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DOS VÍCIOS REDIBITÓRIOS (1)

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DOS VÍCIOS REDIBITÓRIOS
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1. Conceito:
Conhecido também por vício oculto;
Figura do direito civil, aplicada aos contratos; 
Traduz a ideia de um defeito de forma oculta no bem ou coisa objeto de uma venda, e do qual o comprador não poderia tomar conhecimento quando efetuou o negócio e que torne seu uso ou destinação imprestável ou impróprio, ou ainda diminuindo-lhe o valor; 
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art. 441 do CC:
Art. 441. “A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas”. 
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2. Requisitos:
Requisitos para a configuração de um Vício Oculto e possível responsabilização:
O bem deve ter sido recebido em razão de um contrato comutativo ( Ex: Compra e Venda, Locação, Empreitada, etc.);
O vício oculto deve ser prejudicial ao uso da coisa ou ser determinante da diminuição do seu valor;
Deve ser oculto ( oposto de aparente);
Deve existir no momento do contrato, mas manifestar-se após a sua conclusão; 
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 3. Direitos do Adquirente:
O Adquirente possui as seguintes possibilidades:
i. Devolver ao bem e receber de volta o preço pago (Redibição);
ii. Ficar com o bem pleiteando um abatimento (art. 442 do CC)  É UM DIREITO DO ADQUIRENTE E INDEPENDE DA EXTENSÃO DO VÍCIO;
Entendimento de que aquele que pretende redibir o contrato deve demonstrar que com o vício não se poderá manter o contrato ou que se torna inviável a satisfação de suas necessidades;
Art. 442. “Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço”.
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4. AÇÕES CORRESPONDENTES :
 CHAMADAS DE AÇÕES EDILÍCIAS OU EDILIANAS:
Para exercitar tais direitos são cabíveis as seguintes ações:
Ação REDIBITÓRIA: 
Visa o desfazimento do contrato;
ii. Ação Quanti Minoris:
Quando se busca o abatimento do preço; 
Se optar por esta ação poderá cumular seu pedido com perdas e danos;
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E se o alienante não sabia do vício? 
Independe se o mesmo esteja de boa ou má-fé;
Mesmo assim vai ter responsabilidade pela redibição ou pelo abatimento;
OBS: MÁ-FÉ  Art. 443 do CC  Assume a responsabilidade pelos prejuízos causados  prescrição? Art. 206 do CC:
Art. 443. “Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato”.
Art. 206. “Prescreve:
§ 3º Em três anos:
V - a pretensão de reparação civil”;
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5. DOS PRAZOS:
OS PRAZOS DAS AÇÕES EDILÍCIAS POSSUEM NATUREZA DECADENCIAL;
Art. 445 do CC:
Art. 445. “O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
§ 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis. 
§ 2o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria”. 
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 OBS: QUE O PRAZO PARA SE PLEITEAR PERDAS E DANOS É PRESCRICIONAL E É DE 03 ANOS; 
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6. DAS ESPÉCIES DE VÍCIOS:
Se retira da leitura do art. 445 do CC:
Caput do art. 445 do CC:
Quando o vício redibitório pode ser conhecido desde logo;
Prazo decadencial se INICIA COM A EFETIVA ENTREGA DA COISA OU DA ALIENAÇÃO SE O ADQUIRENTE ESTAVA JÁ COM A POSSE DO BEM; 
ii. Parágrafo Primeiro do art. 445 do CC:
Quando o vício por sua natureza somente poderá ser conhecido mais tarde;
Prazo somente se inicia quando o adquirente tomar ciência do vicio; 
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Disciplina do CC:
Condiciona o início dos prazos decadenciais ao conhecimento do vício pelo adquirente;
Depois da ciencia o prazo decadencial para a AÇÃO REDIBITÓRIA OU DE ABATIMENTO DE PREÇO É:
 - Prazo de 180 dias para bens MÓVEIS;
Prazo de 01 ano para bens IMÓVEIS; 
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7. DA VENDA DE ANIMAIS: 
Previsão no parágrafo segundo do art. 445 do CC:
§ 2º. “Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria”. 
Serão estabelecidos em lei especial;
Se não houver  usos e costumes locais;
Se ainda faltar lei quanto aos usos e costumes  prazo do parágrafo anterior;
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§ 1º. “Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis”. 
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EVICÇÃO
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1. CONCEITO: 
 Vem do vocábulo latino ex vincere  vencer;
Na vigência do vetusto Código Civil de 1916 para se configurar a evicção era essencial que a coisa fosse perdida em razão de sentença judicial decorrente de ação reivindicatória (art. 1.117, II C.C./1916); CC de 2002? Não faz a mesma exigencia;
Aceita-se a responsabilidade por evicção na apreensão da coisa por autoridade policial;
O vício tem que se dar na titularidade do direito do alienante sobre determinado objeto e, não incide nesse, pois que, se neste for o defeito, e se oculto, tratar-se-á de vício redibitório e, não de evicção.
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 Evicção seria a perda total, ou parcial, da coisa alienada, por força de decisão judicial, baseada em causa preexistente ao contrato;
 Garantia que se aplica aos contratos comutativos e onerosos que impliquem na transmissão de direitos;
Não se restringe aos contratos de compra e venda;
Embora alguns doutrinadores defendem que a responsabilidade por evicção só é aplicável às alienações onerosas  naquelas em que houve prestações e contraprestações recíprocas;
Aplica-se todavia, aos contratos de compra e venda, permuta e também na dação em pagamento e sociedade.
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Art. 447. “Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública”.
Para ser aplicada a evicção deve haver a equivalencia entre as obrigações das partes;
Não se aplica aos contratos em que a liberalidade permanece  doação pura e simples, comodato;
E se a doação for com encargo? Neste caso, o doador responde por evicção; 
 Personagens na evicção:
i. EVICTOR: o real proprietário que pretende reaver a propriedade perdida;
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ii. EVICTO: aquele adquirente que tem a propriedade ou posse da coisa;
iii. ALIENANTE: aquele que alienou o bem ao adquirente.
Segunda parte do art. 447 do CC:
Garantia da evicção ainda quando o bem for vendido em hasta pública  persistindo a responsabilidade do alienante;
Também permanece a responsabilidade do alienante ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, salvo se o evicto agiu com dolo  daí este fica responsável pela deterioração:
Art. 451. “Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente”.
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Ex: 
Se o adquirente causa danos de forma intencional ao automóvel que veio a perder  o alienante deve pagar só o valor do carro danificado;
Agora, se a batida ocorrer por simples culpa  o alienante paga o valor integral, como se a batida jamais tivesse ocorrido; 
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2. DIREITOS DO EVICTO:
Art. 450. “Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou:
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção;
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial”.
 Então, o valor atual ao tempo da evicção é direito já consagrado pelo doutrina e jurisprudencia;
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Além do valor atual o alienante deverá pagar ao evicto as hipóteses descritas nos incisos do art. 450 do CC; 
Até mesmo lucro cessante  conforme jurisprudencia; 
 Os ônus sucumbenciais para serem restituídos na ação reivindicatória que culminou na perda da coisa;
Além disso deve ser observado o art. 453 do CC:
Art. 453. “As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante”.
 Se houver benfeitorias o alienante deve pagar o valor das úteis e necessárias  salvo se tal valor tiver sido pago já pelo evictor; 
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E as benfeitorias voluptuárias?
Em princípio não teria direito à indenização, podendo retirar da coisa, desde que não acarrete a destruição da mesma;
Observar os artigos 448 e 449 do CC:
Art. 448. “Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção”.
Art. 449. “Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu”.
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Podem as partes acordar sobre a responsabilidade do alienante? Sim, conforme o art. 448 do CC;
A responsabilidade poderá ser reforçada, diminuída ou até mesmo suprimida pelas partes;
No entanto, o direito do evicto de recobrar o preço pago permanece mesmo que presente a CLÁUSULA EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE SE NÃO SOUVE DO RISCO DA EVICÇÃO, E, SE INFORMADO, NÃO O ASSUMIU. 
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3. DA CONVENÇÃO SOBRE A EVICÇÃO:
Se for admitido o reforço qual será o limite?
O valor total dos prejuízos sofridos pelo adquirente;
Aplica-se por analogia a previsão da cláusula penal:
Art. 412. O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal.
Supressão da garantia?
Também conhecida como pacta de non praestanda evictione;
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Observar que em razão da função social do contrato e a boa fé objetiva que deve reger os contratos até mesmo em suas negociações preambulares, também a exclusão de responsabilidade por evicção pode sofrer certas limitações e deve ser entendida como acordo firmado entre as partes;
Surgem assim 3 possibilidade:
i. Se o contrato possui cláusula excludente de responsabilidade de evicção e o adquirente é informado de que a coisa alienada pende litígio (AÇÃO REINVINDICATÓRIA)  FALA-SE EM CONTRATO ALEATÓRIO E O RISCO É ASSUMIDO PELO ADQUIRENTE  ART. 457 DO CC; 
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ii. Se o contrato tinha cláusula excludente de responsabilidade, mas, o evicto não tinha ciência específica do risco da perda;
Neste caso, o alienante continua responsável pelo preço que pagou pela coisa, devendo restituí-lo ao evicto;
iii. Se o contrato tinha cláusula de exclusão de responsabilidade, e o adquirente é avisado do risco, mas não o assume, continua com o direito de receber o que pagou.
Como se exclui então a responsabilidade??
 O alienante além de informar cabalmente ao adquirente sobre os riscos da coisa, este ainda deve assumir os riscos, caracterizando, um contrato aleatório.
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4. DO EXERCÍCIO DOS DIREITOS PELO EVICTO:
Consoante determina o art. 455 do CC  a evicção parcial pode acarretar a rescisão do contrato ou o preço pago:
Art. 455. “Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização”.
  Parcial? Entendimentos de que não ultrapasse 20¢ do valor real da coisa;
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E se a perda não for considerável? Apenas o direito a indenização, mas sem por fim ao contrato  princípio da conservação dos negócios jurídicos. 
Como o evicto deve exercer seus direitos em razão da evicção?
Previsão do art. 456 do CC:
Art. 456. “Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo.
Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar de recursos”. 
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Deve o evicto notificar imediatamente o alienante ou outros, na forma da lei processual;
Cabe ao evicto promover a denunciação da lide com relação ao alienante (art. 70, I CPC), instaurando-se uma lide secundária entre eles;
Discussão se perderia o direito o evicto se não procedesse a denunciação  poderia ser por ação autonoma  STJ vem permitindo;
E se outros alienantes participarem da relação?
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A relação na verdade se dá entre o evicto e o alienante imediato, porém a responsabilidade de evicção acaba caindo sobre todos os alienantes  sucessivas denunciações a lide.
O adquirente evicto terá a faculdade ou não de contestar a lide proposta pelo evictor, feita a denunciação da lide, e se for manifesta a procedência da evicção, poderá o adquirente deixar de contestar ou usar de recursos.(art. 456, parágrafo único C.C.);
 Há parte da doutrina que defenda que há evicção sem sentença judicial, quando manifesto direito do evictor sobre a coisa alienada. A perda da coisa pode ocorrer até por ato administrativo como, por exemplo, a desapropriação.

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