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Endereço da página:
https://novaescola.org.br/conteudo/1409/avaliacao-
flexibilizada
Publicado em NOVA ESCOLA Edição 274, 01 de Agosto | 2014
Planejamento
Avaliação flexibilizada
Como adaptar a forma de análise para mensurar o
aprendizado do aluno com deficiência
NOVA ESCOLA
Márcia Scapaticio
Fernanda Salla
Olhar as especificidades de cada estudante é uma premissa básica quando o
assunto é o respeito ao direito de aprender de crianças e adolescentes,
incluindo aqueles com necessidades educacionais especiais (NEE), que
somam 620.777 em escolas regulares do Brasil, segundo o Censo Escolar
2012. As dificuldades enfrentadas pelos docentes ao lecionar para esse
público são diversas. O acesso ao Atendimento Educacional Especializado
(AEE) e a recursos de tecnologia assistiva ajuda a superar barreiras de
aprendizagem, mas isso não significa que todos irão se desenvolver da
mesma forma. Com isso, uma dúvida persiste: como avaliar o desempenho
desses alunos? 
Para medir o conhecimento deles, os mecanismos de análise e os indicadores
de aprendizado devem variar conforme as possibilidades de cada um. Ou
seja, é preciso flexibilizar o modo de avaliar. "Se a escola é para todos, temos
de pensar na perspectiva da diversidade, não na homogeneidade. Dessa
forma se realiza uma avaliação distinta conforme a potencialidade de cada
criança, rompendo com um modelo unificado", diz Lino de Macedo, docente
aposentado do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). 
Augusto Galery, pesquisador do Instituto Rodrigo Mendes e coordenador do
projeto Diversa, ressalta que não é só o aluno com deficiência que enfrenta
barreiras na hora de aprender. "Cada estudante tem seu próprio ritmo. Além
disso, ele pode ter problemas em uma disciplina e não em outra. Por
exemplo, há quem tenha dificuldade em Matemática, outros em Arte. Por isso
o melhor é colocar ênfase no processo de aprendizagem em vez de focar no
conteúdo lecionado. Isso com relação a qualquer aluno." 
Não existe fórmula. Em determinadas situações, adequações nas ferramentas
avaliativas são suficientes para permitir ao estudante mostrar o que
aprendeu. "O instrumento é uma escolha feita pelo bom senso, na interação
com o aluno", diz Rossana Ramos, pedagoga e autora do livro Inclusão na
Prática (128 págs., Ed. Summus, tel. 11/3872-7476, 29,90 reais). É possível, por
exemplo, usar um notebook com leitor de tela para que um estudante cego
escute textos e perguntas em uma prova de História. As respostas também
podem ser gravadas por ele. 
Para avaliar o aluno João Victor da Silva Piza, 12 anos, que tem transtorno de
déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), a professora Adriana Foltran, do 4º
ano, dá tempo extra a ele e o ajuda a manter a atenção durante a resolução
das questões, entre outras estratégias (leia o quadro da próxima página). "As
perguntas são as mesmas apresentadas ao restante da classe", esclarece.
Há determinadas condições, porém, que limitam o acesso da criança ao
conhecimento. Nesses casos, além de adaptar o instrumento, é preciso ainda
se preocupar com os objetivos previstos e os indicadores de aprendizagem
levando em conta o potencial dela. 
Os critérios avaliativos que a professora de Educação Física Patrícia Soldateli
estabeleceu para o estudante André Plates Santos, 11 anos, foram diferentes
daqueles traçados para o restante da turma do 6º ano. O garoto tem
dificuldades motoras decorrentes da síndrome de Torg-Winchester. "Ele
participa de todas as propostas com a sala, incluindo os jogos coletivos, mas
combinamos os movimentos que ele irá fazer, de acordo com suas
particularidades", afirma a docente (leia o quadro abaixo). 
"Nesse caso, a avaliação toma como referência o próprio aluno e as
condições afetivas, cognitivas e físicas dele para responder à demanda
escolar", afirma Macedo. Isso não significa facilitar a proposta ou cobrar
menos. "O professor deve desafiar o estudante com atividades que
acrescentem algum grau de dificuldade ao que ele já sabe e verificar essa
evolução, estabelecendo expectativas de resultado condizentes com suas
especificidades", diz Maria da Paz Castro, orientadora de Práticas Inclusivas
da Escola da Vila, em São Paulo. 
A pergunta que o educador precisa fazer a si mesmo no momento de avaliar
um aluno com deficiência é: quão ótima essa criança pode ser com as
características que ela tem? A comparação deve ser feita com base na
observação atenta e do estudante com ele mesmo, levando em conta seus
avanços - não com os demais alunos da turma.
Metas personalizadas
"André Plates Santos tem 11 anos e nasceu com síndrome de Torg-
Winchester, uma doença que afeta ossos e músculos, diminuindo os
movimentos. Ele é cadeirante e mexe braços e mãos com dificuldade. Apesar
das limitações, André aprende com base nos mesmos objetivos traçados para
a sala do 6º ano, mas as metas estabelecidas para ele respeitam suas
possibilidades. A educadora Cleusa Haetinger, da Sala de Recursos
Multifuncionais da escola, me auxilia no trabalho. Ao ensinar vôlei, conversei
com o aluno e, juntos, pensamos em como ele poderia participar. Na
atividade em duplas para exercitar o toque, foi André que sugeriu usar a
cabeça em vez das mãos. Para sacar, utilizava os pés, por ter mais força com
eles. Também abaixei a rede e usei bolas mais leves no início, para que ele
enfrentasse desafios, mas tivesse condições de superá-los. Para avaliá-lo,
observei sua evolução ao longo do processo. André sempre chamava a
atenção de colegas para o uso da manchete quando a bola era baixa, o que
demonstra aprendizado dos fundamentos do esporte, que tinham sido
apresentados no decorrer das aulas. Na hora do jogo, ele podia chutar a bola,
cabeceá-la ou arremessá-la com as mãos. No fim, notei que André avançou
nos gestos que fazia e até conseguiu passar a bola por cima da rede na altura
padrão." 
Patrícia Soldateli, professora de Educação Física da EMEF Taufik Germano, em Cachoeira do Sul, RS
Informação para embasar a prática 
Conversar com os pais para conhecer mais a criança, solicitar o apoio da
equipe gestora e do AEE, caso haja esse recurso na escola, são ações
fundamentais para saber de onde partir e até que ponto é possível chegar
com o estudante com NEE em termos de aprendizado. Os dados dão
subsídios para ensiná-lo e avaliá-lo adequadamente. Na falta do parecer de
um especialista, é importante recomendar à família que procure o auxílio de
um profissional para diagnosticar e manter um acompanhamento do quadro
clínico dele. 
Como há doenças progressivas, que podem ocasionar perda de movimentos
ou de capacidade intelectual no decorrer dos anos, essas informações
também ajudam o professor a fazer seu planejamento. Isso é importante
porque, apesar de o aluno ter desenvolvido determinados aprendizados, a
evolução natural de sua condição pode impedi-lo de realizar novamente
atividades que fazia em tempos anteriores. 
O processo avaliativo também inclui tomar a decisão de reprovar ou aprovar
o estudante. Maria da Paz sugere que, para isso, o docente considere os
avanços produzidos por ele ao longo do período nas seguintes perspectivas: a
metodologia aplicada foi adequada? Ele terá condições de aprender mais
adiante? A reprovação trará avanços ao seu desenvolvimento? "A retenção só
é válida se for algo bom para ele. Caso seja para fazer tudo de novo da
mesma forma que já foi feito, não vale a pena", conclui a orientadora.
Ajustes que geram equidade
"O estudante João Victor da Silva Piza tem 12 anos e já chegou ao 4º ano com
um laudo de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), mas
não toma medicamentos. Ele perde a concentração facilmente e não
consegue permanecer fazendo uma atividade por um período prolongado. A
falta de atenção aos detalhes faz com que ele tenha dificuldade em
compreender textos e cometa erros na resolução de questões. Para auxiliar
João Victor a superar essesobstáculos durante a avaliação, peço que se sente
perto de mim e faço intervenções que o ajudam a manter o foco. Em uma
prova de Língua Portuguesa, solicitei que ele lesse o texto por partes. A cada
trecho, ele tinha de parar e me explicar o que havia compreendido. O mesmo
foi feito em relação às perguntas. Além disso, dei a ele tempo extra para
terminar. Essa flexibilização permitiu que mostrasse o que sabia, sem que o
TDAH mascarasse o aprendizado conquistado." 
Adriana Foltran, professora da EE Professor José Augusto Leite Franco, em Santo André, SP

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