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Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral I – Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 1 UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus de Londrina Gerência de Ensino e Pesquisa ENGENHARIA AMBIENTAL NOTAS DE AULA CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I Londrina 2010 Estas Notas de Aulas foram organizadas por professores do Grupo de Matemática do Campus Cornélio Procópio e do Campus Londrina, e está em constante revisão e adaptação. O material não pretende substituir um bom livro de Cálculo, mas serve como um apoio aos alunos no acompanhamento das aulas. O livro texto adotado atualmente é: ANTON, H., BIVENS, I. e DAVIS, S. Cálculo. vol. 1 Tradução: Claus I. Doering. 8 ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. Como Bibliografia Complementar sugerimos: FINNEY, R. L; WEIR, M. D; GIORDANO, F. R. Cálculo de George B. Thomas, vol. 2. 10ª edição. Trad. Cláudio H. Asano. São Paulo: Addison Wesley, 2003. FLEMMING, Diva Marília e GONÇALVES, Miriam Buss. Cálculo A.: Funções, limite, derivação, integração. Makron Books do Brasil: Editora da UFSC, 1992. GUIDORIZZI, H. L. Um curso de cálculo, vol.1. LTC Editora, Rio de Janeiro, RJ: 2001. HOFFMANN, Laurence D. Cálculo: um curso moderno e suas aplicações. Rio de Janeiro: LTC, 2002. LEITHOLD, L. O Cálculo com Geometria Analítica, vol 1. Harbra, São Paulo, SP: 1994 STEWART, James. Cálculo I, 5 ed. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2006. VILCHES, M.A; CORREA, M.L. Cálculo vol. 1, UFRJ. (Material Eletrônico) Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral I – Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 2 1. FUNÇÕES Um dos mais importantes conceitos em todo o Cálculo é o de Função. As funções são utilizadas para descrever as relações entre as quantidades variáveis. O uso de determinados modelos matemáticos os quais podem resultar em funções são, muitas vezes, utilizados para prever acontecimentos futuros. A representação de uma função é usualmente feita de quatro maneiras: • Verbalmente: descrevendo-a com palavras; • Numericamente: por meio de tabelas de valores; • Geometricamente: por meio de gráficos; • Algebricamente: usando uma fórmula explícita. Utilizando funções para solucionar problemas Muitas vezes é possível encontrar um modelo matemático que descreva o comportamento dos dados. Estes modelos podem ser funções, cuja análise pode nos auxiliar na compreensão e solução do problema em questão. Entretanto salientamos que para encontrar estes modelos é necessário um bom conhecimento matemático. Exemplos de situações que expressam variações entre diferentes grandezas. i) Competição entre duas espécies. Figura 1: Uma simulação computacional de um ciclo presa-predador com dependência de densidade inclusa no modelo de Lotka-Volterra. Fonte: RICKLEFS, R. A Economia da Natureza, 5a edição. Ed. Guanabara/ Koogan. ii) (Ferruzzi, 2003): Consumo de energia elétrica no Paraná A Tabela 1 nos apresenta o consumo de energia elétrica no estado do Paraná no período de 1992 à 1999. Os dados constantes nesta tabela foram fornecidos pela Copel. Com base nestes dados, é possível prever o consumo de energia elétrica neste estado no ano de 2004? Tabela 1: Consumo de Energia no Paraná no tempo t n Cn em TWh 0 1992 10,696643 1 1993 11,432419 2 1994 11,957966 3 1995 12,996213 4 1996 13,862816 5 1997 14,600576 6 1998 15,391161 7 1999 16,029786 Resolução: Para fazer esta previsão necessitamos de um modelo matemático o qual descreva o comportamento destes dados. Utilizando a planilha de cálculo Excel, podemos obter a curva de tendência destes dados. Esta curva e o modelo encontrado estão representados na Figura 2 e 3. Consumo de energia e létrica no Paraná 5 7 9 11 13 15 17 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 anos - iniciando em 1992 co n su m o TW H Figura 2 Figura 3 Podemos observar que se essa tendência permanecer, o consumo de energia elétrica no estado do Paraná tende a estabilizar-se. Considerando algumas hipóteses, um possível modelo para o consumo no decorrer do tempo é: ( ) 0,0075117,41 106,81. tC t e−= − . Compo rtamento do consumo de energia elétrica no Estado do Paraná 0 20 40 60 80 100 120 140 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 tempo em anos c o n s u m o Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral I – Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 3 Com este modelo podemos estimar o consumo de energia para qualquer tempo. Assim, para o ano de 2004, o modelo estima um consumo de de 19,8 TWh. O Conceito de Função Se uma variável y depende de uma variável x de tal modo que cada valor de x determina exatamente um valor de y, então dizemos que y é uma função de x, e escrevemos y = f(x). Segue uma definição mais formal de uma função real. Definição: Sejam A e B subconjuntos de R . Uma função f definida em A é uma regra, ou lei de correspondência, que atribui um único elemento de B a cada elemento x de A. O conjunto A é chamado domínio de f e B é chamado contradomínio de f. Escrevemos: : ( ) f A B x f x → → Costuma-se chamar x de variável independente, porque ela é livre para assumir qualquer valor do domínio A, e chamar y de variável dependente, porque seu valor numérico depende da escolha de x. Exemplo: Deve-se construir um tanque de aço, para armazenagem de gás propano, na forma de um cilindro circular reto de 3m de comprimento, com hemisférios iguais em cada extremidade (Figura 4). O raio r deve ser determinado. Expresse o volume V do tanque como função de r. Figura 4 Solução: Recorrendo as noções básicas de geometria, expressamos o volume do tanque por: 3 24 3 3 V r rpi pi= + Neste exemplo, V é a variável dependente e r a variável independente. Ou seja, o volume do tanque depende da escolha do raio. Domínio, Contradomínio e Imagem Considere a função BA:f → , representada pela Figura 5: Figura 5 Definimos: Domínio: Conjunto de todos os elementos pertencentes ao conjunto A. Indicamos esse conjunto por ( )Dm f . Contradomínio: é o conjunto de todos os elementos pertencentes ao conjunto B. Indicamos esse conjunto por ( )CDm f . Imagem: É o conjunto formado pelos elementos de B que são correspondentes dos elementos do domínio. Indicamos esse conjunto por ( )Im f . Exercício E01: Dadas as funções ( ) 3 5f x x= − e 2( ) 3g x x= − , determine os seguintes valores numéricos de cada função: a) (0)f = b) ( 5)f − = c) 1( )2f = d) ( 3)f = Determinação analítica do domínio de uma função Veremos alguns exemplos onde poderemos identificar o domínio de uma função: i) Se ( ) ( )nf x g x= , com n par, então ( )Dm f é tal que ( ) 0g x ≥ . ii) Se 1( ) ( )f x g x= , então ( )Dm f é tal que ( ) 0g x ≠ iii) Se 1( ) ( )n f x g x = , com n par, então ( )Dm f é tal que ( ) 0g x > . Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral I – Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 4 Obs: Nos próximos capítulos a expressão “f é uma função” indica que o domínio e o contradomínio de f são conjuntos de números reais. Intervalos Reais Comumente nos referimosa certos conjuntos numéricos chamados intervalos que correspondem, geometricamente, a segmentos de reta (ou semi- retas). Por exemplo, se a < b, o intervalo aberto, denotado por (a, b), é constituído por todos os números reais que estão entre a e b. As possíveis situações de intervalos reais são mostradas abaixo: a) Intervalo aberto: ( , )a b ou { R / }x a x b∈ < < a b b) Intervalo fechado: [ , ]a b ou { R / }x a x b∈ ≤ ≤ a b c) Intervalo aberto à esquerda: ( , ]a b ou { R / }x a x b∈ < ≤ a b d) Intervalo aberto à direita: [ , )a b ou { R / }x a x b∈ ≤ < a b e) Intervalo aberto: ( , )a ∞ ou { R / }x x a∈ > a f) Intervalo fechado: [ , )a ∞ ou { R / }x x a∈ ≥ a g) Intervalo aberto: ( , )b−∞ ou { R / }x x b∈ < b h) Intervalo fechado: ( , ]b−∞ ou { R / }x x b∈ ≤ b i) Intervalo aberto: ( , )−∞ ∞ ou R Note que o símbolo ∞ não representa um número: a notação ( , )a ∞ define o conjunto de todos os números maiores que A e o símbolo ∞ indica somente que o intervalo se prolonga indefinidamente, a partir de A, na direção positiva da reta numerada (para a direita do número A). Usualmente definimos uma função f enunciando uma fórmula ou regra para achar f(x), tal como: ( ) 3f x x= − , onde o domínio é o intervalo infinito ) ,3 [ ∞+ . Assim, se x está no domínio, dizemos que f é definida em x, ou que f(x) existe. Se S é um subconjunto do domínio, então f é definida em S. A expressão f não é definida em x significa que x não está no domínio de f. Gráfico de Funções Em geral, as funções tratadas nesse curso envolvem variáveis reais e, portanto, seus campos de variação podem ser representados por um intervalo real. Se traçarmos a reta real onde se representa o campo de variação x (variável independente) na posição horizontal, denominado eixo das abscissas, e a reta real onde se representa o campo de variação y (variável dependente) na posição vertical, denominado eixo das ordenadas, de forma a se cruzarem em seus respectivos zeros. O resultado é um diagrama da Figura 6, chamado plano coordenado ou plano cartesiano. Figura 6 Se utilizarmos este plano para marcar os pares de valores de x e de seu correspondente y, dado pela função, como pontos ( , )x y , então o conjunto de todos os pontos possíveis descreve um lugar geométrico que é chamado de curva da função ( )y f x= ou curva de ( )f x . Definição: Seja f uma função. O gráfico de f é o conjunto de todos os pontos (x, f(x)) de um plano coordenado, onde x pertence ao domínio de f. Segundo a definição de função, a cada x do domínio é associado um único y como imagem. Portanto, toda reta paralela ao eixo y deverá interceptar o gráfico da função em no máximo um ponto. Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral I – Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 5 Determinação do Domínio e da Imagem de uma função por meio do Gráfico Considere a função representada pelo gráfico abaixo. Figura 7 Dado o gráfico de uma função f: Domínio é o conjunto formado por todas as abscissas dos pontos do gráfico de f, ou seja, ( ) ( , ]Dm f a b= . Conjunto Imagem é formado por todas as ordenadas dos pontos do gráfico de f, isto é, Im( ) ( , ]f c d= . Exercícios E02: Analise se os seguintes gráficos representam ou não funções, justificando sua resposta: a) b) c) d) E03: Analise o gráfico abaixo e obtenha: a) o domínio da função. b) a imagem da função. c) o valor de f(0). E04: Dada a função 2( )f x x x= − , obtenha: a) ( 4)f − b) ( )f a c) ( ) ( )f a h f a+ − d) ( )f x h+ e) o valor de x, tal que ( ) 49f x = f) o zero da função E05: Dada a função 2( ) 4 10f x x x= − + , obtenha os valores de x cuja imagem seja 7. Operações Algébricas com Funções Definições: Sejam ( )y f x= e ( )y g x= funções. i) Adição e Subtração de funções: ( )( ) ( ) ( )f g x f x g x± = ± ii) Multiplicação de Funções: ( . )( ) ( ). ( )f g x f x g x= iii) Divisão de Funções: ( )( ) ( ) f f x x g g x = , se ( ) 0g x ≠ . Para as funções f g+ , f g− e .f g , definimos o domínio como sendo a intersecção dos domínios de f e g; para a função f/g, definimos o domínio como sendo a intersecção dos domínios de f e g, excluídos os pontos onde ( ) 0g x = (para evitar a divisão por zero). Algumas Funções Elementares Funções Polinomiais Definição: Função polinomial é a função ℜ→ℜ:f definida por: 1 2 1 2 1( ) ....n nn n of x a x a x a x a x a−−= + + + + + em que os coeficientes 1 2, , ,.....o na a a a , são números reais e os expoentes são inteiro positivo, se 0 n a ≠ então f é de grau n. Exemplo: a) A função constante ( )f x k= é uma função polinomial de grau zero; b) A função ( )f x ax b= + , a ≠ 0, é uma função polinomial do primeiro grau; y x y x y x y x Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral I – Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 6 Figura 8 Figura 9 c) A função 3( )f x x= é uma função polinomial, chamada função cúbica, cujo gráfico está representado na Figura 10: d) 4( ) 1f x x= − é uma função polinomial de grau 4, seu gráfico tem o aspecto apresentado na Figura 11. Figura 10 Figura 11 Funções Racionais Definição: Função racional é aquela definida como o quociente de duas funções polinomiais, isto é, ( )( ) ( ) p xf x q x = , onde ( )p x e ( )q x são polinômios e ( ) 0q x ≠ . O domínio da função racional é o conjunto dos números reais, excluindo aqueles x tais que ( ) 0q x ≠ . Exemplo: A função 1( ) 1 xf x x − = + é uma função racional de domínio ( ) R { 1}Dm f = − − e está representada graficamente na Figura 12: Figura 12 Exemplo: A função 2 1( ) xg x x + = é uma função racional com domínio ( ) R {0}Dm g = − O gráfico de g está representado na Figura 13. Figura 13 Funções Algébricas Definição: São funções que podem ser construídas com polinômios, aplicando-se um número finito de operações algébricas (adição, subtração, divisão e extração de raízes). Exemplo: 2 23( ) ( 2)f x x x= + , 2 5( ) 3f x x x = + . As funções que não são algébricas são ditas transcendentes. Composição de Funções Definição: Dadas as funções f e g, a composição de f e g, denotada por f gο é a função definida por ( )( ) ( ( ))fog x f g x= . Por definição, o domínio de f gο consiste em todo x no domínio de g para o qual ( )g x está no domínio de f. Exemplo (ANTON, 2007, p. 29): Seja 2( ) 3f x x= + e ( )g x x= . Encontre ( )( )f g xο e ( )( )g f xο Exemplo (ANTON, 2007, p. 29): Encontre ( )( ) ( ( ( )))f g h x f g h xο ο = se ( )f x x= , 1( )g x x = e 3( )h x x= . Exemplo (ANTON, 2007, p. 30): Expresse 5( ) ( 4)h x x= − como uma composição de duas funções. Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral I – Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 7 Exemplo (STEWART, 2006, p. 22): O Problema do cone. Comece com um pedaço de papel com 4 polegadas de raio como está esquematizado na Figura 14. Corte um setor com um comprimento de arco x. Junte as duas extremidades da parte remanescente para formar um cone com raio r e altura h. Figura 14 a) Explique por que o comprimento da circunferência da base do cone é 8 xpi − . b) Expresse o raio r em função de x. c) Expresse a altura h em função de x. d) Expresse o volumeV do cone em função de x. Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral I – Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 8 2. LIMITES O conceito de limite de uma função f é uma das idéias fundamentais que distinguem o Cálculo da Álgebra e da Trigonometria. Suponha que um físico deseje obter quanto vale determinada medida, quando a pressão do ar é zero. Na verdade é impossível obter o vácuo perfeito. Então um procedimento a ser adotado é experimentalmente efetuar-se essas medidas com valores cada vez menores de pressão, se os valores desta medida tendem para um determinado número L, admite-se que no vácuo ela seria igual ao valor L. Se representarmos por x a pressão e a medida que quisermos for dada por f(x), então podemos representar esse resultado por: 0 lim ( ) x f x L → = . Esta é uma situação em que se aplica o conceito matemático de limites. Tal conceito é de fundamental importância para o desenvolvimento teórico de derivadas e integrais que possuem várias aplicações na física, eletricidade, mecânica, etc. Exemplos de situações que expressam Limites i) Compressão de um Gás Um gás mantido a temperatura constante sofre alteração de volume a medida que o gás é comprimido. O volume V decresce até que atinja uma certa pressão crítica, além dessa pressão o gás assume forma líquida. Observando o comportamento do gráfico em torno da pressão 100 podemos perceber comportamentos bem distintos. Figura15: Variação no volume de um Gás, à temperatura constante e pressão variável. ii) Curva de Decaimento A Figura 16 representa o decaimento do radiofósforo no decorrer do tempo. Na prática, passadas várias meias vidas, a atividade pode chegar a níveis desprezíveis. Figura 16: Representação esquemática da meia- vida do radioisótopo 32 P . iii) Crescimento Populacional Figura 17: O marco dos experimentos de Gause sobre a coensistência de espécies em culturas de laboratório levou ao princípio de explusão competitiva. Duas espécies de Paramecium foram criadas em culturas separadas (acima) e juntas (abaixo). Embora ambas as espécies prosperassem quando criadas em separado, P. caudatum não persistiu na presença de P. aurelium. Fonte: RICKLEFS, R. A Economia da Natureza, 5a edição. Ed. Guanabara/ Koogan. Noção de Limite Inicialmente daremos uma definição informal de limites. Definição: Se os valores de f(x) puderem ser tomados tão próximos quanto queiramos de L, desde que tomemos os valores de x Curva de decaimento do radiofósforo 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 8,5 9,0 9,5 10,0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 105 110 115 120 tempo (d) at iv id ad e (m Ci ) Curva de decaimento do radiofósforo 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 8,5 9,0 9,5 10,0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 105 110 115 120 tempo (d) at iv id ad e (m Ci ) Figura 1 – Representação esquemática da meia-vida do radioisótopo 32P. P LÍQUIDO 0.8 100 0.3 V GÁS Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral I – Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 9 suficientemente próximos de a, mas não iguais a a), então escrevemos lim ( ) x a f x L → = , que deve ser lido como “o limite de f(x) quando x tende a a é L”. Exemplo: Tomemos a função ( ) ( ) 2 9 ( ) 3 xf x x − = − . Suponha que estejamos interessados em saber de que valor se aproxima f(x) quando x se aproxima de 3. Façamos uma tabela e atribuamos a x valores menores que 3. x ( )f x 2,5 5,5 2,8 5,8 2,9 5,9 2,99 5,99 2,999 5,999 2,9999 5,9999 ... ... Vemos que quanto mais x se aproxima de 3, mais o valor de f(x) se aproxima de 6. Note que nos aproximamos de x por valores menores do que 3. Tomemos agora valores próximos de três, mas maiores que 3. x ( )f x 3,4 6,4 3,2 6,2 3,1 6,1 3,01 6,01 3,001 6,001 3,0001 6,0001 ... ... Note que, quanto mais x se aproxima de 3 por valores maiores do que 3, mais f(x) se aproxima de 6. Assim, parece que o limite da função quando x tende a 3 é 6. Matematicamente, representamos esta situação por 3 lim ( ) 6 x f x → = . Limites como os referidos acima são chamados limites laterais. Definição: Se os valores de f(x) puderem ser tomados tão próximos de L quanto queiramos desde que tomemos os valores de x suficientemente próximos de a (mas maiores do que a), então escrevemos lim ( ) x a f x L +→ = e se os valores de f(x) puderem ser tomados tão próximos de L quanto queiramos desde que tomemos os valores de x suficientemente próximos de a (mas menores do que a), então escrevemos lim ( ) x a f x L −→ = . Relação entre Limites Laterais e Bilaterais O limite bilateral de uma função f(x) existe em um ponto a se, e somente se, existirem os limites laterais naquele ponto e tiverem o mesmo valor, isto é: lim ( ) x a f x L → = se, e somente se, lim ( ) lim ( ) x a x a f x L f x − +→ → = = . Exemplo: Uma fornalha para a produção de cristais é usada em uma pesquisa para determinar a melhor maneira de manufaturar os cristais utilizados em componentes eletrônicos para os veículos espaciais. Para a produção perfeita do cristal, a temperatura deve ser controlada precisamente, ajustando-se à entrada da potência. Duponha que a relação seja dada por: 2( ) 0,1 2,155 20T w w w= + + onde T é a temperatura em graus Celsius e w, a potência de entrada em watts. a) Qual a potência necessária para manter a temperatura a 200oC? b) Se for permitida uma variação de ± 5oC a partir dos 200oC, quais serão os valores das potências que satisfazem? c) Enuncie a definição formal de limite que considera , e lim ( ) x c f x Lε δ → = e responda: O que é x? O que é f(x)? O que é c? O que é L? Qual o valor ε dado? Qual o valor correspondente δ ? Definição Formal de Limites Seja ( )f x definida num intervalo aberto I, contendo a, exceto possivelmente no próprio a. Dizemos que o limite de ( )f x quando x aproxima-se de a é L, e escrevemos: lim ( ) x a f x L → = se para todo ε > 0, existe um δ > 0, tal que ( )f x L ε− < sempre que 0 x a δ< − < Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral I – Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 10 Dando a definição acima de uma forma que não contenha o símbolo de valor absoluto: i) 0 x a δ< − < equivale a a x aδ δ− < < + e x a≠ . ii) ( )f x L ε− < equivale a ( )L f x Lε ε− < < + Reformulando a definição de limites, teremos: lim ( ) x a f x L → = significa que, para todo ε > 0, existe um δ > 0 tal que se x está no intervalo aberto ( , )a aδ δ− + x a≠ , então f(x) está no intervalo aberto ( , )L Lε ε− + . A Figura18 ilustra a definição. Figura 18 Exemplo: Usando a definição de limite, prove que: 1 lim(3 1) 2 x x → − = . Para esta prova devemos mostrar que, 0, 0ε δ∀ > ∃ > , tal que: (3 1)2x ε− − < sempre que 0 1x δ< − < . O exame da desigualdade envolvendo ε proporciona uma chave para escolha de δ . As seguintes desigualdades são equivalentes: (3 1) 2 (3 3 3( 1) 3. 1 1 3 x x x x x ε ε ε ε ε − − < − < − < − < − < A última desigualdade nos sugere a escolha do δ. Fazendo 3 εδ = , vem que: (3 1) 2x ε− − < sempre que 0 1x δ< − < Portanto, 1 lim(3 1) 2 x x → − = . Exemplo: Usando a definição de limite, prove que: 2 4 lim 16 x x → = Devemos mostrar que, dado ε > 0, ∃ δ > 0, tal que: 2 16x ε− < sempre que 0 4x δ< − < Da desigualdade envolvendo ε, temos. 2 16 4 . 4 x x x ε ε − < ⇔ − + < ⇔ Necessitamos agora substituir 4x + por um valor constante.Neste caso, vamos supor: 0 < δ ≤ 1, e então, de 0 4x δ< − < , seguem as seguintes desigualdades equivalentes: 4 1 1 4 1 3 5 7 4 9 x x x x − < ⇔ − < − < ⇔ < < ⇔ < + < ⇔ Portanto, 4 9.x + < Escolhendo ,1, 9 min ε =δ temos que se 4x δ− < então 2 16 4 . 4 .9 .9 9 x x x εδ ε− = − + < ≤ = logo 2 4 lim 16 x x → = Observação: Se 1 lim ( ) x a f x L → = e 2 lim ( ) x a f x L → = então L1 = L2 (Unicidade do Limite) Exercícios: Nos exercícios E05 à E08, prove os limites. E06: ( ) 1 lim 3 7 10 x x → − − + = , com 0,5ε = E07: 2 1 1lim 2 1x x x→ − = − , com 0,75ε = E8: 5 1 1lim 2 3x x→ = − − , com 0,25ε = Propriedades dos limites A seguir introduziremos propriedades que podem ser usadas para encontrar muitos limites, sem utilizar a pesquisa do número δ conforme definição. Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral I – Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 11 P1. Sejam a e c números reais quaisquer, então lim x a c c → = isto é, o limite de uma constante é a própria constante. P2. Se a, b, m são números reais, então lim( ) x a mx b ma b → + = + Exemplo: 4 lim(3 5) 3.4 5 7 x x → − = − = P3. Se lim ( ) x a f x L → = e lim ( ) x a g x M → = então: a) lim [ ( ) ( )] x a f x g x L M → + = + b) lim [ ( ). ( )] . x a f x g x L M → = c) ( ) Llim = desde que M 0( ) Mx a f x g x→ ≠ d) [ ] lim ( ) ( p/ inteiro positivo n) n n x a f x L → = ∀ e) lim ( ) , desde que L 0 p/ n par nn x a f x L → = > f) [ ] lim ln ( ) ln . , desde que L 0 x a f x L → = > g) lim cos[ ( )] cos( ) x a f x L → = h) limsen[ ( )] sen( ) x a f x L → = i) ( ) lim f x L x a e e → = Exemplo: Determine o seguinte limite: 2 2 lim ( 3 1) x x x → − + = 3 2 2 2 2 2 2 lim ( ) lim (3 ) lim 1 2 3.2 1 1 P x x x P x x → → → → − + → − + = − Assim, 2 2 lim ( 3 1) 1 x x x → − + = − Vemos neste exemplo que o valor de lim ( ) ( ) x a f x f a → = Isto na verdade ocorre para todos os polinômios. Enunciando então, formalmente, temos: Teorema: Se f é uma função polinomial, então lim ( ) ( ) x a f x f a → = Exemplo: Calcule 2 2 lim ( 5 1) x x x → − + . 2 2 lim ( 5 1) x x x → − + 512.522 −=+−= Além deste, temos ainda outros teoremas que nos fornecem resultados úteis para o cálculo de limites. Teorema: Se f é uma função racional, e a pertence ao domínio, então lim ( ) ( ) x a q x q a → = Exemplo: Calcule 2 3 5 2 1lim 6 7x x x x→ − + − Resolução: 2 2 3 5 2 1 5.3 2.3 1lim 6 7 6.3 7 40 7 = 3 11 11 x x x x→ − + − + = − − = Exemplo: Calcular 3 2 5 lim 3 4 9 x x x → − + Resolução: 3 2 23 5 5 3 3 lim 3 4 9 lim(3 4 9) = 75-20+9 = 64 4 x x x x x x → → − + = − + = Limites Indeterminados Em alguns casos não é possível calcular o valor do limite por simples substituição. Ao adotar tal procedimento nos deparamos com resultados do tipo 0 0 ou ∞ ∞ . Exemplo: Calcular o limite abaixo: 2 2 2 2lim ( 4)x x x x→ − − − Resolução: Seja 2( ) 2f x x x= − − e 2( ) 4f x x= − . Então 2(2) 2 2 2 0f = − − = e 2(2) 2 4 0g = − = . Assim, ao substituirmos direto teríamos uma indeterminação do tipo 0 0 , logo tal procedimento não pode ser utilizado. No caso de indeterminações do tipo 0 0 ou ∞ ∞ há vários métodos que podem ser aplicados de acordo com as funções envolvidas. Deixaremos estes casos quando estudarmos derivadas. Utilizando-se de derivadas apresentaremos um método prático para resolver tais casos. Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral I – Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 12 Limites Laterais Vimos que para determinar o limite de uma função quando x tende para a, devemos verificar o comportamento da função para valores de x muito próximos de a, maiores ou menores que a. O valor do qual f se aproxima quando o valor de x se aproxima de a por valores menores do que a é denominado limite à esquerda de f. Analogamente, o valor do qual f se aproxima quando x tende para a através de valores maiores que a é o limite à direita de f. Estes limites são chamados limites laterais. Limite à esquerda: lim ( ) x a f x −→ teremos x a< , logo x a h= − , onde 0h > é muito pequeno. Limite à direita: lim ( ) x a f x +→ teremos x a> , logo x a h= + , onde 0h > é muito pequeno. Quando temos o gráfico de uma função ou temos esta função definida por várias sentenças fica simples calcular os limites laterais. Funções Definidas por Partes Definição: São funções definidas por várias sentenças (leis, equações) matemáticas, para intervalos do seu domínio. Exemplo: ( ) = ( ) f x se a x b y g x se b x c ≤ < ≤ ≤ Gráfico: Para o traçado do gráfico, consideramos separadamente as várias sentenças matemáticas com seus intervalos do seu domínio. Depois, num mesmo sistema de eixos, traçamos o gráfico relativo a cada sentença, obedecendo a seu intervalo de variação. Exemplo: Um cientista recebeu uma substância desconhecida, no estado sólido, para ser analisada. O gráfico da Figura 19 representa o processo de aquecimento de uma amostra dessa substância. Obtenha a função ( )T t da temperatura em função do tempo, até o tempo de 60 minutos. Figura 19 Função Modular Definição: Função modular é a função de ℝ em ℝ , definida por: , se 0 ( ) , se 0 x xf x x x ≥ = − < O gráfico da função modular é equivalente à reunião dos gráficos das sentenças que a definem, como mostra a Figura 20. Figura 20 Lembre-se que: O módulo (valor absoluto) de um número real x, é definido como sendo o maior valor entre x e x− , e é indicado por x , isto é: { , }x max x x= − Por definição: 2x x= Exemplo: Seja a função definida pelo gráfico da Figura 21, calcule: a) 1 lim ( ) x f x −→ b) 1 lim ( ) x f x +→ Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral I – Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi13 Figura 21 Resolução: Observando o gráfico, podemos concluir que: 1 1 lim ( ) 5 lim ( ) 3 x x f x f x + − → → = = Logo não existe o limite desta função quando x tende a 1. Exemplo: Seja a função 2 2 1, para 2 ( ) 2, para 2 9 , para 2 x x f x x x x + < = = − > Calcule: 2 2 2 lim ( ), lim ( ) e lim ( ) xx x f x f x f x + − →→ → Resolução: Quando 2x +→ significa 2x > , logo 2( ) 9f x x= − . Assim 2 2 2 lim (9 ) 9 2 5 x x +→ − = − = . Quando 2x −→ significa 2x < , logo 2( ) 1f x x= + Assim 2 2 2 lim ( 1) 2 1 5 x x +→ + = + = Como os limites laterais são iguais, concluímos que 2 lim ( ) 5 x f x → = . Exemplo: Calcule 2 lim ( ) x f x → , onde 2 3 2( ) 2 x se xf x x se x ≤ = > Quando a função não está definida por várias sentenças, ou não temos o gráfico da função, teremos que usar um artifício que chamaremos de incremento h para encontrar os limites laterais. Exemplo: Calcule por mudança de variáveis os limites laterais à esquerda e à direita respectivamente, das funções abaixo, nos pontos indicados: a) 2 1, em 1y x x= + = b) 2 , em 2y x x= = c) 21 2 em 1y x x x= − + = − Exercícios E09: Considerando as funções definidas nos item a b e c, encontre os limites abaixo, se existirem 11 1 lim ( ) , lim ( ) e lim ( ) xx x f x f x f x − + →→ → a) 2 4 , se 1( ) 1, se 1 x xf x x x − ≥ = − < b) 3 1, se 1( ) 3 - , se 1 x xf x x x − ≤ = > c) 2 se 1 ( ) 2 se 1 - 2 se 1 x x f x x x x − < = = > E10: Para a função representada graficamente, determine, se existir, cada item abaixo. Caso não exista, justifique. a) 0 lim ( ) x f x → b) 3 lim ( ) x f x +→ c) 3 lim ( ) x f x −→ d) 3 lim ( ) x f x → e) f(3) E11: Para a função representada, determine, se existir, cada item abaixo. Caso não exista, justifique. a) 3 lim ( ) x f x −→ b) 3 lim ( ) x f x +→ c) 3 lim ( ) x f x → d) 1 lim ( ) x f x → e) f(3) f) f(-2) g) 2 lim ( ) x f x −→− h) 2 lim ( ) x f x +→− Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral I – Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 14 E12: Para a função representada graficamente, determine, se existir, cada item abaixo. Caso não exista, justifique. a) 3 lim ( ) x f x −→− b) 3 lim ( ) x f x +→− c) 3 lim ( ) x f x →− d) 2 lim ( ) x f x −→ e) 2 lim ( ) x f x +→ f) 2 lim ( ) x f x → g) (2)f h) (1)f i) ( 3)f − j) 1 lim ( ) x f x → E13: Para a função representada, determine, se existir, cada item abaixo. Caso não exista, justifique. a) 0 lim ( ) x f x −→ b) 0 lim ( ) x f x +→ c) 0 lim ( ) x f x → d) 4 lim ( ) x f x −→ e) 4 lim ( ) x f x +→ f) 4 lim ( ) x f x → g) (4)f h) (0)f i) ( 5)f − j) 5 lim ( ) x f x →− E14: Calcule os seguintes limites laterais: a) 22 2lim 4x x x−→ + − b) 2 lim 2x x x+→ − c) 4 lim 4x x x−→ − d) 22 2lim 4x x x+→ + − e) 26 6lim 36x x x+→ + − f) 23lim 9x x x+→ − E15: Calcule o 2 lim ( ) x f x → sendo 2 4 se 2( ) 2 5 se 2 x xf x x x − ≠ = − = E16: Usando as propriedades e os teoremas sobre limites, calcule os limites abaixo: a) 3 2 lim 3 2 7 x x x →− − + b) ( )( )2 x 2 lim 3 4x x → + − c) 1 2 2 3 4 6 3lim 16 8 7x x x x x→ − + + − d) x 2 lim 15 → e) 1 2 2 2 2 5 3lim 6 7 2x x x x x→ + − − − f) 4 6 1lim 2 9s s s→ − − g) 2 3 41 (4 5 3)lim (6 5)t t t t→− + − + h) 2 3 23 2 5 3lim 1x x x x→ + − − i) 2 3 2 lim 3 4 3 2 x x x → + + + j) 2 x 3 9 , se -3 lim ( ) sendo ( ) 4+x, se 3 xf x f x x x →− < = ≥ − k) 3 2 , se 2lim ( ), sendo ( ) 4 - 2 , se 2 x x xf x f x x x→ ≤ = > E17: Calcule os seguintes limites a) ( ) 2 lim 2 3 x x → − b) ( ) 0 lim 5 4 x x → − c) 7 lim 2 x x → + d) 3 8 lim x x → E18: Calcule os limites abaixo a) 5 3 2lim 1x x x→ + − b) ( )32 5 2lim 2x x x→ − + c) 2 21 2 6lim 4 4 3x x x x x→ + − − − d) 2 3 lim ( 9 ) x x x → − − E19: Considere a função definida por Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral I – Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 15 2 3 , se 1 ( ) 4, se 1 1, se 1 x x f x x x x − < = = + > Ache - x 1x 1 x 1 lim ( ), lim ( ) e lim ( ),f x f x f x + →→ → Limites Infinitos Ao analisarmos lim ( ) x a f x −→ ou lim ( ) x a f x → + pode ocorrer que, ao tender x para a, o valor f(x) da função ou aumente sem limite , ou decresça sem limite. Exemplo: Como ilustração, considere a seguinte função: 1( )f x x = Primeiramente devemos verificar que *: RDm . Atribuindo valores para x, próximos de zero pela direita teremos os valores abaixo: x 0.2 0.1 0.01 0.001 0.0001 0.00001 0.000001 f(x) 5 10 100 1000 10000 100000 1000000 Assim: 0 1lim x x+→ cresce sem limite, isto é tende à mais infinito. Logo: 0 1lim x x+→ = ∞ Agora, atribuindo valores para x próximos de zero pela esquerda, teremos: x -0.3 -0.2 -0.1 -0.01 -0.001 -0.0001 -0.00001 f(x) -3 -5 -10 -100 -1000 -10000 -100000 Assim: 0 1lim x x→ − decresce sem limite, isto é tende à menos infinito. Logo: 0 1lim x x→ − = −∞ . A Figura 22 nos mostra o gráfico da função 1( )f x x = O símbolo ∞ ( infinito) não representa um número real. É apenas uma notação para representar o comportamento de certas funções. Figura 22 Exemplo: Analise o comportamento da função 2( ) 1 f x x = − quando x tende a 1. Resolução: Verifique que não podemos substituir 1 na função para calcular o limite. Sendo assim, vamos utilizar os limites laterais. Para 1x −→ , fazemos 1x h= − , com 0h → Lembrando-se que h é sempre positivo. Assim, 0 0 0 2 2 1lim lim 2.lim 1 1h h hh h h→ → → = = − + Pelo exemplo anterior , sabemos que 0 1lim h h→ = +∞ . Logo, 0 12.lim h h→ = +∞ Agora, para 1x +→ , fazemos 1x h= + , com 0h → . 0 0 0 2 2 1lim lim 2.lim 1 1h h hh h h→ → → = = − − − − Como 0 1lim h h→ = +∞ . Logo, 0 12.lim h h→ − = −∞ Assim: 1 lim ( ) x f x −→ = +∞ e 1 lim ( ) x f x +→ = −∞ Logo não existe 1 lim ( ) x f x → . Teorema: Se n é um número positivo qualquer, então: i) 0 1lim n x x+→ = +∞ ii) 0 , se é par1lim , se é ímparnx n nx−→ +∞ = −∞ Por enquanto nos basta a afirmação i), e podemos escrever que: 0 1lim x x+→ = +∞Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral I – Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 16 Exemplo: Calcule 3 lim 3x x x+→ − Resolução: Fazendo 3x h= + , com 0h → , temos: 0 3 0 0 0 0 0 3lim lim 3 3 3 3 = lim 3 = lim lim 3 lim lim1 hx h h h h h x h x h h h h h h h + →→ → → → → → + = − + − + + = + Como 0 0 3lim lim1 1 h h e h→ → = +∞ = temos: 0 0 3 3 3lim lim lim1 3 1 lim 3 h hx x x x h x x + + → →→ → = + − = +∞ + = +∞ − Exemplo: Calcule 2 2 lim - 4x x x+→ Resolução: Fazendo 2x h= + , com 0h → , temos: 2 2 0 2 2lim lim 4 (2 ) 4hx x h x h+ →→ + = − + − 2 2 0 0 0 2 2 2 = lim lim lim 4 4 4 4 (4 )h h h h h h h h h h h h→ → → + + + = = + + − + + Assim, 2 0 2 1 2lim lim . 4 4hx x h x h h+ →→ + = − + 0 0 1 2lim .lim 4h h h h h→ → + = + 2 2 1lim . 4 2x x x+→ = +∞ = +∞ − Limites no Infinito Noção Intuitiva Consideremos , novamente a função 1( )f x x = e analisemos, a tabela abaixo, o seu comportamento quando os valores de x crescem ilimitadamente através de valores positivos x 1 10 100 1000 10000 100000 1000000 f(x) 1 0.1 0.01 0.001 0.0001 0.00001 0.000001 Notamos que quando x cresce ilimitadamente por valores positivos os valores da função se aproximam cada vez mais de 0 ( zero) Simbolicamente, representamos tal fato por: 1lim 0 x x→+∞ = o que se lê: limite de f(x) , quando x tende a mais infinito é igual a zero. Mais uma vez lembramos que ∞ não é um número real e, assim, nenhuma variável x jamais pode ser substituída por ∞ . A terminologia “x se aproxima de ∞ ”, ou “x tende a ∞ ”, não significa que x fique cada vez mais próximo de algum número real. Intuitivamente, imaginamos x crescendo sem limite. O símbolo ∞ indica o comportamento da variável independente de x. Consideremos agora, para a mesma função, x decrescendo ilimitadamente através de valores negativos. x -1 -10 -100 -1000 -10000 -100000 -1000000 y -1 -0,1 -0,01 -0,001 -0,0001 -0,00001 -0,000001 Observando a tabela anterior, verificamos que quando x decresce ilimitadamente através de valores negativos, a função se aproxima cada vez mais de zero. Simbolicamente, representamos tal fato por: 1lim 0 x x→−∞ = o que se lê: limite de f(x) , quando x tende a menos infinito é igual a zero . Concluímos: 1lim 0 x x→+∞ = e 1lim 0 x x→−∞ = Teorema: Se n é um número inteiro positivo qualquer, então: i) 1lim 0 nx x→+∞ = ii) 1lim 0 nx x→−∞ = Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral I – Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 17 Propriedades de Limites no Infinito Considere os seguintes polinômios: 1 2 0 1 2 1 2 0 1 2 ( ) ... ( ) ... n n n n n n n n P x a x a x a x a e Q x b x b x b x b − − − − = + + + + = + + + + P1: Limite de um Polinômio 0 lim ( ) lim ( )n x x P x a x →+∞ →+∞ = Exemplo: Calcule o limite indicado: 3 2 3 lim ( ) lim ( 4 6 7 13) lim ( ) lim ( 4 ) lim ( ) x x x x x P x x x x P x x P x →+∞ →+∞ →+∞ →+∞ →+∞ = − + − + = − = +∞ P2: Limite de uma função Racional Dada a função racional ( )( ) ( ) P xf x Q x= onde P e Q são polinômios temos: 0 0 ( )lim lim( ) n px x a xP x Q x b x→+∞ →+∞ = Exemplo: Calcule os limites indicados: a) 3 2 2 10 8 115lim 7 10 9x x x x x x→∞ + − + − + Resolução: 3 2 3 2 2 3 2 2 3 2 2 10 8 115 10lim lim 7 10 9 9 10 8 115 10lim . lim 97 10 9 10 8 115 10lim . 97 10 9 x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x →∞ →∞ →∞ →∞ →∞ + − + = − + + − + = − + + − + = ∞ = ∞ − + b) 3 2 4 2 15 8 68lim 2 119x x x x x x x→−∞ − + − + − Exercícios E20: Considere a função abaixo: ( )2 2 , se -1 ( ) , se -1 1 -1 , se 1 x x f x x x x x − < = ≤ < > determine: a) -1 lim ( ) x f x → b ) 1 lim ( ) x f x → c) f(-1) d) f(1) E21: Determine os seguintes limites: a) 2 5lim 8x x x→+∞ − + b) 3 5 2 3 5lim 4 2x x x x→−∞ − + − c) 2 2 2 3lim 2 5 3x x x x x→+∞ − + + − d) 2 1lim 8x x x→−∞ + + e) 5 2 2 3 7lim 2x x x x→−∞ − + − E22: Determine o limite das funções abaixo, quando x tende à 3. a) 2, se 3( ) 2 , se 3 x xf x x x + ≤ = > b) 2, se 3( ) 7, se 3 x xf x x + ≠ = = c) 2 1, se 3( ) 8, se 3 x xf x x + ≠ = = E23: Determine o limite função abaixo, quando x tende à 0. 2 , se 0( ) - , se 0 x xf x x x ≥ = < E24: Calcule o 1 lim ( ) x f x → , sendo 2 se 1( ) 2 se 1 x xf x x x < = > E25: Calcule os seguintes limites a) 2 1 3lim 5 x x x→−∞ + + b) 2 1lim 3x x x→+∞ + + c) 2 1lim 3 2x x x→∞ + + d) 3 2lim 5 xx→ ∞ + Limites Notáveis Vejamos na sequência, dois limites notáveis: Limite Fundamental Exponencial e Limite Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral I – Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 18 Trigonométrico Fundamental. A fim de bem comprehende-los, alguns conceitos preliminares devem ser observados. Definição de Função Exponencial Definição: Chamamos função exponencial de base b, a função * :f +→ℝ ℝ , definida por: ( ) xf x b= , com 0b > e 1b ≠ Exemplos: a) ( ) 2xf x = b) 1( ) 2 x f x = c) 1( ) 3xf x += Características: Com relação ao gráfico da função ( ) xf x b= , afirmamos que: a) a curva que o representa está toda acima do eixo das abscissas, pois xy b= para todo x∈ℝ ; b) corta o eixo das ordenadas no ponto (0,1) ; c) ( ) xf x b= é crescente para 1b > e decrescente para 0 1b< < . d) ( )Dm f = ℝ e *Im( )f += ℝ . A Figura 23 ilustra três funções exponenciais decrescentes, no primeiro gráfico e três funções crescentes no segundo. 0 1b< < 1b > Figura 23 Função Logarítmica Iniciamos por recordar a definição de logaritmo. Definição: O logaritmo log xb N x b N= ⇔ = , onde: é a base é o logaritmando é o logarítmo b N x Condição de Existência: 0, 0, 1N b b> > ≠ É imediato que: loglog 1 0; log 1; b Nb b b b N= = = Propriedades: Sejam *0, 1 e ,b b a c +> ≠ ∈ℝ , então: P1: log ( ) log logb b bac a c= + P2: log ( / ) log logb b ba c a c= − P3: log ( ) lognb ba n a= P4: 1log log ,mb ba a m m = ∈ℕ P5: loglog log k b k a a b = ,para todo * , 1k k+∈ ≠ℝ . P6: colog logb ba a= − , cologaritmo de a na base b . Definição de Função Logarítmica Definição: Chamamos função logarítmica de base b, a função*:f + →ℝ ℝ que associa a cada número real x o número logb x , ou seja: *:f + →ℝ ℝ ( ) logbf x x= , com 0, 0, 1x b b> > ≠ . Características: Com relação ao gráfico da função ( ) logbf x x= , afirmamos que: a) a curva que o representa está toda à direita do eixo das ordenadas, pois a função não está definida para 0x ≤ ; b) corta o eixo das abscissas no ponto (1,0) ; c) ( ) logbf x x= é crescente para 1b > e decrescente para 0 1b< < . d) *( )Dm f += ℝ e Im( )f = ℝ . A Figura 24 ilustra três funções logarítmicas decrescentes, no primeiro gráfico e três funções crescentes no segundo. 0 1b< < 1b > Figura 24 Observe que a função logarítmica é a inversa da função exponencial, pois: log yb x y b x= ⇔ = . Compare os gráficos das funções ( ) 3xf x = e 3( ) logf x x= num mesmo sistema cartesiano. Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral I – Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 19 Figura 25 As definições que seguem conceituam funções inversas: Função Inversa Definição: Se as funções f e g satisfazem as duas condições: ( ( ))g f x x= , para todo x do domínio de f ( ( ))f g x y= , para todo y do domínio de g Dizemos que f e g são funções inversas uma da outra, ou então, que f é uma inversa de g e g é uma inversa de f. Pode-se mostrar que se uma função f admite inversa, então essa inversa é única. Denotamos então a inversa de f por f -1. As seguintes relações entre domínio e imagem de funções inversas são verdadeiras: 1( ) Im( )Dm f f− = e 1Im( ) ( )f Dm f− = Teorema: Se uma equação ( )y f x= pode ser resolvida para x como uma função de y, digamos ( )x g y= , então f tem uma inversa, a qual é 1( ) ( )g y f y−= . Exemplo: Determine a inversa de 3( ) 3f x x= − . Resolução: Como ( )y f x= , trocamos x por y e y por x: 3 3x y= − Isolando y: 3 3y x= + e 3 3y x= + Portanto, 1 3( ) 3f x x− = + é a função inversa de 3( ) 3f x x= − . O próximo teorema estabelece a condição necessária e suficiente para a existência da função inversa: Teorema: Uma função f tem inversa se, e somente se, f é injetora. Observe que, uma função pode ser classificada em: a) Injetora. Dizemos que uma função :f A B→ é injetora quando para quaisquer elementos 1x e 2x de A, 1 2( ) ( )f x f x= implica 1 2x x= . Em outras palavras, quando 1 2x x≠ , em A, implica 1 2( ) ( )f x f x≠ . b) Sobrejetora. Dizemos que uma função :f A B→ é sobrejetora quando para todo y B∈ , existe pelo menos um x A∈ tal que ( )f x y= . c) Bijetora. Uma função :f A B→ chama-se bijetora quando é injetora e sobrejetora ao mesmo tempo. Teorema: (Teste da reta horizontal) Uma função f tem inversa se, e somente se, seu gráfico é cortado, no máximo, uma vez por qualquer reta horizontal. Teorema: Se f tiver inversa, então os gráficos de ( )y f x= e 1( )y f x−= são reflexões um do outro em relação à reta y x= . Figura 26 Especialmente, definimos as funções inversas: Função Exponencial Natural e Logaritmo Natural O número 2,718291...e = (Número de Euler) é um número irracional de grande utilidade em cálculos de diferentes áreas do conhecimento. Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral I – Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 20 A função exponencial de base e , ( ) xf x e= é denominada de função exponencial natural e sua função inversa é ( ) ln( )f x x= , onde ln( ) log e x x= . O ln( )x é o logaritmo de x na base e e é denominado de logaritmo natural. Todas as propriedades válidas para o exponencial e logaritmo em outras bases valem também para a base e . Número “e” No estudo dos logaritmos já nos referimos ao número e. Esse número é a base do sistema de logaritmos naturais ou neperianos. O número e pode ser obtido por meio de uma sucessão notável (sucessão de Euler), cujo termo geral é: 11a n n n = + para: 1 1 11 1 2 1 n a = ⇒ = + = 2 1 12 1 2,25... 2 n a = ⇒ = + = 3 1 13 1 2,36... 3 n a = ⇒ = + = 5 1 15 1 2,48... 5 n a = ⇒ = + = 6 1 16 1 2,49... 6 n a = ⇒ = + = , e assim por diante. Notamos que aumentando o valor de n, infinitamente, an tende ao valor aproximado de 2,71. Limite Exponencial Fundamental 1lim 1 2,718281828....... n n e n→+∞ + = ≅ O número “e” é irracional. Dois limites podem ser obtidos como conseqüência do limite exponencial fundamental. Representação gráfica de e. Figura 27 Primeira Conseqüência: 1 0 lim (1 ) x x x e → + = De fato, fazendo 1 1x n n x = ⇒ = , e observando que quando 0x n→ ⇒ → +∞ , ficamos com 1 0 1lim (1 ) lim 1 n x x n x e n→ →+∞ + = + = , que é o próprio limite exponencial fundamental. Exemplo: Calcule ( ) 1 * 0 lim 1 , R .x x kx k → + ∈ Solução: Podemos escrever: ( ) ( ) ( ) 1 1 1 1 1 k x kx k kxkx kx kx + = + = + Fazendo kx t= , resulta que se 0 0x t→ ⇒ → portanto, ficamos com: ( ) ( ) 1 1 0 0 lim 1 lim 1 k kx t x t kx t e → → + = + = Segunda Conseqüência: 0 1lim 1 x x e x→ − = Fazendo 1 1 ln( 1)x xe u e u x u− = ⇒ = + ⇒ = + , e é evidente que quando 0, u 0.x → → Daí 0 0 0 1 1lim lim lim 1ln( 1) ln( 1) x x u u e u x u u u → → → − = = + + Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral I – Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 21 1 1 0 0 1 1lim ln(1 ) lim ln(1 ) u u u u u u → → = = + + 1 0 1 1 1 ln ln lim (1 ) u u e u → = = = + A fim de estudarmos o Limite Trigonométrico Fundamental vamos considerar alguns conceitos básicos sobre funções trigonométricas. Funções Periódicas Definição: Dizemos que uma função ( )f x é periódica se existe um número real T ≠ 0 tal que ( ) ( )f x T f x+ = para todo ( )x Dm f∈ . O número T é chamado período da função ( )f x . O gráfico de uma função periódica se repete a cada intervalo de comprimento T. Exemplos de gráficos de funções periódicas são dados nas Figuras 27 e 28. Figura 27 Figura 28: O modelo Lotka-Volterra define um ciclo regular de populações de predadores e presas. Estas curvas de tamanho populacional de predadores e presas mostra que dois ciclos caminham continuamente fora de fase um com o outro. Fonte: RICKLEFS, R. A Economia da Natureza, 5a edição. Ed. Guanabara/ Koogan. As funções trigonométricas são exemplos de funções periódicas. Funções Trigonométricas Função Seno Definição: Chamamos de função seno, a função :f →ℝ ℝ que, a cada número real x, associa o seno desse número ( ) ( )f x sen x= . O gráfico da função ( ) ( )f x sen x= , denomina- se senóide e encontra-se na Figura 29 O domínio da função seno é o conjunto dos reais e o conjunto imagem é o intervalo [ ]1, 1− . A função seno é periódica e seu período é 2 radpi , já que ( 2 ) ( )sen x sen xpi+ = . Em alguns intervalos a função é crescente e em outros é decrescente. Por exemplo, nos intervalos 2 0, pi e pi pi 2, 2 3 a função é crescente. Já no intervalo pipi 2 3 ,2 ela é decrescente. Figura 29 Função Cosseno Definição: Chamamos de função cosseno, a função :f →ℝ ℝ que, a cada número real x, associa o cosseno desse número. ( ) cos( )f x x= O gráfico da função ( ) cos( )f x x= , denomina- se cossenóide e está representado na Figura 30 O domínio da função cosseno é o conjunto dos reais e o conjunto imagem é o intervalo [ 1,1]− . A função cosseno é periódica e seu período é 2 radpi , já que cos( 2 ) cos( )x xpi+ = . Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral I – Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 22 Em alguns intervalos a função cos( )x é crescente e em outros é decrescente. Por exemplo, no intervalo [0, pi] a função é decrescente. Já no intervalo [pi, 2pi] ela é crescente. Figura 30 De forma geral, considerando as funções: sen( )y a b mx n= + + e cos( )y a b mx n= + + Temos: ( )Dm y = ℝ , ( )CDm f = ℝ ( ) [ , ]Im y a b a b= − + , 0b > e 2 rad m P pi= Outras Funções Trigonométricas Função Tangente A função tangente, designada por tg, é definida por ( )( ) cos( ) sen x tg x x = . O domínio é ( ) { / cos( ) 0}Dm tg x x= ∈ ≠ℝ ou seja, ( ) { R / ,com } 2 Dm tg x x K Kpipi= ∈ ≠ + ∈ℝ e a imagem é Im( ) { }tg x= ∈ℝ Figura 31 Função Cotangente A função cotangente, designada por cotg, é definida por cos( )( ) ( ) x cotg x sen x = . O domínio é ( ) { R / ( ) 0}Dm cotg x sen x= ∈ ≠ ou seja, ( ) { / ,com }Dm cotg x x K Kpi= ∈ ≠ ∈ℝ ℝ e a imagem é Im( ) { }cotg x= ∈ℝ Figura 32 Função Secante É definida por 1( ) cos( )sec x x= , com (sec) { / cos( ) 0}Dm x x= ∈ ≠ℝ . Figura 33 Função Cossecante É definida por 1( ) ( )cosec x sen x= , com (cos ) { / ( ) 0}Dm ec x sen x= ∈ ≠ℝ . Figura 34 Funções Trigonométricas Inversas Função Arco Seno A função seno não é invertível, visto que não é injetora; então consideremos uma restrição em a um intervalo convenientemente escolhido, de forma a obtermos uma função injetora. Seja f a restrição da função seno no intervalo , 2 2 I pi pi = − . A função inversa de f é Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral I – Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 23 denominada de função arco seno e representada por: 1( ) ( )f x arcsen x− = . Assim, ( ) [ 1,1]Dm arcsen = − e Im( ) , 2 2 arcsen pi pi = − . Por um processo análogo, definimos a função arco cosseno. Porém, é necessário observar que no intervalo escolhido na restrição f adotada para o seno, a função cosseno não é injetora. Dessa forma, seja g a restrição da função cosseno no intervalo [ ]0,I pi= . A função inversa de g é denominada de função arco cosseno e representada por: 1( ) cos( )f x arc x− = . Figura 35: Funções arcsen e arccos, respectivamente. Com procedimento análogo ao usado para as funções ( )y arcsen x= e arccos( )y x= , obtemos as demais funções trigonométricas inversas. Limite Trigonométrico Fundamental 0 lim 1 x sen x x→ = No círculo trigonométrico (o raio é a unidade), seja AM um arco de x radianos, com 0 2 x pi < < . Na Figura 36, x AM= , ( )sen x PM= e ( )tg x AT= . Figura 36 Observe que o triângulo 0AM está contido no setor circular OAM, o qual por sua vez está contido no triângulo OAT. Assim podemos afirmar que: área OAM∆ < área setor OAM< área OAT∆ , isto é: ( )21 1 1.OA.PM OA .x .OA.AT, 2 2 2 < < mas OA 1= logo: PM x AT< < ou ( ) ( )sen x x tg x< < dividindo termo a termo por ( )sen x : 11 sen( ) cos( ) x x x < < , tomando os inversos e invertendo a desigualdade, ficamos com: ( )1 cos( )sen x x x > > ou ( ) cos( ) 1sen xx x < < Sabemos que quando 0x → , cos( ) 1x → . Então, para x tendendo a zero, ( )sen x x permanece entre cos( )x e 1, e portanto, pelo teorema do confronto*: 0 lim 1 x sen x x→ = . [* Este teorema é chamado Teorema do Confronto (ou Teorema do Sanduíche), porque diz que, se uma função, numa certa vizinhança de a onde estamos interessados em estudar o seu comportamento, está comprimida entre outras duas que tendem ao mesmo limite L, então o seu limite nesse ponto também deve ser L. Veja a idéia geométrica ilustrada na Figura 37. Figura 37 Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral I – Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 24 Teorema do Confronto: Sejam f, g e h funções. Se valem as desigualdades ( ) ( ) ( )f x h x g x≤ ≤ , para todo x em um intervalo aberto contendo a, exceto talvez em x=a e se lim ( ) lim ( ) x a x a f x g x L → → = = , então h tem limite e lim ( ) x a h x L → = ]. Exemplo: Calcule 0 lim 1 sen( )x x x→ = Solução: 0 0 0 1 1lim lim sen( ) sen( )sen( ) limx x x x x xx x x → → → = = 0 lim 1 sen( )x x x→ = Exemplo: Calcule 0 ( )lim x tg x x→ Solução: 0 0 0 sen( ) tg( ) sen( ) 1cos( )lim lim lim cos( )x x x x x xx x x x x→ → → = = 0 0 0 sen( ) 1 sen( ) 1lim lim lim cos( ) cos( )x x x x x x x x x→ → → = 0 ( )lim 1 x tg x x→ = Exemplo: Calcule 0 1 cos( )lim x x x→ − . Solução: Exemplo: Calcule 0 sen(3 )lim 5x x x→ Exemplo: Calcule 1 ln( )lim 1x x x→ − Solução: Façamos u = x − 1 ⇒ x = u +1. Quando x → 1 ⇒ u → 0, portanto ficamos com: 1 0 ln( ) ln( 1)lim lim 1x u x u x u→ → + = − 1 0 0 1lim ln( 1) lim ln( 1)u u u u u u→ → = + = + 1 0 ln lim ( 1) ln( ) 1u u u e → = + = = Exercícios E27: Calcule os seguintes limites a) 0 lim x tg x x→ b) 0 2lim x sen x x→ c) 0 sen(4 )lim sen(5 )x x x→ d) 0 sen( )lim 3h h h→ e) 2 2 0 1 cos ( )lim x x x→ − f) 2 2 0 lim cos ( ) 1x x x→ − − g) 0 sen( )lim 1 cos( )x x x x→ − h) 2 1lim 1 n n n + → ∞ + i) 3lim 1 n n n→ ∞ + j) lim 1 x x x x→ ∞ + k) 1 5lim 1 x x x + → ∞ + l) ( )1 lim 1 sen( ) x x x pi→ + Funções Contínuas Intuitivamente, o gráfico de uma função pode ser descrito como uma curva contínua se não apresentar “quebras” ou “buracos”. Os gráficos da Figura 38 abaixo são exemplos de descontinuidade para algumas funções f, no ponto c. Observe: Figura 38 A Figura 39 a seguir ilustra o tamanho da população de ratos no tempo, onde ocorrem várias descontinuidades. Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral I – Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 25 Figura 39: Diagramas idealizados de dinâmica de populações: (a) dinâmica dominada por fases de crescimento populacional após desestres; (b) dinâmica dominada por limitações da capacidadede suporte do ambiente – capacidade de suporte alta; (c) igual a (b), a capacidade de suporte é baixa; (d) dinâmica em um local habitável dominada pelo decaimento populacional após episódios de colonização ou recrutamento mais ou menos repentinos. Fonte: COLIN, R. et. al. Fundamentos em Ecologia . 2a edicao. Ed. Artmed. Porto Alegre: 2006. Uma função real tem descontinuidade em um ponto, se ocorre alguma das seguintes condições: i) A função f não está definidaem c; ii) O limite de f não existe quando x tende a c; iii) O valor da função e o valor do limite em c são diferentes. Definição: Uma função f é contínua em um ponto c, se são satisfeitas as seguintes condições: i) ( )f c está definida. ii) lim ( ) x c f x → existe iii) lim ( ) ( ) x c f x f c → = Inserir teorema sobre continuidade de funções polinomiais e racionais (Anton, 2007, p. 147) Exemplo: Verifique se a função ( ) 2 5 3f x x x= − + é contínua no ponto 4x = . Resolução: Analisaremos uma a uma as três condições: i) (4) 3 12f = + ii) 4 lim ( ) 3 12 x f x → = + Como 4 lim ( ) (4) x f x f → = a função é contínua em 4x = . Exemplo: Verifique se a função 2( ) 2 xf x −= é contínua no ponto 2x = . Resolução: Primeiramente lembramos que: 2 , se 22 2 22 , se 2 2 x x x x x − + < − = − ≥ Analisaremos uma a uma as três condições i) (2) 0f = ii) Para obter o valor do limite precisaremos utilizar os limites laterais: 0 0 2 0 0 2 (2 ) 2lim ( ) lim lim 0 2 2 2 2lim ( ) lim lim 0 2 2 h hx h hx h hf x h hf x − + → →→ → →→ − − + − = = = + − = = = Logo, concluímos que a condição iii) é satisfeita, pois 2 lim ( ) (2) x f x f → = e portanto, a função é contúnua em 2x = . Exemplo: Verifique se a função é contínua em 3x = . 2 1, se 3 ( ) 2, se 3 3 , se 3 x x f x x x x − < = = − > Exemplo: A função 2 1( ) 1 xf x x − = − não é contínua no ponto 1x = , pois a função não é definida no ponto. Graficamente: Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral I – Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 26 Exemplo: A função 2 1 , se 1( ) 1 1, se 1 x xg x x x − = = − ≠ também não é contínua no ponto 1x = ,verifique algebricamente e interprete o gráfico dado. Exemplo: Verificar analiticamente os possíveis pontos de descontinuidade da função, depois compare o resultado com o gráfico abaixo. 2 4 , se 0 ( ) 2 , se 0 3 2 9, se 3 x x f x x x x x x − < = − ≤ ≤ − > Uma vez que nos pontos de provável descontinuidade, verificamos que a função f é continua, concluímos que f é contínua para todo x real, e vemos que seu gráfico não tem qualquer tipo de salto ou interrupção. Exercícios E28: A Figura 40 mostra o gráfico de unidades em estoque versus tempo para uma companhia que reabastece o estoque com 0y unidades. Sabendo disso, responda: i) quais são os pontos de descontinuidade deste gráfico? Use a definição de continuidade para justificar porque a função é descontinua nesses pontos. ii) qual o significado das descontinuidades neste gráfico? 0y 1y Pontos de reabastecimento Unidades de estoque tempo1t 2t 3t 4t Figura 40 E29: Verifique se as funções abaixo são contínuas nos pontos indicados, e justifique sua resposta. a) 2 2 se 2 ( ) 4 se 2 se 2 x x f x x x x + < = = > b) 3 2 se 0 ( ) 5 se 0 2 se 0 x x f x x x + < = = > E30: A função abaixo possui algum ponto de descontinuidade? Quais? Justifique. 21 se 1 ( ) 1 se 1 2 2 se 2 x x f x x x x − ≤ = − < < ≥ E31: Determine os intervalos de continuidade da função representada a seguir. Notas das Aula de Cálculo Diferencial e Integral I – Engenharia Ambiental Prof.: Adriana Borssoi 27 Propriedades especiais das funções contínuas Apresentamos, a seguir, algumas propriedades especiais de funções contínuas que são usadas frequentemente em Cálculo. Teorema do Valor Intermediário Seja f uma função contínua em [ , ]a b e seja k um número real compreendido entre ( )f a e ( )f b , então existe ( , )c a b∈ tal que, ( )f c k= . Em outras palavras: toda função contínua num intervalo fechado não pode ir de um valor a outro sem passar por todos os valores intermediários. Conseqüência do Teorema do Valor Intermediário Teorema do Anulamento Seja f uma função contínua em [ , ]a b e ( ). ( ) 0f a f b < , então a função admite pelo menos um zero no intervalo ( , )a b , ou seja existe ( , )c a b∈ tal que ( ) 0f c = . Veja este teorema ilustrado no gráfico na Figura 41: Figura 41 Esta propriedade é muito usada para garantir a existência de raízes de uma equação da forma ( ) 0f x = em um dado intervalo. Exemplo: Mostre que a equação 3 1 0x x− − = tem uma raiz real entre 0 e 2. Exercícios Recomendados: ANTON, H., BIVENS, I. e DAVIS, S. Cálculo. vol. 1 Tradução: Claus I. Doering. 8 ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. Páginas, de 110 à 113 Páginas, de 121 à 122 Páginas, de 131 à 134 Páginas, de 152 à 155
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