Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
15/10/2009 1 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSEUNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE BACTERIOLOGIABACTERIOLOGIA FARMÁCIA E ODONTOLOGIA FARMÁCIA E ODONTOLOGIA Clostridium Clostridium e e BacteroidesBacteroides PROF. RENATA F. RABELLOPROF. RENATA F. RABELLO 22oo SEMESTRE/2009SEMESTRE/2009 PRINCIPAIS BACTÉRIAS ANAERÓBIAS DE PRINCIPAIS BACTÉRIAS ANAERÓBIAS DE INTERESSE CLÍNICOINTERESSE CLÍNICO BGP esporulados Clostridium BGP não esporulados Actinomyces, Bifidobacterium, Eubacterium, Lactobacillus, Propionibacterium. CGP Peptostreptococcus, Peptococcus. CGN Veillonella. BGN Bacteroides, Fusobacterium, Porphyromonas, Prevotella, Bilophila. ClostridiumClostridium INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO � Taxonomia: � Família Clostridiacea; � Gênero Clotridium → ~ 150 espécies. � Significado clínico: � C. tetani → tétano; � C. botulinum → botulismo; � C. perfringens → mionecrose, toxinfecção alimentar e enterite necrotizante; � C. difficile → diarréia associada a antibióticos e colite pseudomembranosa. ASPECTOSASPECTOSMORFOLÓGICOSMORFOLÓGICOS EE FISIOLÓGICOSFISIOLÓGICOS � Bastonetes Gram-positivos grandes. � Anaeróbios obrigatórios, sendo algumas espécies aerotolerantes. � Esporulados. � Móveis. � Cultivo em meios ricos e em anaerobiose. 15/10/2009 2 Clostridium tetaniClostridium tetani FATORESFATORESDEDE VIRULÊNCIAVIRULÊNCIA �� Tetanospasmina: � neurotoxina: � cadeia pesada (ligação e translocação); � cadeia leve (atividade enzimática; �Tetanolisina (hemolisina)*. * Papel no tétano? MANIFESTAÇÕESMANIFESTAÇÕESCLÍNICASCLÍNICAS � PI: 2-14 dias. � Tétano generalizado: � espasmos musculares generalizados. � trismo → riso sardônico; � opistótono. � Tétano localizado → espasmos musculares adjacentes à lesão. � Tétano neonatal → cordão umbilical. PATOGÊNESEPATOGÊNESE Lesão ↓ [O2] Germinação, multiplicação e produção de tetanospasmina C. sanguínea → Junções neuromusculares → SNC Impede liberação de GABA e glicina (bloqueio de impulsos inibitórios) Liberação contínua de acetilcolina PARALISIA ESPÁSTICAPARALISIA ESPÁSTICA Esporos EPIDEMIOLOGIAEPIDEMIOLOGIA � Habitat: solo e intestino de animais. � Via de infecção: � ferimentos e cordão umbilical. � Fatores de risco: � idade, usuário de drogas, piercing. � > ocorrência em áreas de baixa cobertura vacinal. DIAGNÓSTICODIAGNÓSTICO � Clínico. TRATAMENTOTRATAMENTO � Sedação e bloqueadores musculares. � Antitoxina (Igs). � Antimicrobiano. 15/10/2009 3 CONTROLECONTROLE � Vacina: Crianças � tetravalente (DTP + Hib) e tríplice (DTP ou DTPa) → 3 doses (2, 4 e 6 m) e reforços (15 m e 4-6 a); Adolescentes e adultos � dupla (dT) ou AAT → 3 doses e reforços de 10 em 10 anos. T – toxóide tetânico; D ou d – toxóide diftérico; P – Ags da Bordetella pertussis; Hib – Haemophylus influenzae. � Tétano neonatal: dT (gestantes), parto em condições higiênicas e tratamento adequado do coto umbilical. � Ferimentos: � limpeza com água e sabão e retirada de corpos estranhos; � vacina*; � imunoglobulina antitetânica**. * Vacinação incompleta ou último reforço a mais de 5 anos e ferimento de alto risco. ** Vacinação incompleta e dependendo do ferimento. ClostridiumClostridium botulinumbotulinum FATORESFATORESDEDE VIRULÊNCIAVIRULÊNCIA �� Toxina botulínica: � neurotoxina: � cadeia pesada (ligação e translocação); � cadeia leve (atividade enzimática); � 7 tipos (A-G): A, B, E e F (humanos). MANIFESTAÇÕESMANIFESTAÇÕESCLÍNICASCLÍNICAS � Botulismo: � clássico – paralisia simétrica flácida descendente e sintomas gastrointestinais (náuseas, emese e diarréia)*; � infantil – paralisia simétrica descendente*; � de ferida – quadro localizado; *risco de morte → paralisia respiratória (3-5 dias). EPIDEMIOLOGIAEPIDEMIOLOGIA � Habitat: solo, ambiente aquático e intestino de animais. � Botulismo clássico: � ingestão da toxina pré-formada no alimento; � conservas e enlatados (vegetais, carnes e pescados). 15/10/2009 4 � Botulismo infantil: � ingestão de esporos e produção da toxina in vivo; � muito comum nos EUA; � crianças < 1 ano; � mel e outras fontes. � Botulismo de feridas (raro): � produção de toxina in vivo após multiplicação da bactéria na ferida infectada; � usuários de drogas; � quadro localizado. � Indeterminado: � origem desconhecida. Corrente sanguínea Sinapses colinérgicas periféricas Evita liberação da acetilcolina PARALISIA AGUDA FLÁCIDA Ingestão de esporos Germinação e produção da BoNT no IG Ingestão de alimento com BoNT Absorção no ID Clássico Infantil PATOGÊNESEPATOGÊNESE DIAGNÓSTICODIAGNÓSTICO � Clínico e histórico. � Laboratorial: � soro, secreção da lesão, fezes ou alimento; � detecção da toxina (teste de neutralização); � cultura anaeróbica* → testes bioquímicos e teste de neutralização. TRATAMENTOTRATAMENTO � Remoção da toxina do estômago: � lavagem; � substâncias eméticas. � Anti-toxina multivalente. � Suporte ventilatório. CONTROLECONTROLE � Processamento térmico e irradiação dos alimentos na indústria (destruição de esporos). � Refrigeração, congelamento e pH (controle do desenvolvimento bacteriano). � Destruição da toxina: � calor (inativada: 80o C/30’ ou 100o C/10’). � Vacina (bacteriologistas). 15/10/2009 5 ClostridiumClostridium perfringensperfringens FATORESFATORESDEDE VIRULÊNCIAVIRULÊNCIA � 15 toxinas protéicas: � α-, β-, ε-, ι-toxina → 5 tipos sorológicos (A-E); � enterotoxina (CPE); � outras. CPE DIARRÉIA Formação de poros Perda de íons e aas MANIFESTAÇÕESMANIFESTAÇÕESCLÍNICASCLÍNICAS � Gangrena gasosa (mionecrose clostriadial). � necrose muscular com formação de gás, rápida progressão, � taxa de mortalidade. � Toxinfecção alimentar (muito comum): � diarréia aquosa, espasmos abdominais, náusea, febre, sendo vômitos raros. � PI de 8-12h e auto-limitada (1-3 dias). � Enterite necrosante: � dor abdominal, diarréia sanguinolenta e necrose intestinal, algumas vezes vômito (50% de mortalidade). PATOGENIAPATOGENIA Cepas do tipo A (CPE) Cepas do tipo C (ββββ-toxina) Produtos cárneos contaminados Cozimento: esporos sobrevivem, germinam e se multiplicam Ingestão: > 108 células vegetativas Esporulam e produzem a CPE DIARRÉIA Mal cozida, especialmente de porco Ingestão por indivíduos com dieta pobre em proteínas Produção de ββββ-toxina ENTEROCOLITENECROTIZANTE EPIDEMIOLOGIAEPIDEMIOLOGIA � Habitat: solo e intestino de animais e humanos. � Prevalência: � gangrena gasosa → C. perfringens (80%); � toxinfecção alimentar → muito comum; � enterite necrozante → esporadicamente. � Transmissão: � gangrena gasosa → traumas ou cirurgias; � toxinfecção alimentar → ingestão de carnes com cepas do tipo A produtoras de CPE; � enterite necrotizante → ingestão de carnes com cepas do tipo C produtoras de toxina β*; *dieta � proteína e � inibidores de proteases pancreáticas ; carne de porco mal cozida. 15/10/2009 6 DIAGNÓSTICODIAGNÓSTICO � Gangrena gasosa: � clínico; � laboratorial: bacterioscopia e cultura de exsudato. � Enterite necrotizante: � cultura e sorotipagem; � sorologia pareada (soro: anti-β-toxina); � Toxinfecção alimentar (surto): � cultura quantitativa: • alimento suspeito → > 105 ufc; • fezes → > 106 esporos/g; � detecção da CPE (testes imunológicos); � detecção cpe (testes moleculares – PCR e sonda) TRATAMENTOTRATAMENTO � Gangrena gasosa → debridamento do tecido necrosado e antibioticoterapia. � Enterite necrotizante → terapia de suporte e ressecção de seguimento necrosado;� Toxinfecção alimentar → terapia de suporte. CONTROLECONTROLE � Toxinfecção alimentar: � refrigeração imediata do alimento processado; � reaquecimento (> 75o C no interior das carnes). ClostridiumClostridium difficiledifficile FATORESFATORESDEDE VIRULÊNCIAVIRULÊNCIA �� Toxinas: � tcdA (enterotoxina); � tcdB (citotoxina). MANIFESTAÇÕESMANIFESTAÇÕESCLÍNICASCLÍNICAS � Diarréia associada ao uso de antimicrobianos. � 4-9 dias após início do uso da droga; � regride após retirada da droga (25%); � Colite pseudomembranosa: � fezes com muco, febre e leucocitose. 15/10/2009 7 PATOGÊNESEPATOGÊNESE Uso de antimicrobiano Alteração da microbiota intestinal Colonização Produção de tcdA e tcdB Danos na mucosa e inflamação (úlceras e pseudomembrana) Ingestão de esporos EPIDEMIOLOGIAEPIDEMIOLOGIA � Habitat: solo, rios, lagos e vegetais. � Fator de risco: hospitalização e uso de antimicrobianos. � Fontes (> casos): objetos contaminados por profissionais de saúde. � Adultos assintomáticos hospitalizados contaminam ambiente. DIAGNÓSTICODIAGNÓSTICO � Clínico e histórico. � Laboratorial: � fezes; � detecção das tcdA e tcdB: � testes imunológicos e em cultura de células; � cultura anaeróbica. TRATAMENTOTRATAMENTO � Suspensão do antimicrobiano indutor. � Reposição de líquidos e eletrólitos. � Antibioticoterapia (colite pseudomembraanosa)*; *vancomicina oral → VRE. CONTROLECONTROLE � Medidas de controle de infecção hospitalar. BacteroidesBacteroides INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO � Taxonomia: � Família Bacteriodaceae; � várias espécies. � Microbiota intestinal (65%). � Significado clínico: � várias espécies; � B. fragilis → principal patógeno anaeróbio em infecções endógenas. 15/10/2009 8 ASPECTOSASPECTOSMORFOLÓGICOSMORFOLÓGICOS EE FISIOLÓGICOSFISIOLÓGICOS � Bastonetes ou cocobacilos Gram-negativos. � Não esporulados. � Anaeróbios obrigatórios. � Imóveis. � Resistentes à bile. � Não pigmentados. BacteroidesBacteroides fragilisfragilis FATORESFATORESDEDE VIRULÊNCIAVIRULÊNCIA � Complexo polissacarídeo capsular → indução de abscessos, resistência à fagocitose e adesão. � Fragilisina (enterotoxina) → papel em diarréias; as cepas enterotoxigênicas são denominadas ETBF. � Outros: adesinas, enzimas e toxinas. MANIFESTAÇÕESMANIFESTAÇÕESCLÍNICASCLÍNICAS � Infecções intra-abdominais (polimicrobianas). � Abscessos. � Bacteremias. � Diarréias. PATOGÊNESEPATOGÊNESE Peritonite seguida de desenvolvimento de abscessos: Solução de continuidade no intestino Peritônio → Peritonite Corrente sanguínea Bacteremia Choque séptico Novos focos (ex. abscessos cerebrais e hepáticos) DIAGNÓSTICODIAGNÓSTICO � Cultura anaeróbica. TRATAMENTOTRATAMENTO:: � Infecções localizadas (abscessos): � drenagem e antibioticoterapia (associações ou amplo espectro → resistência e infecções polimicrobianas). Meio ágar BBE
Compartilhar