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Resumo Teoria do Direito Privado (p2)

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Teoria do Direito Privado (P2)
Direitos de Personalidade: 
Proteção à imagem – art. 20, CC
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. (Vide ADIN 4815) 
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
O direito de imagem ou a sua proteção prevista no art. 20 do CC, corresponde aos modos de designação da pessoa na sociedade, e, dessa forma, a proteção à imagem envolve a proteção da própria imagem, dos escritos e da voz, já que identificam o indivíduo. 
Caso o dano, material ou moral já tenha ocorrido, o direito a indenização é assegurado. 
Obs: segundo o Ministro Barroso, o art. 20 do cód. Civil seria inconstitucional, uma vez que o art. 20 em seu parágrafo 1º veda qualquer proibição à liberdade de informação jornalística. 
Proteção à Privacidade: 
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. (Vide ADIN 4815)
A proteção à vida privada visa resguardar o direito das pessoas de intromissões indevidas em seu lar, em sua família, em sua correspondência, etc. 
Embora o art. 21 do cód. Civil se refira apenas à privacidade, alguns autores apresentam uma distinção entre privacidade e intimidade, pois embora ambos mereçam proteção, a intimidade seria um campo ainda mais restrito, presente no interior do individuo, como por ex, sua orientação sexual. A privacidade, que também é protegida pelo ordenamento jurídico, está em um campo menos restrito, como por ex, a troca de mensagens e conversas telefônicas. 
*Biografias não autorizadas não podem ser proibidas. Mas, caso a pessoa se sentir exposta ou invadida, ela tem o direito de entrar com uma ação judicial.* 
O direito à privacidade e à imagem, trazem à tona a questão das biografias não autorizadas que, segundo alguns autores, não seria permitida em virtude do que dispõe os art. 20 e 21 do cód. Civil. No entanto, a associação dos editores de livros ingressara com a ação direta de inconstitucionalidade (ADI) n°4815, onde o STF determina que em um conflito entre a liberdade de expressão e o direito à privacidade, deve prevalecer o primeiro, sendo permitido, por este motivo, a publicação das biografias não autorizadas onde, havendo alguma lesão, poderá o ofendido buscar judicialmente as medidas cabíveis. 
Ausência:
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.
A ausência, prevista no art. 22 do cod. Civil, consiste na ausência do indivíduo do seu domicílio, sem que se tenha dele qualquer notícia, havendo declaração judicial de tal situação. É necessário ainda, por configurar a ausência, que o indivíduo não tenha deixado representantes, o que, em tese, justificaria a sua não presença em seu domicílio. 
Prolongando –se a ausência e crescendo as possibilidades que haja falecido, a proteção legal volta-se ao herdeiros, cujos interesses passam a ser considerados (art. 25 a 38).
Elementos da ausência: 
Não presença no seu domicílio
Falta de notícias
Decisão judicial 
Obs: um pessoa pode entrar com uma ação de ausência e também de divórcio. A cônjuge do ausente não é considerada viúva. Para se casar, terá de promover o divórcio, citando o ausente por edital. 
Não se confunde morte presumida com a ausência, uma vez que a morte presumida determina o fim da personalidade jurídica, enquanto a ausência busca a proteção do indivíduo, que se ausentou do seu domicílio sem que se tenha dele qualquer notícia. Terminando o procedimento da ausência, os seus efeitos se assemelham à morte presumida no que se refere à situação sucessória e até matrimonial. 
Fases do procedimento da ausência: 
1º) Curadoria dos bens: 
Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador.
§ 1o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo.
§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.
§ 3o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.
A curadoria dos bens como primeira fase pode ser requerida por qualquer interessado, sendo a ordem de preferência, a do cônjuge na forma do art. 25 do cód. Civil. Embora não haja previsão expressa, o companheiro também é parte legítima para requerer a curadoria dos bens. Na falta de cônjuge, descendentes e pais, o juiz nomeará um curador dativo. Cessa a curadoria: 1) pelo aparecimento do ausente, do seu procurador ou de quem o represente; 2) pela certeza de morte presumida; 3) pela sucessão provisória.
2º) Sucessão provisória:
Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido.
§ 1o Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão provisória, cumpre ao Ministério Público requerê-la ao juízo competente.
§ 2o Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta dias depois de passar em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á à arrecadação dos bens do ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823.
Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos.
§ 1o Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida neste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia.
§ 2o Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade de herdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente.
Após um ano da curadoria dos bens, poderão os interessados requerer a sucessão provisória, que tem por objetivo a posse provisória dos bens. O art.25 do cod. Civil determina que havendo representante do curador, o prazo passe de 1 para 3 anos. 
Dispondo ainda o cod. Civil que os herdeiros para se apossarem provisoriamente dos bens do ausente, deverão prestar uma garantia, sendo garantido, no entanto, aos ascendentes, descendentes e cônjuges, o direito de entrar na posse dos bens, independentemente de garantias, como prevê o par.2º do art. 30 do cód. Civil. 
3º) Sucessão definitiva: 
Passados 10 anos da abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requererem a sucessão definitiva, que irá perdurar por mais 10 anos. Se, nesse período, o ausente reaparecer, terá direito aos bens no estado em que se encontra, inclusive, os sub-rogados* em seu lugar, sendo cabível também, a restituição do valor do bem vendido. 
Embora silencie o cod. Civil, encerrando a sucessão definitiva e reaparecendo o ausente após o prazo previsto, não terá qualquer direito patrimonial, embora tenha garantida a sua personalidade jurídica. 
*sub-rogado: bem substituído por outro. 
Pessoa jurídica: 
É a entidade cuja lei confere personalidade jurídica, capacitando-a a ser sujeito de deverese também de direitos. Prevalece como regra o Princípio da Separação das Personalidades, pois não se confunde a personalidade da pessoa jurídica com a personalidade dos seus integrantes. 
3.1) Natureza jurídica: 
a) Teorias:
Teoria da Ficção: segundo essa teoria, apenas a pessoa natural teria personalidade jurídica, sendo a pessoa jurídica uma mera ficção criada com objetivos patrimoniais. Ocorre, porem, uma severa crítica contra a referida teoria, pois o Estado é pessoa jurídica de direito público e, se considerado ficção jurídica, tudo que decorre dele também seria, como por ex.: leis, atos administrativos, etc. 
Teoria da Realidade: sendo a teoria que prevalece, considera a pessoa jurídica sujeita de direitos e obrigações, porque a lei lhe confere personalidade jurídica, desde que preenchidos certos requisitos. 
3.2) Requisitos para a aquisição da pessoa jurídica: 
1º) Acordo de vontade dos indivíduos (vontade humana criadora): como regra geral, a pessoa jurídica é criadora através da vontade dos seus integrantes. São necessárias duas ou mais pessoas com vontades convergente, ligadas por uma intenção comum. Porém, como exceção, podemos apontar as pessoas de direito público que são criadas por lei. 
2º) Ato Constitutivo e registro: consiste na formalização da criação da pessoa jurídica, o que se dá através do contrato social ou do estatuto. O registro, que é feito em ordem própria, é o que define o início da personalidade jurídica da pessoa jurídica e sem o registro, a pessoa jurídica é considerada pessoa jurídica irregular ou de fato. 
3º) Licitude do Objeto: a pessoa jurídica regularmente constituída deve possuir um objeto lícito de atuação, que significa que o objeto não contraria a lei, a moral e os bons costumes. Em regra, as pessoas jurídicas têm por objetivo a aquisição de lucro. Porém, existe pessoas jurídicas sem fins lucrativos, como por ex. as associações e as fundações. 
3.3) Sociedades Irregulares e Grupos despersonalizados: 
Sem o registro de seu Ato Constitutivo, a pessoa jurídica é considerada irregular. A pessoa jurídica irregular não possui personalidade jurídica própria e, por essa razão, o seu patrimônio se confunde com o patrimônio de seus integrantes, não prevalecendo, assim, o Princípio da Separação das Personalidades. O patrimônio das sociedades não personificadas responde pelas obrigações, mas os seus sócios têm o dever de concorrer com os seus haveres, na dívida comum, proporcionalmente à sua entrada (art. 596 – CPC)
Porém, a pessoa jurídica irregular poderá adquirir personalidade jurídica própria a partir do registro do seu ato constitutivo, que produzirá efeitos Ex-nunc. 
Nem todo grupo social constituído para a consecução de um fim é dotado de personalidade. Os grupos despersonalizados apresentam uma massa patrimonial unitária que, apesar de não possuírem personalidade jurídica, possuem capacidade protelatória ou capacidade processual. Ex: a massa falida de uma empresa*, espólio do falecido**. 
*massa falida: acervo de bens pertencentes ao falido, após sentença declaratória de falência decretando a perda do direito e à administração e à disposição do referido patrimônio. Embora não tenha personalidade jurídica, não podendo, por isso, ser titular de direitos reais e nem contrair obrigações, exerce a massa falida os direitos do falido, podendo agir inclusive contra ele. 
**espólio: é o complexo de direitos e obrigações do falecido, abrangendo bens de toda natureza. 
3.4) Classificação da pessoa jurídica: 
A pessoa jurídica se classifica de acordo com certos critérios que não são excludentes, o que significa dizer que uma mesma pessoa jurídica pode se enquadrar em mais de uma classificação. 
Quanto à nacionalidade:
Nacional: sociedade organizada conforme a lei brasileira e que tenha no país a sede de sua organização (art. 1126 CC, art. 176 e 222 CF). 
Estrangeira: qualquer que seja o seu objeto, não pode, sem autorização do Poder Executivo, funcionar no país, ainda que por estabelecimentos subordinados (art. 1134 CC)
Quanto à estrutura interna: 
Corporação: constitui um conjunto de pessoas, reunidas para melhor consecução de seus objetivos. 
Fundação: o elemento predominante é o patrimônio personalizado, pois a fundação é constituída através de um complexo de bens destinados à uma finalidade não lucrativa, sendo muitas vezes altruísta ou assistencial. De acordo com a origem patrimonial, a fundação será pública ou privada. 
O que distingue ambas (corporação e fundação), é que a primeira visa a realização de fins internos, estabelecidos pelos sócios e os seus objetivos são voltados para o interesse e o bem estar de seus membros. As fundações, ao contrário, têm objetivos externos, estabelecidos pelo instituidor. Nas corporações também existe o patrimônio, mas ele é elemento secundário, apenas para a realização de um fim. Nas fundações, o patrimônio é elemento essencial. As corporações dividem-se em associações e sociedades.
Quanto à função ou órbita de atuação:
De direito público : 1) externo: são os Estados da comunidade internacional, ou seja, todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. Ex: organismos internacionais (ONU). 2) interno: administração direta: união, estados, distrito federal, territórios e municípios. Administração indireta: autarquias, fundações públicas e demais entidades de caráter público criadas por lei. 
De direito privado: com previsão legal no art do CC, são pessoas jurídicas de direito privado as associações, as sociedades, as fundações, as organizações religiosas, os partidos políticos e as empresas individuais. 
3.5) Pessoas jurídicas de direito privado:
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)
V - os partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)
§ 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)
§ 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)
§ 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)
Associações: 
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos.
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.
É a união de indivíduos que reúnem esforços e se organizam sem finalidade lucrativa ou econômica como prevê o art. 53 do CC. Não há, entre membros da associação, direitos e obrigações recíprocas nem intenção de dividir resultados. 
Sociedade: 
A sociedade é a união de indivíduos que se organizam em um esforço comum com finalidade lucrativa ou econômica. 
Obs: a sociedade na vigência do cod. Civil anterior era dividia em sociedade civil e sociedade comercial. Porém, a legislação atual divide a sociedade em simples e empresária.
Simples: é a reunião de profissionais de uma mesma área, como a Sociedade de Advogados.
Empresária: atua no exercício típico da atividade empresarial, objetivando a circulação de bens e serviços. 
Fundação: 
É o complexo de bens destinados à uma finalidade específica, sem finalidade lucrativa ou econômica. 
Organizações religiosas: 
Uma entidade religiosa tem fins pastorais e evangélicos e envolve a complexa questão da fé. Não podem se limitar a ter apenas um fim, pois sua própria manutenção já presume o movimento financeiro. Elas não podem ser consideradas associações, pois não se enquadram no art. 53 do cod. Civil,uma vez que não tem fins econômicos stricto sensu. Também não podem ser consideradas sociedades, pois o art. 981 afasta essa possibilidade. 
Partidos Políticos: 
Tem natureza própria, seus fins são políticos, não se caracterizando pelo fim econômico ou não. Assim, não podem ser associações ou sociedades, pois não possuem fins culturais, assistenciais, moral ou religioso. 
3.6) Desconsideração da pessoa jurídica: 
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.
Segundo o ex ministro do STJ RUI Rosado, a desconsideração da personalidade jurídica consiste na suspensão episódica do registro dos atos constitutivos da pessoa jurídica, com a finalidade de atingir o patrimônio pessoal dos sócios. Como a personalidade jurídica do sócio é distinta da pessoa jurídica, é comum a utilização de ações fraudulentas para ocultar o patrimônio jurídico. 
O STJ já reconheceu a aplicação de ambas as teorias, sendo a teoria maior aquela que se configura com a fraude, sendo inclusive a teoria predominante doutrinária e jurisprudencialmente. Como se observa pelo disposto no art. 50 do CC, o legislador civil optou por adotar a Teoria Maior da desconsideração da personalidade jurídica. 
A Teoria Menor não exige o elemento fraude, exigindo apenas o inadimplemento da pessoa jurídica e o prejuízo do consumidor. 
Domicílio: 
É a sede jurídica da pessoa, ou seja, o lugar onde é encontrada para responder pelas suas obrigações. Apesar do domicílio ser regulado pelo cod. Civil, possui importância substancial para diversos ramos do direito, como por exemplo, o cód.do processo civil, que estabelece como foro competente o domicílio do réu.
4.1) Domicílio da Pessoa Natural:
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo.
Como prevê o art.70 do CC, o domicílio da pessoa natural é aquele onde o individuo fixa sua residência com ânimo definitivo, podendo ser destacado as seguintes características: 
Indeclinabilidade: consiste no fato do indivíduo não poder abrir mão de um domicílio, como se observa no art. 73 do CC, que será considerado o ugar onde a pessoa foi encontrada se não possuir residência habitual. 
Pluralidade: consiste no fato da pessoa possuir diversas residências onde vive alternadamente, sendo considerado domicílio qualquer uma delas (art. 71 – CC: Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.)
Mudança: É permitido que o indivíduo, por ato de vontade, mude de domicílio, sendo necessário para tanto, fazer prova de seu ânimo definitivo, nos termos do par. único do art. 74 (Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar. Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem.) 
4.2) Domicílio da Pessoa Jurídica: 
O domicílio da pessoa jurídica é aquele definido em seus atos constitutivos e, não havendo tal previsão, será considerado o domicílio onde se encontra a administração ou a direção da pessoa jurídica. Se a pessoa jurídica possui mais de uma sede ou filial, será considerado o seu domicílio, o local da sede ou filial, onde o ato foi praticado. 
4.3) Classificação: 
Domicílio Civil: consiste no domicílio da pessoa natural ou da pessoa jurídica. 
Domicílio eleitoral: é onde o indivíduo exerce os seus direitos políticos.
Domicílio profissional: é o domicílio onde o individuo exerce a sua profissão, sendo domicílio utilizado para as relações profissionais, conforme a previsão do art.72 do CC. Exercendo a profissão em mais de um lugar, será considerado domicílio qualquer um deles, onde se pratica o ato. (Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.)
Domicílio Legal ou necessário: em regra, o domicílio é voluntário, pois a pessoa o escolhe livremente. Porém, a lei fixa certos domicílios como necessários, como se observa pelo art. 76 e seu par. único, como por ex., o servidor público cujo domicílio é o lugar que exerce a sua função e o preso, cujo domicílio é onde cumpre a pena. (Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso. Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.)
Domicílio Especial: é o domicílio estabelecido em contrato para serem cumpridas as obrigações e os direitos dele resultante, como prevê o art. 78 do CC. É também denominado “foro de eleição”.
Bens:
São coisas suscetíveis de apropriação e contêm valor econômico. Somente interessam ao direito coisas suscetíveis de apropriação exclusiva pelo homem. 
O direito romano promovia uma divisão dos bens em corpóreos (móvel) e incorpóreos (imóveis)*, sendo o bem corpóreo o de existência física e o incorpóreo, o de existência abstrata, porém de valor econômico. 
Denominam-se res nullius as coisas sem dono, que nunca foram apropriadas, como a caça solta, os peixes, e podem sê-lo, pois se acham à disposição de quem as encontrar o apanhar, embora essa apropriação possa ser regulamentada para fins de proteção ambiental. Res derelicta é coisa móvel abandonada, que seu titular lançou fora, com a intenção de não mais tê-la para si. Nesse caso, pode ser apropriado por qualquer outra pessoa. 
O CC atribui importância especial à classificação dos bens, principalmente pelo fato de que estes como patrimônios do devedor na relação obrigacional, respondem por suas dívidas, tendo, no entanto, disciplina específica para cada espécie. 
*Bens imóveis: (art. 79) são bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.
5.1) Bens considerados em si mesmos:
Bens imóveis: são os bens que não podem ser transportar, sem destruição, de um lugar para outro. Essa definição não abrange as edificações. 
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
II - o direito à sucessão aberta.
Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:
I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local;
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.
Bens Móveis:
O art. 82 do CC considera bens móveis os bens suscetíveis de movimento próprio ou de remoção por força alheia.
Bens Móveis por natureza:
Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social.
Semoventes: são suscetíveis de movimento próprio, como os animais. Movem-se de um local para outro por força própria. Recebem o mesmo tratamento jurídico dispensado aos bens móveis propriamente ditos. Por essa razão, pouco ou nenhum interesse prático há em distingui-los. 
Móveis propriamente ditos: são os que admitem remoção por força alheia, sem dano, como os objetos inanimados, não imobilizados por sua distinção econômica social. Ex: moedas, títulos da dívida pública e particular, mercadorias,etc. 
Obs: Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.
Móveis por determinação legal: 
São bens imateriais, que adquirem essa qualidade jurídica por disposição legal. Ex: o fundo de comércio, as quotas e ações de sociedades empresárias, os direitos do autor, etc. 
Móveis por antecipação: 
São bens incorporados ao solo, mas com a intenção de separa-los oportunamente e converte-los em móveis, como as árvores destinadas ao corte e os frutos ainda não colhidos. 
Bens fungíveis e infungíveis: 
Bem fungível é o bem substituível por equiparação, pois é substituível por bem de mesma espécie, qualidade e quantidade, como prevê o art. 85 do CC. 
Bens infungíveis são os que não têm esse atributo, ou seja, são insubstituíveis. Ex: quadro de um pintor famoso, uma escultura famosa que são personalizados ou individualizados. 
Obs: existem exceções, de acordo com a vontade das partes. Ex: uma moeda é um bem fungível, mas certas moedas podem ser consideradas insubstituíveis para colecionadores. Um boi é infungível e, se emprestado a um vizinho para serviços de lavoura, deve ser devolvido. Mas se for destinado ao corte, poderá ser substituído por outro. 
Bens consumíveis e inconsumíveis: 
Bens consumíveis são bens cuja utilização leva a sua destruição imediata e também, aqueles bens móveis destinados à alienação*. Do contrário, serão considerados inconsumíveis. Podem ser consumíveis de fato (aqueles cujo uso importa destruição imediata da própria substância, como os gêneros alimentícios) ou consumíveis de direito (os que se destinam à alienação, como as mercadorias de supermercado). 
*alienação: compra, venda, aluguel. 
Os bens inconsumíveis são aqueles que podem ser usados continuadamente, ou seja, os que permitem utilização contínua, sem destruição da substância. 
Diferença entre bem fungível x bem consumível:
É muito comum o bem fungível ser igualmente consumível, como por exemplo, um vizinho que pede ao outro, açúcar emprestado. Porém, bem móvel fungível se diferencia do bem móvel consumível, o que se observa facilmente pelo critério de classificação, pois o critério de fungibilidade é a substituição por equiparação, enquanto o bem consumível se caracteriza pela destruição imediata ou pela alienação. O bem pode ser infungível e ainda assim, ser consumível. Ex: quando um agricultor colhe uma abobora nunca antes vista e resolve coloca-la à venda (é infungível pq nunca foi vista antes). 
Bens divisíveis:
Quando fracionados não alteram sua substancia e nem diminui o seu valor, como prevê o art. 87 do CC. A indivisibilidade, por outro lado, pode decorrer da natureza do bem, da previsão legal ou por vontade das partes, como prevê o art. 88 do CC.
Bens Singulares:
São os bens móveis considerados individualmente. Ex: canetas. Já os coletivos são a multiplicidade de bens com destinação unitária. Ex: uma biblioteca ou um rebanho de cabras. 
5.2) Bem reciprocamente considerados:
a) Principal: é o bem que possui existência própria, sendo acessório o bem cuja existência depende do principal. 
b) Acessório: é aquele cuja existência depende do principal. Engloba os frutos, produtos, pertenças e benfeitorias. Ex: solo – bem principal/árvore – bem acessório. 
Produto x Fruto:
É bem acessório não renovável ou de difícil renovação. Ex: metais ou pedras preciosas extraídas das minas. Já os frutos, quando colhidos ou extraídos não alteram a substância nem diminuem o valor de sua fonte. 
Obs: natural – surge naturalmente. Ex: fruto de árvore. Industrial – depende da ação humana. Civil – surge pq tem alguém usando. Ex: juros, aluguel. 
Pertenças:
São pertenças os bens acessórios que, não sendo parte integrante do principal, se destinam de modo duradouro ao seu uso, ao seu serviço ou ao seu embelezamento (art. 93 CC). 
Importante esclarecer que o art. 94 do CC estabelece que as pertenças somente seguirão o principal, se houver previsão nesse sentido. 
Benfeitorias:
Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.
§ 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
§ 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
§ 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.
Benfeitorias necessárias são aquelas destinadas à conservação do bem ou destinada a evitar seu perecimento. Ex: construção ou reforma do telhado. 
Benfeitorias úteis são aquelas que aumentam ou facilitam o seu uso. Ex: construção de uma garagem. 
Benfeitorias voluptuárias são benfeitorias destinadas ao deleite ou a recreação. Ex: construção de uma piscina. 
Negócio Jurídico: 
6.1) Fatos jurídicos: 
É qualquer fato que tenha reflexo jurídico. Correspondem à fatos naturais ou humanos, que de alguma forma produzem efeitos jurídicos. 
São fatos naturais, os fatos jurídicos que decorrem de eventos de força maior ou de caso fortuito, como as chuvas que causam dano ao patrimônio. Também são considerados fatos naturais, aqueles que, de alguma forma produzem efeito sem a interferência humana. Ex: data que torna o indivíduo absolutamente capaz. 
Os atos humanos são fatos jurídicos a partir do momento que produzem efeito jurídico, podendo o referido ato ser um ato jurídico involuntário ou um ato jurídico voluntário. Quando o ato humano é praticado com a intenção de produzir efeito jurídico, é denominado negócio jurídico.

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