Buscar

Caderno dir FAMÍLIA G1 2014.1 - Prof Rogério Reis de Melo

Prévia do material em texto

Puc-Rio
Direito de Família
Professor: Rogério Reis de Melo
AULA I
Aula bem introdutória, sem muita matéria relevante.
AULA 2
O direito de família é um ramo do direito civil que estuda as relações existentes entre os diversos membros de uma família. É um conjunto de regrar que vão disciplinar as relações familiares em todos os sentidos. Tendo em vista que o direito civil está inserido no campo do direito privado, não há dúvida que o direito de família está inserido no direito privado, embora com alguma interferência pública. O MP só interfere se houver interesse de menor ou incapazes, caso contrário o MP não precisa participar, de nenhuma forma, neste processo. Em 2010 aconteceu uma emenda constitucional e uma alteração na lei em 2007 que permitiu fazer divórcio em cartório de notas, na tentativa de reduzir a quantidade de demandas levadas ao judiciário onde você só poderia dissolver o vínculo do casamento no judiciário. 
Fonte do direito de família: Existem duas grandes fontes – a primeira delas são as fontes históricas ->direito português (influência muito mais abrangente – principalmente com a vinda da família real portuguesa ao Brasil, que trouxe toda a legislação portuguesa) e o direito canônico. O direito canônico, até mesmo no regime imobiliário, trouxe influencia, pois era ele que fazia todo os registros na época. Depois de implantado o registro público no Brasil só o Estado passou a fazer. A segunda fonte do direito de família são as fontes formais, são elas: código civil vigente, a constituição da república – é o polo irradiador de todas as normas de direito – e diversas leis esparsas. No tocante das leis esparsas tiveram algumas que foram bem modernas para a época (casamento de colaterais foi flexibilizado pelo decreto 3.208, lei 883 de 49 possibilitou a investigação de paternidade de filhos ávidos fora do casamento com o objetivo de prestação alimentar, lei 1110 de 1950 possibilitou casamento religioso com efeito civil, a lei 4.121 de 1962 que também é conhecida como estatuto da mulher casada trouxe uma inovação importantíssima: havia um dispositivo no código civil que dizia que a viúva que se casasse novamente perdia a guarda dos filhos menores em favor dos sogros – avôs paternos. Então, naquela época a mulher viúva não poderia se casar sob pena de perder a guarda de seus filhos menores. Essa lei, dentre outras coisas, revogou este dispositivo do código civil e a partir desta lei a mulher viúva poderia se remaridar sem que isso implicasse na perda da guarda dos filhos do casamento anterior. Lei 6015 de 73 fez uma inovação no registro público brasileiro, ela institui o micro filme – que na época foi uma enorme revolução em relação a guarda e arquivamento de documentos. Lei 6.515 de 77 que é chamada lei do divórcio, no entanto não tratou só dele; ela fez uma alteração de nomenclatura, de nomes de ações judiciais – antes dessa lei uma pessoa que se separava se desquitava (desquite – separação), depois dessa lei virou separada. Essa lei regulamentou o divórcio no brasil e no mesmo ano entrou em vigor a emenda constitucional número 9 que possibilitou, pela primeira vez no brasil, a possiblidade jurídica do divórcio. Lei 8560 de 92 que estabeleceu novas regras de investigação de paternidade de filhos ávidos fora do casamento. Lei 8471 deu direito aos companheiros no campo de alimentos e sucessórios – o companheiro pode se valer da lei de alimentos (lei 5478 de 68) para pleiteá-los. Lei 9278 de 96 regulamentou o parágrafo 3º do artigo 226 da CF. Emenda constitucional 66 de 2010 – ela, sem dizer, acabou com a possiblidade de precisar da culpa para haver o desfazimento do casamento. Hoje o divórcio é um direito potestativo que não pode nem ao menos ser questionado, o que antes não acontecia. Antes era necessária a culpa. Separação hoje em dia não existe mais, só existe divórcio. 
Instituições que o direito de família estuda: Como mais importante, mas antigo e mais abrangente instituto do direito de família temos o casamento. Ele é um instituto de direito de família mais importante porque era a partir dele que você tinha uma variedade de situações jurídicas. A união estável e a filiação também são institutos do direito de família. A filiação trata de todas as questões relativas ao filhos e onde há filhos temos que saber são menores ou maiores. Se são menores há outro instituto de estabelece as relações jurídicas entre pais e filhos que é o chamado poder familiar – conjunto de normas que disciplina a relação entre pais e filhos. Quando temos filhos menores cujos pais faleceram ou cujos pais decaíram do poder familiar, eles devem ter uma representação legal – o tutor (cargo que é conferido a alguém para zelar a pessoa e administrar os bens dos filhos menores cujos pais faleceram ou decaíram do poder familiar – conhecido como pátrio poder). Os filhos maiores incapazes, que não podem gerir a sua pessoa e seus bens a eles tem que ser nomeado um curador. A curatela é um outro instituto de direito de família que vai estudar exatamente a relação entre as pessoas com incapacidade mental. Até a entrada em vigor do código de 2002 estudávamos a ausência, que o código estabeleceu em seu artigo 22 e seguintes e hoje não mais falamos na ausência que era aquele que saia do seu domicílio, não deixa paradeiro e passa-se a existir uma dúvida entre a vida e a morte deste indivíduo. 
Princípios constitucionais ligados ao direito de família: 1) princípio do direito à vida; 2) princípio do melhor interesse da criança, ou seja, numa ação de guarda, por exemplo, o que vai preponderar é o interesse da criança, o que vai ser melhor para ela; 3) princípio da proteção integral – estado tem o dever de prover a proteção da criança e do adolescente de maneira abrangente; 4) direito a vida comunitária – menor não deve ser retirado da vida comunitária sob pena de perder sua referência comunitária, etc.; 5) princípio da isonomia – isonomia material, ou seja, isonomia absoluta; 6) princípio da vedação a discriminação – uma genérica e uma específica. 
AULA 3
Abordaremos hoje o ponto 3 do programa: O CASAMENTO.
Percebe-se que houve uma alteração da concepção do casamento ao longo dos anos. Clóvis Beviláqua, por exemplo, conceituava o casamento como vínculo entre homem e mulher visando a constituição de uma família legítima. Como exemplo de que houve alteração nessa concepção, basta que se perceba que hoje já não mais existe a conotação de legitimidade da família.
A conceituação do casamento, à luz da época do Beviláqua, é uma. Entretanto, o casamento, hoje, é o vínculo jurídico (união) existente entre duas pessoas visando a formação de uma família. Não se pode mais dizer que é entre homem e mulher, visto ser possível a união homoafetiva.
x Qual é a natureza jurídica do casamento? Muito já foi discutido acerca do tema.
Existem três correntes:
- A primeira delas é a contratualista, para a qual o casamento é um contrato. Não um contrato comum, não um contrato revestido dos requisitos gerais dos contratos em Direito Civil, mas, sim, um contrato especial, de Direito de Família, que difere dos demais pela sua formação, pela sua celebração e pelos seus objetivos. Ou seja, casamento tem cunho contratual especial, de Direito de Família. Para o Direito Canônico, o casamento é um sacramento, uma atribuição divina. Daí a indissolubilidade do casamento à luz do Direito Canônico.
- Há também a teoria institucionalista, para a qual o casamento é uma instituição social. Se fosse um contrato, os nubentes teriam muito mais flexibilidade para estabelecer as cláusulas. Ocorre que noivos não podem estabelecer cláusulas, visto que tais cláusulas já estão predeterminadas no ordenamento jurídico, à exceção da escolha do regime de bens, que também nem sempre é permitida aos noivos (ex. do homem com idade superior a 60 anos).
- Entre tais correntes, figura a corrente mista, segundo a qual o casamento é, sim, um contrato, mas também uma instituição social. As razões de ambas as correntes se somam e misturam.
A corrente majoritária é a contratualista.x Processo de habilitação para o casamento:
Quando duas pessoas querem se casar, não basta o simples desejo. Toda vez que houver esse desejo, há a obrigação legal de comunicar essa vontade ao Poder Judiciário e submeter a vontade matrimonial aos trâmites da lei. 
Ou seja, terão que submeter a vontade de casar ao juiz competente, de forma que este examine se a vontade está de acordo com a lei, ou se não ofende nenhum dispositivo legal vigente.
Para dar início a esse processo, os noivos deverão se dirigir a uma circunscrição de registro civil de onde residem, requerer ao oficial a abertura do processo chamado 'habilitação para o casamento', que servirá de instrumento para que o Poder Judiciário aprecie aquela vontade de casar e os documentos obrigatórios, de modo a apurar a aptidão dos noivos. 
Terão que provar, pois, inexistir nenhum impedimento ou nenhuma causa suspensiva da celebração e, havendo cláusula nesse sentido, demonstrar algum mecanismo que tenha como consequência a flexibilização dessa cláusula suspensiva.
O processo de habilitação está previsto no art. 1525 e ss. do CC.
Temos, então, três etapas no processo. 
1ª - Fase da documentação; 
2ª - Fase dos editais - Oficial do registro civil publica a notícia da pretensão dos nubentes no Diário Oficial, para que assim haja oportunização à oposição de impedimentos. 
3ª - Transcorrido o prazo in albis, o oficial entregará aos nubentes uma certidão da habilitação, consumando-se a terceira e última fase do casamento.
Após a expedição da certidão, os nubentes têm 90 dias para se casar, sem que haja prorrogação do prazo. Assim, deverão passar novamente pelo processo de habilitação se porventura perderem o prazo. 
x Impedimentos matrimoniais
A legislação não permite que as pessoas se casem ao seu bel-prazer. O legislador impõe regras. 
Os impedimentos matrimoniais, em si, situavam-se em duas esferas:
- A primeira das esferas era o que se chamava de impedimentos dirimentes públicos. São também chamados de impedimentos absolutos, porquanto de extrema relevância para o Estado e trazem como consequência a nulidade do casamento.
- A outra esfera é chamada de impedimentos dirimentes privados, também chamados de impedimentos relativos. Ao contrário dos públicos, interessavam de certa forma ao particular e, portanto, acarretavam não a nulidade, mas sim a anulabilidade do matrimônio.
Tais entendimentos eram normalmente oriundos de vícios de vontade. Hoje, contudo, o CC separou os vícios de vontade e apenas os listou nas causas de anulabilidade dos atos jurídicos em geral.
O Código de 2002 elencou todos os impedimentos de forma genérica: impedimentos matrimoniais. Se porventura o casamento for realizado em contrariedade a qualquer dispositivo do art. 1521, será declarado nulo de pleno direito.
E quais são essas causas impeditivas?
Perceba-se que o art. 1521 fala em não poder casar, e o 1523 em não dever casar. Há diferenças.
Art. 1521. Não podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; 
II - os afins em linha reta; (oriundos da afinidade - exs. sogro, cunhado)
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; (irmãos bilaterais, também chamados de irmãos germanos, são os que têm o mesmo pai e a mesma mãe - quando são filhos do mesmo pai, diz-se unilaterais - quando são da mesma mãe, e de pais diferentes, são irmãos uterinos)
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.(Doutrina vem tentando banir o dispositivo, para que somente o homicídio culposo constituísse causa impeditiva. Tendo, porém, que não existe tentativa de homicídio culposo, tentam bani-lo).
Os tios podem casar-se com sobrinhas (colaterais de terceiro grau), desde que o casamento seja precedido por perícia médica que ateste que não haverá problemas genéticos. Existe um Decreto posterior regulando o inciso IV.
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz.
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo.
Ou seja, se, na fase dos editais, alguém souber de algum impedimento ao casamento, tem o dever legal de comunicar ao oficial do registro civil. 
Para garantir o devido processo legal, havendo denúncia de impedimentos, o oficial informará aos nubentes a oposição, dando margem ao exercício da ampla defesa e do contraditório.
AULA 4
Não houve aula. Liberou para a palestra do Ministro Luis Felipe Salomão.
AULA 5
Continuando com causas que impedem o casamento...
A lei entendeu que realizar o casamento em determinadas circunstâncias não seria de boa prudência, tendo em vista a possibilidade de a situação gerar algum desconforto posterior. Entretanto, não são causas que impedem o casamento. Tanto é que no caput do art 1521 fala-se em não PODER casar, e no caput do art. 1523 fala-se em não DEVER casar. Há uma grande diferença entre não poder e não dever.
Então, o legislador elencou no art. 1523 algumas hipóteses em que as pessoas não devem se casar, ao menos em um primeiro momento. Quais são essas causas? Olhar o rol do artigo 1523.
Art. 1.523. Não devem casar: - Causas suspensivas.
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; - O fundamento é evitar a confusão patrimonial. Antes do inventário, o patrimônio do falecido ainda não foi singularizado entre os herdeiros, o que somente ocorre com a partilha. 
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; - Toda vez que uma viúva teve o casamento desfeito, deverá aguardar os 10 meses de prazo. Por quê? Para evitar a confusão de consaguineidade.
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal;- Pela mesma razão do inciso I, ou seja, para evitar confusão patrimonial.
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas. - O casamento entre tutor e pupila poderia ser utilizado para cobrir uma malversação de fundos da pupila. Tutores e curadores só podem se casar com a pupila ou com a curatelada após a prestação de contas que se dá ao final do prazo da tutela ou da curatela.
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo.- Tem-se, assim, que as causas suspensivas podem ser flexibilizadas perante a comprovação que não ocorrerá nenhuma das hipóteses que eram objeto de amparo pela lei.
Já vimos que no processo de habilitação para o casamento, não havendo impedimento matrimonial, não havendo causa suspensiva, devem os nubentes se casar no prazo de 90 dias. Essa celebração não é feita ao bel-prazer das pessoas. É feito de acordo com o rigor da lei.
Os arts. 1533 e ss. estabelecem todas as regras para a celebração do casamento.
São impostas algumas normas, normas essas que são frutos da cerimônia religiosa, já que, antes de ser civil, todo casamento era religioso.
O casamento deve ser realizado em dia e hora previamente designado (dentro do prazo de 90 dias); em qualquer edifício público ou particular, se for em edifício público, no local onde o juiz preside as suas audiências. Pode, entretanto,ser realizado em outro local, mediante uma autorização especial do Tribunal de Justiça. 
Se for em edifício particular, as portas devem ficar abertas, para facilitar o acesso daqueles que possam opor algum impedimento matrimonial.
Se um dos noivos não souber ler ou escrever, o número de testemunhas serão 4.
Aquele que se arrepender ou se mostrar hesitante não poderá se retratar no mesmo dia. Somente se a vontade é autônoma e autêntica o celebrante dará a cerimônia por concluída e declarará a expressão apresentada no art. 1535.
Qual é o momento efetivo da celebração do casamento? Quando os noivos proferem o sim ou quando o celebrante profere as mencionadas palavras? Quando os nubentes dizem que "sim", tendo que a declaração do celebrante é uma mera formalidade da lei, razão pela qual a lei utiliza o termo "declarará".
Logo depois de celebrado o casamento ou se no curso da cerimônia houver algum fato que venha a macular a realização daquele casamento, o casamento deverá ser suspenso, de imediato, na forma do art. 1538. Há outra além daquela contida ali nos incisos do art. 1538, que é quando chega a informação que o mandante revogou o mandato.
Com o fito de perpetuar o ato, é lavrado um termo chamado "assento do matrimônio", que é tão somente um termo do livro de casamento do cartório onde ficam constando todos os dados necessários àquela cerimônia. Qual é a finalidade? Perpetuar aquele momento. A certidão de casamento é a prova direta do ato.
No Brasil, não há como se provar ser solteiro. É o que se chama de prova negativa. O que serve, de certa forma, como prova de que a pessoa é solteira é a declaração de testemunhas.
MODALIDADES VÁLIDAS E MODALIDADES INVÁLIDAS DE CASAMENTO
Casamento por procuração
A primeira modalidade válida de casamento é o chamado casamento por procuração. Como funciona? O casamento por procuração é um artifício que a lei brasileira permite para facilitar o casamento. A própria constituição, no art. 226, §3º, estabelece que a lei deva facilitar a conversão do casamento entre homem e mulher. Ou seja, o espírito da lei sempre foi de facilitar.
Somente um pode ser substituído por procurador. A procuração deve apresentar poderes específicos.
A lei que vale é a lei do lugar da celebração. Se a celebração de um casamento for realizada à luz do ordenamento de outro país e essa celebração não ofender a lei pátria, o que vale é a lei do lugar em que foi celebrado.
Casamento nuncupativo (art. 1540)
Há duas situações (i) casamento com risco iminente de vida; (ii) casamento com moléstia grave. Em ambas as situações há um impedimento à celebração do casamento. 
O processo de celebração exige tempo. Em algumas circunstâncias, entretanto, o noivo ou a noiva podem estar acometidos de grave doença ou em risco iminente de vida que faz com que não possam esperar o processo de habilitação transcorrer normalmente. Assim, excepcionalmente, o casamento é realizado antes do processo de habilitação. São convocadas 6 testemunhas.
A validade do casamento fica postergada a uma situação posterior à celebração onde só então se verificará se os noivos preenchiam, ou não, os requisitos necessários à celebração do casamento.
As testemunhas devem se dirigir à circunscrição civil competente e informar terem sido convocadas para o ato em que o noivo ou a noiva manifestou a sua vontade de casar e requereu que as testemunhas reproduzissem a vontade para que o ato fosse válido perante a lei.
Se a pessoa vier a falecer e o processo de habilitação declarar que os nubentes estavam aptos a se casar, o processo é válido a partir da sua celebração.
Se o noivo ou a noiva convalesce, não é necessário que se case de novo, mas é preciso ratificar a vontade.
Obs: Art. 1539 - Se um dos nubentes não puder comparecer ao cartório, é designado um oficial do registro civil que celebrará o casamento no local onde o enfermo estiver.
Casamento religioso com efeitos civis
Até 1865, no Brasil, somente existia o casamento religioso. Com a Proclamação da República, houve separação entre o Estado e a Igreja, passando o país a ser um Estado laico, devendo ter lei civil que regule as questões interpessoais dos cidadãos. A República criou o casamento civil obrigatório.
Criou-se, nessa seara, o problema de a pessoa ter que se casar duas vezes. Isso incomodou tanto que em 1950 foi feita a lei 1110 que possibilitou que o casamento religioso tivesse também efeito civil. Deveria ser realizado o processo de habilitação e comunicado ao oficial do registro civil que o casamento seria realizado no religioso.
Isso veio facilitar de maneira bem eficaz o problema criado pela República, porque a pessoa se casava no religioso no seu credo e aquilo tinha validade no civil, devendo juntar ao processo no civil a certidão da celebração no religioso.
AULA 6
Modalidades irregulares do casamento
São quatro: o nulo, o anulável, o inexistente e o putativo.
Casamento inexistente
Um jurista alemão enxergou algo no limbo entre o que seria nulo e o que seria anulável. 
Os atos inexistentes são aqueles que pela falta de cumprimento de suas essências legais sequer chegam a se formar. Um dos principais exemplos que Zaccarie deu foi o do casamento entre pessoas do mesmo sexo, embora o exemplo não seja mais válido atualmente.
Partia do seguinte raciocínio: aquilo que alguém chamou de casamento, em verdade não existe, já que não cumpridas as exigências legais imprescindíveis.
Outra modalidade que imaginou foi o casamento celebrado por autoridade incompetente.
Segundo o Código Civil, o casamento deve obedecer o ritual de celebração prefixado em lei. Assim, tem-se como exemplo de outra modalidade de casamento inexistente o casamento realizado em cartório de notas.
Casamento nulo
O casamento nulo chegou a se formar, mas se formou com uma mácula intransponível que ocasionou que ele fosse declarado nulo de pleno direito desde a data de sua celebração.
São duas as situações de nulidade do casamento. Art. 1548 - I - O contraído pelo enferno mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil; II - Quando há um casamento celebrado com infração aos impedimentos matrimoniais (art. 1521 do CC).
Esse inciso II é aplicável à hipótese de ninguém ter oposto um impedimento matrimonial até o momento da celebração do casamento.
É bom lembrar que no direito de família a lei sempre facilita a conversão em casamento (in dubio pro matrimônio).
A ação de nulidade do casamento só pode ser proposta pelo MP ou por qualquer pessoa interessada, na forma do art. 1549 do CC.
Casamento anulável
Geralmente a anulabilidade está ligada aos vícios de consentimento.
Art. 1.550. É anulável o casamento:
I - de quem não completou a idade mínima para casar; - Ou seja, menor de 16 anos.
II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal; - Idade núbi: 16 anos.
III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;
VI - por incompetência da autoridade celebrante.
Parágrafo único. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada.
O inciso III trata de erro essencial quanto à pessoa do outro cônjuge (arts. 1556 a 1558).
Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de um dos nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro.
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado; - Por óbvio, o fato grave deve ser anterior ao casamento e a descoberta posterior.
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal; - Não bastam indícios, deve haver sentença penal condenatória anterior.Na prática, entretanto, basta o conhecimento do fato anterior.
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável, ou de moléstia grave e transmissível, pelo contágio ou herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência;
IV - a ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que, por sua natureza, torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado.
Art. 1.558. É anulável o casamento em virtude de coação, quando o consentimento de um ou de ambos os cônjuges houver sido captado mediante fundado temor de mal considerável e iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus familiares.
Casamento putativo
O termo putativo está intimamente ligado à boa fé.
O casamento putativo é aquele que mesmo nulo ou anulável foi contraído de boa fé por um ou por ambos.
Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória.
§ 1o Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão.
§ 2o Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão.
Art. 1.564. Quando o casamento for anulado por culpa de um dos cônjuges, este incorrerá:
I - na perda de todas as vantagens havidas do cônjuge inocente;
II - na obrigação de cumprir as promessas que lhe fez no contrato antenupcial.
Sendo possível o divórcio, somente se perquirirá a respeito da nulidade ou anulabilidade do casamento se forem vislumbrados efeitos patrimoniais possíveis, conforme art. 1564 do Código Civil.
Efeitos jurídicos do casamento
Os efeitos situam-se em várias esferas.
Esfera pessoal
O primeiro efeito de ordem pessoal é a fidelidade recíproca.
A lei veda todo e qualquer tipo de infidelidade.
O outro efeito pessoal é a vida em comum no domicílio conjugal. A vida em comum é a participação na vida não somente fora, mas também dentro de casa. É um dever legal até mesmo manter relação sexual com sua mulher (art. 1566).
Quanto ao âmbito do Direito de Família, atualmente a infração dos deveres contidos no art. 1566 não redundam em consequências ao infrator, visto o divórcio ser, hoje, direito potestativo do cônjuge insatisfeito.
Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:
I - fidelidade recíproca;
II - vida em comum, no domicílio conjugal;
III - mútua assistência;
IV - sustento, guarda e educação dos filhos;
V - respeito e consideração mútuos.
Esfera social.
O efeito social do casamento é imediato. Duas pessoas que se casam passam a assumir diferente postura perante à sociedade.
Na esfera patrimonial, efeitos gritantes previstos em lei.
O efeito patrimonial consiste na obrigação de sustento da família, dos filhos e, dependendo do regime de bens adotados, comunicabilidade ou não de bens particulares e bens comuns.
AULA 7
Planejamento familiar
O planejamento familiar é facultado ao casal e inclusive merece apoio do Estado. Está previsto na CFRB no art. 226, §7º. Por seu turno, a Lei 9263/96 regulamentou o §7º para assegurar que seja atendida toda família que queira se valer dos mecanismos do Estado para efetivar o planejamento familiar. O Estado tem o dever de promover os meios para ver o planejamento familiar sendo implantado.
CC - Art. 1565, §2º: O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e financeiros para o exercício desse direito, vedado qualquer tipo de coerção por parte de instituições privadas ou públicas.
Regime de bens
Regime de bens é um conjunto de normas que disciplinam as relações econômicas entre os cônjuges. É a essência das relações econômicas entre os cônjuges. Pode ser chamado ainda de "estatuto patrimonial dos cônjuges".
Somente começa a viger no momento da celebração do casamento válido. Ao contrário do Código de 1916, no qual o regime de casamento era imutável, o Código de 2002 estabeleceu a flexibilidade do regime de bens através do princípio da mutabilidade motivada, na forma do art. 1639, §2º, deste Diploma.
Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver.
§ 1o O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde a data do casamento. 
§ 2o É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros.
O princípio da mutabilidade motivada que a lei exige impõe que a alteração não seja realizada ao bel-prazer dos cônjuges. 
x Regime legal ou convenção tácita dos nubentes - Na falta de estipulação específica, ou sendo nula a convenção, o que vigora é o regime legal, ou seja, o da comunhão parcial de bens.
x Regime convencional
O regime convencional implica na convenção, na escolha, pelo casal, do regime que mais lhes aprouver (art. 1639). A autonomia da vontade, contudo, não é absoluta, mas sim limitada pelas possibilidades conferidas pela lei. Por exemplo, no art. 1641 a lei impõe o regime da separação obrigatória, pelo que inexiste campo para a convenção.
Pacto antenupcial
Para o casal escolher regime diverso do da comunhão parcial de bens não basta a declaração no processo de habilitação para o casamento. A lei preconiza que para que o casal adote regime diverso do legal é necessária a utilização de um instrumento com natureza contratual denominado pacto antenupcial. A previsão legal está contida no art. 1653. 
O pacto não pode conter uma vontade absoluta e irrestrita. Deve obedecer a determinados rigores da lei e só será permitida a escolha de regime de bens diverso quando a lei permitir.
Ambos os nubentes devem concordar. Deverá ser lavrada escritura pública e não pode conter no dito pacto qualquer das restrições legais previstas no art. 1655. Para ter validade deve ser seguido do casamento, mas não há período estipulado para que perca a validade antes de o casamento ser realizado.
A Lei de Registros Públicos (art. 167, I - 12 cc arts. 244 e 245) e o Código Civil (art. 1657) condicionam o efeito orga omnes do pacto antenupcial à efetivação do registro no cartório de registro de imóveis do primeiro domicílio conjugal. O pacto antenupcial deve ser transcrito no registro imobiliário, o que permite confirmar sua natureza jurídica contratual.
Modalidades de regime:
1) Comunhão parcial de bens - É o regime legal, que vigora na ausência de convenção. Também chamada de comunhão limitada ou comunhão de aquestos. Essa modalidade está prevista nos arts. 1658 a 1666.
Esse regime implica na comunicabilidade do patrimônio havido na constância do casamento a título oneroso ou recebidos em conjunto pelo casal por doação ou legado. Além da incomunicabilidade dos recebidos somente por um dos cônjuges por meio de doação ou legado, a sub-rogação também está prevista como incomunicável, de modo que o imóvel adquirido em substituição àquele vendido que foi objeto de herança não será comunicada.
Esse regime de bens privilegia o esforço comum em detrimento do enriquecimento sem causa. Presume-se que mesmo que seja o marido que tenha pagado, houve esforço da mulher que contribuiu para a aquisição.
Hipóteses de exclusão da comunhão - Art. 1659:
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: 
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares;
III - as obrigações anteriores ao casamento;
IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal;
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
x Comunhão universal de bens - Previstanos arts. 1667 a 1671;
x Regime da separação de bens - Previsto nos arts. 1677 e 1678.
x Regime de participação final nos aquestos - Previsto nos arts. 1672 a 1686.
Este último ingressou no ordenamento em substituição ao regime dotal.O regime dotal era modalidade especial de regime de bens que consistia em retirar uma parte do patrimônio da mulher e entregar ao marido para que o marido administrasse o patrimônio e os rendimentos desses patrimônios servissem para ajudar nas despesas domésticas. Este regime não foi recepcionado pela nova constituição em virtude da igualdade de condições entre homem e mulher preconizada pela nova Carta.
AULA 8
Professor faltou.
AULA 9
Professor liberou para assistir palestra.
AULA 10
Continuando com regime de bens..
1) Regime da comunhão parcial de bens, ou regime de comunhão de aquestos
É o regime legal. 
Aquestos são todos os bens adquiridos durante a constância do casamento e geralmente são comunicáveis. Se o casal adquire, nesse regime, qualquer bem a título oneroso, esse bem se comunicará com o patrimônio do outro cônjuge.
Ou seja, comunicabilidade de tudo o que for adquirido durante o casamento a título oneroso.
A exclusão é dos bens adquiridos a título gratuito. Por exemplo: herança. Se o sujeito recebe dinheiro em herança e compra um imóvel, dá-se a sub-rogação que importará na manutenção da incomunicabilidade.
E se o sujeito ganha na loteria? Gratuito ou oneroso? - Fato eventual
Metade do dinheiro pertencerá ao casal, porque não houve percepção de patrimônio a título oneroso ou a título gratuito.
2) Comunhão universal de bens
Era o regime legal na vigência do CC 16.
Todo o patrimônio passa a pertencer a ambos os cônjuges em partes iguais.
Alguns, entretanto, são excluídos da comunhão:
Art. 1.668. São excluídos da comunhão:
I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar;
II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva;
III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum;
IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade;
V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.
3) Regime da separação de bens - Obrigatória e convencional
O casal, quando pode escolher, tem a prerrogativa de decidir qual será o regime de bens. Em algumas situações, entretanto, não haverá possibilidade de escolha.
No regime convencional, o patrimônio de cada um fica estanque no acervo de cada um. Não há comunicabilidade de qualquer bem, seja presente, passado ou futuro. 
Na separação obrigatória, contudo, em que há uma imposição da lei (art. 1641), o patrimônio adquirido durante a vigência do casamento se comunicará.
O artigo visa evitar o locupletamento sem causa.. Aquilo que porventura adquirir pelo regime da separação obrigatória se comunicará (Súmula 377 do STF: No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento). 
É lícito convencionar que não haverá comunicação. Por convenção, afasta-se a possibilidade de aplicação dos efeitos do regime da separação obrigatória e diz-se aplicar o regime da separação convencional quanto aos bens adquiridos na constância do casamento.
4) Regime de participação final nos aquestos
Substituiu o regime dotal (regime especial onde, pelo casamento, retirava-se o patrimônio da mulher para que o marido administrasse e com a renda bancasse as despesas domésticas. Como o contrário não acontecia, evidente que feria a isonomia entre os cônjuges - Não foi recepcionado pela CF de 1988).
Este regime é o mais complicado de todos e muito raro (professor nunca viu ninguém casado por esse regime). Não encontrou solo fértil no Brasil. É muito complexo e nada prático. 
É espécie de separação de bens que somente vige enquanto o casal estiver casado. Terá que ser apurado o montante do patrimônio adquirido, subtrair algumas despesas realizadas e o líquido será repartido entre o casal.
Nada no regime de bens é absoluto, há relativização quanto a certos pontos. Vejamos:
Existem situações em que, no caso de legado (Patrimônio recebido por disposição de última vontade - nem sempre o beneficiário é o herdeiro. O herdeiro recebe a herança e o legatário recebe o legado) e/ou doação que são apostas cláusulas restritivas, tais como a cláusula de incomunicabilidade.
Verba testamentária - Palavra de última vontade. É aquilo que está como disposição do testamento, como a vontade do testador.
As cláusulas são: incomunicabilidade, impenhorabilidade e inalienabilidade - A de inalienabilidade implica na de incomunicabilidade (Súmula 49 do STF).
Bem de família
Existem dois tipos de bem de família:
1) Gravame genérico e geral que aproveita a todos, independente da vontade (Lei 8009/90);
Este é um bem de família cuja previsão é legal;
2) Gravame instituído por meio de escritura pública - Este instituto adveio do direito norte-americano. 
Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial.
Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato da aceitação expressa de ambos os cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada.
Rui Barbosa foi quem importou o mencionado instituto. Pelo CC de 1916, era possível instituir o imóvel como bem de família mesmo só tendo um imóvel. Atualmente há uma limitação. Somente é possível a instituição de um bem imóvel e "desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição". 
Dissolução do casamento
Embora ainda existam na lei, as separações consensual, a judicial etc, tudo passou a ser letra morta.
De há muito já se reclamava pelo fim da busca de um culpado para a dissolução do casamento. Em termos práticos não havia mais consequências quanto à perquirição de culpa. Para o divórcio somente são exigidos dois requisitos: estar casado e querer se divorciar.
Dessarte, graças à Emenda Constitucional 66/2010, passou a inexistir qualquer outro requisito para o divórcio. Divórcio é, hoje, um direito potestativo (poder -> sujeição). Todas as hipóteses dos arts. 1572 e 1573 não mais vigoram, de forma que hoje foi reduzido o número de litígios judiciais versando sobre culpa e separação. Antes, para se separar, seria necessária a vontade convergente ou um motivo jurídico, o que não mais ocorre, eis que, como já dito, requerer o divórcio é um direito potestativo. A mudança representa até mesmo um processo de separação menos doloroso.
Existem aqueles que entendem até mesmo que não há separação do casal, somente o divórcio.
O divórcio pode ser realizado de duas maneiras:
1 - A Lei 11.441/2007 instituiu o divórcio por via administrativa, bastando que seja lavrada escritura no cartório de notas. Para isso são necessários três requisitos: (i) consenso entre cônjuges; (ii) o casal não pode ter filhos menores; (iii) o casal não pode ter filhos maiores incapazes.
2 - Divórcio judicial. 
Muitas vezes movidos pela animosidade, uma das partes do casal ingressa com medida cautelar de separação de corpos, ou medida cautelar de arrolamento de bens, por exemplo, como medidas preparatórias do divórcio. Até mesmo, eventualmente, uma cautelar para busca e apreensão de filho menor pode ser preparatória para o divórico. Não se pode cumular a cautelar com a ação de divórico.
Usucapião especial urbana
Casais que se separam de fato por mais de dois anos e não pleiteiam o imóvel de sua propriedade podem perder esse imóvel se o outro cônjuge requerer a usucapião por abandono, por parte do outro, do imóvel. O prazo é de dois anos, e não de cincoou dez, como ocorre com o usucapião tradicional.
Esta modalidade de usucapião foi instituída pela Lei 12424/2011, que inseriu o art. 1240-A no Código Civil vigente.
O art. 1240-A diz que aquele que exercer por 2 anos ininterruptos e sem oposição posse direta e com exclusividade sobre imóvel urbano de até 250 m² cuja propriedade divida com ex cônjuge ou companheiro, utilizando-o para si ou para sua família, adquirirá a propriedade integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou real.
1 - Posse direta exercida por 2 anos ininterruptamente;
2 - Imóvel deve ter até 250m²
3 - Deve dividir a propriedade com o ex cônjuge ou ex companheiro (copropriedade).
Se quer evitar, aquele que quer se afastar deve propor que proponha a ação cautelar para a separação de corpos. Se já se afastou, deve ingressar com o pedido de divórcio judicial para que posteriormente seja realizada a partilha.
Dano moral conjugal
Alguns doutrinadores entendem que não deve ser aplicado o dano moral conjugal para evitar a monetarização da instituição. Alguns entendem que, a depender da situação, sendo muito vexatória, tem cabimento a indenização.
AULA 11
Relembrando que, conforme dito aula passada, o divórcio pode ser realizado pela via administrativa (necessário: consenso, não ter filhos menores, não ter filhos maiores incapazes). Nessa escritura pública pode-se falar em alimentos, em guarda de filhos menores, partilha etc. Deve haver um advogado presente para que seja lavrada a escritura.
Se não puder ser feito pela via administrativa, somente poderá ser realizado na via judicial (bastam dois requisitos: estar casado e não querer mais estar casado - direito potestativo do autor).
Matéria da G1 termina aqui.
UNIÃO ESTÁVEL
A união estável sempre existiu no Brasil, sendo que a pessoa que vivia nesse em união estável era muito mal vista na sociedade. O vínculo, entretanto, não conferia amparo às pessoas, tanto que o CC de 1916, ao falar em uniões sem o casamento, somente abordava restrições de direitos. A mulher abandonada não tinha direito a alimentos, patrimônio etc.
Com a evolução dos tempos, principalmente após o surgimento do divórcio, as pessoas que viviam essa união de fato passaram a poder se casar. Gradativamente foram inseridas leis que conferiram alguns direitos aos companheiros. Em 1976, por exemplo, a companheira passou a poder acrescentar ao seu nome o sobrenome de seu companheiro, desde que comprovasse a união durante 5 anos.
A opinião de Beviláqua, por exemplo, era de que a família somente é legítima quando decorrente do casamento. Os reclames da sociedade foram tão intensos que com o advento da CF 88 - que destinou ao §3º do art. 226 o reconhecimento da entidade familiar formada pelo vínculo entre o homem e a mulher não casados - findou-se a discussão.
Requisitos para a caracterização da união estável (art. 1723 do CC)
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.
§ 1o A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.
§ 2o As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável.
Deve ser pública, duradoura e ter por objetivo a formação de uma família.Não é mais necessário que a união seja entre homem e mulher, admitindo-se a união homoafetiva.
Efeitos jurídicos
Estão situados em duas esferas, na parte patrimonial e na parte assistencial
Na parte assistencial, obrigação recíproca na prestação alimentar, por força do art. 1694, caput, CC, e da Lei 8971 que instituiu a possibilidade de obtenção de alimentos provisórios.
Pode ser lavrada escritura pública de união estável, mas normalmente a união estável é regida somente por fatos.
AULA 12
Continuando com a união estável..
A Lei 8971 estabeleceu uma série de direitos no âmbito do direito sucessório, como o usufruto vidual (usufruto do viúvo - instituto que não mais existe). A Lei 9278 extinguiu esse direito, mas contemplou o companheiro sobrevivente com o direito real de habitação. Ou seja, o sobrevivente poderia continuar morando no imóvel do casal enquanto viver. O usufruto abrangia todo o patrimônio, o direito real somente abrange o imóvel que é a residência do casal.
O CC2002 instituiu o mesmo direito real, mas somente aos casados, não aos conviventes. Hoje já há jurisprudência dominante no sentido de conferir aos companheiros o mesmo direito real de ocupação.
Apesar de o ordenamento prever sempre a monogamia, ainda há situações em que a mulher é tida como concubina, ou seja, é aquela mulher de encontros furtivos que não encontra amparo legal para que seja caracterizada a união estável. De outro lado, tem-se que a acepção companheira não contempla os casos de mulheres ou homens que mantêm uma relação paralela.
Desnecessidade de cumprimento de prazo específico - Requisitos:
A Lei 9278 não fala em tempo para a caracterização, ao contrário do prazo antes existente de 5 anos (caput do art. 1723 é o utilizado atualmente para caracterizar a união estável). Para caracterizar deve haver: publicidade; continuidade; desejo de formar uma família (afectio maritalis - ou seja, vivem os cônjuges como se casados fossem).
Já foi requisito para a caracterização da união estável a diversidade de sexos. Hoje não mais de pode dizer isso. A união homoafetiva atualmente também é amparada pelo ordenamento, sob a justificativa de que, se a CF não vedou, não pode a legislação infra restringir. 
Deveres recíprocos
Não seria razoável que o legislador impusesse aos casais deveres recíprocos e assim não procedesse quanto aos conviventes. Quando coloca no art. 1724 os deveres recíprocos, não menciona fidelidade recíproca, o que não significa inexistir esse dever, visto que expressamente previsto o dever de lealdade. Portanto, deveres de fidelidade e respeito recíprocos. 
Repita-se que não seria razoável entender a existência dessa reciprocidade entre casados e não a alargasse aos conviventes.
Efeitos patrimoniais
Os dois mais importantes são os relacionados aos alimentos e ao direito sucessório.
Alimentos estão previstos no art. 1694, caput. Há novidade presente no texto da lei. Antes não se previa a possibilidade de alimentos para equilíbrio orçamentário ou para a manutenção de status social. Hoje são devidos para que haja manutenção do status de que aquela família gozava. A diferença entre pedir pela lei de alimentos ou não é a possibilidade de o juiz deferir e fixar alimentos provisórios.
Com a fixação dos alimentos provisórios a pessoa que os pleiteia pode começar a recebê-los de imediato, não sendo necessário esperar o fim da demanda. Por isso é importante a possibilidade jurídica de pleitear alimentos valendo-se da lei de alimentos.
Além da concepção fisiológica, alimentos engloba tudo aquilo necessário a um viver digno (moradia, vestuário, lazer, educação, cultura etc). Dependendo da condição do pai do autor, possibilidade até de pedir alimentos para viajar (lembrar da necessidade de manutenção do status social).
No âmbito do direito sucessório, fica registrado o art. 1790, cuja redação é péssima, porque somente se adquire a herança do patrimônio adquirido a título oneroso durante a união e assim mesmo vai haver concorrência com filhos de outro casamento, de outra união ou com filhos comuns. O dispositivo é muito complicado porquanto sua aplicação é extremamente complexa em virtude da necessidade de serem realizados muitos cálculos para se chegar ao patrimônio que restará para o cônjuge sobrevivente.
No que tange ao regime de bens, o art. 1725 do CC estabelece que, salvo o contrato escrito, aplicar-se-ão às uniões estáveis os mesmos princípios aplicáveis ao casamento, ou seja, o regime da comunhão parcial. O casal, contudo, pode afastar a incidência da comunicabilidade ali prevista. Não é correto dizer quehá regime de bens para a união estável.
Modo de constituição, conversão em casamento e dissolução
O modo mais comum de se constituir uma união estável é o modo informal ("é o famoso vai ficando"). A convivência, a união de fato é o que comprova a formação da união estável. Pode, entretanto, ser lavrada uma escritura pública para a constituição de união estável. 
O art. 9º da lei 9278, assim como faz a CF, estabelece que a lei deverá facilitar a conversão da união estável em casamento. A conversão não é automática. Os conviventes deverão passar pelo crivo de um processo. Quando o casal desfaz a união, também poderá lavrar uma escritura pública de dissolução da união estável, o que é ainda mais incomum. 
AULA 13
PARENTESCO E AFINIDADE
Vìnculos por parentesco e por afinidade são completamente diferentes, muito embora o legislador de 2002 tenha mencionado o parentesco por afinidade em um dos artigos do Código Civil. 
O parentesco advém das relações consanguíneas ou do parentesco civil. O consanguíneo é, como o nome já diz, derivado de laços de sangue. O civil é o que decorre de uma criação legal, como o oriundo da adoção. Por outro lado, o vínculo da afinidade já não é decorrente de relações consanguíneas. É aquele que liga o cônjuge aos parentes do outro cônjuge. Dessarte, a afinidade, diferentemente do parentesco, liga um dos cônjuges ao parente do outro, não se podendo falar que pessoas ligadas por afinidade são parentes; são afins.
Parentes em linha reta e em linha colateral
Os limites para herdar são definidos por linhas e graus de parentesco. Os parentes em linha reta descendem uns dos outros, o que não ocorre entre os parentes em linha colateral. Em linha reta são, por exemplo, pai, filho e neto. Os colaterais são aqueles que, partindo-se de um dos componentes da família, "sobe-se" na árvore genealógica ao ascendente comum e após "desce-se" até o outro com o qual se faz a definição da linha. Colaterais, portanto, não descendem uns dos outros, mas de um ancestral comum.
A ordem da vocação hereditária finda-se nos parentes colaterais de quarto grau. Daí para frente não há mais herdeiros. No que cinge à linha reta, não há limite quanto à sucessão, embora sabido que esta linha não é infinitamente protraída.
FILIAÇÃO
A classificação entre filhos legítimos e ilegítimos, naturais, adulterinos, incestuosos etc, é uma classificação unicamente acadêmica, uma vez que a CF possui dois dispositivos que vedam qualquer discriminação relativa à filiação, sendo o art. 227, §6º, o que veda de forma específica qualquer terminologia discriminatória com relação à filiação.
Até a entrada em vigor da Lei de Registros Públicos, as certidões de nascimento de qualquer criança possuía esse tipo de rótulo ("filho natural", "filho legítimo", "filho legítimo" etc), o que, como dito acima, é hoje vedado de forma expressa pela Carta Maior. 
De toda forma, esclareça-se que, àquela época, a filiação legítima era aquela oriunda de justas núpcias, ou seja, calcada no casamento legalmente válido entre os pais da criança. Assim ocorria porque o casamento era considerado como a única fonte formadora de uma família legítima. Nessa seara, ilegítima era a filiação quando a criança não era concebida na constância de um casamento legalmente válido. Dentre os ilegítimos, havia a subdivisão em filhos naturais, adulterinos e os incestuosos. Naturais eram aqueles que nasciam quando não havia impedimento ao matrimônio entre os pais; adulterinos eram os nascidos quando presente impedimento decorrente de a pessoa já ser casada com outra; e, por fim, incestuosos eram os concebidos quando havia impedimento que não dizia respeito aos impedimentos decorrentes de casamento anterior. Quanto aos adulterinos, podiam ser adulterinos a patre ou a matre. Os primeiros quando quem cometia o adultério era o pai, o segundo quando quem praticava era a mãe. 
O art. 358 do Código Civil de 1916 vedava a possibilidade de reconhecimento do filho adulterino e do filho incestuoso. O sujeito, se o pai ou mãe praticasse o adultério - ou ambos -, ficaria sem pai - ou pais - na certidão de nascimento. Este artigo somente foi revogado em 1989, pela Lei 7841/89.
Classificação entre os irmãos
Os irmãos nascidos do mesmo pai e da mesma mãe são chamados germanos ou bilaterais. Os nascidos do mesmo pai e de mães diferentes são denominados unilaterais. Os filhos da mesma mãe e de pais diferentes são chamados de irmãos uterinos. 
Reconhecimento de paternidade
Toda vez que uma criança nasce, a LRP determina que os pais devem proceder ao registro de nascimento dessa criança junto à circunscrição do registro civil das pessoas naturais próxima ao lugar de nascimento. Hoje, entretanto, já é possível fazer o reconhecimento em estado diverso, desde que informado o local real do nascimento. 
Este tipo de reconhecimento é o denominado voluntário. Existem vários tipos de reconhecimento voluntário:
O primeiro deles é o acima abordado, referente ao ato realizado no cartório. A mãe somente pode reconhecer em nome do pai a paternidade quando forem casados. O pai, por sua vez, sempre pode reconhecer em nome da mãe. Uma segunda forma é a realização de uma escritura pública de reconhecimento. O sujeito vai até o cartório de notas e declara que determinada pessoa é seu filho. Há a possibilidade também de reconhecer a paternidade por meio de testamento, até mesmo de forma incidental (ou seja, quando este não for o escopo único do testamento). Frise-se que o reconhecimento de paternidade é sempre irrevogável (o que não significa que será eternamente válido). Pode também haver o reconhecimento de forma incidental em processo judicial (ou seja, quando não é um processo relativo a este tema, mas o sujeito, de modo incidental, faz o reconhecimento).
Quando o pai se recusa a reconhecer a paternidade, deve haver o reconhecimento coercitivo por meio da ação própria, que é a ação de investigação de paternidade, disciplinada pela Lei 8560. Quanto às provas para este tipo de ação, relembre-se que, antigamente, como bem sabido, era difícil de conseguir provar que determinado sujeito era ou não o pai. Por isso, o juiz julgava com base em indícios, e não em provas, ficando muitas vezes impedido de julgar uma ação procedente. Com a revolução da ciência e a invenção do exame de DNA em meados de 1985, a prova passou a ser bem mais fácil. 
Há algum tempo atrás, a recusa de um determinado sujeito à realização do exame de DNA ensejou a decisão, pelo STF, no sentido de que conduzir o investigado "debaixo de vara" para a coleta de material genético representava um constrangimento ilegal. A negativa à realização do exame é hoje vista como presunção juris tantum, a ser analisada em conjunto com o contexto fático-probatório, que atua em desfavor do recusante.
AULA 14
O direito à identidade, o direito de saber a sua origem, de ter uma informação biológica da sua origem é um direito personalíssimo, garantido pela CF, que consiste em respeito à dignidade da pessoa humana e é imprescritível, podendo ser exercido sem restrições. Assim, toda vez que alguém tiver um filho e a paternidade ou a maternidade não for reconhecida, esse filho tem o direito subjetivo de procurar saber quem são seus pais.
A maternidade, obviamente, é mais fácil de ser reconhecida. Pode acontecer, embora não seja comum, a troca de bebês na maternidade. A situação é diferente quanto à paternidade, já que os sinais exteriores não existem. A própria lei trata a paternidade como uma ausência de certeza, como uma presunção legal juris tantum, o que significa que pode ser contestada. Portanto, assim como existe um direito subjetivo de o filho investigar a sua paternidade, há também um direito subjetivo do homem a quem é imputada a paternidade de contestá-la. Ambos os direitos subjetivos podem se contrapor. O filho tem o direito de investigar e o pai tem o direito de contestar.
A investigação da paternidade sempre foi elemento muito complexo no Direito brasileiro. Antes, inexistiam elementos científicos hábeis à comprovação ou à contestaçãoda paternidade, tendo em vista que somente existiam como alicerces os princípios gerais do Direito. Dessa forma, se a mãe possuía uma relação com o investigado durante o período provável da concepção, o juiz o declarava como pai. A defesa sempre se ocupava com a alegação de que a mãe cometia a exceptio plurium concubentium. O juiz não possuía elemento de convicção seguro.
Desenvolveu-se exame que servia somente como excludente, mas o panorama somente mudou efetivamente com o advento do exame de DNA. Diferentemente do que ocorre na Inglaterra, no Brasil não foi criada a obrigatoriedade para que o réu investigado se submetesse ao exame de DNA. Decidiu o Supremo, entretanto, que a recusa implica na suposição de uma presunção contrária àquele que se nega. 
Hoje há inclusive a possibilidade de flexibilização da coisa julgada quando exame de DNA posterior ao julgamento de uma demanda contradiz o sentenciado anteriormente. A coisa julgada de outrora, principalmente quando houve julgamento de improcedência por falta de provas ou por decadência, hoje pode ser revista em nova demanda em razão do privilégio à verdade real, à qual se chega em decorrência de uma evolução científica que o Direito deve acompanhar.
Normalmente essa ação de investigação de paternidade pode ser cumulada com dois pedidos diferentes. Ou há a cumulação com o pedido de alimentos, ou cumula com a petição de herança. O juiz, obviamente, não pode fixar alimentos provisórios desde o despacho inicial quando não há indícios de provas suficientes. Somente poderá fixar quando houver prova direta da paternidade. Se o investigado se negar a se submeter ao exame de DNA, que é legítimo direito constitucional, sua recusa implicará na presunção a ele contrária de que realmente é pai. Se o exame der negativo, pode ser realizado outro como contraprova. Se novamente o resultado for negativo, a ação será julgada improcedente. Sendo positivo o exame, posteriormente às partes se manifestarem, o juiz fixará os alimentos provisórios, que retroagirão à data da citação quando julgado o mérito, por isso é válido ao réu tentar uma composição.
Outro pedido possível de ser cumulado com a investigação é o denominado petição de herança. Se o morto não deixou um testamento contemplando aquele filho com o quinhão que lhe pertence, cabe a este a petição de herança. A reserva de quinhão é gravada na capa dos autos que tramita no juízo de órfãos e sucessões para que seja reservado o quinhão pertencente ao filho que move a ação de investigação. Para isso, é elaborado exame de DNA mediante coleta dos restos mortais do de cujus. Esse exame em termos práticos é complicado, porque há vezes em que o cemitério mistura restos mortais após a exumação e etc. Busca-se muitas vezes, pois, a realização do exame em parentes do de cujus, sendo que a negativa atua como presunção contrária aos herdeiros.
A Lei 8560/92 importou inovações do Direito português, algumas delas que acabaram não sendo implementadas em termos práticos. P. ex.: estabeleceu que toda vez que uma mãe chega ao cartório para reconhecer o filho, é questionada quanto a quem é o suposto pai, que possui 30 dias para se apresentar ao cartório e se manifestar quanto à afirmação da mãe. Com isso a lei criou a chamada investigação oficiosa, presidida pelo juiz da circunscrição do registro civil das pessoas naturais. Conferiu, nesse caso, legitimidade ao MP para propor uma ação em nome do menor, o que nunca foi visto pelo professor, em virtude do frágil suporte probatório.
Quanto à técnica de reprodução assistida:
A matéria é tratada pela Lei 9263/96. Essa Lei na verdade veio disciplinar o direito das pessoas a terem uma reprodução assistida. Àqueles que não podem ter filhos por meios naturais e nem por adoção, são conferidos caminhos, devendo o Poder Público orientar e custear essa reprodução assistida, sendo vedada a utilização de ações de orientação que visem ao controle demográfico. 
A assistência pode se dar de várias formas. Normalmente, ocorre a chamada inseminação homóloga, que ocorre quando a inseminação é feita com material genética do próprio marido, ou pode ser a heteróloga, que se dá quando o material genético inseminado não é de marido.
AULA 15
Família Substituta
O ideal para se criar uma criança ou um adolescente é no seio da sua família natural, constituída pelo pai, mãe e irmãos. Essa é a concepção de vida junto com os familiares próximos para um viver condigno e é por isso que o legislador entende que é assim que a criança deve ser criada a educada. Porém, nem sempre essa situação é possível porque muitas vezes o pai, a mãe ou ambos, por algumas razões, não tem condições de cuidar de seus filhos – sejam condições econômicas, patrimoniais, emocionais, psicológicas, etc. Toda vez então que não for possível que o pai ou a mãe ou ambos cuidem de seus filhos, compete ao Estado verificar em que condições estão vivendo essas crianças para que o Estado possa lhes providenciar o que o estatuto da criança e do adolescente denominou de família substituta. 
Então, toda vez, que os pais biológicos não podem cuidar de seus filhos, seja por qualquer razão, à esses filhos tem que ser dado uma família substituta. O legislador elaborou uma gradação crescente, em termos de vínculo jurídico, para essas famílias substitutas. O legislador estabeleceu 3 tipos de famílias substitutas: 1) a família substituta através da guarda; 2) através da tutela e; 3) através da adoção. 
1) O instituto da guarda é o que tem a menor profundida do vínculo dentre as 3 modalidades. Essa família visa tão somente a regularizar juridicamente uma situação de fato já existente, proporcionando a essa criança uma assistência matéria, moral e educacional. A finalidade da família substitua é dar uma salvaguarda para essa criança e adolescente. O legislador entende que tirar uma criança do seio da sua família natural é uma medida excepcional que só deve ocorrer após de uma análise aprofundada do caso aonde o juiz vai verificar as relações de afetividade e afinidade entre essa criança ou adolescente com a pessoa que vai ser seu guardião. O juiz ao analisar essas questões, vai tentar minimizar o máximo possível os efeitos dessa retirada dessa criança da sua família biológica. Esta guarda que estamos falando aqui, que visa regularizar uma situação de fato, é apreciada e julgada, como regra geral, pelo juiz da infância, no caso em que essa criança está numa situação de risco (menor abandonado, menor deixado num abrigo, recém-nascido deixado numa caixa de papelão, etc.). Esses são os casos de guarda que o juiz vai resolver visando uma proteção imediata do menor. Ele pode, inclusive, deferir uma guarda provisória ou temporária, em sede de cautelar, preparatória para uma ação principal visando, não só a destituição do poder familiar como uma futura adoção; ela pode ter também um caráter incidental no próprio processe de adoção. O processo de tutela também cabe uma medida incidental de guarda. Resumindo: nesse caso a guarda deferida se faz necessária para regularizar uma situação de fato para melhorar a situação do menor, não é disputa de guarda de pai e mãe que se divorciam porque esta será um outro tipo de guarda. A que estamos falando está prevista no estatuto da criança e do adolescente e se aplica quando a criança está numa situação de risco, o que não é o caso da situação da criança que tem os pais divorciados ( a abrangência dessa guarda ficará no código civil e é um outro tipo de guarda, que pode ser hoje, como regra geral, uma guarda compartilhada e também existe a individual/exclusiva; o que não existe na nossa lei é a chamada guarda alternada e ela não existe por ser nociva pois é aquela em que a criança mora 10 dias com um e 10 dias com outro, perdendo todo o seu referencial domiciliar porque ora ela mora em um lugar ora ela moro em outro – ela poderá vir a ser concedida mediante acordo, mas ainda assim o juiz olhará com devida cautela). A do código civil visa ver quem será o responsável direto pela guarda do menor; no estatuto a criança estáem risco. 
Para o adolescente (o que tem entre 12 e 18; criança é de 0 até 12 anos incompletos) ser colocado em guarda, tutela ou adoção tem que ter sua vontade considerada (§1º, artigo 28 do estatuto). Com esta guarda é conferida ao dependente todos os efeitos jurídicos, menos os efeitos do sucessórios mas os efeitos abrangem a esfera previdenciária e aqui há uma observação a ser feita: a lei 8213 que é a lei de previdência social estabelece no seu artigo 16 que toda criança ou adolescente que estiver sobre guarda terá direito a benefício previdenciário quando seu guardião vier a falecer. Acontece que a lei 9528/97 alterou este artigo 16 não mais permitindo que criança e adolescente sob guarda recebesse o benefício previdenciário do seu guardião. Hoje tramita no congresso a volta do artigo 16 – o próprio Estado que tem dever de zelar pelo bem estar da criança é o primeiro a lhe negar direitos, direitos estes que já estavam contemplados. O interessante aqui é que todas essas decisões proferidas em sede de juizado da criança e do adolescente podem ser revistas a qualquer tempo nos mesmos autos. Essas decisões, exceto a da adoção não fazer coisa julgada material, o vínculo da guarda pode ser desfeito a qualquer momento (tanto pela perda como pela modificação dessa guarda). O artigo 165 do estatuto coloca os requisitos para colocação em família substituta.
Uma vez o juiz tendo proferido uma sentença ele não pode mais modifica-la, apenas corrigir um erro através de embargos declaratórios, mas mudar nunca. No sistema recursal brasileiro o juiz pode modificar a sentença? Existem duas hipóteses em que ele pode: 1) artigo 198, §6º - juiz profere uma decisão, antes dela transitar em julgado se você oferecer o recurso, no âmbito do juizado da criança e do adolescente o juiz pode exercer o chamado juízo de retratação e antes de mandar o processo ao tribunal para o reexame da matéria ele pode modificar a decisão; 2) caso do recurso interposto contra decisão que indefere a petição inicial - artigo 296, CPC; ele ao indeferir a petição inicial o autor recorre através de uma apelação cível e o juiz também pode exercer o juízo de retratação e modificar a sua decisão. Todas as decisões são tomadas sempre através do princípio do melhor interesse da criança. Todas as decisões que se referem à infância e juventude o princípio a ser adotado é este em detrimento do interesse do pai e da mãe ou de quem quer que seja; o que vai ser olhado é tão somente o bem estar da criança. 
2) Nós sabemos que toda criança e adolescente, ou todo o incapaz tem que ter um representante legal. Não existe a possiblidade de um menor, seja criança ou adolescente ficar sem um representante legal. Quem são os representantes legais diretos do filhos? O pai e a mãe. Mas pode acontecer que eles não possam cuidar desses filhos; eles podem ter morrido; podem ter decaído do poder familiar; podem ter sido condenados por um crime que pela sua natureza e pela sua condenação o juiz venha a decretar ao perdimento do poder familiar. Nesses casos, quem será o responsável por essa criança? A tutela então é o encargo conferido à alguém para zelar pela pessoa e administrar os bens dos menores incapazes cujo pais faleceram ou decaíram do poder familiar. Então, não se trata de criar um outro pai ou uma outra mãe, não se trata de pegar um parente ou um estranho e em função da morte dos pais daquela criança e dizer que eles são os novos pais. Pai e mãe não se substitui, exceto no caso da adoção. O tutor será encarregado tão somente de zelar pela aquela pessoa e administrar os bens daqueles menores. Não nasce na tutela um vínculo maior a não ser o da proteção, da responsabilidade, de representação para os atos da vida civil que os menores não podem praticar sem a representação. 
Obs.: A guarda é a do menor abandonado, ele pode ter um tutor? Pode, mas normalmente ele tem um guardião. A guarda nessa hipótese do menor abandonado entra como uma cautelar preparatória para o caso de tutela ou até mesmo de adoção. Ela serve para regularizar uma situação. Essas crianças abandonas podem ser colocadas em tutela, mas normalmente ficam em guarda porque quando elas são abandonadas, muitas vezes não se conhece o pai ou a mãe e você não tem como saber a situação deles. A guarda acontece para regularizar uma situação fática em que a criança se encontra numa situação de risco. A criança que tem os pais mortos num acidente de avião, por exemplo, vai ter uma situação de tutela e não de guarda porque ela não está numa situação de risco, em tese porque ela terá um avô, uma avó, tio, etc. Já a criança abandonada você não sabe nada da criança. 
A diferença está em que se você tem uma criança cujos pais faleceram essa criança tem que ter um representante legal e o nome que se dá à ele é exatamente o tutor. Encontraremos o dispositivo da tutela o artigo 1728 e seguintes do código civil. 
Existem vários tipos de tutela – primeiramente vai depender da forma da nomeação. Primeiro são os tutores legítimos (aqueles indicados pelos pais e reconhecidos em lei); depois os tutores testamentários (instituídos pelos pais em testamento). Quando você não tem nenhumas das pessoas elencadas no artigo 1731 o juiz nomeará o tutor dativo, ou seja, quando não houver um tutor legítimo, testamentário, nenhum parente próximo que possa exercer o encargo, o juiz nomeia alguém estranho a família que obviamente tenha alguma relação com o menor, que possa cuidar do menor, administrar dos seus bens, levando sempre em consideração o problema da afetividade. Se tiverem dois ou mais irmãos na mesma situação o juiz nomeará um único tutor para os irmãos porque não se separam os irmãos, seja na guarda, na tutela ou na adoção, embora a lei não fale isso na guarda, mas se tem dois irmãos que vão ser objeto de guarda, defere-se os irmãos ao mesmo guardião, ao mesmo tutor. Mesmo que por disposição testamentária tenham sido nomeados dois tutores diferentes (1733, §1º) vai ser considerado como melhor tutor aquele que foi indicado em primeiro lugar (fulano A e fulano B; será considerado o fulano A. Este só não será considerado se houver alguma situação em que a lei mande ele não ser considero – em que a lei chama de escusa). 
A lei estabelece aqui no artigo 1735 uma nomenclatura equivocada quando diz “os incapazes de exercer a tutela” pois dá a impressão que a capacidade que ela cita é a civil. Não é isso, deveria estar escrito em vez de “incapazes” a palavra “impedidas”, visto que todas as hipóteses elencadas são casos de impedimentos. 
I – aqueles que não tiverem a livre administração de seus bens – se eles não podem administrar seus bens, como poderão administrar os de outra pessoa?
II – visa evitar conflito de interesse entre tutor, menor e família do menor.
III – você vai colocar um inimigo dentro de casa? Não. Então se você tem alguém indicado como tutor e é inimigo dos pais do menor ou do menor, nomear essa pessoa como tutor é um crime. Não é caso de incapacidade, é de impedimento porque essa pessoa não é incapaz, apenas impedida de ser tutor. 
IV – o direito penal não diz que quando você cumpre a pena você está em paz com a sociedade? Nesse caso não, uma vez bandido, bandido sempre, cumprindo ou não a pena. Tem ser uma sentença penal condenatória transitada em julgado. Uma pessoa condenada por tais tipificações não tem como exercer uma tutela. 
V – Tudo se refere a questão de honestidade do indivíduo porque uma pessoa desonesta não tem condição de exercer tal cargo visto que ele implica em administrar bens de terceiros.
VI – quem exerce função pública que seja incompatível com exercício da tutela? Um oficial da marinha mercante, por exemplo. Um comandante de avião – outro exemplo. 
O artigo 1736 traz as hipóteses em que o tutor pode escusar-se da tutela. Somente nesses casos e em outros extremos o juiz poderá ou não aceitar essa escusa. 
I – mulheres casadas. Isso ofende o princípio da isonomia? Não, porque a mulher casada tem implicações na vida que a solteira não tem, então o legislador deixou que elaspudessem se escusar da tutela. 
II – maiores de 60 anos.
III – os que tiverem sob sua autoridade mais que 3 filhos. 
IV – os impossibilitados por enfermidade. 
V – aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja de exercer a tutela. Como você vai zelar por uma pessoa que não mora próximo de você? O tutelado tem que estar próximo do tutor.
VI – aqueles que já exercerem tutela ou curatela.
VII – os militares em serviço por conta dos distanciamento e das modalidades que exercem. 
AULA 16
Professor liberou para palestra.
AULA 17
O tutor exerce todas as funções inerentes aos cuidados de uma criança menor. Embora não seja o pai, age como se fosse. É responsável pela malversação de qualquer coisa com relação ao menor, tanto que, dependendo de como é feita a indicação do tutor, se os pais por testamento isentam o tutor de qualquer garantia, o juiz determinará que ele especifique em hipoteca legal a garantia ao exercício do encargo. 
O tutor não possui a livre disposição dos bens do pupilo, mas nos atos de mera administração pode causar prejuízo ao patrimônio do pupilo. O juiz, assim, exigirá que o tutor indique bens que ficarão protegidos através da hipoteca legal. Caso o tutor malverse o patrimônio do pupilo, seu patrimônio responde.
O juiz é corresponsável por qualquer dano que o exercício da tutela ocasione. Na hipótese de pertencer algum problema na administração do patrimônio e não renovar o tutor no momento devido, pode vir a responder com seu patrimônio para reparar eventual dano causado por sua omissão jurisdicional. Se chegar a seu conhecimento algum fato desabonador do exercício da tutela, deve adotar as providências cabíveis o quanto antes.
Os cuidados relativos ao exercício da tutela dividem-se em duas etapas: a primeira com relação à pessoa do pupilo, a segunda com relação a seus bens. Quanto à pessoa do tutelado, como já dito, o cuidado que o tutor deve ter é o mesmo que o pai deve ter com relação a seus filhos, inclusive respondendo por atos ilícitos praticados pelos tutelados.
Como o prazo da tutela é de 2 anos, é obrigado de 2 em 2 anos de prestar contas da sua administração (obviamente, somente na hipótese de o pupilo possuir renda). 
A tutela cessa, com relação ao pupilo, conforme dita o art. 1763 e, com relação ao tutor, nos moldes do que diz o art. 1764, sendo que o art. 1766 aborda a possibilidade de destituição do tutor.
ADOÇÃO
O instituto da adoção não é novo. Caiu em desuso na Idade Média e ressurgiu com o Código Civil Napoleônico. O Código Civil de 1916 estabelecia uma série de requisitos que dificultavam a adoção, como a exigência de idade mínima de 50 anos e a possibilidade de desfazimento da adoção, já que teria natureza contratual. Várias leis posteriores, contudo, foram abrandando os rigores. Atualmente, qualquer tipo de adoção deve ser realizada mediante procedimento judicial com a intervenção obrigatória do Ministério Público.
Atualmente, a natureza jurídica é de um instituto de ordem pública que depende de declaração volitiva e ato judicial, razão pela qual a sentença que a institui tem natureza jurídica constitutiva. Como mencionado, dependerá de uma declaração volitiva de quem pretende adotar. Diga-se também que hoje está muito mais voltada a uma política de governo do que calcada na esfera privada. Antigamente buscava-se satisfazer a vontade de pessoas que não podiam ter filhos, ao passo que atualmente é fruto de uma política do Estado visando ao amparo de crianças de não possuem um lar.
Ressalte-se que o adotado deve ser recebido na família como filho para todos os efeitos civis, inclusive sendo vedada a menção á origem da filiação no registro do adotado. O juiz determina o cancelamento da certidão anterior e uma nova é elaborada. Na lei estão os requisitos necessários à adoção:
O adotante deve ter, no mínimo, 18 anos. A diferença de idade entre adotante e adotado deve ser de ao menos 16 anos. Deve haver o consentimento dos pais para que a criança seja adotada; se não são conhecidos, a manifestação de vontade deve ser feita por edital, salvo nas hipóteses de menor abandonado. Não pode haver adoção por procuração. O adotante deve demonstrar possuir condições materiais e morais para suportar uma adoção. Duas pessoas só podem adotar em conjunto se forem casados ou conviventes, sendo que o marido ou a esposa podem adotar o filho de sua companheira.
É proibido ascendente adotar descendente. Se dois ou mais irmãos forem adotados, somente poderão ser adotados pela mesma pessoa. Se o pretendente à adoção falece antes de concluída a adoção, tem-se a adoção póstuma, que será levada adiante com prolatação de sentença.
Requisitos formais para adoção: deve haver estágio de convivência, na forma do ECA, deve haver mandado de cancelamento do registro anterior, sentença judicial transitada em julgado, mandado de averbação de nova paternidade, conforme versam arts. 46 e ss. do ECA. Os efeitos são absolutos depois de feita a adoção.
Por força do art. 198 do Estatuto, o juiz pode exercer o juízo de retratação após a sentença.
Adoção internacional
A lei permite que haja adoção por estrangeiros residentes fora do país, mas impôs uma série de condições para que isso ocorra. 
O processo é bipartido. A primeira etapa é de natureza administrativa; deve ser feita na CEJA (Comissão Estadual Judiciária de Adoção). A lei diz que o estrangeiro e o pretendente à adoção devem comprovar a sua possibilidade para adotar uma criança brasileira. Nessa pretensão deve mandar vir do país estrangeiro o estudo psicossocial, que deve vir no original da língua do país do pretendente e com tradução juramentada, acompanhado dos documentos pessoais do pretendente também acompanhados de tradução juramentada. Da mesma forma, deve vir a legislação do país e a chancela consular mostrando que aquela lei está vigendo no momento.
Trazida essa documentação, é entregue junto ao presidente da CEJA. Após analisar todos os documentos, é expedida uma certidão chamada de certidão de habilitação, na qual consta que aquela pessoa está apta a promover a adoção. Após a extração dessa certidão, o processo administrativo é arquivado e o sujeito deve ingressar com o pedido de adoção na 1ª Vara da Infância, quando já deve saber que criança adotará. No processo judicial, cumulação de pedidos: destituição do poder familiar dos pais biológicos, adoção, ofício à Polícia Federal para emissão de passaporte, nova emissão de certidão de nascimento etc.
Vale lembrar que o estágio de convivência deve ser realizado em território nacional. O juiz é que fixa o tempo, que normalmente é de 15 a 20 dias. Há também uma audiência para oitiva das partes.
AULA 18
PODER FAMILIAR
Pelo Código de 1916, o nome era pátrio poder, o que dava a entender que existia uma supremacia do poder do pai, como efetivamente ocorria. A presença, ainda hoje, da expressão poder traz uma desvirtuação do que é o instituto, que, na verdade, deve ser conceituado como o conjunto de normas de direitos e deveres quanto à pessoa e os bens do filho menor exercido pelos pais na mais estreita colaboração e igualdade de condições. 
Não há mais a supremacia masculina. Antes, a decisão cabia aos pais e restava às mães buscar o Judiciário, o que dificilmente ocorria. Pelo princípio da isonomia material, a relação entre pais e filhos deve ser exercida em igualdade de condições por ambos os pais, sempre com o foco do bem-estar do filho. O que se aplica no exercício do poder familiar, sob qualquer esfera, é o objetivo de zelar pelo melhor interesse do filho menor.
Portanto, hoje o poder familiar é exercido em igualdade de condições, ainda que os pais dissolvam a união estável, ainda que se divorciem. Os filhos terão os mesmos direitos e mesmos deveres se ocorrer a dissolução do vínculo entre os pais. Porém, aquele pai que detém a guarda é que será o responsável pelos atos do filho menor. 
Ressalte-se que, na vigência do CC de 1916, as mulheres viúvas geralmente não se casavam, já que novo casamento implicaria na perda da guarda do filho. 
Segundo o nosso

Continue navegando