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IMUNOGLOBULINAS ESTRUTURA E FUNÇÃO Universidade Federal do Amazonas Instituto de Ciências Biológicas Departamento de Parasitologia Laboratório de Imunologia IBP 026 – Imunologia Geral Profa. Andréa Belém Costa Aula 4: Imunoglobulinas ou Anticorpos? Sinônimos? Inicialmente chamadas de antixotinas. Mas proteínas similares podem ser geradas contra muitas substâncias - anticorpos São proteínas circulantes produzidas pelos vertebrados em resposta à exposição a estruturas não-próprias reconhecidas como antígenos. Anticorpos são caracterizados por : Diversidade Especificidade Mediadores primários da imunidade humoral contra todas as classes de microorganismos Anticorpos podem existir em 2 formas: 1. Ligados a membranas na superfície dos linfócitos B = atuam como receptores de antígenos; 2. Anticorpos secretados = residem na circulação, nos tecidos e mucosas onde neutralizam toxinas, impedem a entrada e disseminação de patógenos e eliminam microorganismos. A síntese de anticorpos Linfócitos B – únicas células que sintetizam moléculas de anticorpos 1. As céls. B após exposição ao Antígeno se diferenciam em Plasmócitos que secretam Anticorpos!! 2. Se acumulam no plasma (porção fluida do sangue), nas secreções mucosas e no líquido intersticial dos tecidos. Estudo = SOROLOGIA! Estrutura Geral dos Anticorpos Proteínas plasmáticas ou séricas são tradicionalmente separadas por características de solubilidade em albuminas e globulinas. Albumina: principal proteína do plasma sanguíneo sintetizada pelo fígado. Forma genérica de qualquer proteína solúvel em água, moderadamente solúvel em sol. salinas e que sofre desnaturação por calor. Globulina: proteínas insolúveis em água, solúveis em sol. salinas, ácidas ou básicas diluídas. A maioria dos anticorpos é encontrada no terceiro grupo de migração mais rápida denominados gamaglobulinas, devido a terceira letra do alfabeto grego. Outro nome comum dos anticorpos é IMUNOGLOBULINA (Ig) que se refere à porção responsável pela imunidade da fração gamaglobulina. A eletroforese permite diferenciar as proteínas plasmáticas por sua migração em uma campo elétrico. Estrutura dos anticorpos Todas as moléculas de anticorpos compartilham as mesmas características estruturais básicas; Mas apresentam enorme variabilidade na região de ligação aos antígenos; Estrutura central simétrica, com 2 cadeias leves idênticas e 2 cadeias pesadas idênticas; As cadeias pesadas e leves são compostas por regiões aminoterminais variáveis (V) – reconhecimento de antígenos e regiões carboxiterminais (C) – medeiam as funções efetoras dos anticorpos. Cadeias leves e pesadas: (L) e (H) Domínio Ig Região Fab e região Fc Dobradiça A ligação do antígeno às moléculas de anticorpo é, principalmente, uma função das regiões hipervariáveis de VH e VL. As regiões hipervariáveis são também chamadas REGIÕES DETERMINANTES DE COMPLEMENTARIEDADE (CDR) Classes e subclasses dos anticorpos Esta divisão é feita com base nas diferenças estruturais da região C da cadeia pesada As classes de moléculas de anticorpos são também chamadas isótipos e são denominadas IgA, IgD, IgE, IgG e IgM Imunoglobulina A Segunda Ig mais comum no soro. Principal classe em secreções – lágrima, saliva e muco. Importante na imunidade local. Normalmente não fixa complemento Pode se ligar a algumas células – PMN’s (polimorfonucleares) e alguns linfócitos . Encontrada em baixos níveis no soro. Sua função é pouco conhecida Receptor de antígenos na superfície de linfócito B virgem Liga complemento. Imunoglobulina D Imunoglobulinas E É a Ig menos comum no soro. Envolvida em reações alérgicas. Também participa em doenças parasitárias por helmintos – diagnóstico de doenças parasitárias. Não fixa complemento. Imunoglobulinas G Encontrada na saliva, secreções do trato gastrointestinal e vias respiratórias. Bloqueiam a ligação de antígenos nas superfícies das mucosas. Pequena quantidade no sangue. Defesa local após a vacinação, impedindo a ligação de patógenos aos epitélio. Imunoglobulina M Neutralizam toxinas Molécula grande para atravessar a placenta São receptores de antígenos na superfície dos linfócitos B Fixam o Complemento Os níveis caem com o início da síntese da IgG. Estrutura molecular do anticorpo Ligação entre anticorpos e antígenos Todas as funções dos anticorpos são dependentes de sua capacidade de ligação específica a antígenos. Qualquer formato ou superfície da molécula que pode ser reconhecida por um anticorpo constitui um determinante antigênico ou epítopo. O reconhecimento do antígeno pelo anticorpo envolve formação de uma ligação não covalente e reversível. A força de ligação entre um sítio de combinação de um anticorpo e um epítopo é chamada AFINIDADE do anticorpo. Comumente representada por Kd = constante de dissociação A força geral de ligação do anticorpo ao antígeno é chamada AVIDEZ. Ligação entre anticorpos e antígenos Valência e avidez das interações entre anticorpos e antígenos Antígenos monovalentes ou epítopos distantes uns dos outros em superfícies celulares, interagem com um único sítio de ligação de uma molécula de anticorpo. Embora a afinidade desta interação possa ser alta, a avidez total pode ser relativamente baixa. Quando suficientemente próximos , podem se ligar em uma interação bivalente de maior avidez. Moléculas de IgM apresentam 10 sítios de ligação ao antígeno e podem se ligar simultaneamente a 10 determinantes específicos, gerando uma interação polivalente e de alta avidez. Características relacionadas ao reconhecimento do antígeno Anticorpos são capazes de reconhecer, de forma específica, uma grande variedade de antígenos , com diversas afinidades. Todas as características de reconhecimento do antígeno refletem as propriedades das regiões V da imunoglobulina Especificidade Anticorpos podem ser muito específicos para os antígenos, distinguindo-os por pequenas diferenças em sua estrutura química. Reconhecem todas as classes de moléculas. Diversidade A capacidade dos anticorpos se ligarem de forma específica a um grande número de diferentes antígenos reflete a DIVERSIDADE das imunoglobulinas. A coleção completa de anticorpos com diferentes especificidades representa o REPERTÓRIO TOTAL DE ANTICORPOS Os mecanismos genéticos que geram tal repertório, ocorrem exclusivamente em LINFÓCITOS. Milhões de variações estruturais são concentradas nas regiões hipervariáveis das cadeias pesadas e leves e, portanto, determinam a especificidade dos antígenos. Características relacionadas ao reconhecimento do antígeno Maturação de afinidade A capacidade de neutralização de toxinas e agentes infecciosos apresentados pelos anticorpos é dependente de sua forte ligação = interações de alta afinidade e alta avidez O processo de maturação de afinidade aumenta a afinidade de ligação média dos anticorpos aos antígenos durante a evolução da resposta humoral. Características relacionadas ao reconhecimento do antígeno Características relacionadas às funções efetoras dos anticorpos Maioria é mediada pelas porções Fc dos anticorpos As funções efetoras são iniciadas apenas por moléculas que já se ligaram a antígenos, e não por Ig livres – especifica a função e direciona a eliminação de antígenos reconhecidos. Os livres desencadeiam respostas ineficientes e inadequadas. Os anticorpos podem passar por um processo chamado mudança (ou switch)de isótipo (ou classe) – altera o isótipo de anticorpo mas não a região V e a especificidade. Implicações clínicas das classes de imunoglobulinas humanas Ig A: Aumenta em: a) Síndrome de Wiskott-Aldrich b) Cirrose hepática (na maioria dos casos) c) Certos estágios de desordens autoimunes do colágeno e outras, como artrite reumatóide e lúpus eritematoso d) Infecções crônicas não baseadas em deficiências imunológicas e) Mieloma de IgA Diminui em: a) Ataxia telangiectasia hereditária b) Estados de deficiência imunológica (ex. disgamaglobulinemia, agamaglobulinemia congênita e adquirida, e hipogamaglobulinemia) c) Síndromes de mal absorção d) Aplasia linfóide e) Mieloma de IgG f) Leucemia linfoblástica aguda g) Leucemia linfoblástica crônica Implicações clínicas das classes de imunoglobulinas humanas Aumenta em: a) Infecções crônicas b) Mielomas de IgD Ig D: Aumenta em: a) Doenças de pele atópicas como eczema b) Febre do feno c) Asma d) Choque anafilático e) Mieloma de IgE Ig E: Diminui em: a) Agamaglobulinemia congênita b) Hipogamaglobulinemia por defeito no metabolismo ou na síntese de imunoglobulinas Implicações clínicas das classes de imunoglobulinas humanas Ig G: Diminui em: a) Agamaglobulinemia b) Aplasia linfóide c) Deficiência seletiva IgG, IgA d) Mieloma de IgA e) Proteinemia de Bence Jones f) Leucemia linfoblástica crônica Aumenta em: a) Infecções granulomatosas crônicas b) Infecções de todos os tipos c) Hiperimunização d) Doenças hepáticas e) Desnutrição (severa) f) Disproteinemia g) Doenças associadas com hipersensibilidade granulomatosa, desordens dermatológicas, e mieloma de IgG. h) Artrite reumatóide Implicações clínicas das classes de imunoglobulinas humanas Ig M: Aumenta (em adulto) em: a) Macroglobulinemia de Waldenström b) Tripanosomíase c) Actinomicose d) Doença de Carrión (bartonelose) e) Malária f) Mononucleose infecciosa g) Lúpus eritematoso h) Artrite reumatóide I) Disgamaglobulinemia (certos casos) Diminui em: a) Agamaglobulinemia b) Desordens linfoproliferativas (certos casos) c) Aplasia linfóide d) Mieloma de IgG e IgA e) Disgamaglobulinemia f) Leucemia linfoblástica crônica * No recém-nascido, um nível de IgM superior a 20 ng/dL é uma indicação de estimulação do sistema imune in utero e estimulação pelo vírus da rubéola, citomegalovírus, sífilis ou toxocoplasmose. Anticorpos Monoclonais Anticorpos específicos para um único epítopo (determinante antigênico) de um antígeno ou mistura de antígenos, usado na identificação das células secretoras de Ig. Aplicações Exemplos Diagnóstico de doenças ou condições clinicas Identificação de determinadas substâncias em fluidos ou tecidos, mesmo em qtidd reduzida. Ligação antígeno-anticorpo é detectada por mudança de cor, fluorescência ou emissão de radioatividade. Teste de gravidez: detecção de HCG na urina Diagnóstico: sífilis, gonorreia, hepatite, raiva. Câncer de próstata: detecção de PSA Imunização passiva artificial Soro antitetânico: prevenção e tratamento de tétano Tratamento de câncer anticorpos marcados com substâncias tóxicas ou radioativas, que ligam os antígenos da superfície da célula tumoral, permitindo localização e destruição Câncer de mama: Ac monoclonal bloqueia a função do gene de câncer específico. Linfomas: Ac monoclonais ligados ao iodo radiotivo provoca a regressão do linfoma Enxertos e transplantes Utilizados para veriicação de compatibilidade de tecidos e como imunossupressores Anticorpos Monoclonais Alvo Efeito Doenças CD20 Depleção de linfócitos B Artrite reumatoide, esclerose múltipla, outras doenças autoimunes VEGF Bloqueio de angiogênese tumoral Câncer de mama, câncer de cólon HER2/NEU Depleção de células tumorais com amplificação de HER2 Câncer de mama TNF Inibição deinflamação mediada por linfócitos T Artrite reumatoid, doença de Crohn Anticorpos Monoclonais de significado terapêutico: Anticorpos policlonais Se originam de diferentes linfócitos B , o que significa que reagem com vários epítopos do antígeno, várias partes de uma proteína. Produzidos como resultado da estimulação de vários clones de linfócitos B, em resposta a um determinado antígeno. A contaminação do organismo por um agente patogênico conduz, naturalmente, à produção de anticorpos policlonais. Dada a diversidade molecular do seu conteúdo, este soro, tradicionalmente utilizado em processos de imunização passiva, envolve riscos de rejeição e ataque imunitário por parte do receptor. Para casa: Qual a importância dos ANTICORPOS?
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