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AÇÃO PENAL

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AÇÃO PENAL 
CONCEITO
	É o instrumento processual pelo qual o Estado-Juiz aplica o direito penal a um caso concreto. 
CONDIÇÕES DA AÇÃO 
Legitimidade das partes
Interesse processual 
Possibilidade jurídica do pedido
ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. 
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. 
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo. 
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal. 
§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
PÚBLICA
	INCONDICIONADA: 
Essa ação se aplica à maioria dos crimes tipificados na lei penal, sendo a regra geral, tendo como titular privativo o MP, ou seja, seu exercício está entregue a um órgão público, que tem o dever de agir de ofício, visto que há um interesse geral na apuração das condutas criminosas que agridem valores essenciais às vida em sociedade.
Ex: crimes contra a dignidade sexual (artigos 213 a 218-B, CP), quando a vítima for menor de 18 anos ouse for vulnerável, isto é, menor de 14 anos, ou portadora de enfermidade ou deficiência mental, ou ainda estiver impossibilitada de oferecer resistência (artigo 217-A, CP)...
Assim, quando a lei não exigir nenhuma condição para o ingresso em juízo, conclui-se que o caso é de ação penal pública incondicionada. 
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; 
	CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO:
Sempre que houver alguma exigência prévia para a propositura da ação, estabelecida de forma expressa na lei, exigindo a observância de alguma formalidade para a admissão em juízo, tornando o pedido juridicamente possível. 
São alguns exemplos de exigência legal, a representação do ofendido, a requisição do Ministro da Justiça, o trânsito em julgado da sentença de crime de falso testemunho ou falsa perícia...
São crimes cuja ação está condicionada à representação da vítima: lesão corporal leve (artigo 129 CP), lesão corporal culposa (artigo 129,§6, CP), crime de ameaça (artigo 147, §único, CP), crimes contra a dignidade sexual (artigos 213 a 218-B, CP)...
O titular continua sendo o MP, a lei oportuniza ao particular apenas a faculdade de autorizar ou não, ou seja, é necessária a manifestação de vontade do ofendido.
Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial.
§ 1º A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida. 
§ 2º A representação conterá todas as informações que possam servir à apuração do fato e da autoria. 
§ 3º Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade policial procederá a inquérito, ou, não sendo competente, remetê-lo-á à autoridade que o for. 
§ 4º A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo, será remetida à autoridade policial para que esta proceda a inquérito. 
§ 5º O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias. 
Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente para o processo penal.
A representação é um direito que deve ser exercido no prazo decadencial de 6 meses, a contar da data do fato ou da data em que o ofendido veio a saber quem foi o autor do crime. Trata-se, portanto, de um prazo fatal que não se interrompe, não se suspende e nem se prorroga, devendo ser observado tanto pelo ofendido quanto por seu representante legal. Se não oferecer representação neste prazo, o caso é de extinção da punibilidade do agente.
PRIVADA
Em casos de crimes em que a conduta do agente agride mais intensamente o bem jurídico do particular ofendido do que propriamente o interesse de toda a sociedade, ou seja, o titular é o particular.
O direito brasileiro prevê a ação penal de iniciativa privada em várias hipóteses: crimes contra a honra (138, 139 e 140 do CP), crime de dano (176 do CP), introdução ou abandono de animal em propriedade alheia (artigos 164 e 167 do CP), fraude à execução (artigo 179, §único, do CP)...
Peça que inaugura a ação penal em juízo: QUEIXA
	
	AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA PRIPRIAMENTE DITA (ORIGINÁRIA):
Somente se procede mediante queixa, oferecida pelo próprio ofendido ou por terceiros legitimados a fazer em seu nome (representante legal, tutor, curador) bem como aqueles que sucederão o ofendido em caso de morte ou declaração judicial de ausência (ascendente, descendente ou o irmão). Exemplo: crimes contra a honra, crime de dano...
AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA:
O particular poderá oferecer a queixa se o MP não oferecer denúncia no prazo legal. Sendo que o prazo para oferecimento dessa queixa é de seis meses e começa a contar da data em se esgotar o prazo para denúncia, ou seja, da data em que se caracterizar a inércia do MP.
Depois que recebe o inquérito MP tem 5 dias para ajuizar a ação quando o ofensor estiver preso e 15 dias quando estiver solto.
É uma garantia individual, ou seja, a vítima deve ser determinada.
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;
AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PERSONALÍSSIMA
Há somente um caso no Código Penal, mencionado no artigo 236, que tipifica o crime de induzimento e erro essencial quanto à pessoa do cônjuge, somente será exercida pelo contraente enganado. E mesmo assim, a ação penal será exercida apenas depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anulou o casamento, contando o prazo a partir do trânsito em julgado. 
Se o ofendido morrer no curso do processo, este será extinto, visto que não permite sucessão ou representação.
Em casos de incapacidade superveniente, o processo deverá ser suspenso até que este recupere a plena capacidade de estar em juízo, podendo perdurar apenas pelo prazo previsto para a prescrição da ação penal. 
Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anuleo casamento. 
Conhecimento prévio de impedimento 
A VÍTIMA E A AÇÃO PENAL
	A ação penal privada é a que configura maior participação da vítima, ou seja, esta tem um controle maior da situação, caracterizando a preponderância do direito privado em relação ao coletivo (bem jurídico tutelado).
A VÍTIMA E O PROCESSO - DECADÊNCIA, RENÚNCIA, PERDÃO, PEREMPÇÃO
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
I - pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
VII - revogado	
VIII - revogado
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
O princípio da disponibilidade da ação penal pode se concretizar por pelo menos 5 modos:
	- DECADÊNCIA DO DIREITO DE QUEIXA: quando o titular do direito simplesmente deixa transcorrer o prazo para oferecer a queixa, perdendo definitivamente do direito pela inércia no prazo previsto em lei (6 meses). Não há decadência para o MP, visto que pode ajuizar ação fora do prazo. Ou seja, é válido para a ação penal pública condicionada e para a ação penal privada.
	- RENÚNCIA AO DIREITO DE QUEIXA MANIFESTADA EXPRESSA OU TACITAMENTE: ocorre antes de intentada a ação penal de iniciativa privada. Podendo ser manifestada de forma expressa quando feita por declaração escrita e assinada pelo titular, dentro ou fora do processo. Podendo ser tácita quando o ofendido pratica ato incompatível com a vontade de oferecer a queixa. Ex: casar com o autor do crime, reatar amizade...
A renúncia em relação a um dos autores do crime aproveita a todos os outros eventuais coautores. 
A renúncia feita pelo representante legal do ofendido menor de 18 anos não prejudica o direito deste, que poderá oferecer a queixa ao completar 18 anos.
Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente.
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime. 
- PELO PERDÃO CONCEDIDO AOS QUERELADOS NO PROCESSO: ocorre no curso da ação, ou seja, depois da queixa, só se aplicando em casos de ação penal privada, podendo ser expresso ou tácito (não se manifestar, permanecer em silêncio quando intimado para aceitar), comprovado por qualquer meio lícito. O perdão concedido a um dos autores do crime será aproveitado por todos. Entretanto, o perdão deve ser aceito pelo querelado, que será intimado para dizer, no prazo de 3 dias, se o aceita. Ou seja, o perdão é bilateral. Havendo mais de um querelado, o perdão somente surtirá efeitos para os que aceitaram, prosseguindo a ação em face dos que recusaram. 
- POR MEIO DE PEREMPÇÃO: quando o querelado deixar de promover o andamento do processo por mais de 30 dias seguidos; nos seguintes casos:
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos;
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. (crimes contra a honra – calúnia e difamação – injúria não pode)
Ação penal pública não dá margem à perempção, ou seja, se o promotor deixar de promover andamento ao processo por mais de 30 dias não irá acontecer nada. 
Ação privada personalíssima não admite perempção
PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL 
PÚBLICA:
	OBRIGATORIEDADE: Ação Penal Pública será promovida por denúncia do MP, ou seja, se o crime for de ação penal de iniciativa pública, o titular não tem discricionariedade para ajuizá-la ou não, devendo sempre ajuizar, desde que presentes os elementos de justa causa e eventuais condições exigidas pela lei.
	INDISPONIBILIDADE: O titular da Ação Penal Pública não pode dispor dela por critérios de conveniência ou oportunidade, nem desistir da ação já proposta ou de recurso interposto. Ou seja, não pode dispor em momento algum, nem antes nem depois da sua propositura. OBS: pedido de absolvição não configura desistência da ação penal. 
	OFICIALIDADE: Somente o MP pode ajuizar
	OFICIOSIDADE: Ajuizada de oficio, mas tal princípio é relativo na ação penal pública condicionada.
	INDIVISIBILIDADE: É necessário incluir na ação penal pública todos que estão no crime, não podendo excluir ou escolher os querelados. Entretanto, será possível intentar outra ação, sobre o mesmo fato em face de outro acusado.
 
	INSTRANSCENDÊNCIA: É vedada a inclusão de quem não está envolvido, ou seja, não podendo atingir sua família ou descendência, uma vez que a pena não deve passar da pessoa do culpado.
PRIVADA:
	OPORTUNIDADE: Deve ser observada a faculdade da vítima, segundo as suas conveniências pessoais, visto que pode renunciar ao direito de queixa ou simplesmente deixar de oferecê-la. Podendo escolher, dentro do prazo decadencial de 6 meses, o momento mais oportuno para ajuizar a ação.
	DISPONIBILIDADE: Há mecanismos de disposição, como o perdão, desistir de prosseguir... ou seja, a qualquer momento o querelante pode dispor da ação intentada.
	INDIVISIBILIDADE: É necessário incluir na ação penal privada todos que estão no crime, não podendo excluir ou escolher os querelados, para evitar que a ação penal sirva como instrumento de vingança ou perseguição. Por isso que a renúncia e o perdão em relação a um dos autores são aproveitados aos demais. Entretanto, será possível intentar outra ação, sobre o mesmo fato em face de outro acusado.
	INTRANSCENDÊNCIA: É vedada a inclusão de quem não está envolvido, ou seja, não podendo atingir sua família ou descendência, uma vez que a pena não deve passar da pessoa do culpado.

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