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Um Homem Chamado Zemo

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3 
 
 
 
 
 
 
 
UM HOMEM CHAMADO 
ZEMO 
POR 
JERONIMO ANDRADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
ARACAJU 
2014 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Esperamos que chegue o dia em que ninguém mais precise falar do 
Nacional-Socialismo, pois ele terá se tornado o ar que respiramos.” 
 
GOEBBELS, Joseph. 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
O objetivo deste livro é aproximar o leitor de uma 
civilização que, como poucas vezes ocorreu ao longo da História, 
conseguiu fazer com que todas suas atividades estivessem sempre 
impregnadas de um caráter superior às outras civilizações. 
A história a seguir reconstitui de forma ficcional um 
momento do período denominado de III Reich. É uma época que 
corresponde ao apogeu da Alemanha nazista e ao governo do 
Führer Adolf Hitler (1933 – 1945), quando a Alemanha havia se 
transformado em potencia econômica e militar, dominando vários 
povos vizinhos, da Europa à África. 
 
 
 
 
 
 
6 
 
SUMÁRIO 
 
 
PRÓLOGO............................................................................................................8 
 
CAPÍTULO I 
O NASCIMENTO DE ZEMO............................................................................15 
 
CAPÍTULO II 
O ÓDIO DE ZEMO.............................................................................................23 
 
CAPÍTULO III 
A ASCENSÃO DE ZEMO..................................................................................31 
 
CAPÍTULO IV 
ZEMO NAS OLIMPÍADAS DE BERLIM.........................................................39 
 
CAPÍTULO V 
A GUERRA SECRETA DE ZEMO...................................................................56 
 
EPÍLOGO ...........................................................................................................89 
 
GLOSSÁRIO.......................................................................................................96 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS................................................................98 
 
EXTRA: 
COLETÂNEA DE CAPAS VARIANTES.......................................................100 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
 
 
“Eu juro por Deus este juramento sagrado. Prestarei 
obediência incondicional a Adolf Hitler... O Führer do 
Reich e do povo alemão... Supremo comandante das 
forças armadas... E estarei pronto como soldado valoroso 
a arriscar a vida a qualquer momento... Por este 
juramento. Adolf Hitler!... Adolf Hitler!” 
 
 
 
 
 
 
8 
 
PRÓLOGO 
8 de janeiro de 1946 
Vinte e um líderes alemães são julgados por crimes de guerra, o cenário 
escolhido pelos aliados para julgar os “crimes nazistas” é o Palácio da justiça de 
Nuremberg. Sentados nos bancos de réus estão alguns dos principais nazistas que um 
dia já foram chamados de “homens de confiança do Reich”, são eles: Albert Speer, 
Ministro dos Armamentos; Hermann Göering, Ministro da Aeronáutica e Responsável 
pela Política Judaica; Rudolf Hess, vice-líder do Partido Nazista; Joachim Von 
Riblentrop, Ministro de Assuntos Exteriores; Hans Frank, advogado do Führer e 
Governador-Geral da Polônia ocupada e Karl Olsen, cientista do Reich. 
Um julgamento similar de crimes de guerra foi conduzido para os líderes 
japoneses – com exceção do Imperador Hirohito – em Tóquio. Nenhum julgamento de 
guerra contra os Aliados foi realizado. 
No Tribunal de Nuremberg, a equipe de promotores formulou acusações 
sem precedentes no Direito Internacional..., como conspiração, crimes contra a 
humanidade e contra a paz. Além disso, a lista de delitos inéditos incluía um item 
arrebatador: o genocídio ou a morte de um povo. 
Entre os acusados estava um sujeito que outrora já foi o secretario pessoal 
de Hitler, Rudolf Hess agia como se não houvesse lhe restado um pingo de sanidade 
mental... Seu olhar parecia perdido, completamente alheio ao processo. 
O juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos escolhido para chefiar o time 
de acusadores norte-americanos foi Robert Jackson, ele explicou ao presidente Harry 
Truman que o aspecto legal pouco importava nessa situação, porque as atrocidades 
 
 
9 
 
cometidas pelos nazistas eram consideradas criminosas desde os tempos de Caim – 
personagem bíblico que matou o irmão Abel. O resultado desse raciocínio foi à criação 
de uma série de acusações, como conspiração e crimes contra a humanidade. 
__ “Abri o 1º julgamento da história de crimes contra a paz mundial... Implica uma 
grande responsabilidade.” – disse Robert Jackson. 
__ “Os erros que buscamos condenar e punir foram tão calculados... Tão nocivos e tão 
devastadores... Que a civilização não suportaria ignorá-los... Porque ela não sobreviverá 
a uma repetição deles. Essas quatro grandes nações... Resplandecendo com a vitória, 
feridas pela injúria... Estão em posição de vingança. Mas, voluntariamente... Submetem 
seus inimigos cativos ao julgamento da lei. 
Esse é um dos maiores tributos que o poder jamais concedeu à razão. Se estes são os 
primeiros lideres de guerra de uma nação derrotada... A serem acusados em nome da 
lei... Concordamos que aqui devemos presumir que sejam inocentes... E aceitamos a 
obrigação de provar os atos criminosos... E a responsabilidade desses réus por esses 
atos. 
Nosso proposito não é condenar todo o povo alemão. Hitler não pegou o poder pelo 
voto majoritário, mas se apossou dele... Por uma aliança perversa entre 
revolucionários... Reacionários e militares. 
Vocês vão ouvir, hoje e nos próximos dias, a enormidade... E o horror de seus atos. A 
acusação dará provas inegáveis desses incríveis acontecimentos. Eu me incluo entre os 
que receberam as histórias mais atrozes... Dessa guerra com suspeita... Ou com 
cepticismo. Agora, não mais. O relatório dos crimes não omitirá nada do que pôde ser 
concebido... Por seu orgulho patológico... Sua crueldade e seu desejo de poder. 
 
 
10 
 
Vocês saberão da repressão aos sindicatos... Da perturbação à igreja, da perseguição aos 
judeus... Da conversão de mero antissemitismo em deliberado extermínio... De judeus 
na Europa. Vocês saberão das longas séries de agressões alemãs, conquistas... E quebra 
de tratados. 
O terror que se espalhou pela Alemanha. A devastação feita nos territórios ocupados. E 
vão saber que a verdadeira parte a se queixar nesse tribunal... É a civilização. 
A civilização pergunta se a lei é tão lenta, a ponto de ser incapaz... De lidar com os 
crimes dessa magnitude... Cometidos por criminosos dessa importância. Ela não espera 
poder tornar a guerra impossível. Ela espera que os senhores, com seus atos jurídicos... 
Coloquem as forças da lei internacional... Seus preceitos, suas proibições... E, acima de 
tudo, suas sanções... Do lado da paz. Para que homens e mulheres de boa vontade, em 
todos os países... Possam ter permissão para viver... Sem permissão de homem algum... 
Obedecendo a lei.” 
Após um longo discurso do promotor Jackson... Karl Olsen é o primeiro 
nazista a sentar-se no banco de réu e diante da suprema corte composta por juízes dos 
países vencedores – Inglaterra, Estados Unidos, União Soviética e França –, ele levanta 
a mão direita e jura dizer só a verdade, somente a verdade, nada mais que a verdade 
para a corte. 
O promotor de acusação RobertJackson é o primeiro a interrogar o acusado. 
__ “Dr. Karl Olsen esse é o seu nome?” 
– “iá” (sim). 
– “e o senhor é um cidadão alemão nascido em Berlim?” 
 
 
11 
 
– “iá”. 
– “no ano de 1899?” 
– “essas perguntas são realmente necessárias” – disse Olsen. 
– “responda somente as perguntas sem questionar” – disse o juiz 
–“iá, eu nasci no ano de 1899 na cidade de Berlim capital da...” 
– “Por favor, responda só o que eu te perguntar” – disse Robert Jackson. 
Fazendo um interrogatório lentamente cansativo o promotor Jackson chega 
aonde ele queria. 
– “...Então o senhor realmente sabia o que estava acontecendo nos Campos de 
Concentração, não só o senhor como também todos que faziam parte do Nacional-
Socialismo” 
– “Não é verdade” – disse Olsen. 
 – “Protesto meritíssimo” – disse o advogado de defesa. 
– “aceito” – falou o juiz. 
– “o promotor não pode acusar o réu se baseando em respostas precipitadas”. Disse o 
juiz. 
– “desculpe senhor juiz” – falou Jackson. 
– “Nem todo mundo sabia... O senhor não pode generalizar dizendo que todos os 
partidários e simpatizantes do nazismo sabiam das atrocidades nos campos de 
concentração. Existiam aqueles que atuavam nos campos e aqueles que trabalhavam no 
governo. Poucos eram os homens que exerciam cargos de confiança no Reich”. 
 
 
12 
 
__ “Está dizendo que o senhor não sabia das atrocidades nazistas contra os judeus”. 
– “não é isso que eu quero dizer. Só estou tentando dizer que Himmler não deixava que 
alguns homens de cargos inferiores no governo, tivessem conhecimento das atrocidades 
nos campos”. 
– “mas você sabia!” 
– “iá, eu sabia” – disse Olsen. 
__ “E seus colegas aqui presentes sabiam das atrocidades contra os judeus”. 
– “Não posso falar por eles”. 
– “sabiam ou não sabiam?” – com um tom de voz alterado o promotor pergunta a 
Olsen. 
– “protesto meritíssimo, o promotor está intimidando o réu, a responder as suas 
perguntas” – falou o advogado de defesa. 
– “protesto aceito, senhor promotor nada de intimidação nesta corte aos acusados”. – 
disse o supremo juiz. 
__ “Desculpe meritíssimo... Doutor Olsen o senhor disse que nem todo mundo sabia dos 
extermínios de judeus e de prisioneiros de guerra nos Campos de Concentração. Isso 
por que Himmler achava melhor manter em segredo as atrocidades, para que futuras 
acusações contra os nazistas vinhessem à tona se caso os Aliados vencessem a guerra, 
que foi o que aconteceu, estou certo?” 
– “iá, o senhor está certo” – disse Olsen. 
 
 
13 
 
__ “Mas acontece que nem todo mundo concordava com as ideias de Hitler sobre o 
extermínio de judeus”. – disse o promotor. 
– “iá, existiam aqueles que discordavam do Führer, mas não tinham coragem de falar 
diante dele”. 
– “por quê?” – perguntou o promotor. 
__ “Ora. Porque todos nós respeitávamos o Führer. Fizemos um juramento de lealdade 
para com o Führer. E quem desobedecesse as suas ordens eram tidos como traidores do 
Reich e eram mortos”. 
__ “Por acaso teve homens que desafiaram Hitler e saíram vivos?” 
Olsen para por um segundo e responde: 
__ “... iá, Johan Zemo”. 
– “Quem?” – perguntou o promotor. 
– “Johan Zemo foi o orgulho de Hitler, ele se orgulhava de ter criado o nazista perfeito”. 
– “Desculpe, mas não há registros desse tal de Zemo, não sabemos nada sobre ele”. 
__ “Isso porque Hitler apagou todos os dados de sua origem, desde o começo Zemo era 
um assunto extremamente confidencial, poucos de nós sabíamos quem ele era, de onde 
ele veio ou o que era o „projeto Zemo‟, o nazista perfeito”. 
__ “E você sabe quem foi Zemo ou o que foi esse projeto” – perguntou o promotor. 
__ “iá, eu sei”. 
__ “Então poderia nos dizer quem foi Johan Zemo?” 
– “iá”. 
 
 
14 
 
Do outro lado da corte os outros nazistas levantaram-se e ameaçaram Olsen. 
Se ele revelasse o projeto de Hitler aos juízes – inimigos do Reich: 
– “Você não pode falar nada para eles Olsen, isso é alta traição, lembre-se do seu 
juramento ao Führer”. – disse Hermann Goering enquanto os outros nazistas o 
chamavam de traidor. 
__ “E então, será que você vai nos contar sobre esse tal projeto Zemo para nós. Lembre-
se que a Alemanha perdeu a guerra, o então sonho de 1000 anos do Reich de Hitler não 
existe mais e você não tem mais nada a perder”. 
__ “Está bem eu lhes contarei tudo o que sei. Advertirei que será uma longa história”. 
__ “Não se preocupe temos todo o tempo do mundo para ouvi-la”. – disse o promotor 
Robert Jackson. 
E assim começa a história de Zemo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
CAPÍTULO I 
 
 O NASCIMENTO DE ZEMO 
A história do “nazista perfeito” começa numa noite sombria, onde uma 
mulher está preste a dar a luz, um menino que no futuro cometerá atrocidades para a 
criação de uma nova Ordem Mundial. 
1903 é o ponto de partida dessa sombria história, tudo começa em Berlim 
capital imperial do II Reich, governado pelo Kaiser alemão Guilherme II, um monarca 
da nobreza prussiana. De família pobre, numa pequena casa. A criança nasce em meio 
ao ódio. Se não fosse pelo médico que o trouxe ao mundo, ela teria sido assassinada 
minutos após o nascimento pelo próprio pai, um homem cuja razão havia sido destruída 
pelo álcool, e que culpou a criança pela morte da mãe. O pai desiludido pela morte da 
mulher suicidou-se no dia seguinte e a criança foi levada a um orfanato pelo médico. 
No orfanato a criança permanece até os sete anos de idade, quando então 
foge para as ruas. As noites em que não dormia sob os céus gelados da Alemanha, ela 
passava na cadeia, presa por pequenos furtos. 
Com o passar dos anos, o menino teve que aprender a viver nas ruas, ele era 
um órfão, forçado a roubar o alimento de que precisava pra viver... 
 
 
16 
 
__ “Volte aqui com esse frango! Volte!” – gritou o policial correndo atrás do menino 
para prendê-lo. 
__ “Não gaste saliva! A fome dá asas aos pés dele!” – falou o outro policial. 
Mas, mesmo como ladrão ele não tinha sucesso! Era muito pequeno e 
fraco... Um alvo fácil para os meninos maiores! 
__ “Foi legal ele ter trazido um frango! Pena que é pequeno!” – disse um dos meninos 
que tomaram o alimento roubado do garoto, enquanto os outros meninos batiam nele. 
__ “Da próxima vez, traga um maior!” – diziam os meninos que o espancavam. 
À medida que ele crescia, a maior parte do tempo era passado na cadeia... 
Por crimes que iam da vadiagem ao roubo! 
__ “Você de novo?!” – disse um dos carcereiros da prisão. 
__ “Quando vamos nos livrar de você?!” 
Quando eles se livravam do menino, ele não melhorava! Dormia em 
celeiros, estábulos, qualquer lugar onde pudesse se deitar sem ser perseguido! 
Nesse período o Kaiser alemão Guilherme II havia declarado guerra ao 
mundo. Com as seguintes palavras: 
__ “Deus nos criou para civilizar o mundo. Desgraça e morte para todos que resistirem a 
minha vontade”. 
O mundo agora estava vivendo a primeira guerra que envolveu nações dos 
cinco continentes, a “1ª Grande Guerra Mundial”. 
 
 
17 
 
Em menos de uma semana, as principais nações da Europa passaram de uma 
“Paz Armada” para uma guerra total. Por consequências, todas as colônias de nações 
europeias espalhadas pelo mundo começaram também a lutar. Começava a guerra das 
guerras, como foi chamada a primeira guerra mundial. 
A grande tempestade da primeira guerra mundial pegou muitos 
contemporâneos de surpresa... Parecia que o mundo vivia um novo renascimento e que a 
carnificina dos confrontos em grande escala era coisa do passado. 
Além dos arames farpados dos campos de batalha, cheirando à morte e à 
dissolução,estava a “terra de ninguém”. Mais do que simples jargão do front, a 
expressão tornou-se um dos mais contundentes retratos da primeira guerra mundial. 
Espalham-se corpos de ambos os lados, alguns deitados, outros enroscados no arame 
frouxo, onde podem ter ficado por dias. 
Nenhuma análise posterior... Equipara-se aos testemunhos de quem pisou 
naquele campo de batalha. 
Sem aliados, com greves e revoltas internas e a produção industrial 
comprometida, os alemães se rendem a 11 de novembro de 1918, assinando um tratado 
de rendição incondicional, encerrando uma guerra que deixou 19 milhões de mortos, 
causou o colapso de quatro impérios e mudou o mapa geopolítico da Europa e do Médio 
Oriente. 
As condições com as quais a delegação alemã concordou às 5h da manhã no 
dia 11 de novembro de 1918 eram rigorosas. O país foi forçado a abandonar os 
territórios que tinha ocupado, renunciar a seus ganhos e entregar boa parte de seu 
maquinário de guerra. 
 
 
18 
 
Foi um acordo amaldiçoado na Alemanha porque representou uma 
humilhação óbvia e não trazia uma relação clara com a situação em que o confronto 
estava quando as negociações começaram – naquele momento, a Alemanha ainda estava 
bem avançada na França e na Bélgica, o que poderia sugerir que uma derrota não era 
assim tão eminente. 
Uma coisa que o armistício de fato conseguiu foi colocar fim definitivo à 
Primeira Guerra Mundial. Essa era a preocupação primordial dos Aliados, que não 
pensavam sobre as consequências em longo prazo. 
Ninguém estava imaginando o que poderia acontecer dali a um ano, muito 
menos dali a duas décadas. 
A noticia do armistício foi recebida com festa por toda parte. Houve, porém, 
quem lamentasse o fim da guerra em um momento em que a vitória parecia tão 
próxima; outros não enxergaram muitos motivos para comemorar. 
– “com certeza, está foi à última guerra travada entre as nações civilizadas”, – escreveu 
o soldado britânico Arthur Wrenche em seu diário, em 11 de novembro de 1918 – dia 
em que a Alemanha, único dos Impérios centrais que ainda não havia capitulado, 
finalmente assinou o armistício, pondo fim à Primeira Guerra Mundial. 
Lido hoje, o comentário parece terrivelmente irônico ou tragicamente 
ingênuo. No entanto, ele refletia o desejo sincero e a esperança de todos aqueles que 
haviam visto o confronto se arrastar por boa parte do planeta nos quatro últimos anos: a 
de que aquele horror jamais se repetisse. 
Logo em seus primeiros dias, a República de Weimar (nome dado ao 
governo da Alemanha após o golpe que derrubou o Kaiser e pós-fim ao seu império), 
 
 
19 
 
foi comprometida pelo ressentimento do povo contra o armistício. O novo governo foi 
praticamente envenenado desde o começo, em termos de boa parte da opinião pública 
alemã. 
O jovem órfão agora era um pobre alemão que vivia numa Alemanha 
destruída pela guerra. Já adolescente, nas raras ocasiões em que achava trabalho, era 
sempre nas funções mais braçais e ingratas... 
__ “Você! Finja-se de vivo! Continue varrendo ou dê o fora!” – disse o patrão dele, um 
velho gordo e rabugento que estava sempre a humilhar o rapaz. O dono da loja era um 
empresário judeu cuja filha foi a única pessoa a demonstrar alguma bondade pelo rapaz. 
Desde que nasceu a sua vida foi um inferno, no orfanato ele era castigado 
pelas pessoas que trabalhavam lá e era sempre alvo de chacotas pelas outras crianças até 
fugir e ir morar nas ruas onde tinha que roubar para se alimentar, acabava sempre 
apanhando dos outros meninos mais velhos. E quando passava as noites na prisão ele 
pensava: 
__ “um dia eu serei alguém na vida e quando esse dia chegar à humanidade que sempre 
mim desprezou vai sentir a minha fúria... Vão sofrer e sangrar”. 
A primeira e malograda tentativa de Hitler de tomar o poder na Alemanha, 
aconteceu na cidade de Munique. Ele distribuía pôsteres que declaravam: 
__ “Proclamação para o povo alemão! O regime dos criminosos de novembro é hoje 
declarado extinto. Um governo nacional alemão provisório é formado.” 
Em novembro de 1923, Hitler atacou, escolhendo como base uma cervejaria 
em Munique. Com a ajuda de Göring, e a “coleção” heterogênea da SA (Tropa de 
 
 
20 
 
Assalto) de Ernest Rohm, o porão foi cercado, e Hitler irrompeu a fabricação de cerveja, 
derrubando um tonel de cerveja no chão, atirando para o alto e gritando: 
__ “A revolução nacional começou. O local está cercado por 600 homens pesadamente 
armados e ninguém pode sair. O governo da Bavária e o Reich foram depostos e um 
governo do Reich provisório será formado.” 
A tentativa de fazer uma revolução e derrubar a República decadente de 
Weimar é frustrada, e Hitler no desespero de ser preso, tenta cometer suicídio com um 
tiro na cabeça, ele pensa em tudo que viveu até aquele momento e por um segundo o seu 
dedo quase aperta o gatilho, e o mundo poderia ficar tranquilo sem a presença de um 
futuro tirano para as nações democráticas... Mais ele não o faz. 
Ele Pensa que a Alemanha precisa dele com vida do que sem. Dois guardas 
alemães entram e com duas espingardas apontadas para a sua cabeça, ele resolve se 
entregar sem demonstrar nem um tipo de espanto, seu sengue é frio como de uma 
serpente traiçoeira. 
Do lado de fora, seus companheiros foram todos presos, ninguém havia 
fugido e poucos tiveram a coragem de enfrentar a policia. 
Repórteres haviam sentido cheiro de furo de reportagem e assim como 
abutres na carniça, eles logo lotaram a frente da cervejaria para ver quem era o 
responsável pela tentativa frustrada de um golpe contra a república. 
De cabeça erguida e sem demonstrar arrependimento o líder dos rebeldes 
nacionalistas posa para as fotos como um modelo de capa de revista... Entre a multidão 
encontrava-se um jovem, que por alguns segundos, olhou profundamente para o 
prisioneiro de bigodinho... Um olhou para o outro sem saberem que seus destinos já 
 
 
21 
 
haviam sido traçados e que num futuro não distante eles voltariam a se encontrarem. O 
jovem ouviu de um repórter dizer: 
__ “vejam só... Poucos são os homens que tem a coragem desse sujeito, de querer 
mudar a política desse país” 
O jovem ouviu atentamente aquelas palavras do repórter, palavras as quais 
ele iria ouvir nos meses seguintes dos cidadãos que não falavam em outra coisa, a não 
ser daquele fatídico golpe fracassado de tomar o poder. 
Nas ruas não tinha outro assunto para conversar e as opiniões estavam 
divididas... Quem era comunista apoiava a ideia de um golpe e implantar a ideologia 
Marxista na Alemanha, já os fascistas pensavam o contrario. 
E chega o dia do tão aguardado julgamento de Adolf Hitler, o homem que 
meses atrás havia liderado um possível golpe na cervejaria de Munique. 
No julgamento, ele está de pé perante o juiz e ouve as acusações que lhe 
pesam, sem demonstrar nenhum arrependimento, ele calmo como sempre, e com olhares 
intimidadores, tem o direito a fala concedida. 
Em sua defesa ele diz que estava fazendo a coisa certa e que aquele 
julgamento era uma piada, por que, quem deveria estar sentado no banco dos réus 
deveriam ser os criminosos de 11 de novembro de 1918. Traidores do Reich, aqueles 
que obrigaram o Kaiser a abdicar e implantaram a República de Weimar, sendo 
coautores das duras penalidades que o tratado de Versalhes impusera e, roubaram as 
riquezas da nossa querida alemã. 
__ “Se um ladrão rouba algo que lhe pertence e você pega de volta, você passa a ser o 
ladrão?” – perguntou Hitler a corte. 
 
 
22 
 
(...) depois de quase 3 horas de sessão, Hitler ouve do juiz a sua sentença. 
Culpado por tentar dar um golpe de estado e derrubar a República... Sua sentença é de 
cincoanos na prisão sem direito a condicional. 
Mais ele sairia em nove meses. Tempo o suficiente para escrever o livro que 
é sua autobiografia intitulada Mein Kampf (Minha Luta), este livro foi lido por poucos e 
ridicularizado por muitos. Mais quando Hitler chegasse ao poder, ninguém mais iria rir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
CAPÍTULO II 
 
O ÓDIO DE ZEMO 
O mundo vive uma crise econômica que iniciou nos Estados Unidos e 
atingiu toda a Europa, centenas de homens e mulheres em frente à bolsa de valores de 
Nova Iorque testemunhavam, mas ainda não acreditavam, no desastre do dia 24 de 
outubro de 1929. 
A Alemanha foi o primeiro país europeu a sentir os efeitos da crise, sua 
economia que já havia sido sofrida pelo final da primeira guerra mundial, agora estava 
totalmente dilacerada e, os pobres alemães de renda baixa são os primeiros a sofrer. As 
poucas economias que tinham nos bancos se perderam da noite para o dia. 
Após a quebra da bolsa, bancos e investidores tiveram imensas perdas 
financeiras. Só que situação dos bancos ainda se agravou mais, devido às enormes 
somas de dinheiros que foram emprestados aos fazendeiros que, com o inicio da grande 
depressão, se tornaram incapazes de pagar suas dívidas. 
Se nas cidades a situação era drástica devido ao desemprego, no campo, ela 
assumiu ares de uma mendicância angustiante, conforme relatou Oscar Ameringer 
(1870 – 1943), escritor e político socialista da cidade de Oklahoma, durante uma 
 
 
24 
 
audiência perante o subcomitê da comissão de Assuntos Trabalhistas da Câmara dos 
Deputados dos Estados Unidos: 
__ “durante os últimos três meses, eu visitei, como já disse, uns 20 estados desse belo 
país extraordinariamente rico. Eis algumas das coisas que vi e ouvi. Alguns cidadãos de 
Montana disseram que havia milhares de alqueires de trigo abandonados nos campos 
porque seu baixo preço mal dava para cobrir as despesas da colheita. Em Oregon, vi 
milhares de alqueires de maçã apodrecendo nos pomares. 
Somente as absolutamente perfeitas podiam ser vendidas, por 40 ou 50 caixa de 200 
maçãs. Ao mesmo tempo, há milhões de crianças que, por causa da pobreza de seus 
pais, não comerão maçã alguma nesse inverno. Enquanto estava em Oregon, o Portland 
Oregonian (jornal diário da cidade de Oregon) lamentava o fato de milhões de ovelhas 
serem sacrificadas pelos criadores, por não renderem no mercado o suficiente para 
pagar o seu transporte. 
Enquanto em Oregon, os urubus comiam carne de carneiro, vi pessoas procurando 
restos de carne nas latas de lixo de Nova Iorque e Chicago. Conversei com um homem 
num restaurante em Chicago. Ele me falou da experiência como criador de carneiros. 
Disse que no outono tinha sacrificado e atirado no Canyon 3 mil carneiros, porque o 
transporte de um deles custava $ 1,10 dólares, então lucraria menos de um dólar por 
cabeça. Disse que não tinha recursos para alimentar os animais e não queria deixá-los 
morrer à míngua. Por isso, cortava-lhes o pescoço e os atirava no Canyon. 
As estradas do oeste e do sudoeste pulavam de pessoas famintas pedindo carona. As 
fogueiras dos acampamentos dos desabrigados são visíveis ao longo de todas as estradas 
de ferro. Vi homens, mulheres e crianças caminhando penosamente pelas estradas. A 
maioria deles... Eram proprietários de fazendas que tinham perdido... Tudo na recente 
 
 
25 
 
baixa de preço do trigo e do algodão... Os fazendeiros estão sendo pauperizados pela 
pobreza das populações industriais, pauperizadas pela pobreza dos fazendeiros. Nenhum 
deles tem dinheiro para comprar o produto do outro: consequentemente, há excesso de 
produtos e carência de consumo, ao mesmo tempo e no mesmo país”. – assim relatou 
Oscar Ameringer. 
O desemprego fez com que milhões de pessoas, inclusive famílias inteiras, 
ficassem desabrigadas e passassem a caminhar pelas estradas em busca de 
oportunidades de sobrevivência. 
Em 1933, o democrata Franklin Delano Roosevelt (1881 – 1945), se tornou 
o 32º presidente dos Estados Unidos. Ao contrário de seu antecessor, Roosevelt 
acreditava que o governo norte-americano era o principal responsável na luta contra os 
efeitos da Grande Depressão. 
Durante a campanha eleitoral, Roosevelt havia se comprometido a 
estabelecer um “Novo Ajuste” para o povo americano. Em seu discurso de posse 
declarou: 
__ “A única coisa a temer é o próprio medo”. 
Em uma sessão legislativa especial, conhecida como Hundred Days (Cem 
Dias), com o apoio do congresso, ele criou e aprovou uma série de leis, que passou a ser 
conhecido como New Deal (Novo Acordo ou Novo Ajuste). Elas visavam fornecer 
ajuda social às famílias e pessoas necessitadas; e, empregos por meio de parcerias entre 
o governo, empresas e consumidores. 
 
 
26 
 
Além disso, o novo acordo também reformava o sistema econômico e 
governamental norte-americano, visando evitar que uma recessão futura ocorresse 
novamente. 
Filas de famílias eram formadas esperando por ajuda financeira dos diversos 
programas de ajuda social que foram criados pelo governo Roosevelt a partir de 1933. 
Uma fila de desempregados à espera de doações seria a irônica síntese dos 
Estados Unidos nos anos de crise. Atrás da fila num outdoor lia-se: “os melhores 
padrões de vida do mundo” e “não existe modo de viver como o americano”. 
A quebra da bolsa de valores de Nova Iorque se refletiu de maneira 
generalizada nos demais países do planeta, que ainda se viram diante do abalo tanto do 
sistema capitalista quanto da democracia liberal. Em muitas nações, a recessão 
provocada pela Grande Depressão gerou efeitos similares aos dos Estados Unidos, 
incluindo o fechamento de milhares de estabelecimentos bancários, financeiros, 
comerciais e industriais, além da demissão de milhares de trabalhadores. 
Politicamente, esses mesmos países assistiram ao surgimento de partidos 
políticos extremistas, de caráter nacionalista ou de cunho comunista, além de partidos 
menos extremistas que, em sua grande maioria, prometeriam retirar o país (ou uma dada 
província/estado) da recessão. Enquanto algumas nações proibiam os partidos 
extremistas, em outras, eles chegavam ao poder, caso dos nazistas na Alemanha e dos 
fascistas na Itália. 
Em pouco tempo, a Europa central que, desde a 1ª guerra mundial, dependia 
de empréstimos norte-americanos, se viu envolta por cobranças de curto prazo e sem o 
dinheiro dos Estados Unidos para honrar suas dívidas. 
 
 
27 
 
Anteriormente, durante toda a década de 1920, o país que vivia sob a 
República de Weimar e que tinha sido derrotado pela Tríplice Entente, além de 
enfrentar uma massiva inflação, que gerou um grande aumento da dívida externa entre 
1925 e 1930, ainda se viu obrigado a pagar pesadas indenizações de guerra. 
Mesmo assim, quando a Grande Depressão teve início em 1929, o governo 
alemão acreditou que cortes em gastos públicos iriam estimular o crescimento 
econômico do país. Até então, ele confiava que a recessão, inicialmente, iria deteriorar a 
economia, porém, a melhoria da estrutura socioeconômica do país, se daria sem sua 
intervenção. 
Mas quando a recessão chegasse ao seu auge em 1932, a República de 
Weimar perderia toda a sua credibilidade junto à população, o que facilitou a ascensão 
de Adolf Hitler ao governo do país e o inicio de um período de crescimento sócio 
econômico alemão, conhecido como III Reich. 
O Nacional-Socialismo ou Partido Nazista estava em campanha pelas ruas 
de Berlim, os partidários saíam pelas ruas marchando e erguendo bandeiras. Na frente 
da loja onde o jovem órfão trabalhava, os nazistas colavam cartazes racistas afirmando 
que todo oproblema que a Alemanha estava passando era culpa dos judeus, que a 
Alemanha só perdeu a guerra por culpa do boicote armado pelos judeus... E quando ele 
foi perguntar a um oficial da SA, por que eles estavam fazendo aquilo na loja, o oficial 
lhe respondeu com uma pergunta: 
__ “Você é alemão ou judeu?”. – e ele responde: 
__ “Sou alemão” – e então o oficial fala: 
 
 
28 
 
__ “Então trate de deixar esses judeus e, passe pro nosso lado nos alemães tem que 
permanece unidos, se juntar a esses judeus é um mau que você faz pra si mesmo, venha 
se juntar a causa, filie-se ao partido”. 
Momentos depois passa por ele a filha de seu patrão. Seu nome é Eva, uma 
garota de beleza rara, na sua frente, ele se sentia como o próprio Adão encantado por 
tamanha beleza. 
__ “Eu já estou indo pai!” – disse a garota. 
__ “Não demore filha... Não quero que você ande por aí sozinha até tarde.” – disse o pai 
dela. 
À noite, o rapaz está atarefado, tem de limpar a loja, retirar os cartasses 
ofensivos e botar o lixo pra fora. Eva era a única pessoa que havia enxergado algo de 
bom no rapaz, um sujeito que andava sempre sério, nunca havia dado um sorriso, já que, 
em sua trajetória ele só havia visto tragédias e horrores. 
Eva tocou no coração dele e o rapaz começava a sentir algo dentro de si, 
algo que ele não conseguia explicar, algo de estranho que ele nunca tinha sentido... Era 
algo chamado paixão, uma paixão que lhe derrubou. Eva era uma linda e jovem judia de 
apenas dezenove anos. 
Todas as noites ao acabar de botar o lixo pra fora e terminar com os seus 
afazeres, Eva vinha para lhe fazer companhia. Numa dessas noites ele tomou a iniciativa 
e revelou a ela o que sentia por ela, achando que ela sentia o mesmo, teve uma 
decepção, o coração dela já pertencia à outra pessoa. Eva percebeu a cara de arrasado 
dele, e ela não o reconhecia mas. O ódio que ele tinha esquecido quando conheceu Eva, 
havia sido recuperado, o rapaz estava totalmente fervendo de raiva, uma raiva 
 
 
29 
 
descomunal que o deixou fora de si. Eva tentou acalma-lo, mais assim como uma besta 
selvagem, ele partiu pra cima dela e a acertou com uma pá na cabeça dela e quando ela 
caiu, ele continuou a golpeá-la. 
Enquanto batia na pobre moça ele pensava no dia em que a havia visto pela 
primeira vez... Ele era um sujeito indivisível, visível, invisível e só... Sem ninguém com 
quem dividir uma visão. Então ela chega se vira para ele e torce seus lábios. Ele olha 
para eles. Eles formam um sorriso. O nome dela é Eva. Ao seu toque, a realidade em 
que vive se torna uma memória turva. Se ele derramasse uma gota de água para cada 
dança com ela, eles encheriam um mar de felicidade. Finalmente encontrou alguém que 
enxerga o mundo como ele deveria ser. Alguém de sangue puro que perceberá a 
superioridade mútua e tratará como igual... Que verá nele tudo que realmente é. 
Mais como ele a vê... Eva, mãe do pecado. E pensar que ele chegou a 
considerar uma honra ser igual a ela... Forasteiros. Mestiços. Bárbaros. Seja qual for sua 
raça ou cor... Não faz diferença. Todos eles escondem uma patética noção de harmonia 
racial e pregam um esquema de diversidade global. Mas, por baixo... São todos iguais. 
Eles devem ser destruídos. 
Agora ele sabe qual caminho tomar. Cortar a cabeça da besta... E deixar o 
mundo seguro para a tirania uma vez mais. Não tolerará mais esse pesadelo sem fim da 
democracia. A única esperança dele reside em... Destruir seus inimigos. 
Logo após, ter matado Eva e ter saboreado o seu primeiro momento de... 
Felicidade. Ele foge deixando para traz o corpo sem vida da única pessoa que podia ter 
mudado a vida dele para sempre. E caminhando sem rumo pelas ruas de Berlim, ele 
olha para os lados, pras pessoas em sua volta e percebe que não está sozinho numa 
Alemanha decadente. Judeus, ciganos, muçulmanos e outras raças dividindo o mesmo 
 
 
30 
 
espaço que seus compatriotas, daí então ele para pra pensar e se lembra daquele oficial 
da SA que falou da ameaça judaica e sua conspiração para atacar a pobre Alemanha. 
__ “Será que ele tem razão!” – pensou. 
__ “Será que não há como escapar dessa corja judaica traiçoeira, nem nas ruas. 
Especialmente nas ruas. Como minha terra natal decaiu. Nós já fomos os mestres do 
mal. Marchamos pelo globo e mostramos nosso poderio. Nações tremeram enquanto o 
mundo estava à beira da aniquilação. Agora a mentira da democracia, lançada sobre nós 
pelos inimigos da Alemanha, poluiu nossa virtude. Graças a esses inimigos, a Alemanha 
foi infestada. Não percebem a ruína que nos causaram? Claro que não. Olhe para eles. 
Cegos e iludidos com esse monstro chamado democracia”. 
Então sem destino, sem ter pra onde ir. Entra num beco. Vê uma grande lata 
de lixo, resolve entrar nela para repousar o seu corpo cansado e botar as ideias no lugar, 
deitado em meio ao lixo ele pensa a respeito das diversas etnias que se alastrou por toda 
Alemanha: 
__ “eles comem meu pão. Bebem meu vinho. Usam minhas roupas. Se aquecem com o 
meu cobertor. Prefiro me deitar na sujeira, onde estou livre da presença maldita deles... 
Onde não podem me tocar. Só quando durmo é que posso ser quem almejo. Só Quando 
sonho, posso ser quem realmente sou.” 
 
 
 
 
 
31 
 
CAPÍTULO III 
 
A ASCENSÃO DE ZEMO 
Poupanças bancárias, apólices de guerra, pensões – que representavam anos 
de trabalho e economia – perderam o valor. Responsabilizando o governo pelo desastre, 
a população arruinada tornou-se mais receptiva aos movimentos que queriam derrubar a 
República. Com a Grande Depressão, iniciada em outubro de 1929, deixava a mostrar a 
debilidade da República de Weimar. 
A crise econômica global fez os alemães perderem a pouca confiança que 
tinham na democracia. Os partidos extremistas, os comunistas, na esquerda, e dois 
partidos de direita, os nacionalistas e o Partido Nacional - Socialista Alemão dos 
Trabalhadores, que visavam à derrubada da República, ganharam forças. 
Muitos alemães votaram em Hitler não devido às suas ideias, mas por ele 
ser um adversário forte da República de Weimar. O que esses alemães queriam, acima 
de tudo, era o fim de uma república que odiavam. Na sua campanha política eleitoral 
Hitler explicava a derrota alemã na Primeira Guerra Mundial de forma simples: 
__ “A vergonha da Alemanha devia-se aos criadores da República, aos „Criminosos de 
Novembro‟. E por trás deles estava uma conspiração mundial Judaico-Bolchevique.” 
 
 
32 
 
Antes das eleições Hitler concedeu ao reporte George Sylvester Viereck 
uma entrevista, em julho de 1932, poucos dias antes da votação. Nessa entrevista o 
reporte queria saber o que Hitler pensava sobre o socialismo. 
__ “Por que”, – perguntou o reporte a Hitler. 
__ „„O senhor se diz um nacional-socialista, já que o programa do seu partido é a 
própria antítese do que geralmente se acredita ser o socialismo?‟‟ 
__ „„O socialismo‟‟, – replicou ele agressivo, deixando de lado a xícara de chá. 
__ „„É a ciência de lidar com o bem-estar geral. O comunismo não é o socialismo. O 
marxismo não é o socialismo. Os marxistas roubaram o termo e confundiram seu 
significado. Vou tirar o socialismo dos socialistas. O socialismo é uma antiga instituição 
ariana e alemã. Nossos ancestrais alemães tinham algumas terras em comum. 
Cultivavam a ideia do bem-estar geral. O marxismo não tem direito de se disfarçar de 
socialismo. O socialismo, diferentemente do marxismo não repudia a propriedade 
privada. Diferentemente do marxismo, ele não envolve a negação da personalidade e é 
patriótico... Não somos internacionalistas. Nosso socialismo é nacional. Exigimos o 
atendimento das justas reivindicações das classesprodutivas pelo Estado com base na 
solidariedade radical. Para nós, o estado e a raça são um só‟‟. 
Na eleição de 31 de julho de 1932, os nazistas receberam 37,3% dos votos e 
conquistaram 230 cadeiras no Parlamento. Muito mais do que qualquer outro partido, 
mas não a maioria. Pressionado, o presidente eleito Paul Von Hindenburg nomeou 
Hitler como Chanceler, em 20 de janeiro de 1933. 
Sem ter jamais pretendido governar de acordo com a constituição, Hitler 
agiu rapidamente para conseguir poderes ditatórias. Aproveitando-se de um incêndio no 
 
 
33 
 
Reichstag, em fevereiro de 1933, pressionou Hindenburg a assinar um decreto de 
emergência suspendendo os direitos civis, sob pretexto de que o Estado estava 
ameaçado pela subversão interna. 
Depois, usou esses poderes de emergência para prender, sem processo, os 
deputados comunistas e socialdemocratas. E forçou o Parlamento a aprovar, em março 
de 1933, uma lei que permitia ao Chanceler legislar independentemente do Parlamento. 
Em seguida, com base nessa lei, ordenou a dissolução de todos os partidos, com 
exceção do Partido Nazista. A ditadura nazista estava começando. 
Em agosto de 1934, morre Hindenburg e Hitler passou a ser o presidente da 
Alemanha, com o titulo de Führer. 
Fortalecido, o Führer lançou mão de uma propaganda sedutora e de 
violência policial para implantar a mais cruel ditadura que a humanidade já conhecera. 
A propaganda era dirigida por Joseph Goebbels, doutor em humanidades e 
responsável pelo Ministério da Educação do Povo e da Propaganda. Esse órgão era 
encarregado de manter um rígido controle sobre os meios de comunicação, escolas e 
universidades e de produzir discursos, hinos, símbolos, saudações e palavras de ordem 
nazista. 
Entre as ideias mais divulgadas estavam a da superioridade racial do povo 
alemão (arianismo) e a de que os judeus (povos de origem semita) eram os responsáveis 
pelos grandes males que afligiam a Alemanha (antissemitismo). 
Uma das propagandas de Joseph Goebbels era a de que, o povo alemão não 
precisava de democracia, ele a retratava como uma ideia do mal e que a Alemanha 
estava pronta para encarar essa maldade, numa de suas propagandas ele afirmava: 
 
 
34 
 
__ “Diga ao mundo que não temos matéria-prima... E nunca deixe que vejam o que 
acontece. Dia após dia, noite após noite... Mês após mês. Ano após ano... Temos que ter 
a clava mais poderosa do mundo. Esqueçam-se das horas, esqueçam-se das condições 
de trabalho... Esqueçam como dormir. Forjem a clava com sangue e ferro. E deixem a 
democracia falar de liberdade. Aqui não há liberdade. Aqui não há sindicatos de 
trabalho. Só o exagero. O Führer lhes diz onde trabalhar, quando trabalhar... Quanto 
tempo trabalhar... Quanto vale o seu trabalho. Forjem a clava de sangue e ferro. Nós 
temos uma missão sagrada. Hoje dominamos a Alemanha... Amanhã o mundo”. 
Já a violência policial esteve sob o comando de Heinrich Himmler, um 
racista extremado que se utilizava das SS (Tropas de Elite) e da Gestapo (Policia 
Secreta do Estado) para prender, torturar e eliminar os inimigos do nazismo. 
No plano econômico, o governo Hitlerista estimulou o crescimento da 
agricultura, das indústrias de base (ferro, aço, máquinas e, sobretudo, da indústria 
bélica). Com isso, o desemprego diminuiu, o regime ganhou novos adeptos à Alemanha 
voltou a se equipar militarmente, ignorando os termos do Tratado de Versalhes. 
Com o fim do desemprego, o jovem órfão agora tinha arranjado emprego 
como mensageiro de hotel. A vida dele mudou quando os nazistas chegaram ao poder! 
Ele se recordava o dia fatídico em que Adolf Hitler visitou a sua cidade! Sua tropa de 
assalto estava em massa nas ruas prendendo todos os indesejáveis para protegê-lo... 
__ “Você não é um verdadeiro ariano! Venha comigo!” 
__ “Ótimo! Ótimo! Ataquem por der Führer!” 
 
 
35 
 
__ “Achtung! Evacuem as ruas! O desfile esta pra começar! Der Führer em pessoa está 
a caminho!” – assim os oficias da tropa de assalto limpavam as ruas para a chegada de 
Hitler. 
Trabalhando como estafeta de um hotel! E observando pela janela... Vendo-
os surgirem aos milhares para dar as boas-vindas a Adolf Hitler, seu Führer! 
__ “Ele é o exato oposto de mim! Tem poder... E eu não sou nada!” 
Mais tarde naquela noite, ele levou refrescos ao quarto de Hitler... 
__ “Vou mesmo vê-lo... De perto!” – assim pensava, se dirigindo ao quarto de Hitler. 
Quando entrou, o Führer repreendia o chefe da gestapo por deixar um espião escapar... 
__ “Você falhou com seu Führer! Quem falha comigo, falha com a Alemanha!” – num 
tom de raiva Hitler dava broncas no chefe da gestapo. 
__ “Mas mein Führer... Não foi minha culpa! Fiz o melhor que pude!” – respondeu ao 
Führer o chefe da gestapo. 
__ “Então o fracasso é o melhor que pode fazer? Seu idiota incompetente! Inepto! Por 
que não tenho ninguém com quem possa contar? Será que eu preciso criar minha 
própria raça de arianos perfeitos? Eu poderia ensinar aquele estafeta a fazer um trabalho 
melhor do que você!” 
E então, naquele momento, ele se vira... Para o rapaz! 
__ “Você! Seu joão-ninguém humilde, trêmulo e subserviente! Você é menos do que 
nada pra mim! Mas eu sou seu líder... Seu Führer! Eu sou Hitler!” 
Hitler diante dele, fixa seus olhos no rapaz e fala. 
 
 
36 
 
__ “O modo como olha pra mim! A inveja, a cobiça em seus olhos! O ódio puro e 
flamejante! Eu conheço essas emoções! Você também odeia a humanidade!” 
Parado, ele só ouvia Hitler falar a seu respeito, e o que Hitler podia fazer 
para ajudar ele a ser alguém. 
__ “Que inspiração isso me traz! Você será minha maior realização! Farei de você o 
nazista perfeito! Você vai me servir... Será meu braço direito! Jamais fracassará!” 
O rapaz recebeu um uniforme da tropa de assalto! Foi treinado, exercitado e 
ensinado dia e noite! Ele até fez o juramento ao Führer. O mesmo juramento que o 
exército teve que fazer para demonstrar total lealdade ao Führer. 
__ “Eu juro por Deus este juramento sagrado. Prestarei obediência incondicional a 
Adolf Hitler... O Führer do Reich e do povo alemão... Supremo comandante das forças 
armadas... E estarei pronto como soldado valoroso a arriscar a vida a qualquer 
momento... Por este juramento. Adolf Hitler!... Adolf Hitler!” 
Um dia, porém, Hitler entrou... E disse: 
__ “Pare! Você me ouviu? Pare, eu disse!” 
__ “Mein Führer!” – disse o chefe da gestapo assustado. 
__ “O que está fazendo?” – perguntou Hitler. 
__ “Não quero que ele se torne apenas outro reles membro da tropa de assalto! Quero 
que seja o mal em pessoa! Deste momento em diante, vou coordenar pessoalmente seu 
treinamento!” 
Irritado, Hitler da um tapa na cara do chefe da gestapo... Ele sai de repente, 
voltando minutos depois com uma caixa estranha... 
 
 
37 
 
__ “Tome! Abra esta caixa! Há um uniforme aí dentro! O vista!” 
O rapaz entra numa sala e vesti a roupa que Hitler o avia dado. 
__ “Fique de pé! Observe seu Führer! Veja o que faz um verdadeiro mestre do mal pode 
realizar! Quando minha criação sair daquela sala, vocês verão um traje como nenhum 
homem jamais testemunhou! Ele instilará medo nos corações de todos que o 
contemplarem!” 
__ “Ele está prestes a sair, mein Führer!” – disse um oficial da gestapo. 
O rapaz sai da sala, vestindo uma roupa de cor preta parecida com a dos 
oficiais da SS, só que diferente com uma caveira vermelha estampada no quepe. 
__ “Perfeito! Um tributo ao meu próprio gênio maligno! Agora você será conhecido 
como Zemo, O Vingativo... E responderá apenas a mim! Por toda sua vida, você nutriu 
o ódio em seu peito, e agora tem poder à altura dele! É hora de seu primeiro teste! 
Quero ver se me servirácompletamente e de bom grado! Seu antigo instrutor fracassou! 
Não há lugar para o fracasso em meu terceiro Reich! Pegue uma arma! Agora, mostre 
como se trata alguém imprudente o bastante para me desagradar!” 
__ “Não, mein Führer... Não!” – o chefe da gestapo implorava a Hitler para não morrer 
e Zemo sacou uma arma e atirou no homem que Hitler ordenou... Para a surpresa de 
Hitler Zemo não o mata. 
__ “Você arrancou todos os botões da gandola dele! Mas por que o deixou vivo?” – 
Perguntou Hitler a Zemo e ele responde: 
__ “Morto, ele não terá utilidade! Mas vivo... E tomado pelo medo... Será mais um 
escravo seu... Obedecerá cada vontade sua!” 
 
 
38 
 
Zemo tornou-se um fiel agente secreto de Hitler, recebeu treinamento direto 
do Führer, ele aprendeu a controlar as suas emoções e usar a sua raiva contra os 
inimigos do estado, ele recebeu treinamento severo, treinou o corpo e a mente até atingir 
a perfeição. 
Foi doutrinado a receber ordens diretas do próprio Führer e o seu 
treinamento militar o garantia em suas missões especiais por todo o mundo. Liderava as 
caçadas aos impuros que se refugiavam em igrejas, casas de traidores do estado e nas 
florestas. Judeus, ciganos, comunistas ou quem pensasse contra as ideias nacionais – 
socialistas do Führer. 
Hitler dedicava toda a sua confiança a Zemo e, a ninguém mas, Zemo era o 
seu braço direito, e isso começou a criar ciúmes entre os outros generais e ministros de 
Hitler. Homens como Goebbels e Himmler se preocupavam com uma possível ameaça 
que Zemo poderia ser contra o Führer, já que, Hitler depositou muita confiança em 
Zemo, sem ter certeza quem ele realmente era... Mais isso só o tempo iria dizer. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
CAPÍTULO IV 
 
ZEMO NAS OLIMPÍADAS DE BERLIM 
Em 1936, a Olimpíada se realizaria em um país marcado pela ideologia 
fascista: a Alemanha nazista. Em votação realizada em 1931, os membros do COI 
(Comitê Olímpico Internacional) escolheram Berlim para sede da XI Olimpíada. 
A capital da Alemanha recebeu 43 votos contra 16 conferidos a Barcelona e 
oito abstenções. Ninguém imaginava então que dois anos depois Adolf Hitler e os 
nazistas subiriam ao poder na Alemanha. 
Após a ascensão dos nazistas a Alemanha se transformou rapidamente. Com 
as liberdades individuais restringidas, a Gestapo, a polícia secreta do Estado, estava 
presente em todas as partes controlando os atos de cada cidadão. 
As prisões ficaram lotadas de inimigos do regime e uma onda de 
perseguição foi desencadeada contra as minorias, judeus em primeiro lugar, mas 
também comunistas e homossexuais. 
Vozes de oposição se levantaram em várias partes do mundo. 
 
 
40 
 
__ “Ir a Berlim é aceitar tornar-se cúmplice dos carrascos”, – discursava em 1935 o 
deputado comunista francês Florimond Bonte se opondo ao racismo e ao 
anticomunismo nazista. Vários dirigentes esportivos franceses também se uniram à 
cruzada anti-Berlim. 
__ “Somos franceses antes de ser esportistas”, – afirmou Louis Rimet, presidente do 
comitê do Esporte Nacional Francês. 
Nos Estados Unidos, Ernest Lee Jancke, membro do COI, iniciou uma 
campanha contra a participação americana. Recebeu apoios importantes, como o do 
Jornal New York Times e das universidades americanas de LongIsland, Notre Dame e 
Nova York, que se recusaram a ceder seus atletas para a seleção dos Estados Unidos. 
Na Europa grupos de simpatizantes da democracia e do socialismo tentaram 
realizar jogos alternativos para concorrer com os de Hitler: os Jogos Populares de 
Barcelona. Reuniram-se mais de mil atletas de vários países. Compareceram delegações 
não oficiais dos Estados Unidos, França e Inglaterra, entre outras. Mas no dia do início 
das competições teve início a Guerra Civil Espanhola e os jogos foram cancelados. 
Os nazistas buscaram organizar uma Olimpíada com muita pompa. Além do 
estádio olímpico, edificaram-se oito instalações esportivas, entre estádios menores, 
ginásios e o parque aquático com capacidade para 18 mil espectadores. 
Campanhas do governo educavam a população para o grande evento. As 
crianças aprendiam lições sobre a Olimpíada nas escolas. Panfletos orientavam as 
pessoas sobre como receber os visitantes. As avenidas foram enfeitadas com bandeiras 
brancas e vermelhas. As brancas levavam os coloridos círculos olímpicos. As 
vermelhas, a cruz suástica... 
 
 
41 
 
O show de abertura é produzido pela cineasta Leni Riefensthal. Os nazistas 
superaram-se, fizeram algo de inovador, coisas que até então não se via nas olimpíadas 
desde que elas surgiram na era contemporânea pelo Barão de Coubertin em 1896. 
Hitler havia aproveitado os jogos para mostrar ao mundo a superioridade da 
raça ariana. As olimpíadas de Berlim serviram como apologia ao nazismo. Joseph 
Goebbels, ministro da propaganda nazista criou campanhas para o culto a personalidade 
Do Führer! De longe, Zemo observava a multidão que estavam ali não para assistir aos 
jogos e sim para vê o Führer discursar. 
Vendo Hitler se pronunciar para as massas, Zemo olha para o público de 
diversas nações ali reunido e pensa o quanto Hitler é admirado, amado e invejado por 
milhares. 
__ “Será que algum dia eu serei assim como ele. Os alemães vão me ver como um 
campeão. Eu de joão-ninguém acabei mim tornando o braço direito de Hitler.” – assim 
pensava Zemo. 
Hitler ao acabar de discursar se senta e fala em voz baixa: 
__ “Quem deseja a simpatia das massas, deve dizer as coisas mais estúpidas e as mais 
cruas.” 
Durante os desfiles das delegações, manifestações nacionalistas exaltadas 
davam o clima dos jogos. Ao passar pela tribuna, os austríacos fizeram a saudação 
nazista. Foram muito aplaudidos. Os búlgaros passaram marchando em ordem unida. 
Mais aplausos. Os franceses fizeram a saudação olímpica, confundida com o gesto 
nazista, e foram igualmente festejados. 
 
 
42 
 
Os americanos levaram a mão ao peito e passaram diante do constrangedor 
silêncio da plateia e das tribunas. Os ingleses simplesmente viraram a cabeça para o 
camarote das autoridades. Receberam uma estrondosa vaia. 
Nos estádios germânicos, Hitler encontraria um inimigo inesperado: os 
atletas negros dos Estados Unidos, comandados por Jesse Owens, ganhador de quatro 
medalhas de ouro. Owens venceu os 100 e os 200 metros, fazendo em ambas as 
dobradinhas com outros norte-americanos. 
Nas eliminatórias para o salto em distancia um acontecimento deixaria claro 
que ser alemão não era sinônimo de ser nazista. Owens enfrentou o campeão europeu, o 
alemão Luz Long. Cada atleta deveria alcançar pelo menos 7,15 metros para ir à final. 
Marca tranquila para o norte-americano. Mas Owens queimou a primeira e a segunda 
tentativa. Se falhasse na terceira seria eliminado. 
Tenso, aguardava sua vez de saltar, quando sentiu uma mão no ombro: 
__ “Eu sou Luz Long. Creio que não nos conhecemos” – apresentou-se o alemão em 
inglês fluente. 
__ “Prazer em conhecê-lo” – respondeu Owens bastante surpreso. 
O diálogo prosseguiu até que Owens já à vontade diante da simpatia do alemão 
perguntou: 
__ “O que você acha?” 
__ “Acho que você se classifica de olhos fechados. Só precisa fazer uma marca na pista 
alguns centímetros antes da tábua de saltos. Assim evita o risco de queimar e garante a 
classificação sem problemas”. 
 
 
43 
 
A dica foi seguida e os dois saltadores se encontraram à tarde na final. Luz 
Long saltou primeiro: 7,54 metros. O japonês Naoto Tajima em seguida chegou a 7,65. 
Owens superou os dois com 7,74 metros. Na segunda rodada Long empatou a marca do 
americano, enquanto Owens a ampliava para 7,87 metros. Na quinta e penúltima 
tentativa,Long empatou novamente: 7,87. Owens respondeu imediatamente: 7,94 
metros. Long queimou sua última chance, mas Owens fez melhor ainda: 8,06 metros, 
um novo recorde olímpico. 
De novo sentiu uma mão sobre seu ombro: 
__ “Parabéns” – cumprimentou Long, sorrindo, diante de 100 mil pessoas em silencio e 
de Hitler que se preparava para abandonar o estádio. 
Num gesto de racismo o Führer levanta e sai juntamente com outros 
partidários. O povo alemão que lotou o estádio aplaude de pé o seu compatriota Luz 
Long, que recebeu a medalha de prata. Mas o mesmo gesto não é repetido para o 
americano Jesse Owens que recebeu o ouro e calou a supremacia ariana do ser perfeito. 
Dentro de uma sala vip construída exclusivamente para acomodar o 
Führer... Hitler resmungava indignado pela derrota de seu melhor atleta: 
__ “Quem aquele negro vagabundo pensa que é para chegar aqui e nos fazer papel de 
ridículo perante o mundo” – disse Hitler com raiva aos seus partidários. 
__ “Mein Führer, não é o fim do mundo” – falou um chefe da Gestapo. 
__ “Nos perdemos apenas numa modalidade, ainda temos muito jogo pela frente”. 
Hitler olha para ele... E diz: 
 
 
44 
 
__ “Não importa se perdemos uma ou duas modalidades e temos muito jogo pela 
frente.” 
__ “Nós alemães somos diferentes das demais raças... Somos a raça perfeita... E a raça 
perfeita não comete falhas. Somos orgulhosos demais pra aceitar uma única falha se 
quer” – os demais ali presentes na sala ouviam com atenção as palavras de Hitler. 
__ “Se aceitarmos uma derrota aceitaremos o fato de que não somos verdadeiramente 
arianos, descendentes de uma perfeita raça ancestral que dominou este mundo tempos 
atrás... E jamais iremos permitir que um estrangeiro e principalmente se esse estrangeiro 
for um negro imundo filho de uma porca negra imunda.” – e Hitler conclui a conversa 
dizendo: 
__ “Avisem a todos os técnicos alemães que mandem os seus atletas darem o máximo 
de si... Não queremos o segundo lugar, exigimos o primeiro pra que o mundo saiba que 
nós nos fomos incumbidos de mostrar-lhes que raças existem e nos somos a perfeita”. 
Depois de duas semanas de jogos as olimpíadas de Berlim termina. E a 
Alemanha é a vencedora no quadro de medalhas. O Führer fez um discurso longo diante 
do público, formado por gente de toda parte do mundo, anunciando que o evento havia 
sido um grande sucesso. 
Na verdade, tudo aquilo não passou de uma grande propaganda do poderio 
nazista para o mundo... Enquanto isso, os nazistas também emprestavam suas forças à 
brutal rebelião liderada pelo general Francisco Franco na Espanha. 
E então... Enquanto o sol ainda queimava o asfalto da cidade, a febre das 
olimpíadas começou a esfriar. Os repórteres dos outros países iam partindo de Berlim 
um atrás do outro. 
 
 
45 
 
Para Hitler, o esporte era como a guerra: o importante era vencer. Os atos de 
seu governo trouxeram de volta a guerra. Depois de mobilizar a vontade da nação, ele 
buscou a eliminação do Tratado de Versalhes, a conquista da Europa oriental e a 
dominação e a exploração das raças ditas inferiores pelos nazistas. 
Quando tiveram de enfrentar as violações do Tratado de Versalhes e as 
ameaças de guerra, Inglaterra e França recuaram. Perseguidos pelas lembranças da 
Primeira Guerra Mundial, os dois países empenharam-se em evitar outra catástrofe. 
Além disso, havia um certo sentimento de culpa em relação ao Tratado. Acreditando 
que a Alemanha tivesse sido punida com excessiva severidade, a Inglaterra foi levada a 
fazer concessões a Hitler. 
Estadistas britânicos defendiam uma política de apaziguamento – ceder à 
Alemanha na esperança de que Hitler satisfeito não arrastaria a Europa para outra 
guerra. Alguns apaziguadores viam no líder alemão um defensor do capitalismo contra 
o comunismo soviético. Ideia que a propaganda nazista divulgava e explorava com 
habilidade. 
Para realizar os objetivos de Hitler a Alemanha tinha de rearma-se. O 
Tratado limitava o tamanho do exército alemão a 100 mil voluntários, restringira as 
proporções da Marinha, proibira a produção de aviões militares, artilharia pesada e 
tanques. Em março de 1935, Hitler declarou que a Alemanha não se julgava mais presa 
às decisões de Versalhes. 
Ela restabeleceria o recrutamento militar, construiria uma Força Aérea e 
fortaleceria sua marinha. A França protestou, sem oferecer muita resistência, enquanto a 
Inglaterra negociou um acordo naval a Alemanha. Um dos objetivos de Hitler era a 
 
 
46 
 
incorporação da Áustria ao Terceiro Reich, o que o Tratado de Versalhes proibira 
expressamente. 
Mas, no Mein Kampf, Hitler insistia em que a Anschluss (União) era 
necessária e ordenou que seus generais preparassem a invasão da Áustria. Acreditando 
que o país não valia uma guerra, França e Inglaterra informaram ao chanceler austríaco, 
Kurt Von Schuschnigg, que não o ajudariam no caso de uma invasão alemã. 
Diante das pressões, Schuschnigg renunciou e os nazistas austríacos 
começaram a assumir o controle do governo. Com o pretexto de prevenir a violência, 
Hitler ordenou que suas tropas invadissem a Áustria, em março de 1938, foi declarada 
província alemã por líderes nazistas locais. 
No mesmo ano Zemo liderava uma expedição alemã para o Tibete. Sua 
missão: encontrar as origens da raça ariana. Para conseguir esta finalidade, Zemo 
solicitou a Bruno Steiner, primeiro-sargento da SS a quem tinha total confiança, que 
fizesse várias medidas naquele local, de crânios e também de nariz (entre eles se 
acreditava que até o tamanho do nariz judeu era diferente, o que provaria a degradação 
da raça). 
Vale lembrar que esta não foi à única expedição organizada com finalidades 
esotéricas. Outras também foram patrocinadas, mas seus objetivos eram bem diferentes: 
trazer para o Führer objetos místicos detentores de grande poder ou que dessem dons 
especiais para aqueles que os usassem, como o Santo Graal e a Lança do Destino, a 
relíquia que, acredita-se, teria furado o tórax de Jesus na cruz. 
O grupo foi inicialmente composto por cinco pesquisadores e 20 guardas da 
SS selecionados por Zemo. Na mesma época também chegava ao país uma expedição 
 
 
47 
 
japonesa, composta por agentes do exército kwantung (unidade do exército imperial 
japonês) para pesquisar o país e fazer contato com os habitantes. 
O líder dessa expedição japonesa no Tibete mantinha secretamente relações 
diplomáticas com Zemo, conversas altamente confidenciais eram feitas entre esses dois 
lideres das expedições sem que seus superiores soubessem. 
Zemo sabia dos planos de dominação do Führer as minorias e uma guerra 
não tardaria à acontecer e quando essa guerra chegasse, ele ganancioso que era, queria 
também a sua parte na “Nova Ordem Mundial” de Hitler. 
Subornando e fazendo acordos secretos com membros do Exército Imperial 
Japonês e também italiano, Zemo ia aos poucos fazendo alianças para que no futuro ele 
não fosse mais um subordinado de Hitler e assumisse o seu lugar no Reich alemão. 
Mesmo exercendo um cargo de grande importância no III Reich, Zemo 
ainda era um peixe pequeno em comparação com os quatro grandes da Alemanha – 
Hitler, Goering, Goebbels e Himmler. 
Nas suas expedições por todo mundo Zemo contava sempre com os 
melhores agentes da SS que Himmler lhe fornecia. Na expedição ao Tibete, Himmler 
ordenou que Zemo explorasse a cordilheira Elbrus (cadeia de montanhas próximas do 
mar Cáspio) e fincar uma bandeira da suástica no topo. Himmler considerava aquelas 
montanhas como lugar sagrado para os “Deuses Arianos” de acordo com antigos cultos 
Persas. 
A repercussão dessa expedição foi grande e havia ordens de altos 
funcionáriosdo Partido Nazista para que seus membros também se ocupassem com a 
 
 
48 
 
pesquisa de textos sânscritos e rúnicos, numa tentativa de conseguir pistas que levassem 
ao descobrimento dos poderes arianos tanto alardeados. 
Entre os que se interessavam pelos objetivos da expedição estavam nomes 
como Rudolph Hess, o cientista racista Vacher Von Lapouge, Hans Horbiger criador da 
teoria do Gelo Eterno e o Dr. Wolfran Sievers. De acordo com certos relatórios, essa 
expedição deveria incluir “pesquisas de paisagens, clima e geografia” daquele país, 
além de estabelecer contato com as autoridades locais para a instalação de um grupo 
representativo por lá. 
Os produtos adquiridos por Zemo e os demais membros da expedição foram 
um resumo completo do texto sagrado de Kangyur, uma coleção de textos clássicos 
escritos em sânscrito que remontam a pelo menos 2.500 anos atrás e que ficaram 
registrados em 108 volumes. 
Além disso, trouxeram exemplos de mandalas, muitos outros textos e um 
suposto documento onde o Dalai Lama reconhecia a Hitler como o líder da raça ariana 
que conquistara o mundo. Esses documentos foram guardados por Zemo enquanto 
outros eram conservados pelo próprio Hitler e por Himmler no bunker do Reichtag. 
Todos os anos, no começo do mês de setembro, é realizada a assembleia do 
partido nazista em Nuremberg. Dezenas de milhares de partidários se reúnem numa 
praça. 
No dia 8 de setembro, foi realizada a assembleia geral do partido nazista na 
Praça Zeppelin, em Nuremberg. Entre partidários, simpatizantes, militares e civis foram 
mais de 150 mil pessoas reunidas! Foi de fato um grande espetáculo, que mais lembrava 
a época de glória do Império Romano. 
 
 
49 
 
Erguendo cartazes com o emblema da suástica símbolo do nazismo e 
marchando pela Praça, os alemães saudavam a chegada de Hitler o seu Führer. 
__ “Heil, Hitler!” 
__ “Viva Hitler!” 
Erguendo o braço direito numa postura militar os alemães numa sincronia 
gritavam com a passagem do poderoso desfile militar do exercito alemão, a Wehrmacht. 
Blindados, tanques de guerra, caminhões, motocicletas e todo tipo de artilharia pesada 
desfilavam numa ação ousada. Os nazistas desrespeitaram o Tratado de Versalhes. Que 
impedia a Alemanha de se erguer novamente como uma potencia militar. 
Nos céus a Luftwaffe (Força Aérea Alemã), fazia a festa do público com 
acrobacias da esquadrilha da fumaça alemã. E de repente aparece no céu um dirigível. 
__ “Oh! Um balão dirigível!” 
__ “Aquele é o recém-lançado hindenburg!” 
__ “Bravo!” 
__ “Notável!” 
__ “Colossal!” – a multidão foi à loucura com a passagem do dirigível. 
__ “É esplêndido!” 
__ “É solene!” 
__ “Viva!” 
__ “Nossa! O máximo!” 
 
 
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__ “Viva o nazismo!” 
__ “Bravo, bravo!” 
__ “Heil, Heil!” 
De repente aparece o astro principal daquele evento, Adolf Hitler, o Führer 
do III Reich, a estrela maior do nazismo e ao seu lado Estevam seus ministros Goring, 
Goebbels e Himmler. No centro da praça eles param e fazem o juramento do Führer. 
Mas só o Führer faz questão de tirar o chapéu e ficar com a cabeça de fora! 
Mais, por que será que, em todos os eventos oficiais ele sempre está sem chapéu. Por 
que será? Deve ser uma artimanha para fixar na memória do público suas 
características, como o cabelo e o bigode. Provavelmente é ideia de Goebbels, o 
ministro da propaganda. Só podia ser coisa de marqueteiro. 
Antes de Hitler iniciar seu discurso uma pausa para o hino ao Führer 
composição de Joseph Goebbels: 
“Führer, meu Führer, que me foste enviado por Deus, protege-me e mantém-me vivo 
por muito tempo. Salvastes a Alemanha da mais profunda miséria, a ti te devo o meu 
pão de cada dia. Führer, meu Führer, não me abandones”. 
__ “Viva! Viva ao nazismo!” 
__ “Sig... Heil!” 
__ “Sig... Heil!” 
O público vai ao delírio. Rudolf Hess o secretario do Partido Nazista faz 
questão de abrir o comício, preparando o palco para Hitler: 
 
 
51 
 
__ “Eu abro o Congresso do Partido... Em memória respeitosa... A quem passou para a 
eternidade... O marechal de campo e presidente do Reich, Von Hindemburg. Nós nos 
lembraremos do marechal de campo como o primeiro soldado da 1ª Guerra Mundial. E 
lembramos como nosso falecido camarada. Eu cumprimento os eminentes 
representantes das nações estrangeiras que estão honrando o partido participando do 
congresso. Em verdade, camaradas, o movimento dá especialmente boas-vindas do 
exército, que estão agora sob as ordens do Führer. 
Meu Führer, tu estas cercado por bandeiras e estandartes da nação socialista. Se suas 
roupas alguma vez apodrecerem, somente então as pessoas entenderão a grandeza de 
nosso tempo. E irão entender o que você, meu Führer, significa para a Alemanha. Tu és 
a Alemanha. Quando tu ages, a nação age. Quando tu julgas, o povo julga. Nossa 
gratidão é a promessa de apoia-lo, na abundância e na escassez, independente do que 
venha no caminho! Graças à tua liderança, a Alemanha irá alcançar seu objetivo de ser 
um lar... De ser um lar para todos os alemães por todo o mundo. Tu foste o responsável 
por nossa paz. Adolf Hitler! Salve a vitória!”. 
__ “Heil... Heil... Heil...” – assim gritava o público ali presente. 
Aproximando-se do palco, Hitler toma posse do microfone e faz o que 
melhor sabe fazer diante das massas. 
__ “Um ano atrás... Nós servimos, pela primeira vez, neste campo. O primeiro chamado 
geral de líderes políticos do partido nacional socialista. 200.000 homens trazidos em 
união. Eles foram trazidos aqui por nada menos que a sua lealdade. Foi a necessidade de 
nossa gente que nos moveu... E que nos trouxe unidos. Nós lutamos e nos esforçamos 
juntos. Isso não é compreensível para aquele que não tiveram infortúnio semelhante em 
sua nação. Parece-lhe intrigante o que instiga estas centenas de milhares em conjunto, o 
 
 
52 
 
que nos leva a atuar necessidade, sofrimento, privação. Eles não conseguem entender 
isso como algo que não seja uma ordem estatal. Eles estão enganados. Não é o estado 
que nos comanda, e sim nós que comandamos o estado. Não é o estado que nos cria, 
mas nós que criamos nosso estado. Não. O movimento vive. Está em firmes alicerces. E 
enquanto apenas um de nós puder respirar, ele dará sua energia a este movimento. E o 
defenderá, assim como nossos camaradas fizeram no passado. Tambores virão diante de 
tambores, bandeiras virão diante de bandeiras. Grupos virão diante de grupos. E, 
finalmente, a poderosa coluna desta nação unida conduzirá a nação que um dia foi 
dividida. Seria pecado se, em alguma ocasião, admitíssemos deixar de fazer aquilo pelo 
qual sempre lutamos com tanto trabalho, tanta preocupação tanto sacrifício e tanta 
necessidade. nós não podemos ser desleais com o que nos deu senso e determinação. 
Nada virá de coisa nenhuma se não for baseada em uma ordem maior. Essa ordem não 
nos foi dada por um superior terrestre. Ela nos foi dada por deus que criou nosso povo. 
Esta é a nossa promessa esta noite. Toda hora, todo dia, pensar somente na Alemanha, 
nas pessoas, no Reich, na nação alemã e no povo alemão. Salve a vitória!” 
__ “Heil... Heil... Heil... Heil!” 
__ “Eu sou o nazismo... E o nazismo está em mim! Esta força nasce deste partido, 
sustentado pela história alemã! Um partido dos alemães... Preocupado em devolver a 
Alemanha ao povo alemão! Eu sou a última esperança de todos aqueles que perderam 
tudo... Sou a palavra da salvação! Eu, Hitler vim do povo eu compreendo e luto pelo 
bem de cada cidadão! Esta geração está cansada. Por isso, eu luto por uma nova forma 
de existir... Essa é a vontade tempestiva de todos os jovens alemães! A vitória está com 
Hitler... Porque o povo desejaa vitória! Dessa forma... A nossa Alemanha estará 
garantindo o futuro dos próximos mil anos!” 
 
 
53 
 
__ “Heil... Heil... Hitler!” 
Não há muito que discutir. Este evento todo foi montado como um grande 
espetáculo para o público. 
__ “Waaaah!” 
__ “Heil!” 
__ “Heil!” 
__ “Hitler!” 
__ “Hitler!” 
__ “Heil!” 
__ “Hitler!” 
E como um ator de teatro subindo ao palco para receber a ovação do seu 
público. O Hitler nada mais é que um astro deste século XX, promovido pelos seus fãs 
ardorosos. Que estão todos num teatro. Uma nação teatral... Se observar bem, os gestos 
e o modo de falar de Hitler são todos exagerados e dramáticos. 
__ “Os ratos com os ratos! Os lobos com os lobos! As raposas com as raposas e os 
gansos com os gansos... Cada um deles se une com outro da mesma espécie para manter 
a pureza de sua raça! Jamais haverá um gato que sinta amor por um rato! O ser humano 
também tem esse dever! Para proteger os indivíduos da raça superior... Temos que 
manter a castidade e a pureza do nosso sangue!” 
Exaltado e dramático, Hitler ia discursando para os alemães de forma tão 
convincente que até mesmo os críticos se convenciam de suas palavras. 
 
 
54 
 
__ “A raça superior somos nós, o povo germânico! Nós não desejamos ter crianças 
deformadas misturadas de homem com macaco! É um atentado contra o nosso povo que 
essa raça inferior... Ou melhor, os judeus contaminem o puro sangue dos alemães se 
casando com nossos homens e mulheres. A remoção do povo judeu faz parte do plano 
divino... Eliminar os judeus da face da terra é primordial para construirmos uma 
sociedade melhor e mais pura...!” 
E depois de um longo discurso Hitler é aplaudido de pé e aclamado pelos 
alemães. 
__ “Heil, Hitler!” 
__ “Heil, Hitler!” 
__ “Heil! Heil!” 
__ “Bravo!” 
Mais por que ele chama os judeus de raça inferior? Existem tantos judeus de 
renome... Só que segundo os nazistas o sangue dos judeus é o pior que pode existir. 
Casar com um deles é se misturar com sangue ruim! 
Agora o que dizer então do mestre supremo da religião cristã? Jesus Cristo 
não era judeu?! 
Na verdade Alfred Rosenberg (1893 – 1946), político e ideólogo do governo 
nazista. Escreveu que Cristo não era judeu. E sim era um ariano. No seu livro “O Mito 
do século XX”, publicado em 1930, ele fazia do nazismo uma religião predestinada a 
rivalizar com o cristianismo e até a sucedê-lo. Num trecho do livro o ideólogo afirmava: 
 
 
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__ “Hoje nasce uma nova fé. O mito do sangue, a crença de que ao defendermos o 
sangue estamos defendendo o ser divino do homem. (...) o sangue nórdico constitui esse 
mistério que substitui e supera os antigos sacramentos.” 
E assim que Hitler deixa o palanque, o seu Ministro da Propaganda Joseph 
Goebbels encerra o comício com um de seus discursos de adoração ao Führer: 
__ “O brilho da chama do nosso entusiasmo nunca pode ser extinto. Ele sozinho é capaz 
de propagar a arte inovadora da propaganda política moderna com sua luz e calor. Ele 
ascende de dentro das pessoas. E de dentro das pessoas ele deve vir para que lá encontre 
sua força. O poder baseado em armas pode ser uma coisa boa; é, porém, melhor e 
maisgratificante conquistar o coração de um povo e mantê-lo”. – E com um imenso 
grito ele diz - “Iremos para onde Hitler nos levar!” 
__ “Heil...” __ “Heil...” __ “Heil...” 
__ “Hitlerrr” 
__ “Hitleerrr...” – A multidão vai ao delírio... E logo em seguida oficiais da SA 
levantam os estandartes e cantam num coral o hino do partido: 
__ “Levantem os estandartes, as colunas estão cerradas, a SA marcha como um grande 
salto pela paz, camaradas lutam contra a frente vermelha e os reacionários marcham 
com um espirito de união em suas colunas. Camaradas lutam contra a frente vermelha e 
os reacionários marcham com um espirito de união em suas colunas”. 
 
 
 
 
56 
 
CAPÍTULO V 
 
A GUERRA SECRETA DE ZEMO 
Zemo secretamente planejava a sua tomada do poder no Reich de Hitler, 
para isso ele armou uma guerra silenciosa, que começa antes de Hitler declarar guerra 
ao mundo dando inicio a Segunda Guerra Mundial. 
Em 1º de setembro de 1939, Hitler invadiu a Polônia e, por meio de um 
ataque rápido e violentíssimo liquidou-a em apenas duas semanas. 
Dois dias depois da invasão. Chamberlain numa radio de Londres pronuncia 
ao povo britânico a respeito da invasão de Hitler a Polônia: 
__ “Hoje de manhã, o embaixador britânico em Berlim... Entregou ao governo alemão 
um último comunicado... Que dizia que, se não tivéssemos respostas deles até às 
11horas... De que estariam prontos para retirar suas tropas da Polônia imediatamente... 
Haveria um estado de guerra entre nós. Devo lhes dizer... Que não recebemos nenhum 
documento dessa natureza... E que, em razão disso... Este país está em guerra com a 
Alemanha.” 
 
 
57 
 
Em 3 de setembro de 1939, Inglaterra e França declararam guerra à 
Alemanha. E assim começava o maior conflito da história da humanidade a Segunda 
Guerra Mundial. 
Os primeiros dias da guerra... Foram gloriosos! Sempre que uma cidade era 
destruída ou saqueada, Zemo estava lá! Onde quer que haja injustiça, tirania e 
crueldade, Zemo liderava o ataque contra os fracos e indefesos! 
__ “Continuem atirando! Que o mundo saiba que nada detém Zemo!” 
Zemo serviu bem ao Führer... À maneira dele. 
__ “Não! Não! Você não pode levar meu filho! Ele não fez nada! É leal ao Führer!” – 
Disse uma mulher alemã a Zemo quando ele invadiu a sua casa e acusou seu filho de 
traição. 
__ “Bah! O que conta é sua lealdade a mim! Levem-no embora!” 
Graças à inteligência de Zemo, vários assessores de confiança de Hitler 
passaram a desaparecer misteriosamente! O poder de Zemo só crescia, sua autoridade 
perdia somente para a do próprio Hitler! Ao comando de Zemo, cidades caiam e 
exércitos eram destruídos! 
Zemo organizou um grupo inteiramente novo de esquadras navais para 
destruir carregamentos inimigos no mundo todo! 
Desde o início do conflito, os alemães assombraram o mundo pondo em 
prática a blitzkrieg (guerra relâmpago) que consistia numa série de ataques rápidos e 
simultâneos desfechos por canhões de longo alcance, tanques blindados (panzers) e pela 
Força Aérea Alemã, a Luftwaffe. 
 
 
58 
 
Foi por meio da blitzkrieg que a Alemanha abateu a Polônia e, em seguida, 
anexou a porção ocidental do país. 
Na Inglaterra em 10 de maio de 1940, Neville Chamberlain renuncia ao 
cargo de primeiro-ministro, sendo substituído por Winston Churchill. 
Quando Churchill assume o mandato ele logo critica o seu antecessor 
dizendo: 
__ “Entre a desonra e a guerra, escolheste a desonra, e terás a guerra”. 
E na posse de seu mandato como Primeiro-Ministro do Reino Unido 
Churchill para todos os cidadãos britânicos discursa na sua posse: 
__ “Que tragédias! Que horrores! Que crime Hitler... E tudo que Hitler representa... 
Trouxe para a Europa e para o mundo? É sobre essa fundição... Que Hitler pretende 
construir com ódio... uma nova ordem para a Europa. Mas nada é mais certo... Que 
todos os traços dos passos de Hitler... Que todas as manchas de seus dedos... Infectados 
e corrosivos... Serão lavadas e purificadas... E se preciso for, desinfetadas... Da face da 
terra. Ergam os seus corações... A guerra virá. Das profundezas do pesar e do 
sacrifício... Renascerá a glória da humanidade”. 
Com essas palavras Winston Churchill deixa bem claro que iria fazer de 
tudo para acabar com o reino de horror de Hitler. 
Em 1940, as forças alemães conquistaram a Dinamarca (9 de abril),

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