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1-RECONHECER O DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA IMUNOLÓGICO DA CRIANÇA DESCREVER AS ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA IMUNOLÓGICO A PARTIR DA VIDA INTRAUTERINA O sistema imune humano surge no embrião a partir do tecido associado ao intestino. Células-tronco hematopoiéticas pluripotentes aparecem primeiro no saco vitelino com 2,5 a 3 semanas de idade gestacional, migram para o fígado fetal com 5 semanas de gestação e depois residem na medula óssea, onde permanecem durante toda a vida. Células-tronco linfoides desenvolvem-se a partir dessas células precursoras e se diferenciam em células T, B ou NK, de acordo com os órgãos ou tecidos para os quais as células-tronco migram. O desenvolvimento de órgãos linfoides primários – timo e medula óssea – inicia-se durante a metade do primeiro trimestre de gestação e evolui rapidamente. Logo após, ocorre o desenvolvimento dos órgãos linfoides secundários – baço, linfonodos, tonsilas, placas de Peyer e lâmina própria. Ao longo da vida, a partir das células-tronco, esses órgãos servem como sítios de diferenciação de linfócitos T, B e NK. Os linfócitos T e B são os únicos componentes do sistema imune que apresentam capacidades de reconhecimento antígeno-específico e são responsáveis pela imunidade adaptativa. As células NK são linfócitos também derivados de células-tronco hematopoiéticas que parecem ter um papel na defesa do hospedeiro contra infecções virais, vigilância ao tumor e regulação imune, mas não apresentam receptores de antígenos. As citocinas ou interleucinas (ILs) são proteínas (proteínas não anticorpos) que atuam como mediadores intercelulares. São sintetizadas e secretadas por células T, B e NK, e pelas células com as quais elas interagem. As citocinas têm a capacidade de agir de forma autócrina, parácrina ou endócrina para promover e facilitar a diferenciação e proliferação das células do sistema imune. LINFÓCITOS T: O rudimento primitivo do timo é formado a partir do ectoderma da terceira fenda branquial e do endoderma da terceira bolsa branquial com 4 semanas de gestação. A partir de 7 a 8 semanas, os rudimentos direito e esquerdo migram em direção caudal e fundem-se na linha média. Os precursores de linfócitos T provenientes do fígado fetal começam a colonizar o mesênquima peritímico com 8 semanas de gestação, e com 8 a 8,5 semanas de gestação apresentam localização intratímica. LINFÓCITOS B: Em paralelo à diferenciação de linfócitos T, o desenvolvimento de linfócitos B começa no fígado fetal antes de 7 semanas de gestação. Células-tronco CD34 do fígado fetal migram para a medula óssea das clavículas e dos ossos longos com 8 e 10 semanas de vida embrionária, respectivamente. Como os linfócitos B se diferenciam a partir de células-tronco primitivas, eles passam por estágios que são marcados pelo rearranjo sequencial de segmentos gênicos de imunoglobulinas para gerar um repertório diverso de receptores de antígenos. Um feto humano começa a receber quantidades significativas de IgG materna por via transplacentária com aproximadamente 12 semanas de gestação, e a quantidade aumenta constantemente até que, no momento do nascimento, o soro do cordão contém uma concentração de IgG comparável ou superior à do soro materno. A IgG é a única classe que atravessa a placenta em um grau significativo. Uma pequena quantidade de IgM (10% dos níveis de adultos) e alguns nanogramas de IgA, IgD e IgE são encontrados normalmente no soro do coto umbilical. Como nenhuma dessas proteínas atravessa a placenta, presume-se que seja de origem fetal. Essas observações levantam a possibilidade de que certos estímulos antigênicos normalmente atravessem a placenta provocando respostas, mesmo em fetos não infectados. CÉLULAS NK: A atividade de células NK pode ser vista em células de fígado fetal humano com 8 a 11 semanas de gestação. Linfócitos NK também são derivados a partir de precursores da medula óssea. O processamento tímico não é necessário para o desenvolvimento de células NK, embora também tenham sido encontradas no timo. Após deixarem a medula óssea, as células NK entram na circulação ou migram para o baço; uma quantidade bem pequena de células NK é encontrada nos linfonodos. Em indivíduos normais, as células NK representam 8% a 10% dos linfócitos, mas as porcentagens são por vezes ligeiramente menores no sangue do coto umbilical. Feto: Linfócitos T: Embora a porcentagem de linfócitos T CD3 no sangue do cordão umbilical seja um pouco menor que no sangue periférico de crianças e adultos, os linfócitos T estão presentes, na realidade, em maior número devido ao maior número absoluto de linfócitos em lactentes normais. Outra distinção é a razão entre linfócitos T CD4 e CD8, que geralmente é maior no sangue do cordão umbilical do que no sangue de crianças e adultos. LInfócitos B: Os recém-nascidos têm maior suscetibilidade a infecções com organismos gram-negativos, porque os anticorpos IgM, que são opsoninas termoestáveis, não atravessam a placenta. Os anticorpos IgG de origem materna atuam adequadamente como opsoninas termoestáveis para a maioria das bactérias gram-positivas, e anticorpos IgG contra vírus garantem proteção adequada contra esses agentes.. Uma vez que lactentes prematuros recebem menos IgG materna pelo tempo de nascimento do que lactentes nascidos a termo, sua atividade de opsonina no soro é baixa para todos os tipos de organismos. Os linfócitos B estão presentes no sangue do cordão umbilical em porcentagens ligeiramente mais elevadas, porém em números consideravelmente mais elevados do que no sangue de crianças e adultos, refletindo as contagens o maior número absoluto de linfócitos em todos os lactentes normais. Os neonatos começam a sintetizar anticorpos da classe IgM em uma taxa elevada imediatamente após o nascimento em resposta ao grande estímulo antigênico do seu novo ambiente. Prematuros parecem ser tão capazes quanto aqueles nascidos a termo no que diz respeito à produção desses anticorpos. Aproximadamente 6 dias após o nascimento, a concentração sérica de IgM aumenta acentuadamente. Esse aumento contínuo até níveis adultos são alcançados em ≈1 ano de idade. O soro do cordão de recém-nascidos normais não infectados não contém IgA detectável. A IgA sérica é primeiro detectada, normalmente, por volta do décimo primeiro dia de vida pós-natal; o nível aumenta gradativamente durante a primeira infância até atingir níveis observados em adultos, o que ocorre com 6 a 7 anos de idade. O soro do cordão contém uma concentração de IgG comparável ou maior do que a do soro materno. A IgG materna desaparece gradualmente durante os primeiros 6 a 8 meses de vida, enquanto a taxa de síntese de IgG na criança aumenta até que concentrações de IgG total encontradas no adulto sejam alcançadas e mantidas, o que ocorre com 7 a 8 anos de idade. O nível sérico de IgG em lactentes geralmente atinge um ponto baixo com ≈3 a 4 meses de vida pós-natal. A taxa de formação de IgE geralmente acompanha a de IgA. Após cada uma das três principais imunoglobulinas atingirem níveis séricos observados em um adulto, esses níveis permanecem notavelmente constantes em um indivíduo normal. A capacidade de produzir anticorpos específicos para antígenos proteicos está intacta no momento do nascimento. Lactentes normais geralmente são incapazes de produzir anticorpos contra antígenos polissacarídeos até os 2 anos de idade a menos que o polissacarídeo seja conjugado com uma proteína carreadora, como é o caso das vacinas conjugadas para Haemophilus influenzae tipo b e Streptococcus pneumoniae. Células NK: A porcentagem de células NK no sangue do cordão umbilical é geralmente menor do que no sangue de crianças e adultos, mas o número absoluto de células NK é aproximadamente o mesmo, devido ao maior número de linfócitos. A capacidade das células NK de sangue do cordão de mediar a lise de células-alvo tanto em ensaios de célula NK quanto em ensaios de citotoxicidade celular dependente de anticorpo é de cerca de dois terços dos adultos. Órgão linfóide: O tecido linfóide é proporcionalmentepequeno, mas bastante desenvolvido no nascimento e amadurece rapidamente no período pós-natal. O timo é maior em relação ao tamanho do corpo durante a vida fetal e ao nascimento seu peso normalmente equivale a dois terços do seu peso maduro, que é alcançado durante o primeiro ano de vida. Ele atinge seu pico de massa, no entanto, pouco antes da puberdade e, a seguir, involui gradualmente. Por volta de 1 ano de idade, todas as estruturas linfóides estão maduras histologicamente. O tecido linfoide periférico aumenta rapidamente em massa durante a lactância e fase pré-escolar. Ele atinge o tamanho adulto com aproximadamente 6 anos, excede essas dimensões durante os anos pré-puberais e depois involui junto com a puberdade. O baço, no entanto, acumula gradualmente sua massa durante a maturação e não atinge o peso total até a idade adulta. O número médio de placas de Peyer ao nascimento é metade do número adulto, e aumenta gradualmente até ultrapassar, na adolescência, o número médio do adulto. 3- IDENTIFICAR AS FORMAS DE IMUNIZAÇÃO DISPONÍVEIS IMUNIZAÇÕES ATIVAS VACINAS - A importância da imunização profilática contra doenças infecciosas é mais bem ilustrada pelo fato de programas internacionais de vacinação terem levado à completa ou quase completa erradicação de muitas dessas doenças em países desenvolvidos. O princípio fundamental da vacinação consiste em administrar a forma morta ou atenuada de um agente infeccioso, ou um componente de um microrganismo, que não causa doença mas deflagra uma resposta imune que confere proteção contra a infecção pelo microrganismo patogênico vivo. O sucesso da vacinação na erradicação da doença infecciosa depende de várias propriedades dos microrganismos. As vacinas são mais efetivas quando o agente infeccioso não estabelece latência, não sofre variação antigênica e não interfere na resposta imune do hospedeiro. É difícil vacinar efetivamente contra microrganismos como o HIV, que estabelece infecção latente e é altamente variável. As vacinas também são mais efetivas contra infecções que são limitadas aos hospedeiros humanos e não têm reservatórios animais. A maioria das vacinas atualmente em uso atua induzindo imunidade humoral (imunidade celular é mediada por linfócitos T killer, imunidade humoral é onde anticorpos específicos produzidos por linf. B estão no plasma sanguíneo). Os anticorpos são o único mecanismo imune que previne infecções, neutralizando e removendo microrganismos antes que estes conquistem sua base de apoio no hospedeiro. As melhores vacinas são aquelas que estimulam o desenvolvimento de plasmócitos de vida longa produtores de anticorpos de alta afinidade, bem como células B de memória. Esses aspectos das respostas imunes humorais são melhor induzidos pela reação de centro germinativo, que requer ajuda fornecida pelas células T auxiliares CD4+ foliculares antígeno proteico-específicas. TIPOS DE VACINAS; Bactérias vivas atenuadas ou mortas; Vírus vivos atenuados ou mortos; Vacinas de antígeno; Vacinas de conjugados; Vacinas sintéticas; Vetores virais; Vacinas de DNA; Vacinas Bacterianas e Virais Atenuadas e Inativadas- Algumas das vacinas mais antigas (primeira geração) e mais efetivas são compostas por microrganismos intactos que foram tratados de modo a serem atenuados ou mortos, para assim não mais causarem a doença e, ao mesmo tempo, reterem sua imunogenicidade. A grande vantagem das vacinas microbianas atenuadas é a indução de todas as respostas imunes inatas e adaptativas (tanto humorais como celulares) que o microrganismo patogênico induziria, sendo assim a forma ideal de indução de imunidade protetora. Louis Pasteur demonstrou pela primeira vez que bactérias vivas atenuadas conferem imunidade específica. As vacinas com bactérias atenuadas ou mortas atualmente em uso em geral induzem proteção limitada e são efetivas somente por curtos períodos. As vacinas com vírus vivos atenuados geralmente são mais efetivas, e três bons exemplos são as vacinas contra poliomielite, sarampo e febre amarela. As vacinas virais muitas vezes induzem imunidade específica duradoura, por isso a imunização de crianças é suficiente para conferir proteção por toda a vida. O aspecto mais preocupante das vacinas virais ou bacterianas atenuadas é a segurança. A vacina oral viva e atenuada contra a poliomielite quase erradicou a doença, mas em casos raros o próprio vírus contido na vacina é reativado e causa poliomielite paralítica. De fato, o êxito da vacinação mundial está criando o problema da doença induzida por vacina que, apesar de rara, poderia se tornar mais frequente do que a doença naturalmente adquirida. Esse problema em potencial pode ter de ser abortado por meio da reversão para a vacina com o vírus morto, a fim de completar o programa de erradicação. Uma vacina inativada amplamente usada de considerável importância em saúde pública é a vacina contra influenza. Vírus influenza cultivados em ovos de galinha são usados em dois tipos de vacinas. A vacina mais comum é uma vacina inativada (morta) trivalente usada na vacinação contra gripe administrada por via intramuscular. Três das cepas de influenza encontradas com mais frequência são selecionadas a cada ano e incorporadas nessa vacina. Um segundo tipo de vacina contra influenza envolve as mesmas três cepas, porém a vacina é feita com vírus vivos atenuados e usada como spray nasal. Vacinas de Antígenos Purificados (Subunidades)- As vacinas de segunda geração foram produzidas para eliminar as preocupações relacionadas com segurança associadas aos microrganismos atenuados. Essas vacinas contendo subunidades são compostas por antígenos purificados de microrganismos ou toxinas inativadas, e geralmente são administradas com um adjuvante (mistura que reforça a ação). Um uso efetivo dos antígenos purificados como vacinas é na prevenção de doenças causadas por toxinas bacterianas. As toxinas podem ser tornadas inofensivas sem perder a imunogenicidade, e esses toxoides induzem fortes respostas de anticorpo. A difteria e o tétano são duas infecções cujas consequências prejudiciais à vida foram amplamente controladas graças à imunização de crianças com preparações contendo toxoide. As vacinas compostas por antígenos polissacarídicos bacterianos são usadas contra pneumococos e Haemophilus influenzae. Como os polissacarídeos são antígenos T-independentes, tendem a deflagrar respostas de anticorpo de baixa afinidade e são fracamente imunogênicas em bebês (que não montam respostas fortes de anticorpo célula T-independentes). Podem ser geradas respostas de anticorpo de alta afinidade contra antígenos polissacarídicos até mesmo em bebês, por meio do acoplamento de polissacarídeos a proteínas para formar vacinas conjugadas. Essas vacinas elicitam células T auxiliares para estimular reações de centro germinativo, as quais não ocorreriam com vacinas de polissacarídeos simples. Essas vacinas atuam como conjugados hapteno-carreador e são uma aplicação prática do princípio de cooperação celular T-B. As vacinas em uso contra H. influenzae, pneumococos e meningococos são vacinas conjugadas. As vacinas de proteínas purificadas estimulam respostas de células T auxiliares e de anticorpos, mas não geram CTLs potentes. A razão para o fraco desenvolvimento de CTLs está no fato de as proteínas (e peptídeos) exógenas serem inefetivas na entrada da via de apresentação antigênica do MHC de classe I. Como resultado, as vacinas de proteína são reconhecidas de modo ineficiente pelas células T CD8+ restritas ao MHC de classe I. Vacinas de Antígenos Sintéticos- Uma meta da pesquisa em vacinas tem sido identificar os antígenos ou epítopos microbianos mais imunogênicos, para sintetizá-los em laboratório e usar os antígenos sintéticos como vacinas. É possível deduzir as sequências proteicas dos antígenos microbianos a partir dos dados da sequência nucleotídica, e preparar grandes quantidades de proteínas através da tecnologia do DNA recombinante. Vacinas feitas com antígenos derivados de DNA-recombinante atualmente são usadas para o vírusda hepatite B e papilomavírus humanos (HPV, do inglês, human papilloma virus). No caso da vacina contra HPV mais amplamente usada, desenvolvida para prevenir cânceres causados pelo vírus, proteínas virais recombinantes de quatro cepas são produzidas em leveduras e combinadas com um adjuvante. HPV 6 e 11 são causadores comuns de verrugas, e o HPV 16 e o 18 são as cepas de HPV mais frequentemente associadas ao câncer cervical. Virais Vivas Envolvendo Vírus Recombinantes- Outra abordagem para o desenvolvimento de vacinas consiste em introduzir genes codificadores de antígenos microbianos em um vírus não citopático e infectar indivíduos com este vírus. Assim, este vírus serve de fonte de antígeno em um indivíduo inoculado. A grande vantagem dos vetores virais é que estes, assim como outros vírus vivos, induzem o complemento integral de respostas imunes, incluindo respostas fortes de CTL. A inoculação desses vírus recombinantes em muitas espécies de animais induz imunidade humoral e celular contra o antígeno produzido pelo gene estranho (e, claro, contra o vírus da vacínia também). Um potencial problema com os vírus recombinantes é que os vírus podem infectar células hospedeiras e, mesmo que não sejam patogênicos, podem produzir antígenos que estimulam respostas de CTL que matam as células hospedeiras infectadas. Essas e outras preocupações com a segurança têm limitado uso amplamente disseminado dos vetores virais para aplicação de vacinas. Vacinas de DNA- Um método de vacinação interessante foi desenvolvido com base em uma observação inesperada. A inoculação de um plasmídeo (moléculas de DNA da bactéria que podem se reproduzir independentemente) contendo DNA complementar (cDNA) codificador de um antígeno proteico leva a respostas imunes humorais e celulares contra esse antígeno. É provável que APCs, como as células dendríticas, sejam transfectadas pelo plasmídeo e o cDNA seja então transcrito e traduzido em proteína imunogênica indutora de respostas específicas. Os plasmídeos bacterianos são ricos em nucleotídeos CpG não metilados e são reconhecidos por um TLR9 presente em células dendríticas e outras células, deflagrando assim uma resposta imune inata que intensifica a imunidade adaptativa. Portanto, as vacinas contendo plasmídeo de DNA poderiam ser efetivas mesmo que fossem administradas sem adjuvantes. A capacidade de armazenar DNA sem refrigeração para uso em campo também torna essa tecnologia promissora. No entanto, as vacinas de DNA não foram tão efetivas quanto o esperado nos estudos clínicos, principalmente porque a primeira geração dessas vacinas não produziu quantidades adequadas de imunógeno. Atualmente, estão sendo conduzidos estudos usando vetores mais modernos para vacinação com DNA. Adjuvantes e Imunomoduladores- A iniciação de respostas imunes dependentes de célula T contra antígenos proteicos requer que os antígenos sejam administrados com adjuvantes. A maioria dos adjuvantes deflagra respostas imunes inatas, com expressão aumentada de coestimuladores e produção de citocinas, como a IL-12, que estimulam o crescimento e diferenciação da célula T. Esforços significativos estão sendo dedicados ao desenvolvimento de adjuvantes seguros e efetivos para uso em seres humanos. Apenas dois estão aprovados para pacientes — hidróxido de alumínio em gel (que parece promover principalmente respostas de célula B) e uma formulação lipídica chamada esqualeno, que pode ativar fagócitos. Uma alternativa aos adjuvantes é a administração de substâncias naturais que estimulam respostas de célula T junto com os antígenos. Por exemplo, a IL-12 incorporada em vacinas promove forte imunidade mediada por células. Como mencionado, o DNA plasmidial apresenta atividades adjuvante-símile intrínsecas, e é possível incorporar coestimuladores (p. ex.: moléculas B7) ou citocinas às vacinas de plasmídeo de DNA. Essas ideias interessantes ainda são experimentais. IMUNIZAÇÕES PASSIVAS Por exemplo, transferência de anticorpos específicos. Na situação clínica, a imunização passiva é mais comumente usada para o tratamento rápido de doenças potencialmente fatais causadas por toxinas, como o tétano, e para proteção contra raiva e hepatite. Anticorpos contra veneno de cobra podem salvar vidas quando administrados após a picada de serpentes venenosas. A imunidade passiva, tem curta duração, porque o hospedeiro não responde à imunização e a proteção dura apenas enquanto os anticorpos injetados persistirem. Além disso, a imunização passiva não induz memória, por isso um indivíduo imunizado não está protegido contra a exposição subsequente à toxina ou ao microrganismo. Entretanto, com base na identificação bem sucedida de anticorpos monoclonais humanos amplamente neutralizantes contra patógenos, como o HIV e o vírus da gripe, foram desenvolvidas novas tentativas de imunização passiva de longa duração usando um processo chamado imunoprofilaxia com vetor. Nessa abordagem, vetores virais adeno-associados são usados para introduzir genes das cadeias leve e pesada de Ig humana para um anticorpo neutralizante em seres humanos. A meta é fazer com que os indivíduos injetados sintetizem um anticorpo amplamente neutralizante protetor específico por determinado período de tempo. Os estudos clínicos já foram iniciados. 4-DIFERENCIAR AS RESPOSTAS VACINAIS DE ACORDO COM OS DIFERENTES TIPOS DE IMUNÓGENOS Vacina viva-atenuada: Para ser eficaz e conseguir estimular o sistema imune no indivíduo vacinado, o microrganismo atenuado precisa se replicar. A dose aplicada é, em geral, pequena, e as células de defesa somente conseguem identificar a bactéria ou vírus após a sua replicação, quando então atingem quantidade suficiente para serem detectados. Portanto, cuidados devem ser tomados em seu armazenamento. Qualquer condição inadequada que inviabilize o crescimento e replicação do microrganismo no indivíduo vacinado pode tornar a vacina ineficaz. A resposta imune gerada pela vacina viva atenuada é diferente quando são comparados vírus e bactérias. Em relação aos vírus, pelo fato de serem microrganismos intracelulares (endógenos), são recrutados linfócitos Tc e linfócitos Th1, responsáveis pela resposta imune celular específica. Caso o antígeno seja encontrado disperso no tecido, linfócitos Th2 conseguem identifica-lo e desencadear a diferenciação de linfócitos B em plasmócitos secretores de anticorpos e em linfócitos B de memória. A resposta imune estimulada pela vacina viral viva-atenuada é a mesma desencadeada por uma infecção viral natural. O mesmo não acontece com vírus inativados, uma vez que esses são reconhecidos como antígenos exógenos e estimulam apenas resposta de linfócitos Th2 e linfócitos B. No caso de vacinas bacterianas, a resposta imune é mediada por linfócitos Th2, que ao se ligarem aos linfócitos B, promovem a sua diferenciação em plasmócitos secretores de anticorpos, desencadeando uma resposta imune humoral. Teoricamente, vacinas bacterianas vivas atenuada e inativadas deveriam desencadear resposta idêntica no organismo, visto que ambas trazem antígenos exógenos. Todavia, vacinas bacterianas vivas atenuada também são mais eficazes quando comparadas às vacinas inativadas. Sabe-se que quanto mais similar o antígeno vacinal é do microrganismo que causa a doença, melhor é a resposta imune desencadeada. Recentemente, foi demonstrado que ligantes do TLR 8, como RNA, presentes em bactérias vivas, induzem a produção de IL-12, que desencadeia a diferenciação do linfócito Th em Th2. O linfócito Th2, por sua vez, é um dos responsáveis por promover a diferenciação do linfócito B em plasmócito, que libera anticorpos específicos. O mesmo não acontece com bactérias mortas, pois essas não possuem RNA ligante de TLR8. Dessa forma, patógenos inativados induzem resposta humoral pouco efetiva, impactando consideravelmente na resposta vacinal. Apesar de mais eficazes, uma desvantagem desse tipo de vacina é a possibilidade de causar a doença para qual foi desenvolvida para proteger. Pode ocorrer reversão da virulência do patógeno vacinal ouainda, no caso de indivíduos imunocomprometidos, pode ocorrer multiplicação exacerbada do microrganismo, causando doença. Em todo caso, na maioria das vezes quando isso ocorre, os sinais clínicos manifestados são mais brandos, sendo relatados como reação vacinal adversa. Vacina inativada: São várias as tecnologias usadas na produção de vacinas inativadas, cada uma com algumas características específicas. Vacinas a base de proteína possuem característica de aumentar o título de anticorpos a cada dose aplicada, o que não acontece com vacinas puras baseadas em polissacarídeos, que são antígeno T-independente, resultando em uma resposta imune fraca. Todavia, com o processo de conjugação, formando um antígeno polissacarídeo conjugado a uma proteína, a resposta imune passa a ser antígeno T-dependente e, consequentemente, melhor. As vacinas a base de proteína podem ainda ser do tipo toxóide, que se trata da toxina inativada; ou ainda de subunidade, onde apenas fração do microrganismo é adicionada à vacina, e não o microrganismo inteiro. ativação da imunidade inata. Podem ser classificados de acordo com o seu modo de ação, sendo basicamente três grupos. São eles os (1) adjuvantes de depósito, (2) adjuvantes particulados e (3) adjuvantes imune-estimuladores. Pode ainda haver uma combinação entre dois ou mais adjuvantes de diferentes classes, buscando uma melhor estimulação do sistema imune. a) Adjuvantes de depósito: Os adjuvantes de depósito atuam retardando a eliminação dos antígenos. Quando uma vacina com antígenos combinados a esse tipo de adjuvante é injetada em um indivíduo, há a formação de um granuloma rico em macrófagos. O antígeno, que está dentro do granuloma, é liberado de forma gradativa para o organismo, o que propicia um estímulo antigênico prolongado. Por isso, antígenos que normalmente seriam degradados em poucos dias, conseguem permanecer no organismo por semanas. Nesse grupo de adjuvantes, estão as emulsões água em óleo, pouco usadas devido à atividade irritante significativa do óleo mineral nos tecidos e os sais de alumínio, como hidróxido de alumínio, fosfato de alumínio,sulfato de alumínio e potássio (alum), largamente utilizados na produção de vacinas. Os sais de alumínio induzem a resposta imune inata e a resposta humoral específica, ativando linfócitos Th2. Eles podem estar relacionados ao surgimento de reações adversas e algumas doenças autoimunes, como a miofascite macrofágica em humanos. b) Adjuvantes particulados: Os adjuvantes particulados conseguem incorporar antígenos e formar partículas que são facilmente fagocitadas. Eles melhoram a sinalização dos antígenos vacinais, que são identificados, fagocitados, processados e apresentados aos linfócitos pelas células apresentadoras de antígenos. Como exemplo, têm-se os lipossomos, usados como adjuvantes nas vacinas contra influenza em humanos. c) Adjuvantes imunoestimuladores: Adjuvantes imunoestimuladores agem mediante ativação direta do sistema imune inato, por estímulo da produção de citocinas. Muitos desses adjuvantes incluem PAMPs na formulação, que são identificados pelos TLRs, ativando células apresentadoras de antígenos. Essas liberam citocinas e ativam a resposta imune adaptativa de linfócitos Th1 e ou Th2, a depender da substância. Como adjuvantes imunoestimuladores, tem-se lipopolissacarídeos bacterianos (LPS), muito eficazes como adjuvante, porém possuem alta toxicidade; algumas bactérias inativadas, como Propionibacterium acnes, que conseguem estimular resposta Th1 e Th2; e também saponinas, as quais passam por processo de purificação para minimizar a toxicidade, sem alterar a potente atividade adjuvante, sendo usadas nas vacinas contra leucemia felina e também nas de febre aftosa. d) Outros adjuvantes: Outro adjuvante importante é a emulsão de óleo em água, mais potentes que os sais de alumínio. Apesar de atualmente ser usada em vacinas por todo o mundo, seu mecanismo de ação não está totalmente elucidado. Sugere-se que são as gotículas lipídicas que disparam sinais de ativação desse sistema. Vacinas contra o vírus da influenza H5N1 e H1N1 usam esse adjuvante. A aplicação em animais destinados ao consumo humano não é recomendada, pois o óleo pode prejudicar a qualidade da carne. Em geral, a maior dificuldade de desenvolver adjuvantes é estimular a imunidade adaptativa, chave de uma boa eficácia vacinal, sem provocar resposta imune inata exacerbada, ligada ao que identificamos como reações adversas. Reações adversas frente a vacinas: Sabe-se que fatores como idade, sexo, raça, status imunológico e condições de saúde podem influenciar no seu aparecimento. Elas podem ser classificadas como reações adversas de toxicidade normal e como respostas inadequadas. Ambas, por sua vez, podem ser subdividas em reações locais e sistêmicas. Vale ressaltar que essa classificação tem cunho didático, e que diferentes tipos de reação podem ocorrer simultaneamente. A maioria das reações adversas está ligada à toxicidade normal da vacina, muitas vezes acontecendo como parte da resposta imune ao antígeno vacinal e considerado normal. Todavia, existe pouca aceitação da população frente a qualquer sinal adverso apresentado. Caso o protocolo vacinal exija mais de uma dose, sua eficácia pode ficar comprometida, visto que o paciente pode se recusar a receber as doses posteriores, temendo os efeitos colaterais. Como consequência, cada vez mais são pesquisadas vacinas que causem mínima reação possível, mas que continuem estimulando efetivamente o sistema de defesa. Mais raras que as reações de toxicidade normal, estão as respostas inadequadas. Elas podem ser severas, às vezes até mesmo fatais. Consequentemente, a tolerância da população é ainda menor frente a manifestação desses sinais. Reações adversas de toxicidade normal: As vacinas frequentemente causam reações inflamatórias e, por consequência, tem-se seus sinais clássicos no local da injeção: dor, inchaço e vermelhidão. Costumam surgir aproximadamente 24 horas após aplicação e podem durar cerca de uma semana. Em geral, não deixam sequelas no local. A depender dos componentes vacinais, as reações manifestadas podem ser também sistêmicas, cursando com sinais como febre, letargia, dor muscular e anorexia. As causas dessas reações inespecíficas podem ser exposição às endotoxinas do antígeno vacinal, toxicidade do adjuvante e a replicação do microrganismo no caso de vacinas vivas atenuadas. Em geral, essas reações são transitórias e sem maiores transtornos, porém, podem ser suficientes para causar aborto em gestantes. A decisão de imunizar ou não uma paciente gestante deve ser baseada nos riscos e benefícios que o procedimento traz. O risco da doença para a mãe e o feto deve ser levado em conta, sabendo que anticorpos podem ser transferidos passivamente para o feto via placenta ou colostro, aumentando sua proteção. Atualmente, a vacinação contra influenza é recomendada para mulheres no terço final da gestação, pois os benefícios superam os riscos. Todavia, vacinas contra sarampo, caxumba, rubéola e varíola são contraindicadas na gravidez, podendo trazer consequências à manutenção da gravidez e à saúde do feto. Reações adversas – respostas inadequadas a) Reação de Arthus- Consiste em uma reação adversa local, mediada por imunocomplexos: uma reação típica de hipersensibilidade tipo III. Ocorre quando uma vacina é injetada via subcutânea em um indivíduo que já possui um alto nível de IgG circulante contra os antígenos vacinais ou outros componentes da vacina. Em seguida, ocorre a formação de imuno complexos, que são depositados entre e ao redor das células endoteliais vasculares. Os imuno complexos ativam o sistema complemento, resultando na liberação de citocinas, levando a degranulação de mastócitos e a atração de neutrófilos para o local. O resultado é uma inflamação aguda, que se inicia com inchaço e vermelhidão local. Eventualmente, evolui para hemorragia local e trombose e, se severa, causa destruição tecidual local. A reação de Arthus pode começar a aparecer em poucas horasou em até 24 horas após vacinação. É um quadro que causa dor e, por isso, incômodo no paciente. Todavia, em geral, a resolução se dá após 2 ou 3 dias. b) Hipersensibilidade tipo IV- Trata-se de uma resposta inflamatória local crônica, mediada por células, que costuma tardar mais de 24 horas a ser produzida após o contato com substância estranha. O pico da reação ocorre entre 72 e 96 horas. Células apresentadoras de antígenos identificam o corpo estranho e o apresentam para linfócitos Th1. Esses, por sua vez, secretam citocinas que ativam macrófagos e atraem para o local monócitos, mais linfócitos T e, em alguns casos, basófilos. Com o acúmulo de muitas células inflamatórias, tem-se inflamação crônica e granulomas no local da injeção (Gutiérrez et al., 2015). Adjuvantes de depósito que contém alumínio ou óleo, endotoxinas e antígenos podem levar à instalação desse quadro. c) Hipersensibilidade tipo I- Reações de hipersensibilidade tipo I (ou imediata), as alergias, são uma resposta imune exacerbada e inapropriada frente a antígenos geralmente inócuos, denominados alérgenos. Os alérgenos são captados pelas células apresentadoras de antígenos e apresentados aos linfócitos Th, que se diferenciam em Th2 e ativam os linfócitos B, estimulando-os a se diferenciarem em plasmócitos e secretarem grande quantidade de IgE. As IgE, por sua vez, ao identificarem o alérgeno, se ligam a mastócitos e estimulam sua degranulação e liberação de mediadores inflamatórios. Têm-se então os sinais típicos das alergias, geralmente cutâneos: inchaço, vermelhidão, prurido, aumento da secreção de muco. Caso ocorra uma degranulação generalizada de mastócitos, é produzida uma reação inflamatória generalizada (anafilaxia), atingindo principalmente sistema respiratório e gastrointestinal e causando colapso circulatório, podendo levar a morte em pouco tempo. Em alguns indivíduos, componentes da vacina podem ser identificados pelo organismo como alérgenos e desencadearem uma respostamajoritariamentede IgE, o anticorpo envolvido nas alergias. O mais comum é a hipersensibilidades contra proteínas usadas como estabilizantes, como a gelatina, ou que estão presentes nos meios de cultura usados para o crescimento de bactéria ou vírus, como a proteína do ovo. d) Sinais clínicos da doença- Vacinas vivas atenuadas podem conter virulência residual e então causar alguns sinais clínicos da doença para qual o indivíduo foi imunizado. Quando isso ocorre, esses sinais pós-vacinais são classificados como um tipo de reação adversa à vacina. Em geral, são apenas sinais clínicos brandos; porém, existem relatos de desenvolvimento da doença clínica após a vacinação. 5-DISCUTIR A ORGANIZAÇÃO DO CALENDÁRIO NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO INFANTIL No Brasil, a vacinação é coordenada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) do MS, cujas atividades tiveram início em 1973. Anteriormente, as ações de imunização eram marcadas pela atuação isolada de programas nacionais para o controle de doenças específicas, como a varíola, a poliomielite e a tuberculose, ou por recomendações médicas. A partir da criação do PNI, o MS passou a definir e atualizar regularmente as vacinas obrigatórias do calendário vacinal, permitindo às unidades federadas a proposição de medidas complementares em seu território. A organização de um calendário nacional, a disponibilidade dos imunobiológicos na rede pública de saúde e a meta de vacinar todas as crianças nascidas a cada ano se constituíram em fatores essenciais para os crescentes índices de cobertura vacinal observados no país. Considerando o risco, a vulnerabilidade e as especificidades sociais, o PNI define calendários de vacinação com orientações específicas para crianças, adolescentes, adultos, gestantes, idosos e indígenas. As vacinas recomendadas para as crianças têm por objetivo proteger esse grupo o mais precocemente possível, garantindo o esquema básico completo no primeiro ano de vida e os reforços e as demais vacinações nos anos posteriores. Na elaboração dos calendários vacinais é considerado o comportamento da(s) doença(s) no país, assim como o impacto que causam na população. Desse modo, são observados critérios como magnitude, vulnerabilidade, transcendência, gravidade e relevância social e econômica. Ressalte-se que o calendário vacinal ideal deve ser eficaz, otimizado (menor número de doses e visitas necessárias), adaptado às necessidades da população, bem aceito pelos profissionais da saúde e pela sociedade, unificado por área geográfica e atualizado permanentemente. O M.S. do Brasil instituiu em todo o território nacional os calendários de vacinação da criança. As sociedades científicas, cientes dos conhecimentos mais recentes e da disponibilidade de novos produtos, têm elaborado calendários ampliados para grupos específicos, e a proteção individual. Cabe ressaltar que essas indicações, embora pertinentes, nem sempre podem ser contempladas pelo serviço público. As sociedades elaboram seus calendários utilizando como princípio a proteção mais ampla possível à saúde, recomendada por evidências científicas e conforme liberação por órgãos reguladores. No primeiro ano de vida, o sistema imunológico ainda está em desenvolvimento. Para algumas vacinas, devido à sua composição, é necessária a administração de um número maior de doses, de acordo com a idade, como ocorre com a vacina conjugada pneumocócica 10 valente, a meningocócica C e a vacina hepatite B. É necessário que as crianças sejam vacinadas nos primeiros meses de vida, pois se espera que o primeiro contato seja com o antígeno vacinal. No entanto, para algumas vacinas, poderá ocorrer a interferência dos anticorpos maternos. Por exemplo, em relação à vacina contendo o componente sarampo, recomenda-se não vacinar crianças filhas de mães que tiveram a doença ou foram vacinadas no período anterior a 6 meses, pela possível inativação da vacina. Procure seguir o calendário de vacinação, pois, se realizadas nos períodos indicados, as vacinas trazem mais benefícios à criança. Para vacinar a sua criança, procure o centro de saúde ou a equipe de saúde que cuida da sua família. Na maioria das vezes, mesmo que o bebê esteja com febre, gripado ou com outros sintomas, a vacina pode ser aplicada. Quem pode avaliar é a equipe de saúde. A primeira dose da vacina contra hepatite B deve ser administrada na maternidade, nas primeiras 12 horas de vida do RN. O esquema básico se constitui de 3 doses, com intervalos de 30 dias da primeira para a segunda dose e 180 dias da primeira para a terceira dose. É possível administrar a primeira dose da vacina oral de rotavírus humano a partir de 1 mês e 15 dias a 3 meses e 7 dias de idade (6 a 14 semanas de vida). O esquema de vacinação atual é feito aos 2, 4 e 6 meses de idade com a vacina tetravalente e dois reforços com a tríplice bacteriana (DTP). O primeiro reforço aos 15 meses e o segundo, entre 4 e 6 anos. É possível administrar a segunda dose da vacina oral de rotavírus humano a partir de 3 meses e 7 dias a 5 meses e 15 dias de idade (14 a 24 semanas de vida). O intervalo mínimo preconizado entre a primeira e segunda dose é de quatro semanas. A vacina contra febre amarela está indicada para crianças a partir dos 9 meses de idade que residam ou que irão viajar para área endêmica, área de transição e área de risco potencial. Se viajar para áreas de risco, vacinar contra febre amarela 10 dias antes da viagem. 6-DESCREVER AS FORMAS DE TRANSPORTE PLACENTÁRIO RELACIONADOS A IMUNIDADE Transferência Placentária- O transporte de substâncias, em ambas as direções, entre o sangue fetal e o materno é facilitado pela grande área de superfície da membrana placentária. Quase todos os materiais são transportados através dessa membrana por um dos quatro principais mecanismos de transportes que seguem: difusão simples, difusão facilitada, transporte ativo e pinocitose. O transporte passivo por difusão simples é geralmente característico de substâncias que se movem de áreas de maior concentração para as de menor concentração até o equilíbrioser estabelecido. Na difusão facilitada, há transporte através de gradientes elétricos. A difusão facilitada requer um transportador, mas não energia. Tais sistemas podem envolver moléculas carreadoras que temporariamente se combinam com as substâncias a serem transportadas. O transporte ativo é a passagem de íons ou moléculas através de uma membrana celular. A pinocitose é uma forma de endocitose (leva moléculas e outras substâncias para as células) na qual o material que está sendo engolfado é uma pequena quantidade de líquido extracelular. Esse método de transporte está normalmente restrito às grandes moléculas. Transferência de Gases- Oxigênio, dióxido de carbono e monóxido de carbono atravessam a membrana placentária por difusão simples. A interrupção do transporte de oxigênio por vários minutos põe em risco a sobrevivência do embrião/feto. A membrana placentária assemelha-se à eficiência dos pulmões para as trocas gasosas, logo, a hipóxia fetal resulta primariamente de fatores que diminuem ou o fluxo sanguíneo uterino ou o fluxo sanguíneo embrionário/fetal. A falência respiratória materna (p. ex., devido à pneumonia) também reduzirá o transporte de oxigênio para o embrião/feto. Outros mecanismos de transporte placentário- Existem três outros métodos de transferência através da membrana placentária. No primeiro método de transporte, as hemácias fetais passam para a circulação materna, particularmente durante o parto (nascimento da criança), através de espaços microscópicos na membrana placentária. Hemácias maternas marcadas também foram encontradas na circulação fetal. Consequentemente, as hemácias podem passar em ambas as direções através de defeitos muito pequenos na membrana placentária. No segundo método de transporte, células atravessam a membrana placentária usando sua própria força, por exemplo, leucócitos maternos (células sanguíneas brancas), que estão envolvidas no combate a substâncias estranhas e doenças, e células do Treponema pallidum, o organismo que causa a sífilis. No terceiro método de transporte, algumas bactérias e protozoários, tais como o Toxoplasma gondii, infectam a placenta criando lesões e então atravessam a membrana placentária através dos defeitos que foram criados. Imunidade Neonatal- neonatos são protegidos das infecções por anticorpos produzidos pela mãe, transportados através da placenta para a circulação fetal, e pelos anticorpos ingeridos no leite e transportados através do epitélio intestinal de recém-nascidos por um processo especializado conhecido como transcitose. Os recém-nascidos não têm a capacidade de montar respostas imunes eficazes contra microrganismos e, durante vários meses após o nascimento, sua principal defesa contra a infecção é a imunidade passiva fornecida pelos anticorpos maternos. A IgG materna é transportada através da placenta, e a IgA e IgG presentes no leite materno são ingeridas pelo lactente. Os anticorpos IgA e IgG ingeridos podem neutralizar organismos patogênicos que tentam colonizar o intestino do bebê, e alguns anticorpos IgG ingeridos podem ser transportados através do epitélio intestinal para a circulação do neonato. Assim, um recém-nascido possui, essencialmente, os mesmos anticorpos IgG que sua mãe. O transporte da IgG materna através da placenta é mediado por um receptor Fc específico para IgG denominado FcRn. O FcRn é único entre os receptores Fc porque se assemelha a uma molécula do complexo de histocompatibilidade principal (MHC) de classe I. No entanto, a interação de IgG com o FcRn não envolve a porção da molécula que é análoga à fenda de ligação do peptídeo usado pelas moléculas de MHC de classe I para exibir os peptídeos para o reconhecimento pelas células T. Imunidade neonatal- O útero constitui um ambiente relativamente estéril; entretanto, a partir do momento de seu nascimento, o lactente fica totalmente exposto ao mundo microbiano potencialmente hostil. O corpo é colonizado por uma enorme variedade de micróbios, que constituem, em seu conjunto, a microbiota, cuja maior parte consiste em comensais inócuos, mas entre os quais podem se esconder alguns microrganismos potencialmente patogênicos. As respostas imunes precoces são moduladas pela composição da microbiota, juntamente com a genética e a alimentação do indivíduo. É a resposta inata que habitualmente desempenha o papel predominante no recém-nascido. Isso inclui o reconhecimento de patógenos pelos receptores de reconhecimento de padrões nas células fagocitárias, juntamente com a participação potencial das células NK, células NKT invariantes e células B. As respostas das células B convencionais, juntamente com as respostas das células T auxiliares, citotóxicas e reguladoras, são relativamente imaturas por ocasião do nascimento, e, de modo geral, há um desvio para as respostas Th2 no recém-nascido. Além disso, os linfonodos e o baço continuam relativamente subdesenvolvidos por ocasião do nascimento nos seres humanos, exceto quando houve exposição intrauterina a antígenos, como nas infecções congênitas pelo vírus da rubéola ou outros microrganismos. Figura 10.15 Diferenciação das células T e B independente e dependente de antígeno. A diferenciação inicial dos precursores das células T e das células B é independente do antígeno. Após a expressão de um TCR, os timócitos corticais tornam-se “duplo-positivos”. A seleção positiva ocorre no córtex, e, subsequentemente, ocorre seleção negativa na medula à medida que os linfócitos tornam-se células T “positivas simples”. As células B apresentam recombinação dos genes das imunoglobulinas na medula óssea. As células T e as células B deixam os tecidos linfóides primários como células imunocompetentes e implantam-se nos tecidos linfóides secundários, onde podem ser ativadas por antígeno estranho, resultando na geração de linfócitos efetores e de memória. Licenciamento das células NK. As células NK possuem receptores ativadores e inibidores. Durante o seu desenvolvimento inicial, essas células necessitam de sinais emitidos pelos seus receptores inibidores, de modo a assegurar a sua sobrevida e a adquirir uma reatividade aumentada a sinais fornecidos pelos seus receptores ativadores. Subsequentemente, são capazes de destruir células-alvo que perderam a expressão das moléculas do MHC da classe I. As células NK não licenciadas (não educadas) não são capazes de destruir esses alvos. Embora a capacidade de rejeitar enxertos e de desencadear uma resposta humoral esteja parcialmente desenvolvida por ocasião do nascimento, o sistema imune ainda é relativamente imaturo e, portanto, não totalmente imunocompetente. Os níveis de imunoglobulinas, com uma exceção, estão baixos, particularmente na ausência de infecção intrauterina. A exceção é a IgG adquirida por transferência placentária da mãe, utilizando o receptor Fc neonatal, FcRn. A IgG materna é catabolizada com uma meia-vida de aproximadamente 3 semanas, e, por conseguinte, ocorre uma queda da concentração de IgG no decorrer dos primeiros 2 meses, acentuada pelo aumento do volume sanguíneo do lactente em crescimento. Subsequentemente, a velocidade de síntese de IgG pelas próprias células B do recém-nascido supera a velocidade de degradação da IgG materna, e a concentração global aumenta de modo contínuo. As outras imunoglobulinas não atravessam a placenta, e os níveis baixos, porém significativos, de IgM no sangue do cordão umbilical são sintetizados pelo lactente. A IgM alcança os níveis do adulto em torno dos 9 meses de idade. Apenas traços de IgA, IgD e IgE estão presentes na circulação do recém-nascido. K. Nelson - Tratado de Pediatria. [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2017. 9788595153707. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978 8595153707/. Acesso em: 12 Mar 2021 A.K.A. Imunologia Celular e Molecular. Grupo GEN, 2019. 9788595150355. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978 8595150355/. Acesso em: 12 Mar 2021 SCHATZMAYR, Hermann G. Novas perspectivas em vacinas virais. História, Ciências, Saúde-Manguinhos,v. 10, p. 655-669, 2003. MORAIS, Aisiane Cedraz; QUIRINO, Marinalva Dias. Prática de imunização da criança prematura. Ciência, Cuidado e Saúde, v. 9, n. 2, p. 350-357, 2010. 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