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Lucas Silva- FCMSJF - PSIQUIATRIA 1.0 Transtornos Psicóticos - Serão abordadas as psicoses funcionais, com destaque para: A) Esquizofrenia B) Transtorno delirante C) Transtorno esquizoafetivo - Transtornos psicóticos de etiologia orgânica e secundários ao uso de substâncias psicoativas serão estudado em outras aulas. Igualmente, não serão alvos de nossos estudos, quadros psicóticos secundários aos transtornos de humor. A.1 Esquizofrenia - As apresentações clínicas classificadas como esquizofrenia provavelmente representam um grupo heterogêneo de transtornos, portanto com manifestações, curso de doença e resposta ao tratamento variáveis. - Apesar do quadro clínico variável, a doença é quase sempre grave e de longa duração. - Pacientes e suas famílias frequentemente contam com pouco suporte social, em função do preconceito e desconhecimento sobre a doença. - A esquizofrenia é uma doença caracterizada por uma alteração particular, que afeta o pensar, o sentir e as relações com o mundo externo - Descreve um grupo heterogêneo de transtornos e considera que o corra um processo de deslocação que desintegra a capacidade ‘’associativa’', o qual alterando o pensamento do portador, os mergulhava em uma vida ‘’autista’’, cujas ideias e sentimentos são - como no sonho- a expressão simbólica dos complexos inconscientes. I) Eugen Bleuler: Descreve os sintomas fundamentais e os acessórios. A) Fundamentais: - Perturbação das associações e da afetividade; - Predileção pela fantasia à realidade; - Inclinação a divorciar-se da realidade B) Acessórios: - Alucinações, delírios, alterações da memória e alterações da linguagem falada e da escrita. - Os 4 ‘’As'' da esquilofrenia sengundo Bleuler: 1) Afrouxamento de associações, 2) Embotamento Afetivo 3) Autismo 4) Ambivalência II) Kurt, ajudou a moldar as noções modernas de esquizofrenia. A) Sintomas de PRIMEIRA ORDEM os que rompem com a realidade: - Inserção e retração de pensamentos; - Irradiação do pensamento; - Alucinações auditivas discutindo entre si - Atividades delirantes e de passividade mais graves B) Sintomas de SEGUNDA ORDEM - O restante das alucinações as ocorrências delirantes; - A perplexidade - As distimias eufóricas e depressivas - A vivência de empobrecimento da vida afetiva - Considerava determinante a perda da fronteira do self e da autonomia psicológico A.2 Critérios Diagnósticos - Dois (ou mais) dos itens a seguir, dos itens a seguir, cada um presente por uma quantidade significativa de tempo durante um período de um mês (ou menos, se tratados com sucesso). Pelo menos um deles deve ser 1, 2 ou 3. - Os sintomas devem estar presentes por pelo menos 6 meses 1. Delírios 2. Alucinações 3. Discurso desorganizado 4. Comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico 5. Sintomas negativos (expressão emocional diminuída ou avolia) Lucas Silva Página � de �1 11 A.3 Características associadas - Afeto inadequado - Rir na ausência de um estímulo apropriado. - Humor disfórico que pode assumir a forma de depressão. - Ansiedade ou raiva - Sono perturbado - Falta de interesse em alimentar-se ou recusa de comida - Despersonalização - Desrealização e preocupações somáticas podem atingir proporções delirantes. - Ansiedade e fobia - Déficits cognitivos e cognitivo social - Carência de insight de seu transtorno (anosognosia). - Esse sintoma é o mais comum preditor de não adesão ao tratamento e prevê elevadas taxas de recaída, aumento no número de tratamentos involuntários, funcionamento psicossocial mais pobre, agressão e um curso mais pobre da doença. - Hostilidade e agressão. - Embora agressão espontânea ou aleatória não seja comum. A agressão é mais frequente em indivíduos do sexo masculino mais jovens e em pessoas com história anterior de violência, não adesão ao tratamento, abuso de substância e impulsividade. - Deve-se observar que a grande maioria das pessoas com esquizofrenia não é agressiva, sendo, com mais frequência, mais vitimizada que aquelas na população em geral. A.4 Subtipos de Esquizofrenia I) Paranoide: sintomas positvos (delírios e alucinações) se destacam. • II) Hebefrênica: pensamento e comportamento desorganizados, risos imotivados, maneirismos e mudanças afetivas. • III) Catatônica: peerturbações psicomotoras, negativismo e perserveração de palavras. • IV) Indiferenciada: aspectos mistos. • V) Residual: alguns sintomas negativos, quadro de relativa estabilidade. • VI) Simples: desenvolvimento insidioso e progressivo, conduta estranha, declínio no desempenho social e em diversas atividades. • A.5 Epidemiologia • - Prevalência 1% • - Meados da adolescência até meados dos 30 anos, sendo que em homens o início tende ser mais precoce. A.6 Curso da Esquizofrenia - Sintomas pré-mórbidos geralmente iniciam- se na adolescência. • - O desencadeamento de sintomas prodrômicos podem se dar por mudanças sociais ou ambientais. -Ex: iniciar faculdade, usar substâncias, morte de parente. - Sintomas prodrômicos podem durar um ano ou mais. - O curso clássico é de exacerbações e remissões, todavia a falha em retornar ao nível de funcionamento prévio é muito característico da esquizofrenia. • - Há deterioração adicional do funcionamento após cada surto psicótico, e a grande maioria dos pacientes tem significativo comprometimento funcional. • - Sintomas positivos tendem a atenuar-se com o tempo. - Fatores de BOM prognóstico: - Início tardio; - Precipitantes; - Instalação aguda; - Bom funcionamento pré mórbido; - Sintomas de humor comórbidos; - Ser casado; - História familiar de transtornos de humor; - Bom suporte social; sintomas positivos. - Tem PIOR prognóstico - Os pacientes de início precoce, - Sem precipitantes, - Início insidioso, - Funcionamento prévio ruim, - Comportamento autista, - Solteiros/divorciados/viúvos, - HFam de esquizofrenia, - Suporte social ruim, - Sintomas negativos, - Sinais/sintomas neurológicos, - História de trauma perinatal, - Sem remissão por 3 anos, - Recorrências frequentes, - História de agressividade. Lucas Silva Página � de �2 11 A.7 Fatores Ambientais • - Fatores ambientais envolvidos no desenvolvimento da esquizofrenia, embora não exista consenso a respeito da natureza exata dessas agressões ambientais. • Possíveis fatores: a) Lesões no nascimento b) Infecção viral durante a gestação c) Problemas no suprimento de sangue na vida intrauterina d) Fatores dietéticos e) Intercorrências no desenvolvimento e certos traumas infantis. • f) Ambiente urbano • g)Lesões intracranianas na infância A.8 Bioquímica e Neurotransmissores • - Excesso de dopamina (DA). Esta teoria derivou da observação de que drogas que aumentam a atividade dopaminérgica causam sintomas psicóticos, e os bloqueadores de receptores de DA os tratam. • - Estudos de PET em esquizofrênicos não tratados, mostram aumento receptores de DA no núcleo caudado. • - O Núcleo Accumbens, "centro do prazerno cérebro", está localizado no núcleo caudado. • - O GABA tem ação reguladora em neurônios dopaminérgicos, e sua disfunção pode levar a aumento de atividade da DA. • - O robusto efeito bloqueador de receptores de serotonina da clozapina e outros APs atípicos, sustenta a hipótese de seu papel em sintomas positivos e negativos. • - A redução de atividade noradrenérgica pode contribuir para sintomas negativos. • - Ademais podem desempenhar papel a excitotoxicidade glutamatérgica, e disfunção de neuropeptídios e acetilcolina. A.9 Correspondência de cada grupo de sintomas a uma suposta disfunção dos circuitos cerebrais • - Os diferentes domínios de sintomas na esquizofrenia são hipoteticamente regulados por regiões cerebrais específicas. • - Sintomas positivos = circuitos mesolímbicos disfuncionais. • - Sintomas negativos = disfunção dos circuitos mesocorticais, e também podem envolver regiões mesolímbicas, como o nucleus accumbens, que faz parte do circuito de recompensa do cérebro e portanto, desempenha papel na motivação. • - Sintomas afetivos = disfunções no córtex pré-frontal ventromedial. • - Sintomas agressivos (dificuldade no controle de impulsos) = processamento anormal das informações no córtex orbitofrontal e na amígdala. • Sintomas cognitivos = processamento problemático das informações no córtex pré-frontal dorsolateral A.10 Neuroimagem • - Uma variedade de anomalias cerebrais foi descrita na esquizofrenia: • - Aumento ventricular, • - Aumento sulcal, • - Diminuição do tamanho cerebral • - Redução no tamanho de sub-regiões do cérebro como o hipocampo, lobos temporais ou lobos frontais. A.11 Funcionamento Pré-Mórbido - Estudos evidenciam que pessoas que desenvolveram esquizofrenia mais tarde, sinais já estavam presentes antes do início da psicose, na infância. Como: - Desempenho escolar baixo com piora na adolescência. - Perturbações no comportamento social - Déficits motores - Maior taxa de desenvolvimento motor atrasado ou anormal. - Pacientes pode apresentar personalidade esquizoide ou esquizotípica antes de abrirem o quadro de esquizofrenia - Sintomas obsessivos-compulsivos na adolescência, pode preceder os sintomas da doença - Afeto anormal, discurso incomum, ideias bizarras, experiências percentuais estranhas. - Ex: Interesse incomum por ideais abstratas, filosofia, questões ocultas e religião. Lucas Silva Página � de �3 11 A.12 Pródromos - Sinais e sintomas inespecíficos - Adolescência: - Depressão - Retraimento social - Irratabilidade - Desconfiança - Distorções perceptivas - Declínio escolar * Não está indicado o uso de AP nesta fase A.13 Diagnóstico Diferencial - Transtornos psicóticos secundários: - Ampla variedade de medicamentos podem provocar sintomas psicóticos: - Alucinógenos, Epilepsia, Tumos SNC, TCE, AIDS, Demência, Deficência B12 - Atenção para sintomas raros, e alteração do nível de consciência, ainda que já haja diagnóstico - Outros transtornos psicóticos - Transtorno psicótico breve dura 1 dia a < 1 mês, e transtorno esquizofreniforme a partir de um mês, mas < 6 meses. - Transtorno esquizoafetivo tem marcantes episódios de humor concomitantes - Transtorno delirante persistente predominam delírios não bizarros I) Transtorno de Humor: tanto os episódios de Transtorno esquizoafetivo tem marcantes episódios de humor concomitantes. • Transtorno delirante persistente predominam delírios não bizarros. Transtornos de humor: Tanto os episódios depressivos maiores quanto maníacos podem cursar com sintomas psicóticos. Geralmente congruentes com o humor. II)Transtornos de personalidade: esquizotípico, esquizoide e borderline. Nesses casos os sintomas são mais brandos e persistentes ao longo da história de vida do paciente III) Transtorno factício e simulação. IV) Transtornos dissociativos. A.14 Tratamento • - Não existe um só tratamento para esquizofrenia. Todas intervenções terapêuticas devem ser adaptadas às necessidades singulares de cada paciente. • - A partir dos anos 1950, houve uma revolução no tratamento dos esquizofrênicos com o desenvolvimento dos psicofármacos conhecidos como “antipsicóticos”. • - 1° “antipsicótico” > clorpromazina, inicialmente desenvolvida para fins anestésicos. • - Embora não curativos, os neurolépticos são a base do tratamento em todos os estágios da doença. No entanto, eles têm uma taxa de resposta de cerca de 70%. • - Esse fato tem estimulado a procura de novos antipsicóticos e reafirma a necessidade de associar outras intervenções. • - Não existe prevenção: foco no tratamento precoce e continuado • - Tratamento farmacológico, psicoterapêutico e ocupacional • - Suporte psicossocial • - Avaliar outras comorbidades clínicas e psiquiátricas. A.15 Tratamento Farmacológico - Passos no tratamento farmacológico: 1) Monoterapia com Antipsicótico: ajuste da dose - controlar a adesão 2) Troca de antipsicótico (testar pelo menos 2 medicamentos) 3) Clozapina 4) Combinação com outros medicamentos: ECT Eletroconvulsoterapia * Mediante risco de suicídio, discinesia, ou distonia, a clozapina pode ser a primeira escolha. I - Monoterapia com Antipsicótico – critérios de preferência: • • 1- Resposta prévia (melhor preditor de resposta) • 2- Perfil de efeitos colaterais (p. ex., usar AP mais sedativo em pacientes agitados) • 3- Preferência do paciente • 4- Grau de adesão ao tratamento • 5- Intolerância a efeitos colaterais extrapiramidais (ECEs) • 6- Doenças orgânicas ou condições físicas associadas (p. ex., em pacientes com convulsões, deve evitar o uso de Aps de baixa potência e clozapina). • 7- Em mulheres com alterações na duração do ciclo menstrual ou amenorreia: AP com menor probabilidade de aumento de prolactina (p. ex., aripiprazol). • 8- Em idosos: evitar AP com muito efeito anticolinérgico (p. ex., clorpromazina e neozine). • 9- Em pacientes com fatores de risco para DM, obesidade, idade superior a 50 anos, sedentarismo, tabagismo, Lucas Silva Página � de �4 11 hipertensão, hiperglicemia, hipertrigliceridemia ou doença coronariana: ter cautela no uso de APs que possam precipitar síndrome metabólica (p. ex., olanzapina). • 10- Em pacientes com cardiopatias, ter cautela com AP de baixa potência, que possam aumentar intervalo QT (p. ex., clorpromazina, tioridazina). • 11- Em gestantes evitar AP no 1° trimestre, mas se necessário, prescrever haloperidol. II - Troca de antipsicótico (testar pelo menos 2 medicamentos) • - Mediante a resposta parcial, inicialmente aumenta-se até a dose máxima após seis semanas de uso do AP escolhido no primeiro momento – que de deve ser introduzido numa dose média – e verifica- se a resposta por mais duas semanas, caso a resposta terapêutica não seja alcançada, deve-se trocar o AP, preferencialmente de por AP de outra classe. III - Clozapina • - AP mais eficaz. • Utilizar mediante refratariedade, que é quando utiliza-se dois APs em dose terapêutica por pelo menos 6 semanas • - A substituição do AP a ser substituído deve ser feita por meio de redução gradual da dose e a introdução da clozapina também deve ser gradativa e acompanhada de hemograma semanal nos 6 primeiros meses*, devido risco raro mas potencialmente grave de agranulocitose. • - Outras indicações: esquizofreniacom discinesia e/ou distonia; esquizofenia com risco de suicídio. Clozapina diminui risco de suicídio. IV – Esquizofrenia ultrarrefratária • 1- Associação de outro AP. • 2- Associação de estabilizador de humor • 3- Clozapina e ECT. A.16 Intervenções Psicossociais • - Psicoeducação: Informar paciente e familiares sobre a doença é fundamental, reduzem o nível de emoção expressa entre os familiares e diminui taxas de recaída • - TCC: Ajuda os pacientes a compreender racionalmente a experiência dos sintomas psicóticos • - Terapia de remediação cognitiva: Objetiva restaurar a função cognitiva e compensar déficts estabelecidos • - Treinamento de habilidades sociais: - Objetiva ajudar os pacientes nas tarefas cotidianas envolvendo autocuidado, diálogo, habilidades ocupacionais e recreação • - Outras abordagens psicossociais incluem tratamento comunitário assertivo (abordagem comunitária integrada que objetiva engajar o paciente nos processos comunitários), emprego supervisionado, entrevistas motivacionais e intervenções de apoio para melhorar adesão. Há pouca evidência de eficácia de terapias psicodinâmicas na esquizofrenia. A.17 Classificação dos Antipsicóticos - AP’s convencionais, típicos, clássicos ou de primeira geração: • - Baixa potência: Clorpromazina, Levomepromazina, Tioridazida • - Alta potência: Haloperidol, Trifluoperazina, Flufenazina, Pimozida, Zuclopentixol Apresentam atuação mais incisiva nos sintomas psicóticos positivos. - AP’s atípicos ou de segunda geração: • - Clozapina, Olanzapina, Quetiapina, Asenapina, Risperidona, Paliperidona, Ziprazidona, Aripiprazol Apresentam atuação em sintomas psicóticos positivos e negativos. A.18 Mecanismo de ação (geral) dos antipsicóticos • - Todos eles têm em comum a ação farmacológica de bloquear os receptores dopaminérgicos. • • - Suposta fisiopatologia da psicose > combinação de hiperfunção da dopamina e hipofunção do glutamato no sistema neuronal, juntamente com um envolvimento pouco esclarecido dos receptores da serotonina (5HT2) e um balanço entre esses receptores com os receptores dopaminérgicos (D2). • • - A atividade terapêutica dos antipsicóticos parece estar relacionada, predominantemente, com o bloqueio da dopamina nos receptores pós-sinápticos do tipo D2. Mas, possivelmente, os antipsicóticos apresentam os mais complexos mecanismos farmacológicos entre qualquer classe de psicofármacos, Lucas Silva Página � de �5 11 atuando também em receptores noradrenérgicos, serotoninérgicos e histaminérgicos. A.19 Indicações de Antipsicóticos • - Esquizofrenia • - Transtorno Delirante Persistente • - Transtorno Esquizoafetivo • - Episódios Psicóticos Agudos • - Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) • - Retardo Mental (RM) e Autismo com comportamento agressivo • - Agitação psicomotora e agressividade • - Depressão Grave com sintomas psicóticos • - Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) Grave • - Transtorno de Personalidade emocionalmente instável tipo Borderline • - Transtorno de Estresse Pós Traumático (TEPT) • - Síndrome de Tourette e outros tiques A.20 Efeitos colaterais de antipsicóticos - De uma forma geral, pode-se destacar: • - APs típicos são frequentemente marcados pelos efeitos extrapiramidais e elevação da prolactina podendo ocasionar galactorreia. • • - APs atípicos são frequentemente marcados por ganho de peso e alterações metabólicas. • • - Sintomas extrapiramidais Resultado da ação do medicamento na via nigroestriatal, onde parece haver um balanço entre as atividades dopaminérgicas e colinérgicas. Desta forma, o bloqueio dos receptores dopaminérgicos provocará uma supremacia da atividade colinérgica e, consequentemente, surgimento dos sintomas ditos extrapiramidais. - - Distonia Aguda - - Acatisia - - Parkinsonismo - - Discinesia tardia - - Síndrome Neuroléptica Maligna • • • • • A) Distonia Aguda Movimentos espasmódicos da musculatura do pescoço, boca, língua e às vezes um tipo de crise oculógira, quando os olhos são forçadamente desviados para cima. Ocorre em até 48h após o início do uso do AP. Cd: antiparkinsoniano (biperideno 4mg IM); manutenção 2 a 4mg/dia VO. • • B) Acatisia Inquietação psicomotora, desejo incontrolável de movimentar-se e sensação interna de tensão. Iniciado após o 3° dia de uso do AP. Cd: diminuição da dose do AP + betabloqueador (propanolol 30-120mg) • • C) Parkinsonismo Rigidez muscular, sinal da roda dentada, tremor de extremidades, hipertonia e rigidez muscular, hipercinesia e fácies inexpressiva. Iniciado após a primeira semana de uso do AP. Cd: biperideno 2 a 6mg/dia; triexifenidil 5 a 10mg/dia; avaliar troca de AP. • D) Discinesia tardia Movimentos involuntários, principalmente da musculatura oro-língua-facial, acompanhados de movimentos sincrônicos da mandíbula. O tronco, os ombros e os membros também podem apresentar movimentos discinéticos. Geralmente iniciados após o uso crônico, após a 2 anos de uso de AP. Cd: considerar uso de clozapina; BZP, anticolinérgico e toxina botulínica podem contribuir. • E) Síndrome Neuroléptica Maligna Intensa rigidez muscular, flutuações do nível de consciência, instabilidade autonômica (alterações de pulso, PA, frequência respiratória) e hipertermia. Cd: suspender AP que desencadeou; suporte clínico; e iniciar clozapina após a estabilização. Lucas Silva Página � de �6 11 B. Transtor Delirante Persistente • - Prevalência estimada em 0,2-0,3%. • - Todavia, estima-se grande subdiagnóstico pois estes pacientes dificilmente procuram avaliação psiquiátrica. • - Comumente apresentam-se para avaliação levados pela família ou por determinação judicial. • - Idade média de início = 40 anos. Início mais tardio que a esquizofrenia. • - Mas pode apresentar-se dos 18 a mais de 90 anos. • - Há leve preponderância nas mulheres, nas quais é mais comum erotomania, enquanto nos homens predominam delírios paranoides. B.1 Curso e Prognóstico • - Alguns dados apontam que um estressor psicossocial identificável frequentemente acompanha o início do transtorno. Estes estressores incluem, p. ex., imigração recente, conflito social e isolamento. • - Acredita-se que a inteligência desses pacientes seja abaixo da média, e a personalidade pré-mórbida extrovertida, dominante e hipersensível. • - ≈50% recuperam-se no seguimento de longo prazo, ≈20% reduzem os sintomas e ≈30% seguem com sintomas pronunciados. • - Fatores de bom prognóstico: Boa funcionalidade prévia, sexo feminino, início <30 anos, início súbito, duração curta, presença de precipitantes. B.2 Etiologia • - O transtorno delirante persistente, assim como a esquizofrenia, mencionada anteriormente, e o transtorno esquizoafetivo, também representa provavelmente um grupo heterogêneo de condições. • - Apoiam a influência genética estudos que evidenciam maior risco do transtorno e de traços relacionados da personalidade (p. ex, desconfiança, ciúmes) em parentes dos pacientes. • - Seguimentos de longo prazo indicam que o curso do transtorno é estável. • - 25% são reclassificados como esquizofrenia, e 10% como t. Humor. B.3 Etiologia: Fatores Biológicos • - Ainda não são muito bem entendidos a soma de fatores que tornariam os indivíduos mais propensos a delirar. • - Condições neurológicas mais envolvidas com delírios afetam o sistema límbico e núcleos da base. • - Delírios também podem derivar de experiências perceptuais anormais. Esta hipótese postula que vivências semelhantes a alucinações levariam a esforços paraexplicá-las. B.4 Etiologia: Questões psicodinâmicas • - Teorias psicodinâmicas específicas para o transtorno delirante envolvem suposições acerca de pessoas hipersensíveis e com mecanismos específicos do ego (formação reativa, projeção e negação) • - Freud acreditava que o delírio, ao invés de um sintoma da doença, seria parte do processo de cura. Ele descrevia a projeção como principal mecanismo de defesa da paranoia. • - Para Normam Cameron, quando frustações dos pacientes excediam um limite tolerável, eles se tornariam retraídos e ansiosos, perceberiam que algo estava errado, buscariam explicações, e cristalizariam delírios como solução. B.5 Diagnóstico (DSM 5) A – Presença de um ou mais delírio(s) por período ≥ um mês B – O critério A para esquizofrenia jamais foi atendido - Obs: Alucinações, se presentes, não são proeminentes e tem relação com tema do delírio C – Exceto pelo impacto do delírio ou seus desdobramentos, o funcionamento não está gravemente prejudicado, e o comportamento não é claramente bizarro (como frequentemente é observado nas esquizofrenias). D – Se episódios maníacos ou depressivos ocorreram, foram breves em relação a duração total da doença E – A perturbação não é atribuível aos efeitos de substâncias, a condições médicas gerais ou a outros transtornos psiquiátricos (p. ex., transtorno dismórfico corporal) Lucas Silva Página � de �7 11 B.6 Características Associadas • - Problemas sociais, conjugais ou profissionais podem ser consequências de crenças ou transtorno delirante. • - Indivíduos com transtorno delirante podem ser capazes de descrever, de forma factual, que outras pessoas veem suas crenças como irracionais; são incapazes, no entanto, de aceitar isso (i.e., pode existir “insight dos fatos”, mas não um insight verdadeiro). • - Humor irritável ou disfórico, raiva e comportamento violento podem ocorrer com os tipos persecutório, ciumento e erotomaníaco. A pessoa pode se envolver em comportamento litigioso ou antagonista (p. ex., envio de centenas de cartas de protesto ao governo). • - Podem ocorrer dificuldades legais especialmente nos tipos ciumento e erotomaníaco. B.7 Subtipos • 1) Persecutório: Uma apresentação clássica do transtorno, é o mais prevalente. Os pacientes têm convicção de que estão sendo perseguidos ou prejudicados de alguma forma. Frequentemente isto leva a querela, irritabilidade e raiva. Pode levar a importante agressividade e até ato homicida. • 2) De ciúme: O delírio de infidelidade também é chamado “paranoia conjugal”, se limitado a crença de traição do cônjuge. Mais comum em homens e de tratamento dificílimo. • 3) Erotomaníaco: Síndrome de Clérambaut. A pessoa tem a convicção delirante de que outra pessoa, em geral de status social superior, está apaixonada por ela. Esses pacientes tendem a ser isolados, sexualmente retraídos e terem baixo desempenho social/profissional. Mais comum em mulheres. Afastar o paciente da figura alvo do delírio pode ter resultado satisfatório. • 4) Somático: Também conhecida por psicose hipocondríaca monossintomática, diferencia-se dos transtornos relacionados a sintomas somáticos / ansiedade de doença, por apresentar um delírio fixo, indiscutível. P. ex., delírio de infestação, hipocondria. • 5) Grandioso: Presença de delírios de grandeza, também conhecidos por megalomania, sem caracterizar episódio maníaco ou esquizofrenia. B.8 Diagnósticos Diferenciais • - Em geral, a gama de diagnósticos diferenciais inclui todos aqueles de esquizofrenia. • - Como em qualquer diagnóstico diferencial de transtornos psicóticos, é essencial propedêutica médica adequada para excluir causas médicas gerais. • - Colher história de uso de substâncias é fundamental. B.9 Tratamento • - A perspectiva de má resposta ao tratamento do passado tem se tornado um pouco menos pessimista. • - E fundamental desenvolver uma boa relação médico-paciente. O que é muito difícil de se alcançar com estes pacientes. • - Os pacientes frequentemente se apresentarão para tratamento pela primeira vez contra sua vontade, e o psiquiatra deverá avaliar o prejuízo funcional e sofrimento aos quais o paciente tem sido submetido. B.10 Tratamento Psicoterápico • - Terapias individuais tem se mostrado mais efetivas. • - Abordagens úteis incluem: Terapias orientada para o insight, de suporte, cognitivas e comportamentais. • - Inicialmente não se deve confrontar as crenças delirantes do paciente, mas mostrar-se preocupado em ajuda-lo com sua ansiedade e irritabilidade. • - Quando os pacientes começarem a oscilar em suas crenças delirantes o terapeuta poderá aumentar o teste de realidade pedindo que o paciente esclareça suas preocupações. - A decisão de envolver a família do tratamento, se disponível, deverá ser tomada com o cuidado de manter o sigilo. O indicador de sucesso da terapia muitas vezes será a melhora do ajustamento social ao invés da eliminação completa dos delírios. B.11 Tratamento Psicofarmacológico • - Em emergências, comumente aplicam- se antipsicóticos IM. • - É essencial explicar os efeitos colaterais das medicações, para que o paciente não se sinta prejudicado/ enganado. • - De modo geral a recomendação é iniciar os antipsicóticos em dose baixa. Se após ensaios adequados o paciente - Lucas Silva Página � de �8 11 não obtiver benefício da droga, é recomendado descontinua-la. • - Os pacientes podem se beneficiar também de estabilizadores de humor. C. Transtorno Esquizoafetivo • - O termo esquizoafetivo foi introduzido na psiquiatria em 1933 por Jacob Kasanin para se referir a pacientes que combinavam características de esquizofrenia e transtornos de humor. - Início agudo de alterações perceptuais e “tumulto emocional" que eram tipicamente preciptados por uma situação ambiental difícil. • - O diagnóstico do t. Esquizoafetivo permaneceu um pouco ambíguo, embora tenha alcançado o reconhecimento e seja cada vez mais atribuído a indivíduos em contextos clínicos. • - O transtorno esquizoafetivo combina características da esquizofrenia com as de transtornos do humor • - Em geral recebem esta classificação: • - Pacientes com esquizofrenia + sintomas de humor • - Pacientes com transtorno de humor + sintomas esquizofrênicos • - Pacientes que preencheriam critérios tanto para esquizofrenia quanto para transtornos de humor • - Pacientes com psicose não esquizofrênica + T. humor • - Pacientes cujo transtorno está num continuum entre esquizofrenia e transtornos de humor • - Pacientes com alguma combinação das situações acima C.1 Epidemiologia • - Prevalência ao longo da vida entre 0,5-0,8%. • - Prevalência entre os sexos: • - Homens = mulheres para o tipo bipolar • - > 2x + Mulheres que homens para o tipo depressivo • - Tipo bipolar mais comum em adultos jovens, tipo depressivo mais comum em idosos. • - Homens com transtorno esquizoafetivo tendem a apresentar mais comportamento antissocial e afeto embotado ou inapropriado. C.2 Etilogia • - A etiologia é desconhecida. • - A hipótese mais provável é de que este diagnóstico constituiria um grupo heterogêneo de transtornos. • - Estudos genéticos trazem evidências de que a esquizofrenia e os transtornos de humor compartilhariam bases fisiopatológicas. • - Como um grupo, pacientes com transtorno esquizoafetivo tendem a ter curso mais favorável e melhor resposta a lítio que pacientes com esquizofrenia. • - Como um grupo, também apresentam melhor prognóstico que pacientes esquizofrênicos,mas pior prognóstico que pacientes com transtorno de humor. C.3 Diagnóstico - DSM5 • A – Período ininterrupto de doença no qual há episódio depressivo maior/ maníaco, concomitante com critério A da esquizofrenia. Obs: O episódio depressivo maior deverá incluir obrigatoriamente “humor deprimido” • B – Delírios ou alucinações ocorreram por duas semanas ou mais na ausência de episódio de humor, ao longo da vida. • C – Os sintomas que satisfazem os critérios para episódio de humor estão presentes na maior parte da duração total das fases ativa e residual da doença. • D – A perturbação não pode ser atribuída aos efeitos de uma substância ou outra condição médica C.4 Subtipos e especificadores • 1) Tipo bipolar: Aplica-se quando episódio maníaco fizer parte da apresentação, podendo incluir também episódios depressivos maiores. • 2) Tipo depressivo: Aplica-se se apenas episódios depressivos maiores fizerem parte da apresentação da doença. • 3) Com catatonia: Se presença desta condição associada. • 4) Especificadores de curso: assim como para F20, usar apenas se duração ≥ 1 ano. Lucas Silva Página � de �9 11 C.5 Diagnóstico Diferencial • - Em geral, a gama de diagnósticos diferenciais inclui todos aqueles de esquizofrenia e transtornos do humor. • - Como em qualquer diagnóstico diferencial de transtornos psicóticos, é essencial propedêutica médica adequada para excluir causas médicas gerais. • - Colher história de uso de substâncias é fundamental. C.6 Curso e prognóstico • - É difícil definir curso e prognóstico a longo prazo dada a heterogeneidade do transtorno. • - Podem apresentar cursos mais próximos aos de transtorno de humor, ou da esquizofrenia. • - Presumivelmente predominância de sintomas esquizofrênicos prediz pior prognóstico. • - Infelizmente, o prognóstico da maioria dos pacientes é mais próximo daquele observado na esquizofrenia. • - Uma parcela dos portadores podem ter seus diagnósticos revistos, recebendo o diagnóstico de esquizofrenia ou transtorno de humor posteriormente. C.7 Tratamento • - Antipsicóticos são fundamentais para tratamento dos sintomas psicóticos em si. • - Estabilizadores de humor tem papel de destaque no quadro de humor. • - Quando em episódios maníacos, devem ser tratados agressivamente com drogas com propriedades estabilizadoras do humor, assim como os bipolares. • - Na fase de manutenção, podem ser utilizados estabilizadores em menores dosagens. • - O tratamento de episódios depressivos também espelha as diretrizes para tratamento de depressão bipolar. Com o devido cuidado de não precipitar virada maníaca com antidepressivos. • - ECT deve ser considerado para os episódios de humor refratários. C.8 Tratamento Psicofarmacológico • - Os algoritmos de tratamento do transtorno esquizoafetivo em geral consistem em: 1. 1) Antipsicóticos em monoterapia, sobretudo: Risperidona, olanzapina, quetiapina, clozapina 2. 2) APs + Estabilizadores de humor 3. 3) APs + ISRS 4. • - Pela dificuldade em se estabelecer um tratamento baseado em estudos controlados, usualmente foca-se nos sintomas dos pacientes, e o uso de combinações e polifarmácia parece ser a regra C.9 Suporte Psicossocial • - Há ganho importante de tratamentos adjuvantes com: Terapia familiar Treinamento de habilidades sociais Reabilitação cognitiva • - A psicoeducação do paciente e familiares também é essencial, uma vez que é geralmente muito difícil compreender as variações de humor e necessidades dos pacientes. • - Essas abordagens são de suma importância para a melhoria do funcionamento social e profissional desses indivíduos. D. Resumo D.1 Transtornos psicóticos com características esquizofrênicas 1) Transtorno Psicótico Breve Características diagnósticas da esquizofrenia, duração de 1 dia a 1 mês. Após esse período ocorre remissão dos sintomas. Não pode ser causado por algum quadro psiquiátrico de base, orgânico ou de uso de substâncias. Especifica-se se ocorreu com ou sem estressor e se foi no pós-parto. • • 2) Transtorno esquizofreniforme Características diagnósticas da esquizofrenia, duração de 1 mês a 6 meses. Após esse período, ≈1/3 terá remissão; e ≈2/3 terão a confirmação de um diagnóstico de esquizofrenia ou de transtorno esquizoafetivo. não pode ser causado por algum quadro psiquiátrico de base, orgânico ou de uso de substâncias. • 3) Transtorno Delirante induzido • Transtorno delirante raro partilhado por duas ou, ocasionalmente, mais pessoas que mantém laços emocionais íntimos. • Somente uma pessoa sofre de um transtorno psicótico genuíno; os delírios são induzidos no(s) outro(s) e Lucas Silva Página � de �10 11 usualmente desaparecem quando as pessoas são separadas. • Classicamente descrita por folie à deux. D.2 Outros transtornos psicóticos • 1) Transtorno esquizotípico (CID10) • - Caracterizado por comportamento excêntrico e anomalias do afeto e do pensamento, embora nenhuma anomalia esquizofrênica definida tenha ocorrida. • - Manifestações (3 ou 4 por 2 anos): afeto inapropriado e constrangido; comportamento e aparência estranha; tendência ao retraimento social; crenças estranhas e pensamento mágico; suspeita ou ideias paranoides; rumissões obsessivas; experiências sensoperceptivas incomuns; pensamento vago, circunstancial, metafórico, manifestado por um discurso estranho, sem incoerências grosseiras; episódios quase psicóticos e transitórios. • - Curso crônico, com flutuações de intensidade; ocasionalmente evolui para esquizofrenia. • - Parte do “spectrum” da esquizofrenia. “esquizofrenia boderline”; “esquizofrenia latente”. • - Raramente buscam tratamento. • - Tratamento: estabelecer uma aliança de tratamento; psicoterapia de apoio individual; TCC; terapia de habilidades sociais de grupo; AP’s em baixa dosagem. D.3 Transtornos de personalidades com características psicóticas grupo A (bizarro ou excêntrico > paranoide, esquizoide e esquizotípico) • 1) Transtorno de personalidade paranoide: • - Caracterizado por um padrão de desconfiança e suspeita difusa dos outros. Esse padrão começa no início da vida adulta e está presente em contextos variados. • - Geralmente de difícil convivência e apresentam frequentes problemas nos relacionamentos íntimos. Sua desconfiança e hostilidade excessivas podem se expressar sob a forma de argumentações ostensivas, queixas recorrentes. • - Hipervigilantes em relação a ameaças potenciais, podem agir de maneira discreta, secreta ou indireta e parecer “frios” e sem sentimentos afetivos. Ainda que possam parecer objetivos, racionais e não emotivos, frequentemente demonstram labilidade afetiva, com predomínio de expressões hostis, inflexíveis e sarcásticas. Sua natureza combativa e desconfiada pode provocar uma resposta hostil em outras pessoas, a qual, então, serve para confirmar suas expectativas originais. • - Tratamento: estabelecer uma aliança de tratamento; psicoterapia de apoio individual; AP’s para descompensação psicótica. • 2) Transtorno de personalidade esquizoide: - A característica essencial do transtorno da personalidade esquizoide é um padrão difuso de distanciamento das relações sociais e uma faixa restrita de expressão de emoções em contextos interpessoais. Esse padrão surge no começo da vida adulta e está presente em vários contextos. - Suas vidas parecem por vezes sem rumo, e eles podem aparentar estar “à deriva” em relação a seus objetivos. Tais indivíduos frequentemente reagem de forma passiva a circunstânciasadversas e apresentam dificuldade em reagir adequadamente aos acontecimentos. - Pode surgir como o antecedente pré- mórbido de transtorno delirante ou esquizofrenia. - Tratamento: psicoterapia de apoio individual; psicoterapia psicodinâmica individual; TCC; e psicoterapia de grupo. Lucas Silva Página � de �11 11