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APS - DIREITOS REAIS SOBRE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA

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ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA 
DIREITO CIVIL – DIREITOS REAIS E PROPRIEDADE INTELECTUAL 
 
 
 Institui o Código Civil: 
 
“Art. 1.361. Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível que 
o devedor, com escopo de garantia, transfere ao credor. 
§ 1o Constitui-se a propriedade fiduciária com o registro do contrato, celebrado por 
instrumento público ou particular, que lhe serve de título, no Registro de Títulos e 
Documentos do domicílio do devedor, ou, em se tratando de veículos, na repartição 
competente para o licenciamento, fazendo-se a anotação no certificado de registro. 
§ 2o Com a constituição da propriedade fiduciária, dá-se o desdobramento da posse, 
tornando-se o devedor possuidor direto da coisa. 
§ 3o A propriedade superveniente, adquirida pelo devedor, torna eficaz, desde o 
arquivamento, a transferência da propriedade fiduciária.” 
 
Comentário: No que tange a alienação fiduciária, existe o vínculo jurídico entre a parte 
devedora (fiduciante) e a parte credora (fiduciário). Envolve propriedade acerca de bem 
infungível. Está ligado a garantia, onde se tornará proprietário pleno após quitação, caso 
contrário, incidirá em ação de busca e apreensão, ou por meio menos gravoso analisado no 
caso concreto. Este instituto está previsto nos arts. 1.361° a 1.368° do Código Civil, também 
possui previsão em legislação especial. 
 
Art. 1.362. O contrato, que serve de título à propriedade fiduciária, conterá: 
I - o total da dívida, ou sua estimativa; 
II - o prazo, ou a época do pagamento; 
III - a taxa de juros, se houver; 
 IV - a descrição da coisa objeto da transferência, com os elementos indispensáveis à sua 
identificação. 
 
Comentário: É negócio jurídico bilateral, oneroso, formal, o seu registro deve ser feito por 
meio de instrumento escrito, público ou particular. No caso estudado, por ser veículo deve ser 
levado ao departamento de trânsito para constar no certificado. 
 
 
RESENHA ACÓRDÃO: Alienação fiduciária em garantia, adimplemento substancial e 
propriedade fiduciária: STJ, REsp 1.622.555 - MG, RECURSO ESPECIAL 2015/0279732-8, 
Relator: Min. MARCO BUZZI (original) e MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Julgamento: 
07/02/2017, Órgão Julgador: T4 - QUARTA TURMA, Data da Publicação/Fonte DJe 
20/02/2017. 
 
 
 Recurso interposto pelo BANCO VOLKSVAGEM S/A desejando a busca e apreensão 
do carro havido em fidúcia, buscando reaver o bem, por meio de ação de busca e apreensão. 
Entretanto, a parte recorrida Gilvanil Da Silva Monteiro estava em mora acerca das quatro 
últimas parcelas de quarenta e oito. Não se discute o fato de que o recorrente tem direito de 
receber os valores que lhe é devido, mas neste caso acolhe-se a teoria do adimplemento 
substancial, levando a decisão para que o cumprimento seja efetivado por meio menos 
gravoso. 
 
 Com base na boa-fé objetiva, função social dos contratos e enriquecimento sem causa, o 
posicionamento da 4° Turma foi uma decisão parcialmente provida. No caso citado, não 
havendo intenção de preservar o contrato e sim torná-lo ineficaz sendo que 91.66% do 
contrato foi cumprido, decidiu-se solucionar o conflito por meio mais satisfatório. Colocando 
em prática princípios como o da equidade, analisando o caso concreto, o tribunal não 
extingue o contrato por meio de busca e apreensão, mas sim propõe o retorno aos autos de 
origem, para que o saldo em aberto seja satisfeito. 
 
 Elucida o Professor Flávio Tartuce que “A teoria do adimplemento substancial goza de 
grande prestígio doutrinário e jurisprudencial na atualidade do Direito Contratual Brasileiro. 
Por essa teoria, nos casos em que o contrato tiver sido quase todo cumprido, sendo a mora 
insignificante, não caberá sua extinção, mas apenas outros efeitos jurídicos, como a cobrança 
ou o pleito de indenização por perdas e danos”. 
 
 O entendimento do Desembargador Nagib Slaibi: “A teoria do adimplemento 
substancial deve ser aplicada com extrema parcimônia, eis que seu emprego generalizado 
pode causar desequilíbrio no sistema financeiro, com reflexos nos custos dos financiamentos 
e consequente encarecimento do crédito, gerando efeitos negativos a toda a cadeia produtiva 
e de consumo”. 
 
 Tratando-se das relações patrimoniais, ou do Direito de forma geral, existe sempre 
divergências acerca de vários temas, como retratado acima conforme o Desembargador Nagib 
Slaibi deve-se atentar ao fato de forma minuciosa, pois, não basta somente o requisito da 
mora insignificante por que se trata de uma garantia que busca segurança para ambas as 
partes, celeridade na formação, é necessário que haja boa-fé nas relações, desejo em quitar a 
dívida. 
 
 
 
 
Referências: 
 
ARAÚJO, Caroline. Aspectos da Alienação Fiduciária - 
https://carolineanj.jusbrasil.com.br/artigos/398667189/aspectos-da-alienacao-
fiduciaria?ref=topic_feed - Acesso em: Outubro de 2018. 
 
TARTUCE, Flávio. A teoria do adimplemento substancial na doutrina e na 
jurisprudência - https://flaviotartuce.jusbrasil.com.br/artigos/180182132/a-teoria-do-
adimplemento-substancial-na-doutrina-e-na-jurisprudencia - Acesso em: Outubro de 2018. 
 
VIEIRA, Laírcia. Crítica a aplicação da teoria do adimplemento substancial - 
https://direitodiario.com.br/adimplemento-substancial/ - Acesso em: Outubro de 2018.

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