado para implantação do aviário visa otimizar os processos construtivos, de conforto térmico e sanitários. O local deve ser escolhido de tal modo que se aproveitem as vantagens da circulação natural do ar e se evite a insolação no interior da edificação. Orientação: os galpões devem ser construídos com o seu eixo longitudinal orientado no sentido leste-oeste. Nessa posição, nas horas mais quentes do dia, a sombra vai incidir embaixo da cobertura e a carga calorífica recebida pelo aviário será a menor possível. Disposição dos galpões: o afastamento entre galpões deve ser suficiente para que uns não atuem como barreira à ventilação natural de outros. Recomen- da-se afastamento de 10 vezes a altura da construção para os dois primeiros galpões e 20 a 25 vezes essa altura do segundo galpão em diante. Dimensões: existe uma tendência mundial de se construir galpões com 12 m de largura x 100 m de comprimento. Para a largura de 12 m, o pé-direito ideal é de cerca de 4 m, tendo em vista o acondicionamento natural desejável para climas quentes, principalmente, se associado à presença do lanternin. Não se recomenda construir galpões com mais de 200m de comprimento. Além disso, é aconselhado fazer divisórias internas ao longo do aviário para diminuir a competição e facilitar o manejo das aves. Aviário construído na orientação leste-oeste Unidade 5 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 O piso é importante para proteger o interior do aviário contra a entrada de umidade e facilitar o manejo. Este deve ser de material lavável, impermeável, não liso, com espessura de 6 a 8cm de concreto no traço 1:4:8 (cimento, areia e brita) ou 1:10 (cimento e cascalho), revestido com 2cm de espessura de argamassa 1:4 (cimento e areia). Pode ser construído em tijolo deitado, que apresenta boas condições de isolamento térmico. Deverá ter inclinação transversal de 2% do cen- tro para as extremidades do aviário para facilitar a lavagem do galpão. Beiral: tem função de sombrear o ambiente próximo ao galpão, principal- mente no período quente do dia, além de proteger o interior do galpão da água das chuvas. De maneira geral, recomendam-se beirais de 1,5 a 2,5m, de acordo com o pé-direito. Mureta: a altura da mureta de 20cm tem se mostrado satisfatória, pois permite a entrada de ar ao nível das aves e não evita a entrada de água da chuva e que a cama seja jogada para fora do aviário. Entre a mureta e o telhado deve ser colocado tela. A tela tem a finalidade de proteger a cortina e evitar a entrada de pássaros, que, além de trazerem enfermidades, poderão consumir ração das aves. A malha da tela deve ser de 2,5 cm, fio 16. Cortinas: as cortinas poderão ser de plástico especial trançado ou lona, confeccionadas em fibras diversas, porosas para permitirem a troca gasosa com o exterior, funcionando apenas como quebra-vento, sem capacidade de isola- mento térmico. Devem ser fixadas para possibilitar ventilação diferenciada para condição de inverno e verão. Para atender ambas situações, é ideal que seja fixada a dois terços da altura do pé direito e que seja aberta das extremidades para o ponto de fixação. Oitões: as paredes das extremidades do aviário, conhecidas como oitões, devem ser fechadas até o teto. Para climas quentes, que não possuem correntes de ventos provindas do sul, recomenda-se que os oitões sejam de tela como nas laterais e providos de cortinas. Os oitões devem ser protegidos do sol nascente e poente, pintando as paredes com cores claras, sombreando-os por meio de Detalhe do beiral Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Detalhe da mureta Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Unidade 5 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 Oitão de um aviário Fonte: Prof. Jordão Filho, J. vegetação, beirais ou sombrites. Dependendo da região, os oitões podem ser de madeira, telhas onduladas, fibra de vidro, lâminas de isopor ou alvenaria. Cobertura: esta parte tem tido grande importância por reduzir a carga tér- mica radiante do sol. Nas regiões tropicais, onde a intensidade de radiação é alta em quase todo o ano, recomenda-se escolher telhado de grande resistência tér- mica, como o sapé ou a telha cerâmica. Contudo, por comodidade e economia, é comum o emprego de telhas de cimento amianto, que é material de baixo conforto para as aves. O telhado pode ser de telhas de cimento amianto, que são de fácil colocação e necessitam de menor madeiramento, desde que recebam material para melhorar a sua eficiência térmica, como isolantes (forro), pinturas refletoras, aspersão. O forro atua como uma segunda barreira física, a qual permite a for- mação de uma camada de ar móvel junto à cobertura. Nas pinturas, buscamos a reflexividade solar da cor branca da parte superior e a preta, da parte interna do material de cobertura. Para regiões quentes, utilizar telhas com isolamento térmico, como o poliuretano, telhas cerâmicas ou telhas de fibrocimento, pintadas com tinta acrílica branca. No entanto, em termos de conforto térmico, a telha de cerâmica ainda é a maisindicada. Lanternim: é a abertura na parte superior do telhado. Permite a renovação contínua do ar pelo processo de termossifão, resultando em ambiente confortável. Este deve permitir abertura mínima de 10% da largura do aviário. O aviário ainda deverá ter portas nas extremidades para facilitar, ao avicul- tor, o fluxo interno e as práticas de manejo. Estas devem ter pedilúvio fixo, que ultrapasse a largura das portas em 40cm de cada lado, largura de 1m e profundi- dade de 5 a 10cm. Para facilitar o carregamento de aves, a carga nova e a des- carga de cama velha, é conveniente também a instalação de uma porta em cada extremidade do aviário, que permita a entrada de um veículo ou trator. Cobertura de telhas de cerâmica (barro) Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Unidade 5 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Cobertura de telhas de cerâmica (barro) Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Sistema de acondicionamento térmico artificial Vários são os tipos de sistemas de acondicionamento térmico artificiais, possíveis de uso em galpão avícola aberto. No entanto, para o emprego desses sistemas, é conveniente que a instalação atenda às recomendações do acondic- ionamento térmico natural, tais como aquelas relativas à localização, orientação, paisagismo circundante e aspectos arquitetônicos. Ventilação forçada: a ventilação forçada simples corresponde ao sistema mais comum de acondicionamento térmico artificial, utilizado na avicultura brasilei- ra. A ventilação mecânica ou forçada, além de ser independente das condições atmosféricas, apresenta as vantagens de possibilitar o tratamento do ar (filtração, umidificação, etc.) e sua melhor distribuição. Geralmente, existe dois tipos de ventilação forçada, o sistema de ventilação positiva e o negativo. Sistema de ventilação de pressão positiva ou diluidora – neste siste- ma, os ventiladores forçam o ar externo para dentro da instalação, com aumento de pressão do ar. O gradiente de pressão interno-externo, assim gerado, movi- menta por sua vez o ar interno para fora. É o sistema mais usado nas instalações avícolas. Sistema de ventilação positiva lateral: neste sistema os ventiladores usa- dos nos galpões avícolas abertos devem ser dispostos na lateral desses galpões, de forma a promover o fluxo do ar no sentido da largura do galpão, succionando o ar fresco do exterior, injetando-o para o interior e expulsando o ar viciado pelo lado posterior. Além deste, o sistema de ventilação positivo pode ser associado à nebulização. Sistema de ventilação positiva em modo túnel: quando se deseja um maior controle e uniformidade da ventilação positiva, pode-se usar a ventilação em modo túnel. A ventilação em túnel consiste em possibilitar a entrada de ar por uma das extremidades do galpão e sua exaustão pela extremidade oposta, es- tando as laterais do galpão totalmente fechadas. Em regiões extremamente quentes, a ventilação simples, natural ou ar- tificial, pode ser insuficiente para promover o arrefecimento de temperatura do ar. Quando isso ocorre, a temperatura interna das instalações costuma ser tão elevada que se torna necessário promover o pré-resfriamento do ar que entra no Unidade 5 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 Fonte: Manual de frango e corte AgRoss galpão. Uma das forma mais eficientes de resfriamento do ar que pode ser adot- ada em instalações abertas ou fechadas é o resfriamento adiabático evaporativo, o qual possibilita uma redução substancial da temperatura do ar, em media de 6 ºC nas condições brasileiras. O processo de resfriamento consiste em forçar a passagem do ar por material poroso umedecido por gotejador de água, utilizando para isto um ventilador. Com esse processo, o ar externo é resfriado antes de ser conduzido, por ventilação, ao interior do galpão. Sistema de ventilação positiva associado a nebulização: o sistema de nebulização consiste na formação de gotículas extremamente pequenas, que au- menta muito a superfície de uma gota dágua exposta ao ar, o que assegura evap- oração mais rápida. A nebulização, associada ao movimento do ar ocasionado pelo ventilador, acelera a evaporação e evita que a pulverização ocorra em um único lugar, molhando a cama. Ao passar do estado líquido para o gasoso, a água retira do ambiente aproximadamente 584 kcal para cada kg de água evaporada, dependendo da temperatura. Na prática, poderíamos reduzir em cerca de 6 ºC com 5 min de uso dos nebulizadores. Além deste, o sistema de ventilação positiva pode ser associado com nebulizadores em modo túnel. Sistema de ventilação de pressão negativa ou exaustora – este sistema força a saída do ar, criando um vácuo parcial na instalação. Por sua vez, a diferen- ça de pressão do ar, assim gerado entre o interior e o exterior do galpão, succiona o ar externo para o interior da instalação. Esse é o sistema de ventilação mais co- mum para incubatórios e/ou galpões climatizados. A principal forma de admissão são os galpões climatizados com uso de ventilação negativa. O galpão climatizado é um sistema totalmente automatizado, que se utiliza de ventilação negativa para geração de um túnel de vento. Em um dos processos de climatização, nas ex- tremidades laterais de uma das cabeceiras do galpão, são dispostas aberturas nas quais é instalado um sistema de placas evaporativas para resfriamento do ar que entra no alojamento. Na extremidade oposta devem ser colocados exaustores de todo o ar do galpão a cada min. Assim, com o sistema em funcionamento, o ar é succionado por uma das extremidades, percorre todo o galpão e sai através dos exaustores, na extremidade oposta. Unidade 5 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Equipamentos Os equipamentos necessários para o galpão de criação de aves constam, essencialmente, de comedouros, bebedouros, campânulas e círculos de pro- teção. Outros equipamentos e acessórios ao bom manejo são gaiolas e ninhos, debicador, bomba de pulverização, caixas para transporte dos frangos e trator com reboque ou camioneta para transporte de rações e outros serviços. É impor- tante lembrar que os equipamentos necessários à criação de poedeiras comer- ciais e à produção de pintos de um dia em fases de crescimento serão idênticos aos equipamentos requeridos na criação de frangos. No incubatório, serão ne- cessárias máquinas de incubação, câmaras de eclosão, incinerador e caixas para transporte dos pintinhos, além de outros equipamentos menores, como ovoscópio para exame de ovos, tanque de lavagem, carrinhos transportadores de ovos, eq- uipamento de limpeza e desinfecção. É necessário também uma ou mais camio- netas para entrega de pintinhos, equipadas com renovação de ar. Campânulas: existem vários tipos de campânulas, quanto à forma e fonte de energia. No Brasil, as mais econômicas são as aquecidas a gás, já que a ele- tricidade ainda é muito cara. As que usam carvão como fonte de calor devem ser evitadas, pois expelem gases (CO2) tóxicos aos pintinhos. As campânulas a gás são fabricadas, geralmente com capacidade para 500 pintos. Círculo de proteção: Os círculos de proteção circundarão cada campânu- la para evitar que os pintinhos escapem para fora da área aquecida e como pro- teção contra as correntes de ar. São, na verdade, uma parede divisória de 40 a 60cm de altura feita, normalmente, com fibra de madeira prensada (eucatex, duratex). Este círculo de proteção será desmontável e estará situado aaproxima- damente 60cm de distância da borda da campânula nos primeiros dias. Círculo de proteção em funcionamento Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Unidade 5 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 Comedouro tubular Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Comedouro au- tomático Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Tipo de comedouros: A principal função dos comedouros é o fornecimento de ração, além de facilitar o consumo e diminuir ou evitar o desperdício. Existem vários tipos de com- edouros, considerando a idade da ave, seu funcionamento e o grau de tecnologia empregado. Para pintinhos, usa-se, geralmente, o comedouro de bandeja. Para frangos, após as primeiras duas semanas dispomos de comedouros tubulares e automáticos. Comedouro tipo bandeja: utilizados para fornecer alimento a aves jovens (pintinhos), são recipientes rasos, de madeira ou zinco, nas dimensões de 50 x 65cm e com uma borda com 1cm de altura. Uma bandeja é suficiente para cada 100 pintos nos primeiros dias de vida. Neste tipo de comedouro, usado nos 10 primeiros dias, é necessário peneirar a ração diariamente, pois os pintos defecam sobre ela. Comedouro tubular: também chamado de semi-automático, são consti- tuídos por um prato e um depósito de ração na forma de cone ou cilíndro. Este depósito, normalmente, pode armazenar ração suficiente para dois dias, já que a ração desce sob pressão e mantém o prato do com- edouro sempre cheio. Um comedouro com 1,20m de circunferência é o suficiente para 20 a 30 fran- gos desde o 11º dia de idade até o abate. De prefer- ência, distribuí-los em fileiras com equidistância de dois metros um do outro, alternado por bebedouro. O principal ponto para ajustar o nível de ração no prato é o volume de ração que colocamos no tubo. Como regra geral para manejo de comedouros, na primeira semana os pratos devem estar com 80 a 90% de sua capacidade, reduzindo de modo que, na última semana tenhamos um mínimo de ração no prato, suficiente para manter o consumo sem desperdício. Comedouro automático ou mecânico: existe em duas formas básicas, uma de corrente aberta dentro de comedouros lineares e outra de tubos, que transportam a ração para comedouros tubulares. O comedouro mecânico de corrente consta de um depósito de ração central e de um motor que aciona uma corrente com elos transportadores, que conduzem a ração através do comedouro linear em circuito fechado por dentro de todo o galpão. Já o comedouro automático tubular conduz a ração por correntes transportadoras den- tro de tubos aéreos que desembocam diretamente no depósito dos comedouros tubulares, estrategica- mente dispostos dentro do galpão. Ao decidirmos se vamos instalar comedouros mecânicos automáticos ou comedouros tubulares, devemos sempre anal- isar o custo inicial de cada um dos sistemas e com- parar com a economia da mão-de-obra no caso dos automáticos. Quanto à altura dos comedouros, temos que nos preocupar, pois antigamente trabalhávamos com pratos na altura do dorso das aves e, atualmente Unidade 5 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 se sabe que quanto mais alto o comedouro, maior a tendência de aumento na conversão alimentar e menor o ganho de peso. Recomenda-se colocar os com- edouros à altura imediatamente abaixo do papo das aves. Comedouros tipo helicoidal (rosca flexível): este comedouro possui bandejas semelhantes aos comedouros tubulares, as quais são abastecidas au- tomaticamente, através de espiral que, por meio de um tubo, conduz a ração diretamente às bandejas. Capacidade de 20 a 30 aves. Tipo de bebedouros: Os bebedouros são equipamentos que merecem receber a maior atenção, já que a composição do peso corporal das aves é fundamentalmente água (85% nos primeiros dias). Além disso, a água pode determinar o maior ou menor consu- mo de alimento. Essencialmente, existem três tipos de bebedouros encontrados no mercado: bebedouro infantil (de pintinhos), bebedouro pendular e nipple. Bebedouro copo pressão: os bebedouros para pintinhos nas duas primeiras semanas de vida são em geral do tipo “copo pressão”, com prato e copo invertido. A capacidade de armazenamento de água deste bebedouro de 3 a 4 litros, suficiente para 100 pintos. Esse tipo de bebedouro tem sido pouco usa- do em escala industrial, mais ainda, são úteis em pequenas propriedades. Bebedouro pendular: tem sido um dos mais utilizados na prática. O manejo dos bebedouros pendulares envolve pelo me- nos três pontos fundamentais: nível de água, altura e número de vezes que a água deve ser trocada e o bebedouro lavado. Nos primeiros dias de vida dos pintos, devemos regular o nível de água para que atinja pelo menos 50% da capacidade para facili- tar o consumo de água. A regulagem da altura, no início, deve ser o suficiente para não se encostar ao chão e, à medida que a ave vai crescendo este ajuste é fundamental em função do modo com que a ave ingere água, ou seja, recolhe determinada quantidade no bico, levanta a cabeça e a água desce, fazendo a ingestão. Desta forma, quanto mais baixo o bebedouro, maior a dificuldade para ingestão, maior o desperdício, umidade de cama e maior tempo junto ao bebedouro para beber. A maior vantagem deste tipo de bebedouro é o volume de água que pode oferecer; e a desvantagem pode ser a possibilidade de contaminação da água, além da necessidade de limpeza diária. Bebedouro copo pressão Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Bebedouro pendular Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Unidade 5 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 Bebedouro nipple Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Bebedouro nipple: bebedouro que vem, atualmente, conquistando espa- ço no mercado. A vantagem deste bebedouro é uma maior economia de água, redução de mão de obra, qualidade de água e melhor saúde das aves, conse- quentemente. Recomenda-se de 12 a 15 aves/nipple. No manejo deste bebedou- ro, três pontos são relevantes: limpeza, altura e pressão. A limpeza do bebedouro deve ser feita semanalmente, ou com maior frequência se a água for de baixa qualidade; quanto à altura do bebedouro, precisamos fazer o melhor possível em termos de regulagem para que as aves possam satisfazer-se da melhor maneira possível; já a pressão do bebedouro nipple expõe vazões diferentes. Acredita-se que no uso de bebedouros nipples com vazão superior a 100 cm3/min, se faz ne- cessário o parador para evitar umidade de cama. Bebedouro Sparkcup: segundo Cony & Zocche (2004), vem sendo usado na Europa um bebedouro que seria uma fusão do bebedouro nipple com o pendu- lar. Entre as vantagens podemos encontrar: cama seca, redução do desperdício de água, bom volume de água, capacidade para abastecer cerca de 35 frangos. Gaiolas de postura: as gaiolas de arame galvanizado medindo (25x45x- 40cm) com capacidade para abrigar duas poedeiras, podendo alojar apenas uma galinha, considerando melhor área de espaço. Geralmente, quatro compartimen- tos formando um conjunto de um metro linear de gaiola. As gaiolas devem permitir que o ovo, recém posto, role naturalmente até a borda, facilitando o recolhimento do mesmo. O bebedouro, geralmente “nipple”, estará sempre localizado de lado oposto ao comedouro para evitar que a água respingue sobre a ração. O com- edouro estará mais acima e poderá ser de madeira ou metal, com bordos nas beiras para evitar desperdício de ração. Tipo de ninhos: Ninhos convencionais: foramos primeiros a serem usados na avicultura industrial e ainda hoje são muito utilizados. Permitem bons desempenhos das aves e, como vantagem, apresenta baixo custo de implantação e versatilidade da produção. Ou seja, pode-se agregar maior número de ninhos em aviários com lotação de aves. Como desvantagem, os ninhos convencionais requer 30 a 40% a mais de mão de obra por dúzia de ovos coletado em relação aos ninhos au- tomáticos, além de necessitar de reposição rotineira da cama. Nos ninhos conven- Unidade 5 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 cionais, pode-se observar características peculiares como dificuldade de limpeza e desinfecção, maio- res riscos sanitários, bem como possui problema de coluna que aflige tratadores, devido à postura nas coleta dos ovos. Ninhos automáticos: seu uso depende de fa- tores, tais como mão de obra, facilidade de manejo e biossegurança. Os tipos de ninhos mecânicos atualmente disponíveis no mercado são: ninhos de abertura individual com correia de coleta lateral; nin- hos de abertura individual com correia de coleta central; e ninhos comunitários. Os ninhos automáticos coletivos apresentam-se basicamente em metal ou madeira com forro de plástico, com 2,4m de comprimento e 60cm de largura. As unidades possuem abertura dos dois lados, que não são individualizados. As correias de coleta são centrais ou laterais. As vantagens deste tipo de ninho são: automa- tização da coleta de ovos, redução da mão de obra e menor risco de problemas sanitários. Por outro lado, os ninhos automatizados apresentam a desvantagem do maior custo de implantação, da necessidade do controle térmico do aviário, devido ao aumento da temperatura de alojamento, manutenção complicada, além da limpeza e desinfecção cuidadosa. Geralmente, são utilizadas cerca de quatro galinhas para cada boca de ninho. Debicador: existem debicadores que cortam e, ao mesmo, tempo cauter- izam o corte por meio da lamina quente. Esta lamina cortante e cauterizante é aquecida por um sistema elétrico. De preço razoável, um debicador é fundamen- tal à prática da debicagem e é necessário nas granjas de postura e produção de ovos férteis, por evitar o canibalismo e a seleção da partícula de ração. Caixa de transporte: as caixas para transporte das aves da granja ao abatedouro ou outros manejos dentro da granja são fundamentais. Por medida de higiene, possuem um jogo de caixas em cada granja. Estas caixas serão prefer- encialmente de plástico, com um alçapão na parte superior, por onde passam as aves. Bomba de pulverização: uma pequena bomba de pulverização movida a gasolina, óleo diesel ou mesmo eletricidade será de grande utilidade nos trabalhos de limpeza e desinfecção dos galpões. Ligada à bomba, teremos uma mangueira Ninhos convencionais Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Ninhos convencio- nais Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Unidade 5 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 de bom comprimento que termine num pico pulverizador capaz de produzir jatos direcionais de grande pressão, para limpeza inicial e finas pulverizações em forma de “spray”, para desinfecção do ambiente e paredes do galpão. Criação com equipamentos definitivos: em criações de frangos de corte, em que se utilizam equipamentos modernos, não são necessários círculos de proteção, pois os pintinhos são contidos nas extremidades do galpão. Os equipa- mentos utilizados são definitivos, usados do primeiro dia até a saída do lote. Es- tes são: aquecedor infravermelho com capacidade para 1.000 a 2.500 pintinhos; bebedouro nipple e comedouro automático tipo helicoidal. Unidade 5 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 Unidade 6 Manejo da Criação de Frangos de Corte criação de frangos de corte tem sido uma indústria de maior desen- volvimento nos últimos anos. Esse avanço é obtido graças a esforços conjuntos da engenharia genética, nutrição, manejo, sanidade e am- biência. Atualmente a avicultura constitui o setor zootécnico mais democrata, por oferecer proteína animal de alta qualidade a preços acessíveis a população po- bre. Entretanto, para que a atividade seja lucrativa, é necessária uma série de cuidados e conhecimento básicos por parte do interessado no setor. A localização correta da granja, a qualidade dos pintos adquiridos, a acomodação do lote em in- stalações apropriadas, o bom arraçoamento e os cuidados essenciais de manejo, são alguns dos fatores indispensáveis neste tipo de criação. O manejo pode ser conceituado como o conjunto de ações praticadas com o objetivo de proporcionar conforto às aves, de maneira que elas possam ter o melhor desempenho possível. Atividades como recepção das aves, número de comedouros e bebedouros, controle da temperatura, plano de alimentação, pro- grama de vacinação, apanhas das aves, dentre outras, dizem respeito ao manejo. Preparo das instalações antes da chegada dos pintos O trabalho com os pintos começa antes mesmo de sua chegada, no prep- aro das instalações, um processo conhecido tecnicamente de “vazio sanitário” que dura cerca de 14 dias. Procedimento: (1) lavar, desinfetar e deixar secar ao sol, todos os comedouros bebedouros e campânulas; (2) retirar toda a cama velha e transportá-la no mesmo momento para local distante no mínimo 5 km da granja; (3) varrer todo o galpão, considerando teto, paredes e piso; (4) lavar com água e sabão e raspar as crostas de sujeira do teto, paredes e piso; (5) pulverizar todos os recintos do galpão, dentro e fora com desinfetantes à base de amônia quater- nária, iodo ou cloro; (6) deixar secar e descansar o galpão por cerca de 14 dias; (7) colocar cama nova 3 dias antes da chegada do pintos; (8) encher os pedilúvios e rodilúvio e mantê-los sempre cheios com solução nova e ativa. A UNIDADE VI - Avicultura Manejo da Criação de Frangos de Corte 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Chegada dos pintos Na chegado dos animais todas as condições ambientais devem esta pron- ta; os círculos de proteção devem estar devidamente instalados, ou seja, com campânulas na capacidade suficiente para atender a lotação, com a cama e com- edouros tipo bandeja, devido o tamanho da ave e bebedouros tipo infantil, para ajudar os pintinhos a tomarem água em virtude do tamanho da borda dos comedouros. É imprescindível que os pintinhos be- bam e comam o mais rápido possível. A gema do ovo, absorvida pelo pintinho no último dia antes da eclosão, permite que ele resista até 48 horas sem comer ou beber. Porém, os estudos alertam que a demora na alimentação de pintos em início de vida é proporcional ao peso final de abate. Quando mais cedo o pintinho comer e beber mais pesado terá este animal no tempo de abate. Eis porque é importante que o meio de transporte empregado entre o incubatório e a granja seja o mais rápido e eficiente possível. As 2,5 gramas de ganho de peso por frango ao dia só serão possível se o avicultor tiver essa preocupação. Limpeza e desinfecção do galpão Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Descanso do galpão por duas semanas Fonte: Prof. Jordão Filho, J.Exposição de equipamentos ao sol Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Veiculo que transporta os pintinhos Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Quadro 6.1- Zona de conforto térmico 1a e 2a semanas: os pintinhos tem o aparelho termoregulador em desenvolvimento, portanto, necessita de temperatura constante de 32 a 35ºC. 3a semana: exige faixa de 26 a 30ºC . 4a semana: necessita de 23 a 26ºC. 5a a 7a semana: são requeridos cerca de 20ºC. Unidade 6 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 Termômetro Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Círculo de proteção Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Material do círculo: No círculo de proteção tem-se utilizado folhas de eucatex (mais usado), duratex, compensado, folhas metálica e até papelão. O círculo tem aproximada- mente 3m de diâmetro e o objetivo de evitar que animais de afastem da fonte de calor, facilidade de manejo e barreira protetora contra as correntes de ar e prox- imidade da água e ração. Estudos tem demonstrados que a reutilização da cama coloca o novo lote em desafio microbiano, de modo que, perda de peso, de con- versão alimentar e aumento da taxa de mortalidade são evidentes. A cama do aviário, como o próprio nome sugestivo, constitui o item de con- forte da ave com o chão. Por isso que o material a ser utilizado na cama deve ser o mais confortável e de maior capacidade possível de absorver a umidade, evitando o empastamento. As principais matérias-primas são: sabugo de milho triturado (0,5 a 1 cm), cepilha de madeira ou maravalha (mais usado), capim tritu- rado, casca de arroz e bagaço de cana de açúcar, devendo evitar a casca de café e casca de amendoim por poderem provocar aspergilose. No geral, o material utilizado deve ser disponível na região, de baixo custo, ser absorvente, ser macio e apresenta bom conforte térmico. Como observação é recomendável que a cama nunca seja reutilizada. Contribuição Cientifica As aves em crescimento, quando submetidos a alojamento em cama reciclada apresentam piora no desempenho e aumento da mortalidade do que aquelas aves criadas em cama nova, devido o desafio microbiano, proporcionado pelo ambiente sujo. Este achado corrobora com estudos clássicos de que o ambiente limpo minimiza o uso de substâncias antimicrobianas. Adaptado de Silva et al. 2006 A campânula normalmente usada tem capacidade para 500 pintinhos, po- dendo ser utilizada o equipamento a gás, caso falte energia. Entretanto, o avicul- tor pode dispor de campânula também elétrica e a lenha, além de aquecedores de infravermelho. É importante usado comedouro e bebedouro específico para o tamanho dos pintos e lembrar de pendurar um termômetro para verificar a tem- peratura, ajustando a alta da campânula e/ou cortinas para manter a temperatura ideal de alojamento. A principal forma de ajustar a temperatura ideal para as aves é através de seu comportamento (Figura 6.2), como podemos observar abaixo. É importante lembrar que para os devidos ajustes, devemos ter em mãos o auxílio de termômet- ros digitais, de preferência. Unidade 6 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Figura 6.1- Comportamento de pintinhos em relação à temperatura do ambiente. Analisando as quatro situações, podemos interferir do seguinte modo: na situação a) poderíamos baixar a campânula, verificar corrente de ar que justifique o frio, através da observação da montagem da cortina ou aumentar o número de campânulas; na situação b) podemos levantar as campânulas, reduzir seu núme- ro ou até mesmo abrir pontos estratégicos na cortina; a situação c) nos obriga a fecha bem algum buraco que possa existir na cortina que eventualmente, esteja contribuindo para a corrente de ar frente ao círculo de proteção; por ouro lado, a situação d) nos informa a eficiência dos trabalhos e manutenção da condição térmica requerida pelas aves neste período. Unidade 6 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 Contribuição Cientifica O amadurecimento enzimático do sistema digestivo de pintos ocorre com o avanço da idade, observando aumento da atividade de tripsina, principalmente, o que repercute em maior ganho de peso, justificando o suso de dieta pré-inicial rica em PB. Adaptado de Sklan & Noy (2003) Manejo na chegada dos pintinhos A maior parte do sucesso da avicultura esta no material genético dos ani- mais, de modo que, antes de adquirir os pintinhos observar sua procedência, se são de incubatório idôneo. No mais, os pintinhos devem ser ativos e apresentar olhos brilhantes, umbigos bem cicatrizados, tamanhos e cor uniformes. Para que o sucesso nas primeiras semanas de vida dos pintinhos seja ple- no é fundamental o conhecimento de eventos fisiológicos, tais como o desenvolvi- mento do processo de termorregulação e a absorção de saco vitelino. As aves são animais homeotérmicos, significando que seu organismo é mantido a uma tem- peratura relativamente constante ao redor de 39 a 41oC. A temperatura corporal dos pintos de um dia é inferior à da ave adulta, onde atinge simiaridade após os 21 dias de idade. Como nessa fase a termorregulação está em desenvolvimento, os pintinhos são sensíveis a alterações na temperatura corporal, isso explica por que devemos ter o máximo cuidado com o aquecimento das aves nesta fase. Outro ponto importante é o absorção do saco vitelino que proporciona condições fisiológicas fundamentais na prevenção de enfermidades. A principal função do saco vitelino é a de ser a primeira fonte de nutriente para a ave, proporcionando os elementos necessários para o desenvolvimento da mucosa, no entanto, o tempo entre a eclosão e o início do consumo de ração interfere no desenvolvimento de órgão, estimulando secreções enzimáticas do pâncreas, crescimento de vilos e motilidade intestinais, sistema de transporte de nutrientes e secreção biliar. Com isso, as antecipações no fornecimento de alimentos geram maiores ganhos fisi- ológicos quanto a maturação dos enterócitos e, consequentemente, menor tempo de abate, devido o maio peso corporal. Ao chegar os pintinhos devem ser pesados e contados e, em seguida colo- cados no circulo de proteção, de preferência, molhando-se o bico dos animais para indicar o local da água. Podemos acrescentar 5% de açúcar à água para equilibrar as necessidades de energia e/ou adicionar uma dosagem de vitamina para com- bater o estresse causado no transporte. O início da bioseguridade começa com o sistema “tudo dentro tudo fora”, isto é, desde o primeiro dia até o abate no mesmo local, para evitar doenças e tensões que sempre se verificam nas mudanças. As caixas a qual os animais foram transportados devem ser queimadas, caso seja de papelão, para evitar propagação de alguma doença. À proporção que os dias vão passando e os pintinhos adquirindo maior peso, é necessário aumentar o espaço a eles oferecido e também o número de comedouros e bebedouros. Uma prática que facilita bastante o manejo é colocar em cada círculo um bebedouro pendular e um comedouro tubular, o que tem tam- bém como vantagem acostumar os pintinhos a este tipo de equipamento, evitando o estresse. Unidade 6 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 A abertura do círculo de proteção é feita gradativamente, a partir do 5º dia, podendo ele ser aberto diariamente. Os círculosdevem ser retirados aproximada- mente na segunda semana. Deve-se observar o comportamento dos pintinhos no interior do círculo e corrigir eventuais falhas no manejo. Quando os pintinhos estão amontoados no centro abaixo da campânula, é sinal de frio; deve-se então abaixar aa campânula. Se eles estiverem bem espalhados nas extremidades do círculo, o mais longe possível da fonte de calor, é sinal de excesso de temperatura. Se as aves apre- sentarem asas e pescoços estendidos ou bicos abertos, não ligue as campânulas, abra um pouco as cortinas para melhorar a ventilação. Em situação normal de conforto térmico, os pintinhos ficam distribuídos uniformemente em toda a área do círculo de proteção. Regulagem dos equipamentos A altura dos bebedouros deve ser diariamente chegada e ajustada de ma- neira que a sua borda esteja ao nível dos olhos dos frangos, por outro lado, os comedouros devem ser ajustados o nível do dorso dos animais. O nível de água nos bebedouros deve ser regulado para prevenir seu derramamento e conse- quentemente umedecimento da cama. Caso isso aconteça é necessário retira a parte da cama molhada e substituir por material seca usado como cama. Já, os comedouros devem ter até um terço da altura da borda cheia de ração para evitar desperdício. Penerar a ração para retirar restos de cama Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Regulagem do comedouros para frangos Unidade 6 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 Pintos se alimentando Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Adaptado de Silva et al. (2007) No momento da chegada dos pintos, as cortinas devem estar em perfeito funcionamento. O manejo é determinado conforme a temperatura ambiente, umi- dade e, principalmente, de acordo com a idade das aves. Recomenda-se deixá- las levantadas, ou seja, fechadas, nos primeiros dias de vida, para manter a tem- peratura, baixando-as nos dias mais quentes. Nunca baixá-las de uma só vez, para evitar mudanças bruscas de temperatura e a excessiva incidência de sol no interior do galpão. Em regiões quentes, como a nossa é comum utilizar ventiladores para es- fria o ambiente e trocar o ar quente e os gases. Manejo dos frangos em crescimento Nesta fase passaremos a utilizar comedouro tipo tubular com proporção de 1 para 30 aves e bebedouros pendular na proporção de 1 para 80, apropriado para o tamanho dos frangos, ou então usaremos comedou- ros automáticos e bebedouros semi-automático para otimizar os trabalhos de manejo. Programa de alimentação – do ponto de vista econômico a alimentação de frangos de corte é con- siderado o gargalho da atividade. De modo geral, a alimentação de aves representa cerca de 70% dos custos de produção. Como na criação de aves, o lucro é a soma de centavos, a eficiência das fórmulas das rações deve ser otimizada. Normalmente, formulam- se rações para três ou quatro fases de vida do frango de corte. Atualmente, existem empresas trabalhan- do com rações semanais, sendo esta a forma mais econômica de alimentação de frangos, devido às diferenças nutricionais da espé- cie estimado pela curva de crescimento. Estudos vem sendo recomendados pro- gramas de alimentação com o máximo de fracionamento de rações para atender melhor, as especificações nutricionais das aves. Quadro 6.2- Programa de alimentação Duas rações: recomendado de 1 a 21 dias e de 22 até o abate. Três rações: sugerido de 1 a 21, 22 a 35 e 36 dias até o abate dos frangos. Quatro rações: recomendado de 1 a 14, 15 a 21, 22 a 35 e 36 dias até o abate dos frangos. Cinco rações: indicado de 1 a 7 dias, 8 a 14, 15 a 21, 22 a 35 dias e 36 até o abate. Programas de alimentação para frangos de 1 a 21 dias, adotando uma dieta pré-inicial (1 a 7 dias) proporciona melhora no desempenho das aves, em virtude do melhor aproveitamento dos nutrientes da dieta. Densidade de alojamento – a disponibilidade de área/frango dependerá da idade de abate, do clima e do tipo de alojamento. Normalmente usa-se uma densidade de 12 a 14 aves/m2; de modo geral, a densidade tem influência sobre o produto final em termos de uniformidade, desempenho e qualidade. Unidade 6 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Manejo sanitário – a grande densidade e às exigências do frango de corte numa criação intensiva, exigem cuidados redobrados. Deve-se evitar o trânsito de pessoas, animais ou veículos nas proximidades do galpão; para isso o avicul- tor usar de pedilúvio e rodilúvel. Quando necessário os visitantes deverão usar roupas e calçados da empresa, por garantir a desinfecção. Além disso, os frangos criados num mesmo galpão, devem ter a mesma idade. O fator, talvez mais im- portante em controle sanitário é o cumprimento rigoroso do programa de vacina- ção indicado pela Manual da Linhagem, sabendo que em avicultura não tratamos animais doentes, mas prevenimos por meio de vacina e processo de higienização rigoroso. Destino das aves mortas – recomenda-se remover rotineiramente do aviário as aves descartadas ou mortas, a fim de evitar a multiplicação de micror- ganismos patogênicos e a possível transmissão de doenças às aves saudáveis. Recomenda-se depositar os corpos das aves em fossas de putrefação, salientan- do que em hipótese alguma as mesmas deva ser depositas em lugares abertos ou próximo de fonte de água. Deposição de aves descartadas em fossa de putrefação Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Manejo da saída do lote Cerca de 8 horas antes da saída do lote, deve-se retirar a ração e tomar o máximo cuidado na apanha e no transporte dos animais ao abatedouro. A água só deve ser retirada no momento da apanha. A apanha constitui a fase de maior estresse dos frangos. Se mal feita, podem apresentar descarte da carcaça por contusões, arranhões, hematomas e outras injúrias; comedouros e bebedouros devem ser retirados ou levantados e, divisões devem ser feitas para facilitar a captura. Outras duas práticas são pertinentes, a redução da luminosidade no aviário e claro, a apanha realizada na madrugada. A apanha pode ser feita de forma mecanizado ou manual pela asa, dorso ou pescoço. É recomendado que as aves sejam seguras pelo pescoço ou, uma a uma, pelas costas e gentilmente acondicionadas nas caixas, usando uma técnica de duas mãos simultaneamente. Nunca apanhe os frangos pelas asas e evitar pelos pés e, claro, as caixas não podem ser demasiadamente cheias. Unidade 6 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 Apanha manual feita pelo pernas dos frangos Apanha manual pelo dorso dos frangosApanha mecanizada de frangos Transporte – a perda de peso do frango no transporte esta diretamente relacionada ao tempo de viagem, às condições climáticas, ao tempo de espera na plataforma e ao horário do transporte. Em condições normais, o frango com 2 hs de viagem e 2 hs na plataforma perde, em torno de 4% de seu peso vivo, em temperatura ambiente. Avaliação do desempenho do lote – o acompanhamento do desempenho produtivo do lote permite ao avicultor quantificar a eficiência das técnicas utiliza- das. Recomenda-se avaliar o consumo de ração, ganho de peso, conversão ali- mentar, viabilidade, mortalidade e índice de eficiência produtiva. As fichas de registro contém índices e fórmulas que servem para analisar a situação produtiva e econômica de uma granja. Devemos levar em consideração a taxa de mortalidade, a conversão alimentar, a despesa total, receita total de custos e lucros.É preciso ter uma contabilidade, a fim de traçar gráficos de produção, analisá-los e fazer um balanço geral da performance econômica da atividade. Ve- jamos as seguintes fórmulas: consumo de ração; ganho de peso; taxa de mor- talidade; conversão alimentar; e fator de eficiência produtiva (FEP): índice muito utilizado em integrações avícolas como meio de avaliar a remuneração de um integrado, podendo dar uma idéia mais precisa de eficiência produtiva. Considerações finais Na criação de frangos de corte, os resultados dos lucros são somas de pequenos esforços, de maneira que qualquer erro no manejo pode colocar em risco a rentabilidade final da criação. A alimentação representa cerca de 70% nos custo de produção de frangos de corte, por isso, métodos que possam reduzir o preço da ração são fundamentais. Unidade 6 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 Unidade 7 Abate de Frangos e Processamento de Carne ara produzir carne de aves com qualidade, é preciso efetuar, de forma eficiente e higiênica uma série de tarefas específicas. Antes dos frangos serem processados, precisam ser submetidos aos devidos manejos de abate e conservação da carcaça no abatedouro. Um abatedouro moderno é compreendido como um conjunto de instalações dotadas de equipamentos de avançada tecnologia. O processamento pode ser manual, automático ou semi- automático. Em suma, o processamento de aves é dividido em área suja: compreendido pela re- cepção, pendura, atordoamento, sangria, escaldagem e depenagem; e área limpa: composto pela evisceração, inspeção, lavagem, pré-resfriamento e resfriamento, gotejamento, embalagem, con- gelamento e expedição. Estresse versus qualidade da carne: Apesar do sucesso da avicultura brasileira no cenário mundial, a industrial avícola necessita dedicar especial atenção ao manejo das aves durante o crescimento, coleta nas granjas, transporte e na recepção do abatedouro, pois, os cuidados das aves no pré-abate influencia na qualidade do produto final. Durante a apanha e o transporte da granja ao frigorífico as aves são submetidas a diversos formas de estresse: estresse motor, emocional, alimentar e térmico (Ludtke et al, 2006). O estresse provocado pela apanha, como visto, pode causar condenações de carcaças. O estresse motor é provocado pela movimentação e vibração do veiculo de transporte, enquanto o emocional reflete o medo causado pela situação desconhecida. O estresse alimentar é provocado desde a granja quando as aves são submetidas ao jejum, a partir do momento da apanha até o abate. Embora a privação de alimento seja fundamental para redução da contaminação fecal, na etapa de evisceração, o jejum total considerando a retirada do alimento (6 horas) nas granjas, a apanha e transporte (3 horas) e espera na plataforma do abat- edouro (1 hora), não deve ultrapassar as 10 horas de jejum. Estresse térmico provocado por ação da temperatura ambiente, durante o manejo pré-abate, também afeta a qualidade da carne. Segundo Ludtke et al. (2006), em situação de estresse térmico a temperatura corporal pode aumentar e consequentemente, acelerar a velocidade de glicólise post mortem e antecipar a queda do pH, podendo promover desnaturação protéica e carne com carac- P UNIDADE VII - Avicultura Abate de Frangos e Processamento de Carne 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 terísticas mais pálidas. Por outro lado, temperatura muito abaixo, desencadeia mecanismos de produção de calor e diminuição da reserva de glicogênio. O gasto do glicogênio muscular impede a formação de ácido lático no post mortem, inibindo a queda do pH, condição esta, que pode resultar em carnes com coloração escura e seca. Plataforma de espera: Quando o caminhão carregado de aves chega ao pátio do abatedouro, ele sempre espera algum tempo até a sua vez de ser descarregado. A espera se faz numa instalação tipo hangar, dotada de possantes ventiladores de teto, que garantem a circulação de ar. As aves são retiradas dos caixas e/ou engradados, individual e manualmente, e penduradas pelos pés nos ganchos da linha móvel de abate, chamada de nória. Atordoamento: O atordoamento tem sido justificado pelo fato dele permitir um tratamento menos cruel às aves. Contribui também para reduzir a ocorrência de fraturas, pois a ave fica imobilizada. Nestas condições, maior quantidade de sangue deixa os vasos, melhorando a qualidade da carcaça. O choque elétrico, aplicado por cerca de sete segundos, deve apenas causar uma insensibilização momentânea. Ao mesmo tempo, ele causa uma elevação da pressão arterial, que facilita a perda de sangue. Ocorre também uma vasoconstrição periférica, que evita hemorragias subcutâneas, capazes de depreciarem a qualidade da carcaça. A voltagem pode se situar entre 50 a 80V. Níveis maiores podem provocar fortes contrações mus- culares, com conseguentes fraturas nas asas. O tempo entre o atordoamento e a sangria gira em torno de 15 segundos. O abate pode ser realizado sem prévio atordoamento, quando é destinado a alguns paises que exigem que ele seja feito se- gundo seus preceitos religiosos. Pendura e atordoamento na linha de abate Plataforma de espera de frangos em abatedouro Unidade 7 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 Sangria em abatedouro simples Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Sangria: Na sangria, a ave pode ser sangrada, manual ou mecanicamente. O corte lateral deve evitar atingir a traquéia, o esôfago e os ossos do pescoço. Ela pode ser feita automaticamente nos abatedouros mais modernos. Neste caso, o pescoço da ave é conduzido para uma lâmina circular rotativa, que realiza o corte sob a mandíbula, atingindo jugulares e carótidas. O tempo de goteja- mento do sangue pode ser de 90 segundos, mas na prática dura cerca de três min. Escaldagem e depena: A temperatura da água de escalda depende de como a carcaça será comercializada: res- friada ou congelada. Se resfriada, conta muito a aparência da ave, examinada pelo consumidor no momento da aquisição. É por meio desse exame que ele vai tomar a decisão de comprar ou não aquele produto, de modo que, a pele deve se apresentar íntegra e com boa pigmentação amarelada. Isso só pode ser obtido se a temperatura da água usada na escalda for adequada, em torno de 50°C. Nessa temperatura, os pigmentos não são arrastados, nem a textura da pele se rompe. Nesta temperatura, os dedos de borracha das depenadeiras não causam destruição da pele, deixando-a inteira. Mas o processo de depena é mais lento e, portanto, mais oneroso. Se o destino da carcaça for o congelamento, a maneira de apresentar o produto impede o seu exame por parte do consumi- dor. Neste caso, os abatedouros podem usar temperatura de 60°C na água da escaldagem. Ela torna mais fácil a retirada das penas, aumentando o rendimento das aves processadas/hora, mas a pele pode sofrer dilacerações e despigmentação. As penas recolhidas devem ser destinadas a fabricação de farinhas de penas. Evisceração e inspeção: A temperatura da água de escalda depende de como a carcaça será comercializada: res- friada ou congelada. Se resfriada, conta muito a aparência da ave, examinada pelo consumidor no momento da aquisição. É por meio desse exame que ele vai tomar a decisãode comprar ou não aquele produto, de modo que, a pele deve se apresentar íntegra e com boa pigmentação amarelada. Isso só pode ser obtido se a temperatura da água usada na escalda for adequada, em torno de 50°C. Nessa temperatura, os pigmentos não são arrastados, nem a textura da pele se rompe. Nesta temperatura, os dedos de borracha das depenadeiras não causam destruição da pele, deixando-a inteira. Mas o processo de depena é mais lento e, portanto, mais oneroso. Se o destino da carcaça for o congelamento, a maneira de apresentar o produto impede o seu exame por parte do consumi- Unidade 7 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 dor. Neste caso, os abatedouros podem usar temperatura de 60°C na água da escaldagem. Ela torna mais fácil a retirada das penas, aumentando o rendimento das aves processadas/hora, mas a pele pode sofrer dilacerações e despigmentação. As penas recolhidas devem ser destinadas a fabricação de farinhas de penas. Evisceração e inspeção: Nesta fase são retiradas as vísceras dos frangos. Após o corte no pescoço e desprendi- mento do papo, faz-se uma incisão na região da cloaca, seguida de sua retirada. A seguir é feita a exposição dos órgãos da cavidade abdominal (trato digestivo e vísceras). Entram em ação os técnicos do serviço de inspeção sanitária. Eles são encarregados de inspecionar as carcaças e as suas vísceras, eliminando total ou parcialmente, aquelas que apresentem anomalias. Os miúdos (coração, moela e fígado) podem ser usados para fabricação de produtos enlatados ou comercial- izados in natura. A carcaça segue a linha de processamento do abatedouro. Processo de escaldagem Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Carcaça eviscerada para processo de inspersão Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Depenagem mecânica de aves Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Unidade 7 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 Resfriamento e gotejamento: O resfriamento é um meio de reduzir rápida e economicamente a temperatura da carcaça. O frango vivo, ao ser pendurado na nória, tem uma temperatura corporal em torno de 40°C, onde o objetivo do resfriamento será reduzir essa temperatura para fins de congelamento. O processo con- siste em imergir as carcaças, por 20 a 30 minutos, numa mistura de água e gelo, num equipamento retangular, em aço inoxidável, chamado “chiller”. Além deste, pode-se usar o “pré-chillers”. Qualquer que seja a repetibilidade do processo, as carcaças devem sair dele com a temperatura em torno de 4°C, tomada no fundo do músculo peitoral. O inconveniente desse procedimento é que a carcaça absorve água. A legislação considera normal a absorção de água de até 8% do peso da carcaça. Elevadas taxas de absorção de água na carcaça é considerado fraude e, pode queimar, a imagem do produto junto aos consumidores. Após saírem do resfriamento, as carcaças são penduradas por cerca de três min, para que ocorra o gotejamento e a perda do excesso de água superficial. Cortes nobres: A vida cada vez mais ocupada e as mudanças de hábitos do consumidor, forçam a indústria a elaborar cortes de produtos mais acabados. Para produzir esses cortes, o abatedouro dispõe de uma sala apropriada, somente para receber aquelas carcaças que sofreram condenações parciais na inspeção. Embalagem: Após serem classificadas por peso, as carcaças e/ou os cortes são devidamente embaladas individ- ualmente. A seguir, os produtos são conduzidos a câmara de congelamento a -30°C, onde a legisla- ção prevê o consumo no prazo máximo de um ano. Por outro lado, a carcaça a ser comercializada resfriada, deve ser mantida a 4°C, em que, seu tempo de prateleira ou o prazo de comercialização, nas melhores condições, é de sete dias. Consideração final O manejo realizado nas granjas, apanha, transporte e abatedouro afeta, sobretudo, o destino final das carcaças e, a rentabilidade da cadeia produtiva. Unidade 7 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 Unidade 8 Manejo da Criação de Poedeiras Comerciais ponto mais importante na produção de ovos é a sua qualidade, mas para que esta meta seja alcançada, vários pontos devem ser observados, desde a compra da pintinha até a venda dos ovos. O lucro da avicultura é constituído pelo somatório de pequenos resultados originados por cuidados que se tomam para diminuir custos e melhorar a produtividade. Existe pequeno detalhe de manejo que, se forem bem executados, tornam a explo- ração rentável. No mercado, encontramos pelo menos dois tipos produtivos de poedeiras comerciais: as poedeiras leves, geralmente de coloração branca, apresentam peso de 1300 a 1500 g em início de postura, produção de até 95%, alojamento de 375 cm2/ave e consumo de 110g; e poedeiras semi- pesadas, que iniciam a postura pesando cerca de 1600 a 1700g, atinge aproximadamente 95% de produção de ovos, alojamento de 450 cm2/ave, consome cerca de 120g e apresentam coloração marrom. Além disso, as poedeiras semipesadas são aves mais dóceis, calmas, de fácil manejo e adaptadas ao meio ambiente bem mais que as aves leves. De modo geral, em nada difere o manejo das pintinhas de postura em crescimento, daquele já descrito para os pintinhos de frangos de corte, exceto quanto à densidade de aves/m2 que deve ser de 7 aves/m2 e a prática de debicagem, aproximadamente até o final da 15ª semanas de idade. O Poedeira leve e semipesada Fonte: Prof. Jordão Filho, J. UNIDADE VIII- Avicultura Manejo da Criação de Poedeiras Comerciais 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Sistema de criação Os principais sistemas de criação de poedeiras comerciais, quando criadas em crescimen- to, tem sido o alojamento em piso ou em sistema de bateria de gaiola. Por outro lado, quando em postura, as aves podem ser criadas em gaiolas ou mesmo no chão (ninhos). Criação no piso: este é o sistema adotado pelos avicultores pelo menor custo de criação e facilidade de manejo. Normalmente, as aves ficam alojadas de um dia até 15 semanas, quando, então, serão destinadas ao galpão de postura. Criação em baterias: embora normalmente o avicultor utilize galpões para criar fran- gas de um dia até a postura em piso, este sistema poderia perfeitamente ser substituído por sistema de baterias; um tipo de gaiola de alta densidade, que merece os mesmo cuidados do piso. Assim, os equipamentos do sistema elétrico, comedouros, bebedouros devem ser testados antes da che- gada das pintainhas. A temperatura a ser obedecida deve ser de 32ºC na primeira semana, tendo o cuidado de reduzir para 30, 28 e 26, nas três semanas seguintes. As baterias são forradas com papel para evitar lesões nos pés das pintinhas. Este tipo de criação é praticamente inviável pelos altos custos de implementação. Ao optar pela criação em piso ou baterias de gaiolas, o avicultor deve se conscientizar das diferenças de instalações, manejo e, principalmente, das especificações nutricionais destas aves nestes ambientes, visto que, no piso terão maior espaço de locomoção que aquelas aves alojadas nas gaiolas. A postura em gaiola tem como principais vantagens: produção de ovos limpos, menor consumo de ração,maior capacidade de abrigo, melhor aproveitamento das instalações, menor incidência de doenças, menor mortalidade por amontoamento, menores problemas respiratórios e facilidade de vacinação e debicagem. Como desvantagens, destaca-se: maior custo inicial, maior frequência de canibalismo, problemas com moscas e uma agressão ao bem-estar das aves. Por outro lado, a postura no chão fornece maior conforto às aves devido o uso de ninho, propiciando maior tranquilidade para as mesmas, porém como desvantagens, temos a provável piora da quali- dade do ovo, os quais poderão sujar ou se contaminar nos ninhos. Contribuição Cientifica Codornas japonesas e européias apresentam maior exigência de energia na dieta quando alojadas no piso em detrimento aquelas aves criadas em baterias de gaiolas, justificado pela maior atividade de locomoção proporcionada pelo piso. Adaptado de Jordão Filho (2008) Criação de poedeiras em piso Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Unidade 8 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 A criação e produção em gaiolas estão sendo usadas para acomodar uma percentagem cada vez maior das aves produtoras de ovos no mundo. Em alguns lugares, todas as unidades de poedeiras estão em sistema de gaiolas; entretanto, ainda existe lugares que use o sistema de piso, tendo a postura em ninho, semelhante à criação de galinha caipira. Fases de criação O período de criação é continuo, porém ele pode ser dividido em três fases, para facilitar o entendimento e a discrição da criação. As fases que compreendem a criação são: fase inicial (cria) = 0 a 4 semanas; fase de crescimento (recria I) = 5 a 11 semanas; fase de crescimento (recria II) = 12 a 16 semanas; e fase de produção compreendendo a idade de 17 semanas até o final da postura. As frangas/poedeiras são criadas em diferentes estágios de desenvolvimento, devido as necessidades fisiológicas e nutricionais que passam o organismo das aves, observado em curva de crescimento para peso vivo e constituintes corporais, como proteína, gordura, entre outros. Manejo durante a Cria e Recria I (0 a 11 semanas) Recomendações gerais para e na chegada das pintinhas • Limpar e desinfectar as instalações e equipamentos; • Preparar os círculos de proteção, após o período de vazio sanitário; • Ligar as campânulas e distribuir a ração, horas antes das pintinhas chegarem; • Fornecer água com vitaminas ou água com cerca de 4% de açúcar para minimizar o estresse da viagem; • No momento da chegada das pintinhas, as cortinas devem estar perfeitamente funcionando, ou seja, o galpão deve estar totalmente fechado, mas de modo que se possam manejar as cortinas para que se tenha ventilação, quando necessária; • Ao chegar, distribuir as pintinhas contando-as e mostrando a fonte de alimento e água a pelo menos 10% das pintinhas, já as outras apreenderão sozinhas. • Verificar constantemente a temperatura das campânulas a partir de uso de termômetros estra- tegicamente posicionado no círculo de proteção e, principalmente, do comportamento térmico das aves. Esse cuidado permitirá tomar decisões quanto ao manejo das campânulas que melhor forneça às pintinhas a temperatura de conforto. Criação de poedeiras em gaiola Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Contribuição Cientifica Codornas japonesas e européias apresentam maior exigência de energia na dieta quando alojadas no piso em detrimento aquelas aves criadas em baterias de gaiolas, justificado pela maior atividade de locomoção proporcionada pelo piso. Adaptado de Jordão Filho (2008) Unidade 8 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Recomendações de manejos iniciais Quanto mais bem manejadas forem as aves na fase de cria e recria, maior será a pos- sibilidade de garantias de sucesso na fase de postura, pois os manejos realizados nestas fases repercutem diretamente na produção de ovos. Geralmente, o avicultor fica preocupado com a quan- tidade de ovos produzidos e negligencia o fato de que os manejos feitos em fases iniciais poderão minimizar a produção de ovos tão desejada. Dois manejos em particular são os que apresentam maior percentual de influencia: o controle do peso corporal das aves e o programa de luz. Ambos são efetuados e acompanhados deste o primeiro dia de vida das aves até o final da postura. En- tretanto, preferimos relatar primeiro os manejos iniciais e somente depois, no tópico “manejo no período de recria II”, descrever o manejo de controle de peso corporal e a técnica do programa de luz, devido a importância fundamental da fase da pré-postura na formação corporal e fisiológica da futura poedeira. Considerando uma vez que foi adquirida uma ave (marca comercial) de atributos gené- ticos capaz de alcançar altos índices de produtividade, resta a árdua tarefa de manejar as pintas e frangas para se tornarem excelentes poedeiras. Nas duas primeiras semanas é imprescindível que as pintas tenham uma boa fonte de calor. A abertura dos círculos de proteção é feita gradativa- mente a partir do terceiro dia, podendo ser retirado após a segunda semana de idade das aves. O manejo das cortinas é determinado conforme a temperatura ambiente, a umidade e, principalmente, de acordo com o comportamento térmico das pintinhas diferenciado em função da idade e das condições ambientais. Recomenda-se deixar as cortina fechadas nos primeiros dias de idade, para atender a necessidade de calor e, levantá-las nos dias quentes para proporcionar conforto térmico. A altura dos comedouros e bebedouros deve ser checada e ajustada a aproximadamente dois a três dias a fim de acompanhar o crescimento das aves. Alguns literaturas recomenda-se que a regula- gem dos comedouros e bebedouros seja a altura do dorso das aves. Já as aves que se encontram fora do padrão médio de desenvolvimento devem ser descartadas. Alimentação: a precocidade das aves resultou na necessidade de programas de ali- mentação específicos para cada fase de criação e, principalmente, que estes pudessem garantir a ingestão adequada de nutrientes para atender a demanda biológica de manutenção, ganho e produção da ave. Os programas nutricionais desenvolvidos para as fases de cria e de recria devem ter como principal objetivo o atendimento das demandas nutricionais das frangas, mas sem perder de vista o máximo retorno econômico da atividade. Estes planos de alimentação geralmente seg- uem recomendações do manual da linhagem, no entanto, existem Tabelas de Alimentações que sugerem as exigências nutricionais de acordo com o estágio de desenvolvimento que a ave se encontra. Debicagem: É um processo cirúrgico com a finalidade de prevenir o canibalismo e a escolha das partículas maiores da ração. Por conseguinte, debicagem bem feita resulta também em máximo aproveitamento da ração. Porém, na eventualidade de falhas nessa operação, como por exemplo, deixar o bico inferior muito grande, em forma de espátula, pode ocorrer desperdício de ração e/ou dificuldade de ingestão. Os estresses nutricionais, ambientais ou de alta densidade levam as aves a picarem umas as outras, principal- mente na região da cloaca. A debicagem constitui um fator de estresse para as frangas, de modo que deve ser selecionado pessoal capacitado para a atividade. A primeira debicagem deve ser feita entre 7 a 10 dias e a segunda de 10 a 12 semanas de idade, utilizando uma máquina de debicagem que contenha uma placa-guia. O orifício deve ser escolhido de modo que o anel de cauterização fique a 2 ml da narina. Para uma boa cauterização, recomen- Fonte: Manual da Linhagem Dekalb Fonte: Manual da Linhagem Dekalb Unidade8 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 da-se que a lâmina esteja numa cor vermelho-cereja. Na segunda debicagem o bico superior deve ser cortado na altura de aproximadamente 2/3 em relação à extremidade da narina. Fatores importantes numa debicagem: não debique aves doentes; encher os comedouros antes e após a debica- gem para evitar que as aves batam o bico no fundo do cocho; evitar coincidência com outras práticas de manejo e use eletrólitos e vitaminas durante a debicagem. As figuras acima, apresentam debicagem de 6 a 9 dias e de 9 a 11 semanas de idade das frangas. Vacinação: certas doenças são de difícil erradicação e isto requer um programa de vacina rotineira. Em geral, todos os lotes de poedeiras devem ser vacinados contra Newcastle, Bron- quite, Gumboro, Encefalomietite e também contra o vírus da gripe aviária. No entanto, nenhum pro- grama de vacinação pode ser recomendado para todas as regiões. Como recomendações gerais, devem-se vacinar somente aves sadias, observar o período de validade da vacina e anotar devida- mente as vacinações realizadas. Normalmente, o programa de vacinação segue rigorosamente as recomendações do manual da linhagem; entretanto, veja o seguinte esquema básico no quadro ao abaixo. Segunda debicagem das frangas Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Idade 1º dia 7º dia 14º dia 21º dia 30º dia 35º dia 40º dia 70º dia 100º dia 110º dia 140º dia Doença marek/bouba bronquite newcastle bouba aviária bronquite newcastle coriza bouba newcastle/bronquite coriza newcastle Via de Aplicação subcutânea ocular/nasal ocular punção na asa ocular ocular intramuscular punção na asa água intramuscular intramuscular Quadro 8.1- Programa de vacinação Unidade 8 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Manejo no período de Recria II (12 a 16 semanas) Uniformidade do lote: o desenvolvimento corporal no período de recria abrange a formação de estrutura óssea e muscular até aproximadamente 12 a 13 semanas de idade. Posteriormente, se desenvolvem os órgãos de reprodução e ocorre um aumento de peso de vísceras, como o fígado, e se completa sua reserva energética até 18 semanas. Desta maneira, torna-se importante acatar as recomendações de manejo na recria de frangas, dentre elas: assegurar o crescimento e a formação de boas carcaças. Em geral, os lotes de poedeiras que tenham o peso mais uniforme chegarão a um pico mais alto de postura. Geralmente, uniformidade excelente é de 85 a 100%, bom de 80 a 85% e satisfatória é de 75 a 80%. A porcentagem do peso padrão das aves em experimento pode ser calculada com base no peso médio sugerido nos manuais das linhagens leve e semipesada. A porcentagem de uniformidade (%U) é calculada pela seguinte formula: Programa de luz: certamente um dos assuntos mais estudado e discutido na avicultura moderna tem sido o programa de luz para poedeiras. As aves possuem um mecanismo fisiológico que, através de hormônios, estimula o desenvolvimento e a maturação do seu sistema reprodutor. A luz que penetra no olho provoca um estímulo que é conduzido pelo sistema nervoso até o cére- bro e a glândula pituitária. Esta glândula libera um hormônio, o LH, que determina a ovulação. O programa de luz tem como finalidade evitar que as aves não entrem em postura precoce e, após o inicio da postura, estimular a produção de ovos. Desse modo, é comum obter aumento na produção de ovos e no peso de ovos durante as primeiras semanas, quando se aplicar o programa de luz corretamente. Ao se fazer um programa de luz, é preciso determinar a época em que as aves vão comple- tar 10 semanas de idade; então verifica-se o comportamento da luz, se é crescente ou decrescente. A partir de 21 de junho a 21 de dezembro a duração do dia é crescente, por ouro lado, de 22 de dezembro a 20 de julho, o período de luz decresce. Um exemplo de programa de luz crescente e decrescente encontram-se abaixo, de acordo com o relato de Englert (1998). Relógio “time” usado no programa de luz Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Unidade 8 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 Transferência para o galpão de postura: deve-se fazer o transporte das aves do galpão de cria e recria para o galpão de postura com o máximo de cuidado possível, evitando- se danos às aves. A transferência das frangas para o galpão de postura constitui fator de estresse. A administração de eletrólitos e vitaminas, 3 dias antes e 3 dias depois, ajudará na prevenção de problemas decorrentes do estresse. A transferência das aves deve ser realizada com 15 semanas de idade, aproximadamente. Manejo das aves em fase de Postura Se as aves forem bem manejadas na fase de cria e recria, teremos frangas saudáveis, den- tro do peso padrão e com boa estrutura corporal, capaz de expressar todo seu potencial genético. O objetivo agora é fazer com que elas produzam o máximo possível. Pouco há de se fazer nesta fase, se as anteriores foram bem executadas. Alguns cuidados com as gaiolas são de praxe, como: garantir que as aves tenham boa qualidade de ar; fácil acesso à água fresca, limpa e sem contaminação; espaço de alojamento adequado; que as gaiolas sejam inclinadas de tal sorte que os ovo rolem para a frente da gaiola, evitando que as aves os sujem pelas próprias fezes, os quebrem por pisar neles ou, se vicie em beber os próprios ovos. Geralmente, as gaiolas comerciais atendem esses critérios, porém, é bom observar sempre o estado de conservação do equipamento. Transferência das frangas para o galpão de postura Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Programa de luz crescente 1ª semana – fornecer 24 horas de luz; 2ª à 9ª semana – só luz natural; 10ª à 17ª semana – programa de luz de- crescente; 18ª semana – 15 horas de luz; 20ª semana – 16 horas de luz; 22ª à 50ª – 17 horas de luz; 51ª semana ao final da produção – 18 horas de luz. Programa de luz decrescente 1ª semana – fornecer 24 horas de luz; 2ª à 17ª semana – só luz natural; 18ª semana – 15 horas de luz; 20ª semana – 16 horas de luz; 22ª à 50ª – 17 horas de luz; 51ª semana ao final da produção – 18 horas de luz. Unidade 8 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Características de uma boa poedeiras: as poedeiras, geralmente, começam a postura por volta da 17ª semana de idade. A partir desta data, começamos a observar se as aves estão em pleno estado de postura ou se devem ser descartadas. Para isso, pode ser feito o manejo considerando a distância entre os ossos pélvicos. Portanto, devemos colocar a poedeira com cuida- do, de cabeça para baixo e em seguida, colocar dois dedos ou mais juntos entre os ossos pélvicos, na região da cloaca. Se eles entrarem, então esta ave está em plena fase de postura. Isto indica que a ave tem conformação para passar ovos. A má poedeira apresenta no máximo a distância de um dedo entre os ossos pélvicos. Outra característica de uma boa poedeira é a tamanho da crista e barbelas, pois são grandes, elásticas, quentes e de cor vermelho vivo nas aves em postura. Poroutro lado, são pequenas, secas, enrijecidas e de cor mate nas aves fora de produção. Normal- mente, boas poedeiras também apresentam aspectos desarrumados, enquanto a má poedeira é bela e de penas lisas. Descarte de aves: as informações sobre o descarte das aves contribuem com as sugestões de boa poedeira. As aves descartadas não se limitam apenas às más poedeiras; aves que apresentarem prolapso de oviduto, as que puserem ovos de casca mole, deformados ou muito pequenos e as que adquirirem o hábito de beber os ovos também devem ser descartadas. Vale lem- brar que antes de serem descartadas, as aves deveriam estar recebendo uma ração balanceada para não confundir a pequena quantidade de ovos produzidos ou casca frágil, ocorrido em função da má nutrição e não em função da má poedeira. Alimentação: Os programas de alimentação devem seguir os manuais de linhagem ou Tabelas de Recomendações reconhecida na área. Geralmente, não se faz restrição alimentar; porém, são normalmente forneci- das 110 a 120g/poedeira/dia, o suficiente para atender as exigências nutricio- nais, considerando o máximo de massa de ovos em uma dieta balanceada. A poedeira necessita ter seus requerimentos nutricionais atendidos diariamente. Estes variam com a idade, linhagem, peso corporal, taxa de produção, taman- ho do ovo e condição climática. Se as aves estiverem consumindo além de suas necessidades, os nutrientes estarão sendo desperdiçados, pois a ave não responderá com melhora na produção. Por outro lado, se a dieta for defici- ente em nutrientes, o desempenho e a qualidade do ovo serão prejudicados. Distância de 2 a 3 dedos entre os ossos pélvicos Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Arraçoamento de poedeiras Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Tamanho de cristo como critério de boa poedeiras Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Unidade 8 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 Manejo dos ovos e esterco: os ovos postos por poedeiras em gaiolas muitas vezes quebram, devido à queda deles da gaiola. A ocorrência de avaria de casca é problema sério, mas pode ser minimizado dependendo da frequência e velocidade de coleta, estado sanitário da ave, ração balanceada e manutenção do equipamento de coleta. Para efeito de exemplificação, a coleta mecânica de ovos, frequentemente, aumenta a quebra de 2 a 4%, quando o sistema não tem boa manutenção. Os ovos são normalmente selecionados para a comercialização, adotando-se como critério o tamanho do ovo, devido à uniformidade de encaixe nas caixas. Recomenda-se retirar o esterco, rotineiramente, a cada três meses pelo menos. É impor- tante verificar se os bebedouros estão funcionando perfeitamente, caso não estejam, a água der- ramada por eles pode causar contaminação do esterco num grau de tolerância insuportável. Muda forçada: a muda forçada é uma técnica de manejo que visa prolongar a produção econômica de galinhas poedeiras de 70 para 130 semanas de vida. Normalmente, é realizada em função dos custos de aquisição das pintainhas e/ou frangas, da produção do lote, qualidade e peso dos ovos, mas principalmente, devido à oscilação do preço dos ingredientes e do custo dos ovos no mercado, sendo indicada para melhorar a produção e a qualidade da casca dos ovos. porém, o desenvolvimento do período pós-muda depende do sucesso do método de restrição alimentar utilizado. Coleta de ovos Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Quadro 8.2- Manejo de ovos Transporte: o transporte dos ovos deve ser em veículo confortável e adequado, respeitando-se também o empilhamento recomendado para evitar prejuízos. Lavagem: os ovos são selecionados e lavados com água quente num período de até 3 a 4 horas após a postura; não utilize água mais fria que a temperatura do ovo, porque, ao entrar em contato com o ovo mais quente, favorecerá a entrada de bactérias, presentes na superfície do ovo. Ovoscopia – os ovos são submetidos à observação através da luz, para evitar avaria de casca. Classificação – a classificação pode ser manual ou mecanicamente, considerando, sobretudo, o peso dos ovos. Mas, geralmente, os ovos são agrupados em classes A, B ou C, de acordo com a qualidade. Por outro lado, a qualidade é determinada pelo grau de limpeza, integridade e forma da casca, posição da câmara de ar e pelas características físicas da clara e da gema. Adaptado de Jordão Filho (2008) Unidade 8 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 A muda forçada proporciona um descanso ao sistema reprodutivo da ave por um período, retomando a postura em seguida com melhora na quantidade e qualidade externa do ovo produ- zido. Atualmente, a muda forçada tem sido muito questionada e novos métodos vêm sendo propostos com a finalidade de evitar o estresse causado na fase de restrição alimentar, porém, esses métodos não têm tido sucesso até então. O método tradicional é, geralmente, realizado submetendo as aves à restrição alimentar de 12 dias, com oferecimento de água à vontade. Além disso, são fornecidos cerca de 30 g de uma fonte de cálcio (farinha de ostra, p. exemplo), para evitar problemas de calcificação óssea na poedeira, pois dependendo da quantidade de cálcio, a produção de ovos pode persistir por uns 7 a 8 dias, o que pode inviabilizar a técnica. Ficha de registro: as fichas de registro contém índices e fórmulas que servem para analisar a situação produtiva e econômica de uma granja. Devem ser levados em consideração a taxa de mortalidade, o percentual de ovos quebrados, a conversão alimentar, a produção de ovos, o custo da ração/kg e o lucro sobre o custo da ração e do pinto. Deve-se calcular a despesa total, re- ceita total de custos e lucros. É preciso ter uma contabilidade, a fim de traçar gráficos de produção, analisá-los e fazer um balanço geral da performance econômica da atividade. Vejamos as fórmulas: Consumo de ração (CR) = ração fornecida – as sobras; ganho de peso = peso final – peso inicial; taxa de mortalidade = nº de aves mortas ÷ nº de aves alojadas x 100; peso de ovos = médio de peso de vários ovos; produção de ovos = média do nº de ovos produzidos ÷ pelo nº de dias calculados; massa de ovos (MO) = peso de ovos x produção de ovos; conversão por massa de ovos = CR ÷ MO. Considerações finais Na produção de ovos de consumo, o avicultor tem que tomar os devidos cuidados durante o crescimento das frangas e enquanto durar a postura das galinhas, pois ambos manejos são pri- mordiais para aumentar a produção de ovos, buscando minimizar as perdas, seja qual for a ordem. Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 Qualidade de Carne e Ovos de Consumo avicultura tornou-se, nos últimos anos, uma atividade com apreciável possibilidade de sucesso para grandes e pequenos produtores. As expectativas são justificadas pelas vantagens de produção das aves, como: uso de pequeno espaço de criação, pouca mão de obra, longevidade de produção, facilidade de reprodução, maturidade sexual precoce e produtos deliciosos com qualidade nutricional invejável. Aliado a isso, a carne de aves é consid- erada uma iguaria fina, altamente palatável. Esta carne permite todo tipo de processamento, o que é importante para fornecimento em bares, restaurantes (assada, etc.) e supermercados (conserva, defumados, etc.). Qualidade nutricional da carne Segundo Souza (2005), o conceito de quali- dade de carne é bem amplo e complexo, podendo ser definida por características objetivas e subjeti-vas. Entre os atributos objetivos, encontram-se as características físicas, nutricionais e higiênicas, por outro lado, a avaliação subjetiva engloba os aspectos sensoriais, apresentação e a forma de exposição do produto. A carne de frango reúne características ex- tremamente positivas: proteína de alto valor biológico (qualidade), fonte relativamente baixa de gordura saturada (baixo teor calórico), saboroso, versátil, de fácil preparo e digestão, além de ser acessível eco- nomicamente a todas os tipos de consumidores. 100g de filé de frango, sem pele, contém aproxima- damente 25g de proteína, 42mg de colesterol e 1g de gordura saturada, correspondendo, respec- tivamente a 46, 14 e 2% das exigências nutricionais de humanos, recomendada pela Anvisa, sendo referencia para uma refeição leve e saudável. A carne de aves, além de ser rica em aminoácidos essenciais, é também importante fonte de energia e de outros nutrientes como vitaminas, minerais e lipídios. A carne de frango é bastante rica em ferro, principalmente a fonte mais assimilável pelo organismo, e vitaminas do complexo B, Unidade 9 A Carne de qualidade UNIDADE IX- Avicultura Qualidade de Carne e Ovos de Consumo 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 em especial, niacina e riboflavina. Trata-se de um alimento saudável, rico nutricionalmente e de consumo recomendado para consumidores de todas as idades, até mesmo, pessoas que tenham riscos de doenças cardiovasculares, pois contém baixa taxa de colesterol. Um dos problemas enfrentados pela atividade tem sido os poucos estudos realizados para avaliar a qualidade sensorial e microbiológica da carne de aves. Geralmente, avalia-se apenas a composição química da carne, deixando as características organolépticas em segundo plano. Qualidade sensorial da carne A qualidade da carne é dependente da temperatura do tecido muscular e da velocidade de resfriamento, após o abate. Os artifícios que reduzam a velocidade das reações químicas pro- longam a qualidade da carne, ou seja, a conserva por mais tempo. As características sensoriais servem de parâmetros para medir o grau de qualidade da carne. No entanto, muitos fatores influen- ciam as características físicas da carne, wcomo a maciez, retenção de água, gordura intramuscular, tecido conjuntivo e proporções dos feixes musculares. A exemplo de fatores ante mortem, podemos observar influência da espécie, do estágio fisiológico, da alimentação e do manejo. No período pos mortem, vários fatores afetam a duração e a qualidade de transformação do músculo em carne. Sob o ponto de vista de maciez ideal, a carne de ave deve ser maturada por um período que varia de 6 a 24 horas. A qualidade da carne pode ser avaliada por parâmetros físicos e químicos. Entre os princi- pais atributos da carne de aves podemos citar a aparência, textura, suculência, sabor, cor e pH. O aroma e sabor (paladar) da carne são provenientes do aquecimento. São influenciados por vários fatores, entre eles, os nutricionais, haja vista que a carne de frango caipira apresente para muitos consumidores, melhor sabor do que a carne de frango industrial, justificado pela seletividade de alimento que a ave caipira é alimentado. A aparência da carne está relacionada com a cor e exsuda- ção da carne. A cor da carne de frango varia de tonalidade cinza a vermelho pálido e pode ser ponto de desclassificação pelo consumidor na hora da compra. Geralmente, a cor varia com a presença de pigmentos (mioglobina e hemoglobina), que são alterados de acordo com a espécie, idade, e atividade física da ave. A textura da carne está associada com a palatabilidade, que também pode ser afetado por fatores ante mortem (espécie, nutrição, estresse) e post mortem (velocidade de resfriamento, pH). A textura, também conhecida como maciez, diminui com o avanço da idade da ave. De fato, uma galinha velha requer mais tempo de cozimento do que um frango novo. De acordo com Venturini et al. (2007), o pH da carne influencia diretamente na qualidade, pois se 24 horas Nutrientes Proteína Energia Gordura total Gordura saturada Ferro Quantidade (100g) 25g 129 cal 3,75g 1,07g 1,61g Fonte: Venturini et al. (2007) Unidade 9 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 após o abate, o pH da carne estiver superior a 6,2, a carne de frango irá se encontrar com bastante retenção de água, o que implica em curto tempo de conservação e o estabelecimento da coloração escura, caracterizando a carne DFD (darck, firm, dry – escura, dura e seca). Por outro lado, se o pH estiver abaixo de 5,8 em menos de 4 horas, teremos a carne PSE (pale, soft, exudative – pálida, mole e exsudativa), caracterizado pela má retenção de água. Tanto a carne DFD como a PSE são resultantes de más condições de manejo ante mortem e alterações metabólicas no processo post mortem, provocando aceleramento ou retardamento no processo de rigor mortis (qualidade). Por quê hormônios não são utilizados na ração de aves? Esta tem sido uma questão muito discutida ao longo do tempo. As primeiras indagações iniciaram na década de sessenta e, infelizmente, persistem até os dias de hoje, até mesmo entre alguns profissionais da área agrícola. Essa lamentável conclusão tem sido passada ao transcorrer das opiniões, até mesmo, por alguns profissionais da saúde, leigos no assunto. Apesar disso, a avicultura tem alcançado recordes de produção e exportação ano a ano. Atualmente, o Brasil ostenta a posição de segundo maior produtor e maior exportador de carne de frango do mundo. Tal crescimento, atendendo às peculiaridades da segurança alimentar, não seria possível se essa atividade não fosse responsável e ética. Posso afirmar veementemente que não existe, de forma alguma, hormônio na alimentação de aves. A pergunta que assola a mente dos consumidores desinformados sobre a produção de frangos é: se não existe hormônio, então como explicar o fantástico crescimento dos frangos, onde podem ser abatidos com apenas 40 dias? A res- posta é muito simples; o progresso da avicultura somente é possível graças a uma intensa atividade de pesquisas na área de genética, nutrição, sanidade, manejo e ambiência. A engenharia genética, através de cruzamentos altamente qualificados, tem permitido reduzir em pelo menos um dia por ano a idade de abate dos frangos industriais. Os milhares de nutricionistas inseridos em instituições públicas e privadas têm conseguido atender às necessidades nutricionais das novas marcas gené- ticas de potencial cada vez mais avançado. Além disso, o uso de hormônios na alimentação animal é proibido desde meados da década de setenta, de modo que, o primeiro empasse seria driblar essa legislação. Considerando o tamanho de nossa produção de rações, ignorar a lei seria no mínimo impossível sem que houvesse uma denúncia clara e não apenas simples especulações levianas. Outra indagação pode ser criada em torno da coloração da carcaça. Portanto, alguns poderi- am perguntar o porquê das carcaças de frangos industriais serem mais pálidas do que as de frangos caipiras. A resposta, mais uma vez, não tem nada a ver com administração de hormônios. A palidez das carcaças tem sido obtida, normalmente, pelo uso de alimentos alternativos pobres em pigmen- tos. As carcaças de aves caipiras têm forte pigmentação porque estes animais consomem xantofilas (pigmento) presente nas gramíneas que geralmente compõe os piquetes de criação, modificando a coloração da pele, entretanto, a pigmentação não modifica em nada o estado nutricional da carne. Contribuição Cientifica O método da gravidadeespecifica não serve para avaliar a qualidade externa de ovos submetidos ao armazenamento, pois, quando velhos, os ovos apresentam aumento da câmara de ar, devido à perda de umidade da clara para o meio externo, que ajuda a bóia quando avaliados no método de solução salina, inviabilizando a técnica. Adaptado de Jordão Filho et al. (2006) Unidade 9 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Carne de qualidade Unidade 9 Avicultura O setor mais forte do agronegócio, gerador de milhares de empregos, impulsionador do PIB, que fornece alimento de baixo custo a preços acessíveis, mas, sobretudo, atento a especula- ções do mercado internacional, não pode receber críticas destrutivas e sem fundamento. Métodos de determinação da qualidade de ovos A qualidade de ovo apresenta diferenças de conceitos relaciona- dos a produtores, consumidores e processadores. Aos produtores, ela é influenciada pela resistência da casca dos ovos e pela qualidade interna. Normalmente, a qualidade de ovos é afetada por fatores genéticos, nutri- cionais, ambientais (temperatura), sanitários, pela idade e pelo peso dos ovos. Antes de iniciar a leitura sobre os métodos de avaliação da quali- dade externa dos ovos, você deve estar se perguntando por que o criador precisa, realmente, avaliar a resistência da casca dos ovos produzidos? A res- posta é muito simples: normalmente, são perdidos de 6 a 8% do total de ovos produzidos na granja, por problema de avaria de casca. Essa perda daria para alimentar muita gente ou salvar seu empreendimento em períodos de crise. Lembre-se sempre que a mel- hor embalagem dos ovos é sua própria casca e esse é o nosso desafio. Os métodos utilizados para avaliar a qualidade da casca dos ovos são divididos em duas categorias: destrutivos ou diretos e não destrutivo ou indireto. A escolha do método fica a rigor do técnico, mas é importante observar a eficiência de uso e o custo da técnica. Dentre os métodos diretos, temos: o peso e percentagem de casca e a espessura da casca; enquanto que a técnica in- direta é, fundamentalmente, representada pela gravidade específica. O inconveniente dos métodos destrutivos é a possibilidade de ocorrer prejuízos devido à violação do conteúdo do ovo (comum à prática). Essa é uma prática desclassificatória, visto que a finalidade da avaliação da casca dos ovos é reduzir prejuízos e não aumentá-los. É por essa razão que os métodos não destrutivos vem recebendo maior atenção dos nutricionais e produtores, embora a método direto pareça mais preciso. Relatos científicos têm demonstrado alta correlação de perda de ovos por problema de casca com a gravidade específica, em comparação aos métodos diretos. Isso sugere a hipó- tese de que o uso da gravidade específica é suficiente para avaliar a resistência da casca dos ovos. Carne de qualidade Ovo velho com redução do albúmen Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 Unidade 9 Avicultura Quadro 9.1- Ovos novo versus ovo velho Ovo novo: quando quebrado, a clara fica mais junta a gema. Quando cozido, a casca se solta com dificuldade. Ovo velho: quando quebrado a clara se encon- tra mais líquida e se espalha bastante. Quando cozido, a casca se desgruda mais facilmente do ovo. Quando colocado na água, os ovos velhos flutuam. Contribuição Cientifica Semelhança de resultados da coloração da gema dos ovos, encontramos ao usar o aparel- ho cromatógrafo (Minolta) em comparação com o leque colorimétrico, para ovos de poedeiras marrons. Adaptado de Silva et al. (2006) O principal problema de qualidade interna de ovos para produtores refere-se à coloração da gema, pois, para muitos consumidores leigos, a qualidade nutricional do ovo é proporcional ao seu grau de pigmentação da gema. Para consumidores, a qualidade que mais interessa é a vida de prateleira dos ovos, às vezes, esquecida. Existem pesquisas demonstrando que a pigmentação da gema e a coloração da casca dos ovos não tem relação com a qualidade interna. No entanto, é perfeitamente possível atender às exigências do consumidor quanto à coloração da gema, a partir da adição de corantes artificiais ou naturais na ração das poedeiras. Pigmentantes como cataxantina e derivados do urucum podem ser utilizados. Os métodos mais usados têm sido o leque colorimétrico (manual) e aparelho cromatógrafo (digital), ambos com a mes- ma eficiência. Gravidade especifica medida pelo principio de Arquimedes Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Métodos de medida da coloração da gema de ovos Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Gravidade especifica medida pelo método de solução salina Fonte: Prof. Jordão Filho, J. 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Aparelho de mede a unidade Haugh Por fim, quero relatar o método padrão de avaliação da qualidade interna dos ovos pela indústria, mas pouco utilizado pelos criadores. Trata-se da unidade Haugh (UH), que relaciona o peso dos ovos com a altura do albúmem. Quanto maior a escala da UH, maior será a quali- dade do ovo, muito utilizada em ovos frescos, mas desaconselhada em ovos armazenados. Apesar do sucesso e das poucas limitações dos métodos, fica o questionamento sobre o prazo de validade do ovo de consumo. Os técnicos têm que estar atento a isso, porque dois fa- tores correm contra o sucesso do setor: o primeiro é fisiológico, pois o grau de deteriorização do ovo é sempre constante após a ovoposição; e o segundo é de gestão, quando os supermercados armazenam o produto sem refrigeração. Assim, a perda da qualidade passa a ser cada vez maior. Então, o prazo de validade dos ovos, que parece ser por volta três semanas, é reduzido em ambiente sem refrig- eração. Mitos e verdades sobre o colesterol do ovo Atualmente, o consumo per capita de ovos no Brasil não ultrapassa os 150 ovos por habi- tante por ano. Comparando aos altos consumos de países desenvolvidos, a exemplo do Japão (360 ovo/hab/ano), este consumo é, simplesmente, insignificante. As causas do reduzido consumo de ovo pelos brasileiros, são variadas. A principal delas tem sido o medo exagerado de colesterol do ovo devido à incidência de ataque de miocárdio com esse esteróide, levando muitos consumidores a colesterolfobia. Portanto, o reduzido consumo de ovo no Brasil é atribuído, por muitos especialis- tas, ao colesterol presente no alimento. Algo sem sentido e sem a mínima explicação científica para o fato. Esta lamentável “inverdade”, muita vezes dita pelos técnicos do meio zootécnico, retira da boca do pobre um alimento de qualidade inigualável. Sim, porque o ovo de consumo é notadamente reconhecido como alimento de alta qualidade nutricional, com presença marcante no combate a desnutrição de consumidores em países subdesenvolvidos, sobretudo de crianças. Esse alimento tem tido uma importância fundamental na desigualdade nutricional em virtude do baixo custo de aquisição, estando acessível a todas as classes sociais. O ovo de consumo poderia minimizar o problema de cegueira noturna, causada pela deficiência de vitamina ‘A”, que assola o status nu- tricional de muitas crianças de paises pobres., principalmente. O ovo tem sido apontado como um ótimo componente da dieta de portadores de Alzheimer e Parkinson, por reduzir a agravamento das doenças. O ovo parece aumentar o QI, devido à presença marcante da colina, em razão do melhor funcionamento do cérebro, relacionadoà formação de novos neurônios, até então não observado pelos pesquisadores em outro alimento. Além disso, em gestante o ovo de galinha pode fornecer colina suficiente para o desenvolvimento do cérebro do feto. Estudos científicos comprovam que as doenças cardíacas estão mais direcionadas com as complicações hereditárias e maus hábitos alimentares, como ingerir gorduras saturadas, princi- palmente a trans, do que mesmo com os níveis de colesterol dos ovos. Assim, em outros estudos tem sido sugerido o consumo de pelo menos um ovo por dia, podendo ser até dois, sem afetar a concentração de colesterol sanguíneo. Apesar dessa precaução sem sentido de ser, os pesquisadores têm estudado o enriqueci- mento de ovo com ácidos graxos da série ômega-3, tornando o ovo num alimento funcional, por evitar problemas cardiovasculares através de ações antiinflamatórias. Os estudos com redução do Aparelho de mede a unidade Haugh Unidade 9 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 colesterol da gema não tem tido êxito, porque as poedeiras modificam seu metabolismo para ofer- ecer a devida quantidade de colesterol, utilizado para nutrição do embrião. Particularmente, penso que a redução do consumo de ovo no Brasil ocorre, principalmente, em função da discriminação do produto. Não faz sentido um país em nível de desenvolvimento socioeconômico como Brasil apresentar consumo de ovo inferior ao Japão, quando na verdade de- veria ser compatível. Também, não temos que desenvolver estudos para fortalecer as propriedades nutricionais do ovo. Este alimento por si só, é seguramente uma potência alimentar. O que deve ser mudado é o conceito errado da colesterolfobia. Consideração final A crescente informação das qualidades alimentares do ovo pelos técnicos pode num futuro breve, reduzir a descriminação do produto e aumentar o consumo, pois nada justifica o baixo con- sumo de ovos pelos brasileiros. Unidade 9 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 criação de aves, em escala industrial, tem se destacado por um excelente grau de tecnificação, gerando conhecimeto em busca de produção cada vez mais saudável e econômica. A criação de matrizes destaca-se por ser um setor dessa complexa cadeia de produção, tendo por objetivo a produção de ovos férteis de qualidade, com custos cada vez mais reduzidos. As matrizes são aves geneticamente selecionadas para atingir desenvolvimento precoce, ou seja, maturidade sexual precoce, que, de certo modo, pode afetar a produção de ovos férteis se não forem bem cuidadas. Manejos como uniformidade e retardamente da maturidade sexual são fundamentais para garantir o sucesso da atividade. Muitas características produtivas têm sido desenvolvidas para minimizar riscos envolvidos no processo de criação, como peso médio do lote, uniformidade de peso, conformação de carcaça, viabilidade, consumo de ração, curva de produção, peso dos ovos, fertilidade e eclodibilidades dos ovos, entre outros. Esses parâmetros funcionam como um norte, que didaticamente é melhor entendido quando classificado por fases de criação. Portanto, na criação de matrizes, devemos seguir rigorosamente os principios básicos do manejo nas fase de crescimento e produção de ovos, pois o desempeho de um plantel de reprodutores não esta relacionado apenas ao setor de postura. Observações e recomendações antes da chegada dos pintos-reprodutores Fases de criação: o período de criação das aves é continuo; porém, ele pode ser dividido em fases, para facilitar o melhor atendimento das condições fisiológicas do organismo. Os intervalos de idade das aves entre as fases de criação deferem entre autores e manuais de criação. De modo geral, podemos classificar as fases em: fase inicial (cria) = 0 a 4 semanas; fase de crescimento (recria I) = 5 a 11 semanas; fase de crescimento (recria II) = 12 a 19 semanas; e fase de produção compreendendo a idade de 20 semanas até o final da postura. As matrizes são criadas em diferen- tes estágios de desenvolvimento, devido às necessidades fisiológicas e nutricionais que passam o organismo das aves, observado em curva de crescimento para peso vivo e constituintes corporais, como proteína, gordura, entre outros. Os principais acontecimentos na fase de cria são: promover o crescimento e uniformidade de esqueleto, peso corporal e empenamento, buscar boa viabilidade, cuidar dos manejos de temperatura, ventilação, distribuição de alimento e vacinação. Da fase de re- cria, são: classificação de lotes e uniformidade de peso corporal de acordo com a idade da linhagem, transição entre a fase de crescimento e a de reprodução. Nesta fase, as aves já são sensíveis aos estímulos luminosos. De 15 semanas até o inicio da postura, as aves começam a maturidade sexual. Unidade 10 A UNIDADE X- Avicultura Manejo de Matrizes 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Sistema de criação: as aves reprodutoras, geralmente, são criadas no piso. Porém, em fase de crescimento poderiam ser criadas em baterias de gaiolas, retornando ao piso quando em fase de produção de ovos, devido à facilidade da cópula (acasalamento) e necessidade de ninhos para a postura. O piso da fase de postura pode ser de “cama” normal, semelhante àqueles adotados na criação de frangos ou até piso ripado. A criação em piso ripado apresenta a desvantagem de maior custo de instalação. Por outro lado, pode ser que proporcione a produção de ovos mais limpos e a redução do desafio microbiano, por minimizar o contato direto das aves com a cama. Os reprodutores de corte ou postura podem ser criados em galpão único, onde passarão a fase de crescimento e a postura, ou podem ser criados em aviários específicos para cria/recria e postura, de modo que as aves são levadas para os galpões de postura aproximadamente na 16ª semana de idade. Modo de criação: as aves reprodutoras podem ser criadas separando-se machos e fêmeas ou juntas. A criação separada tem como principal vantagem a maior facilidade no controle de peso corporal e, assim, maior uniformidade do lote. Entretanto, as desvantagens deste tipo de criação são a necessidade de maior espaço físico e a maior ocorrência de brigas entre galos. Estrutura de aviário de matrizes Vazio sanitário: o trabalho com os pintos começa antes mesmo de sua chegada, no preparo das instalações. Um processo conhecido tecnicamente de “vazio sanitário”, que dura cerca de 14 dias, semelhante à criação de frangos de corte e frangas de postura. Procedimento: (1) lavar, desinfetar e deixar secar ao sol todos os comedouros bebedouros e campânulas; (2) retirar toda a cama velha e transportá-la no mesmo momento para local dis- tante no mínimo 5 km da granja; (3) varrer todo o galpão, considerando teto, paredes e piso; (4) lavar com água e sabão e raspar as crostas de sujeira do teto, paredes e piso; (5) pulverizar todos os recintos do galpão, dentro e fora com desinfetantes à base de amônia quaternária, iodo ou cloro; (6) deixar secar e descansar o galpão por cerca de 14 dias; (7) colocar cama nova 3 dias antes da chegada do pintos; (8) encher os pedilúvios e rodilúvio e mantê-los sempre cheios com solução nova e ativa. Alimentação: as rações das matrizes de corte ou postura são, geralmente, formuladas con- formeas recomendações nutricionais apresentada no Manual da Linhagem ou através de Tabelas de Alimentação, especifica para aves. Esta última literatura tem sido muito consultada por recomen- dar especificações nutricionais atualizadas. É recomendável que as rações entre machos e fêmeas contenham conteúdo nutricional diferentes, em função da finalidade fisiológica da ave. Contribuição Cientifica Semelhança de resultados da coloração da gema dos ovos, encontramos ao usar o aparel- ho cromatógrafo (Minolta) em comparação com o leque colorimétrico, para ovos de poedeiras marrons. Adaptado de Silva et al. (2006) Estrutura de aviário de matrizes Unidade 10 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 Controle de peso corporal Fonte: Manual de Criação MANEJO DE FEMEAS Fase inicial ou cria (0 a 4 semanas) Os primeiros 14 dias de vida estão entre os períodos mais importantes e críticos da vida da ave. No entanto, os manejos recomendados para matrizes nesta fase são semelhantes aos indica- dos a frangos de corte. Devemos lembrar dos quatros pontos básicos: ração, água, temperatura e qualidade do ar. Todos os esforços envidados no início da fase de cria serão recompensados no desempenho final do lote. As cortinas devem estar fechadas e as campânulas devem ser ligadas duas a três horas antes da chegada dos pintos. Além disso, as campânulas e os aquecedores devem ser examinados regularmente para garantir que estejam funcionando corretamente. Neste momento, recomenda-se verificar se os bebedouros e comedouros estão funcionando perfeitamente. A ração e água frescas devem ser mantidas disponíveis aos pintos na sua chegada no galpão de cria/recria. O uso de bebedouros suplementares é recomendado de 1 a 7 dias de idade. Isso irá ajudar a evitar problemas com infecções dos pés. Não posicionar os bebedouros diretamente sob as campânulas. Todas as caixas de pintos devem ser colocadas no galpão com o número correto de caixas alinhado a cada campânula antes de soltar os pintinhos. Procure fazer com que os pintos fiquem uniformemente dis- tribuídos na área de cria/recria. Não empilhe caixas cheias dentro do galpão, nem as coloque dentro da área de cria/recria. O peso das aves aos sete dias de idade é um excelente indicador geral do sucesso do manejo da fase de cria. Os efeitos do estresse precoce podem não ser observados até muito mais tarde e podem afetar negativamente o desempenho reprodutivo subsequente do lote. A principal razão para o ganho insuficiente de peso precoce é o baixo consumo alimentar. Quantidades insuficientes de ração e/ou insuficiente espaço nos comedouros irão afetar a ingestão de ração, o peso e a uniformidade das aves. Também é importante mencionar que a in- gestão precoce de proteínas afetará particularmente o peso às quatro semanas, a uniformidade do lote e finalmente a produção de ovos. Recomenda-se 10 a 12 aves por bebedouro nipple ou 80 aves por bebedouro pendular. A água deve estar limpa e disponível em todos os bebedouros. Devemos distribuir os bebedouros de forma que as aves nunca tenham que andar mais de três metros para beber água. Fase de recria (5 a 15 semanas) Trata-se de uma fase das mais importante no preparo das aves para a produção de ovos. Os objetivos desta fase são: proporcionar condições para que as matrizes, quando na fase de produção, produzam satisfatoriamente, tais como promover ganho de peso corporal, de acordo com as sugestões da manual da ave; conseguir ótima uniformidade do lote durante toda a recria; e, prin- cipalmente, atingir maturidade sexual uniforme em todo o lote. Geralmente, os dois manejos mais importantes da criação de fran- gas-matrizes são o controle do peso corporal e o programa de luz. Controle de peso corporal Fonte: Manual de Criação Controle do peso corporal: as matrizes possuem a característica genética de engordar, que será transmitida aos pintinhos de corte. Conside- rando, no entanto, que uma ave gorda terá uma menor produção de ovos, que serão menores e que comerá mais, havendo um maior custo de ração, realizamos normalmente, um programa de restrição alimentar de acordo com tabela de peso corporal contida no manual das aves. A restrição objetiva atrasar a maturidade Unidade 10 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 sexual, produzir ovos maiores, produzir maior números de ovos, aumentar a resistência das aves à doenças. O programa de controle do peso corporal mais eficiente consta, essencialmente, em pesar semanalmente as aves e comparar seu peso com o peso padrão contida no manual da ave, aumentando a quantidade de ração ofertada, se a ave estiver com menos peso e diminuindo, se esta estiver acima do peso padrão. Quando a restrição é bem feita, pode-se conseguir em geral uma dúzia de ovos a mais por ave, 1 a 2% a mais de ovos grandes, bem como 2 a 3 kg a menos de consumo de ração durante a vida das aves. Durante o controle de peso corporal, podemos fazer a seleção das aves por aspectos físicos, além do peso, auxiliando na seleção de plantel de excelentes reprodutores. Recomenda-se iniciar as pesagens na segunda semana de idade. Durante o período de crescimento, sugere-se que as pesagens devam ser feitas semanalmente e a cada quatro semana na fase de postura. Ger- almente, pesa-se de 5 a 10% das aves do lote, tendo o máximo cuidado de pesar as mesmas aves, onde será elaborado algum sistema de identificação. Caso esteja programada alguma prática es- tressante como mudanças das aves, vacinação, debicagem ou doença, a restrição será suspensa e forneceremos ração à vontade durante os dias em que ocorrerem as práticas. Uniformidade do lote: o desenvolvimento corporal no período de recria abrange a for- mação de estrutura óssea e muscular e, posteriormente, se desenvolvem os órgãos de reprodução. Desta maneira, torna-se importante acatar as recomendações de manejo na recria de frangas-ma- trizes, dentre elas, assegurar o crescimento e a formação de boas carcaças. Em geral, os lotes de poedeiras que tenham o peso mais uniforme chegarão a um pico mais alto de postura. Geralmente, uniformidade excelente é de 85 a 100%, bom de 80 a 85% e satisfatória é de 75 a 80%. A uniformi- dade (U) do lote pode ser calculada utilizando-se o peso médio das aves, com base no peso padrão sugerido pelos manuais das linhagens , de acordo com a formula: Na uniformidade do lote, podemos fazer, quando em fase de cria ou até mesmo recria, uma seleção por peso em 100% das aves na balança, separando-as em três classes: aves pequenas – aquelas com peso de 10% abaixo do peso médio; aves médias – aves cujo peso se enquadra no intervalo de 10% a mais e 10% a menos em relação ao peso médio do plantel; aves grandes – aquelas aves que o peso corporal encontra-se 10% acima do peso médio do plantel. A uniformidade a partir do controle da curva de peso médio tem sido a forma mais usada e indicada pelos manuais na prática. Entretanto, existem outros características que podem ser anali- sadas para a obtenção do máximo potencial produtivo das aves: uniformidade do tamanho da ave; uniformidade de conformação de massa muscular, peito e pernas; e uniformidade de maturidade sexual. O conjunto dessas avaliações permite ao técnico o conhecimento da chamada “uniformi- dade da condição corporal”. (1) A uniformidade do tamanho do corpo é uma avaliação comparativa. Nessa avaliação, as aves são comparadas umas com as outras, em relação ao tamanho do corpo e canelas. (2) A uniformidade de conformação da massa muscular consiste na avaliação manual e in- dividual das aves, comparando a quantidade demassa muscular. Assim, conforme recomendações do manual da linhagem, pode-se avaliar se o desenvolvimento corporal da ave está de acordo com o preconizado. As empresas, geralmente, recomendam uma forma de peito de acordo com a idade da ave. (3) A uniformidade de maturidade sexual leva em consideração o aparecimento dos car- acteres sexuais secundários, cristas e barbelas, assim como a abertura pélvica dos ossos ilíacos, deposição de gordura e a troca de penas das asas, que deverá ser completa até o acasalamento. Manejo de arraçoamento: fase de recria - as fêmeas devem receber ração à vontade durante as U (%) Nº de aves dentro ± 10% do PM Nº total de aves da amostra = X 100 Unidade 10 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 primeiras 2 semanas e após isso, a ingestão de ração passará a ser controlada para garantir que não excedam a meta de peso com 4 semanas de idade. Os machos devem atingir o padrão de peso corporal previsto em cada semana, durante as 4 primeiras semanas para alcançar uniformidade do lote e obter o desenvolvimento esquelético adequado. A ração deve ser oferecida à vontade na primeira semana e depois, deve ser controlada para que os machos não excedam a meta de peso com 4 semanas de idade. Se os machos não atingirem a meta de peso durante as 4 primeiras se- manas, recomendamos aumentar o período de fornecimento de ração à vontade. Os machos devem ser criados separadamente até cerca de 6 semanas de idade, porém recomenda-se a separação completa dos machos e fêmeas durante a recria, até 16 semanas de idade, para obter os melhores resultados. Fatores que afetam a uniformidade do lote: alguns aspectos produtivos, se não bem obser- vados, podem afetar a uniformidade de um lote, como a qualidade do pinto, aquecimento, debicagem, den- sidade de alojamento, restrição alimentar, espaço de comedouro, arraçoamento e exigências nutricionais da ração. Programa de luz: as aves possuem um mecanismo fisiológico que, através de hormônios, es- timula o desenvolvimento e a maturação do seu siste- ma reprodutor. A luz que penetra no olho provoca um estimulo, que é conduzido pelo sistema nervoso até o cérebro e a glândula pituitária. Esta glândula libera um hormônio, o LH, que determina a ovulação. O pro- grama de luz adotado na criação de poedeiras comer- ciais é semelhante ao de matrizes. O programa de luz tem por finalidade evitar que as aves não entrem em postura precoce e, após o inicio da postura, estimular a produção de ovos. Desse modo, é comum obter au- mento na produção de ovos e no peso de ovos durante as primeiras semanas, quando se aplicar o programa de luz corretamente. Ao se fazer um programa de luz, é preciso determinar a época em que as aves vão completar 10 se- manas de idade; então verifica-se o comportamento da luz, se é crescente ou decrescente. A partir de 21 de junho a 21 de dezembro a duração do dia é crescente. Por ouro lado, de 22 de dezembro a 20 de julho o período de luz decresce. Um exemplo de programa de luz crescente e decrescente, encontram-se abaixo, de acordo com o relato de Englert (1998). Quadro 10.2- Técnicas de restrição alimentar Diária: alimenta as aves todos os dia, porém, com controle de quantidade; Seis por um: alimenta-se as aves com ração de sete dias em apenas seis, sendo um dia de re- strição; Cinco por um: alimenta-se as aves com a quan- tidade de ração de sete dias em cinco dias, sen- do dois dias sem alimento; Quatro por um: alimenta-se as aves com ração de sete dias em apenas quatro, sendo um três de restrição; Dia sim, dia não: em um dia, as aves são ali- mentadas com quantidade de alimento equiva- lente a dois, em outro são submetidas ao jejum. Unidade 10 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Programa de vacinação: o programa de vacinação de matrizes tem dois objetivos: (1) imunizar as reprodutoras, prevenindo-as contra doenças; e (2) preparar o sistema imunitário da reprodutora para a produção de anticorpos, que serão transmitidos ao pinto através do ovo. As recomendações do fabricante devem ser rigorosamente seguidas. Além disso, devemos manter o registro de datas e épocas de administração, método de vacinação, fabricante, numero de série e data de vencimento de cada vacina. Debicagem: é um processo cirúrgico com a finalidade de prevenir o canibalismo e a escolha das partículas maiores da ração. Por conseguinte, a debicagem bem feita resulta também em máximo aproveitamento da ração; porém, na eventualidade de falhas nessa operação, como por exemplo, deixar o bico inferior muito grande, em forma de espátula, pode ocorrer desperdício de ração e/ou dificuldade de ingestão. Os estresses nutricionais, ambientais ou alta densidade levam as aves a picarem umas as outras, principalmente na região da cloaca. A debicagem constitui um fator de estresse para as frangas de modo que deve ser selecionado pessoal capacitado para a atividade. A primeira debicagem deve ser feita entre 7 a 10 dias e a segunda, de 10 a 12 semanas de idade, utilizando uma máquina de debicagem que contenha uma placa-guia. O orifício deve ser escolhido de modo que o anel de cauterização fique a 2 ml da narina. Para uma boa cauterização, recomenda-se que a lâmina esteja numa cor vermelho-cereja. Na segunda debicagem, o bico su- perior deve ser cortado na altura de aproximadamente 2/3 em relação à extremidade da narina. Fatores importantes numa debicagem – não debique aves doentes; encher os comedouros antes e após a debicagem para evitar que as aves batam o bico no fundo do cocho; evitar coincidência com outras práticas de manejo e use eletrólitos e vitaminas durante a debicagem. Transferência para o galpão de postura: nos casos em que os reprodutores são criados separadamente, devemos transportar as aves do galpão de cria e recria para o galpão de postura com o máximo cuidado possível, pois a prática pode ser extremamente estressante. A administra- ção de eletrólitos e vitaminas três dias antes e três dias depois, ajudará na prevenção de problemas decorrentes do estresse. A transferência das aves para o acasalamento deve ser realizada com aproximadamente 17 semanas de idade, aproximadamente. Fase de postura O aparecimento do primeiro ovo marca o início da fase de reprodução. Alguns autores reco- mendam 1 a 5% de produção para dar início a essa fase. É extremamente importante a observação de todos os detalhes inerentes ao manejo, tais como: densidade de criação, relação machos/fêmea, quantidade de comedouros, bebedouros, ninhos, manejo alimentar, controle de peso corporal, col- heita de ovos e programa de vacinação. É durante a fase de postura que se colhem os ovos, como consequência de um bom manejo durante a cria e recria, sendo o objetivo nesta, a obtenção de máxima produção de ovos incubáveis. A densidade de criação, geralmente, é de 3,5 aves /m2 nos ambientes de clima quente. Ninho: as principais recomendações quanto aos ninhos tem sido a observação da correta relação de uma boca de ninho para cerca de quatro galinhas, a manutenção do material de “cama” em 1/3 da altura do ninho e sua prefeita limpeza e desinfecção. Recomenda-se colocar poleiros nos ninhos para facilitar a subida das galinhas e disponibilizar um guincho equipado com comedouros e bebedouro para permitir o acesso das aves à fonte de ração e água. Alimentação: a ração dos reprodutores deve seguir recomendações do manual da lin- hagem. Os espaços mínimos de comedouros durante o período de postura são cerca de 15 cm/ ave para comedouro automático e densidade de 12 e 10 aves por comedouro tubular e suspenso,respectivamente. Durante períodos muito quentes, devemos arraçoar nos horários mais frios do dia. Como as exigências nutricionais de machos e fêmeas são diferentes, mas estes convivem Unidade 10 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 no mesmo ambiente, precisamos disponibilizar comedouros que permitam a fêmea consumir sua ração sem ingerir a do macho e, que também, o macho não consuma a dieta da fêmea. Para isso, foram elaborados comedouros com finalidades especificas. Assim, os machos são alimentados em comedouros suspensos, de modo que as fêmeas não os alcancem. Por outro lado, estas são arra- çoadas em comedouros do tipo calha equipados com grades, que excluem os machos por causa da largura maior de sua cabeça. Os comedouros pendulares de manejo manual podem ser protegidos do acesso dos machos usando-se grande de arame. Observações do estado de conservação das grades dos comedouros das fêmeas devem ser feitas rotineiramente, para não permitir em hipótese alguma que os machos consumam sua dieta. Manejo dos ovos: do manejo depende a soma dos poucos centavos que buscamos na atividade. Portanto, algumas recomenda- ções são pertinentes, como: fazer pelo menos duas colheitas de ovos por dia; identificar os ovos, considerando o lote, a data da colheita e dados das matrizes produtoras; não misturar ovos limpos com os sujos; selecionar os ovos de acordo com o peso e formatos; fazer a medida da qualidade externo dos ovos (pode ser a gravidade especifica); lavar e desinfetar as mãos de manipuladores dos ovos; pulverizar os ovos com formol. Alguns fatores influenciam na qualidade dos ovos, tais como a idade da matriz, doenças, especificação nutricional, estresse, etc. A idade da matriz influencia no tamanho do ovo, pois à medida em que as matrizes envelhecem, ocorre um aumento de intervalo entre ovulações, devido à redução na taxa de postura, o que é acompanhado de um aumento no tamanho do ovo, devido a mesma quantidade de gema proveni- ente de síntese hepática ser depositada em um menor número de folículos. Portanto, pintos deriva- dos de matrizes jovens tendem a apresentar um desempenho inferior aos daqueles derivados de matrizes velhas, o que é atribuído à menor quantidade de albúmem e gema dos ovos de matrizes jovens (Pinchasov & Noy, 1993). A idade da matriz também influencia no tempo de eclosão, visto que o tempo de incubação é afetado mais pelo tempo de estocagem pré-incubação do que pelo peso inicial do ovo propriamente dito. Armazenamento: quando necessários os ovos devem ser armazenados em temperatura abaixo do ponto “zero fisiológico”. A temperatura da sala deve ser de 18 a 20ºC, com umidade supe- rior a 70%. O armazenamento dos ovos não devem ultrapassar o período de sete dias, pois a taxa de eclosão diminui pelo menos 1% para cada dia que passa após o quarto dia de armazenamento. Seleção de ovos: separe os ovos que não servem para incubar, ou seja, aqueles que possuírem as seguintes características: casca fina, casca áspera, casca enrugada, forma redonda ou defeituosa, pontas longas, rachaduras, muito pesado ou muito leve, câmara de ar solta ou defeituosa. Transporte: Os ovos devem ser transportados, preferencialmente, em caixas plásticas. Deve-se manter o veiculo sempre limpo, assim como as caixas e as bandejas para evitar prob- lemas de contaminação. O ideal é que o veículo disponha de sistema de controle de temperatura e umidade para evitar perda de mortalidade embrionária por excesso de calor. O motorista deve ter consciência de não exceder na velocidade, pois isso acarretaria prejuízos por avaria na casca dos ovos. Entre os principais problemas encontrados em fase de produção, podemos destacar os fatores que provoca a (1) produção de ovos abaixo do necessário e os fatores que causam (2) baixa qualidade e eclodiblidade dos ovos. Motivos que podem causar baixa produção de ovos: quantidade insuficiente de ração ou dieta deficiente; excesso de ração; baixa viabilidade; qualidade de água; programa de luz; ventilação ou calor; presença de choco; doenças; e manejo. Este último tem um peso maior, pois cerca de 90% dos casos de quedas de postura é devido a problemas de manejo. Já Ninhos para coleta de ovos Unidade 10 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 os principais problemas envolvidos na perda da qualidade do ovo incubável são, entre outros: ovos muito pequenos ou grandes; ovos de cama; perdas na qualidade da casca; problemas de manejo, como espaço de bebedouro e comedouro, falha na distribuição de alimento, más condições da cama, número e condições dos ninhos; e algumas doenças. Os principais problemas que afetam a fertilidade e eclodibilidade, são: obesidade dos reprodutores; problemas no incubatório e seleção de ovos; alta densidade de criação; algumas doenças; excesso de calor; e aproveitamento de ovos de aves jovens e velhas do plantel. MANEJO DE MACHOS Na criação de matrizes, a proporção de machos representa apenas 10% em relação à das fêmeas, porém, os machos contribuem com 50% da carga genética do lote, tornando-se fun- damentais para a fertilidade em um plantel. Apesar disso, os estudos com matrizes fêmeas têm recebido maior atenção dos pesquisadores. Os machos devem ser criados nas mesmas condições ambientais das fêmeas, a exceção de manejos específicos como: corte de dedos e esporões, corte de cristas, debicagem e arraçoamento. Semelhante ao manejo de fêmeas, os machos também apresentam, segundo Bittar Filho & Ribeiro (2005), desenvolvimento fisiológicos diferentes entre os seguintes estágios: 0 a 4 se- manas – bom e uniforme desenvolvimento dos tecidos corporais, dos órgãos internos, do sistema imunológico do empenamento, do esqueleto e do apetite; 4 a 10 semanas – crescimento para atingir apropriado peso corporal, de acordo com a idade e com a manutenção da uniformidade; 10 a 15 semanas – transição entre a fase de crescimento e de reprodução; e 15 semanas até a fase produtiva – maturação sexual. Fase cria e recria No ato de recebimento das aves, os machos matrizes devem ser submetidos aos mesmos cuidados iniciais dispensados às fêmeas. Preferencialmente, os pintos do plantel machos devem ser oriundos de um mesmo lote de avós. O objetivo dessas fases é garantir o bom desenvolvimento da carcaça, do sistema imu- nológico, da função cardiovascular, do empenamento e do apetite. Para isso, o avicultor deve seguir rigorosamente as recomendações quanto ao controle de peso corporal. O ganho de peso e a unifor- midade dos machos nestas fases serão determinantes para estabelecer o perfil reprodutivo do lote. Portanto, nesse período, os machos devem estar com peso próximo ao peso padrão da linhagem e com a maior uniformidade possível. Densidade: a densidade de criação de machos matrizes, recomenda-se que, após dez semanas de idade, não seja superior a 3,5 aves/m2, visto que influencia no desenvolvimento corpo- ral e reprodutivo. Debicagem: a debicagem dos machos tem influência no desempenho reprodutivo do lote, pois os machos usam o bico para segurar a fêmea no momento da cópola. A debicagem dos machos deve ser feita entre 5 e 7 dias de idade. O objetivo é remover uma mínima quantidade do bico, minimizando o estresse dos pintos. O fornecimento de suplemento vitaminico na água, dos dias antes e depois da debicagem, ajuda o processo de cicatrização e combate o estresse. Controle de peso corporal: assim como em fêmea, o controle de peso corporal em machos visa maximizar seu desempenho reprodutivo, através da manutenção do peso corporal dentro dos limites sugeridos pelo manual da linhagem.Faz-se por meio do controle de fornecimento de alimento, alcançando uma boa uniformidade do lote. A amostragem de peso deve ser realizada semanalmente, a partir do primeiro dia de vida das aves. Um programa de restrição alimentar para Unidade 10 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 machos pode ser adotado quando necessário, mas de maneira mais suave que o adotado para o plantel de fêmeas, sendo ideal que os machos recebam alimento diariamente. As pesagens são de grande importância para a manutenção da qualidade dos machos, onde devemos seguir alguns critérios: pesar de 5 a 10% do plantel; capturar as aves em pontos representativos; pesar todos os machos capturados; no momento da pesagem, deve-se avaliar a condição física do macho, observando-se problemas físicos, con- formação corporal, atividade reprodutiva e peso corporal. Seleção por peso: a primeira seleção por peso deve ser realizada de quatro a cinco semanas de idade do plantel; já a segunda seleção faz-se necessário a partir da 12ª semana. Durante o trabalho de seleção, recomenda-se classificar o lote em aves leves, médias e pesadas, de acordo com o peso padrão da linhagem e na proporção de 5% do plantel. Além disso, durante a seleção podemos proceder aos descartes de machos por diversos fatores, tais como: faixa de peso (muito leve ou muito pesado), comprimento de canela (canela muito pequena), baixo desen- volvimento (desenvolvimento testicular insignificante, por exemplo), entre outros. Fase de reprodução Os galos podem ser criados juntos com as fêmeas ou não. A criação sepa- rada facilita o controle de peso corporal, embora necessite de maior espaço nas instalações. Geralmente, são feitas duas seleções: a primeira com oito e a se- gunda, com cerca de 15 semanas de idade dos galos. As principais características selecionadas nos galos são: bom peso (de acordo com o manual), pernas fortes e retas, costas largas, profundidade torácica, cabeça e bico forte, vigor e vivacidade. Acasalamento: algumas literaturas recomendam a criação separada de machos e fêmeas, a fim de permitir melhor controle do peso corporal e a facilidade de administração de medicamento, embora possam provocar brigas entre galos. Machos e fêmeas podem, então, ser criados separadamente do nascimento até o acasalamento. O acasalamento pode ser feito entre seis e oito semanas, entre 12 e 14 ou entre 18 e 20 semanas de idade das aves. Estudos indicam que o acasalamento precoce (antes de 14 semanas) propor- ciona correlação positiva com o amadurecimento sexual das fêmeas, ou seja, faz com que esta produza mais cedo, por outro lado, corre-se o risco de se causar sobrepeso nos machos, além de dificultar o controle do arraçoamento. Os acasalamentos tardios (após 18 semanas), por sua vez, permitem bom controle de peso corporal e uniformidade de machos, entretanto, necessita de maior de criação. Os machos selecionados para o acasalamentos devem apresentar as seguintes caracter- ísticas: manter-se em peso ao redor do preconizado pelo manual, sendo os leves e pesados des- cartados; devem ser saudáveis, sem defeitos físicos; vigorosos, com pernas e dedos sem deformi- dades. Alimentação: o correto arraçoamento de machos no período de postura é fundamental para evitar problemas de eclosão, lembrando que os machos representam 50% do material genético disponível a eclodibilidade dos ovos. A quantidade de ração consumida pelos machos, no período de produção, é dependente das necessidades da ave para manter a taxa de ganho de peso exigida. Geralmente, a necessidade de ingestão de ração varia de 135 g para 170 g/ave/dia, dependendo da empresa. O peso médio dos machos, durante o período de produção é crescente, havendo necessi- dade de volume crescente de ração. É fundamental que sejam feitos pequenos incrementos durante todo esse período, suprindo o aumento da demanda de energia e nutrientes. Macho selecionada a reprodução Momento da cópula Unidade 10 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 O convívio de machos e fêmeas no mesmo ambiente, mas com especificações nutricionais diferentes obriga empresas e técnicos a pensarem em equipamentos de arraçoamento que garan- tam a alimentação de ambos. Comedouro automático tipo prato, comedouro pendular de manejo manual e comedouro suspenso tipo calha, têm sido os tipos de equipamentos de arraçoamentos mais utilizados na criação de machos reprodutores. Os comedouros suspensos têm sido usados com bastante êxito na alimentação de galos. No entanto, independente do tipo de comedouros uti- lizado, é essencial que o equipamento esteja na altura desejada para limitar o acesso das fêmeas a ração dos machos. A utilização de ração especifica para machos pode apresentar vantagens, como aumento da taxa de fertilidade, quando alimentados com ração de baixo teor protéico (Hocking, 1989). Isso pode estar associado à maior deposição de cristais de ácido úrico nas articulações dos machos que receberam dietas ricas em proteína, prejudicando a eficiência de acasalamento. Além disso, as limitações das exigências nutricionais dos machos constituem numa das principais razões da reluta dos produtores em adotar um programa nutricional específico para galos reprodutores. Atualmente, o excesso de peso corporal e a baixa fertilidade dos planteis, oriundos de estimativas nutricionais errôneas, tem levado os produtores a substituir os reprodutores com o máximo de 50 semanas de idade, o que onera a atividade. Segundo os relatos de Tardin (1990), a prática de uso de ração com 16% de proteína para galos onera o custo de alimentação destas aves de 7 a 11% em relação a dietas com 12% de proteína bruta. Descarte: a redução do numero de machos, durante a fase reprodutiva, é uma técnica comum em granjas de matrizes. Os descartes devem ocorrer, preferencialmente, durante o manejo das pesagens. Os machos devem ser descartados quando apresentar: peso muito leve ou muito pesado; e problemas físicos que comprometam a cópula. Lotes que, por ventura, apresentem per- das elevadas do número de machos ativos e problemas de fertilidade devem ser repostos. ÍNDICES PRODUTIVOS As fichas de índices produtivos são compostas por fórmulas que servem para analisar o desempenho do plantel de matrizes no incubatório (próximo capítulo). Portanto, além do desem- penho produtivo calculado na granja, semelhante àquele citado na criação de poedeiras comerciais, o incubatório fará cálculos que também servirão de avaliação do lote de reprodutores. Entre outros, são os seguintes índices: Taxa de eclosão (TE): é igual ao número de pintos eclodidos em relação ao número de ovos colocados na incubadora. Os valores entre 80 e 85 são considerados normais. TE (%) = (nº de pintos eclodidos ÷ nº de ovos colocados) x 100 Eclodibilidade: é o percentual de pintos nascidos em relação ao número de ovos férteis determinados por ovoscopia. Eclodibilidade (%) = (nº de pintos nascidos ÷ nº de ovos férteis) x 100 Taxa de fertilidade (TF): é o percentual de ovos férteis em relação ao número de ovos in- cubados. O percentual de fertilidade deve estar, normalmente, por volta de 95%. TF (%) = (nº de ovos férteis ÷ nº de ovos incubados) x 100 Consideração final O sucesso da criação de matrizes é resultado de uma adequado conhecimento técnico e prático de todas as fase de produção, ajustando-se o manejo às várias situações cotidianas. Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00fertilização do óvulo de galinha ocorre no infundíbulo, logo após a ovulação; já o pro- cesso de formação do ovo total demora cerca de 26 horas. Durante esse período, o ovo permanece no oviduto, onde a temperatura é de aproximadamente 42ºC, possi- bilitando o desenvolvimento embrionário. Geralmente, os ovos de matrizes (galinhas) apresentam período de incubação de 21 dias, quando são eclodidos em incubatórios. O incubatório é o setor responsável pelo fornecimento de pintos de um dia aos produtores, entretanto, a qualidade dos pintos depende de fatores inerentes ao incubatório, tais como manejo e estocagem dos ovos, manejo de incubadoras e nascedouros e condições de manejo do nascimento ao alojamento dos pintos. A característica do ovo, o manejo pré-incubação, o tempo de estocagem e as condições de incubação interferem no período de incubação e na qualidade do pinto ao nascer. Manejo dos ovos para incubação Os ovos a serem incubados merecem cuidados especiais durante a coleta e manuseio, pois os mesmos apresentam casca fina, além de so- frerem rápida desidratação. A colheita dos ovos deve ser feita de 2 a 4 vezes ao dia. Após a colheita, recomenda-se fazer uma fumigação dos ovos antes de armazenar. Na seleção dos ovos é importante descartar os sujos e aqueles ovos trincados e quebrados. Os ovos para incubação não devem ser lavados, por facilitar a penetração de microrganismo no interior dos ovos via umidade. Se houver necessidades de alguma limpeza pode-se passar um papel macio para a operação. Manejo no processo de incubação Atualmente, as aves foram melhoradas e com isso perderão a característica do choco. Além disso, para produzir pintinhos e pintinhas em escala maior o criador deve recorrer à incubação artificial. Nas pequenas criações, o próprio criador poderá construir uma pequena chocadeira (de madeira, caixa de isopor...), basta respeitar as condições mínimas de temperatura e umidade. Para uma escala de produção ainda maior, o avicultor deve recorrer às modernas máquinas de incubação, onde existe controle de temperatura, umidade, ventilação e viragem dos ovos. Para isso, um incubatório deverá ser construído com as áreas internas obedecendo a seguinte sequência: (1)- depósito de ovos; (2)- câmara fria; (3)- incubadora; (4)-nascedouro; e (5)-seleção e embalagem dos pintinhos. Em outra parte do incubatório deve conter sala para depósito de caixas, local para lavagem de equipamentos, vestiários e sanitários. Unidade 11 A UNIDADE XI- Avicultura Incubação de Ovos Sala de seleção de ovos Fonte: Prof. Jordão Filho, J. 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Na linha de incubação, o planejamento do número de ovos a serem incubados é importante para evitar estocagem de ovos por muito tempo. A temperatura e a umidade estão diretamente relacionadas com o tempo de armazenamento dos ovos. Período de estocagem de até 7 dias ne- cessita de 18ºC de temperatura e 80% de umidade. Acima disso, recomenda-se reduzir apenas a temperatura para 13ºC. Da câmara fria, os ovos são transferidos para a sala de incubação, podendo ocorrer con- densação da umidade da casca, se feita à transferência imediata. A condensação facilitar, a con- taminação microbiana e diminui o rendimento da incubação. Para evitar esse problema, após a retirada da câmara fria, os ovos devem permanecer de 3 a 5 horas a uma temperatura amena (22ºC), caso contrário, os ovos podem baixar a temperatura dentro das incubadoras, retardando o processo de incubação. Tanto no armazenamento como na incubadora, os ovos devem ser colocados com a ponta fina para baixo. Esse manejo é feito para permitir crescimento da câmara de ar durante a incubação e que os pintinhos respirem este ar antes de quebrar a casca do ovo. Na incubadora, os ovos devem ser virados a cada hora, caso o equipamento possua siste- ma automático de viragem, caso não, deve-se fazer a viragem pelos menos duas vezes ao dia. A temperatura na incubadora deve ser de 37,5ºC e a umidade relativa do ar (URA) de 60%. Três dias antes da eclosão, os ovos são transferidos para as câmaras de eclosão ou nasce- douros, com temperatura de 37,2ºC e URA de 70%. O processo de incubação total dura apenas 21 dias. Os pintinhos devem ser retirados das máquinas de eclosão quando cerca de 95% deles estiverem com as penugens secas, devendo ser encaminhados à sala de seleção. Na sala de recepção dos pintinhos, será feita a seleção descartando as aves com umbigo mal cicatrizado, por ser foco de contaminação, e as aves com anormalidades, como bicos tortos, pés defeituosos, etc. Além disso, é feita nesta sala a uniformidade e o cálculo da mortalidade do lote. Com isso, a avaliação do processo de incubação dar-se início com a mortalidade e chega a taxa de eclosão, que deve estar entre 80 a 85% para ser considerada bom. Redução da taxa de eclosão significa problema inerente ao processo de incubação ou intrínseco ao matrizeiro, isto por que, a eclodibilidade dos ovos depende de fatores como a idade, nutrição e estado sanitário das aves, peso dos ovos e período de estocagem. Seções do Incubatório Área de Recebimento de ovos: esta área é conhecida pela plataforma de recebimento dos ovos. A plataforma deve ser coberta para evitar que os ovos fiquem expostos diretamente à luz solar e/ou chuva e deve apresentar-se sempre limpa e desinfetada. Durante o descarregamento, as Sala de seleção de ovos / Incubação artesanal de ovos Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Contribuição Cientifica Ovos de codornas estocados acima de sete dias podem apresentar redução da taxa de eclosão na ordem de 3% ao dia. Adaptado de Murakami & Ariki (1998) Unidade 11 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 caixas contendo os ovos incubáveis devem ser cautelosamente colocadas em carrinhos especiais e, depois, ser conduzida ao fumigador, que deve ser a única e exclusiva porta de entrada da sala de ovos. Câmara de fumigação: a câmara de fumigação existe para cumprir exigência do Minis- tério da Agricultura, obedecendo à lei. A fumigação não é um processo de desinfecção emprega- do apenas no recebimento dos ovos, pois ela é utilizada também nas máquinas incubadoras, nos nascedouros e durante o nascimento dos pintos, variando apenas na concentração do produto uti- lizado. Mesmo que os ovos tenham passado por algum tipo de desinfecção na granja de matrizes, ao chegar no incubatório, eles devem receber um novo tratamento, objetivando reduzir ainda mais a carga de contaminação presentes na casca do ovo. Sala de ovos: este local deve possuir um espaço físico adequado ao volume de ovos recebidos, bem como ambiente climatizado, com URA variando de 70 a 80% e temperatura entre 20 e 22ºC. É nesta sala onde os ovos passam por uma seleção bastante rigorosa, descartando-se aqueles que apresentam trincas, deformações, coloração desuniforme, maior porosidade, tamanhos e pesos indesejáveis, já que ovos demasiadamente pequenos darão pintos muito pequenos, pois o peso do pinto será 70 a 72% do peso do ovo; e, por outro lado, ovos muito grandes não ficam bem encaixados nas bandejas das máquinas incubadoras, podendo ocorrer trincas na casca e, possivel- mente, entrada de microrganismos. Na sala de ovos deve possuir mesas, para seleção dos ovos, que possibilite maior produtividade, bem como lavatório. Após o procedimento de seleção dos ovos, estes são colocados em bandejas das máquinas incubadoras, tendo-se o cuidado de não colocá-los com o pólo menor para cima, o que acarreta grande mortalidade entre 15 a 21 dias de incubação, devido à diminuição da câmara dear. Os ovos das bandejas de coleta devem ser transferidos para as bandejas de incubação. O processo deve ser realizado com bastante cuidado, para não incubar ovos quebrados, que irão contaminar a máquina. É bom lembrar que os ovos transportados para a incubação devem ser pré-aquecidos por cerca de 12 horas a 30ºC. Sala de estocagem de ovos: os ovos podem ficar estocados por no máximo cinco dias, sob pena da redução na taxa de eclosão, caso esse prazo seja ignorado. Os ovos podem ser armazena- dos nos próprios carros de incubação. Observar sempre a limpeza da sala e controle da temperatura e umidade, que devem ser iguais aos da sala de ovos. Se os ovos da sala de espera forem incuba- dos no mesmo dia, deve-se elevar a temperatura da sala para 30º C durante três horas, pelo menos. Isso evitará uma diferença muito grande de temperatura entre os ovos e o ambiente quente e úmido da incubadora, o que levaria à condensação da umidade sobre as cascas. Câmara fria: no caso de períodos de armazenamento superior a sete dias, os ovos devem ser colocados diretamente na câmara fria. Recomenda- se embalá-los em caixas, as quais devem ser envelopadas em sacos plásticos para diminuir as perdas internas de água. A temperatura da câmara fria deve ser estável, entre 12 a 15ºC, para atingir com segurança o ponto fisiológico “zero”, e a umidade, a máxima possível. Cuidados na Sala de Incubação: fazer manutenção preventiva dos carros de incuba- ção; direcionar as saídas de ar do sistema de ventilação para cima dos equipamentos; conduzir os ovos para sala de incubação 8 a 12 horas antes de incubá-los; devemos lembrar que temperaturas baixas determinam atraso no desenvolvimento embrionário, enquanto temperaturas elevadas acel- Sala de incubação de ovos Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Unidade 11 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 erar o desenvolvimento. Outro fator é a viragem dos ovos, que deve ser sempre verificada, para evitar que o embrião adira a casca do ovo. O tempo do ovo de galinhas na máquina de incubação é de aproximadamente 18 dias, sendo os outros três dias destinados à sala de eclosão. Sala de Nascedouro: os nascedouros operam geralmente a uma temperatura de 36,7ºC e URA em torno de 70%. Para a manutenção desses níveis, é necessário que todos os controles automáticos da máquina estejam funcionando perfeitamente. O tempo total de incubação envolvendo a incuba- ção propriamente dita e a nascedouro é de 21 dias para galinhas. A retirada dos pintos é um dos primeiros fatores de impacto no desempenho final, se retirado tardiamente, podendo ocorrer desidratação, com perda de peso, que se refletirá na qualidade e no rendimento do frango. Sala de Pintos: esta é a última etapa do processo, e nem por isso a menos importante; ao contrário, é nesta sala onde os pintos são selecionados, contados, vacinados e sexados, para só então serem levados às granjas. Todo o pessoal que trabalhe na seleção deve ser treinado, para que tenha a capacidade de verificar com precisão os defeitos físicos, o nível de hidratação da ave, a cicatrização do umbigo, a vivacidade, a uniformidade de crescimento e a coloração da penugem. Os pintos que não estejam dentro dos padrões são descartados; os demais passam para a etapa seguinte, que é a vacinação. Consideração Final A incubação artificial de ovos, garante a disponibilidade de material genético necessário ao desen- volvimento do setor de carne e ovos de consumo. Vacinação de pintinhos no incubatório Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Nascimento dos pintinhos na sala de eclosão Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 arantir a saúde do plantel é fundamental para que as características produtivas das aves, tanto o potencial genético quanto o aproveitamento nutricional, sejam expres- sos na sua totalidade. Para a obtenção de um desenvolvimento competitivo devem ser adotadas medidas que possibilitem a identificação e redução de riscos à saúde das aves. Programa de biosseguridade O programa de biosseguridade é composto por um conjunto de medidas e procedimentos de cuidados com a saúde do plantel, aplicados em todas as etapas de criação. Tem como objetivos diminuir o risco de doenças, minimizar a contaminação do ecossistema e resguardar a saúde do consumidor final. O sucesso do programa está diretamente relacionado com o grau de conscien- tização e à adesão de todos os funcionários à filosofia, princípios e normas que regem a biosse- guridade. Nesse programa, são determinadas normas de procedimentos quanto a localização do aviário, a aquisição dos pintos, o manejo sanitário durante o período de produção, incluindo o sistema de criação, critérios de acesso ao aviário, a limpeza diária e a higienização do aviário, após a retirada das aves. A imunização dos frangos é feita através da vacinação contra as principais en- fermidades, atendendo às condições endêmicas regionais, desde que esteja em conformidade com as recomendações dos órgãos oficiais. Cuidados na aquisição dos pintos: os pintos devem ser adquiridos de incubatórios idôneos, registrados no Ministério de Abastecimento, livres de doenças. Os pintos devem ser provenientes de matrizes vacinadas contra doenças como: gumboro, bronquite infecciosa, newcastle, encefalo- mielite, coriza e bouba aviária, capazes de transmitir imunidade à progênie. Todos os pintos devem ser vacinados, ainda no incubatório, contra a doença de Marek. Após o alojamento dos pintos deve- se queimar imediatamente as caixas usadas no transporte. Cuidados na localização da granja: a granja deve estar instalada em local tranquilo, cercada por cercas de segurança para evitar o livre acesso. A recomendação da distância mínima entre granjas é de 2.000 metros. A distância recomendada entre um aviário e outro é de, no mínimo, 100 metros e entre o aviário e um abatedouro, é de 5.000 metros. Na construção do aviário, deve ser observado que as superfícies interiores dos galpões permitam limpeza e desinfecção adequadas e que as aberturas, como calhas e lanternins, sejam providas de telas para evitar o acesso de outros animais como pássaros, animais silvestres e roedores. Unidade 12 G UNIDADE XII - Avicultura Sanidade das Aves 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Acesso e fluxo do trânsito na granja: devem ser reduzidos ao máximo os perigos de con- tágio para as aves, estabelecendo-se critérios de acesso aos aviários e designando-se diferentes áreas dentro da granja, segundo os riscos de contaminação. Deve-se considerar a idade das aves (visitar primeiro as mais jovens) e o estado sanitário dos lotes (proibir visitas em aviário com prob- lemas). Havendo suspeita de enfermidade em um lote, somente o funcionário e o responsável pela granja poderão ter acesso à ele. Cuidados com a ração e a água: é necessário conhecer a procedência e a quali- dade tanto nutricional quanto microbiológica dos ingredientes das rações. Uma alimentação pobre causará deficiências que, consequentemente, serão refletidas no desempenho, podendo interferir na capacidade imunológica das aves. O armazenamento das rações deve ser feito em local limpo, arejado, abrigado da umidade e sobre plataformas para facilitar a limpeza do local. A água da granja deve ser captada numa caixa d´água central para posterior distribuição. Precisa ser abundante, limpa, fresca e isenta de patógenos. Tanto a água como a ração, deve ser monitorada parase ob- servar as condições químicas, físicas e microbiológicas. Recomendações de manejo sanitário: (1) criar as aves no sistema “todos dentro, todos fora”, ou seja, alojar em um mesmo aviário, aves de igual procedência e idade, do alojamento ao abate; (2) avaliar o risco de contaminação de qualquer objeto que precise ser introduzido na granja, após rigorosa desinfecção; (3) na porta de entrada do aviário deve ser colocado um recipi- ente com solução desinfetante para que as pessoas desinfetem os calçados (pedilúvios) e os veícu- los (rodilúvio), antes de entrarem e ao saírem do aviário; (4) observar, diariamente, a limpeza dos bebedouros, bem como do aviário e suas imediações, fazendo o controle de mosca e roedores; (5) enterrar as aves mortas em fossas sépticas; (6) colocar material de cama novo sempre que a cama velha for molhada e nunca reutilizar a cama; (7) manter uma ficha de acompanhamento técnico do lote com informações sobre a data de alojamento, o número de aves alojadas, o desempenho das aves, medicamentos administrados e a mortalidade diária do lote. Vacinação: o programa de vacinação deve ser rigorosamente respeitado. Para que a prática de vacinação seja realizada com sucesso, é necessário planejá-la com antecedência, obser- var o prazo de validade das vacinas, manejá-las corretamente quanto à via de aplicação, diluição, conservação e evitar a incidência direta do sol na vacina. Aves doentes não devem ser vacinadas. Principais enfermidades Doenças virais: Newcastle: altamente contagiosa, afeta aves em qualquer idade. O vírus pode afetar e causar lesões no sistema digestivo, respiratório e nervoso, causando alta mor- talidade. Aves com a doença de Newcastle, na forma respiratória, reduzem o consumo de alimen- tos e apresentam espirros, dificuldade em respirar, conjuntivite e, às vezes, inchaço da cabeça. Aves em produção de ovos reduzem bruscamente a produção. Na forma digestiva, a doença pode provocar diarréia com presença de sangue e mortes repentinas, sem nenhum sinal e as lesões se concentram no sistema digestivo, caracterizando-se, principalmente, por úlceras e hemorragias. Na forma nervosa, que pode ou não estar associada à forma respiratória, observa-se a paralisia de pernas e asas, incoordenação, torcicolo e opistótono. As melhores maneiras de controle consistem na VACINAÇÃO, isolamento dos casos e higiene impecável. Observação: o vírus da Newcastle pode provocar conjuntivite no ser humano, portanto, cuidado ao manusear aves suspeitas, doentes ou vacinas. Bronquite infecciosa: doença que afeta aves jovens e adultas, causando, principal- mente, transtornos respiratórios e reprodutivos. Nas aves jovens, observam-se espirros, ronqueira, corrimento nasal e ocular, depressão e redução no consumo de ração. Na ave adulta, além dos Unidade 12 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 problemas respiratórios, ocorre redução da qualidade e quantidade dos ovos que se apresentam com casca mole, sem casca, perda de cor da gema e a clara mostra-se liquefeita. Também a vaci- nação é a melhor estratégia para prevenir. Bouba aviária: também conhecida por epitelioma contagio- so, varíola das aves, difteria, “caroço”, “pipoca”e “bexiga”, afeta todas as aves e em qualquer idade, ocorrendo com maior frequên- cia no verão devido à proliferação de mosquitos que disseminam o vírus de local para local, picando e sugando as aves. Quando a bouba infecta a pele, aparecem os nódulos nas regiões desprov- idas de penas (crista, barbelas, em volta do bico e dos olhos). Quando afeta a garganta (forma diftérica), há formação de placas que podem se alastrar causando dificuldades para respirar, perda de apetite, prostação e mortalidade elevada. Também o melhor controle se faz com a vacina, que pode ser aplicada logo ao nasc- er. Doença de Marek: é uma neoplasia de origem viral que afeta aves jovens, caracterizando-se pela presença de tumores, que podem ser encontrados nas vísceras das aves (Marek visceral), no sistema nervoso central e periférico (Marek neural), na pele (Marek cutânea) e no globo ocular (Marek ocular). Os sintomas de quase todas as formas levam a ave à prostação, paralisia e morte elevada. A vacina também é dada com 1 dia de idade dos pintos. Gumboro: é uma infecção aguda, contagiosa que acomete aves jovens. As aves apresentam depressão, diarréia, diminuição no consumo de alimento e desid- ratação. A mortalidade é variável. Após o surto, o lote fica propenso a contrair outras infecções e o seu desen- volvimento fica comprometido. Encefalomielite aviária: Afeta e infecta aves adultas e jovens, mas somente as jovens, até 8 sema- nas de idade, desenvolvem a doença, que é caracter- izada por tremores e paralisia do pescoço e cabeça. Nas aves em produção, há queda brusca de postura. Existe a vacina, principalmente para indivíduos destinados à reprodução. Gripe Aviária (H5N1): doença infecciosa aguda de etiologia viral, carac- Caroço na cabeça – típico de Bouba Paralisia de perna – típico de Marek Hemorragia muscular – típico de Gumboro Unidade 12 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 terizada por provocar lesões nos sistemas, respiratório, digestivo e nervoso. O agente causador é um vírus do gênero Influenza A da família Orthomixoviridae. Além das aves este gênero infecta inúmeros outros mamíferos inclusive o homem. Devido a sua variação antigênica quanto as glicoproteínas de superfícies Hema- glutininas (H) e Neuroaminidases (N), os vírus Influenza A são divididos em sub- tipos. Atualmente são reconhececidos 16 subtipos de H (1-16) e 9 de N (1-9). As espécies de exploração econômica mais acometidas são galinhas e perus onde as perdas podem ser totais. Aves silvestres e aves migratórias podem adoecer, porém o mais comum é infectar-se, carrear o vírus e dissemina-lo sem manife- star sinais clínicos. Sintomas: depressão, perda de apetite, queda de produção, sinais nervosos, edema e cianose da barbela e da crista, espirros, tosse, diarréia e mortalidade súbita, que pode ocorrer com ou sem os sinais acima descritos. Os achados de necropsia podem ser variáveis, mas geralmente estão associados a extensas hemorragias nos órgãos internos, nas patas, na barbela e crista. A trans- missão do vírus ocorre principalmente por contato direto com secreções de aves infectadas, especialmente fezes, alimento, água e equipamentos. Alguns quest- ionamentos foram feitos pela população mundial no período de surto da doença, que foram exclarecidas por profissionais via Revista Ave World (n.21, abril/maio de 2006): (1) Existe a possibilidade de ocorrer uma pandemia humana devido ao vírus H5N1? Pequena, pois os focos do vírus ocorreu em regiões onde o tratador convivia com as aves. (2) As células humanas têm receptoras para o vírus H5N1? Não. O vírus não infecta humanos como ocorre com a gripe normal; O vírus H5N1 não se estabelece em humanos, a menos que se apresente mutação. (3) A carne e ovos de aves podem ser consumidos sem perigo de adquirir Influenza? Sim. Não há perigo de transmissão, pois com o cozimento o vírus (caso exista) é com- pletamente inativado; Doenças causadas por bactérias: Colibacilose: doença comum na avicultura, causando grandes prejuízos. A bactéria encontra-se nos intestinos de aves e mamíferos, sendo eliminada com as fezes. Portanto higiene é fundamental como sempre nos ambientes de criação. Os pintinhos podem nascer contaminados devido à contaminação das cascas dos ovos, ou ainda contaminar-se no pinteiro. Os sintomas: onfalite, aerosaculite, pericardite, perihepatite e peritonite.Ossintomas também podem estar localiza- dos nas articulações, causando artrite e ou no oviduto, causando salpingite.Pela gravidade e difusão de sintomas, é doença que pode causar grande mortalidade. A higiene e desinfecção periódica das instalações é a melhor maneira de prevenir esta doença. Salmonelose: esta doença é uma das mais preocupantes, pois pode repre- sentar problemas para o ser humano, pois as salmonelas infectam tanto mamífe- ros quanto aves. Apesar de haver salmonelas específicas para cada caso, há, en- tretanto, salmonelas consideradas não específicas. As principais são a pulorose, que afeta aves jovens, e o tifo aviário, que afeta principalmente aves adultas. As salmonelas não específicas causam o paratifo aviário. As salmonelas são alta- mente patogênicas para mamíferos e aves, causando alta mortalidade. Seus sin- tomas se confundem com outras bacterioses, como a colibacilose, e a diferencia- ção é feita com o isolamento e identificação da bactéria. O controle mais uma vez Unidade 12 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 envolve higiene rigorosa e eliminação dos focos (aves portadoras da bactéria). Coriza infecciosa: doença altamente contagiosa, afeta aves em todas as idades, sendo a vacina a forma mais efetiva de controle. Ataca principalmente as vias aéreas e seus sintomas são espirros, conjuntivite, inchaço facial (sinusite). Deve-se evitar correntes de ar e friagens, pois costumam agravar os sintomas. Pausteurelose: Também conhecida como septicemia hemorrágica e cólera aviária, infecta aves com mais de seis semanas, provocando alta mortalidade. As carcaças de aves que morreram da doença são o principal meio de infecção, pois os roedores e outros animais levam a bactéria e a disseminam entre as criações. A bactéria pode permanecer na carcaça e no solo por até 3 meses. Seus sinto- mas são: febre, sonolência, congestão ou cianose de cristas e barbelas e morte repentina.O controle dessa doença baseia-se no combate aos ratos e roedores silvestres, além da higiene e desinfecção periódica das instalações. Também as vacinas aplicadas entre 10 / 16 semanas de idade (duas aplicações com intervalo de 2 - 4 semanas) podem ajudar, mas os resultados não são 100% garantidos. Portanto, mais uma vez, a prevenção consiste em muita higiene e controle de en- trada de novos indivíduos no plantel. Botulismo: Causado pela toxina produzida pela bactéria Clostridium botu- linum, é muito freqüente nas criações de fundo de quintal, devido ao hábito de fornecer sobras de comida caseira para as aves. As aves que ingerem a toxina existente na matéria orgânica em decomposição apresentam um quadro de parali- sia flácida e morte repentina. No controle da doença, deve-se evitar exatamente fornecer alimentação passível de desenvolver essas bactérias. Doenças causadas por parasitas: Coccidiose: É uma doença causada por parasitas que provocam lesões nos intestinos, podendo variar desde pequenas irritações até lesões mais graves, com hemorragias e necrose, além de alta mortalidade. Sintomas: perda de peso, despigmentação e diarréia com ou sem sangue. As aves se contami- nam ao ingerir ovos (oocistos) maduros através da cama, ração ou água con- taminados. Os oocistos são introduzidos na criação por equipamentos, homem, animais e insetos. O controle consiste em higiene e desinfecção e uso de drogas Pintos infectados com pulorose Unidade 12 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 coccidiostáticas(normalmente já presentes em rações de boa qualidade). Doenças nutricionais e/ou metabólicas: Diátese exsudativa: As aves mostram-se com edemas e hemorragia de tecido subcutâneo nas regiões baixas do corpo. A doença está relacionada com deficiência de vitamina E e selênio. Pode ser controlada adicionando-se antioxi- dante às raçôes e fazendo a reposição desses elementos. Encefalomalácia nutricional: As aves afetadas mostram-se com incoor- denação motora, prostração e morte.As lesões se encontram principalmente no cerebelo, que pode estar aumentado de tamanho e com hemorragia. A principal causa é a deficiência de vitamina E, que deve ser adicionada à água de beber e melhorar a qualidade de alimentação fornecida. Raquitismo: É uma doença carencial, causada por deficiência de cálcio, fósforo ou vitamina D, podendo afetar o esqueleto como um todo, apresentando deformidades e consistência de borracha. Suplementos minerais, além de boa alimentação, evitam esses sintomas. O sol também ajuda na recuperação e pre- venção do raquitismo. Micotoxicoses: São doenças causadas por ingestão de alimentos contami- nados por micotoxinas. A principal fonte de micotoxina para a ave é o milho e/ou a ração.As micotoxinas são produzidas por fungos. Portanto, qualquer aparên- cia de contaminação (porções azuladas ou mofadas) no milho ou ração devem ser imediatamente descartadas. As aves apresentam sintomas de palidez, pouco crescimento, diarréia, hemorragia, alteração nos ovos e morte. Ascite: A ascite caracteriza-se por acúmulo de líquido na cavidade abdomi- nal, relacionada com lesões hepáticas, cardíacas ou pulmonares. Os quadros de ascite nas criações caipiras ou aves silvestres estão associados com processos neoplásicos (doença de Marek) ou com lesões de fígado por micotoxina. Vacinas Tipos de vacinas: as vacinas podem ser vivas (atenuadas) ou mortas (ina- tivadas). Ambos os tipos apresentam vantagens e inconveniências. As vacinas vivas contém vírus, ou bactérias, que podem se multiplicar nas aves e produzir uma forma benigna da doença, simulando uma infecção natural. As vacinas ina- tivadas constam de partículas virais mortas, de poder patogênico quase nulo. O poder antigênico é menor do que no caso das vivas. São de aplicação parental. As vantagens das vacinas vivas, em relação às inativadas são: aplicação em massa, produção de imunidade local, possibilidade de ser administradas por di- versas vias (ocular, oral etc), e menor custo de aquisição. Contudo, apresentam a desvantagem da possibilidade de virulência ou contaminação residual. Vias de aplicações: existem várias possibilidades de aplicação de vacinas, dependendo do seu tipo – viva ou morta. A escolha de uma via de administração não é muito simples, pois várias condições práticas devem ser consideradas. (1) Vacinação pela água de beber: constitui no método de vacinação mas- sal mais disseminado em avicultura. As vacinas vivas podem ser administradas Unidade 12 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 por este meio. Entretanto, a água não deve conter desinfetantes, pois os mesmos tornariam as vacinações ineficazes. As vantagens deste método de vacinação são o mínimo manejo das aves e a baixa possibilidade de reações secundárias inde- sejáveis. Os inconvenientes são: a baixa proteção adquirida e a desuniformidade da vacinação. Para aumentar a eficiência da vacinação, as aves devem ficar umas duas horas de sede para consumir imediatamente a água vacinal. No preparo da vacina, esta pode ser diluída em leite desnatado, para neutralizar os possíveis desinfetantes. Ele também protege os vírus vivos contra a osmose produzida quando da diluição em grandes quantidades de água. (2) Intraocular ou intranasal: consiste em depositar uma cota da vacina no olho ou em um orifício nasal. Recomenda-se deixar a ave piscar ou inalar a gota desa- parecendo no olho ou na narina. Este método assegura uma proteção de quase 100%.(3) Injeções: podem ser subcutâneas ou intramusculares. A vacinação intramus- cular deve ser feita no músculo peitoral; a subcutânea deve ser realizada debaixo da pele da nuca, elevando-a com os dedos para formar um espaço entre a pele e as estruturas subjacentes. (4) Punção da asa: é realizada mediante a introdução de uma lanceta de duas pontas metálicas embebidas de vacina, na membrana da asa. A lanceta deve ser substituída após um certo numero de punções realizadas, para evitar contamina- ções. A vantagem deste método é a boa uniformidade no lote. As desvantagens são a exigência de mão-de-obra. Unidade 12 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 té 1960, a avicultura no Brasil se caracterizava pela criação de galinhas em sistema extensivo (a campo) ou semintensivo (piquetes gramados), sem nenhuma especial- ização. A maioria das galinhas criadas era uma mistura de raças, conhecidas até hoje por “galinhas caipiras”. Após a década de 60, com a introdução da avicultura industrial, a produção e comercialização dos ovos caipiras passou a diminuir, por não competirem com o melhor desempenho das aves e maior grau de tecnificação adotado pelas empresas avícolas. Entretanto, as características peculiares dos produtos (carne e ovos) da ave caipira como a textura, coloração e sabor inigualáveis, aliado, à procura de alimentos cada vez mais saudáveis, produzidos em sistemas agroecológicos, estão re-introduzindo a atividade no cenário avícola com um impor- tante “nicho” de mercado. Raças indicadas As mais indicadas para o sistema caipira de criação são as aves de raças puras, que são as raças americanas e as de linhagens caipiras melhoradas, no entanto, pode-se utilizar também aves de linhagem industrial. As raças americanas são bastante utilizadas em programas de melho- ramento de plantel. A condição básica de uma galinha caipira, tanto para o corte como produção de ovos, é que a ave se adapte a criação em piso e apresente pele amarela e plumagem colorida. De modo geral, as atuais raças melhoradas atingem desempenho produtivo e econômico superior ao dos sistemas tradicionais, obtendo taxa de postura de 65%, taxa de fertilidade e de eclosão de 85%, taxa de mortalidade de, no máximo, 10% e terminação dos frangos com aproximadamente 2,0 kg de peso vivo aos 120 dias de idade. Algumas das características e figuras das principais raças classificadas pela American Poul- try Association Standard of Perfection e usada no sistema “galinha caipira” estão descritas e apresentadas baixo segundo a “Chácaras Vovô Bento”: Plymouth Rock Barrada (Pedrês): de origem americana, esta raça destaca- se por apresentar dupla aptidão: boa poedeira e produtora de carne (galinhas 3 kg e galos 4,5 kg de peso vivo). As aves desta variedade apresentam penas com barras brancas e pretas no sentido transversal, dando uma aparência cinzenta às aves. Unidade 13 UNIDADE XIII - Avicultura Noções de Criação de Galinha Caipira A 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Rhode Island Red (vermelhas): raça americana. A galinha tem penas ver- melhas a castanho escuro, ovos de casca marrom, pele amarela e peso corporal médio. Fêmeas com 2,8 kg e os machos, com 3,5 kg de peso vivo. Produzem de 200-250 ovos/ave/ano. A postura ocorre até 5 anos, com pique em cerca de 3 anos de idade. Apresenta corpo retangular, boa aptidão poedeira, razoável revestimento de carne e ovos de casca acastanhada. New Hampshire: é uma raça americana de pele amarela e ovos de casca marrom. Apresenta cor vermelho claro e crista serra. Esta raça foi utilizada em muitos cruzamentos que formam os atuais hí- bri- dos de corte, principalmente, em função da habilidade de produção d e grande quantidade de ovos com alta eclosão. Quando adultos, os machos pesam em média 3,5 kg e as fêmeas, 2,9 kg. As galinhas produzem em média 220 ovos no primeiro ciclo de postura, que pesam em média 55g. G i - gante Negra de Jersey: foi desenvolvida em New Jersey por volta de 1800, quando havia grande demanda por raças de galinhas pesa- das para produção de frangos capões para o mercado de Nova Iorque. Ex- istem as variedades preta e branca exploradas para carne. São aves de crista serra, de grande porte. A pele é de cor amarela e os ovos são de casca marrom. Quando adultos, os machos pesam em média 5,8 e as fêmeas, 4,5 kg. As galinhas produzem em média 180 ovos no primeiro ciclo de postura, que pesam em média 60g. Cornish: é uma raça inglesa de corte com variedades preta, branca laceada vermelho e amarela. Apresenta crista ervilha, pele amarela e produz ovos de casca marrom. Apresenta corpo de conformação diferente das outras raças, tendo pernas mais curtas, corpo amplo com peito musculoso. A habilidade de produção de carne são muito apreciadas nesta raça e tem sido explorada no cruzamento de ga- los Cornish com galinhas de raças como a Plymouth Rock Barrada, Plymouth Rock Branca, New Hampshire e linhas híbridas. Quando adultos, os machos pesam mais de 4,0 kg e as fêmeas, 3,0 kg. Fonte: Chácara Vovô Bento Orpington: raça desenvolvida na Inglaterra nos anos 1880. Apresenta dupla aptidão (carne e ovos). Existe nas variedades preta, branca, amarela e azul. Apresentam crista serra, pele branca e ovos de casca marrom. Quando adultos, os machos pesam em média 4,5 kg e as fêmeas, 3,5 kg. As galinhas produzem em média 160 ovos de casca marrom, que pesam em média 55g. Unidade 13 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 Brahma: é uma raça originária da China para os propósitos de ornamentação e corte, embora grande parte de seu desenvolvimento tenha se dado nos Es- tados Unidos. Apresenta crista ervilha, admitida nas variedades clara, escura e amarelada, com empe- namento que cobre toda perna e pé. A pele é de cor amarela. São aves belíssimas e majestosas. O grande porte e o aspecto elegante, combinados com os pa- drões complexos de cores, as tornam favoritas para se criar no campo. São aves pesadas. Quando adultos, os machos pesam em mé- dia 5 kg e as fêmeas, 4 kg. As galinhas produzem em média 140 ovos de casca marrom, que pesam em média 55g. Linhagens comerci- ais: atualmente, o produtor brasileiro encontra à sua dis- posição várias marcas comer- ciais de pintos caipiras de um dia, para a produção de carne e de ovos, todas provenientes de linhagens mel- horadas e adaptadas à criação ao ar livre. Como exemplo de melhoramento, temos os frangos co- loniais da Embrapa, o melhoramento francês da Label Rouge e o avanço genético na formação da ave paraíso pedrês. Instalações e fase de criação O sistema alternativo de criação de galinhas caipiras preconiza a con- strução de instalações simples e funcionais, a partir dos recursos naturais dis- poníveis nas propriedades dos agricultores, tais como madeira, estacas, palha de babaçu, etc.. O principal objetivo dessa instalação é oferecer um ambiente higiêni- co e protegido, que não permita a entrada de predadores e que ajude a amenizar os impactos de variações extremas de temperatura e umidade, além de assegurar o acesso das aves ao alimento e à água. Equipamentos alternativos com bastante eficiência têm sido elaborados e utilizado em pequenas criações. Vejamos algumas informações colhidasno Sistema de Produção de “Galinha Caipira” da Embrapa: as instalações consistem em um galinheiro com área útil e divisões internas destinadas a cada fase de criação das aves: reprodução (postura e incubação), cria, recria e terminação. A área do galinheiro deve ser dimension- ada de modo a proporcionar boa ventilação, luminosidade, drenagem, facilidade de acesso e disponibilidade de água. O piso deve ser revestido com uma camada de palha (cama) de 5 a 8 cm de espessura, distribuída de forma homogênea, podendo-se utilizar vários materiais como maravalha ou serragem, palha, sabugo de milho triturado ou casca de cereais (arroz). Contribuição Cientifica Existe trabalho que substituiu o bebedouro pendular pelo bebedouro alternativo feito com garrafa plástica em frangos de corte, mas que poderiam, perfeitamente ser adotado em galinha caipira. Adaptado de Silva et al. (2005) Fonte: Prof. Vilar da Silva, J.H. Unidade 13 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Com exceção da área destinada à incubação e cria, as demais divisões internas devem permitir o acesso a piquetes de pastejo, com di- mensões variáveis, capazes de atender às necessidades das aves e de abrigar todo o plantel de cada fase de cria- ção. Os piquetes devem ser cercados de material semel- hante ao utilizado no galinhei- ro e que seja capaz de evitar a entrada de predadores. A fase de reprodução se caracteriza por apresentar uma relação macho/fêmea de 1:12, cujas aves devem possuir idade entre 6 e 24 meses. O peso vivo estabelecido para os machos deve ser de 2,0 a 3,5 kg, enquanto que, para as fêmeas de 1,5 a 2,5 kg. Nessa fase de criação, a instalação deve ter subdi- visões destinadas à postura e à incubação. Esse artifício permite um maior controle so- bre a postura, evita perdas com a quebra de ovos, proporcionando-lhes maior higiene e manutenção de sua viabilidade. Na subdivisão de postura, as aves per- manecem em regime semi-aberto, equipada com ninhos na relação de quatro galinhas/ boca com bebedouro e comedouro. O enchi- mento dos ninhos deve ser feito com o mesmo material utilizado na cama do aviário. A fase de postura dura aproximadamente 15 dias, ao longo da qual o número de ovos por matriz varia de 10 a 14. O período de incubação dura 21 dias, após o qual as matrizes devem retor- nar imediatamente para a divisão de postura onde, após 11 dias de descanso, iniciarão um novo ciclo de postura. No sistema de incubação natural, em que a própria galinha é quem choca os ovos, um ciclo reprodutivo dura 47 dias. O número de ovos a ser chocado por cada matriz pode variar de 12 a 15, de acordo com o tamanho da mesma. Entretanto, é possível se utilizar chocadeiras elétri- cas as quais, embora representem um custo adicional ao sistema de produção, podem ser adquiridas de forma coletiva. Seu maior benefício, porém, consiste na redução do ciclo reprodutivo das matrizes para 26 dias, visto que, após a fase de Quadro 13.1- Fases de criação Cria: de 1 a 28 dias de idade; Recria: de 29 a 60 dias de idade; Terminação: de 61 a 120 dias de idade, quando os frangos são abatidos com cerca de 1,8 kg; Reprodução: com idade entre 6 e 24 meses. Recomenda-se instalações destinada à postura e à incubação dos ovos. A fase de postura dura 15 dias, o período de incubação 21 dias, de- pois as galinhas precisam de um descanso de 11 dias. Quadro 13.1- Fases de criação Sistema extensivo: trata-se de um sistema de produção de aves criadas soltas e alimenta- das em regime de pastejo. Tem como objetivo principal, o aproveitamento de espaços ociosos dentro da propriedade, a obtenção de produtos (carne e ovos) de boa qualidade para o consu- mo familiar, a diversificação das atividades e a produção e comercialização de excedentes. O sistema extensivo é o que oferece as melhores condições para se criar galinhas dentro do con- ceito caipira. Sistema semintensivo: este sistema requer maiores custos em insumos e verificação das práticas de manejo, como programa de vaci- nação, ração balanceada, piquetes, poleiros, entre outros. No sistema semintensivo, são necessários um galpão para abrigo das aves e um ou mais piquetes, onde elas passarão par- te do dia ao ar livre, pastejando. Esse sistema é o mais indicado para a criação de frangos e galinhas caipiras, permitindo a mesclagem da criação em galpão com a liberdade em piquetes. Unidade 13 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 postura, as mesmas entram diretamente no período de descanso. A fase de cria se estende de 1 até 28 a 30 dias de idade das aves. Os manejos adotados nesta fase são semelhantes aqueles de- senvolvidos em frangos de corte, ou seja, os cuidados de aquecimen- to, vacinação, alimentação, dentre outros. O período de recria inicia-se na quarta semana e se estende até os 60 dias de idade, com os pintos permanecendo em regime semi-aberto, em uma área coberta e equipada com bebedouros e comedouros. Nessa fase, embora a fonte principal de alimento seja a ração devidamente balanceada, a alimentação das aves pode ser complementada mediante uso de um piquete de pastejo. A fase de terminação inicia-se aos 61 dias e estende-se até os 120 dias de idade, quando as aves apresentam peso vivo de aproximadamente 1,8 kg, estan- do prontas para o abate. A área coberta destinada a essa fase deve ser equipada com poleiros, bebedouros e comedouros. Manejo produtivo Algumas informações do manejo produtivo no sistema “Galinha Caipira” foram obtidas no Sistema de Produção de Aves Caipiras da Embrapa – Suínos e Aves. Manejo de frangos: Na fase de cria, os pintos permanecem desde o seu nascimento até os 28 dias de idade, em uma área cobe- rta, equipada com comedouro tipo bandeja e bebedouro de pressão. Torna-se imprescind- ível nesta fase a proteção térmica dos pintos, além do fornecimento de água e alimento. Nesta fase, também se dá início aos procedi- mentos para imunização do plantel. Manejo de poedeiras: as aves de pos- tura têm seu ciclo de vida dividido em duas fases: uma de crescimento, caracterizado pelo período em que a ave precisa para atingir a maturidade sexual e fase de produção, quando as aves já estão em postura. A fase de crescimento é dividido em várias etapas: período de cria (1 a 4 semanas); período de recria I (5 a 12 semanas); recria II (13 a 16 se- manas); e período de pré-postura, que vai de 17 a 20 semanas. A fase de produção de ovos começa com cerca de 20 semanas e se estende até 60-70 semanas de idade das aves. A uniformidade do lote é fundamental para se obter uma produção economicamente viável. Para isso, recomenda-se fazer amostragem de 5 a 10% das aves, observando-se se estas encontram-se com o peso dentro da faixa padrão indicada. Nas poedeiras comerciais, a ave atinge sua maturidade sexual por volta da 18ª semana, quando se observa o crescimento das cristas e barbelas. Quanto aos ovos, é fundamen- tal que cheguem ao mercado mantendo as características e qualidade originais. Quadro 13.3- Choco das galinhas O choco é uma condição fisiológica das aves, caracterizado por uma alteração na rotina ali- mentar e num comportamento agressivo. As aves passam a maior parte do dia dentro do ninho sobre os ovos. Durante o choco ocorre regressão do ovário e do oviduto, interrompen- do a produção de ovos e, constituindo, numa situação indesejável economicamente. O choco pode ser influenciado por fatores hormonais, nutricionais e até mesmo ambientais. Entretan- to, algumas medidas simples podem ser tom-adas para evitar o choco, tais como impedir o pernoite das aves no ninho, recolher os ovos várias vezes ao dia, para evitar o seu acúmulo e estimular o aumento do fotoperiodo. Unidade 13 Avicultura 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a DistânciaCadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 Por isso, que alguns fatores que influenciam a qualidade de ovos após a postura devem ser observados. Dentre os fatores temos destaque: instalações e equipa- mentos; resfriamento e conservação dos ovos; embalagem e comercialização dos ovos. Manejo sanitário: o manejo sanitário é a limpeza e desinfecção das insta- lações e dos equipamentos do aviário. Tem por objetivo manter as condições de higiene no sistema de criação que permitam minimizar a ocorrência de doenças, obter boa performance e bem-estar das aves, além de assegurar ao consumi- dor um produto de boa qualidade. Uma das formas de controlar as doenças no plantel é por meio da higienização das instalações, controle de vetores de doen- ças e remoção de carcaças de aves mortas. Essas medidas visam a diminuir os riscos de infecções e aumentar o controle sanitário do plantel, resguardando a saúde do consumidor. O manejo sanitário deve ser estabelecido levando-se em conta a assepsia de instalações e equipamentos; limpeza diária dos comedouros e bebedouros; renovação do enchimento dos ninhos a cada ciclo de incubação; prevenção de doenças a partir da vacinação (se preciso); e controle de endo e ectoparasitos. Manejo alimentar: tem como objetivo principal suprir as necessidades nu- tricionais das aves em todos os seus estágios de desenvolvimento e produção, otimizando o crescimento, a eficiência produtiva e a lucratividade da atividade, já que o custo com alimentos representa cerca de 70% do custo total de produção. As aves caipiras são mais resistentes que as industriais, mesmo assim, devem receber uma ração balanceada para se manterem sadias, com boa conversão ali- mentar e produção de ovos. Tais aves deverão ter livre acesso ao piquete grama- do para suprirem as necessidades diárias de alimentação, não podendo esquecer que o sabor característico da carne do frango e a cor do ovo caipira são devidos, principalmente, ao pasto, verduras, insetos, larvas e minhocas que abundam no sistema semi-intensivo ou caipira de criação. Portanto, o manejo alimentar pro- posto para o sistema alternativo de criação de galinhas caipiras prevê a integração das atividades agropecuárias, a partir do aproveitamento de resíduos/alimentos oriundos de outra atividade agrícola. Os cálculos para estimativa de desempenho são semelhantes as de outras criações, tais como o consumo de ração, o ganho de peso e a conversão alimentar de cada fase. Manejo Reprodutivo: consiste em uma série de práticas que visam melho- rar a eficiência do plantel, mediante cuidados com as aves (matrizes e reprodu- tores) e com os ovos. Algumas recomendações relacionadas à seleção e ao acondicionamento dos ovos devem ser feitas, a fim de orientar e gerar subsídios para a implementação dessa atividade de forma mais eficiente. À medida que ocorre a postura dos ovos, os mesmos devem ser recolhidos, limpos com pano úmido e receber a inscrição do dia da postura. Em seguida, são selecionados de acordo com o tamanho e qualidade da casca. Os de tamanho médio devem ser destinados à incubação e os de tamanho grande e pequeno, ao consumo e/ou comercialização. Recomenda-se o seu acondicionamento em temperatura ambiente por, no máximo, sete dias, desde que estejam em local arejado. Já em geladeiras, podem ser acondicionados por um período de até 21 dias. A posição de acondicionamento dos ovos deve ser alterada constantemente, para que não ocorra aderência do embrião à casca. O procedimento de analisar os ovos duran- te a incubação (ovoscopia) possibilita, após os primeiros dez dias de incubação, o recolhimento dos ovos não galados. A ovoscopia consiste em observar o inte- Unidade 13 Avicultura Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 4, Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2010 00 rior do ovo através de uma fonte de luz em ambiente escuro. Neste procedimento, percebe-se defeitos da casca, duplicidade de gema e presença de elementos estranhos. No caso da incubação, observa-se o desenvolvimento do embrião. Consideração final A criação de aves caipiras pelo “nicho” de mercado atual e ponderações do consumo de alimento futuro, pode constituir em um excelente negócio para pequenos e médios produtores, com ótima rentabilidade, que pode ir da incubação artesanal a criação e comer- cialização de produtos de qualidade inigualável e inquestionável. 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