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Técnicas de Reexpansão Pulmonar Curso de Graduação em Fisioterapia Disciplina: Fisioterapia Respiratória Professora Aline Ramos Introdução • Os exercícios e dispositivos de expansão pulmonar tem por objetivo melhorar a ventilação e a distribuição do ar, prevenir e/ou reverter atelectasias. O treinamento muscular permite que pacientes neuropatas possam ter ganho de força e endurance dos músculos respiratórios, enquanto a ventilação não invasiva permite reverter quadros de insuficiência respiratória, reduzir a dispneia e evitar a ventilação mecânica invasiva. • Os exercícios e dispositivos utilizados com finalidade de expansão pulmonar em respiração espontânea atuam sobre a pressão transpulmonar através do aumento da pressão pleural (o maior esforço inspiratório torna a pressão pleural mais negativa: inspiração profunda, espirometria de incentivo) ou pelo aumento da pressão alveolar (PEEP e ventilação não invasiva) Técnicas de expansão pulmonar Técnicas de expansão pulmonar • As técnicas de expansão pulmonar são indicadas na presença de doenças pulmonares restritivas que reduzem a expansibilidade pulmonar ou de parede torácica (atelectasia/fibrose pulmonar/deformidades da coluna vertebral/obesidade), no pós-operatório de cirurgias torácicas e abdominais com objetivo de prevenção das complicações pulmonares dos pacientes internados nas enfermarias e na terapia intensiva. A melhora da ventilação também contribui para desobstrução pulmonar devido a maior interação gás- liquido. 1) Pressão Positiva Expiratória Final (PEEP) • A PEEP (Positive End-Expiratory Pressure) consiste na aplicação de pressão supra-atmosférica na fase expiratória. • Pode ser empregada durante a respiração espontânea ou em ventilação mecânica. • Em respiração espontânea, pode ser aplicada no EPAP (Expiratory Positive Airway Pressure) e na ventilação não invasiva através do CPAP e do Bilevel (BiPAP). 1) Pressão Positiva Expiratória Final (PEEP) • EFEITOS FISIOLÓGICOS DA PEEP: • Recrutamento Alveolar (ventilação colateral); • Aumento da CRF: • Aumento da Complacência Pulmonar; • Melhora da relação V/Q: • Redução das unidades alveolares SHUNT; • Aumento da oxigenação (PaO2 e SatO2); • Redistribuição do líquido extravascular; • Favorece remoção de secreção pulmonar; • Deslocamento do ponto de igual pressão. 1) Pressão Positiva Expiratória Final (PEEP) • Os efeitos fisiológicos da aplicação da pressão positiva expiratória estão associados ao aumento da pressão transpulmonar, induzido pelo aumento da pressão alveolar (pressão transpulmonar = pressão alveolar - pressão pleural). O aumento da pressão transpulmonar favorece a expansão pulmonar e pode ser obtido pelo aumento da pressão alveolar ou pela redução da pressão pleural. • A PEEP foi proposta inicialmente para pacientes com edema de pulmão, hoje em dia é indicada para outras patologias com objetivos específicos: na Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA), promovendo recrutamento alveolar e melhorar a oxigenação; na presença de hipersecreção, promovendo desobstrução pela eliminação de secreção pulmonar; etc. 1) Pressão Positiva Expiratória Final (PEEP) •Acredita-se que a respiração com freno labial, frequentemente ensinada aos pacientes com DPOC e hiperinflação pulmonar (air trapping), foi a precursora dos recursos de pressão positiva expiratória utilizados pela fisioterapia respiratória. Durante a respiração com freno labial, o paciente realiza inspiração nasal seguida de expiração oral com lábios franzidos, oferecendo resistência expiratória e prolongando o tempo expiratório. 1) Pressão Positiva Expiratória Final (PEEP) • A respiração com freno labial promove manutenção de pressão positiva no interior das vias aéreas durante a expiração e reduz a velocidade do fluxo aéreo (menor efeito Bernoulli): menor tendência de colapso da via aérea. Ha redução da Capacidade Residual Funcional (CRF) nos pacientes hiperinsuflados, melhora da eficiência da ventilação com redução da frequência respiratória associada ao aumento do volume corrente, aumento da saturação de oxigênio (SatO2) e da pressão arterial de oxigênio (PaO2). 1) Pressão Positiva Expiratória Final (PEEP) • RISCOS NA UTILIZAÇÃO DE PEEP ELEVADA: • Redução do retorno venoso com hipotensão arterial; • Hiperinsuflação; • Barotrauma; • Efeito alveolar - espaço morto (hipercapnia). 1.1) EPAP • Durante a respiração espontânea com a EPAP (Pressão Positiva Expiratória nas Vias Aéreas - Expiratory Positive Airway Pressure), o paciente não recebe auxílio na fase inspiratória, devendo realizar uma inspiração ativa e produzir pressão subatmosferica de forma independente. 1.1) EPAP • O sistema EPAP será formado pela máscara facial ou bucal (adaptação do paciente), uma válvula unidirecional e um resistor expiratório linear ou alinear (PEEP). • O resistor alinear tem PEEP variável com fluxo. Se não houver fluxo sufi ciente, não será possível a manutenção do valor da PEEP constante, produzindo apenas um retardo expiratório. 1.1) EPAP • Por isso, o EPAP é contraindicado na presença de fraqueza muscular, no aumento de trabalho respiratório – como os pacientes agudizados com asma e DPOC (poderiam evoluir com fadiga), no aumento da pressão intracraniana (PIC > 20 mmHg), na instabilidade hemodinâmica (há redução do retorno venoso), nos pós-operatórios de cirurgias faciais e nasais, no pneumotórax, na hemoptise e na sinusite aguda. • A monitorização do paciente durante a utilização do EPAP é fundamental. O fisioterapeuta deve estar atento às possíveis alterações hemodinâmicas (pressão arterial, frequência cardíaca e ritmo cardíaco), ao padrão respiratório do paciente (detectar sinais de esforço e aumento de trabalho respiratório), a oxigenação (Sat O2) e a ausculta pulmonar. 2) Exercícios respiratórios • Os exercícios respiratórios atuam promovendo REDUÇÃO DE PRESSÃO PLEURAL. Os pacientes aptos precisam ser capazes de atender às solicitações verbais, não podem apresentar quadro de dispneia, devem ter capacidade vital maior que 10-15 ml/kg ou capacidade inspiratória maior que 1/3 do valor predito. 1) Exercício respiratório com respiração diafragmática • Conhecido como respiração diafragmática, tem por objetivo melhorar a ventilação das bases pulmonares associada a maior excursão diafragmática. Durante a respiração diafragmática, o paciente realiza inspiração lenta e profunda, deslocando anteriormente o abdome. O estímulo proprioceptivo com leve compressão manual pode ser realizado na região epigástrica pelo fisioterapeuta. O volume pulmonar não deve ultrapassar 70% da capacidade pulmonar total (CPT) para evitar a ativação dos músculos torácicos e expansão da caixa torácica superior. 2) Exercícios respiratórios • 2) Exercício respiratório com inspiração profunda • O paciente realiza inspiração profunda até alcançar a CPT, partindo da CRF. Pode ser associada a cinesioterapia de membros superiores e inferiores. Objetiva promover máxima expansão pulmonar, aumento do volume do pulmão, maior produção de surfactante, melhora relação V/Q e melhora da oxigenação. 2) Exercícios respiratórios • 3)Exercício respiratório com inspiração em tempos com e sem pausas • A inspiração nasal e segmentada em dois, quatro ou seis tempos sucessivos, com ou sem pausas, até alcançar a CPT. A inspiração em tempos associada à pausa inspiratória (apnéia) é chamada inspiração fracionada. Na ausência de pausa, é conhecida como soluços inspiratórios. Também e possível associar a cinesioterapia demembros superiores e inferiores. • Tem por objetivo favorecer expansão pulmonar, aumentar o volume pulmonar, favorecer ventilação colateral, aumentar a produção de surfactante, melhorar relação V/Q e favorecer a difusão e a oxigenação. • Durante os soluços inspiratórios, o paciente realiza inspirações nasais curtas e sucessivas até alcançar a CPT. A expiração pode ser associada ao freno labial. 2) Exercícios respiratórios • 4) Exercício respiratório com inspiração máxima sustentada (SMI) • A SMI consiste em manter apnéia por 3 segundos ao final da inspiração profunda. Alguns autores sugerem pausa de 5 a 10 segundos. O paciente realiza uma inspiração nasal lentamente ate alcançar a CPT, seguida da pausa inspiratória, ocorrendo na sequência a expiração sem esforço. • A apneia favorece a ventilação colateral com melhora da distribuição de ventilação, pois na presença de doença pulmonar as unidades alveolares podem apresentar maiores constantes de tempo. A SMI tem por objetivo aumentar o volume pulmonar, aumentar o volume corrente, favorecer a ventilação colateral, aumentar a produção de surfactante, melhorar a relação V/Q e favorecer a difusão e a oxigenação. 2) Exercícios respiratórios • 5) Exercício respiratório com inspiração máxima • O paciente realiza inspiração nasal e lenta com estímulo manual na região abdominal até CPT, seguida de breve expiração (parcial). Novamente, é realizada inspiração nasal e lenta até CPT e depois a expiração curta. Em seguida, o paciente realiza inspiração profunda até CPT, seguida de expiração ate CRF. • Este exercício respiratório é indicado em pós-operatório pulmonar, cardíaco e abdominal para promoção de expansão pulmonar. 2) Exercícios respiratórios • 6) Exercício respiratório com expiração abreviada • O paciente realiza inspiração nasal de pequeno volume, seguida de uma expiração curta. Novamente, inspira um volume um pouco maior (médio) e realiza uma breve expiração. Em seguida, realiza inspiração até alcançar a CPT, seguida de expiração final, que pode ser realizada associada ao freno labial. • Tem por objetivo aumentar o volume pulmonar, recrutar regiões alveolares colapsadas e evitar atelectasias. O aumento do tempo inspiratório em relação ao tempo expiratório favorece a abertura alveolar e melhora a relação V/Q. 3) Espirômetros de Incentivo • Os dispositivos utilizados na espirometria de incentivo fornecem ao paciente feedback visual a fluxo ou a volume. No Brasil, também são chamados de inspirômetros de incentivo, incentivadores inspiratórios ou incentivador respiratório. • Exigem participação dos pacientes, que devem realizar inspirações até a CPT sustentadas, produzindo elevadas pressões transpulmonares. O paciente mantem pausa inspiratória no mínimo por cinco segundos. • A respiração superficial favorece a formação de atelectasias. A espirometria de incentivo promove a insuflação dos alvéolos previamente colapsados devido ao aumento da pressão transpulmonar (redução da pressão pleural). A associação com a SMI favorece a ventilação colateral e o recrutamento alveolar, melhora a relação V/Q e favorece a produção de surfactante. 3) Utilização dos Espirômetros de Incentivo • 1. Paciente posicionado com cabeceira elevada a 30º; • 2. Dispositivo mantido na posição vertical com a informação de fluxo ou volume voltada para o paciente (feedback visual); • 3. Paciente deve acoplar a boca de forma adequada no bocal (evitar escape). Se necessário, utilizar clipe nasal para evitar inspiração nasal; • 4. Paciente realiza inspiração profunda lentamente até CPT, partindo da CRF. Estimular respiração diafragmática; • 5. Retirar a boca do bocal e manter pausa inspiratória por de 5 a 10 segundos; • 6. Expiração até CRF; • 7. Indicada a repetição por no mínimo 5 e no máximo 10 vezes/hora (especialmente no pós-operatório de andar superior de abdome); • 8. Evitar hiperventilação e alcalose respiratória com intervalos de 30 a 60 segundos entre as incursões respiratórias máximas. 3.1) Espirômetros fluxo dependente (Respiron) • Possuem uma ou três esferas no seu interior e tem menor custo financeiro. As bolinhas se elevam em sequência, proporcionalmente ao fluxo inspiratório gerado pelo paciente. Favorece fluxos elevados e uso de musculatura acessória. O feedback fornecido ao paciente é baseado no fluxo alto, e o fisioterapeuta deve estar atento à orientação dada ao paciente. Componentes: traqueia, bocal, câmaras com fluxo que podem variar entre 600, 900 e 1200 L/s à medida que a bolinha se eleva. 3.2) Espirômetros volume dependente (Voldyne) • O fluxo gerado é mais baixo e favorece a ação do diafragma. O dispositivo permite controle do fluxo e do volume, sendo preferível em relação aos dispositivos de fluxo dependente. • Componentes: traqueia, bocal, câmaras com capacidade para 5.000 ml com variação na escala de 500 ml, válvula unidirecional e um marcador do fluxo. Referência • Livro Didático de Fisioterapia Respiratória – Faculdade Estácio.
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