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16/08/2018 Linguagem Jurídica: Narração dos Fatos. http://linguagemjuridica.blogspot.com/2005/04/narrao-dos-fatos.html 1/3 “Faz dois séculos - disse Settembrini - vivia no país dos senhores um velho poeta, um excelente conservador, que atribuía suma importância à beleza da caligrafia, porque, segundo a sua opinião, esta conduzia à beleza do estilo. Deveria ter ido um pouco mais longe e dizer que um belo estilo conduz a belas ações. Pois escrever bem já era quase pensar bem, e daí a agir bem não havia muita distância”. (Thomas Mann, A Montanha Mágica). Quem sou eu Nome: Mauro Visualizar meu perfil completo Arquivos 2005-04-17 2005-04-24 2005-05-01 2005-05-08 2005-09-11 Linguagem Jurídica 26.4.05 Narração dos Fatos. Não há regra específica, nem obrigação. Mas na maioria das vezes, nas principais peças de cada processo, os advogados tendem a iniciar a sua exposição pela narrativa fática para, depois, passar à abordagem jurídica. De qualquer modo, é impossível que um texto seja exclusivamente narrativo ou exclusivamente argumentativo - o que há é certa prevalência da narração sobre a argumentação, ou vice-versa. Por isso, quando se faz a narração dos fatos, não há mal em mesclar, a eles, certa dose de persusão. O que é ilícito, porque posterga o princípio da lealdade processual, é a distorção dos fatos. Narrar significa mostrar, no texto, a ação de um personagem, que opera uma transformação em seu meio. Aquele que escreve o texto deve definir, dentre os fatos que vai narrar, (1) os que são juridicamente relevantes; (2) os que contribuem para a compreensão dos fatos juridicamente relevantes; (3) os que dão ênfase aos outros fatos, mais importantes e (4) os que satisfazem a curiosidade do leitor ou despertam interesse na leitura. Os fatos juridicamente relevantes são aqueles que importam diretamente para a aplicação da norma jurídica: um acidente de automóvel, por exemplo. As denúncias penais, normalmente, vão pouco além dos fatos juridicamente relevantes. Os fatos secundários, que contribuem para a compreensão dos fatos principais, são os que dão o contexto em que se desenrolaram. São elementos fáticos que não impõem, necessariamente, uma conseqüência jurídica, por eles mesmos. Exemplo: o motorista guardava distância do veículo que vinha à sua frente. Entre os fatos relevantes e os secundários, deve-se procurar responder à estas questões: O quê - o fato, a ação. Exemplo: o acidente. Quem - os personagens. Exemplo: dois motoristas; autor e réu. Como - o modo como se desenrolou o fato. Exemplo: de onde vinham, para onde iam, mecânica da acidente. Quando - o momento ou a época em que se deu o fato. Exemplo: na noite do dia 15 de maio de 2003. Onde - o local onde se deu o fato. Exemplo: na avenida 23 de Maio. Por quê - as razões desencadeadoras do fato. Exemplo: pista molhada, velocidade excessiva. mais Criar um blog Login 16/08/2018 Linguagem Jurídica: Narração dos Fatos. http://linguagemjuridica.blogspot.com/2005/04/narrao-dos-fatos.html 2/3 Por isso - a conseqüência dos fatos. Exemplo: danos causados ao veículo. Os fatos que dão ênfase aos demais devem ser bem sopesados, antes de serem inseridos no texto: podem tornar a narrativa longa e desinteressante. O ideal do texto narrativo é criar uma expectativa no leitor, fazer progredir o conflito de modo a prender a atenção de quem lê. Para esse fim alguns fatos que não estão no cerne da narrativa podem auxiliar: “o automóvel, um potente Audi A4, turbinado, feito para as autobahns alemãs, antes de colidir com o automóvel do autor, vinha ziguezagueando na avenida, até que…” Os fatos que satisfazem a curiosidade do leitor têm que ser ainda mais criteriosamente escolhidos: a idade dos motoristas, o que faziam antes do acidente, etc.. A narrativa, enfim, não é só um encadeado objetivo de fatos. O advogado mais atento aproveita- se dela para, sem escapar à verdade, iniciar a exposição do seu ponto de vista, e começar a persuadir o leitor. A par da narrativa dos fatos - que terá lugar, no mais das vezes, apenas nas iniciais e nas contestações e defesas - o advogado não pode, nunca, deixar de enfrentar fatos narrados pela parte contrária. Pode tentar tirar-lhes a relevância, mas deve enfrentá-los, não só para que não fiquem incontroversos, mas especialmente para demonstrar a força dos seus próprios argumentos. - posted by Mauro @ 6:20 PM Comments: O texto descrito foi de extrema relevância,para conclusão de alguns execícios sobre o tema em questão. O que é passado transpõe definitivamente, em concordancia veridica,aquilo que é necessário para a realização de uma explendorosa narrativa jurídica, dando base informativa aos duvidosos iniciantes da área de direito. Com isso parabenizo a construção dessa página instrutiva e de extrema importancia para todos nós. # posted by Anônimo : 18:46 Gostaria de conhecer a autoria do texto. # posted by Anônimo : 22:24 Este comentário foi removido pelo autor. # posted by mauro : 11:01 Sou eu, ué. Com o auxílio da bibliografia mencionada, claro. # posted by mauro : 11:02 Postar um comentário << Home 16/08/2018 Linguagem Jurídica: Narração dos Fatos. http://linguagemjuridica.blogspot.com/2005/04/narrao-dos-fatos.html 3/3
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