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Pedro Cezar Johnson Rodrigues de Britto Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I Notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis. Publicado originalmente [online] em Rio de Janeiro, 2012. Última edição/revisão: 17 de julho de 2020. SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO ................................................................................................. 4 2. LIMITES ................................................................................................................. 7 2.1 Calculando limites .............................................................................................. 11 2.2 Limites Laterais .................................................................................................. 15 2.2.1 Relação entre limite e limites laterais ............................................................ 17 2.3 Limites no infinito ............................................................................................... 18 2.4 Limites infinitos .................................................................................................. 21 2.5 Símbolos de indeterminação .............................................................................. 24 2.6 Limites fundamentais ......................................................................................... 25 2.7 Assíntotas ............................................................................................................. 30 2.7.1 Esboço aproximado de funções racionais ...................................................... 31 2.8 Continuidade de funções .................................................................................... 35 2.8.1 Continuidade em funções compostas ............................................................ 37 2.8.2 Tipos de descontinuidade .............................................................................. 39 2.8.3 Dividindo polinômios .................................................................................... 41 2.8.4 Teorema de Bolzano (ou do valor intermediário) ......................................... 42 3. DERIVADA ........................................................................................................... 44 3.1 Reta tangente....................................................................................................... 45 3.2 Funções deriváveis .............................................................................................. 49 3.3 Regras/técnicas de derivação ............................................................................. 52 3.4 Derivada da função composta (regra da cadeia) ............................................. 54 3.4.1 Teorema da função inversa ............................................................................ 55 3.5 Derivadas das funções elementares ................................................................... 56 3.5.1 Função Exponencial ...................................................................................... 56 3.5.2 Função logarítmica ........................................................................................ 57 3.5.3 Funções trigonométricas ................................................................................ 59 3.5.4 Resumo de derivadas de algumas funções .................................................... 61 3.6 Derivação implícita ............................................................................................. 63 3.6.1 Cálculo da derivada de uma função implícita ............................................... 65 3.6.2 Método de cálculo de derivada de função implícita ...................................... 65 3.7 Derivadas de ordem superior (sucessivas)........................................................ 67 3.8 Aproximação linear ............................................................................................ 70 3.9 Teorema/regra de L’Hôpital .............................................................................. 73 3.9.1 Outros tipos de indeterminações ................................................................... 75 3.10 Diferencial de uma função ............................................................................... 78 4. APLICAÇÕES DA DERIVADA ......................................................................... 79 4.1 Funções monótonas (crescimento e decrescimento) ........................................ 79 4.2 Variação de funções ............................................................................................ 82 4.3 Determinação de máximos e mínimos ............................................................... 88 4.4 Concavidade e pontos de inflexão de funções .................................................. 95 4.5 Esboço do gráfico de funções ............................................................................. 98 4.6 Problemas de otimização .................................................................................. 104 5. INTEGRAÇÃO INDEFINIDA ......................................................................... 111 5.2 Integrais e regras de integração fundamentais .............................................. 114 5.3 Métodos de integração...................................................................................... 117 5.3.1 Método de substituição ................................................................................ 119 5.3.2 Método de integração por partes ................................................................. 120 6. REFERÊNCIAS ................................................................................................. 124 LISTA DE DEFINIÇÕES, PROPOSIÇÔES, TEOREMAS E COROLÁRIOS .................................................................................................................................. 125 LISTA DOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS ......................................................... 137 SOLUÇÕES DOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS ................................................ 142 4 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 1. APRESENTAÇÃO Observe a seguinte função: 𝑓(𝑥) = 𝑥 + 1. Se for proposto, como exercício, calcular 𝑓(0), 𝑓(1), 𝑓(2), 𝑓(3) e 𝑓(4), ou, se for pedido, por exemplo, para se calcular 𝑓(𝑥) com os valores 𝑥 = 0, 𝑥 = 1, 𝑥 = 2, 𝑥 = 3, e 𝑥 = 4; caso sua resposta imediata for 𝑓(0) = 1, 𝑓(1) = 2, 𝑓(3) = 4 e/ou 𝑓(4) = 4 + 1 = 5, ou, para 𝑥 = 0, 𝑓(𝑥) = 1, para 𝑥 = 1, 𝑓(𝑥) = 2, para 𝑥 = 2, 𝑓(𝑥) = 3, para 𝑥 = 3, 𝑓(𝑥) = 4, e para 𝑥 = 4, 𝑓(𝑥) = 5 – em todos estes casos de ‘respostas/desenvolvimento’, então perfeito! Podemos prosseguir. Agora, se por algum motivo não tiver entendido o problema, ou apresentado alguma dificuldade de interpretação – há necessidade de um estudo prévio sobre fundamentos de funções em matemática. No entanto, fique super tranquilo em relação a isto. Peça devidas orientações a seu professor. Além do mais, com uma simples pesquise na Google sobre “funções matemática”, você certamente encontrará diversas apostilas, cadernos e até livros bem didáticos (ou autoexplicativos) e inclusive vídeos no Youtube bem explicativos que irão permitir que você absorva o conhecimento necessário para estudarmos esta disciplina – Cálculo Diferencial e Integral I. Uma outra dica consiste no livro-texto Cálculo: Volume I, de Mauricio A. Vilches e Maria Luiza Corrêa, disponível em: https://www.ime.uerj.br/~calculo/reposit/calculo1.pdf.Caso seja apresentado agora como um exercício, calcular lim 𝑥→3 𝑥2 + 𝑥 − 12, e se sua resposta automática for lim 𝑥→3 𝑥2 + 𝑥 − 12 = 0, ou lim 𝑥→3 𝑥2 + 𝑥 − 12 = 32 + 3 − 12 = 9 + 3 − 12 = 12 − 12 = 0, maravilha pura! Caso contrário, se tal problema aparentar ser ‘estranho’ ou parecer ser ‘difícil’, não se preocupe, pois isto é simples de ser explicado de forma intuitiva. Se propormos o seguinte exercício: dado a função 𝑓(𝑥) = 𝑥2 + 𝑥 − 12, calcule 𝑓(3), ou calcule o valor de 𝑓(𝑥) para 𝑥 = 3, você certamente não terá dificuldades para responder que 𝑓(3) = 0. Certo? Retornando ao nosso exemplo simplificador, em que temos 𝑓(𝑥) = 𝑥 + 1, se for pedido para calcular 𝑓(2), ou se for pedido para se calcular 𝑓(𝑥) para o valor de 𝑥 = 2, https://sites.google.com/view/pedrobritto https://www.ime.uerj.br/~calculo/reposit/calculo1.pdf 5 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. verificamos que se trata do mesmo problema, porém expresso através de linguagens diferentes. A resposta, podemos dizer (usando linguagens diferentes) que é 𝑓(2) = 3, ou que para 𝑥 = 2, 𝑓(𝑥) = 3. Esta é uma linguagem matemática simples de responder, porém, também poderíamos expressar a solução do problema de outras formas, como por exemplo, o ‘resultado ou resposta é igual a 3’, ou ‘se 𝑓(𝑥) = 𝑥 + 1, e se 𝑥 significa ou corresponde ao valor do número 2; e assim substituímos o termo 𝑥 pelo seu número correspondente na função, teremos como resultado da expressão o valor absoluto de 3’, ou ainda ‘se 𝑥 é 2, então 𝑓(𝑥) é 3’. Continuando ainda neste problema (ou exercício) inicial, em que 𝑥 = 2, podemos através da linguagem portuguesa dizer que 𝑥 é literalmente, ou absolutamente igual a dois. Agora, ainda na língua portuguesa, se dissermos que 𝑥 tende a ser absolutamente ou precisamente ou literalmente igual a dois, então a resposta, ou a função tende absolutamente a ser igual a três. Agora, na primeira parte em foi dito que “se 𝑥 tende a ser igual a 2” – na linguagem matemática, utilizamos a figura de uma ‘setinha’ para indicar a palavra ‘tende’ – temos a notação, ou a “tradução” para a expressão (matemática) 𝑥 → 2. Na segunda parte, em que foi dada a resposta de que “a função tende absolutamente a ser igual a três”, ou melhor dizendo, no enunciado como um todo, que “se 𝑥 → 2, então neste momento/instante, ou neste limite, o resultado de 𝑓(𝑥) tende a ser três”, e assim, esta frase (já mixada com a linguagem matemática quando foi dito que 𝑥 tende a ser dois através da notação 𝑥 → 2) pode ser traduzida para a linguagem matemática de forma que “se 𝑥 tende a 2, o limite de 𝑓(𝑥) tende a ser igual a 3”, ou através da notação matemática – isto que estamos dizendo é expresso da seguinte forma: lim 𝑥→2 𝑓(𝑥) = 3. Na realidade, esta notação expressa que se 𝑥 se aproxima do número 2, o resultado da função se aproxima a 3. Retomando ao segundo problema, em que é pedido para calcular lim 𝑥→3 𝑥2 + 𝑥 − 12, e que antes, poderia parecer ser um tanto ‘estranho’ ou ‘difícil’, podemos interpretar agora que o que se está sendo pedido é para calcular o resultado da expressão 𝑥2 + 𝑥 − 12 quando 𝑥 tende a ser igual a 3. Logo, podemos responder através da linguagem matemática lim 𝑥→3 𝑥2 + 𝑥 − 12 = 0 (fazendo ‘de cabeça’ as substituições de 𝑥 por 3 na expressão). https://sites.google.com/view/pedrobritto 6 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. De forma geral, dizer que, por exemplo, lim 𝑥→0 𝑓(𝑥) = 𝐿, é o mesmo que dizer que podemos tornar os valores de 𝑓(𝑥) tão próximos de 𝐿 (um número representado pela letra “L” de “Limite”) quanto quisermos, e que para isto basta que tomemos valores de 𝑥 cada vez mais próximos de zero. Similarmente, de forma mais geral, dizer que lim 𝑥→𝑥0 𝑓(𝑥) = 𝐿 é o mesmo que dizer que podemos tornar os valores de 𝑓(𝑥) tão próximos de 𝐿 quanto quisermos, basta que para isso tomemos valores de 𝑥 cada vez mais próximos de 𝑥0. 1 Esta observação é muito importante, pois indica a capacidade da linguagem matemática de arbitrar valores ou informações através de termos dados em letras, ou ainda em letras tanto subscritas quanto por sobrescritas – ou ainda números.2 Por exemplo, imagine que haja necessidade de expressar informações relacionadas a quatro empresas/firmas, chamadas de ‘Firma 1’, ‘Firma 2’, ‘Firma A’ e ‘Firma B’; agora, se quisermos expressar um determinado custo de cada firma de produzir algo em linguagem matemática, podemos, primeiro, chamar custo de 𝑐, e expressar cada respectivo custo na forma de 𝑐1, 𝑐2, 𝑐𝐴, e 𝑐𝐵 respectivamente para cada firma. De forma análoga, se quisermos expressar o preço de venda de determinado produto que cada firma comercializa, podemos chamar o preço de 𝑝, e assim, o preço cobrado por cada respectiva firma pode ser denotado como 𝑝1, 𝑝2, 𝑝𝐴 e 𝑝𝐵. Este caderno segue fielmente a cronologia das notas de aula do curso Cálculo Diferencial e Integral I ministrado no primeiro semestre de 2012 por Wellington Reis, curso este realizado pela turma de calouros em Ciências Econômicas da UERJ; e utiliza o livro digital de Mauricio A. Vilches e Maria Luiza Corrêa como base de referência. 1 Observa-se que 𝑥0 é um outro número, novamente representado por uma letra, só que agora acrescida de um termo subscrito, que no caso fora utilizado o número 0, mas poderíamos também ter utilizado alguma outra letra. 2 A escolha de letras/números subscritas e sobrescritas vai variar de acordo com a necessidade de se expressar determinada informação na linguagem matemática (o que for mais prático de interpretação). https://sites.google.com/view/pedrobritto 7 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 2. LIMITES Inicialmente, desenvolveremos a ideia intuitiva de limite, estudando o comportamento de uma função 𝑦 = 𝑓(𝑥) nas proximidades de um ponto que não pertence, necessariamente, ao seu domínio. Por exemplo, seja 𝑓(𝑥) = 2𝑥2 − 𝑥 − 1 𝑥 − 1 = (2𝑥 + 1)(𝑥 − 1) 𝑥 − 1 . É nítido que o domínio desta função exclui o valor 1, ou seja, 𝐷𝑜𝑚(𝑓) = ℝ − {1}. Assim, estudamos a função nos valores de 𝑥 que ficam próximos de 1, mas sem atingir 1. Para todo 𝑥 que pertence ao domínio da função, ou seja, 𝑥 ∈ 𝐷𝑜𝑚(𝑓), temos que 𝑓(𝑥) = 2𝑥 + 1. Na Tabela 1, será exposto valores de 𝑥 aproximando-se de 1, tanto pela esquerda (quando 𝑥 < 1), quanto pela direita (quando 𝑥 > 1) – e os correspondentes valores de 𝑓(𝑥). Tabela 1 Valores de 𝑓(𝑥) = (2𝑥2 − 𝑥 − 1) (𝑥 − 1⁄ ), ou de forma racionalizada 𝑓(𝑥) = 2𝑥 + 1 para valores de 𝑥 próximos de 1. Fonte: VILCHES & CORRÊA Observando as tabelas, verificamos que à medida que 𝑥 vai se aproximando de 1, os valores de 𝑓(𝑥) vão se aproximando de 3. A noção de proximidade pode ficar mais precisa utilizando valor absoluto, ou seja, o módulo. De fato, a distância entre dois pontos quaisquer 𝑥, 𝑦 ∈ ℝ é |𝑦 − 𝑥|. Assim, a frase escrita em itálico, pode ser expressa por: se |𝑥 − 1| aproxima-se de zero, então |𝑓(𝑥) − 3| também se aproxima de zero; e em outras palavras: para que https://sites.google.com/view/pedrobritto 8 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e IntegralI (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. |𝑓(𝑥) − 3| seja pequeno é necessário que |𝑥 − 1| também seja pequeno. Desta forma, o número 3 é chamado limite de 𝑓(𝑥) quando 𝑥 está próximo de 1. Este estudo é relevante, pois o número 1 não faz parte do domínio desta função. Neste exemplo, temos |𝑓(𝑥) − 3| = 2|𝑥 − 1|; logo, a distância de 𝑓(𝑥) a 3 é igual a duas vezes a distância de 𝑥 a 1. Assim, poderemos tornar 𝑓(𝑥) tão perto de 3 quanto desejarmos, bastando para tal considerar 𝑥 suficientemente próximo de 1. Por exemplo, se desejarmos que |𝑓(𝑥) − 3| seja igual a 0,2, basta considerar |𝑥 − 1| = 0,1. De um modo geral, considerando qualquer número real positivo 𝜀 (letra grega épsilon), tão pequeno quanto se deseje, e definindo o número real 𝛿 (letra grega delta minúscula), 𝛿 = 𝜀/2, teremos que a distância de 𝑓(𝑥) a 3 é menor que 𝜀, desde que a distância de 𝑥 a 1 seja menor que 𝛿 neste exemplo. Então, para todo número real positivo 𝜀, existe outro número real positivo 𝛿, que depende de 𝜀, tal que se 0 < |𝑥 − 1| < 𝛿, então |𝑓(𝑥) − 3| = 2|𝑥 − 1| < 2𝛿 = 𝜀. Note que todos os intervalos abertos que contém 1 intersectam ℝ − {1} de forma não vazia, conforme exposto na Figura 1. Figura 1 Gráfico de lim𝑥→1 (2𝑥2 −𝑥−1) (𝑥− 1)⁄ . Fonte: VILCHES & CORRÊA. Definição 1. Sejam 𝑓 ∶ 𝐴 ⟶ ℝ uma função e 𝑏 ∈ ℝ tais que para todo intervalo aberto 𝐼, contendo 𝑏, tem-se 𝐼 ∩ (𝐴 − {𝑏}) ≠ 𝜙. O número real 𝐿 é o limite de 𝑓(𝑥) quando 𝑥 aproxima-se de 𝑏 quando para todo número 𝜀 > 0, existe 𝛿 > 0 (𝛿 dependendo de 𝜀), tal que, se 𝑥 ∈ 𝐴 e 0 < |𝑥 − 𝑏| < 𝛿, então |𝑓(𝑥) − 𝐿| < 𝜀. A notação é: lim 𝑥→𝑏 𝑓(𝑥) = 𝐿. https://sites.google.com/view/pedrobritto 9 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. Assim, para todo 𝜀 > 0, existe 𝛿 > 0 tal que se 𝑥 ∈ (𝑏 − 𝛿, 𝑏 + 𝛿) ∩ (𝐴 − {𝑏}), então 𝑓(𝑥) ∈ (𝐿 − 𝜀, 𝐿 + 𝜀), conforme ilustrado na Figura 2. Figura 2 Exemplo gráfico genérico de limite. Fonte: VILCHES & CORRÊA. Proposição 1. Unicidade do limite. Se lim 𝑥→𝑏 𝑓(𝑥) = 𝐿1 e lim 𝑥→𝑏 𝑓(𝑥) = 𝐿2; (𝐿1, 𝐿2 ∈ ℝ), então 𝐿1 = 𝐿2. Em outras palavras, se o limite existe (é um número real), ele é único. Corolário 1. Se as funções 𝑓(𝑥) e 𝑔(𝑥) são tais que 𝑓(𝑥) = 𝑔(𝑥) exceto num ponto 𝑏, então: lim 𝑥→𝑏 𝑓(𝑥) = lim 𝑥→𝑏 𝑔(𝑥), desde que exista um dos limites. Esta propriedade nos permite racionalizar ou simplificar antes de calcular o limite, conforme feito no primeiro exemplo desta seção. Em outras palavras, seguindo o primeiro exemplo, sejam 𝑓(𝑥) = (2𝑥2 − 𝑥 − 1) (𝑥 − 1)⁄ e 𝑔(𝑥) = 2𝑥 + 1. Logo, 𝑓(𝑥) = 𝑔(𝑥) se 𝑥 ≠ 1; então lim 𝑥→1 𝑓(𝑥) = lim 𝑥→1 𝑔(𝑥) = 3, como já foi verificado. Existe também o caso em que não há limite para determinado valor de uma variável de função. Por exemplo, lim 𝑥→0 𝑠𝑒𝑛(1 𝑥⁄ ) não existe. Se lim 𝑥→0 𝑠𝑒𝑛(1 𝑥⁄ ) existisse, então para valores de 𝑥 muito próximos de zero, a função 𝑠𝑒𝑛(1 𝑥⁄ ) deveria se aproximar de um valor fixo, que seria o limite. Mas isto https://sites.google.com/view/pedrobritto 10 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. não ocorre. Considerando 𝑥 = 2/(2𝑛 + 1)𝜋 ∈ ℝ, (𝑛 ∈ ℤ), 𝑥 ficará próximo de zero se 𝑛 for muito grande. Mas, sen ( 1 𝑥 ) = sen ( (2𝑛 + 1)𝜋 2 ) = sen (𝑛𝜋 + 𝜋 2 ) = cos(𝑛𝜋) = (−1)𝑛, e a função ficará oscilando entre 1 (se 𝑛 é par) e −1 (se 𝑛 é ímpar). Logo, o limite de 𝑓 não pode existir, conforme verificado na Figura 3. Figura 3 Gráfico de 𝑠𝑒𝑛(1 𝑥⁄ ). Fonte: VILCHES & CORRÊA. Vejamos agora um outro caso. Seja 𝑓(𝑥) = { 𝑥 + 5 se 𝑥 ≠ 1 2𝜋 se 𝑥 = 1. Calculemos então lim 𝑥→1 𝑓(𝑥). Observamos que 𝑓(1) = 2𝜋, mas o valor do limite da função quando 𝑥 tende a 1 não depende do valor no ponto 1, pois 𝑓(𝑥) = 𝑥 + 5 se 𝑥 ≠ 1; logo lim 𝑥→1 𝑓(𝑥) = lim 𝑥→1 (𝑥 + 5) = 6. Proposição 2. Se lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) e lim 𝑥→𝑎 𝑔(𝑥) existem, então para todo 𝛼, 𝛽 ∈ ℝ: 1. lim 𝑥→𝑎 [𝛼𝑓(𝑥) + 𝛽𝑔(𝑥)] = 𝛼 lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) + 𝛽 lim 𝑥→𝑎 𝑔(𝑥). 2. lim 𝑥→𝑎 [𝑓(𝑥)𝑔(𝑥)] = [lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥)] [lim 𝑥→𝑎 𝑔(𝑥)]. 3. lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) 𝑔(𝑥) = lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) lim 𝑥→𝑎 𝑔(𝑥) , se lim 𝑥→𝑎 𝑔(𝑥) ≠ 0. https://sites.google.com/view/pedrobritto 11 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 4. lim 𝑥→𝑎 [𝑓(𝑥)]2 = [lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥)] 𝑛 , 𝑠𝑒 𝑛 ∈ ℕ. 5. lim 𝑥→𝑎 √𝑓(𝑥) 𝑛 = √lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥)𝑛 , se lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) ≥ 0 e 𝑛 é qualquer natural, ou lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) positivo, negativo ou nulo e 𝑛 é natural ímpar. 6. lim 𝑥→𝑎 ln[𝑓(𝑥)] = ln [𝑙𝑖𝑚 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥)] , se lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) > 0. 7. Se lim 𝑥→𝑎 ℎ(𝑥) = lim 𝑥→𝑎 𝑔(𝑥) = 𝐿 e existe 𝛿 > 0 tal que ℎ(𝑥) ≤ 𝑓(𝑥) ≤ 𝑔(𝑥), para 0 < |𝑥 − 𝑎| < 𝛿, então lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) = 𝐿. Seguindo com base na Proposição 2, podemos afirmar que: (a) Se 𝑃(𝑥) é uma função polinomial então: lim 𝑥→𝑎 𝑃(𝑥) = 𝑃(𝑎). (b) Se 𝑓(𝑥) = 𝑃(𝑥) 𝑄(𝑥)⁄ é uma função racional, e 𝑎 ∈ 𝐷𝑜𝑚(𝑓), então: lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) = 𝑓(𝑎). Será demonstrado agora alguns casos práticos de cálculo de limite 2.1 Calculando limites 1º Caso: lim 𝑥→1 (𝑥5 + 𝑥4 + 2𝑥3 + 𝑥2 + 3𝑥 + 1). Neste caso, temos que 𝑃(𝑥) = 𝑥5 + 𝑥4 + 2𝑥3 + 𝑥2 + 3𝑥 + 1; logo lim 𝑥→1 (𝑥5 + 𝑥4 + 2𝑥3 + 𝑥2 + 3𝑥 + 1) = lim 𝑥→1 𝑃(𝑥) = 𝑃(1) = 9. 2º Caso: lim 𝑥→0 5𝑥4 − 4𝑥3 + 2𝑥 − 14. Temos que 𝑃(𝑥) = 5𝑥4 − 4𝑥3 + 2𝑥 − 14; logo lim 𝑥→0 5𝑥4 − 4𝑥3 + 2𝑥 − 14 = lim 𝑥→0 𝑃(𝑥) = 𝑃(0) = −14. 3º Caso: lim 𝑥→3 (𝑥 − 5) (𝑥3 − 7⁄ ). Como lim 𝑥→3 (𝑥3 − 7) = 20 ≠ 0, podemos aplicar a Proposição 2.3; então, https://sites.google.com/view/pedrobritto 12 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. lim 𝑥→3 𝑥 − 5 𝑥3 − 7 .= lim 𝑥→3 (𝑥 − 5) lim 𝑥→3 (𝑥3 − 7) = − 1 10 . 4º Caso: lim 𝑥→3 (1 𝑥⁄ − 1 3⁄ ) (𝑥 − 3)⁄ . Este caso é um bom exercício de simplificação e reorganização dos temos. Temos que lim 𝑥→3 1 𝑥 − 1 3 𝑥 − 3 = lim 𝑥→3 3 − 𝑥 3𝑥 𝑥 − 3 = lim 𝑥→3 −(𝑥 − 3) 3𝑥 𝑥 − 3 = − 1 9 . 5º Caso: lim 𝑥→1 (𝑥2 − 1)/(𝑥 − 1). Como lim 𝑥→1 (𝑥 − 1) = 0, não podemos aplicar a Proposição 2.3; mas fatorando o numerador, temos: 𝑥2 − 1 𝑥 − 1 = (𝑥 − 1)(𝑥 + 1) 𝑥 − 1 = 𝑥 + 1, para todo 𝑥 ≠ 1. Logo: lim 𝑥→1 𝑥2 − 1 𝑥 − 1 = lim 𝑥→1 (𝑥 + 1) = 2. 6º Caso: lim 𝑥→0 (√𝑥 + 4 − 2) 𝑥⁄ . Como lim 𝑥→0 𝑥 = 0, da mesma forma que nos casos (4) e (5), não podemos aplicar a Proposição 2.3. No entanto, podemos racionalizar a função. Verifica-se que como o denominador é composto apenas por 𝑥, há a necessidade de se isolar 𝑥 no numerador. Isto é possível através da aplicação de produtos notáveis3 – desta forma, multiplicamos tanto o numerador e denominador por √𝑥 + 4 + 2. Assim, temos: lim 𝑥→0 √𝑥 + 4 − 2 𝑥 = lim 𝑥→0 (√𝑥 + 4 − 2)(√𝑥 + 4 + 2) 𝑥(√𝑥 + 4 + 2) = lim 𝑥→0 𝑥 + 4 − 4 𝑥(√𝑥 + 4 + 2) == lim 𝑥→0 𝑥 𝑥(√𝑥 + 4 + 2) = lim 𝑥→0 1 (√𝑥 + 4 + 2) = 1 4 . 7º Caso: lim 𝑥→0 (√1 + 𝑥 − √1 − 𝑥) 𝑥⁄ . 3 Verifica-se que (𝑎𝑥 + 𝑏)2 = 𝑎2𝑥2 + 2𝑎𝑥𝑏 + 𝑏2; e (𝑎𝑥 + 𝑏)(𝑎𝑥 − 𝑏) = 𝑎2𝑥2 − 𝑏2. https://sites.google.com/view/pedrobritto 13 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. Segue-se os mesmos moldes do caso (6). Temos que √1 + 𝑥 − √1 − 𝑥 𝑥 = (√1 + 𝑥 − √1 − 𝑥)(√1 + 𝑥 + √1 − 𝑥) 𝑥(√1 + 𝑥 + √1 − 𝑥) = (1 + 𝑥) − (1 − 𝑥) 𝑥(√1 + 𝑥 + √1 − 𝑥) = 2𝑥 𝑥(√1 + 𝑥 + √1 − 𝑥) = 2 (√1 + 𝑥 + √1 − 𝑥) , para todo 𝑥 ≠ 0. Logo, lim 𝑥→0 √1 + 𝑥 − √1 − 𝑥 𝑥 = lim 𝑥→0 2 (√1 + 𝑥 + √1 − 𝑥) = 2 2 = 1. 8º Caso: lim 𝑥→1 (√𝑥 4 − 1) (√𝑥 5 − 1)⁄ . Para calcular este limite, precisamos fazer uma mudança de variáveis, de forma a eliminarmos as raízes para a racionalização. Procuramos uma variável compatível para que o expoente desta nova variável seja um número inteiro positivo. Sabemos que √𝑥 4 e √𝑥 5 equivalem em notação a 𝑥 1 4 e 𝑥 1 5. Logo, o mínimo denominador em comum é 20. Desta forma, equivalem a 𝑥 5 20 e 𝑥 4 20. Assim, façamos a mudança de variáveis de 𝑥 = 𝑡20; então: √𝑥 4 − 1 √𝑥 5 − 1 = 𝑡5 − 1 𝑡4 − 1 = (𝑡4 + 𝑡3 + 𝑡2 + 𝑡1 + 1)(𝑡 − 1) (𝑡 − 1)(𝑡3 + 𝑡2 + 𝑡 + 1) . Se 𝑥 → 1, então 𝑡 → 1; logo: lim 𝑥→1 √𝑥 4 − 1 √𝑥 5 − 1 = lim 𝑡→1 𝑡4 + 𝑡3 + 𝑡2 + 𝑡1 + 1 𝑡3 + 𝑡2 + 𝑡 + 1 = 5 4 . 9º Caso: lim 𝑥→0 (𝑥2 𝑠𝑒𝑛(1 𝑥⁄ )). Sabemos que −1 ≤ 𝑠𝑒𝑛(1 𝑥⁄ ) ≤ 1, para todo 𝑥 ∈ ℝ − {0}; logo −𝑥2 ≤ 𝑥2 𝑠𝑒𝑛(1 𝑥⁄ ) ≤ 𝑥2, para todo 𝑥 ∈ ℝ − {0}. Pela Proposição 2.7,4 temos: lim 𝑥→0 (𝑥2𝑠𝑒𝑛 ( 1 𝑥 )) = 0. 4 Esta proposição é conhecida na literatura como “Teorema do Confronto” ou ainda “Teorema do “sanduiche”, que vale relembrar aqui em nota. Sejam 𝑓(𝑥), 𝑔(𝑥) e ℎ(𝑥) funções reais definidas num domínio 𝐷 ⊆ ℝ e 𝑎 um ponto desde domínio, tais que: lim𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) = lim𝑥→𝑎 ℎ(𝑥) = 𝐿, e 𝑓(𝑥) ≤ 𝑔(𝑥) ≤ ℎ(𝑥); então resulta destas condições que lim𝑥→𝑎 𝑔(𝑥) = 𝐿. https://sites.google.com/view/pedrobritto 14 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. A Figura 4 ilustra esta função. Figura 4 Gráfico de 𝑓(𝑥) = 𝑥2sen(1 𝑥⁄ ), perto da origem. Fonte: VILCHES & CORRÊA. 10º Caso: lim 𝑥→𝑎 (𝑥𝑛 − 𝑎𝑛) (𝑥 − 𝑎)⁄ . Se 𝑛 é um número inteiro positivo (natural), ou seja, se 𝑛 ∈ ℕ, então: 𝑥𝑛 − 𝑎𝑛 𝑥 − 𝑎 = 𝑥𝑛−1 + 𝑎𝑥𝑛−2 +⋯+ 𝑎𝑛−1, se 𝑥 ≠ 𝑎; denotando por 𝑃(𝑥) = 𝑥𝑛−1 + 𝑎𝑥𝑛−2 +⋯+ 𝑎𝑛−1, temos: lim 𝑥→𝑎 𝑥𝑛 − 𝑎𝑛 𝑥 − 𝑎 = lim 𝑥→𝑎 𝑃(𝑥) = 𝑃(𝑎) = 𝑛𝑎𝑛−1. Se 𝑛 é um número inteiro, ou seja, se 𝑛 ∈ ℤ, mas 𝑛 < 0, podemos seguir o mesmo princípio, alterando a variável de forma que 𝑛 = −𝑚, e 𝑚 ∈ ℕ, assim temos: 𝑥𝑛 − 𝑎𝑛 𝑥 − 𝑎 = 1 𝑥𝑚 − 1 𝑎𝑚 𝑥 − 𝑎 = − 1 𝑥𝑚𝑎𝑚 [ (𝑥𝑚 − 𝑎𝑚) 𝑥 − 𝑎 ] ; da mesma forma que no caso anterior, temos: lim 𝑥→𝑎 𝑥𝑛 − 𝑎𝑛 𝑥 − 𝑎 = lim 𝑚→𝑎 − 1 𝑥𝑚𝑎𝑚 [ (𝑥𝑚 − 𝑎𝑚) 𝑥 − 𝑎 ] = −𝑚 1 𝑎2𝑚 𝑎𝑚−1 = 𝑛 1 𝑎−2𝑛 𝑎−𝑛−1 = 𝑛𝑎2𝑛𝑎−𝑛−1 = 𝑛𝑎𝑛−1. https://sites.google.com/view/pedrobritto 15 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. Agora, se 𝑛 ∈ ℚ, 𝑛 = 𝑝/𝑞; 𝑝, 𝑞 ∈ ℤ, 𝑞 ≠ 0, podemos fazer com que 𝑥 = 𝑦𝑞 e 𝑎 = 𝑏𝑞, então 𝑥𝑛 = 𝑦𝑝 e 𝑎𝑛 = 𝑏𝑝;5 logo: 𝑥𝑛 − 𝑎𝑛 𝑥 − 𝑎 = 𝑦𝑝 − 𝑏𝑝 𝑦𝑞 − 𝑏𝑞 = (𝑦𝑝 − 𝑏𝑝)(𝑦 − 𝑏) (𝑦 − 𝑏)(𝑦𝑞 − 𝑏𝑞) ; Da mesma premissa do caso anterior, obtemos: lim 𝑥→𝑎 𝑥𝑛 − 𝑎𝑛 𝑥 − 𝑎 = lim 𝑦→𝑏 [ 𝑦𝑝 − 𝑏𝑝 𝑦 − 𝑏 ] [ 𝑦 − 𝑏 𝑦𝑞 − 𝑏𝑞 ] = [ 𝑝 𝑞 ] 𝑎 𝑝 𝑞 −1 = 𝑛𝑎𝑛−1. Em todos estes casos verificamos que lim 𝑥→𝑎 𝑥𝑛 − 𝑎𝑛 𝑥 − 𝑎 = 𝑛𝑎𝑛−1. Exercício 1. Determine o valor de 𝑎 tal que lim 𝑥→−2 3𝑥2 + 𝑎𝑥 + 𝑎 + 3 𝑥2 + 𝑥 − 2 exista. Vide solução na seção final do caderno Soluções dos exercícios propostos. 2.2 Limites Laterais Consideremos 𝑓 como sendo uma função definida em um domínio 𝐷, que pode ser um intervalo ou uma reunião de intervalos. Seguimos com a definição. Definição 2. 1. Seja 𝑎 ∈ ℝ, tal que existe 𝑏 ∈ ℝ, e (𝑎, 𝑏) ⊂ 𝐷𝑜𝑚(𝑓); o número real 𝐿 é o limite à direita de 𝑓(𝑥) quando 𝑥 se aproxima de 𝑎 pela direita, se para todo 𝜀 > 0, existe 𝛿 > 0 tal que |𝑓(𝑥) − 𝐿| < 𝜀, se 𝑎 < 𝑥 < 𝑎 + 𝛿. Ilustrado pela Figura 5. A notação é: lim 𝑥→𝑎+ 𝑓(𝑥) = 𝐿. 5 Como 𝑛 = 𝑝/𝑞, logo tendo 𝑥 = 𝑦𝑞 e 𝑎 = 𝑏𝑞, então 𝑥𝑛 = 𝑥 𝑝 𝑞 = 𝑦 𝑞( 𝑝 𝑞 ) = 𝑦𝑝. De forma análoga, tendo 𝑎 = 𝑏𝑞, então 𝑎𝑛 = 𝑎 𝑝 𝑞 = 𝑦 𝑞( 𝑝 𝑞 ) = 𝑦𝑝. https://sites.google.com/view/pedrobritto 16 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. Figura 5 Limite à direita. Fonte: VILCHES & CORRÊA. 2. Seja 𝑎 ∈ ℝ, tal que existe 𝑐 ∈ ℝ, e (𝑐, 𝑎) ⊂ 𝐷𝑜𝑚(𝑓); o número real 𝐿 é o limite à esquerda de 𝑓(𝑥), quando 𝑥 se aproxima de 𝑎 pela esquerda, se para todo 𝜀 > 0, existe 𝛿 > 0, tal que |𝑓(𝑥) − 𝐿| < 𝜀, se 𝑎 − 𝛿 < 𝑥 < 𝑎. Ilustrado pela Figura 6. A notação é: lim 𝑥→𝑎− 𝑓(𝑥) = 𝐿. Figura 6 Limite à esquerda. Fonte: VILCHES & CORRÊA. Como exemplo, calcularemos lim 𝑥→2+ 𝑓(𝑥) e lim 𝑥→2− 𝑓(𝑥), se: 𝑓(𝑥) = { 𝑥2 + 1 se 𝑥 < 2 2 se 𝑥 = 2 −𝑥2 + 9 se 𝑥 > 2. https://sites.google.com/view/pedrobritto 17 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. Observamos que 𝑥 → 2+ significa que 𝑥 fica perto de 2, para valores de 𝑥 maiores que 2, ou seja, quando 𝑓(𝑥) = −𝑥2 + 9; e 𝑥 → 2− significa que 𝑥 fica perto de 2, para valores de 𝑥 menores que 2, ou seja, quando 𝑓(𝑥) = 𝑥2 + 1. Assim, lim 𝑥→2+ 𝑓(𝑥) = lim 𝑥→2+ 𝑓(−𝑥2 + 9) = 5, e lim 𝑥→2− 𝑓(𝑥) = lim 𝑥→2− 𝑓(𝑥2 + 1) = 5. Mesmo 𝑓(2) = 2, verificamos que seis limites laterais correspondem a 5. 2.2.1 Relação entre limite e limites laterai s Teorema 1. Seja 𝑓(𝑥) uma função com domínio 𝐷 nas condições das definições. Então lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) = 𝐿, se e somente se os limites laterais existirem, e lim 𝑥→𝑎+ 𝑓(𝑥) = lim 𝑥→𝑎− 𝑓(𝑥) = 𝐿. Isto significa que, mesmo existindo limites laterais lim 𝑥→𝑎+ 𝑓(𝑥) e lim 𝑥→𝑎− 𝑓(𝑥), se forem distintos, então lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) não existe. Teste para determinar quando não existe um limite. Se lim 𝑥→𝑎+ 𝑓(𝑥) ≠ lim 𝑥→𝑎− 𝑓(𝑥), ou se um dos limites laterais não existe, então 𝑙𝑖𝑚 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) não existe. Para ilustração, calcularemos lim 𝑥→1 𝑓(𝑥), se 𝑓(𝑥) = { 𝑥 2 se 𝑥 < 1 3𝑥 se 𝑥 ≥ 1. Utilizando o Teorema 1, calculamos os limites laterais correspondentes. Obtemos que lim 𝑥→1+ 𝑓(𝑥) = lim 𝑥→1+ (3𝑥) = 3, lim 𝑥→1− 𝑓(𝑥) = lim 𝑥→1− (𝑥2) = 1; lim 𝑥→1+ 𝑓(𝑥) ≠ lim 𝑥→1− 𝑓(𝑥) ou 3 ≠ 1, logo lim 𝑥→1 𝑓(𝑥) não existe. https://sites.google.com/view/pedrobritto 18 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508)realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. Exercício 2. Determine o valor da constante 𝑐 tal que lim 𝑥→𝑐 𝑓(𝑥) exista, se: 𝑓(𝑥) = { 2 − 𝑥 2 se 𝑥 ≤ 𝑐 𝑥 se 𝑥 > 𝑐. Vide solução na seção final do caderno Soluções dos exercícios propostos. 2.3 Limites no infinito Definição 3. 1. Seja 𝑓 ∶ (𝑎, +∞) → ℝ. Diz-se que lim 𝑥→+∞ 𝑓(𝑥) = 𝐿 quando para todo 𝜀 > 0, existe 𝐴 > 0 tal que |𝑓(𝑥) − 𝐿| < 𝜀 se 𝑥 > 𝐴. 2. Seja 𝑓 ∶ (−∞, 𝑏) → ℝ. Diz-se que lim 𝑥→−∞ 𝑓(𝑥) = 𝐿 quando para todo 𝜀 > 0, existe 𝐵 > 0 tal que |𝑓(𝑥) − 𝐿| < 𝜀 se 𝑥 < −𝐵. Iniciaremos a verificar os limites no infinito através da função mais simples, 𝑓(𝑥) = 1/𝑥. Verificamos que lim 𝑥→+∞ 1 𝑥 = 0. Temos que para todo 𝜀 > 0, existe 𝐴 > 1 𝜀⁄ > 0, tal que 𝑥 > 𝐴, então 1 𝑥⁄ < 1 𝐴⁄ < 𝜀 e |1 𝑥⁄ − 0| = |1 𝑥⁄ | < 𝜀. Verificaremos agora formalmente que lim 𝑥→−∞ 1 𝑥 = 0. Temos que para todo 𝜀 > 0, existe 𝐵 > 1/𝜀 > 0, tal que 𝑥 < −𝐵, então |1 ∕ 𝑥| = −1/𝑥 < 𝜀. Observemos que 𝑥 → +∞ implica 𝑥 > 0, e 𝑥 → −∞ implica 𝑥 < 0. É natural pensamos que dividindo qualquer quantidade ou número racional por um número natural, quanto maior for este número natural, menor será o resultado. Assim, uma divisão de um número racional por um número infinito, o resultado se aproximará a zero. A Tabela 2 nos ilustra estes dois casos demonstrados. https://sites.google.com/view/pedrobritto 19 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. Tabela 2 Valores de lim𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) = 1/𝑥; |𝑎| ≥ 1. Elaboração do autor. Proposição 3. Para todo número natural 𝑛 e para 𝑏 ∈ ℝ − {0}, tem-se: 1. lim 𝑥→+∞ 𝑏 𝑥𝑛 = 0. 2. lim 𝑥→−∞ 𝑏 𝑥𝑛 = 0. Proposição 4. Se lim 𝑥→±∞ 𝑓(𝑥) e lim 𝑥→±∞ 𝑔(𝑥) existem, então para todo 𝛼, 𝛽 ∈ ℝ: 1. lim 𝑥→±∞ (𝛼𝑓(𝑥) + 𝛽𝑔(𝑥)) =𝛼 lim 𝑥→±∞ 𝑓(𝑥) + 𝛽 lim 𝑥→±∞ 𝑔(𝑥), 2. lim 𝑥→±∞ (𝑓(𝑥)𝑔(𝑥)) = ( lim 𝑥→±∞ 𝑓(𝑥)) ( lim 𝑥→±∞ 𝑔(𝑥)), 3. lim 𝑥→±∞ 𝑓(𝑥) 𝑔(𝑥) = lim 𝑥→±∞ 𝑓(𝑥) lim 𝑥→±∞ 𝑔(𝑥) , se lim 𝑥→±∞ 𝑔(𝑥) ≠ 0. Verificaremos agora alguns exemplos. Exemplo 1: lim 𝑥→+∞ (3 𝑥3⁄ + 5). Aplicando diretamente a Proposição 4.1 e Proposição 3.1, temos que lim 𝑥→+∞ ( 3 𝑥3 + 5) = lim 𝑥→+∞ 3 𝑥3 + lim 𝑥→+∞ 5 = 0 + 5 = 5. Exemplo 2: lim 𝑥→+∞ 5/𝑥2. Aplicando diretamente a Proposição 4.2, temos lim 𝑥→+∞ 5/𝑥2 = ( lim 𝑥→+∞ 5) ( lim 𝑥→+∞ 1 𝑥2 ) = 5 × 0 = 0. 𝑥 = 𝑎 𝐥𝐢𝐦𝒙→𝒂 𝒇(𝒙) = 𝟏/𝒙 𝑥 = 𝑎 𝐥𝐢𝐦𝒙→𝒂 𝒇(𝒙) = 𝟏/𝒙 𝑎 = 1 1 𝑎 = −1 −1 𝑎 = 2 0,5 𝑎 = −2 −0,5 𝑎 = 4 0,25 𝑎 = −4 −0,25 𝑎 = 10 0,1 𝑎 = −10 −0,1 𝑎 = 100 0,01 𝑎 = −100 −0,01 𝑎 = 10000 0,0001 𝑎 = −10000 −0,0001 𝑎 = 100000 0,00001 𝑎 = −100000 −0,00001 𝑎 = 1000000 0,000001 𝑎 = 1000000 −0,000001 ⋯ ⋯ ⋯ ⋯ 𝑎 = +∞ 0 𝑎 = −∞ 0 https://sites.google.com/view/pedrobritto 20 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. Proposição 5. Seja 𝑓(𝑥) = 𝑃(𝑥) 𝑄(𝑥) , onde 𝑃(𝑥) = 𝑎𝑛𝑥 𝑛 + 𝑎𝑛−1𝑥 𝑛−1 +⋯+ 𝑎0 e 𝑄(𝑥) = 𝑏𝑚𝑥 𝑚 + 𝑏𝑚−1𝑥 𝑚−1 +⋯+ 𝑏0 são polinômios de coeficientes reais de graus 𝑛 e 𝑚, respectivamente, isto é 𝑎𝑛 ≠ 0 e 𝑏𝑚 ≠ 0; então: lim 𝑥→±∞ 𝑃(𝑥) 𝑄(𝑥) = { 𝑎𝑛 𝑏𝑛 se 𝑛 = 𝑚, 0 se 𝑛 < 𝑚. De fato 𝑃(𝑥) 𝑄(𝑥) = 𝑎𝑛𝑥 𝑛 + 𝑎𝑛−1𝑥 𝑛−1 +⋯+ 𝑎0 𝑏𝑚𝑥𝑚 + 𝑏𝑚−1𝑥𝑚−1 +⋯+ 𝑏0 = 𝑥𝑛 [𝑎𝑛 + 𝑎𝑛−1 𝑥 +⋯+ 𝑎0 𝑥𝑛] 𝑥𝑚 [𝑏𝑚 + 𝑏𝑚−1 𝑥 +⋯+ 𝑏0 𝑥𝑚] . Como ensaio para estas proposições, calcularemos o limite no infinito em alguns casos relevantes. 1º Caso: lim𝑥→+∞ (𝑥 3 + 1) (𝑥4 + 5𝑥3 + 𝑥 + 2)⁄ . Verificamos da expressão (𝑥3 + 1) que 𝑛 = 3, e da expressão (𝑥4 + 5𝑥3 + 𝑥 + 2) que 𝑚 = 4. Logo, 𝑛 < 𝑚, assim, diretamente da Proposição 5, temos que lim 𝑥→+∞ 𝑥3 + 1 𝑥4 + 5𝑥3 + 𝑥 + 2 = 0. 2º Caso: lim𝑥→−∞ (2𝑥 + 3) (3𝑥 + 2)⁄ . Da expressão (2𝑥 + 3) verificamos que 𝑛 = 1, e da expressão (3𝑥 + 2) verificamos que 𝑚 = 1. Logo, 𝑛 = 𝑚. Logo, da Proposição 5 e das expressões verificamos que 𝑎𝑛 = 2 e 𝑏𝑚 = 3, e assim temos que lim 𝑥→−∞ 2𝑥 + 3 3𝑥 + 2 = 2 3 . 3º Caso: lim𝑥→+∞ (𝑥 + 1) √𝑥2 − 5⁄ . Neste problema, a função não é racional, mas podemos racionalizar os termos através da aplicação da Proposição 2.5, e assim temos https://sites.google.com/view/pedrobritto 21 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. lim 𝑥→+∞ 𝑥 + 1 √𝑥2 − 5 = lim 𝑥→+∞ √ (𝑥 + 1)2 𝑥2 − 5 = lim 𝑥→+∞ √ 𝑥2 + 2𝑥 + 1 𝑥2 − 5 = √ lim 𝑥→+∞ 𝑥2 + 2𝑥 + 1 𝑥2 − 5 = √1 = 1. 4º Caso: lim𝑥→−∞ (𝑥 + 1) √𝑥2 − 5⁄ . Este problema aparenta ser análogo ao 3º Caso, no entanto, devemos ter cuidado na observação de que 𝑥 → −∞, ou seja, que 𝑥 < 0. Assim, não podemos aplicar a Proposição 2.5, pois a raiz é número par (raiz quadrada, 𝑛 da raiz é igual a dois). No entanto, podemos resolver este caso através da racionalização dos fatores, calculando o limite de −𝑥 quando tende a +∞ para o negativo da função. Assim temos que lim 𝑥→−∞ 𝑥 + 1 √𝑥2 − 5 = lim −𝑥→+∞ −𝑥 (1 + 1 𝑥) √𝑥2 (1 − 5 𝑥2 ) = lim −𝑥→−∞ −𝑥 (1 + 1 𝑥) 𝑥√(1 − 5 𝑥2 ) = lim −𝑥→+∞ −(1 + 1 𝑥) √(1 − 5 𝑥2 ) = −1. 2.4 Limites infinitos Considere a função 𝑓(𝑥) = 1/𝑥; o que acontece quando 𝑥 → 0? Sabemos que 0 não pertente ao domínio desta função, mas podemos verificar o que acontece quando 𝑥 se aproxima de zero, conforme ilustrado na Tabela 3. Tabela 3 Valores de 𝑓(𝑥) = 1/𝑥; quando 𝑥 → 𝑎. Elaboração do autor. 𝑥 𝒇(𝒙) = 𝟏/𝒙 𝑥 𝒇(𝒙) = 𝟏/𝒙 𝑥 = 1 1 𝑥 = −1 −1 𝑥 = 0,5 2 𝑥 = −0,5 −2 𝑥 = 0,1 10 𝑥 = −0,1 −10 𝑥 = 0,01 100 𝑥 = −0,01 −100 𝑥 = 0,001 1000 𝑥 = −0,001 −1000 𝑥 = 0,0001 10000 𝑥 = −0,0001 −10000 ⋯ ⋯ ⋯ ⋯ lim𝑥→0+𝑓(𝑥) = +∞ lim𝑥→0−𝑓(𝑥) = −∞ 0 https://sites.google.com/view/pedrobritto 22 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. Verificamos a existência de dois limites laterais infinitos, lim 𝑥→0− 𝑓(𝑥) = −∞ e lim 𝑥→0+ 𝑓(𝑥) = +∞, logo, lim 𝑥→0 𝑓(𝑥) = 1 𝑥⁄ não é definido. Seja 𝑓 uma função definida num domínio 𝐷, que pode ser um intervalo ou uma reunião de intervalos. Seja 𝑎 um ponto que não pertence necessariamente a 𝐷, mas tal que nas proximidades de 𝑎 existam pontos de 𝐷; em outras palavras, qualquer intervalo aberto que contem 𝑎 e intersecta 𝐷 de forma não vazia, segue-se a definição. Definição 4. 1. Diz-se que que lim𝑥→𝑎𝑓(𝑥) = +∞, quando para todo 𝐴 > 0, existe 𝛿 > 0 tal que 𝑓(𝑥) > 𝐴, se 𝑥 ∈ 𝐷 e 0 < |𝑥 − 𝑎| < 𝛿. 2. Diz-se que lim𝑥→𝑎𝑓(𝑥) = −∞, quando para todo 𝐵 > 0, existe 𝛿 > 0 tal que 𝑓(𝑥) < −𝐵, se 𝑥 ∈ 𝐷 e 0 < |𝑥 − 𝑎| < 𝛿. Para um ensaio desta formalidade, verificaremos que lim 𝑥→1 1/(𝑥 − 1)2 = +∞. Como 1/(𝑥 − 2)2 > 𝐴, então se (𝑥 − 1)2 < 1/𝐴, ou ainda |𝑥 − 1| < 1/√𝐴; logo então para todo 𝐴 > 0, existe 𝛿 = 1 √𝐴⁄ > 0 tal que 𝑓(𝑥) > 𝐴 se 0 < |𝑥 − 1| < 𝛿. Podemos analogamente definir limites laterais infinitos da seguinte forma: 1. Diz-se que lim𝑥→𝑎− 𝑓(𝑥) = +∞, quando para todo𝐴 > 0, existe 𝛿 > 0 tal que 𝑓(𝑥) > 𝐴 se 𝑎 − 𝛿 < 𝑥 < 𝑎. 2. Diz-se que lim𝑥→𝑎+ 𝑓(𝑥) = −∞, quando para todo 𝐵 > 0, existe 𝛿 > 0 tal que 𝑓(𝑥) < −𝐵 se 𝑎 < 𝑥 < 𝑎 + 𝛿. Proposição 6. Para todo número natural 𝑛, temos: 1. lim 𝑥→0+ 1 𝑥𝑛 = +∞. 2. lim 𝑥→0− 1 𝑥𝑛 = { +∞ se 𝑛 é par, −∞ se 𝑛 é ímpar. https://sites.google.com/view/pedrobritto 23 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. Proposição 7. Sejam 𝑓(𝑥) e 𝑔(𝑥) funções tais que lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) ≠ 0 e lim 𝑥→𝑎 𝑔(𝑥) = 0, então: 1. lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) 𝑔(𝑥) = +∞ se 𝑓(𝑥) 𝑔(𝑥) > 0 para valores de 𝑥 próximos de 𝑎. 2. lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) 𝑔(𝑥) = −∞ se 𝑓(𝑥) 𝑔(𝑥) < 0 para valores de 𝑥 próximos de 𝑎. Estas proposições podem ser ilustradas através de exemplos. Calculemos lim 𝑥→1 3𝑥 − 2 (𝑥 − 1)2 . Como lim 𝑥→1 (3𝑥 − 2) = 1 > 0 e lim 𝑥→1 (𝑥 − 1)2 = 0, aplicando a Proposição 7.1, temos que lim 𝑥→1 3𝑥 − 2 (𝑥 − 1)2 = +∞. Um exemplo para demonstrarmos a Proposição 7.2 pode ser dado calculando-se lim 𝑥→2 (2𝑥 − 5)/(𝑥 − 2)2. Como lim 𝑥→2 (2𝑥 − 5) = −1 < 0 e lim 𝑥→2 (𝑥 − 2)2 = 0, logo lim 𝑥→2 2𝑥 − 5 (𝑥 − 2)2 = −∞. Corolário 2. Para funções racionais, temos: lim 𝑥→±∞ 𝑃(𝑥) 𝑄(𝑥) = { ±∞ se 𝑛 > 𝑚, 𝑎𝑛 𝑏𝑚 se 𝑛 = 𝑚, 0 se 𝑛 < 𝑚. Considere 𝑓(𝑥) = 𝑥5 + 1 𝑥4 + 5𝑥3 + 2 . Pela expressão (𝑥5 + 1) temos que 𝑛 = 5, e pela expressão (𝑥4 + 5𝑥3 + 2) temos que 𝑚 = 4, logo 𝑛 > 𝑚. Assim, pelo Corolário 2, temos que lim 𝑥→∞ 𝑥5 + 1 𝑥4 + 5𝑥3 + 2 = +∞. https://sites.google.com/view/pedrobritto 24 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. Exercício 3. Calcule o limite de lim 𝑥→+∞ 𝑥 + 𝑠𝑒𝑛 ( 𝑥𝑥 𝑥! ) 𝑥2 + 1 . Vide solução na seção final do caderno Soluções dos exercícios propostos. 2.5 Símbolos de indeterminação Nas operações com limites, muitas vezes podemos nos deparar com símbolos, tais como ∞−∞,∞ × 0, ∞ ∞ , 0 0 , 00, 1∞, ∞0. Estes são chamados símbolos de indeterminação. Quando aparece um destes símbolos no cálculo de um limite, nada se pode dizer sobre este limite. Ele poderá existir ou não, dependendo da expressão da qual se está calculando o limite. Verifiquemos alguns casos6. 1º Caso: se 𝑓(𝑥) = 1 + 1/(𝑥 − 1)2 e 𝑔(𝑥) = 1/(𝑥 − 1)2, onde 𝑓 e 𝑔 são definidos em ℝ − {1}, então lim 𝑥→1 𝑓(𝑥) = lim 𝑥→1 𝑔(𝑥) = +∞. Assim, para lim 𝑥→1 𝑓(𝑥) − lim 𝑥→1 𝑔(𝑥) obtemos +∞−∞, nosso primeiro símbolo de indeterminação. No entanto, é nítido que lim 𝑥→1 (𝑓(𝑥) − 𝑔(𝑥)) = 1. 2º Caso: se 𝑓(𝑥) = 𝑠𝑒𝑛(1 (𝑥 − 1)⁄ ) + 1/(𝑥 − 1)2 e 𝑔(𝑥) = 1/(𝑥 − 1)2, onde 𝑓 e 𝑔 são definidas em ℝ − {1}; então lim 𝑥→1 𝑓(𝑥) = lim 𝑥→1 𝑔(𝑥) = +∞. Novamente obtemos que lim 𝑥→1 𝑓(𝑥) − lim 𝑥→1 𝑔(𝑥) = +∞−∞, nosso primeiro símbolo de indeterminação; mas desta vez, podemos verificar que lim 𝑥→1 (𝑓(𝑥) − 𝑔(𝑥)) não existe, pois lim 𝑥→1 𝑠𝑒𝑛(1/(𝑥 − 1)) não existe. 6 Todos estes casos são exclusivos do livro de VILCHES & CORRÊA, adaptados aqui neste caderno. https://sites.google.com/view/pedrobritto 25 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 3º Caso: se 𝑓(𝑥) = 1/𝑥 e 𝑔(𝑥) = ln(𝑥), onde 𝑓 e 𝑔 são definidos para 𝑥 > 0, então lim 𝑥→+∞ 𝑓(𝑥) = 0 e lim 𝑥→+∞ 𝑔(𝑥) = +∞. Fazendo lim 𝑥→+∞ 𝑔(𝑥) × lim 𝑥→+∞ 𝑓(𝑥) obtemos nosso segundo símbolo de indeterminação, +∞× 0. No entanto, lim 𝑥→+∞ (𝑓(𝑥)𝑔(𝑥)) = 0. De fato, ln(𝑥) < 𝑥 para todo 𝑥 > 0, por se tratar de uma função logarítmica. `Podemos racionalizar, de forma que ln(𝑥) = ln(√𝑥√𝑥) = 2 ln(√𝑥) < 2√𝑥 para 𝑥 ≥ 1.7 Logo, 0 < ln(𝑥) < 2√𝑥 para todo 𝑥 ≥ 1. Da mesma forma, 0 < ln(𝑥) 𝑥 < 2√𝑥 𝑥 = 2 √𝑥 . Aplicando lim 𝑥→+∞ 0 = lim 𝑥→+∞ 2 √𝑥⁄ = 0, verificamos pelo teorema do confronto (definido na Proposição 2.7) que lim 𝑥→+∞ ln(𝑥) /𝑥 = 0. 4º Caso: se 𝑓(𝑥) = 1/𝑥2 e 𝑔(𝑥) = 𝑥2𝑠𝑒𝑛(1 𝑥⁄ ), onde 𝑓 e 𝑔 são definidas em ℝ − {0}, então lim 𝑥→0 𝑓(𝑥) = +∞ e lim 𝑥→0 𝑔(𝑥) = 0. Fazendo lim 𝑥→+∞ 𝑓(𝑥) × lim 𝑥→+∞ 𝑔(𝑥) obtemos novamente o símbolo de indeterminação, +∞× 0. Mas desta vez, de forma análoga ao 2º Caso, verificamos que lim 𝑥→0 (𝑓(𝑥)𝑔(𝑥)) não existe. 2.6 Limites fundamentais Nosso primeiro limite fundamental de estudo será lim 𝑥→0 𝑠𝑒𝑛(𝑥) 𝑥 = 1. A Tabela 4 nos mostra que 𝑓(𝑥) = 𝑠𝑒𝑛(𝑥)/𝑥 é uma função par. 7 Lembremos sempre que racionalizamos expressões, devemos ter o cuidado de adaptar as condições. https://sites.google.com/view/pedrobritto 26 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. Tabela 4 𝑓(𝑥) = sen(𝑥)/𝑥. Elaboração do autor. Para provarmos que lim 𝑥→0 sen(𝑥)/𝑥 = 0, considere o desenho apresentado na Figura 7. Figura 7 Desenho para prova do primeiro limite fundamental. Fonte: VILCHES & CORRÊA. Denotemos 𝐴1 como a área do triângulo 𝑄𝑂𝑃, 𝐴2 como a área do triângulo 𝑆𝑂𝑇 e 𝐴 pela área do setor circular 𝑆𝑂𝑃. É nítido pelo desenho que 𝐴1 < 𝐴 < 𝐴2. Se 0 < 𝜃 < 𝜋/2, 𝐴1 = 1 2 sen(𝜃) cos(𝜃), 𝐴2 = 1 2 sen(𝜃) sec(𝜃) e 𝐴 = 1 2 𝜃. Então, da desigualdade acima, temos que sen(𝜃) cos(𝜃) < 𝜃 < sen(𝜃) sec(𝜃); e, como sen(𝜃) > 0 se 0 < 𝜃 < 𝜋/2, temos que cos(𝜃) < 𝜃 sen(𝜃) < sec(𝜃) , 𝑜𝑢 cos(𝜃) < sen(𝜃) 𝜃 < sec(𝜃). Como lim 𝜃→0+ cos (𝜃) = lim 𝜃→0+ sec(𝑡) = 1, segue-se que lim 𝜃→0+ sen(𝜃) /𝜃 = 1. Por ser sen(𝜃) /𝜃 uma função para, logo lim 𝜃→0− sen(𝜃) /𝜃 = 1; logo, 𝑥 ≠ 0 𝑓(𝑥) ±1 0,841471 ±0,5 0,958851 ±0,2 0,993347 ±0,1 0,998334 ±0,01 0,999983 ±0,001 0,9999998 https://sites.google.com/view/pedrobritto 27 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. lim 𝜃→0 sen(𝜃) 𝜃 = 1. A Figura 8 nos ilustra esta função. Figura 7 Gráfico da função 𝑓(𝑥) = sen(𝑥)/𝑥 se 𝑥 ≠ 0 e 𝑓(0) = 1. Fonte: VILCHES & CORRÊA. O segundo limite fundamental essencial de estudo será lim 𝑥→±∞ (1 + 1 𝑥 ) 𝑥 A Tabela 5 nos mostra alguns resultados da função 𝑓(𝑥) = (1 + 1 𝑥⁄ )𝑥. Tabela 5 𝑓(𝑥) = (1 + 1 𝑥⁄ )𝑥. Elaboração do autor. É possível provar que lim 𝑥→±∞ (1 + 1 𝑥 ) 𝑥 = 𝑒, onde 𝑒 ≅ 2,71828 é o número/constante de Euler. A prova desta propriedade poderá ser encontrar em bibliografias intermediárias ou avançadas. A Figura 8 nos ilustra o gráfico desta função. 𝑥 > 0 𝑓(𝑥) 𝑥 < 0 𝑓(𝑥) 101 2,593742 −101 2,867972 102 2,704813 −102 2,704814 103 2,716924 −103 2,719642 104 2,718146 −104 2,718146 105 2,718268 −105 2,718295 106 2,718280 ≅ 𝑒 −106 2,718280 ≅ 𝑒 https://sites.google.com/view/pedrobritto 28 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto.Figura 8 Gráfico da função 𝑓(𝑥) = (1 + 1 𝑥⁄ )𝑥 para 𝑥 ≠ 0. Fonte: VILCHES & CORRÊA. O terceiro limite fundamental a ser estudado considera 𝑎 ∈ ℝ, 𝑎 > 0, 𝑎 ≠ 1, então: lim 𝑥→0 ( 𝑎𝑥 − 1 𝑥 ) = ln(𝑎). Seja 𝑡 = 𝑎𝑥 − 1, e de forma análoga, 𝑎𝑥 = 𝑡 − 1; então ln(𝑎𝑥) = ln (𝑡 + 1); logo 𝑥 ln(𝑎) = ln(𝑡 + 1), e assim 𝑥 = ln(𝑡 + 1) / ln(𝑎). Quando 𝑥 → 0, temos que 𝑡 → 0, então lim 𝑥→0 𝑎𝑥 − 1 𝑥 = lim 𝑡→0 𝑡 ln(𝑡 + 1) ln(𝑎) = ln(𝑎) lim 𝑡→0 1 1 𝑡 ln(𝑡 + 1) = ln(𝑎) lim 𝑡→0 1 ln ((1 + 𝑡) 1 𝑡) = ln(𝑎) ln (lim 𝑡→0 (1 + 𝑡) 1 𝑡) . Verificaremos na página a seguir, no 3º Caso, que lim x→0 (1 + 𝑥) 1 𝑥 = 𝑒. Logo, lim 𝑥→0 𝑎𝑥 − 1 𝑥 = ln(𝑎) ln(𝑒) = ln(𝑎). Em particular, 𝑒 é a única base da exponencial tal que lim 𝑥→0 ( 𝑒𝑥 − 1 𝑥 ) = ln(𝑒) = 1. A seguir, verificaremos o uso destas propriedades em alguns exemplos de casos. https://sites.google.com/view/pedrobritto 29 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 1º Caso: lim 𝑥→0 𝑡𝑔(𝑥)/𝑥. lim 𝑥→0 𝑡𝑔(𝑥) 𝑥 = lim 𝑥→0 ( sen(𝑥) 𝑥 cos(𝑥) ) = lim 𝑥→0 ( sen(𝑥) 𝑥 ) lim 𝑥→0 ( 1 cos(𝑥) ) = 1. 2º Caso: lim 𝑥→0 sen(2𝑥) / sen(3𝑥). Verificamos que sen(2𝑥) sen(3𝑥)⁄ = (6𝑥 × sen(2𝑥)) (6𝑥 × sen(3𝑥))⁄ para 𝑥 ≠ 0. Logo, lim x→0 sen(2𝑥) sen(3𝑥) = 2 3 lim x→0 ( sen(2𝑥) 2𝑥 ) lim x→0 ( 3𝑥 sen(3𝑥) ) = 2 3 . 3º Caso: lim x→0 (1 + 𝑥) 1 𝑥 . Este caso precisa de uma reorganização para aplicarmos o segundo limite fundamental. Consideremos que 𝑡 = 1/𝑥, logo 𝑥 = 1/𝑡, assim se 𝑥 → 0, então 𝑡 → ±∞. Logo lim x→0 (1 + 𝑥) 1 𝑥 = lim t→±∞ (1 + 1 𝑡 ) 𝑡 = 𝑒. 4º Caso: lim x→±∞ (1 + 𝑏 𝑥⁄ )𝑥, onde 𝑏 é um número real. Da mesma forma que no 3º Caso, é necessário que a expressão seja organizada. Para aplicação do segundo limite fundamental, é necessário que 𝑏 = 1, logo podemos tomar 𝑡 = 𝑥/𝑏 que corresponde a 𝑥 = 𝑏𝑡, e assim, temos lim x→±∞ (1 + 𝑏 𝑥 ) 𝑥 = ( lim t→±∞ (1 + 1 𝑡 ) 𝑡 ) 𝑏 = 𝑒𝑏 . 5º Caso: lim 𝑥→±∞ (1 + 1 (𝑥 + 𝑏)⁄ )𝑥, onde 𝑏 é um número real. Consideremos que 𝑥 + 𝑏 = 𝑡, onde analogamente, 𝑥 = 𝑡 − 𝑏. Então, lim 𝑥→±∞ (1 + 1 𝑥 + 𝑏 ) 𝑥 = lim 𝑡→±∞ (1 + 1 𝑡 ) 𝑡−𝑏 =𝑒. 6º Caso: sabemos que se uma quantia 𝐴0 é investida a uma taxa 𝑟 de juros compostos, capitalizados 𝑚 vezes ao ano, o saldo 𝐴(𝑡), após 𝑡 anos é dado por 𝐴(𝑡) = 𝐴0(1 + 𝑟 𝑚⁄ ) 𝑚𝑡. Se for pedido para calcularmos o saldo em 𝑡 de forma que os juros https://sites.google.com/view/pedrobritto 30 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. sejam capitalizados continuamente, podemos aplicar o segundo limite fundamental de forma análoga ao 4º Caso, e assim temos que 𝐴(𝑡) = lim 𝑚→+∞ 𝐴0 (1 + 𝑟 𝑚 ) 𝑚𝑡 = 𝐴0 lim 𝑚→+∞ ((1 + 𝑟 𝑚 ) 𝑚 ) 𝑡 = 𝐴0𝑒 𝑟𝑡. 7º Caso: lim 𝑥→∞ ((𝑥 + 2) (𝑥 − 1)⁄ )𝑥+𝑏, onde 𝑏 é um número real. Podemos fatorar os termos, de forma que (𝑥 + 2) (𝑥 − 1)⁄ = 1 + 3 (𝑥 − 1)⁄ . Assim, podemos calcular o limite da seguinte forma: lim 𝑥→±∞ ( 𝑥 + 2 𝑥 − 1 ) 𝑥+𝑏 = lim 𝑥→±∞ (1 + 3 𝑥 − 1 ) 𝑥 lim 𝑥→±∞ (1 + 3 𝑥 − 1 ) 𝑏 =𝑒3. 8º Caso: lim 𝑥→0 (𝑎𝑥 − 𝑏𝑥)/𝑥, onde 𝑎, 𝑏 > 0 e 𝑎, 𝑏 ≠ 1. Este caso é análogo do terceiro limite fundamental. A função pode ser ajustada no numerador, de forma que (𝑎𝑥 − 𝑏𝑥) = (𝑎𝑥 − 1 + 1 − 𝑏𝑥) = (𝑎𝑥 − 1) − (𝑏𝑥 − 1). Temos então que lim 𝑥→0 𝑎𝑥 − 𝑏𝑥 𝑥 = lim 𝑥→0 ( 𝑎𝑥 − 1 𝑥 − 𝑏𝑥 − 1 𝑥 ) = ln(𝑎) − ln(𝑏) = ln ( 𝑎 𝑏 ). 2.7 Assíntotas Definição 5. 1. A reta 𝑦 = 𝑏 é uma assíntota horizontal ao gráfico da função 𝑦 = 𝑓(𝑥) se pelo menos uma das seguintes afirmações é verdadeira: lim 𝑥→+∞ 𝑓(𝑥) = 𝑏 ou lim 𝑥→−∞ 𝑓(𝑥) = 𝑏. 2. A reta 𝑥 = 𝑎 é uma assíntota vertical ao gráfico da função 𝑦 = 𝑓(𝑥) se pelo menos uma das seguintes afirmações é verdadeira: lim 𝑥→𝑎+ 𝑓(𝑥) = ±∞ ou lim 𝑥→𝑎− 𝑓(𝑥) = ±∞. Em outras palavras, assíntotas ao gráfico de uma função consistem em linhas onde nenhum ponto encosta-se, mas que se aproximam-se no infinito. Em geral, se o 𝐷𝑜𝑚(𝑓) = ℝ, então o gráfico de 𝑓 não possui assíntotas verticais. https://sites.google.com/view/pedrobritto 31 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. Para ilustração, será apresentado na Figura 9 um esboço do gráfico da função logística 𝐿(𝑡) = 𝐴 1 + 𝐵𝑒−𝐶𝑡 , onde 𝐴, 𝐵, 𝐶 ∈ ℝ. 𝐷𝑜𝑚(𝐿) = ℝ, logo não terá assíntota vertical; e a curva passa por (0, (𝐴 1 + 𝐵)⁄ ). Por um lado, temos que lim 𝑡→+∞ 𝐿(𝑡) = 𝐴; logo, 𝑦 = 𝐴 é uma assíntota horizontal8. Por outro lado, lim 𝑡→−∞ 𝐿(𝑡) = 0; logo 𝑦 = 0 é também uma assíntota horizontal. Figura 9 Esboço de gráfico de uma função logística. Fonte: VILCHES & CORRÊA. 2.7.1 Esboço aproximado de funções racionais Seja 𝑓(𝑥) = 𝑃(𝑥)/𝑄(𝑥) tal que 𝑎 ∉ 𝐷𝑜𝑚(𝑓), isto é, 𝑄(𝑎) = 0. Denote 𝑄(𝑥) = (𝑥 − 𝑎)𝑛𝑄1(𝑥), 𝑛 > 1 e 𝑄1(𝑎) ≠ 0. Analogamente, denote 𝑃(𝑥) = (𝑥 − 𝑎)𝑛𝑃1(𝑥), 𝑚 ≥ 0 e 𝑃1(𝑎) ≠ 0. Se 𝑚 < 𝑛, fazemos 𝑘 = 𝑛 −𝑚, e temos: 𝑓(𝑥) = 1 (𝑥 − 𝑎)𝑘 𝑓1(𝑥), onde 𝑓1(𝑥) = 𝑃1(𝑥)/𝑄1(𝑥) é uma função definida em 𝑎. Então lim𝑥→𝑎± |𝑓(𝑥)| = ∞. 8 A interpretação da assíntota varia de caso a caso. No uso de uma função logística 𝐿 = 𝐿(𝑡) para descrição de um crescimento populacional, o valor 𝐴 obtido de 𝑡 → +∞ pode indicar o limite da população, ou seja, corresponder o máximo de indivíduos que um ecossistema pode suportar. https://sites.google.com/view/pedrobritto 32 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. As Figuras 10 e 11 nos ilustram esboços de gráficos para esta função 𝑓. Figura 10 Gráficos de 𝑓(𝑥) = 1 (𝑥 − 𝑎)𝑘⁄ 𝑓1(𝑥) ao redor do ponto 𝑎, para (I) 𝑘 ímpar e (II) 𝑘 par, e 𝑓1(𝑎) > 0. Fonte: VILCHES & CORRÊA. Figura 11 Gráficos de 𝑓(𝑥) = 1 (𝑥 − 𝑎)𝑘⁄ 𝑓1(𝑥) ao redor do ponto 𝑎, para (I) 𝑘 ímpar e (II) 𝑘 par, e 𝑓1(𝑎) < 0. Fonte: VILCHES & CORRÊA. A função possui uma assíntota vertical em cada raiz do polinômio 𝑄(𝑥). Ilustraremos o esboço de gráficos de funções racionais através de exemplos Exemplo 1: 𝑦 = 𝑓(𝑥) = 𝑥 𝑥2 − 1 . Verificamos que 𝐷𝑜𝑚(𝑓) = ℝ − {−1, 1}, logo a função não está definida para 𝑥 = −1 e para 𝑥 = 1. No entanto, podemos estudar o comportamento de 𝑓(𝑥) na vizinhança de 𝑥 = 1 e 𝑥 = −1, ou seja, lim 𝑥→−1 𝑓(𝑥) e lim 𝑥→1 𝑓(𝑥). https://sites.google.com/view/pedrobritto 33 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. Para verificarmos o que acontece quando 𝑥 → 1, denotemos então 𝑓(𝑥) = 𝑓1(𝑥)/(𝑥 − 1), de forma que 𝑓(𝑥) = 𝑥 𝑥2 − 1 = 𝑥 (𝑥 + 1)(𝑥 − 1) ; logo 𝑓1 = 𝑥 𝑥 + 1 ; 𝑘 = 1 e 𝑓1(1) > 0; então lim 𝑥→1+ 𝑓(𝑥) = +∞ e lim 𝑥→1− 𝑓(𝑥) = −∞. Analogamente, para verificarmos os limites laterais de 𝑥 → −1, denotemos𝑓(𝑥) = 1 (𝑥 + 1)⁄ × 𝑓1(𝑥), onde 𝑓1(𝑥) = 𝑥 𝑥 − 1 ; 𝑘 = 1 e 𝑓1(−1) > 0, então lim 𝑥→−1+ 𝑓(𝑥) = +∞ e lim 𝑥→−1− 𝑓(𝑥) = −∞. Logo, 𝑥 = 1 e 𝑥 = −1 são assíntotas verticais. Verificamos também que 𝑓(0) = 0, logo a curva de 𝑓(𝑥) passa por (0,0). Por outro lado, temos que lim 𝑥→±∞ 𝑥 𝑥2 − 1 = 0, Assim, 𝑦 = 0 é uma assíntota horizontal. A Figura 12 ilustra o gráfico desta função. Figura 12 Gráfico de 𝑦 = 𝑥/(𝑥2 − 1). Fonte: VILCHES & CORRÊA O desenho é simples. O primeiro passo é definir as assíntotas verticais 𝑦 = −1 e 𝑦 = 1, conforme linha tracejada. A assíntota horizontal neste caso já está definida no eixo 𝑥 = 0. Sabemos que (0, 0) é ponto de intercepto. Desta forma, sabendo que o limite lateral de −1− tende a +∞, fazemos uma curva partindo de 𝑦 = +∞ delimitada https://sites.google.com/view/pedrobritto 34 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. pela assíntota 𝑦 = −1 e ponto (0, 0). Da mesma forma, como verificamos que o limite lateral de 1− → −∞, desenhamos uma curva partindo de 𝑦 = −∞ delimitada pela assíntota 𝑦 = 1 e passando pelo ponto (0, 0) – unindo-se assim com a curva desenhada anteriormente. Agora para o limite lateral 1+ → +∞, também fazemos uma curva partindo de 𝑦 = +∞ delimitada a direita da assíntota 𝑦 = 1 em direção a 𝑥 → +∞, delimitado pelo eixo 𝑥. Da mesma forma para o limite lateral −1− → −∞, fazemos uma curva semelhante partindo do lado esquerdo da assíntota 𝑦 = −1, de 𝑦 = −∞ e delimitando- se a 𝑥 para −∞ com a assíntota horizontal do eixo. Exemplo 2: 𝑦 = 𝑓(𝑥) = 𝑥2 𝑥2 − 1 . Verificamos que 𝐷𝑜𝑚(𝑓) = ℝ − {−1, 1}, e que 𝑓(0) = 0, ou seja, a curva passa pelo ponto (0, 0). Para verificarmos o que acontece quando 𝑥 → 1, devemos encontrar 𝑓1(𝑥) tal que 𝑓(𝑥) = 𝑓1(𝑥)/(𝑥 − 1). Assim, racionalizamos a função de forma que 𝑥2 𝑥2 − 1 = 𝑥2 (𝑥 − 1)(𝑥 + 1) ; logo 𝑓1(𝑥) = 𝑥2 𝑥 + 1 , 𝑘 = 1, e 𝑓1(1) > 0; então, lim 𝑥→1+ 𝑓(𝑥) = +∞ e lim 𝑥→1− 𝑓(𝑥) = −∞. Analogamente, para verificarmos o comportamento quando 𝑥 → −1, verificamos que 𝑓1(𝑥) tal que 𝑓(𝑥) = 𝑓1(𝑥)/(𝑥 + 1) corresponde a 𝑓1(𝑥) = 𝑥2 𝑥 − 1 ; 𝑘 = 1 e 𝑓1(−1) < 0; então lim 𝑥→−1+ 𝑓(𝑥) = −∞ 𝑒 lim 𝑥→−1− 𝑓(𝑥) = +∞; logo 𝑥 = 1 e 𝑥 − 1 são assíntotas verticais. Por outro lado, lim 𝑥→±∞ 𝑓(𝑥) = 𝑥2 𝑥2 − 1 = 1, https://sites.google.com/view/pedrobritto 35 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. e assim, 𝑦 = 1 é uma assíntota horizontal. O desenho do gráfico segue a mesma explicação do exemplo anterior, e é ilustrado pela Figura 13. Figura 13 Gráfico de 𝑦 = 𝑥2/(𝑥2 − 1). Fonte: VILCHES & CORRÊA. 2.8 Continuidade de funções Conforme definido por VILCHES & CORRÊA, a noção de continuidade em Matemática é a que utilizamos no dia a dia, isto é, onde não há interrupção ou, então, onde não existem partes separadas umas das outras. Definição 6. Seja 𝑓 uma função, e 𝑎 ∈ 𝐷𝑜𝑚(𝑓), onde 𝐷𝑜𝑚(𝑓) é um intervalo aberto ou uma reunião de intervalos abertos; dizemos que 𝑓 é contínua em 𝑎, se as condições abaixo são satisfeitas. 1. 𝑓(𝑎) existe. 2. lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) existe. 3. 𝑓(𝑎) = lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥). Se uma destas três condições não é satisfeita, dizemos então que 𝑓 é descontínua em x=a. Em outras palavras, a continuidade de uma função em um ponto indica que o gráfico da função não apresenta saltos nesse ponto. Considere como exemplo https://sites.google.com/view/pedrobritto 36 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 𝑓(𝑥) = { 𝑥² − 1 𝑥 − 1 , se 𝑥 ≠ 1 1, se 𝑥 = 1. Verificamos que 𝑓(1) existe, e 𝑓(1) = 1. lim 𝑥→1 𝑥2 − 1 𝑥 − 1 = lim 𝑥→1 (𝑥 − 1)(𝑥 + 1) 𝑥 − 1 = lim 𝑥→1 (𝑥 + 1) = 2. Verificamos que lim𝑥→1 𝑓(𝑥) existe, mas lim𝑥→1 𝑓(𝑥) ≠ 𝑓(1).Logo, 𝑓(𝑥) não é contínua em 𝑥 = 1. Observe que se 𝑓(𝑥) fosse reescrita de forma que 𝑓(1) = 2, a função seria contínua em todos os pontos de ℝ, ou seja, se fosse 𝑓(𝑥) = { 𝑥² − 1 𝑥 − 1 , se 𝑥 ≠ 1 2, se 𝑥 = 1. Caso a função fosse escrita de forma que 𝑓(𝑥) = 𝑥² − 1 𝑥 − 1 , de fato 𝑓(𝑥) seria uma função contínua em todo ponto de seu domínio, pois neste caso {1} não faria parte de seu domínio. De fato, 𝑓(𝑥) = 𝑥 + 1 se 𝑥 ≠ 1, assim em todo seu domínio lim 𝑥→𝑥0 𝑓(𝑥) = 𝑥0 + 1 = 𝑓(𝑥0). A continuidade também pode ser expressa em função de 𝜀 e 𝛿. De fato, lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) = 𝑓(𝑎) significa que para todo 𝜀 > 0 existe 𝛿 > 0 tal que, se 𝑥 ∈ 𝐷𝑜𝑚(𝑓) e |𝑥 − 𝑎| < 𝛿, então |𝑓(𝑥) − 𝑓(𝑎)| < 𝜀. Em outras palavras, 𝑓 é contínua em 𝑎 quando para todo 𝜀 > 0, existe 𝛿 > 0 tal que 𝑓(𝑥) ∈ (𝑓(𝑎) − 𝜀, 𝑓(𝑎) + 𝜀) desde que 𝑥 ∈ (𝑎 − 𝛿, 𝑎 + 𝛿) ∩ 𝐷𝑜𝑚(𝑓). Proposição 8. Sejam 𝑓 e 𝑔 funções contínuas no ponto 𝑎. Então: 1. 𝛼𝑓 + 𝛽𝑔 são contínuas em 𝑎, para todo 𝛼, 𝛽 ∈ ℝ. 2. 𝑓𝑔 é contínua em 𝑎. 3. 𝑓 𝑔 é contínua em 𝑎, se 𝑎 ∈ 𝐷𝑜𝑚 ( 𝑓 𝑔 ). Definição 7. Uma função 𝑓 é dita contínua em 𝐴 ⊂ ℝ se 𝑓 é contínua em cada ponto de 𝐴. Se 𝑓 é contínua em 𝐴 e 𝐵 ⊂ 𝐴, então 𝑓 é contínua em 𝐵. https://sites.google.com/view/pedrobritto 37 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. Segue uma lista de propriedades de continuidade. ▪ Os polinômios são funções contínuas em ℝ, pois são expressos por somas e produtos de funções em ℝ. ▪ As funções racionais são funções contínuas no seu domínio. ▪ As funções 𝑓(𝑥) = sen(𝑥) e 𝑓(𝑥) = cos(𝑥) são contínuas em ℝ. ▪ As funções exponenciais são funções contínuas em ℝ. ▪ As funções logarítmicas são funções contínuas em ]0, +∞]. 2.8.1 Continuidade em funções compostas Proposição 9. Sejam 𝑓 e 𝑔 funções tais que lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) = 𝑏, e 𝑔 é contínua no ponto 𝑏, então lim 𝑥→𝑎 (𝑔 ∘ 𝑓)(𝑥) = 𝑔 (lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥)). A aplicação direta desta propriedade pode ser ilustrada através de exemplos. Definimos, por exemplo, que a função 𝑔(𝑥) = 𝑒𝑥 é contínua em todo ℝ; logo, se existe lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥), então lim 𝑥→𝑎 𝑒𝑓(𝑥) = 𝑒 lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) . Sejam as funções 𝑔(𝑥) = sen(𝑥) e ℎ(𝑥) = cos (𝑥) contínuas em todo ℝ; logo se existe lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥), então lim 𝑥→𝑎 sen(𝑓(𝑥)) = sen (lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥)) ; lim 𝑥→𝑎 cos(𝑓(𝑥)) = cos (𝑙𝑖𝑚 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥)). Outro exemplo, pense na função 𝑔(𝑥) = ln(𝑥) que seja contínua em ]0, +∞]; logo se lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) ∈ ]0, +∞], então lim 𝑥→𝑎 ln(𝑓(𝑥)) = ln (𝑙𝑖𝑚 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥)). De uma forma geral, podemos verificar no exemplo abaixo como esta propriedade se aplica na prática. https://sites.google.com/view/pedrobritto 38 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. lim 𝑥→1 ln ( 5𝑥5 + 𝑥3 + 1 𝑥2 + 1 ) = ln(lim 𝑥→1 𝑥5 + 𝑥3 + 1 𝑥2 + 1 ) = ln ( 3 2 ) . Para finalizarmos esta parte de exemplos,verifique que lim 𝑥→1 𝑒 𝑥2−1 𝑥−1 = 𝑒2. De fato, temos que lim 𝑥→1 𝑥2 − 1 𝑥 − 1 = lim 𝑥→1 (𝑥 + 1)(𝑥 − 1) 𝑥 − 1 = lim 𝑥→1 (𝑥 + 1) = 2. Assim, lim 𝑥→1 𝑒 𝑥2−1 𝑥−1 = 𝑒 lim 𝑥→1 (𝑥+1) = 𝑒2. Este exemplo nos ilustra bem a Proposição 9. Neste caso, temos que 𝑔(𝑥) = 𝑒𝑥, sendo que 𝑔 é contínua em todo ℝ, incluindo o valor 1. Temos também 𝑓(𝑥) = (𝑥2 − 1)/(𝑥 − 1); neste caso 𝑓 não é contínua no ponto 1, pois 𝑓(1) não existe. No entanto, por 1 ser um ponto contínuo em 𝑔, logo lim 𝑥→1 (𝑔 ∘ 𝑓)(𝑥) = 𝑔 (lim 𝑥→1 𝑓(𝑥)), ou seja, lim 𝑥→1 𝑒𝑓(𝑥) = 𝑒 lim 𝑥→1 𝑓(𝑥) = 𝑒 lim 𝑥→1 (𝑥+1) = 𝑒2. Teorema 2. Sejam 𝑓 e 𝑔 funções tais que 𝑔 ∘ 𝑓 esteja bem definida. Se 𝑓 é contínua no ponto 𝑎 e 𝑔 é contínua em 𝑓(𝑎), então 𝑔 ∘ 𝑓 é contínua em 𝑎. Em outras palavras, o Teorema 2 expressa a continuidade de funções compostas, que em outras palavras, pode ser expresso que a composta de duas funções contínuas é uma função contínua. Mais precisamente, se 𝑓 é contínua em 𝑥0, e se 𝑔 é contínua em 𝑓(𝑥0), então ℎ = 𝑔 ∘ 𝑓 é contínua em 𝑥0; e lim 𝑥→𝑥0 𝑔(𝑓(𝑥)) = 𝑔( lim 𝑥→𝑥0 𝑓(𝑥)) = 𝑔(𝑓(𝑥0)). Observa-se que a parte desta condição que expressa continuidade para 𝑔 ∘ 𝑓, verificamos já que para que possamos passar o limite para dentro do argumento da função 𝑔, basta apenas que lim 𝑥→𝑥0 𝑓(𝑥) exista. https://sites.google.com/view/pedrobritto 39 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 2.8.2 Tipos de descontinuidade Considere a função: 𝑔(𝑥) = (𝑥2 − 4) (𝑥 − 2)⁄ ; e pergunta-se: 𝑔(𝑥) é contínua em 𝑥 = 2? Verificamos facilmente que 𝑔(2) não existe; logo 𝑔 não é contínua em 𝑥 = 2. No entanto, verificamos que 𝑔(𝑥) = (𝑥 + 2)(𝑥 − 2) (𝑥 − 2) = (𝑥 + 2) em 𝑥 ≠ 2; logo, lim 𝑥→2 𝑔(𝑥) = lim 𝑥→2 𝑥 + 2 = 4. A função 𝑔 não é contínua em 𝑥 = 2, mas lim 𝑥→2 𝑔(𝑥) existe. A partir da função 𝑔, podemos definir uma função ℎ que seja contínua em 𝑥 = 2, da seguinte forma: ℎ(𝑥) = { 𝑔(𝑥), se 𝑥 ≠ 2 4, se 𝑥 = 2. Neste caso, dizemos que a função 𝑔 possui uma descontinuidade removível em 𝑥 = 2. Este tipo de descontinuidade acontece quando ou a função não está definida no ponto em questão, mas o limite existe; ou se o limite existe, mas é diferente do valor da função neste ponto. Podemos também definir a descontinuidade essencial de salto. Considere a função 𝑓(𝑥) = { 4 − 𝑥2, se 𝑥 ≤ 2 𝑥 − 1, se 𝑥 > 2, 𝑓 é contínua em 2? Verificamos que 𝑓(2) = 0, ou seja, existe. No entanto, podemos também verificar que lim 𝑥→2 𝑓(𝑥) não existe, logo 𝑓 é descontínua em 𝑥 = 2. Os limites laterais são diferentes entre si, de forma que lim 𝑥→2+ 𝑓(𝑥) = lim 𝑥→2+ (𝑥 − 1) = 1 ≠ lim 𝑥→2− 𝑓(𝑥) = lim 𝑥→2− (4 − 𝑥2) = 0 A Figura 14 nos ilustra com o gráfico de descontinuidade essencial de salto desta função. https://sites.google.com/view/pedrobritto 40 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. Figura 14 Descontinuidade essencial de salto. Elaboração do autor. Existe também a chamada descontinuidade de infinito. Considere a função 𝑝(𝑥) = (𝑥2 + 1) (𝑥 − 1)⁄ ; esta função é contínua em 𝑥 = 1? De fato, podemos verificar que 𝑝(1) não existe, pois resultaria num denominador igual a zero. No entanto, podemos calcular os limites laterais para verificar se lim 𝑥→1 𝑝(𝑥) existe. Temos9 que 𝑝(𝑥) = 𝑥² + 1 𝑥 − 1 = (𝑥 − 1)(𝑥 + 1) + 2 𝑥 − 1 , lim 𝑥→1+ 𝑝(𝑥) = lim 𝑥→1+ [ (𝑥 − 1)(𝑥 + 1) + 2 (𝑥 − 1) ] = lim 𝑥→1+ (𝑥 + 1) + lim 𝑥→1+ 2 𝑥 − 1 = +∞; lim 𝑥→1− 𝑝(𝑥) = 2 + lim 𝑥→1− 2 𝑥 − 1 = −∞. Como lim 𝑥→1+ 𝑝(𝑥) ≠ lim 𝑥→1− 𝑝(𝑥), temos que lim 𝑥→1 𝑝(𝑥) não existe. A Figura 15 nos ilustra com o gráfico desta função. 9 Vide Seção 2.8.3, Dividindo polinômios. https://sites.google.com/view/pedrobritto 41 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. Figura 15 Descontinuidade de infinito. Elaboração do autor. 2.8.3 Dividindo polinômios Verificamos até então que para calcularmos limites de funções racionais em pontos que não fazem parte de seus domínios, necessitamos muitas vezes fatorar os polinômios para obtermos uma outra função simplificada e idêntica correspondente para valores que façam parte do domínio da função inicial. É então interessante mostrar neste material um método de divisão de polinômios através de desenhos. O modelo é bem simples, e análogo ao modelo de divisão adotado em cálculos números (já bem conhecido por todos que muitas vezes desde criança aprenderam e aplicaram no Ensino Fundamental). A Figura 16 nos ilustra este modelo. Figura 16 Modelo de divisão de polinômios. Elaboração do autor. Neste modelo, temos que 𝑃(𝑥) = 𝐷(𝑥)𝑄(𝑥) + 𝑅(𝑥). Analisemos o caso do final da seção anterior, em que temos 𝑓(𝑥) = (𝑥2 + 1) (𝑥 − 1)⁄ . Podemos definir 𝑃(𝑥) = 𝑥2 + 1 e 𝐷(𝑥) = 𝑥 − 1. Primeiro, dividimos 𝑥2 por 𝑥, e obtemos 𝑥 – por enquanto temos que 𝑄(𝑥) = 𝑥. Multiplicando 𝑥 por 𝐷(𝑥), obtemos 𝑥2 − 𝑥. Subtraímos 𝑃(𝑥) 𝑅(𝑥) 𝐷(𝑥) 𝑄(𝑥) https://sites.google.com/view/pedrobritto 42 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. então este resultado de 𝑃(𝑥), ou seja, 𝑥2 + 1 − (𝑥2 − 𝑥) = 1 + 𝑥 = 𝑅0(𝑥). Logo, 𝑃(𝑥) = 𝑥(𝑥 − 1) + (1 + 𝑥). De fato 𝑥(𝑥 − 1) + (1 + 𝑥) = 𝑥2 − 𝑥 + 1 + 𝑥 = 𝑥2 + 1 = 𝑃(𝑥). Podemos agora continuar; dividindo (1 + 𝑥) por 𝑥, obtemos +1. Multiplicando +1 por 𝐷(𝑥) = 𝑥 − 1, obtemos 𝑥 − 1. Subtraindo agora esta expressão da obtida anteriormente 𝑅0(𝑥), temos que (1 + 𝑥) − (𝑥 − 1) = 2 = 𝑅(𝑥). Não temos como continuar agora, pois não há interesse em dividir 2 por 𝑥. Assim, temos que 𝐷(𝑥) = 𝑥 + 1, logo 𝑃(𝑥) = 𝑥2 + 1 = (𝑥 − 1)(𝑥 + 1) + 2. Assim, 𝑓(𝑥) = (𝑥2 + 1) (𝑥 − 1)⁄ = ((𝑥 − 1)(𝑥 + 1) + 2)/(𝑥 − 1). A Figura 17 nos ilustra este exemplo. Figura 17 Exemplo de divisão de polinômios. Elaboração do autor. 2.8.4 Teorema de Bolzano (ou do valor intermediário) O teorema de Bolzano (também conhecido como teorema do Valor Intermediário) estabelece que uma função 𝑓 contínua num intervalo fechado [𝑎, 𝑏] assume todos os valores entre 𝑓(𝑎) e 𝑓(𝑏), ou em outras palavras, para que 𝑓 passe por 𝑓(𝑎) e 𝑓(𝑏), tem que passar por todos os valores intermediários. Definição 8. Seja 𝑓 ∶ [𝑎, 𝑏] → ℝ; 𝑓 é contínua em [𝑎, 𝑏] se: 1. 𝑓 é contínua em todos os pontos do intervalo 𝐼 = [𝑎, 𝑏]. 2. lim 𝑥→𝑎+ 𝑓(𝑥) existe, e lim 𝑥→𝑎+ 𝑓(𝑥) = 𝑓(𝑎). 3. lim 𝑥→𝑏− 𝑓(𝑥) existe, e lim 𝑥→𝑏− 𝑓(𝑥) = 𝑓(𝑏). 𝑥2 + 1 −(𝑥2 − 𝑥) 𝑥 − 1 𝑥 + 1 𝑥 + 1 × × −(𝑥 − 1) 2 ÷ ÷ https://sites.google.com/view/pedrobritto 43 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. As condições (2) e (3) são chamadas continuidadeslaterais, à direita e à esquerda respectivamente. Teorema 3. Se 𝑓 ∶ [𝑎, 𝑏] → ℝ é uma função contínua em [𝑎, 𝑏] e 𝑓(𝑎) < 𝑑 < 𝑓(𝑏) ou 𝑓(𝑏) < 𝑑 < 𝑓(𝑎), então existe 𝑐 ∈ ]𝑎, 𝑏[ tal que 𝑓(𝑐) = 𝑑. Corolário 3. Seja 𝑓 ∶ [𝑎, 𝑏] → ℝ uma funão contínua em [𝑎, 𝑏]. Se 𝑓(𝑎) e 𝑓(𝑏) tem sinais opostos, ou seja 𝑓(𝑎)𝑓(𝑏) < 0, existe 𝑐 ∈ (𝑎, 𝑏) tal que 𝑓(𝑐) = 0. A Figura 18 nos ilustra o Corolário 3. Figura 18 Teorema de Bolzano. Fonte: VILCHES & CORRÊA. Exercício 4. Calcule os seguintes limites: (𝐴) lim 𝑥→0 𝑒3𝑥 − 𝑒2𝑥 𝑥 ; (𝐵) lim 𝑥→+∞ (𝑥3 + 1)(𝑥2 − 1) − 𝑥5 (𝑥2 − 1)(𝑥2 − 3𝑥 + 2) , (𝐶) lim 𝑥→+∞ √𝑥² + 1 − √𝑥2 − 1. https://sites.google.com/view/pedrobritto 44 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. Exercício 5. Estude a continuidade da função 𝑓(𝑥) = { 1 − 𝑥2, se 𝑥 < −1 ln(2 − 𝑥2), se − 1 ≤ 𝑥 ≤ 1 √ 𝑥 − 1 𝑥 + 1 , se 𝑥 > 1. Exercício 6. Determine o valor de 𝑃 para que as funções abaixo sejam contínuas. (𝐴) 𝑓(𝑥) = { 1 − 𝑒𝑥 𝑥 , se 𝑥 ≠ 0 𝑝3 + 7, se 𝑥 = 0. (𝐵) 𝑓(𝑥) = { 𝑥 𝑠𝑒𝑛(4𝑥) , se 𝑥 ≠ 0 𝑝2, se 𝑥 = 0. Exercício 7. Estude a derivabilidade da função 𝑓(𝑥) = { √𝑥 − 1 √𝑥 3 − 1 , se 𝑥 > 1 𝑥² − 1 𝑥 + 1 , se 𝑥 ≤ 1. Vide soluções na seção final do caderno Soluções dos exercícios propostos. 3. DERIVADA Agora estabeleceremos a noção de derivada de uma função. A derivada envolve a variação ou a mudança no comportamento de vários fenômenos. Começaremos pela apresentação da definição de reta tangente ao gráfico de uma função; e posteriormente, definiremos funções deriváveis e derivada de uma função num ponto, junto de técnicas de derivação. https://sites.google.com/view/pedrobritto 45 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. 3.1 Reta tangente Seja 𝑓 ∶ 𝐷 ⟶ ℝ uma função definida num domínio 𝐷, que pode ser um intervalo aberto ou uma reunião de intervalos abertos; ou ainda 𝐷, tal que para todo intervalo aberto 𝐼 que contenha 𝑥0, se tenha 𝐼 ∩ (𝐷 − {𝑥0}) ≠ ∅. Considere 𝑃 = (𝑥0, 𝑓(𝑥0)) e 𝑄𝑖 = (𝑥𝑖, 𝑓(𝑥𝑖)) (𝑖 = 1, 2, 3, … ) pontos no gráfico de 𝑓, 𝑃 ≠ 𝑄𝑖; e denote 𝑟1 como sendo a reta secante que passa por 𝑃 e 𝑄1; seu coeficiente angular10 é 𝑚1 = 𝑓(𝑥1) − 𝑓(𝑥0) 𝑥1 − 𝑥0 . Utilizando a imaginação, fixemos o ponto 𝑃 = (𝑥0, 𝑓(𝑥0)); e movamos 𝑄1 sobre o gráfico de 𝑓 em direção a 𝑃, até um ponto 𝑄2 = (𝑥2, 𝑓(𝑥2)) tal que 𝑄2 ≠ 𝑃; denotemos por 𝑟2 a reta secante que agora passa por 𝑃 e 𝑄2, seu coeficiente angular é 𝑚2 = 𝑓(𝑥2) − 𝑓(𝑥0) 𝑥2 − 𝑥0 . Suponha que os pontos 𝑄𝑖 (𝑖 = 1, 2, 3, … ) vão se aproximando sucessivamente do ponto 𝑃 (as sem atingir 𝑃) ao longo do gráfico de 𝑓. Repetindo o processo, obtemos 𝑟1, 𝑟2, 𝑟3, …, como retas secantes destes pontos com coeficientes angulares respectivamente de 𝑚1, 𝑚2, 𝑚3, … . É possível provar, rigorosamente, que quando os pontos 𝑄𝑖 vão se aproximando cada vez mais de 𝑃, os 𝑚𝑖 respectivos, variam cada vez menos, tendendo a um valor limite constante – que denotaremos por 𝑚𝑥0. A Figura 19 nos ilustra este ensaio. 10 Lembremos que coeficiente angular é a medida que caracteriza o ângulo ou declividade de uma reta em relação ao eixo 𝑥 de um plano cartesiano (𝑥, 𝑦) em que esta reta estiver inserida. https://sites.google.com/view/pedrobritto 46 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. Figura 19 Retas secantes entre dois pontos diferentes ao longo de uma função. Fonte: VILCHES & CORRÊA. É claro que caso 𝑓(𝑥) fosse uma simples reta do tipo 𝑦 = 𝑎𝑥 + 𝑏, todos coeficientes angulares entre os pontos 𝑃 e 𝑄𝑖 (𝑖 = 1, 2, 3, … ) desta função seriam iguais – neste caso teríamos que 𝑚1 = 𝑚2 = ⋯ = 𝑚𝑥0 = 𝑎. Definição 9. A reta passando pelo ponto 𝑃, e tendo coeficiente angular 𝑚𝑥0, é chamada reta tangente ao gráfico de 𝑓 no ponto (𝑥0, 𝑓(𝑥0)). Se 𝑚𝑥0 = lim𝑥→𝑥0 𝑓(𝑥) − 𝑓(𝑥0) 𝑥 − 𝑥0 existe, denotando a expressão do denominador 𝑥 − 𝑥0 = 𝑡, temos também que 𝑥 = 𝑡 + 𝑥0, e assim 𝑚𝑥0 = lim𝑡→0 𝑓(𝑥0 + 𝑡) − 𝑓(𝑥0) 𝑡 . Como 𝑥0 é um ponto arbitrário, podemos calcular o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico de 𝑓 para qualquer ponto (𝑥, 𝑓(𝑥)), de forma que 𝑚𝑥 = lim 𝑡→0 𝑓(𝑥 + 𝑡) − 𝑓(𝑥) 𝑡 . Assim, 𝑚𝑥 só depende de 𝑥. https://sites.google.com/view/pedrobritto 47 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. Definição 10. Se 𝑓 for contínua em 𝑥0, então a equação da reta tangente ao gráfico de 𝑓 no ponto (𝑥0, 𝑓(𝑥0)) é 𝑦 − 𝑓(𝑥0) = 𝑚𝑥0(𝑥 − 𝑥0) se o limite existe. Por exemplo, consideremos a função 𝑓(𝑥) = 4 − 𝑥2. Determinaremos a equação da reta tangente ao gráfico de 𝑓(𝑥) no ponto de 𝑓(1) = (1, 3). Denotemos por 𝑚1 o coeficiente angular da reta tangente à parábola de 𝑦 = 4 − 𝑥2 passando pelo ponto (1, 𝑓(1)) = (1,3). Seja 𝑃 = (1, 3) e 𝑄 = (𝑥0, 4 − 𝑥0 2) pontos da parábola; o coeficiente angular da reta secante à parábola passando por 𝑃 e 𝑄 é 𝑚𝑃𝑄 = 𝑓(𝑥0) − 𝑓(1) 𝑥0 − 1 = 4 − 𝑥0 2 − 3 𝑥0 − 1 = −𝑥0 2 + 1 𝑥0 − 1 = −(𝑥0 − 1)(𝑥0 + 1) 𝑥0 − 1 = −(𝑥0 + 1). A Figura 20 nos ilustra este exemplo. Figura 20 Ilustração gráfica da reta tangente do gráfico de 𝑦 = 4 − 𝑥2 no ponto (1,3). Fonte: VILCHES & CORRÊA. Do desenho, é intuitivo que se 𝑄 se aproxima de 𝑃, ou seja, se 𝑥0 se aproxima de 1, os coeficientes angulares de ambas as retas ficarão iguais – basta imaginar o ponto 𝑄 se deslocando ao longo de 𝑓(𝑥) de 𝑓(𝑥0) a 𝑓(1) e a reta secante entre 𝑄 e 𝑃 também se deslocando, de forma fixa em 𝑃 – e logo temos que 𝑚1 = lim 𝑥0→1 𝑚𝑃𝑄 = lim 𝑥0→1 −(𝑥0 + 1) = −2. A equação da reta tangente ao gráfico de 𝑓, no ponto (1, 3) é, pela Definição 10, 𝑦 − 3 = −2(𝑥 − 1), que equivale a 𝑦 = −2𝑥 + 5 – conforme ilustrado pela Figura 21. https://sites.google.com/view/pedrobritto 48 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: notas de aula do curso presencial Cálculo Diferencial e Integral I (IME01-00508) realizado na UERJ no semestre 2012.1 ministrado por Wellington Reis, por Pedro Johnson; disponível em: https://sites.google.com/view/pedrobritto. Figura 21 Reta tangente a 𝑦 = 4 − 𝑥2 no ponto (1, 3). Fonte: VILCHES & CORRÊA. Como um segundo exemplo, considere a função 𝑓(𝑥) = 𝑥3 − 𝑥 + 1. Determinaremos a equação da reta tangente ao gráfico de 𝑓 no ponto (1, 1). Utilizando diretamente a definição, temos que 𝑚1 = lim 𝑡→0 𝑓(1 + 𝑡) − 𝑓(1) 𝑡 = lim 𝑡→0 ((1 + 𝑡)3 − (1 + 𝑡) + 1) − 1 𝑡 = lim 𝑡→0 (𝑡2 + 2𝑡 + 1 + 𝑡3 + 2𝑡2 + 𝑡) − (𝑡 + 1) + 1 − 1 𝑡 = lim 𝑡→0 (𝑡3 + 3𝑡2 + 3𝑡 + 1) − 𝑡 − 1 + 1 − 1 𝑡 = lim 𝑡→0 𝑡3 + 3𝑡2 + 2𝑡 𝑡 = lim 𝑡→0 𝑡(𝑡2 + 3𝑡 + 2) 𝑡 = lim 𝑡→0 (𝑡2 + 3𝑡 + 2) = 2. Logo, estabelencendo 𝑚1 = 2, verificamos que a equação da reta tangente ao gráfico de 𝑓 no ponto (1, 1) é 𝑦 − 1 = 2(𝑥 − 1), que corresponde
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