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TRABALHO - Direitos Reais - Usucapião Familiar - 2º BI

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CURITIBA
UNICURITIBA
FERNANDO SCHERER
BRUNA MARIA LIMA MARTINS
 JULIANA OLIVEIRA CAMARGO
 ISABELA PITELLA PAUL
PRISCILLA HOLZKAMP 
THAIRINE PEYERL
DIREITO CIVIL – REAIS: USUCAPIÃO FAMILIAR
CURITIBA
2018
USUCAPIÃO FAMILIAR
A usucapião familiar é uma espécie de aquisição da propriedade que foi criada no Brasil pela Lei n° 12.424/2011, ao incluir o artigo 1.240-A no Código Civil, prevendo que aquele que exercer por dois anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano próprio de até duzentos e cinquenta metros quadrados, cuja propriedade dividia com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, terá adquirido o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
De acordo com Mário Delgado, presidente da Comissão de Assuntos Legislativos do IBDFAM (Instituto Brasileiro de Direito de Família), a usucapião familiar tem dois objetivos: salvaguardar o direito à moradia daquele cônjuge ou companheiro que permaneceu no imóvel e também proteger a família que foi abandonada. “Na gênese, o instituto foi pensado para amparar mulheres de baixa renda, beneficiárias do Programa Minha Casa Minha Vida, abandonadas pelos respectivos parceiros conjugais, propiciando a aquisição da propriedade exclusiva do imóvel residencial por meio do instituto da usucapião”, esclarece.
O advogado explica que, para se caracterizar a perda da propriedade do bem imóvel por usucapião familiar, não basta a simples “separação de fato”, sendo imprescindível que o ex-cônjuge ou ex-companheiro tenha realmente “abandonado” o imóvel e a família. Apesar da letra expressa da lei se referir a “abandono do lar”, o entendimento preponderante na doutrina é que o abandono ensejador da usucapião é o abandono simultâneo do imóvel e da família.
Neste trabalho, iremos apresentar casos concretos (julgamentos) e quais pontos de vista são observadas diante da leitura de alguns doutrinadores.
1 - JULGADOS:
1.1 - (TJRS - Apelação Cível n° 70077952513):			APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE DIVÓRCIO. RECONVENÇÃO. USUCAPIÃO FAMILIAR. Caso em que restaram preenchidos os requisitos previstos no artigo 1.240-A do CC, para reconhecimento da usucapião familiar. POR MAIORIA, NEGARAM PROVIMENTO.
1.2 - (TJRS - Apelação Cível nº 70077240091): 			APELAÇÃO CÍVEL. USUCAPIÃO. BENS IMÓVEIS. IMÓVEL URBANO. USUCAPIÃO FAMILIAR (ARTIGO 1.240-A, DO CC). Nulidade da sentença por extra petita. Configuração. Hipótese em que inviável o reconhecimento da modalidade de usucapião diversa da que foi objeto do pedido inicial, tendo em vista a incompatibilidade dos fatos com a norma do art. 1.238 do CC/02. Mérito. Julgamento na forma do artigo 1.013, §3º, II, do CPC/15. No caso, não estão preenchidos pelo menos dois dos requisitos legalmente exigidos (artigo 1.240-A, do CC) para o reconhecimento do direito alegado pela autora, quais sejam, a metragem limite do imóvel e o prazo mínimo da prescrição aquisitiva. APELAÇÃO PROVIDA.
2 - RELATÓRIO SOBRE JULGADOS:
1.1 - Trata-se de apelação de CARLOS O. DOS S. contra MARA ELENICE M. R. DOS S., postulando a reforma da sentença que julgou parcialmente procedente a ação de divórcio, e julgou procedente o pedido efetuado em reconvenção, para declarar o domínio integral da ré/reconvinte sobre o imóvel matrícula 62.762, reconhecido usucapião familiar (fls. 97/99). 
Sustenta não estar presentes os requisitos do art. 1240 A do CC, pois a recorrida é proprietária de um imóvel rural, conforme o Registro de Imóveis n. 34.904. Acrescenta que não houve abandono do lar, e sim foi em busca de trabalho para poder ajudar a família, tendo pago despesas de IPTU e DAEB, e também enviando dinheiro à apelada.
Transcreve jurisprudência acerca da matéria, pedindo o provimento do recurso, com a partilha do imóvel, e redimensionados os ônus sucumbenciais (fls. 102/11).
Foram apresentadas contrarrazões, oportunidade em que a parte ratifica o expendido, esclarecendo que o imóvel rural referido é uma área ínfima que está em condomínio com outros 10 herdeiros, cuja fração nem ao menos é citada em termos percentuais, tendo sido apenas atribuído um valor, de acordo com o documento da fl. 53v (fls. 112/4).
Sem a intervenção do Ministério Público (fl. 218), vieram os autos conclusos, restando atendidas às disposições dos arts. 1.010, §3º, e 1.011 do CPC/2015, pela adoção do procedimento informatizado do sistema themis2g.
1.2 - ALFREDO TADEU MUNAWEK interpõe recurso de apelação nos autos da ação de usucapião movida por JACINTA MARGARIDA MOMBACH, em face da sentença das fls. 140/144 que julgou procedente o pedido da inicial. 
Consta no respectivo dispositivo: 																			Pelo exposto, julgo PROCEDENTE a demanda para declarar que Jacinta Margarida Mombach é a legítima proprietária de todo o imóvel objeto desta demanda, devidamente descrito na matrícula de nº R-5-5621.
Custas e despesas pela parte autora, cuja exigibilidade resta suspensa em razão da gratuidade da justiça deferida. Sem honorários advocatícios, uma vez que não há pretensão resistida, mas tão somente nomeação de curador especial.
Alega o apelante (fls. 146/149) a nulidade da sentença, por extra petita, uma vez que o pedido da parte autora foi de reconhecimento da prescrição aquisitiva na modalidade decorrente de abandono de lar (artigos 1.240 e 1.240-A, do CC) e, no entanto, o julgador a quo reconheceu a modalidade de usucapião extraordinária, conforme artigo 1.238, do CC. No mérito, alega a necessidade de reforma da sentença, porque o imóvel possui dimensão maior do que a prevista em lei e a autora não detém a posse exclusiva do bem para fins de reconhecimento da usucapião na forma do artigo 1.240-A, do CC. Destaca que a Lei nº 12.424/2011, que instituiu a modalidade de usucapião familiar, entrou em vigor em 17/06/2011, sendo esta a data do termo inicial para a contagem do prazo aquisitivo da propriedade e, no caso, a ação foi ajuizada em 18/09/2012. Sustenta a impossibilidade do reconhecimento da usucapião extraordinária, porque não ocorre a prescrição entre cônjuges na constância da sociedade conjugal (artigo 197, do CC). Postula o provimento do recurso para que seja reconhecida a nulidade da sentença ou para que seja julgado improcedente o pedido da inicial. 
O Ministério Público manifestou-se pelo provimento do recurso (fls. 151/153).
3 - ANÁLISE DOS JULGADOS VISANDO DOUTRINAS:
1.1 – ANÁLISE SEGUNDO DOUTRINADORA MARIA BERENICE DIAS: Percebe-se aqui que diante dos votos, foi certa a compreensão dos magistrados frente a demanda, visto que segundo a doutrinadora “Claro que a lei busca assegurar o uso social da propriedade, protegendo o direito à moradia assegurado constitucionalmente como direito social (CF 6º). Além de dispor de nítido caráter protetivo, visa punir quem abandona o lar. Depois de dois anos, quem partiu perde o imóvel que servia de residência ao casal. O cônjuge ou o companheiro que foi abandonado se torna proprietário exclusivo do bem comum.” (DIAS, p. 354, 2015). Observando os fatos expostos, fica nítido que os requisitos para usucapião familiar estão contemplados. A apelada até possui uma outra propriedade em seu nome, mas devido a sua insignificância jurídica pelo tamanho de sua cota, acaba que não descaracteriza o usucapião familiar. Percebe-se ainda que o apelante abandonou a muito tempo o lar, e só voltou a pagar as contas referentes ao imóvel pelo ano de 2016, ou seja, mais que tempo suficiente desde 2003 (quando a apelada foi deixada) para aplica-ser o abandono. 
1.2 – ANÁLISE SEGUNDO DOUTRINADOR FLÁVIO TARTUCE E DOUTRINADOR SILVIO DE SALVO VENOSA: Frente ao caso concreto, observa-se que numa sucinta análise da decisão judicial interposta em relação à usucapião familiar, essa nova forma – incluída pela Lei nº 12.424 de 2011, e inserida ao Código Civil através do art. 1240-A –, observa-se que			
“Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta,com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural”.
Não obstante, percebe-se que tal acórdão é bem pautado e claramente correto, ainda que, apesar da curta dilação, é usucapião, deve-se observar todos os requisitos aplicáveis.  Flávio Tartuce afirma que “a tendência pós-moderna é a de redução dos prazos legais, na medida em que o mundo contemporâneo possibilita e exige a tomada de decisões com maior rapidez”. Ainda, frente a interpretação doutrinaria de Sílvio de Sávio Venosa, fica evidente que o intento deste artigo introduzido é preservar e proteger um teto de moradia para o cônjuge ou convivente que se separa e permanece no imóvel”. 
	Ao fim, de fato, o acórdão é correto frente letra de lei e creio que também de modo a julgar caso concreto do dia-a-dia. 
4 - CONCLUSÕES: 
	Frente o trabalho, e de acordo com o Código Civil Brasileiro, a usucapião recai sobre os direitos reais, que garantem, seguindo-se alguns requisitos, a aquisição da propriedade. Assim. como modalidade de usucapião, a chamada usucapião familiar, que atende também pela denominação “pró-moradia” ou “pró-família” tem-se em vista que a proteção que incide num bem de família que traz considerável benefício à sociedade, visto que atenta a um fundamento componente na esfera cível, que é o princípio da função social.
Sendo assim, buscou-se acima, demonstrar peculiaridades da usucapião familiar, traçando-se breve resumo do tema, julgados, análise dos julgados e base doutrinária.

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