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Resumo/ Imunologia Prova 3/ Aulas Marcelo/ Imunologia/Veterinária/UFPEL/2021

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Resposta imune contra vírus 
 
Os vírus de uma maneira geral, sejam eles envelopados ou não, são excelentes antígenos e indutores de resposta 
imunológica. 
Estão associados a enfermidades de alta morbidade/mortalidade nas diferentes espécies animais. 
A imunidade contra infecções virais depende da atuação integrada das respostas imune inata e adquirida. 
 
Sequência de eventos imunológicos após infecção viral 
Em geral, quando um vírus infecta um animal, inicialmente durante as primeiras horas e dias, de forma completamente 
inespecífica, ocorre resposta imune inata ou natural. 
O sistema imune responde contra os vírus através das células NK, interferon I (IFN I) e sistema complemento. 
Mais tarde surgem linfócitos T, linfócitos B e imunoglobulinas. 
Então, essa atuação integrada de resposta inata e adquirida é o que vai culminar com proteção ou redução dos sinais 
causados pelas infecções virais. 
 
Quatro pontos principais contra infecções virais 
- Interferon (INF-1): Existem vários tipos de interferon, para vírus é importante o IFN-1, representado pelo IFN-α e IFN-
β. 
São produzidos por diversas células. 
Ação antiviral é primariamente parácrina (ação local). 
 
Quando a partícula viral entra em contato com uma célula no organismo, o sistema imune detecta que tem algo errado 
através de receptores chamados Toll. São proteínas que possuem uma parte interna e outra externa, ancorados na 
membrana plasmática das células ou na membrana do endossoma. Esses receptores reconhecem os PAMP’s (padrões 
moleculares associados aos patógenos), que são proteínas, DNA’s, lipídeos, açúcares, que estão presentes apenas nos 
patógenos e são inespecíficos. 
A partir dai ocorrem cascatas de reações, fosforilando e desfosforilando moléculas até algumas dessas proteínas serem 
levadas ao núcleo da célula e ativar o gene do interferon. 
 
Indução e principais funções do INF-1 na resposta inata 
Após ser secretado, se liga aos receptores em células vizinhas, próximas ao local da infecção, ativando o estado de 
resistência antiviral, ou seja, informa a célula ao lado que existe uma infecção viral, fazendo com que essa célula tente 
controlar ou ao menos se preparar para a infecção. As células vizinhas então, reduzem a síntese de proteína, degradam 
RNA mensageiro (a intenção do vírus dentro da célula é produzir proteínas, para produzir mais vírus, se essa síntese de 
proteína estiver reduzida, automaticamente a quantidade de vírus que vai ser produzida é muito menor). 
 
Função do interferon: tentar bloquear a infecção viral nas células vizinhas. Ele faz isso induzindo o estado de resistência 
antiviral. Ocorre o reconhecimento dos PAMP’s pelos receptores Toll e ativação de uma cascada de reações que culmina 
com ativação dos genes do interferon, que é secretado e se liga aos receptores em células vizinhas, tendo vários papeis, 
o principal é estado de resistência antiviral, através de redução de síntese de proteínas e degradação de RNA 
mensageiros. 
 
Papeis adicionais 
Aumento de expressão de MHC1, ativação de células NK, ativação de linfócito T citotóxico, ativação de macrófagos, etc. 
Então, une resposta imune inata e adquirida. 
 
- Sistema complemento 
Conjunto de proteínas presentes no plasma na forma inativa, podendo ser ativado por 3 vias: 
- Via clássica: é ativada através da reação antígeno-anticorpo, quando existir anticorpos específicos contra um vírus, ou 
seja, quando animal já entrou em contato com o agente. 
- Via alternativa: deposição de C3b. 
- Via da Lecitina 
Há formação de MAC em alguns vírus envelopados. 
O sistema complemente possui função grande em bloquear infecção viral. 
 
- Células NK 
São linfócitos. Atuam fazendo lise direta da célula ou indireta através da secreção de citocinas. 
Reconhecem alterações como redução do MHC1 (de uma modo geral, todas as infecções virais reduzem expressão da 
molécula MHC1). 
Induzem a apoptose da célula através da secreção de perfurinas e granzimas 
Na resposta imune adquirida, onde existe presença de imunoglobulinas, a NK destrói o vírus através do ADCC 
(citotoxidade celular dependente de anticorpo). Quando uma célula é infectada por um vírus, e esse vírus começa a 
produzir proteína dentro da célula, se multiplicando, o sistema imunológico reconhece antígenos dessa célula através 
das imunoglobulinas. A NK reconhece a porção Fc da imunoglobulina, é ativada, degranula liberando granzimas e 
perfurinas, levando a lise celular. 
 
- Células dendríticas : 
É uma das principais células do sistema imunológico. 
Funções: 
Células dendríticas mielóides (mDCs) 
Importante função de apresentar antígenos aos linfócitos T e transferir antígenos aos linfócitos B. 
Células dendríticas plasmacitóides (pDCs) 
Principais células produtoras de IFN-I durante infecções virais e participam ativamente da estimulação das células NK. 
 
Resumo geral resposta inata 
1- Célula infectada por vírus: vírus é intracelular, produz proteínas dentro da célula. 
A primeira coisa que ocorre no sistema imunológico para detectar que existe uma vírus dentro da célula é o 
reconhecimento dos PAMP’s através dos receptores Toll, causando uma cascata de reações dentro da célula que vai 
culminar com ativação de vários genes de citocinas, entres eles o gene do interferon. 
2- O interferon é ativado e secretado pela célula, agindo nas células próximas (vizinhas). 
A função é prevenir as células vizinhas, para se prepararem para infecção. 
3- O interferon se liga em receptores nas células vizinhas. 
A primeira coisa que ocorre nas células vizinhas é a redução da síntese de proteína e degradação de RNA mensageiro. 
4- Ao mesmo tempo o interferon sinaliza a célula NK. 
A NK detecta redução do perfil de MHC1 e secreta perfurinas e granenzimas. 
5- Interferon ativa as células dendríticas. 
O principal papel das células dendríticas é produzir mais inteferon. 
6- Interferon ativa linfócito T citotóxico. 
Não faz parte necessariamente inicialmente dessa resposta inata, mas o LTc já fica sinalizado no caso do curso de uma 
resposta imunológica 
7- Inferferon potencializa atividade de macrófago. 
8- Ativação do sistema complemento. 
Existem 3 vias: clássica (presença de Ig); alternativa e lectina. Na via alternativa ocorre deposição espontânea de um 
componente do complemento (C3b) em microrganismos, que não possuem capacidade de eliminar, o C3b fica 
depositado em volta do vírus. Isso culmina com a formação do MAC no envelope do vírus e lise dessa partícula viral. Ao 
mesmo tempo em que o complemento é ativado, ele potencializa a resposta inflamatória. 
 
Resposta imune específica contra infecções virais 
Características básicas: especificidade (o sistema imunológico responde somente aqueles antígenos ao qual ele foi 
exposto), 
Linfocitos T: CD4 e CD8 
 
Linfócitos B: Possuem como função a secreção de imunoglobulinas. 
Os receptores de linfócitos B (BCR) são IgM e IgD monoméricos, que reconhecem um antígeno especifico, ativam o LB, 
que fazem expansão clonal, uns se diferenciam em plasmócitos e secretam imunoglobulinas e outros viram linfócitos B 
de memória. 
Dependendo da porta de entrada do vírus, o reconhecimento pelo sistema imunológico pode ser em um lugar diferente. 
Os LB estão nos órgãos linfoides locais, tecidos linfoides associados a mucosas ou nos linfonodos. Se for um vírus que 
faça viremia, ou seja, está livre se multiplicando no sangue, vai ativar linfócitos B no baço. Se ele cair na corrente 
linfática vai ser drenado pelo linfonodo regional. E se tiverem células dendríticas residentes, elas reconhecem o vírus e 
vai até o linfonodo regional e transfere esse antígeno para o linfócito B, e esse LB começa a fazer o processo de 
expansãoclonal, diferenciação em plasmócitos, secreção de imunoglobulinas e etc. 
Esse processo existe tanto na infecção natural quanto na vacinação. 
 
Função das imunoglobulinas 
- Neutralização: Se ligar e evitar que o vírus infecte outra célula. 
- Aglutinação 
- Opsonização 
- Ativação do complemento 
- Lise mediada por complemento (MAC) 
- ADCC 
- Lise celular mediada por complemento e dependente de anticorpos (MAC na célula) 
 
Resposta imune celular 
Representada pela atividade dos linfócitos TCD4+ e TCD8+ 
Linfócito TCD4: Via exógena de apresentação de antígenos. Reconhece o antígeno através de moléculas MHC2, 
presente nas células apresentadoras de antígenos (macrófagos, células dendríticas e linfócitos B). Liga-se ao MHC2 
através da TCR, é ativado e secreta citocinas que modulam toda resposta imunológica. 
Thelper 1 e Thelper 2. 
 
Linfócito TCD8: Via endógena de apresentação de antígenos. Reconhece antígenos conjugados com MHC1, que está 
presente em todos os tipos celulares. Liga-se ao MHC1 é ativado e secreta perforinas e granenzimas que matam a 
célula. 
Diferença básica: linfócito TCD4 o vírus precisa ser fagocitado, no linfócito TCD8 o vírus se multiplica dentro da célula. 
Importância da resposta humoral e celular 
- Linfócitos TCD8+: erradicação da infecção primária 
- Linfócitos B (Igs): Importância na re-exposição ao vírus 
- Linfócitos TCD4+: coordenar e moderar as respostas humoral e celular pela secreção de citocinas. 
 
Mecanismo de evasão do sistema imune 
- Latência (herpesvírus) 
- Variação antigênica (influenza, AIDS, hepatite C) 
- Integração do genoma na célula hospedeira (retrovírus) 
- Indução de tolerância imunológica 
- Interferência com funções do sistema imunológico 
 
Imunidade no recém-nascido 
 
Ontogenia (desenvolvimento) do sistema imunológico e imunologia neonatal 
Neonatos são vulneráveis às infecções nas primeiras semanas de vida. É necessário ter alguma proteção. 
O desenvolvimento completo da imunidade adquirida depende da estimulação antigênica (não quer dizer que o animal 
não tenha o SI imunológico formado, o que acontece é que ele não entrou em contato com nenhum antígeno). 
A transferência passiva de imunidade é essencial nas primeiras semanas de vida. 
 
Desenvolvimento do sistema imunológico 
O feto no final da gestação, após a formação dos órgãos linfoides, é capaz de responder aos diferentes antígenos, isso 
ocorre em um padrão regular ao longo da gestação. Segue um padrão consistente em diferentes etapas. 
 
Desenvolvimento imunidade inata 
No recém-nascido a imunidade inata “funciona” muito bem e, devido a isso, as infecções não se estendem. Nas 
primeiras semanas de vida existem muitas proteínas do sistema complemento ativas, células NK, fagócitos, mediadores 
da inflamação e etc, porém, nem sempre é o necessário para segurar as infecções. Recém-nascidos produzem uma 
quantidade diversificada de moléculas antimicrobianas, como lisozimas, defensinas, receptores do tipo Toll (presentes 
nas células e capazes de detectar padrões moleculares e ativar uma série de genes associados com a resposta 
imunológica inata). A característica principal é que é uma resposta inespecífica ocorre rapidamente. 
 
Sistema imune e infecção intrauterina 
Durante o período de gestação o microrganismo tem a capacidade de chegar ao útero, se replicar e matar o feto. Na 
grande maioria dos casos leva ao aborto. 
Infecções brandas ou imperceptíveis nas mães = severas ou letais ao feto. 
A presença de imunoglobulinas no soro do neonato antes da ingestão do colostro é indicativa de infecção intrauterina. 
Ex.: Consequências da infecção de fêmeas bovinas prenhe pelo vírus da diarreia viral bovina (BDVD): É um vírus 
associado a doenças respiratórias e reprodutivas. 
A interação do vírus com o sistema imunológico da mãe e do feto: O vírus possui habilidade de fazer infecção 
transplacentária e as consequências variam conforme o tempo de gestação. O tempo médio de gestação dos bovinos é 
de 0 a 280 dias. Se ocorrer a infecção no período de 30 a 40 dias, que é o período de implantação e desenvolvimento do 
embrião, o animal terá retorno ao cio. A partir dos 40 dias pode ocorrer aborto. 
Entre 40 e 120 dias de gestação é o período em que o sistema imunológico está reconhecendo tudo, o que não é e o 
que é próprio. Todos os linfócitos B e T que estão sendo produzidos entram em contato com antígenos do próprio 
organismo do animal. Se houver infecção nessa fase, o sistema imunológico do animal interpreta que o vírus “é dele”, 
somente esse vírus possui essa capacidade. Com isso, todos os clones de linfócitos B e T que iriam responder contra o 
vírus, são eliminados, e a gestação continua normalmente. O animal desenvolve imunotolerância, ou seja, ele tolera o 
vírus no organismo dele. O sistema imunológico completa seu desenvolvimento e o animal nasce com o vírus e, 
enquanto ele for vivo, fica eliminando esse vírus através das secreções e excreções corporais, esse animal é chamado 
persistentemente infectado (PI). 
Se houver infecção no período de 160 a 200 dias, pode ocorrer aborto ou o sistema imunológico do feto responde, pois 
já está formado e, após o nascimento, serão encontrados anticorpos contra o vírus. 
O animal PI se for infectado por qualquer outro tipo de vírus irá responder normalmente, somente não irá haver 
resposta contra o BDVD. 
 
Resposta imunológica em neonatos 
Resposta imunológica em neonatos ocorre em período prolongado e com baixa concentração de imunoglobulinas, pois 
são resposta primarias, demora mais até atingir um nível máximo de imunoglobulinas. 
Diferença entre Th1 e Th2 (linfócitos T CD4 ou T helper): Em geral Th2 modulam respostas humorais e Th1 respostas 
celulares. Durante a gestação citocinas do Th1 causam danos à placenta, por isso a resposta imunológica é direcionada 
em Th2. 
 
Transferência passiva de imunidade 
Existe diferença entre as espécies. A via pela qual anticorpos maternos chegam ao feto depende da estrutura da 
placenta. 
- Humanos, primatas e roedores: Hemocorial (contato intimo do corión com o endométrio, e ocorre transferência de 
imunoglobulinas). 
- Cães e gatos: Endoteliocorial (transferência de Ig via placenta é pequena). 
- Ruminantes, suínos e equinos: Sindesmocorial/epiteliocorial (não existe transferência de Ig via placenta). Essas 
espécies são dependentes de colostro. 
 
Colostro: No final da gestação ocorre um sequestro de Ig séricas que se concentram no colostro da mãe (primeiro leite). 
É mais viscoso, possui altíssima concentração de Ig. Em geral é rico em IgG, citocinas e algumas células. 
Razões pelas quais o neonato precisa mamar o colostro das primeiras horas de vida: 
- A atividade proteolítica do trato digestivo do neonato é muito baixa. 
- Presença de inibidores da tripsina no colostro: Tripsina é uma enzima proteolítica, ela é inibida para que os Ac 
permaneçam mais tempo no organismo para poderem ser absorvidas. 
- O recém-nascido possui altíssima expressão de receptores para porção Fc, principalmente de IgG, nos enterócitos. 
Após a ingestão do colostro, as Ig se ligam nesses receptores, fazendo o caminho inverso, são absorvidas e caem na 
corrente circulatória. 
- Em geral, a permeabilidade intestinal é maior logo após o nascimento e declina gradativamente após 6h. 
- Secreção de Ig muda gradualmente na transição de colostro para leite. 
 
Silagem de colostro: O colostro é armazenado em garrafas e não é congelado, permanece na prateleira. Em teoria as Ig 
se mantem por mais tempo. 
 
Falha de transferência passiva nas espécies dependentes de colostro 
Existem 3 razões: 
- Produção: Quando a mãe não produz colostro de boa qualidade, em função de enfermidades,partos prematuros ou 
quando as condições nutricionais são inadequadas. 
- Ingestão: Impossibilidade de o animal mamar o colostro, por alguma malformação ou fraqueza. Vacas com tetos muito 
grandes é preciso fazer a retirada do colostro para fornecer ao animal. 
- Absorção: A principal é o fornecimento tardio do colostro. 
 
O colostro é necessário para proteção contra doenças septicêmicas, pois após ser absorvido vai para a circulação. 
O consumo continuo de IgA e IgG a partir do leite é necessário para proteção contra doenças entéricas. 
 
Colostro – imunidade sistêmica. 
Leite – imunidade intestinal. 
A concentração de imunoglobulina cai drasticamente quando passa de colostro para leite. 
 
Diagnostico de falha de imunidade passiva 
- Teste de turbidez por sulfato de zinco: Podem ser utilizados tanto leite quanto colostro, onde existe uma turvação é 
indicativo de que possui alta concentração de imunoglobulina. Resultado em ± 1h. 
- Teste de imunodifusão; 
- Teste de aglutinação; 
- Teste de Elisa; 
- Teste de refratometria. 
Todos são utilizados para fazer diagnostico de falha de transferência de imunidade passiva. 
 
- Colostrômetro; Recipiente onde o leite/colostro é colocado e insere-se um termômetro e de acordo com a densidade o 
termômetro sobe ou desce e dá um indicativo da quantidade de imunoglobulina. 
- Refratômetro: Indica diretamente a concentração de imunoglobulina. 
 
O colostro de maior qualidade em teoria é o de vacas mais “velhas”. 
 
Considerações sobre vacinação de animais jovens 
Anticorpos maternos podem interferir na vacinação. Se o animal possui alta concentração de imunoglobulinas contra 
determinado agente infeccioso, e é vacinado contra esse agente, a tendência é que vacina não tenha resposta 
adequada. 
A duração da imunidade materna é determinada pelo nível de anticorpos adquiridos via placenta ou colostro. 
Sendo assim, quando houver interesse de proteger o animal jovem contra determinado agente, deve-se vacinar a mãe. 
 
Janela de susceptibilidade, 
A imunidade passiva adquirida pelo colostro da mãe com o tempo vai caindo. À medida que o animal nasce vai sendo 
exposto a uma serie de agentes infecciosos, o nível de imunoglobulina total vai aumentando, no entanto, chega um 
ponto onde a imunidade derivada da mãe cai e não é suficiente para proteção e a competência imunológica do animal 
também não. Sendo assim, a janela de susceptibilidade é o período onde o animal fica mais susceptível a infecções, ou 
seja, onde a imunidade passiva adquirida através da mãe não é suficiente para proteção contra determinadas 
enfermidades, nem a imunidade adquirida. 
Em teoria a primeira vacina deve ser antes do período da janela de susceptibilidade, em media aos 40 dias de vida. 
 
Imunidade passiva em aves 
A imunoglobulina mais importante é a IgY. As Ig são transferidas do soro da ave para a gema do ovo enquanto ele ainda 
está no ovário, à medida que o ovócito fertilizado passa pelo oviduto ele vai adquirindo IgM e IgA juntamente com 
albulina. O embrião absorve o IgY da gema para o soro, IgA e IgM se difundem no liquido amniótico e são 
posteriormente ingeridas pelo embrião (IgA e IgM intestinais). 
 
Vacinas 
 Os chineses realizavam um processo semelhante ao que chamamos hoje de vacinação, procedimentos de 
imunização, que eram as variolizações. Eles faziam a coleta das crostas das feriadas de varíola (doença causada por vírus 
que foi erradicada), faziam pó das crostas e inoculavam no nariz ou faziam cortes e esfregavam esse material, esse era o 
processo de variolização. 
 
A vacina é um procedimento que vai gerar imunidade. Podemos criar imunidade de 2 formas: 
Ativa: O próprio indivíduo ativamente produz essa imunidade. 
Passiva: Quando o indivíduo não produz, ele recebe a imunidade pronta. Pode ser adquirida de forma natural, na 
ingestão de colostro ou via Transplacentária (só em primatas. Passam os anticorpos IgG pela placenta). Outra forma é 
administrando soros, antitetânico por exemplo. Lembrar que essa imunidade passiva é temporária, dura pouco tempo, 
enquanto a imunidade ativa é muito mais duradoura. 
A vacinação é um procedimento no qual tu desenvolve a imunidade ativa artificialmente, mimetizando um processo de 
doença para que o organismo produza a imunidade. O objetivo é realizar a imunização de uma forma mais branda, mas 
tentando imitar o processo de doença para gerar a imunidade. Ela ativa o sistema imunológico promovendo uma 
resposta imunológica específica, promove e mantém uma memória imunológica. 
A vacina ideal deveria ter as seguintes características: 
1- Ser imunogênica: Tem capacidade de estimular o sistema imunológico, de gerar a resposta imune, gerando 
imunidade. 
2- Ser inócua: Não causa nenhum tipo de reação adversa, não é dolorida, não causa avermelhamento, dor. 
3- Induzir imunidade duradoura: Deve proteger para a vida toda. 
4- Ser estável no armazenamento: pode ficar por longos períodos de tempo mesmo na prateleira, mesmo na 
presença da luz, calor, mantendo ainda assim a sua estabilidade. 
5- Ser viável para uso em massa: Tem que ser de aplicação prática, via parenteral (IM, SC). 
6- Estimular resposta imune distinguível da infecção natural: o ideal é ter vacinas que induzem respostas um pouco 
diferente da infecção natural, pois se temos que fazer diagnóstico de uma infecção em um rebanho a maneira 
mais simples de fazer isso é verificar se os animais têm anticorpos, se eles têm anticorpos contra esse agente é 
porque entraram em contato. Mas se eles são vacinados, os anticorpos podem ser de origem vacinal, então não 
conseguimos saber se o anticorpo é de origem vacinal ou natural. Isso dificulta muito a implementação de um 
plano de erradicação de uma doença, a menos que desenvolvamos uma vacina com esse diferencial. 
7- Ser de baixo custo: para não inviabilizar o uso em grandes populações. 
Dificilmente uma vacina conterá todas essas características, mas isso seria o ideal. 
 
As vacinas são agrupadas em 2 grandes grupos: as vivas e as inativadas (morta). 
Vacinas Vivas / Vivas atenuadas: 
Podem ser obtidas por tecnologia convencional ou por engenharia genética, que são as recombinantes. 
Vacinas Inativadas: 
São obtidas de forma convencional, chamadas de subunidades, ou ainda toxóides, ou anatoxinas. Quanto à 
diversidade de antígenos (quantos antígenos uma mesma vacina pode conter), costumamos chamar as vacinas de 
monovalentes ou polivalentes. 
Monovalentes: 
 Protege contra uma só enfermidade, por isso o nome, monovalente. Exemplo de vacina de uso veterinário: 
leishmaniose, raiva, aftosa, brucelose. 
Polivalentes: 
Muito aplicada nos pets. As vacinas de cães, por exemplo, são V8, 10, 12. Elas contêm vários agentes em sua 
composição, como: parvovirus, cinomose, corona virose, parainfluenza, leptospirose e outros. 
Vacinas Autógenas: 
 São as vacinas em que é colhido o microrganismo do próprio animal ou do próprio rebanho para fazer essas vacinas, o 
exemplo mais comum é a vacina para papilomatose bovina. Os animais têm as lesões/verrugas causadas pelo papiloma 
vírus bovino. Coletam-se as lesões e se faz uma vacina para imunizar o próprio animal que está com a doença ou os 
outros animais da propriedade. Isso se faz porque existem muitos tipos diferentes desse vírus, variações antigênicas, 
então se fizer uma vacina contendo tipos de antígenos diferentes talvez a proteção não vá se estabelecer, porque os 
epítopos vão ser diferentes, talvez proteja de um rebanho, mas não de outro. Se faz com os próprios vírus que estão 
afetando os animais, para ter certeza que a vacina vai conter todos os antígenos imunogênicos dos vírus que estão 
circulando naquele organismo. Esse é um exemplo de vacina preventivae terapêutica, pois se faz para curar o animal, 
caem todas as verrugas. 
 
VACINAS VIVAS ATENUADAS 
Os microrganismos contidos na vacina estão vivos, são capazes de infectar o indivíduo e se multiplicar no indivíduo, a 
vacina é viva. Introduz-se a vacina e dentro do animal o antígeno se multiplica porque ele está vivo, porém, o MO está 
atenuado, ele é vivo, mas esta diminuído “na sua capacidade de causar a doença”, embora se multiplique não vai causar 
a enfermidade. A capacidade de causar doença é muito reduzida ou até eliminada totalmente. 
Por elas terem essa capacidade de infectar e se multiplicar, dependendo da vacina, não são muito recomendadas para 
indivíduos que são imunocomprometidos, que estejam sendo tratados com quimioterapia, tenham AIDS ou doenças 
imunodebilitantes, pois esses indivíduos podem vir a ter a doença. Não são recomendadas para fêmeas prenhes. São 
vacinas muito utilizadas em veterinária e também em humanos. Ex: vacina contra cinomose, parvovirose, brucelose 
bovina, carbúnculo, são vacinas vivas, não importa se são polivalentes ou monovalentes. Elas têm capacidade reduzida 
de causar a doença porque elas sofrem um procedimento de atenuação da virulência. 
 
VANTAGENS DAS VACINAS VIVAS 
Em comparação com as inativadas, uma das grandes vantagens é a imunidade mais duradoura. Quando faz vacina viva, 
a tendência é que a proteção dure por muito mais tempo quando comparado ao uso de mesma vacina contra a mesma 
doença, mas inativada. Por que induz imunidade mais duradoura? “Imita” muito mais uma infecção natural, pois como a 
vacina é viva, o antígeno está vivo e se multiplicando no animal, a resposta imune gerada tende a ser mais intensa. 
Todas as vacinas disponíveis no mercado são vivas, pois a vacina viva é mais eficaz, induz uma melhor resposta celular e 
humoral. 
As vacinas inativadas também são imunogênicas, mas têm menor capacidade de induzir resposta imune celular. A 
resposta imune celular é induzida quando os antígenos são produzidos dentro das células e, nesse caso, seriam células 
infectadas. Dentro das células começa a produção de antígenos endógenos, esses antígenos são apresentados através 
de moléculas MHC1 para que os linfócitos T citotóxicos destruam as células infectadas. Bom, o que acontece? Se tu vai 
fazer uso de uma vacina inativada, o antígeno nunca vai ser produzido dentro de uma célula, vai ser sempre de forma 
exógena, então mesmo sendo antígenos imunogênicos, vão ser só apresentados através de moléculas MHC2, 
estimulando forte resposta humoral e não celular. Por isso essa vacina vai ter tanto antígenos exógenos, como 
endógenos, gerando resposta celular e humoral. 
Dentre as citocinas há o Interferon, que tem atividade antiviral, e é produzido em resposta a infecção celular. Então, 
quando qualquer célula é infectada por um vírus, vai produzir e secretar Interferon, ele tem a capacidade de controlar a 
infecção viral nessa célula e nas células adjacentes que capturarem esse Interferon. Para produzir interferons a célula 
tem que ser infectada e, para isso, são usadas as vacinas ativas, para induzir esse interferon. A proteção com essa vacina 
acaba sendo mais rápida do que de uma vacina inativada porque o interferon começa a agir logo, rapidamente após a 
infecção, horas depois. 
Outra vantagem é a necessidade de menor número de doses, às vezes dose única. Não quer dizer que se é viva é uma 
única dose sempre, às vezes duas doses ou reforços periódicos, mas quando comparadas com vacinas inativadas a 
tendência é que seja o menor número de doses. 
Outra vantagem é a menor chance de reações de hipersensibilidades. Hipersensibilidades do tipo 1, choque anafilático 
ou reação anafilática local sistêmica, pode acontecer com uso de vacinas, também hipersensibilidade do tipo 3, 4, além 
de outras reações como reações auto imunes. As reações se desenvolvem normalmente quando são feitas muitas doses 
das vacinas, principalmente em adultos. Como as vacinas vivas são feitas em um número menor de doses, têm menor 
chance de causar reações de hipersensibilidade. Se um animal desenvolveu uma reação de hipersensibilidade em uma 
única dose da vacina viva, nunca mais ele pode receber essa vacina viva, pois ele vai desenvolver de novo. 
Essas vacinas têm melhor potencial para aplicação em mucosas e estimulação de imunidade local, ou seja, imunidade do 
tipo IgA secretor. O ideal é que a vacina seja realizada na própria mucosa, quando a infecção é na mucosa, se produz o 
anticorpo IgA secretor. Algumas vacinas são administradas via intranasal ou na água de beber. 
 
 
DESVANTAGENS DAS VACINAS VIVAS 
A presença de anticorpos neutralizantes compromete a eficácia da vacina, se o animal está com altos níveis de 
imunidade passiva e tu administrar a vacina viva, os anticorpos que ele tem vão neutralizar os microrganismos contidos 
na vacina e ela não vai fazer efeito nenhum, essa é uma desvantagem bem importante. Em filhotes muito jovens às 
vezes não é o ideal. 
Se for uma vacina bacteriana e tu estiver fazendo uso de antibióticos, o antibiótico vai inativar a bactéria contida na 
vacina e da mesma forma não vai ser eficaz. 
Em relação ao manejo, como elas são vivas, para que elas tenham mais estabilidade, para que os microrganismos não 
morram, elas precisam ser liofilizadas. Liofilização é o processo de dessecação, então aquele pó da vacina é constituído 
de vírus vivo, a parte líquida é vírus desativado, morto. Quando não tem o líquido, não tem a água, ele fica mais estável, 
mais resistente ao calor, às trocas de temperatura. Depois que reconstitui aí tem que usar imediatamente porque são 
mais sensíveis à luz solar e calor. Ela perde a eficiência. 
Em relação a segurança, existe a possibilidade da vacina viva reverter para a forma virulenta, é uma possibilidade 
pequena, mas não nula, da própria vacina causar a enfermidade. Ainda, o microrganismo da vacina pode permanecer no 
animal e o animal ficar portador ou ainda pode ser liberado no ambiente. Se o vírus é vivo, mesmo sendo atenuado, ele 
infecta e se multiplica e o animal também excreta esse vírus vacinal, por isso não se pode usar vacina viva para 
erradicação. O microrganismo da vacina pode persistir no animal, pode ficar por bastante tempo e o animal fica 
portador por muito tempo. 
Outro risco que corremos com vacinas vivas é que ela possa estar contaminada com outros microrganismos. Desse 
modo, vai entrar na vacina e pode ser potencial causador de doenças, pode contaminar a vacina. 
 
 
VACINAS INATIVADAS 
São Constituídas ou de microrganismos inteiros mortos, ou seja, inativados. Ainda podem ser formadas por partes dos 
microrganismos, nesse caso são chamadas de subunidades ou toxóides. Esses microrganismos têm que ser mortos, mas 
o que se usa para matar? Pode ser alguns compostos químicos ou, ainda, agentes físicos. Então, podemos inativar só 
pela ação de raio ultravioleta, raio x, raios gama, ou vários agentes químicos que são utilizados, por exemplo: em 
bactérias se usa muito inativação com formalina. Em contrapartida, para os vírus, se usam outros compostos químicos. 
Neste caso, são compostos que matam os microrganismos, mas não vão fazer com que os antígenos se modifiquem, 
permanecem com a mesma estrutura. Todas as vacinas inativadas têm um adjuvante, isto é, compostos que são 
adicionados às vacinas para melhorar, ajudar a vacina na indução da resposta imune. Os adjuvantes são essenciais para 
que se estabeleça a memória. 
Algumas coisas que os adjuvantes fazem: 
 Retardam a eliminação do antígeno: o adjuvante oleoso vai recobrir o antígeno vacinal, ele o protege. Da 
mesma forma, o hidróxido de alumínio (outro adjuvante) vai manter esse antígeno por mais tempo dentro do 
sistema imunológico, estimulando os linfócitosa produzirem a resposta. 
 Indução da inflamação: atraem células inflamatórias, como macrófagos, além de outras células apresentadoras 
de antígenos, para que aí sim se inicie o processo de apresentação desses antígenos. 
 Estimulam reconhecimento dos antígenos por TLR (Toll-like receptors): Esses antígenos, para serem 
reconhecidos pelas células inatas (inespecíficas) têm os PUMPS, que são os padrões associados aos patógenos, 
e quem reconhece esses padrões são os receptores do tipo Toll. Os adjuvantes facilitam essa interação de 
PUMPS com os receptores do tipo Toll. 
 Estimulam macrófagos e células dendríticas para a apresentação de antígenos: A apresentação de antígenos 
pelas moléculas MHC2 são pelas células apresentadoras profissionais, que são macrófagos e células dendríticas. 
Quanto mais macrófagos e células dendríticas capturarem os antígenos vacinais, mais apresentação pelas 
moléculas MHC2, mais linfócitos T Helper reconhecendo, melhor a resposta imune. 
 Diminuem a quantidade de antígeno necessária para induzir a resposta imune: O adjuvante também permite 
que a quantidade de antígeno necessária à vacina possa ser diminuída, então a necessidade da massa 
antigênica acaba sendo menor, acaba barateando o custo da vacina. 
 Prolongam a resposta imune. 
Ex de adjuvantes: sais minerais e hidróxido de alumínio (muito utilizado nas vacinas de equinos e humanos). Os 
óleos não são permitidos que para usar em pets nem em cavalos, porque retardam muito o antígeno e acabam 
gerando uma inflamação muito grande. A vacina aftosa é inativada e o adjuvante é oleoso. Muitos dos animais 
vacinados contra aftosa desenvolvem granulomas, lesões horrorosas da vacina, causadas pelo adjuvante vacinal. 
Então, é um processo inflamatório que a vacina faz sempre, mas é um processo inflamatório muito intenso. Além 
do que, uma vacina oleosa é extremamente dolorida, então não tem como pensar em aplicar em pinscher por 
exemplo. 
VANTAGENS DAS VACINAS INATIVADAS 
 Segurança: As vacinas inativadas são extremamente seguras, não tem possibilidade de reverter para virulência. 
 Tecnicamente é mais simples de desenvolver e de produzir: Basta crescer a cepa patogênica e depois matá-la. A 
vacina viva é cheia de tecnologia, bem mais complicada de desenvolver. 
 Mais estável para armazenamento e transporte: também necessita de refrigeração, tem data de validade, mas 
não existe risco de os microrganismos serem mortos, pois eles já estão mortos. 
 Vacinas bacterianas não-replicantes não são afetadas pela presença de antibióticos no animal receptor: Se tiver 
antibiótico não tem problema nenhum se a vacina é bacteriana. 
DESVANTAGENS DAS VACINAS INATIVADAS 
 Eficácia: Massa imunogênica limitada àquela administrada. Enquanto que na vacina viva temos uma 
amplificação da quantidade de antígenos, porque os microrganismos vão se multiplicando, na inativada não. 
 Imunidade mediada por células e local pouco estimulada. 
 A imunidade pode ter curta duração: Normalmente são necessárias várias doses 
 Risco maior de anafilaxia e outras hipersensibilidades 
 Risco maior de reações adversas locais: o adjuvante normalmente é um pouco irritante, então faz com que a 
vacina seja um pouco dolorida e induz a reações, como avermelhamento, inchaço... 
Geralmente as vacinas inativadas estão relacionadas aos choques anafiláticos ou granulomas. 
 
VACINAS DE SUBUNIDADES 
É uma vacina que só tem parte ou partes de um microrganismo. Ex: vacina para hepatite B. Como escolhemos as 
partes, estruturas do microrganismo para fazer parte da vacina? Temos que saber quais partes do microrganismo 
vão ter o potencial de induzir a imunidade. Às vezes, para que se produza proteção, é necessário que se produza a 
resposta imune contra todos os constituintes do microrganismo, senão não se consegue proteção. Eventualmente 
se descobre que para tal microrganismo apenas alguns constituintes são suficientes para que se consiga proteção. 
VANTAGENS DAS VACINAS DE SUBUNIDADES 
 Remoção ou redução de componentes imunossupressivos ou inflamatórios (reduzidas reações adversas) 
 Produção de quantias grandes de antígeno de modo seguro: não existe possibilidade de contaminantes com 
outros constituintes indesejáveis. 
 Facilidade p/ desenvolver ensaios diagnósticos: se essa vacina é só constituída de uma parte do microrganismo, 
quando produzimos uma resposta imune, vai ser só contra essa porção e não contra todas as porções contidas 
no microrganismo. 
DESVANTAGENS DAS VACINAS DE SUBUNIDADES 
 Não é eficaz em estimular resposta local e celular: Como é só constituída de parte, não é infecciosa, não é eficaz 
para estimular resposta imune local e celular, é muito eficaz para estimular anticorpos, resposta humoral, o que 
às vezes pode ser suficiente, depende do agente. 
 Dificilmente induzem ampla proteção: porque é só constituída de uma porção. 
 Deve ser administrada via parenteral: não na mucosa, não é livre. 
Aqui uma comparação entre as vacinas inativadas e atenuadas em relação a algumas características: 
 
 
OUTRAS NOMENCLATURAS DE VACINAS (anti-bacterianas) 
BACTERINAS (inativada): Constituída de bactérias mortas, normalmente por formaldeído. Sempre contêm adjuvantes e 
às vezes são associadas a antígenos imunogênicos purificados, é o caso, por exemplo, para erisipela suína, colibacilose, 
leptospirose. 
TOXÓIDES: São toxinas inativadas produzidas por bactérias. Se trata essas toxinas de forma que elas percam a toxidade, 
mas retendo a capacidade imunogênica. Ex: toxóides tetânico. Constituída somente com a toxina tetânica e o hidróxido 
de alumínio como adjuvante. 
Essas toxóides são vacinas muito boas em induzir imunidade humoral (baseada em anticorpos que neutralizem essas 
toxinas), quando temos contato com a toxina, ela vai se ligar a receptores celulares. Se a gente tem anticorpos contra 
essa toxina, eles se ligam à elas e as neutralizam, impedem a ligação das toxinas com os receptores celulares do 
organismo. Quando a ligação da toxina ao receptor acontece, ocorrem sintomas, sinais clínicos. Então, a imunidade 
protetora se deve a ligação dos anticorpos bloqueando a ligação da toxina nos receptores celulares. 
ANACULTURAS (vacina inativada): Termo utilizado para vacinas bacterianas. É inativada, constituída de bactérias 
inteiras associadas à toxóides. Muito comum elas serem vacinas para proteção contra clostridioses, C. Botulinum, C. 
perfringes. 
 
ALGUMAS VACINAS VIVAS DE USO ANIMAL 
Cinomose (cães) 
Parvovirose (cães) 
Brucelose (bovinos) 
Doença de Marek (aves) 
Erisipela (também inativada) (suínos) 
 
ALGUMAS VACINAS INATIVADAS DE USO ANIMAL 
Febre Aftosa (bovinos, etc.) 
Leptospirose (cães) 
Gripe (eqüinos) 
 
VACINAS VIVAS ou RECOMBINANTES: 
Produzidas por Engenharia Genética, por isso o nome recombinante. Desenvolveram-se algumas vacinas, uma delas, por 
exemplo, é: 
1- Vacina Geneticamente modificada: Vacina viva, em que genes do microrganismo são excluídos ou modificados com 
vistas à atenuação. Ex.: pseudoraiva em suínos (herpesvírus suíno), rinotraqueíteinfecciosa bovina (herpesvírus 
bovino). 
Existe o genoma de um determinado vírus, constituído de vários genes. Se descobre que tal gene ou tais genes 
produzem estruturas que são associadas à virulência, a capacidade patogênica do agente. Então, usando uma 
tecnologia molecular, se faz tratamento nesse genoma de modo a recortar, retirar esse gene que está associado à 
virulência do microrganismo. Cortam-se esses genes, se une de novo o genoma e agora o genoma fica totalmente 
idêntico, com a exceção de que não contém aqueles genes de virulência. O microrganismo continua com a 
capacidade de se multiplicar e produzir todas as proteínas, mas ele não vai causara doença, é um vírus atenuado, a 
partir de uma tecnologia molecular. Isso é ótimo porque também permite a diferenciação de um animal vacinado e 
de um infectado. Se quisermos diferenciar, desenvolvemos um teste imunológico que detecta anticorpos contra 
uma proteína que está presente no vírus de campo e não está presente na vacina, aí então distinguimos se foi 
vacinado ou se foi infectado. 
VANTAGENS DAS VACINAS RECOMBINANTES DIFERENCIAIS 
 Permitem o desenvolvimento de testes que fazem a diferenciação entre animais vacinados e infectados 
(melhor para implementação de programas de erradicação). 
 Não há riscos de reversão à virulência: são muito seguras. 
 
2- Vacina vetorial (vetores de expressão expressando genes heterólogos): Vetores são microrganismos (bactérias, 
vírus – mais utilizados) que são manipulados de forma a inserir genes nesses vetores, genes que vão produzir 
antígenos que induzem a resposta imune protetora. São bactérias ou vírus não patogênicos que carregam genes 
que codificam antígenos protetores. Esses vetores vacinais: 
 Expressam suas próprias proteínas e também a proteína heteróloga; 
 Possuem capacidade replicativa (infectam e se multiplicam), porém são pouco ou nada patogênicos; 
 Poxvírus, Herpesvírus e Adenovírus são os mais utilizados; 
VANTAGENS DAS VACINAS VETORIAIS 
 Não sofrem interferência da imunidade passiva materna: animais geralmente não possuem imunidade contra 
antígenos do vírus vetor. É muito boa para usar em filhotes recém nascidos. 
 Vírus vetor é incompleto, não replica no hospedeiro vacinado e como consequência não existe eliminação do 
micro-organismo vacinal no ambiente. 
Exemplo, temos um Poxvírus, aí nós queremos inserir um gene de outro vírus (ex: vírus da raiva). Então, inserimos um 
gene do vírus da raiva no genoma do Poxvírus. O gene escolhido é um gene que vai produzir uma proteína indutora de 
imunidade protetora. Inserimos esse gene que é de outro vírus através de uma vacina que é constituída desses genes. O 
vírus vai infectar as células, acontece a apresentação dos antígenos, a produção das proteínas do vírus Pox, mas 
também das proteínas do gene inserido e aí a resposta imune vai ser induzida contra as proteínas do gene de interesse. 
Vantagem: extremamente segura. Exemplo de vacina recombinante vetorial: Recombitek – contra cinomose. Essa 
vacina utiliza um Poxvírus de canário. Descobriram que no genoma do vírus da cinomose, dentre os genes todos, tem 
duas proteínas importantes: H e F. Para o indivíduo ficar protegido, basta ele ter imunidade contra as proteínas H e F, 
não precisa o vírus inteiro. Pensaram em inserir os genes das proteínas H e F no genoma do vírus de canário e aí usar 
esse vírus como vetor desses genes. Então a vacina é o Pox do canário com os 2 genes, a proteína H e F. O vírus, quando 
é injetado no animal, vai infectar as células, vai se multiplicar e as proteínas H e F vão ser produzidas, vão ser 
apresentadas, reconhecidas pelos linfócitos e vão ser gerados anticorpos contra elas. Então, aqui usamos um vírus vivo, 
sem risco nenhum de causar doença, sem risco de o animal já ter imunidade contra o Pox de canário, seguro para 
vacinar fêmeas gestantes, seguro para vacinar um filhote recém-nascido. 
 
3- Vacinas de DNA: somente o DNA de interesse é administrado ao hospedeiro (ainda experimental, não existe 
nenhuma comercial). Nesse caso, simplesmente inserimos o DNA contendo genes de interesse em um DNA 
plasmidial e a vacina é constituída somente disso, somente de DNA. É uma vacina aplicada intradérmica para 
que as células dendríticas capturem esse DNA e aí esse DNA dentro da célula vai se comportar como se fosse 
um DNA celular, então várias proteínas vão ser expressas e apresentadas induzindo a resposta imune. Há muita 
controvérsia ainda sobre essa vacina. 
 
VACINAS: vias de administração 
- Oral, ocular e nasal (VIVAS) 
(ex: Poliomielite, Doença de Newcastle, Gumboro, Bronquite) 
- Intramuscular; 
- Subcutânea; 
- Escarificação da pele 
- In Ovo 
Em uma primeira dose, vai demorar uns dias para que se inicie a detecção de anticorpos, primeiro detecta-se anticorpos 
IgM e depois IgG. Depois de uns 14 dias da vacina é que vamos ter um pico de. Os anticorpos IgM tendem a desaparecer 
e os IgG aparecem, eles que garantem a proteção. Passado um tempo vamos fazer um reforço, quando fazemos isso os 
linfócitos B de memória vão produzir pouco IgM, muito mais IgG e mais linfócitos de memória. Esse é o padrão normal. 
Com a aplicação das doses, vai aumentando o nível de anticorpos, mas chega em um momento que não vai mais 
adiantar fazer uma terceira dose, por exemplo, porque não vai mais aumentar o número de anticorpos, atinge um platô. 
 
Interferência dos anticorpos maternos na imunização 
O animal precisa ingerir o colostro ao nascer para que ele tenha proteção imediata, o colostro é a forma de imunização 
passiva, a vacinação é a forma de imunização ativa. Ao ingerir colostro, o animal vai rapidamente absorver os anticorpos 
ali presentes. Vamos imaginar que ele tenha a questão de semanas após nascimento, mamou o colostro e adquiriu 
níveis altos de anticorpos contra antígenos específicos, o que acontece? Com o tempo esses ac do colostro que estão 
presentes no sangue, linfa e etc, vão sendo degradados, ele não produziu esses ac, com o tempo eles vão caindo, caindo 
até chegar no ponto que não tem mais ac passivo. Quando estão com níveis altos de ac, os animais são resistentes, só 
que chega uma hora em que esses níveis de ac estão em um nível crítico, eles não desaparecem como um todo, ainda 
existem, mas esses ac mesmo que presentes não protegem da doença. Esse nível de ac não é suficiente para proteger 
da doença, mas ele interfere com a vacinação. Se aplicar vacina nessa fase, os ac do animal neutralizam os ac vacinais, 
ele não tem proteção pelo colostro e nem pela vacina. Esse período chama janela de suscetibilidade, período em que 
ele fica desprotegido, mesmo que tenha esses anticorpos. Não temos como saber, pode ser entre 8 e 10 semanas, pode 
variar numa ninhada de animais quando nascem muitos filhotes. Se a gente pegar filhotes de cães, cada filhote pode ter 
o desaparecimento dos níveis de ac passivos numa data diferente. Teremos os mais fortes, que ingeriram mais colostro, 
e os que nasceram por último, que podem ter ingerido menos. Não tem como estabelecer o momento certinho de fazer 
a vacina, sempre existe risco que na primeira dose não se consiga induzir forte imunidade. 
Quanto mais tarde começar a vacinação, menos interferência com ac maternos. 
Então, podemos vacinar e a vacina não fazer efeito, ou não vacinar e não ter ac passivo, de qualquer forma ele estará 
suscetível. Dessa forma, mantemos o animal o máximo possível livre do contato com a possibilidade dos agentes 
infecciosos. Não levar pra pracinha, pra rua, até que ele tenha pelo menos 3 doses de vacina, ai sim, ele pode sair e, 
mesmo assim, esperar uns 10, 15 dias. 
 
Às vezes o indivíduo desenvolve uma resposta que não é normal, inadequada, pode formar granuloma, desenvolver 
reações de hipersensibilidade tipo III... Ou às vezes pode ser uma reação a alguma coisa errada mesmo: erro na 
fabricação ou na administração. Pode ter uma bactéria que não foi bem inativada, uma toxina que está presente ainda, 
etc. Essas são as principais causas de reações vacinais. Um problema vacinal sério que acontece em gatos é a indução de 
um tumor chamado Sarcoma. Acontece em gatos meses depois da aplicação das vacinas. Geralmente nas regiões que se 
administrou a vacina e geralmente são causados pela vacina inativada, antirrábica e da leucemia viral felina. O risco vai 
aumentar conforme número de doses aplicadas. Recomendam-se padrões de aplicação, fazer pelo menos em locaisdiferentes e, se o gato não tiver risco de exposição, não precisa vacinar todo ano.

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