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1 Módulo 9 – Problema 1 – Arilson Lima da Silva – MED3 OBJETIVOS 1) Entender os principais pontos do Estatuto do Idoso. • A política nacional do idoso (PNI), Lei nº8. 842, de 4 de janeiro de 1994, e o estatuto do Idoso,Lei nº 10.741,de 1º de outubro de 2003, define Idoso pessoas com 60 anos ou mais. Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) (2002) define o idoso a partir da idade cronológica, portanto, idosa é aquela pessoa com 60 anos ou mais, em países em desenvolvimento e com 65 anos ou mais em países desenvolvidos. • O documento, vigente desde janeiro de 2004, veio ampliar direitos que já estavam previstos em outra Lei Federal, de nº 8842, de 04 janeiro de 1994 e também na Constituição Federal de 1988 e dessa forma se consolida como instrumento poderoso na defesa da cidadania dos cidadãos e cidadãs daquela faixa etária, dando-lhes ampla proteção jurídica para usufruir direitos sem depender de favores, amargurar humilhações ou simplesmente para viverem com dignidade. • Ao longo de seus 118 artigos são tratadas questões fundamentais, desde garantias prioritárias aos idosos, até aspectos relativos à transporte, passando pelos direitos à liberdade, à respeitabilidade e à vida, além de especificar as funções das entidades de atendimento à categoria, discorrer sobre as questões de educação, cultura, esporte e lazer, dos direitos à saúde através do SUS, da garantia ao alimento, da profissionalização e do trabalho, da previdência social, dos crimes contra eles e da habitação, tanto em ações por parte do Estado, como da sociedade. • Nos seus 118 artigos, o Estatuto do Idoso assegura uma série de direitos aos maiores de 60 anos. • Alguns deles: • Atendimento preferencial, imediato e individualizado junto aos órgãospúblicos e privados prestadores de serviços à população; • Fornecimento gratuito de medicamentos pelo Poder Público, especialmente os de uso contínuo, assim como próteses, órteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação; • Proibição de discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade; • Criação de cursos especiais para idosos, com inclusão de conteúdo relativo às técnicas de comunicação, computação e demais avanços tecnológicos, para sua integração à vida moderna; • Descontos de 50% em atividades culturais, de lazer e esporte; • Proibição de discriminação do idoso em qualquer trabalho ou emprego, por meio de fixação de limite de idade, inclusive para concursos, ressalvados os casos específicos devido à natureza do cargo; • Fixação da idade mais elevada como primeiro critério de desempate em concurso público; • Estímulo à contratação de idosos por empresas privadas; • Reajuste dos benefícios da aposentadoria na mesma data do reajuste do salário mínimo; • Concessão de um salário mínimo mensal para os idosos acima de 65 anos que não possuam meios para prover sua subsistência, nem de tê-la provida por sua família; • Prioridade na aquisição de imóvel para moradia própria, em programas habitacionais públicos ou subsidiados com recursos públicos; • Gratuidade nos transportes coletivos públicos aos maiores de 65 anos, com reserva de 10% dos assentos para os idosos; • Reserva de duas vagas no sistema de transporte coletivo interestadual para idosos com renda mensal de até dois salários mínimos, com desconto de 50%, no mínimo, no valor das passagens, para os idosos que excederem as vagas gratuitas; • Reserva de 5% das vagas nos estacionamentos públicos e privados. • O governo brasileiro lançou na terça-feira (3/04/2018) a “Estratégia Brasil Amigo da Pessoa Idosa”, que busca alcançar o envelhecimento ativo, saudável, cidadão e sustentável para todos os brasileiros. A iniciativa contou com a colaboração da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). • A ação tem como prioridade a população idosa vulnerável, embora contemple todas as pessoas idosas. A expectativa é atingir inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, que ultrapassa 6 milhões de pessoas com 60 anos ou mais. 2) Diferenciar senescência de senilidade. INTRODUÇÃO • Entender o processo de envelhecimento começa com a definição e a distinção entre os termos senescência e senilidade. • A SENESCÊNCIA é o processo natural de envelhecimento ou o conjunto de fenômenos associados a esse processo. É a somatória de alterações morfológicas e funcionais atribuídas aos efeitos dos anos sobre o organismo. • Esse conceito se opõe à SENILIDADE , que é entendida como os danos à saúde associados ao tempo, mas 2 Módulo 9 – Problema 1 – Arilson Lima da Silva – MED3 causados por doenças ou maus hábitos de vida. Essa condição também é denominada de envelhecimento patológico. • A distinção entre envelhecimento fisiológico (senescência) e patológico (senilidade) é fundamental na assistência presada aos idosos. SENESCÊNCIA • A perda gradativa de função observada no envelhecimento não se torna perceptível até que ultrapasse um determinado limiar. Assim, o desempenho funcional de um órgão no idoso depende de 2 fatores principais: ♥ Taxa de declínio funcional ♥ Demanda solicitada. • Um exame com resultado normal em um indivíduo idoso pode ter o mesmo valor do exame de um jovem, mas o que os diferencia é a maneira como este órgão responde ao estresse externo, ou seja, depende de sua reserva funcional. • EX: Um paciente com 78 anos e seu neto de 30 anos, ambos podem ter valores de creatinina sérica de 0.8 mg/dl, mas, quando submetidos a um estresse ,como privação hídrica, por exemplo, o idoso terá mais chance de evoluir para insuficiência renal aguda do que o jovem, já que o seu número de glomérulos funcionantes é menor. • As diferenças fisiológicas ainda não estão completamente elucidadas. Boa parte das informações disponíveis provém de estudos transversais que comparam as características dos indivíduos mais jovens com as encontradas nos mais velhos. SENILIDADE Estudos da OMS, em 1984, estimam que, numa coorte na qual 75% dos indivíduos sobrevivem aos 70 anos, um terço será portador de doenças crônicas e pelo menos 20 % terão algum grau de incapacidade associada. Essa constatação leva à preocupação imediata com o aumento da demanda por serviços de saúde e os custos que o envelhecimento populacional pode acarretar. ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO • O aumento da expectativa de vida evidenciado nos últimos anos e a projeção mundial da prevalência crescente de indivíduos idosos têm suscitado muitos questionamentos sobre como envelhecer bem. • O envelhecimento bem-sucedido é um conceito subjetivo no qual valores individuais e culturais merecem ser observados. • As sociedades ocidentais tendem a priorizar a ausência de doenças e a minimização das incapacidades para se atingir o melhor desse processo, enquanto as culturas orientais põem em foco o aumento do saber e o desenvolvimento espiritual, deixando as deficiências orgânicas em segundo plano. • O envelhecimento bem-sucedido implica trazer qualidade à fase final da vida, tornando-a produtiva e positiva. • Duas linhas de pensamento distintas tentam individualizar os diferentes aspectos do envelhecimento bem-sucedido: ♥ TEORIAS BIOMÉDICAS: consideram o envelhecimento bem-sucedido a minimização da deterioração mental e física e a redução da dependência. ♥ TEORIAS PSICOSSOCIAIS:não enfatizam a ausência de doenças, e sim a satisfação na vida, a participação social e as reservas psicológicas, incluindo o crescimento individual. Esse modelo valoriza a autonomia, a independência e o uso de estratégias adaptativas em face das circunstâncias adversas. 3) Teorias do envelhecimento. TEORIAS BIOLÓGICAS • As teorias para explicar o processo do envelhecimento são agrupadas em inúmeras formas e categorias. De modo gera, todas tentam cobrir os aspectos genéticos, bioquímicos e fisiológicos de um organismo. • As teorias genéticas apresentam especulações e evidências sobre a identidade de genes responsáveis pelo envelhecimento, acumulações de erros na estruturação genética, senescência programada e telômeros. • As teorias bioquímicas estão focadas no metabolismo energético, na geração de radicais livres e na taxa de sobrevida associada à saúde mitocondrial. • As teorias fisiológicas apresentam explicações para a senescência associadas ao sistema endócrino e o papel dos hormônios na regulação da taxa d envelhecimento celular. • De modo amplo, quando são analisados os mecanismos moleculares de dano e limitações 3 Módulo 9 – Problema 1 – Arilson Lima da Silva – MED3 celulares, existem 3 grandes processos pelos quais tais moléculas sofrem comprometimento, causando senescência ou doenças. • 1º: É secundário a reações químicas intracelulares; seja como consequência do surgimento de espécies tóxicas de O2, os radicais livres, seja por agentes exógenos como poluentes ou radiação. • 2º: está associada a subprodutos de componentes da glicose e sus metabólicos. • 3º: presença de erros espontâneos nos processos bioquímicos, como a duplicação de DNA, modificações nos processos de transcrição, pós- transcrição, translação e pós-translação no âmago células. • Muitas das teorias encontram-se envolvidas em um desses 3 processos, algumas delas, em todos eles. • Segundo Teixeira e Guariento (2010), as teorias do envelhecimento são apresentadas sem 2 grupos: ♥ TEORIAS PROGRAMADAS: são baseadas no conceito de “relógio biológico”, ou seja, fenômenos delimitados marcando etapas específicas da vida, como crescimento, maturidade, senescência e morte. ♥ TEORIAS ESTOCÁSTICAS: estão condicionadas a alterações moleculares e celulares, progressivas e aleatórias que promovem danos nas estruturas biológicas para manutenção da vida. • Na tentativa de estruturar de forma didática e apresentar de modo simplificado a complexidade dessas teorias e dos conteúdos envolvidos, e assim se segue a proposta de Arking (2008). • O modelo de Descartes, fragmentando as partes para compreender o todo, é proposto por esse autor. • As teorias são divididas em estocásticas e sistêmicas. TEORIAS ESTOCÁSTICAS DO ENVELHECIMENTO • A segunda lei da termodinâmica afirma que, do ponto de vista da mecânica estatística, os processos físicos e químicos tendem a um aumento da desordem ou de sua entropia. • Todas as células, guardadas as devidas proporções, são instáveis do ponto de vista termodinâmico. Sua organização intrínseca está submetida a um contínuo e ininterrupto processo de diversos “ataques” – estocásticos- que podem causar, em cada unidade, uma degradação. • As teorias de cunho estocástico sugerem que fenômenos diversos oriundos dessa desordem promoveriam erros em diversos segmentos orgânicos, provocando um declínio fisiológico e estrutural progressivo. TEORIA DO USO E DESGASTE • Persiste até os dias de hoje sob uma ótica principal: quanto mais desgaste sofre uma célula, maior é o comprometimento em sua habilidade de sobrevida. • Ao longo do envelhecimento celular são observados inúmeros agravos que promovem uma limitada capacidade de reparação, a qual, com o passar do tempo, é cada vez maior. • Essa constatação é parte integrante da percepção dessa teoria, sugerindo que o desgaste gradual das células somáticas era resultado exclusivo de seu uso contínuo e ininterrupto, ou seja, que a causa principal do envelhecimento era sua incessante replicação, provocando consequentemente, um desgaste. • Atualmente, essa teoria é totalmente discordante das observações práticas. • Surgem alguns itens que merecem destaque: • 1º) Observação de que mesmo animais que estão protegidos de lesões ambientais ou patologias secundárias não apenas envelhecem, como também falham em exibir qualquer melhora no tempo máximo de vida. • 2º) Muitos dos danos supostos pelo uso e desgaste são mudanças que dependem apenas do tempo e não podem ser os elementos causais do envelhecimento por si sós. • Perder um dente não desencadeia o início do envelhecimento, assim como fraturar um membro ou outras lesões repetidas. Apesar desses elementos somarem limitações para a sobrevida, não representam o gatilho inicial par ao envelhecimento. • Como teoria, encontra-se falha na definição de seus conceitos. TEORIA DAS MODIFICAÇÕES PROTEICAS • O estudo do envelhecimento e a análise do genoma em espécies com vida curta como nematódeos, moscas e ratos permitiram à ciência melhor compreensão das alterações associadas a lesões em macromoléculas como DNA, proteínas e lipídios. RNA e proteínas devem ser sintetizadas regularmente. • A produção de proteínas ocorre em 2 fases: transcrição do gene que envolve a produção de RNAm, seguido de translação da mensagem à produção de proteína. 4 Módulo 9 – Problema 1 – Arilson Lima da Silva – MED3 • Para aquelas células que estão em replicação, dividindo-se há um terceiro passo, a replicação do DNA, que procede as duas etapas anteriores. • Erros podem ocorrer em qualquer uma dessas etapas. Quando correm, genes defeituosos, RNam e proteínas são produzidos de modo inadequado e/ou defeituosos. • Champion (1942) postulou que modificações pós- traducionais poderiam ser disseminadas e; assim, esse fenômeno ser um mecanismo de envelhecimento. • A “falha na reparação” é a sugestão de que o acúmulo de modificações químicas irreparáveis em macromoléculas importantes poderia impedir o funcionamento adequado de algumas células. • EX: como pontuado por Cunha (2011), próximo de 30 a 50% de proteínas em um animal idoso podem ser constituídas por proteínas oxidadas. Animais velhos têm perda de até 50% em sua atividade enzimática. • Evidências biológicas, especialmente em nematódeos, denotam que as alterações não envolvem erros na sequência de aminoácidos ou modificações de sua organização preexistentes (cross-linking). • A hipótese é que as moléculas de longa vida, com baixo turn-over, e que residem na célula por longa data sofram uma desnaturação tênue no ambiente citoplasmático. • Uma das hipóteses é que existiriam modificações oxidativas nas estruturas proteicas e que um novo tipo de ligações cruzadas promoveria alterações na conformação da célula e seu respectivo tecido. • Exemplos de proteínas que apresentam alterações sugeridas: colágeno e a elastina (elas sofrem declínio gradual de suas funções, trazendo diversas repercussões na habilidade funcional desses organimsos). • O colágeno isolado de mamíferos mais velhos é mais difícil de ser digerido enzimaticamente e, apesar de continuar seu processo de degradação quando armazenado in vivo, há uma forte sugestão de que suas ligações cruzadas sejam diferentes do organismo jovem. • Esses tipos de ligações cruzadas são diferentes entre si e nem todas aumentam com o envelhecimento do organismo. Algumas doenças como o DM-I parecem apresentam quantidades maiores de reações enzimáticasirreversíveis entre glicose e proteínas, traduzindo-se em produtos que somente seriam observados no processo de envelhecimento. • Evidências sugerem que fatores ambientais, como exercício e restrição de calorias, podem inibir o processo de ligações cruzadas em fibras colágenas. Alguns constituintes, como os proteossomos, estão amentados em ratos idosos estimulados à atividade física regular. • Esses elementos são componentes envolvidos na digestão de moléculas proteicas intracelulares e responsáveis pelo controle da quantidade da célula na digestão de moléculas proteicas que acumulam erros estruturais. • Outra observação é que a atividade proteica parece ficar mais lenta com o envelhecimento. As vias citoplasmáticas de degradação expressam um processamento inadequado de proteínas. • Essas proteínas pós-tradução tornam-se anormais e se acumulam e, como o passar do tempo, sua taxa de degradação diminui. TEORIA DA MUTAÇÃO SOMÁTICA DO DANO AO DNA • Nesta teoria, a ideia principal é que fatores orgânicos poderiam causar alterações específicas na composição do DNA e nas células somáticas. • Falha na reparação ou anomalias existentes promoveriam “golpes” aleatórios que comprometeriam a expressão de grandes regiões cromossômicas ou mesmo cromossomos inteiros. • Como consequência, a expressão inadequada de suas funções promoveria o envelhecimento celular. • Muitos estudos apontam a importância do reparo do DNA na velocidade do envelhecimento. Isso é visto em estudos da enzima poli (ADP-ribose) polimerase- 1 (PARP-1), que é a peça-chave na resposta celular imediata quando há algum tipo de estresse intracitoplasmático induzido pela lesão de DNA. Nesta hipótese, altos níveis de PARP-1 estão associados a expectativa de vida mais longa. • Constantemente, o DNA células sofre mais de 10.000 lesões oxidativas. Se não houvesse mecanismos de reparo e regulação adequados, a alteração das bases nitrogenadas na dupla-hélice ocasionaria erros na transcrição e tradução proteicas, formando produtos inadequados e inviabilizando a vida da célula. • Espécies de vida curta apresentam alto consumo de O2 e, mais uma vez, o papel das espécies tóxicas de O2 parecem exercer influência direta nesta sobrevida. • O DNA pode sofrer 2 tipos diferentes de agressões: ♥ MUTAÇÕES: refere-se a mudanças nas sequências de polinucleotídeos, em que as bases nitrogenadas sofrem deleções, acréscimos, substituições ou rearranjos. EX: anemia falciforme. ♥ DANOS: refere-se a qualquer uma das muitas alterações químicas dentro da estrutura bi- helicoidal da molécula. Pode ser causado tanto por fontes exógenos como endógenas, com alterações que modificam ou quebram a dupla-hélice ao produzirem irregularidades estruturais no DNA. • Os dois poderiam interferir na expressão gênica e foram postulados também como possíveis mecanismos de envelhecimento, já que existem correlações significativas entre a taxa de reparação de DNA e o tempo de vida em diversos organismos. 5 Módulo 9 – Problema 1 – Arilson Lima da Silva – MED3 TEORIA DO ERRO CATASTRÓFICO • Apresenta que ao longo dos anos, erros aleatórios e constantes poderiam construir alterações drásticas nas atividades enzimáticas, levando à limitação do funcionamento celular e, em nível macro, de todo o organismo. • Por meio do experimento com moscas da fruta e camundongos, o qual consistiu na alimentação de aminoácidos defeituosos na expectativa de modificações a serem expressas, não foram observadas alteração na sobrevida habitual do animal. • As células, devido sua habilidade de adaptação, são capazes de se reorganizar, construindo e destruindo elementos constituintes para uma melhor nutrição e respostas diante de agentes estressores. Assim, se uma proteína defeituosa é produzida, rapidamente é clivada e substituída por uma cópia saudável. • Na teoria do erro catastrófico, o funcionamento incorreto de elementos da síntese proteica foi proposto como modelo de observação. • Um dos exemplos é a ação da enzima aminoacil- tRNA sintetase (aaRS), que tem como papel catalisar a esterificação de um aminoácido específico em um dos possíveis tRNA correspondentes durante a síntese proteica. • Erros aleatórios cumulativos podem ocorrer nesta estrutura, comprometendo-a drasticamente e induzindo a gênese imprópria de proteínas e um processo de feedback com autoamplificação. • Seu funcionamento incorreto promoveria uma catástrofe na origem de novas proteínas e, em consequência, danos graves à célula e desfechos incompatíveis com a vida. DESDIFERENCIAÇÃO • Baseia-se no conceito de que as células diferenciadas têm a habilidade de repressão seletiva da atividade de genes desnecessários à sobrevivência. • Nessa hipótese, o envelhecimento normal ocorreria pelo fato de essas células desviarem-se de seu processo de diferenciação. • Mecanismo estocásticos promoveriam ativação ou repressão gênica, causando síntese inadequada de proteínas ou mesmo a síntese de proteínas desnecessárias, que, como o tempo, diminuiriam a atividade celular e, em consequência causariam a morte. • A consequente falta de um controle gênico rigoroso poderia resultar em produção de proteínas sintetizadoras, além de outras características de seu estado diferenciado. • A suposição é que modificações aleatórias poderiam ocorrer no aparato de regulação gênica, resultando em mudanças na sua expressão. DANO OXIDATIVO E RADICAIS LIVRES • Apesar de essencial à manutenção da vida aeróbica, o O2 é capaz de causar danos por oxidação, ou seja, retirar elétrons de substâncias inorgânicas ou mesmo de moléculas orgânicas como DNA, proteínas e lipídeos, causando instabilidade celular. • As espécies reativas de O2 são geradas de forma fisiológica, e aproximadamente 90% delas são produzidas por mitocôndrias no processo de fosforilação oxidativa. • A teoria do dano oxidativo foi proposta por Denham Herman, em 1957. Ela postula que o envelhecimento seria consequente aos efeitos deletérios das espécies reativas de O2 nas organelas citoplasmáticas. • O aumento da expectativa de vida em moscas transgênicas com expressão de moléculas antioxidantes indica que, por meio de tais enzimas, as moscas são capazes de viver até 40% ou mais do que indivíduos normais. Entretanto, para espécie humana, não existem evidências da associação desse fenômeno com o envelhecimento. • Entre a enzimas antioxidantes, estão superóxido desmutase (SOD) e catalase (CAT), que são responsáveis pela degradação do radical superóxido e do H2O2. • Podendo-se postular que, se determinado organismo possui abundância de tais enzimas, em teoria, seria mais longevo. Mas, isso não é observado em algumas situações na espécie humana. • A pesas de possuírem uma cópia extra do gene da SOD, e essa cópia ser capaz de duplicar a degradação do radical superóxido, os portadores da Síndrome de Down não têm sobrevida maior. • Nessa situação a degradação do superóxido produz o H2O2, que, no organismo de tais indivíduos, não possui CAT suficiente para sua eliminação. • As aves têm peculiaridades relevantes com relação a esse quesito. O beija-flor, que tem alta taxa metabólica e grande consumo de O2, pode apresentar longevidade maior que 12 anos. Algumas espécies de Araras podem viver até os 90 anos, pois tudo indica que aves voadoras têm um mecanismo mitocondrial mais eficiente, mecanismos contrarreguladores de oxidação mais elaborados, além de estruturas de reparo para danos de DNA e lipídeos. • Principais pontos da teoriado dano oxidativo segundo Hartman: ♥ Existem muitas espécies tóxicas de O2 que são produzidas durante o metabolismo normal. ♥ Os metabólitos causam lesões em fosfolipídios, proteínas, DNA celular e mitocondrial. ♥ O estresse oxidativo influencia diretamente o controle de transcrição de DNA e a sinalização celular, além de vias bioquímicas da célula. • A teoria de radicais livres é dividida em hipóteses associadas, especialmente no papel desempenhado por algumas organelas e nos tipos de danos sob algumas moléculas durante o envelhecimento. • Mutações no DNA mitocondrial acelerariam as lesões oriundas dos radicais livres por meio da introdução de 6 Módulo 9 – Problema 1 – Arilson Lima da Silva – MED3 componentes enzimáticos na cadeia de transporte de elétrons na crista mitocondrial. • Hipóteses também sugerem que os radicais livres promovem oxidação de proteínas que se acumulam nas células e, uma vez que elas têm reduzida capacidade de degradação, causam, a longo prazo, disfunções moleculares e falência da célula. Inúmeras doenças estão associadas a elevadas taxas de oxidação: investigação com idosos frágeis mostra que a redução de moléculas antioxidantes nesses organismos está diretamente associada a um risco mais elevado da condição. TEORIAS SISTÊMICAS • Tentam agrupar o processo de envelhecimento de maneira encadeada e organizada. • Para esse conjunto de teorias, o envelhecimento estaria relacionado com o declínio dos sistemas orgânicos desencadeado pela inabilidade de comunicação e adaptação inter e intracelular do ser vivente com o ambiente em que vive. TEORIAS METABÓLICAS • A princípio, as teorias metabólicas envolveram um perfil prático da observação cotidiana. • Animais de grande porte possuem, geralmente, maior sobrevida que animais pequenos, ou seja, a taxa metabólica de um organismo era inversamente proporcional a seu peso corporal. • Assim, longevidade e metabolismo estariam ligados por um nexo causal em que taxas metabólicas elevadas promoveriam ou estariam associadas a um tempo de vida curto. • A evidência científica experimental aponta que alterações na taxa metabólica podem modificar o tempo de vida em alguns animais. Observações em pecilotérmicos demonstram que esses animais têm uma longevidade maior quando em baixas temperaturas do que em mais altas. • Na espécie humana, estudos apontam que níveis reduzidos de glicemia, menor temperatura corporal e lento declínio de alguns hormônios estariam associados a um tempo de vida mais longo quando comparados com aqueles que não possuíam estas características. • Alguns trabalhos apontem que ocorre redução da taxa metabólica basal com o envelhecimento, que é mais acelerada nas idades mais avançadas. • 2 teorias dentro das teorias metabólicas tentam explicar o fenômeno metabólico. ♥ TEORIA DA TAXA DE VIDA: afirma que longevidade seria inversamente proporcional à taxa metabólica. ♥ TEORIA DE DANO MITOCONDRIAL: explica que danos oriundos das espécies tóxicas de O2 sobre a mitocôndria promoveriam um declínio das funções celulares durante o envelhecimento. • O organismo necessita de O2 para produção de energia. Se o dano mitocondrial ocorrer em uma célula não divisível, ela rapidamente destruirá toda capacidade respiratória desta célula. • Uma vez que ocorra mutação em mtDNA, outros mtDNAs funcionais serão ativados e, com isso, haverá sobrecarga de outras mitocôndrias, propiciando ainda maior produção de radicais livres com evidente incremento do metabolismo energético basal. • Esta hipótese é a SOBREVIVÊNCIA DO MAIS LENTO, que ainda não foi comprovada em organismos multicelulares. TEORIAS GENÉTICAS • Afirmam que modificações na expressão gênica responsáveis pelas alterações observadas nas células senescentes. • Hodiernamente, achados contundentes mostraram que nossos genes têm um papel crucial no tempo que uma célula poderá viver. • Aí entre o papel da Biogerontologia, que é tentar compreender como esses genes interagem com os fenômenos ambientais, emocionais e alimentares, bem como estilo de vida, determinando aumento ou diminuição da velocidade do envelhecimento celular. • Do ponto de visat genético, é estimado que este pequeno número de genes que são experimentalmente testados fique muito aquém das centenas e milhares de loci possíveis para a longevidade. • Segundo Mc Adams e Shapiro (1995), estamos lidando com redes genéticas – conjunto de genes e rotas de sinais unidos dentro de um circuito gênicos que é parecido com um circuito elétrico de realimentação. • Cálculos baseados em fatores hereditários apontam que apenas 15 a 20% da variação de nossa expectativa de vida pode ser atribuída a fatores genéticos. • Cunha (2011), a partir dos modelos propostos por Arking (2008), sintetiza o foco da abordagem da teoria genética em 3 mecanismos básicos: ♥ DEFESA ANTIOXIDANTE. ♥ SISTEMAS DE CONTROLE DA SÍNTESE PROTEICA. • Esses dois primeiros somam-se às teorias previamente apresentadas, sendo que, nesse contexto genético, os sinalizadores efetivos para os mecanismos de controle, os genes, sofreriam alterações ao longo do tempo, reduzindo mecanismos protetores. ♥ MUDANÇAS NA EXPRESSÃO GÊNICA INDUZIDAS PELA RESTRIÇÃO CALÓRICA. • A restrição calórica é um método interessante de retardar a taxa de envelhecimento e aumentar a longevidade. • Em hipótese, ela alteraria os padrões de atividades gênicas ao mesmo tempo que prolonga o tempo de 7 Módulo 9 – Problema 1 – Arilson Lima da Silva – MED3 vida, corroborando ideia de relação causal direta entre os 2 eventos. • É definida como redução da ingestão calórica abaixo do ad libitum, sem desnutrição. • Níveis de proteína, mRNA e taxa de transcrição nuclear são significativamente acentuados nos animais sob restrição. Mas, em humanos, ainda não é claro como e de que forma a restrição calórica poderia aumentar a expectativa de vida. • Experimentos com animais apresentam a restrição calórica diretamente associada a uma menor incidência de condições relacionadas com a idade, como câncer, diabetes e doenças cardiovasculares. • Existem 2 principais hipóteses ligadas à restrição calórica: • 1ª) Associa o aumento da longevidade à redução de gordura e, consequentemente, à redução da sinalização da via da insulina. • 2ª) Baseia-se na hipótese de menor dano oxidativo, tanto nas células, em sua estrutura genética, quanto em suas organelas citoplasmáticas. • A redução da glicose da dieta promove um menor estímulo das células pancreáticas e, consequentemente, redução do tecido adiposo. • Além de estocar energia, algumas células do tecido adiposo exercem funções endócrinas como a produção de fator de necrose tumoral (TNF), resistina, adiponectina e leptina. • A redução dessas substâncias aumentaria a sensibilidade periférica à insulina, resultando em mudanças cardiometabólicas responsáveis pelo aumento da expectativa de vida. • Outra teoria metabólica importante é a teoria dos telômeros (complexos de DNA-proteína identificados nas extremidades cromossômicas). • É observado que o tamanho dos telômeros é cada vez menor ao longo das replicações celulares e, quando chegam a tamanho mínimo, a proliferação celular é interrompida. • Esta análise formulou a hipótese de que a estrutura funcionaria como um determinante da replicação celular, um relógio genético responsável pela senescência. • Acreditou-se que a telomerase poderia modular o relógio telomérico. TEORIAS NEUROENDÓCRINAS E IMUNOLÓGICAS • Diz que oenvelhecimento seria decorrente de alterações ocorridas nas funções neurais e endócrinas, notadamente no sistema H-H-A. • Este sistema alterado limitaria a integração das funções orgânicas específicas, levando à degradação das funções homeostáticas. • O envelhecimento seria o resultado da redução da habilidade adaptativa do organismo ao estresse por uma queda da resposta simpática. • Seja pela diminuição dos receptores de catecolaminas, pelo declínio de proteínas responsáveis pela resistência ao estresse ou mesmo pela diminuição da habilidade das catecolaminas como indutoras de formação proteica. • Traduzindo-se, como envelhecimento, em mecanismos de contrarresposta inadequada do eixo central e periférico, apresentando inúmeras limitações nos feedbacks e causando a senescência. • Teixeira e Guariento (2010), observam que a interação entre os sistemas neuroendócrino e imunológico é muito próxima. • Talvez o imunológico seja um dos sistemas mais complexos e que se coaduna com quase todas as teorias biológicas do envelhecimento. • Sua relação com o sistema neuroendócrino é de mutualidade cooperativa. • A comunicação entre esses sistemas é realizada por meio de neuropeptídios e citocinas (IL-1, IL-6), hormônios hipofisários como prolactina, adrenocorticotrofina e hormônio do crescimento e elementos imunes como IL-1 atuando como ativadores da liberação hormonal. EPIGENÉTICA • A ciência tem apresentado que variações não genéticas (epigenéticas) apresentadas por determinado organismo ao longo de sua vida podem ser passadas aos descendentes. • Hábitos de vida e até o ambiente social podem modificar o funcionamento celular. Esses efeitos são secundários a determinadas modificações pós- transcricionais do DNA. • Estudos apontam que a análise dos padrões de metilação e modificações de histonas globais de segmentos específicos do genoma humano em gêmeos monozigóticos sofrem influência do ambiente não compartilhado, ou seja, apesar de terem o mesmo código genético, expressões fenotípicas diferentes são observadas de acordo com estímulos ambientais diversos. APOPTOSE • A apoptose desempenha um papel essencial no remodelamento celular e na e na manutenção da vida, sendo considerada um componente vital de vários processos orgânicos. • De acordo com Arking (2008), todas as células de organismos multicelulares carregam dentro de si condições necessárias para causar a própria destruição. Mas, isso só se dá a partir de sinais fisiológicos. • A pesar de a apoptose desempenhar papel reconhecido no envelhecimento, excluindo células nocivas, modulando potenciais células tumorais, sua relação com o envelhecimento ainda é pouco clara. • A taxa de apoptose é alta em células senescentes do cérebro e dos sistemas cardiovascular, gastrintestinal, endócrino e imune. 8 Módulo 9 – Problema 1 – Arilson Lima da Silva – MED3 • Genes como p53 e da família caspase diminuem a expressão de apoptose com o envelhecimento. • Gupta (2005) observa que mudanças na sinalização da apoptose têm consequências diretas no envelhecimento. • Se existir uma grande ativação da cascata de apoptose, há como consequência uma degeneração do tecido, pouca apoptose permite a permanência de células disfuncionais que podem contribuir para o envelhecimento ou doenças degenerativas e câncer. 4) Compreender as principais alterações fisiológicas da vida idosa. ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS SISTEMA NERVOSO ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS • A diferença do tamanho do cérebro entre indivíduos adultos e idosos tem pequeno significado funcional. • O volume do cérebro diminui em torno de 7 cm³ por ano após os 65 anos de idade, com maior perda nos lobos frontal e temporal e perda maior da substância branca do que da cinzenta. • O fluxo cerebral diminui heterogeneamente de 5 a 20% com deterioração dos mecanismos que mantêm o fluxo sanguíneo cerebral com a flutuação da pressão arterial. • O cérebro do adulto tem aproximadamente 86 bilhões de neurônios e 10 a 15 vezes o número de células gliais. Cada neurônio tem, em média, 10.000 conexões. • A perda do volume cerebral é de 2 a 3% por década depois dos 50 anos e o peso diminui 8% comparado ao peso máximo quando adulto. • A perda neuronal é mais evidente nos neurônios maiores no cerebelo e no córtex cerebral. Também pode haver perdas como no locus ceruleus – neurônios catecolaminérgicos -, na substância nigra – neurônios dopaminérgicos – e no hipocampo – neurônios colinérgicos. • No hipotálamo, na ponte e na medula a perda é mínima. Com o envelhecimento também se observa diminuição das sinapses. Essas modificações estão mais ligadas à apoptose do que a processos inflamatórios ou isquêmicos. Novos neurônios são formados ao longo da vida, mas, a perda é maior do que sua formação. • Em resposta ao dano neuronal, as células gliais aumentam. Esse acúmulo de células gliais, deominado gliose, representa uma resposta compensatória protegendo a função neuronal e a plasticidade. • O número de células da micróglia permanece sem mudanças. • Há perda dos axônios e redução da mielina que cobre esses axônios levando a rarefação da substância branca periventricular denominada na ressonância de leucoaraiose. • Em alguns idosos, o número de dendritos diminui, perdendo assim as sinapses, alterando a neurotransmissão, piorando a comunicação do sistema nervoso. • Mas, pela plasticidade cerebral pode ocorrer aumento da densidade dos dendritos, assim como seu prolongamento, como uma reação de manutenção da função cerebral. • Nos quadros demenciais a perda dendrítica é acentuada e progressiva, diminuindo a plasticidade e a dinâmica dos processos cerebrais. • Enovelados neurofibrilares e placas senis são encontrados no envelhecimento normal, mas em menor extensão quem da doença de Alzheimer. • Além das mudanças do SNC, há também dos nervos periféricos e da musculatura. A células do corno anterior da medula diminuem. • Ocorre redução da mielina nos nervos sensoriais. • A consequência dessas mudanças inclui perda da sensação vibratória, do tato e da dor, assim como disfunção autonômica afetando a reatividade pupilar, a regulação da temperatura corporal e o controle vascular cardíaco e periférico. • Parte da cognição pode sofrer certa deterioração nas pessoas idosas saudáveis, como a velocidade do processamento cognitivo, menor destreza para executar movimentos finos e problemas com a memória recente. ALTERAÇÕES BIOQUÍMICAS • A acetilcolina diminui devido à diminuição dos neurônios colinérgicos e muscarínicos, reduzindo sua síntese e liberação. • A dopamina e seus receptores no estriado e na substância negra podem estar diminuídos e sua administração como L-DOPA, em cérebros normais, pode levar a melhora do desempenho de algumas tarefas cognitivas. • O comprometimento das funções está ligado mais ao desequilíbrio desse processo do que à alteração de um neurotransmissor isoladamente. Ademais, cada neurotransmissor tem seu tempo de envelhecimento. Por isso, o desequilíbrio dessas substâncias ocorre antes da detecção clínica da doença. ALTERAÇÕES METABÓLICAS E CIRCULATÓRIAS • No cérebro, há diminuição tanto da água extracelular quanto da intracelular, lentidão da síntese proteica, aumento na oxidação das proteínas e sua glicosilação, com aumento do acúmulo intraneural (emaranhados neurofibrilares), diminuição da síntese lipídica, alteração na membrana lipídica e na condução nervosa. 9 Módulo 9 – Problema 1 – Arilson Lima da Silva – MED3• Alterações circulatórias relacionadas à aterosclerose, diminuindo o fluxo sanguíneo cerebral e da utilização da glicose. • O cérebro, diferente da maioria dos outros órgãos, produz sua energia da oxidação anaeróbica da glicose. • O fluxo sanguíneo e o consumo de O2 são iguais no adulto jovem e no idoso, na ausência de doenças. Mas, na presença de aterosclerose o fluxo sanguíneo é reduzido e o cérebro, para se proteger, extrais mais O2 do sangue. • Com o envelhecimento da barreira hematencefálica, torna-se permeável a muitas substâncias, podendo ser uma das causas de demência. ALTERAÇÕES COGNITIVAS E COMPORTAMENTAIS • As memórias processual e semântica são bem conservadas com o avanço da idade. • A habilidade de reconhecer objetos e faces, assim como a percepção visual, permanecem estáveis. • As memórias esporádica e laborativa e a função executiva são as mais afetadas no envelhecimento. A velocidade do processamento a função executiva diminui com a idade, especialmente após os 70 anos. • As capacidades de atenção e concentração diminuem a habilidade para desempenhar múltiplas tarefas. • A capacidade de solucionar problemas e aprender informações novas diminui após os 30 anos. Já a fluência verbal fica comprometida após os 70 anos. • Apesar de todas as alterações descritas, o SN se mantém íntegro graças à sua plasticidade a à sua capacidade de compensar e reparar os danos ocorridos, sendo possível manter-se funcionalmente estável no meio social, no trabalho e em casa. MARCHA, POSTURA E EQUILÍBRIO • A instabilidade postural representa um dos gigantes da geriatria devido às suas complicações. Várias são as estruturas centrais e periféricas responsáveis por essa função de independência motora. (Córtex cerebral, gânglios da base, cerebelo, sistema vestibular, visão, propriocepção, sistema límbico...) • Com o avanço da idade a marcha se altera. É comum uma certa hesitação no andar, menor balanço dos braços e passos menores. Ao mudar de direção no caminho faz a volta com o corpo em bloco. • A postura típica, mais rígida, como se estivesse em alerta para se defender de alguma queda, caracteriza- se pela base alargada, retificação da coluna cervical, um certo grau de cifose torácica, flexão do quadril e dos joelhos. Esse conjunto de fatores indica piora da estabilidade, podendo até nos fazer pensar em parkinsonismo. • Alterações da marcha podem ajudar no diagnóstico clínico. • A assimetria dos passos faz pensar em artrite ou hemiplegia; a falta de movimentos dos ombros em parkinsonismo; aumento da base em comprometimento de cerebelo; uma flexão mais acentuada do troco pode revelar dificuldade de visão ou de propriocepção ou algum dano no sistema vestibular. Para vencer essas dificuldades o idoso diminui o tamanho dos passos e anda mais debagar. • O grande problema nos distúrbios da marcha é a queda, com todas as complicações posteriores. SONO • O ciclo sono-vigília se modifica com envelhecimento. Há tendência de dormir mais cedo e acordar mais cedo. As queixas de insônia, sonolência diurna, despertares durante a noite e sono pouco reparador são frequentes. • Isso ocorre porque existem 2 tipos de sono: ♥ REM (rapid yey movement): quando acontecem os sonhos. ♥ NÃO REM: que se subdivide em 4 estágios. • No idoso, o sono REM praticamente não se altera. Já o sono não REM ocorre aumento dos estágios 1 e 2 (facilidade no despertar) e diminuição dos estágios 3 e 4 que são exatamente os 2 períodos de sono mais profundo. • Os períodos de apneia ocorrem no sono REM. São mais frequentes nos idosos homens e obesos. • Durante uma noite, um homem de 24 anos faz, em média,5 períodos de apneia, enquanto aos 74 anos chega a 50 vezes. Isso leva a um sono entrecortado, pois a pessoa acorda para restabelecer a respiração. Com a noite mal dormida, ocorre sonolência diurna, mau humor, diminuição da memória, cefaleia e até depressão. • Outra consequência da alteração da respiração durante o sono é a ocorrência do ronco. 60 % dos homens e 45% das mulheres roncam frequentemente após os 60 anos. • Outro distúrbio do sono é a síndrome das pernas inquietas. É um desconforto sentido a cada 30 s durante uma grande parte da noite. Parece que corresponde a uma incoordenação entre a excitação e a inibição motora. • Baixa secreção da melatonina. MEMÓRIA • As partes responsáveis pela memória (hipocampo, tálamo, córtex temporal, frontal e pré-central e o cerebelo). • A memória pode ser dividida, de acordo com o tempo que ela é guardada, em memória a curto prazo, longo prazo, memória prospectiva e memória remota. • Também pode ser dividida de acordo com o tipo de material arquivado, memória visual, verbal, para fatos ou eventos ocorridos ou assistidos pela pessoa. • Ainda pode ser vista de acordo com o processo envolvido na codificação do arquivamento, o próprio arquivo e a recuperação do arquivo. 10 Módulo 9 – Problema 1 – Arilson Lima da Silva – MED3 • As memórias reflexa medular, sensorial e implícita pouco se alteram com o envelhecimento. Já a episódica começa a diminui por volta dos 30 anos e declina, progressivamente, enquanto a semântica responsável pela recordação de nomes, palavras e memória espacial pode ser mantida por toda a vida. SISTEMA ENDÓCRINO • As alterações hormonais influenciam o declínio funcional, as incapacidades, as doenças da pessoa idosa e longevidade. TIREOIDE • Geralmente os valores de tiroxina (T4) e tri-iodo- tironina (T3) estão em nível normais baixos e os do TSH normais altos. O hormônio tireoestimulante (TSH) elevado e a T4 normal podem ocorrer devido à manutenção da imunorreatividade do TSH nas análises laboratoriais, mas com ação biologicamente menos ativa. • A diminuição dos hormônios tireoidianos, especialmente a conversão de T4 em T3, sugere uma ação protetora para o organismo contra o catabolsimo, levando à diminuição da taxa do metabolismo basal e ao aumento progressivo do tecido adiposo corporal. Este, metabolicamente menos ativo que a massa magra, diminui a demanda pelo hormônio tireoidiano, fechando o ciclo. • Seu efeito calorigênico diminui com o aumento da idade, aumentando a suscetibilidade de hipotermia nos idosos. A resposta ao calor também está comprometida devido à menor sudorese. • A redução da resposta febril do ataque de diferentes agentes se dá pela incompetência termorregulatória observada, em que a participação dos hormônios tireoidianos, junto com a resposta termostática do hipotálamo, é fundamental. • O aumento do colesterol sérico, assim como das de baixa densidade, observado no envelhecimento, pode ser devido ao declínio da função tireoidiana. PARATIREOIDE • As glândulas paratireoidianas, responsáveis pela secreção dos hormônios paratireoidiano (PTH) e calcitonina, parecem não alterar suas funções. • Os níveis do cálcio sérico são mantidos ao longo da vida, porém o mecanismo da regulação muda com o avanço da idade. • Na idade avançada, a calcemia é mantida pela reabsorção do cálcio ósseo mais do que pela absorção intestinal do cálcio ofertado pela dieta ou pela reabsorção do mineral pelo rim. • Uma possível explicação pode ser uma diminuição na capacidade do PTH de estimular a produção da forma ativa da vitam D, a qual estimula a absorção de cálcio intestinal. • Existem evidências de que a administração intermitente do PTH aumenta a força mecânica e a massa óssea pela transformação das células precursoras em osteoblastos. HIPÓFISE • A hipófise, com o envelhecimento,aumenta de volume, e as alterações bioquímicas que aí ocorrem variam de indivíduo para indivíduo. • Os níveis de melatonina tanto diurnos quanto noturnos diminuem na maioria das pessoas, interferindo no sono, visto que este hormônio tem efeito hipnótico. Este hormônio também apresenta ação protetora contra os danos oxidativos. PÂNCREAS • É esperado um leve aumento da glicemia de jejum relacionado à idade (1mg/dl/década). • Para idosos ativos pode não haver essa diferença. Mas, após ingesta de alimentos a glicemia alcança níveis mais elevados e o tempo de retorno ao normal é mais longo quando comparado com adultos jovens. • A intolerância à glicose com o envelhecimento é devida a vários fatores, além da diminuição da insulina. 11 Módulo 9 – Problema 1 – Arilson Lima da Silva – MED3 SISTEMA MUSCULAR • A massa muscular diminui quase 50% entre os 20 e 90 anos, e a força muscular, que é máxima por volta dos 30 anos, sofre perda de 15% por década a partir dos 50 anos. Essa perda é mais acelerada, chegando a 30%, por década, aos 70 anos e, praticamente a metade aos 80 anos. • Essa redução ocorre tanto em número quanto no volume das fibras. Mas, a força muscular do diafragma sofre pouca alteração, enquanto a força da musculatura da panturrilha diminui significativamente ao longo dos anos. • Foi observada uma associação entre níveis baixos de vitam D e fraqueza muscular, mas a concentração ótima para a função da musculatura continua desconhecida. • Sabe-se que a suplementação de vitam D traz benefícios na força muscular quando os níveis dessa vitamina estão abaixo de 20ng/ml (50nmol/l). 5) A importância da prática de atividade física e alimentação saldável ao idoso. ATIVIDADE FÍSICA • A prática de atividade física desempenha papel importante na qualidade de vida estando á frente nas ações e programas desenvolvidos nas ESF como promoção da saúde e prevenção de doenças crônicas. • O hábito da prática de atividade física proporciona ao idoso estilo de vida saudável, preservando autonomia e liberdade para tarefas cotidianas, resultando em independência prolongada. • Apresenta relevância perante o decréscimo de pontos negativos ocasionados pelo envelhecimento nos processos fisiológicos e psicológicos minimizando riscos ao estresse, depressão e perda da capacidade funcional. • A inatividade física nesse grupo ainda é predominante. Dentre os diversos motivos já relatados, destacam-se fragilidade, medo de sofrer quedas, falta de orientações e estímulos por parte da família, comunidade ou profissionais da saúde, desenvolvimento de atividades ou exercícios físicos regulares. • Manter o nível de qualidade de vida favorável por meio da prática regular de atividades físicas como promoção de saúde põe em pauta a importância de se fazer busca ativa na comunidade a essa população com a finalidade de orientá-la quanto aos benefícios. • Os benefícios decorrentes da prática regular de atividade física encontram-se caracterizados nos domínios físico, mental e social na vida da idosa, propiciando liberdade de locomoção, interação social e lazer • A atividade física, independentemente da idade, aumenta a força e a velocidade muscular, além de prevenir perda óssea, quedas, hospitalizações e melhorar a função articular. Portanto, os profissionais devem estar aptos a identificar os indivíduos com baixa massa muscular e força, pois mesmo os mais frágeis podem melhorar seu desempenho com intervenções na atividade física. • Os exercícios praticados com regularidade diminuem os fatores de risco para doenças cardíacas, diabetes e alguns tipos de câncer. Promovem o bem-estar, melhoram o ritmo do sono e alcançam benefícios para além do físico, como maior integração social, ajudando na esfera psicológica. ➢ ARTIGO: Benefícios da atividade física na terceira idade para a qualidade de vida. - Rev enferm UFPE on line., Recife 2017. • É preciso entender que atividade física pode ser definida como qualquer movimento corporal, que produzido pelos músculos esqueléticos, resulte em gasto energético superior aos valores de repouso. • Quando ocorre uma sequência sistematizada de movimentos de diferentes segmentos corporais, planejadamente executados para obtenção de um objetivo programado, denominamos de exercicio físico • Todos os pacientes devem ser submetidos a uma avaliação médica, que passa por história e exame clínico, não deixando de incluir nessa análise: fatores de risco cardiovasculares, cognição, independência, aptidão física prévia, acuidades visual e auditiva e estado emocional. • A força muscular declina com o avançar da idade, e uma das causas é a redução da massa muscular. E essa diminuição da massa muscular contribui para redução na capacidade funcional. Os exercícios contraressistência aumentam a força, a potência e a aptidão muscular nesses pacientes idosos. • Os exercícios de alongamento, quando bem executados, podem ajudar a melhorar e manter a amplitude de um movimento em uma articulação e em uma série de articulações. • Os exercícios de flexibilidade em níveis adequados aprimoram as capacidades funcionais dos indivíduos (inclinação e rotação), reduzindo também o potencial de sofrer lesões (distensão muscular, lombalgias e quedas) nos pacientes idosos. Uma programação escalonando objetivamente os exercícios pode melhorar o equilíbrio e a agilidade pela melhoria da flexibilidade. Os movimentos de ioga e Tai Chi e Pilates podem ser bastante úteis. • Dentre inúmeros benefícios que a prática de atividade física promove, um dos principais é a proteção da capacidade funcional, ou seja, manter a capacidade para realizar as atividades do cotidiano. A atividade física para os idosos é vista como um meio prazeroso de prevenir e de manter a saúde e que, a autoconfiança é atingida a partir de programas adequados de atividade física que favoreçam o organismo e contribuam para a manutenção da autonomia. 12 Módulo 9 – Problema 1 – Arilson Lima da Silva – MED3 • É importante para o idoso ter sempre um acompanhamento de um profissional, seja ele em avaliação médica ou em treinamento dirigido. ➢ ARTIGO: a importância da prática da atividade física em indivíduos idosos. Educação Física pela Universidade Católica de Brasília – UCB – 2017. ALIMENTAÇÃO RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS • Uma nutrição variada e equilibrada recomenda-se tanto a velhos como a novos. É necessário ingerir diariamente um mínimo de calorias, para obter todos os benefícios em termo nutricionais. • Quem tem dificuldade em ter uma nutrição adequada pode sempre melhorá-la recorrendo a suplementos de baixa dose. • Devem fazer-se 5 a 6 refeições ligeiras durante o dia: 3 principais e 2-3 intercalares. Assim, pode variar-se os alimentos e não acumular gordura, continuando normais, os níveis de glicose e lípidos no sangue. É de evitar o uso frequente de refeições copiosas, doces e fritos. • Refeições mais volumosas durante o dia e mais leves ao final do dia. Beber água regularmente (mínimo 1.5 l /dia) e, preferir alimentos com alto teor de água. A necessidade de água é maior, devido à menor capacidade dos rins de concentrar urina. IMPORTÂNCIA DAS VITAMINAS • A vitamina C e outras vitaminas antioxidantes, promovem a saúde vascular, preservam a função cognitiva e previnem a doença de Alzheimer. • Embora recentemente, a dose diária recomendada de vitamina C seja 60-90 mg para homens e 45-75 mg para mulheres (para fumadores algo mais); maiores quantidades sãomais benéficas para a saúde. • Num estudo de 6 meses (e controlado com placebo), 40 homens e mulheres, de 60 a 80 anos de idade tomaram 500 mg de vitamina C diariamente. Essa dose baixou moderadamente a tensão arterial. • A vitamina E protege a LDL da oxidação, e muitos estudos epidemiológicos sugeriram que o consumo elevado de vitamina E reduz a ocorrência de doença cardíaca ou morte de causa cardiovascular. • A vitamina E pode também melhorar a função imunitária. Suplementos de 200-800 UI (unidades internacionais) reduzem as infeções respiratórias em pessoas mais velhas. Contudo é importante conhecer a dosagem mais adequada, pois grandes doses já prejudicam as respostas imunitárias. • Deficiências em vitamina B1, B2, B6, folatos e vitaminas C, D e E, ocorrem frequentemente, por dieta deficiente ou por maior necessidade: em casos de stresse agudo (cirurgias, infeções) ou crónico (patologias digestivas, alcoolismo) e, levam à anorexia, perda cognitiva, síndrome depressivo, osteoporose, anemia e deficiência imunitária. • As necessidades de vitaminas são as mesmas para todas as idades, contudo, no idoso existe maior necessidade de vitamina B6 (maior perda na urina) e B12 (atrofia gástrica) e de vitamina D (reduzida síntese de 1,25-(OH)2colecalciferol) MINERAIS • Na velhice perde-se sobretudo cálcio, por desmineralização dos ossos, que se agrava se o consumo é menor que 500 mg/dia; pela síntese reduzida de 1.25-(OH)2 colecalciferol; pela absorção reduzida de fósforo ou por hipercalciúria induzida por causas nutricionais (excesso de proteína, hidratos de carbono ou sódio). • Numa alimentação satisfatória em vitamina D existe uma dose recomendada diária de cálcio de 800 a 1200 mg/dia, que deve ser incrementada no caso de perda óssea na menopausa. Contudo é necessário moderação: um abuso de cálcio pode levar à calcificação vascular e contribuir para o envelhecimento, nomeadamente cerebral e para a degeneração neuronal. • A anemia é frequente em idosos, relacionada com doença crónica. Recomenda-se um suplemento nestes casos, até 10 mg/dia, se não existirem perdas excessivas. Para as mulheres, depois da menopausa, apenas é necessária a mesma quantidade que nos homens. O PAPEL DOS SUPLEMENTOS • Uma dieta equilibrada deve ser sempre, a melhor maneira de se manter a saúde, mas caso faltem condições para isso, os suplementos, comidas e bebidas reforçadas podem ser uma alternativa, adicionalmente às refeições • A suplementação multinutritiva pode ser muitas vezes a abordagem mais prática em população idosa, já que a maior parte dos idosos tem geralmente um consumo reduzido de alguns tipos de nutrientes ALIMENTOS FUNCIONAIS • Alimentos funcionais” são alimentos integrais ou enriquecidos com aditivos como por exemplo: vitaminas, minerais, culturas bacterianas, ácidos gordos ómega 3, polifenóis, fibras (como probióticos, pré-bióticos), que possam contribuir para a manutenção da saúde e redução do risco de doença POLIFENOIS • Os alimentos detentores de fitoquímicos, como polifenóis, diferem do que é tradicionalmente é chamado nutriente, já que não são necessários para o metabolismo normal. Os fitoquímicos podem fazer variar a atividade de enzimas e vias sinalizadoras 13 Módulo 9 – Problema 1 – Arilson Lima da Silva – MED3 aumentando as defesas do próprio organismo para desintoxicar e combater a oxidação e inflamação, exercendo uma proteção contra o início e a progressão de doenças • Atuam como antioxidantes combatendo os efeitos degenerativos dos radicais livres; - Elevam a resposta imunológica; - Melhoram a comunicação intercelular; - Alteram o metabolismo do estrogénio; - Auxiliam a ação de vitaminas; ➢ ARTIGO: a importância da alimentação no envelhecimento saudável e na longevidade – artigo de revisão – faculdade de Medicina da universidade de Coimbra. 2013.
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