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Módulo Saúde da Mulher Problema 01

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1 
 
 2 
Problema 01 
 
“O que será que eu tenho?” 
Juscylene, Marta e Valdirene são três amigas moradoras do Jardim 
Noroeste e cursam o primeiro ano do ensino médio e conversam sobre as 
mudanças que estão ocorrendo nos seus corpos. Juscylene se queixa que 
menstruou muito cedo e quer ir ao médico para pedir uma “pílula”, mas sua 
mãe não quer que ela namore. Marta se queixa que desde que menstruou 
não teve mais sossego. Sente dores e nunca sabe quando irá menstruar. 
Valdirene, a mais experiente, está preocupada, pois teve vários namorados e 
nem sempre usaram preservativos. Além do corrimento que a acompanhava 
há alguns meses, percebeu, há 4 dias, várias feridas nos pequenos lábios, 
dolorosas e com dor ao urinar e dor em baixo ventre. Fez uso de banhos de 
assento com remédios caseiros, na esperança de melhorar. 
Foram juntas à UBSF e tiveram dificuldades para serem atendidas, pois 
estavam sem um responsável. O médico que as atendeu examinou-as. Para 
todas prescreveu anticoncepcional e disse para Valdirene que ela estava 
com ”uma ferida no útero” e em seguida solicitou exames e lhe medicou. 
Pediu que seu parceiro também fosse consultado. E agora? 
Exames de Valdirene: 
Inspeção; Presença de múltiplas lesões ulceradas coalescentes em face 
medial de pequenos lábios, dolorosas ao toque, com hiperemia e edema de 
pequenos lábios e região periuretral, 
Exame Especular; Hiperemia vaginal com conteúdo vaginal acinzentado, 
abundante, bolhoso e com odor, 
Toque; útero de tamanho e consistência normais com colo fibroelástico, 
discreta dor à mobilização, anexos não palpáveis. 
Exames Laboratoriais; Secreção vaginal corada a Gram: Bacilos de Doderlein 
ausentes, moderada quantidade de leucócitos e presença de clue-cells. Urina 
I: Ligeiramente turva com densidade 1020, ph 5,0, depósito escasso, nitrito 
negativo, leucócitos 1 p/c, eritrócitos 1 p/c, bactérias; raras. 
Exames de Marta: 
Bhcg quantitativo: 2 mUI/mL  acima de 25 considera-se grávida. 
US pélvica transvaginal: útero em retroversão de contornos regulares, textura 
homogênea, volume 67cm, endométrio centrado, regular, homogêneo, 
medindo 12mm de espessura. Ovários de formatos regulares, textura 
heterogênea, com mais de 10 folículos periféricos, menores de 10mm de 
 
 3 
diâmetro em cada ovário. Volumes: OD 11,3cm3. Pequena quantidade de 
líquido livre em fundo de saco posterior  normal. 
Objetivos: 
 Elaborar propostas de atendimento para pacientes com dores pélvicas 
e atraso menstrual,  
 Explicar as principais causas de dor pélvica na mulher e seus 
diagnósticos diferenciais,  
 Descrever as classes dos medicamentos e seus mecanismos de ação,  
 Identificar as principais causas de alterações no ciclo menstrual, 
 Explicar como se da à puberdade feminina,  
 Descrever as DSTs prevalentes na adolescência e seus métodos de 
prevenção (fisiopatologia, corrimento vaginal e etc.),  
 Elaborar proposta de assistência integral à adolescente abordando 
prevenção às DSTs, contracepção e planejamento familiar,  
 Explanar sobre aspectos éticos e bioéticos do atendimento à 
adolescente,  
 Identificar quais os problemas afetivos mais prevalentes na 
adolescência,  
 Identificar quais métodos contraceptivos mais indicados,  
 Estudar qual a composição do corrimento vaginal normal e da pílula 
pós-coito.  
 
Conteúdos: 
 Dor pélvica: principais fatores etiopatológicos e diagnóstico diferencial 
 
 Más formações do trato genital 
 Infecções genitais sexualmente transmissíveis ou não (etiopatogenia, 
microbiologia, quadro clínico)  
 Infecção urinária baixa na mulher 
 Endometriose 
 Massas anexiais (cistos foliculares e lúteos, teratomas, etc.) 
 Doença inflamatória pélvica (etiopatogenia e princípios terapêuticos)  
 Gravidez (tópica e ectópica) 
 Perturbações do ciclo menstrual com ênfase na adolescência (etiologia 
e diagnóstico diferencial) 
 Síndrome dos ovários policísticos 
 Contraceptivos: Critérios de elegibilidade, indicações, contra-
indicações, sinais de alerta, efeitos adversos, benefícios não 
contraceptivos.  
 Programas de prevenção na adolescência: educação sexual, 
prevenção de DSTs, de gravidez não planejada e do aborto 
clandestino,  
 
 4 
 Políticas Públicas para Juventude – “projeto Juventude”. 
(www.presidente.gov.br)  
 Corrimentos vaginais: etiologia, diagnóstico diferencial e princípios 
terapêuticos, (candidíase, tricomoníase, clamidiose, vaginose 
bacteriana, outras).  
 Citologia cérvico-vaginal (normal e alterada)  
 Atendimento ginecológico em nível primário.  
 SINAN – Notificação Compulsória (DSTs)  
 Ética médica e Bioética: Enfocando Confidencialidade, Autonomia, 
Vulnerabilidade e Proteção. Documentos: Carta de Princípios Éticos 
sobre Direitos Sexuais e Reprodutivos-FEBRASGO, Pareceres e Resoluções 
do CFM e CRM-MS sobre contracepção, as Recomendações  
 Éticas do atendimento à Adolescente-CREMESP e a Constituição 
Federativa do Brasil, no Artigo 226 § 7°.  
 
 Fisiologia do Ciclo Menstrual/Ovário: 
 
1. Maturação pré-natal dos ovócitos, 
2. Formação das células germinativas primordiais (PGC) derivadas do 
epiblasto (5-7 semanas de vida), 
3. PGC migra durante a 4ª semana para as gônadas, 
4. PGC se diferenciam em oogônias, 
5. Aumento das mitoses, 
6. Formação dos ovócitos primários/folículo primordial, 
7. Atresia de muitos ovócitos primários (no 7º mês a maioria já morreu), 
8. Ovócitos primários sobreviventes entram em prófase I (param no estagio 
de diplóteno); são circundados por células foliculares achatadas  
células permanecem em repouso e só terminam sua divisão meiótica 
com a puberdade. 
9. Puberdade: a cada mês 15 ou 20 folículos selecionados desse pool 
começam a maturar. 
 
 
 5 
Primeiro estágio do Crescimento Folicular: 
 Células foliculares se tornam cuboides e proliferam formando uma 
camada granulosa (folículo primário), 
 As células foliculares granulosas segregam uma camada de 
glicoproteínas chamada zona pelúcidas; o folículo primário migra para 
a medula ovariana; as células intersticiais formam a teca interna (que 
tem a capacidade de secretar estrógeno e progesterona), a teca 
externa é uma cápsula fibrosa, 
 Formação de receptores para FSH na camada granulosa (que se 
formam pela ação do próprio FSH), 
 Formação de receptores para Estradiol estimulado pelo FSH e pelo 
próprio estradiol. O estradiol realiza um feedback positivo gerando 
cada vez mais receptores para FSH, 
 Formação dos receptores a testosterona: os androgênios além de serem 
precursores estrogênicos também participam da degeneração das 
células granulosas, 
 
 6 
 Formação de junções gap nas células granulosas facilitando troca de 
moléculas de pequeno tamanho, tendo assim papel importante na 
coordenação de estrogênios. 
Segundo estagio do Crescimento Folicular: 
 Formação dos receptores de LH nas células granulosas induzida pelo 
FSH. O LH estimula a produção de andrógenos (testosterona e 
androstenediona) na teca interna pelas enzimas Citocromo P450scc e 
citocromo P450c17a. 
 Esses hormônios migram para 
difundirem-se para a camada 
granulosa onde são convertidos em 
estrógenos (testosterona  estradiol; 
androstenediona  estrona) pela 
enzima aromatase, cuja atividade 
aumenta pelo FSH, 
 Acumulo de liquido folicular induzido 
pelo FSH formando o folículo 
secundário/antral, 
 Cúmulo Oóforo, 
 
Terceira estagio do Crescimento Folicular: 
 Um folículo apresentará um crescimento maior e será destinado a 
ovulação (folículo de graaf/maduro, que transforma oexcesso de 
andrógenos em estrógeno). 
 Nesse momento o pico de estradiol é máximo. O estradiol junto com a 
inibina deprimem a secreção de FSH, 
 O estrogênio exerce retroação positiva sobre a síntese, armazenamento 
e liberação do LH, 
 O nível de LH acentua-se rapidamente pelo nível de estrogênio ou pela 
crescente quantidade de progesterona secretada pelo folículo, a 
progesterona é o requisito para a elevação do FSH na fase pré 
ovulatória. 
 FSH induz cada vez mais receptor para FSH, 
 O LH leva a retomada da meiose e a finalização da primeira divisão 
oocitária. É ele que induz a fase de pré-oocitação. 
FSH 
 
 7 
 O aumento de LH induz a fase de crescimento pré-oocitação  meiose 
I é completada  ovócito 2º + corpúsculo polar  meiose II interrompe-
se na metáfase cerca de 3h antes da ovulação e só se completa com 
a fecundação. 
 
Postura Ovular: 
 Após pico de LH e FSH as células ovarianas e foliculares da zona do 
estigma (saliência no ovário) aumentam de volume devido graças à 
presença de vesículas contendo proteases. 
 As proteases desintegram os elementos conjuntivos da cortical externa 
e da teca, 
 O LH promove o aumento de prostanglandinas (PFG2a) que causam 
contração na parede do ovário. 
 O ovócito primário é expulso e é capturado pelas fimbrias da tuba. 
Obs: Cerca de 25% das mulheres tem dor no baixo ventre na época da 
postura ovular, atribuída a irritação do peritônio pelo liquido folicular ou 
sangue que pode escoar da cavidade antral vazia. 
 
 
 
 
 8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Luteogênese: 
 As células da granulosa e teca interna hipertrofiam-se e adquirem 
grande quantidade de REL, mitocôndrias e gotas de lipídeos 
acompanhando de crescimento vascular. 
 O LH aumenta o receptor de PRL, 
 O corpo lúteo consiste de no mínimo dois tipos de celulares 
esteroidogenicos: Os grandes são derivados das células granulosas, não 
são LH receptivos e contribuem apenas para a liberação basal de 
progesterona; os pequenos são derivados das células tecais são LH 
receptivos e contribuem para a liberação de progesterona estimulada 
pelo LH. 
 Progesterona, estrógeno e inibina agem diminuindo a secreção de LH e 
FSH ou de GnRH, 
 A progesterona incha o endométrio e promove o desenvolvimento 
glandular (Fase secretora). 
 
 9 
 
Luteólise: 
 Diminuição da quantidade de progesterona e 
consequentemente de estrógeno, 
 Necrose endometrial, 
 Menstruação. 
 
 
 Fisiologia do ciclo menstrual/Endométrio: 
 
Fase Proliferativa (fase de crescimento/fase pré ovulatória): 
Estrogênio  rápida proliferação das células do estroma e células epiteliais  
aumento da espessura do endométrio devido ao aumento das glândulas 
endometriais e novos vasos sanguíneos. 
Secreção de um muco fino e pegajoso. 
Fase Secretora (fase pós ovulatória): 
Progesterona  aumento da tortuosidade das glândulas endometriais  
citoplasma das células acumulam glicogênio e lipídios. 
Menstruação (fim da fase lútea): 
Redução estrogênio e progesterona  menor estimulação das células 
endometriais  vasos sanguíneos ficam vasoespaticos  necrose no 
endométrio  crescimento de áreas hemorrágicas  descamação do 
endométrio. 
A menstruação pode durar de 2-7 dias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 10 
 A Anatomia e a Puberdade Feminina: 
 
 
 
 
 
 
 
 11 
 
José Conceição – Capítulo 11, Contracepção. 
 
Os métodos são classificados em quatro categorias: 
 Categoria 1: o método pode ser usado sem restrições. 
 Categoria 2: o método pode ser usado com restrições. As condições 
listadas sugerem que o método em questão deva ser usado com 
precaução; as vantagens superam os riscos, mas o acompanhamento 
médico deve ser mais frequente. 
 Categoria 3: os riscos decorrentes do uso, em geral, superam os 
benefícios. Quando há uma condição da categoria 3, este método 
deve ser a última escolha e, se usado, o acompanhamento médico 
deve ser rigoroso. 
 
 12 
 Categoria 4: o método não deve ser usado, pois apresenta um risco 
inaceitável. 
 
 Métodos Anticonceptivos na Adolescência: 
Métodos Comportamentais; 
Consistem em técnicas para evitar a gravidez baseando-se na 
observação de sinais e sintomas que caracterizam as diferentes fases do ciclo 
menstrual. O casal deve-se abster de relações sexuais no período fértil. A taxa 
de falha pode chegar a 20% no primeiro ano. 
 Método Ogino-Knauss (Ritmo, Calendário, Tabela): 
 
 A mulher deve ser orientada a registrar a duração do seu ciclo 
menstrual por, pelo menos, seis meses. 
 Calcular a diferença entre o ciclo mais longo e o ciclo mais 
curto. Se a diferença for de dez dias ou mais, o método não 
deve ser usado. 
 Caso a diferença seja inferior a dez dias, calcula-se o período 
fértil (durante o qual deve ser feita abstinência) da seguinte 
forma: subtrai-se 18 do ciclo mais curto e 11 do ciclo mais longo. 
Exemplo: mulher registra os ciclos nos últimos oito meses. – O ciclo 
mais curto durou 26 dias e o mais longo durou 32 dias. – Início do 
período fértil: 26 – 18 = 8. 
 Fim do período fértil: 32 – 11=21. O casal deve se abster das 
relações sexuais entre o oitavo e o 21o dia do ciclo. 
 
 Método da Temperatura Corporal Basal: 
 
 A temperatura basal corporal permanece estável antes da 
ovulação. Quando ovulação termina, a temperatura eleva-se 
alguns décimos de grau centígrado por ação da progesterona. 
 A mulher deve registrar cuidadosamente, diariamente, sua 
temperatura corporal basal, ou seja: pela manhã, em repouso, 
antes de realizar qualquer atividade, após repouso de pelo 
menos cinco horas. 
 A temperatura pode ser verificada por via oral, retal ou vaginal, 
com termômetro comum. Por via oral, o termômetro deve 
permanecer embaixo da língua por 5 minutos. A mesma via deve 
ser usada por todo o ciclo. 
 O aumento da temperatura em cerca de 0,2 graus célsius, 
continuado, por quatro dias, indica que já ocorreu a ovulação. 
 O período fértil termina na manhã do quarto dia em que se 
observou a elevação da temperatura. 
 
 13 
 Principais críticas: muitos fatores podem interferir com a 
temperatura basal (estados infecciosos, insônia, por exemplo); a 
medida diária gera ansiedade; o método não permite prever a 
ovulação, o que dificulta a contracepção nos dias que a 
precedem. 
 Método do Muco Cervical ou Billings: 
 
 O muco produzido nas células glandulares do colo do útero, sob 
influência do estrogênio e da progesterona, modifica suas 
características ao longo do ciclo menstrual. 
 No início da primeira fase do ciclo, o muco não é perceptível; 
quando a mulher começa a percebê-lo ele é espesso, pegajoso. À 
medida que se aproxima a ovulação, o muco vai-se tornando 
elástico, filante, comparável à clara de ovo. 
 Havendo a percepção desse muco, ou a sensação de lubrificação, 
o casal deve abster-se do contato genital. 
 Após a ovulação, o muco volta a ficar espesso turvo e perde a 
distensibilidade. 
 Recomenda-se que o período de abstinência se prolongue até o 
quarto dia após a percepção máxima de umidade. 
 Muitos fatores subjetivos estão envolvidos. Lembramos também que 
a presença de uma infecção da mucosa vaginal certamente vai 
influenciar na percepção das características do muco. 
 
 Outros Métodos Comportamentais: 
 Método Sintotérmico: consiste em combinar as observações 
sobre a temperatura basal, o muco cervical e outros parâmetros 
subjetivos que possam indicar a ovulação (enxaqueca, dor 
pélvica etc.). 
Método do Colar: a mulher recebe um colar com uma conta 
vermelha, que sinaliza o primeiro dia da menstruação. Seguem-se 
sete contas marrons, que sinalizam os dias não férteis da primeira 
fase do ciclo. As contas nove a 19 são brancas e indicam o 
período fértil; as contas 20 a 30 são novamente marrons, estando 
a atividade sexual novamente liberada. 
 Relação sexual sem penetração e relação sexual interrompida 
antes da ejaculação (coito interrompido): não devem ser 
recomendadas como métodos sistemáticos, mas podem ser úteis 
em situações de emergência, quando não se dispõe de outros 
recursos. Lembramos que o “coito interrompido” exige grande 
controle por parte do homem, o que nem sempre acontece. 
Além disso, antes da ejaculação há liberação de muco que 
pode ter espermatozoides. 
 
 
 14 
Métodos de Barreira Métodos de Barreira; 
Têm como mecanismo de ação a interposição de uma barreira física 
que impede a ascensão dos espermatozóides da vagina para o útero. A 
eficácia, quando usados consistentemente, é boa. Como o uso está sujeito a 
dificuldades em cada relação sexual, os usuários destes métodos precisam 
estar motivados e corretamente orientados para alcançar a melhor eficácia. 
 Preservativo Masculino: 
 
 O preservativo masculino é um envoltório de látex que deve ser 
colocado no pênis ereto antes do início do ato sexual. 
 O usuário do método deve ser orientado a retirar o pênis da 
vagina assim que ocorrer a ejaculação. 
 O mecanismo de ação é a retenção do esperma no 
preservativo, impedindo seu contato com a vagina. 
 Quando usado corretamente, em todas as relações sexuais, a 
taxa de falha é de 3%. 
 É um método que, além de apresentar ótima eficácia 
contraceptiva, reduz o risco de transmissão do HIV e outros 
agentes de doenças sexualmente transmissíveis. 
 Registre-se que a validade do preservativo é de três a cinco 
anos, de acordo com o fabricante, e as condições de 
armazenamento também influenciam na validade. 
 A única condição clínica que pode trazer restrições a seu uso é 
alergia ao látex. 
 
 Preservativo Feminino: 
 
 Consiste em um tubo maleável de poliuretano com uma 
extremidade fechada e outra aberta. Nas extremidades ficam 
dois anéis flexíveis, 
 Custo mais caro, 
 O anel que fica na extremidade fechada serve para fixar o 
preservativo na vagina; o anel que fica na extremidade aberta 
fica na vulva, cobrindo-a parcialmente. 
 O mecanismo de ação é a retenção do esperma no 
preservativo, impedindo seu contato com a mucosa vaginal. 
 A taxa de falha varia entre 1,6% (uso correto) e 21% (uso 
habitual). 
 O preservativo tem que ser colocado antes da penetração e 
pode ser retirado com calma após o término da relação. 
 Cada preservativo só pode ser usado uma vez. 
 
 
 15 
 Diafragma: 
 
 Consiste em anel flexível coberto por uma membrana de silicone 
ou látex. O tamanho adequado a cada mulher será 
determinado pelo profissional de saúde treinado para esse 
atendimento. É imprescindível, também, que a mulher receba 
orientações para introdução e retirada do dispositivo. Portanto, 
somente após consulta com profissional de saúde a mulher pode 
iniciar o uso. 
 A taxa de falha varia de 2,1% (uso consistente) a 20% (uso 
habitual). 
 Recomenda-se o uso associado à substância espermaticida 
(nonoxol-9) que aumenta a eficácia e facilita a colocação. 
 O dispositivo pode ser colocado em qualquer momento, antes 
da relação sexual, mas só pode ser retirado seis horas após o 
coito. 
 O efeito secundário mais freqüente é a alergia ao látex, com 
consequente irritação da vagina ou do pênis. 
 As restrições ao uso são: alergia ao látex, história de síndrome de 
choque tóxico, história de doença cardíaca valvular complicada 
(hipertensão pulmonar, fibrilação atrial, endocardite bacteriana 
subaguda). 
Métodos Hormonais; 
 ACO: método mais comum. 
 
 Pílula Combinada: Contem etinilestradiol combinando a um 
progestageno. 
 Suprimem o eixo hipotalamo-hipofise-ovario. Aumenta 
viscosidade do muco cervical, altera motilidade tubaria. Causam 
atrofia endometrial. Inibem a ovulação. 
 Comumente utilizados no regime de 28 dias, com 21 comprimidos 
ativos e 4-7 dias de intervalo ou comprimidos placebo. A falha é 
muito pequena 0,1%-6%. Pode ser pílula bifásica, monofásica e 
trifásica. 
 Não devem usar ACO: Fumantes com mais de 35 anos, lactentes, 
pressão >ou= 160/100, história atual ou passada de doença 
cardiovascular, AVC, trombose venosa profunda, diabetes há 
mais de 20 anos, lesão ocular, renal ou neurológica, câncer de 
mama, cefaleia intensa com visão turva com frequência, 
 Pílulas de Progestogênio: dose baixa de progesterona, usados de 
forma contínua, sem intervalo. Espessa muco cervical, 
dificultando a penetração dos espermatozóides, 
 
 16 
 Regime de uso estendido: diminui o numero de dias ou semanas 
livres de hormônios ou simplesmente realizando uso continuo sem 
intervalo, 
 Minipilula: promovem o aumento da viscosidade do muco 
cervical causando atrofia endometrial, inibem a ovulação de 
forma não tão eficaz como ACO. Devem ser usado 
continuamente. Apresentam meia vida curta, o que exige maior 
exatidão nos horários, por isso devem ser de uso restrito em 
adolescentes. Indicada para jovens lactantes e para aquelas 
que apresentam contraindicação aos estrogênios. Pílulas de 
Progestogênio. 
 Pílula pós-coito: Em casos de emergência como violência sexual e não 
eficácia dos métodos contraceptivos. Se usado de forma errônea pode 
causar diversas consequências negativas para a mulher principalmente 
quando usadas de forma indiscriminada. Pode ser de dose única ou em 
dois comprimidos. Deve ser tomado em até 72h após a relação sexual. 
Se for utilizado com muita frequência ele vai perdendo a eficácia. Ele 
possui altas doses de progesterona, uma das consequências é que 
desregula o ciclo por um tempo, podendo causar acne, vômitos, fadiga 
e sangramentos. Ex: Neodia, Posatouni, Poslov, Pilem. São à base de 
etinilestradiol e levonorgestrel. 
 
 Anticoncepcionais injetáveis: podem ser combinados de estrogênios e 
progestageno ou de progestageno somente. São de uso mensal e 
devem ser aplicados IM. Seu uso em adolescente é restrito, pois devido 
ao hipoestrogenismo secundário a inibição de ganadotrofinas ocorre 
maior reabsorção óssea em relação à formação óssea, resultando em 
diminuição da DMO. A OMS orienta avaliar o risco-beneficio de uso ate 
os 17 anos e não impõe restrição após os 18 anos. Injeções a cada 3 
meses, preocupação com risco de AVC, 
 
 Contraceptivos hormonais de uso vaginal: o anel vaginal deve ser 
mantido na vagina por 3 semanas consecutivas e um novo anel deve 
ser inserido após intervalo de uma semana sem o dispositivo. Pouco 
indicada para adolescentes. 
 
 Adesivos transdermicos: liberação diária de 0,020 mg de etinilestradiol e 
0,150 mg de norelgestromina. Devem ser trocados semanalmente 
durante três semanas consecutivas. 
 
 Implante subdermico: liberação de progestageno, duração de 3 a 5 
anos, são considerados método de primeira linha em adolescentes. 
Promove a anovulação. 
 
 
 17 
 DIU: age impedindo a fertilização do ovulo e/ou nidação no 
endométrio. O ACOG recomenda fortemente o uso de DIU em 
adolescentes. 
 
 DIU de levonorgestrel: contem 52 mg o qual libera 0,0200 mg nos 
primeiros 5 anos, diminui a espessura endometrial e altera viscosidade 
do muco cervical. Apresenta muitas vantagens para adolescentes, 
melhora na dismenorreia, discrição, independência do parceiro, não 
reduz densidade mineral óssea. Estimular o paciente a usar método contraceptivo independente de 
estar namorando ou não. 
 Dar prioridade ao uso de contraceptivos orais especialmente os de 
baixas doses de hormônios em função da sua segurança, eficácia, 
facilidade de uso, disponibilidade, 
 Recomendar com insistência o uso consistente de condom em todas as 
relações, 
 Ensinar o paciente a usar corretamente os COC, 
 Ter presente o roteiro para o manejo dos problemas que podem surgir 
com o uso dos COC. 
 
 Artigo: Algumas reflexões sobre relacionamentos afetivos e relações 
sexuais na adolescência – Elaine Italiano Vidal. 
 
o O artigo em questão mostra algumas ideias e tabus criados na 
cabeça de adolescentes de 14-19 anos, 
o As meninas não concordam em maior número que os meninos com 
comportamentos como; transar com qualquer um apenas pelo 
prazer, indicando que ele deva ser feito somente quando existe 
amor, 
o Muitas vezes alguns pensamentos assim são preconceituosos, 
reproduzindo ideias machistas que inferiorizam a si mesmas. 
o Os meninos que criticaram o sexo somente pelo prazer associam a 
consequências de gravidez, doenças, como se o sexo por amor 
estivesse imune a isso, 
o Alguns associam o sexo apenas por prazer com complicações que 
levam graves consequências, 
o Alguns consideram que o sexo deve ser feito com a pessoa certa, 
sem associar a prevenção. Outros associam a prevenção. 
o Alguns enfatizam a necessidade de ter compromisso para haver o 
sexo, 
 
 18 
o Alguns jovens possuem ideia pejorativa quando dizem que o jovem 
hoje em dia só pensa em sexo, como se isso fosse algo ruim, 
inconsequente e imoral, 
o Poucos chegam a dizer que o sexo é algo normal e não deveria ser 
tratado de maneira negativa ou imoral, porém alguns se 
contradizem ao abordar o assunto, levando junto ideias machistas. 
o Enfim, muitos, mesmo que inconscientemente, levam a ideia de que 
a menina não pode agir tal como o menino. A maioria dos alunos 
possuem pensamentos contraditórios, preconceituosos e 
estereotipados. 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/linha_cuidado_criancas_familias_v
iolencias.pdf 
 Esse site acima mostra uma linha de cuidados para adolescentes que 
sofrem de violência. 
 
 Protocolo de atendimento ao adolescente: 
 
 
 
 19 
 
 
 
 
 
 
 20 
 
 Ética: as diversas categorias da saúde possuem um código de ética 
profissional que garantem o sigilo e a confidencialidade. Art. 103, 
 Isenção de juízo de valor: respeitar os valores morais, socioculturais e 
religiosos do adolescente. 
 
 Proposta de assistência integral ao adolescente; 
O Sistema Único de Saúde (SUS) recebeu o mandato específico do Estatuto 
da Criança e do Adolescente (ECA) para promover o direito à vida e à saúde 
de crianças e adolescentes, mediante a atenção integral à saúde, que 
pressupõe o acesso universal e igualitário aos serviços nos três níveis da 
atenção. Essa tarefa exige o desenvolvimento de ações de promoção da 
saúde, a prevenção de doenças e agravos, a atenção humanizada e o 
trabalho em rede. 
 Desenvolvimento de uma proposta de educação sexual para 
adolescentes – Rúbia de Aguiar Alencar. 
As mudanças no comportamento dos adolescentes em relação à 
sexualidade exigem atenção cuidadosa por parte dos pais e profissionais, 
devido às repercussões que incluem as vulnerabilidades relacionadas à saúde 
reprodutiva. A abordagem de questões sobre sexualidade é importante, pois 
está embasada na prevenção e discussão a respeito das DSTs. Logo, é 
necessário promover a reflexão de temas para que se possa ir de encontro 
com as práticas e comportamentos adotados pelos jovens que os levam a 
adquirir com mais facilidade doenças importantes. 
Ainda em relação à educação sexual, o Ministério da Educação, por meio 
dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) inclui a orientação sexual entre os 
temas transversais nas diversas áreas do conhecimento, com finalidade de 
impregnar toda a prática educativa com as questões da orientação sexual. 
Embora haja um consenso entre os estudiosos sobre a necessidade de se 
promover a discussão de questões referentes à sexualidade, na prática, 
educadores e pais ainda parecem apresentar dificuldades em abordar o 
tema com os jovens. Além disso, nota-se que nas escolas os chamados temas 
transversais, entre eles a educação sexual, não são tratados de forma a 
 
 21 
integrar os diferentes saberes, ou seja: a interdisciplinaridade não é 
contemplada. 
O fundamental para a abordagem educacional é que esta seja 
trabalhada e discutida sob o enfoque da integralidade que, trata-se de 
abordar os indivíduos, grupos e coletividade tendo o usuário como sujeito 
histórico, social e político, articulado ao seu contexto familiar, ao meio 
ambiente e à sociedade na qual se insere. 
Sexualidade, família e escola (ou qualquer instituição que se dedique à 
educação), devem ser pensadas a partir do princípio da “não-exclusão”, ou 
seja, sistemas que devem interagir entre si por meio de vinculação, união e 
respeito pelas diferenças. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.ipea.gov.br/particip
acao/images/pdfs/participaca
o/politicas%20de%20juventude1
.pdf 
 
 22 
 
 
 23 
 Distúrbio menstrual na adolescência e a abordagem clínica do 
adolescente: 
O exame ginecológico tem como objetivo principal atestar a normalidade 
da genitália externa e o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, 
de acordo com a classificação e as relações temporais realizadas por Marshall 
e Tanner. 
 O exame da mama tem como finalidade observar mais o 
desenvolvimento e as alterações, visto que as doenças de mama nessa 
idade são raras, 
 Após o início da puberdade, podem ser diagnosticados fibroadenoma, 
mastite, mastalgia, eczema areolar e adensamentos. 
 Durante a consulta ginecológica, o médico deve transmitir confiança, 
por meio de gestos tranquilos e comportamento seguro. 
 As meninas devem ser atendidas preferencialmente junto com suas 
mães ou outro responsável, o que lhes dará a confiança e a 
tranquilidade necessárias para que se sintam mais à vontade durante a 
consulta. 
 Dos 7-10 anos: modificações puberais, hímen (crescente, anular e 
redundante), assim como aqueles que poderão trazer problemas 
(microperfurado, imperfurado, septado e cribiforme), secreção vaginal 
é maior. Após o exame da genitália externa, tenta-se visualizar a vagina 
afastando delicadamente os pequenos lábios. A menina poderá tossir, 
ajudando na visualização da parede posterior da vagina. 
 Dos 10-13 anos: vagina maior, distensível, com mucosa úmida e 
pregueada. Secreção vaginal com lactobacilos acidófilos. 
 Após os 13 anos: exame completo se já ativa. Achados parecidos com 
a mulher adulta. 
Características comuns após a menarca; 
 A anovulação prolonga-se até 18 meses após a menarca, 
 A maioria dos adolescentes alcança ciclos regulares e ovulatoris em 24 
meses após a menarca, 
Corrimento Vaginal: 
Sintoma ou sinal que indica a presença de secreção vulvovaginal 
excessiva ou anormal. 
 Leucorreia é sinônimo, mas recomenda-se que o termo seja reservado 
para aumento excessivo das secreções normais. 
 Causas vestibulares: Infecção das glândulas de Bartholin por 
gonococos, clamídias e outras bactérias pode acarretar secreção 
purulenta. Inflamação pós-traumatismo, masturbação, coito ou uso de 
roupas justas, 
 
 24 
 Causas vaginais: colpites e vaginites são as causas vaginais mais 
comuns do corrimento vaginal. A vaginose bacteriana é prevalecente. 
Região vulvogenital normal:Conteúdo líquido em pequena quantidade oriundo de glândula de 
Bartholin, glândula sebácea e sudoríparas do vestíbulo vulvar, transudato 
vaginal, muco cervical e raramente do endométrio e das tubas. 
 Secreção vaginal geralmente branca a semelhança de farinha de trigo 
molhada, inodora, consistência viscosa ou não. Quando seca pode 
adquirir cor amarelada por causa dos pigmentos existentes, 
 Colo do útero secreta muco de aspecto translucido em especial na 
metade do ciclo, pH: varia entre 3,8 e 4,2 (<5), odor varia de acordo 
com a higiene da mulher, 
 No microscópio observam-se células escamadas e bacilos de Doderlein 
(são os lactobacilos normais da vagina), 
 Leucócitos raramente são vistos, 
Candidíase: 
 Caracterizado por prurido vulvar e ardor vulvovaginal. 
 É um patógeno (Candida albicans, fungo) oportunista que infecta 
quando as condições são favoráveis. 
 Em condições normais o mecanismo de defesa da vagina: lactobacilos 
competem com a cândida por glicogênio e produzem um fator inibidor 
de crescimento especifico contra o fungo; sistema imunológico humoral 
com IgA e IgG e sistema imunológico celular com linfócito T. 
 Epidemiologia: estima-se que aproximadamente 75% de todas as 
mulheres adultas já apresentaram pelo menos um episodio de 
candidíase vaginal. 
 Principais responsáveis: Candida albicans (80%), C. glabrat (10 a 16%), e 
C tropicalis (5%), 
 A alta incidência da espécie albicans deve-se a capacidade de aderir 
firmemente aos receptores da célula vaginal através da proteína 
adesina, 
 Risco: gestação, diabetes, contraceptivos de alta dosagem, 
imunossupressão, antibiótico terapia. 
 Candida existe sob forma celular (blastoporos) e filamentar (pseudo-
hifas). Adota as formas de acordo com as condições ambientais, 
 O processo de aderência ocorre na forma esporulada e o crescimento 
na forma miceliana. 
 Estrógeno estimula esse processo, cândida é comum entre a menarca e 
a menopausa, 
 As pseudo-hifas podem invadir as células epiteliais e o processo 
inflamatório se deve a produção de uma toxina protease, 
 
 25 
 Reinfecção pode se suceder a partir dos reservatórios (próprio intestino 
da paciente ou parceiro), 
 Recidiva é apoiada pelo fato que as mesmas cepas são identificadas 
em episódios sucessivos, 
 Diminuição da imunidade: pela própria cândida, esperma ou outros 
alergenos, 
 Quadro clínico: Aspecto do corrimento: branco leitoso, grumos brancos 
e odor ácido; disúria pelo contato da urina com a mucosa vestibular e 
pele e vulva inflamadas, prurido pela reação alérgica a cândida, 
eritema vulvar, mucosa vaginal hiperemiada e edemaciada e grumos 
brancos do corrimento aderentes à parede vaginal. 
 Diagnostico: 
 Clínico: presença de prurido intenso, edema de vulva e/ou 
vagina, secreção esbranquiçada e grumosa (parece queijo 
qualho), 
 Laboratorial: Vaginite causada exclusivamente por fungos pode 
apresentar pH vaginal normal (não é utilizável no diagnostico pois 
pode coexistir com vaginose bacteriana). Avaliação do 
esfregaço vaginal a fresco, 
 Coloração de Gram: Uso de KOH a 10% melhora a visualização 
do fungo, porem esse teste pode ser negativo em até 40% das 
pacientes com candidíase sintomática. O exame cultural deve 
ser estimulado especialmente nos casos de recidiva ou de 
resistência aos tratamentos usuais. 
 Tratamento (deve ser realizado só por uma via): 
 
Tópico: de 3 a 14 dias dependendo do fármaco utilizado e/ou do quadro 
clinico apresentado. Terapia com azolicos é mais efetiva que uso de nistatina. 
 
 26 
Nos pacientes com hiperemia e sintomas irritativos locais intensos os 
corticosteroides tópicos de baixa potencia podem ser utilizados para alivio de 
sintomas. 
Oral: dose única e de curta duração (até 7 dias) para casos não complicados, 
com intensidade leve a moderada. Tratamento durante múltiplos dias (> 7 
dias) deve ser aplicado em casos de candidíase recorrente/ severas, 
Fármacos: Clorimazol, miconazol, terconazol, cetoconazol, itraconazol, 
isoconazol, tioconazol. 
Azois: grupo de agentes fungistáticos sintéticos, com amplo espectro de 
atividade. Alteram a função da membrana celular inibindo a síntese de 
ergosterol (componente das membranas fúngicas), pois bloqueiam a 
desmetilação citocromo p450... 
 Miconazol: utilizado apenas topicamente. O Nitrato de Miconazol é um 
agente antifúngico, com amplo espectro de ação, atingindo 
igualmente os dermatófitos e leveduras patogênicos para o homem. 
Apresenta ação fungistática de alta potência, capaz de inibir o 
crescimento de colônias de diferentes espécies de Cândida. Seu 
mecanismo de ação está baseado na inibição da biossíntese de 
ergosterol do fungo e alteração da composição de outros 
componentes lipídicos da membrana do fungo, o que resulta na 
necrose destas células. 
 Clotrimazol: interfere no transporte de aminoácidos para o interior do 
microrganismo atrás de uma ação sobre a membrana celular. 
 Tioconazol: Este moderno derivado do imidazol (bifonazol, econazol, 
oxiconazol) é um fungistático-fungicida, conforme sua concentração, 
que possui um amplo espectro sobre diferentes variedades de fungos: 
Ephidermophyton, Trichophyton, Microsporum, Candida albicans, 
Trichosporum, Pityrosporum e algumas bactérias Gram-positivas e Gram-
negativas produtoras de sobreinfecções das micoses cutâneas como 
Corynebacterium minutissimun, Staphylococcus aureus e epidermidis, 
Streptococcus agalactie. O Tioconazol apresenta, além disso, um efeito 
significativo sobre Chlamydia trachomatis, Gardnerella vaginalis e certos 
protozoários como Trichomonas vaginalis. Frente às dermatofitoses e 
leveduras, possui uma rápida ação fungicida superior à dos outros 
antimicóticos imidazólicos. Seu mecanismo de ação é duplo, já que em 
baixas concentrações desenvolve um efeito fungistático que se 
relaciona com a inibição da biossíntese do ergosterol, o que gera a 
desorganização da membrana celular e a alteração de seu 
funcionamento. Em troca, em concentrações elevadas atua como um 
potente fungicida por ação direta sobre a parede celular. A diferença 
com outros agentes imidazólicos é que o Tioconazol não atua durante a 
fase de crescimento logarítmico da Candida albicans e C. parapsilosis, 
 
 27 
e sim, apresenta uma ação similar sobre a fase estacionária destas 
leveduras. A absorção sistêmica deste imidazólico é insignificante por 
via tópica ou intravaginal. A absorção dérmica é muito baixa, dado 
que o pico de concentração plasmática foi alcançado após 12 horas e 
a quantidade total de metabólitos reconhecidos na urina (3%) e fezes 
(17%) foi escassa. 
Nistatina: antibiótico macrolideo polienico. O mecanismo de ação da nistatina 
consiste na ligação aos esteroides existentes na membrana celular dos fungos 
susceptíveis, com resultante alteração na permeabilidade da membrana 
celular e consequente extravasamento do conteúdo citoplasmático. 
 Obs: antifúngicos orais devem ser evitados durante a gravidez. 
Tratamento do parceiro não tem demonstrado reduzir a frequência de 
candidíase. 
 Não há necessidade de convocar o parceiro a não ser que o mesmo 
apresente queixas. 
Tricomoniase: 
 Vulvovaginite de alto poder infectante, podendo ser identificada em 30 
a 40% dos parceiros masculinos (nos homens maioria são autolimitadas 
e transitórias), 
 Após diagnóstico devem-se investigar outras DST, 
 Agente etiológico: Trichomonas vaginalis, protozoário flagelado com 4 
flagelos e uma membrana ondulante antero lateral responsáveis pela 
grande mobilidade. 
 Tempo de incubação: 2 a 8 dias (4 a 28 dias segundo Freitas), podendo 
permanecer vivo no meio exteriordurante 6 horas e em agua clorada 
por 15 minutos. 
 O T. vaginalis é um organismo anaeróbio facultativo. Cresce 
perfeitamente bem na ausência de oxigênio na faixa de pH 
compreendida entre 5 e 7,5 e em temperaturas entre 20ºC e 40ºC. 
Como fonte de energia, o flagelado utiliza à glicose, a maltose, a 
galactose. Os hidrogenossomos são portadores de uma enzima 
piruvato: ferredoxina oxidorredutase, capaz de transformar o piruvato 
em acetato pela oxidação fermentativa e liberar adenosina 5'-trifosfato 
(ATP) e hidrogênio molecular. O T. vaginalis é capaz de manter o 
glicogênio em reserva como forma de energia. Isso é importante para o 
parasito, pois o ambiente vaginal é constantemente modificado por 
variações de pH, hormônios, menstruação e fornecimento de nutrientes. 
Os carboidratos são a principal fonte de nutrientes para o T. vaginalis; 
no entanto, sob condições em que tais compostos são limitados, a 
utilização de aminoácidos torna-se vital. O T. vaginalis consome 
especialmente arginina, treonina e leucina. 
 
 28 
 Epidemiologia: estão presentes 4 a 35% de todos os casos de 
vulvovaginites. 
 Clinica: pode variar desde um caráter assintomático até uma doença 
inflamatória severa e aguda. 
 Corrimento costuma ser amarelo-esverdeado, abundante, fluido 
e espumoso com odor fétido e acompanhado de prurido vulvar, 
polaciúria, disúria e despareunia (dor na relação sexual). 
 Mucosa vaginal encontra-se hiperemiada e edemaciada, 
secreção abundante e bolhosa, 
 Diagnostico: Exame a fresco da secreção vaginal: identificação dos 
tricomonas flagelados, móveis e discretamente maiores que os 
leucócitos (abundantes), 
 Exame citopatológico (não muito sensível apenas 50 a 70%). Grande 
quantidade de leucócitos, hipercromasia, pseudo-eosinofilia, vacúolos 
citoplasmáticos, halos perinucleares e numerosos histiocitos, pH vaginal 
entre 5,0 e 5,5, 
 Pode ter a presença de clue-cells  pode estar associada a Vaginose 
Bacteriana. 
 Cultura esta indicada nos casos repetitivos, nos quais não se encontra o 
agente microscópico, 
 O teste rápido para tricomonas tem sensibilidade de 88,3% e 
especificidade de 98,3% comparado com a cultura e pode ser útil 
particularmente em locais com alta prevalência e em que a cultura 
não está disponível. 
 Tratamento: Metronidazol (2g, VO em dose única) é a droga de escolha 
para o tratamento. O tratamento tópico pode ter falha de ate 50% não 
sendo recomendado. Parceiros devem ser tratados recebendo o 
mesmo esquema terapêutico. 
 O Metronidazol pode ser utilizado nas gestantes, o não 
tratamento esta associado ao aumento de risco para ruptura 
prematura de membranas, trabalho de parto prematuro e baixo 
peso ao nascer, 
 Pode-se usar o Tinidazol (2g, VO, dose única) tendo eficácia 
semelhante, 
 Abstinência sexual deve ser recomendada durante o tratamento. 
A utilização de bebidas alcoólicas deve ser evitada durante 24 
horas nos regimes em dose única com Metronidazol e 72 horas 
quando o tinidazol é utilizado, tendo em vista que os imidazólicos 
têm interação com álcool. 
 Na recorrência, repete-se o tratamento durante sete dias com 
Metronidazol (500 mg, VO, 12/12 h). Na persistência da infecção 
e ausência de reinfecção, podemos optar pelo uso de 2 g de 
Metronidazol em tomada única diária durante 3 a 5 dias. 
 
 29 
 Metronidazol: é um fármaco da família dos nitro-5-imidazóis que 
apresenta espectro de atividade antimicrobiana que abrange 
exclusivamente microrganismos anaeróbios. Espécies sensíveis (mais de 
90% das espécies são sensíveis): Peptostreptococcus, Clostridium 
perfrigens, Clostridium difficile, Clostridium sp, Bacteroides sp, 
Bacteroides fragilis, Porevotella, Fusobacterium, Veillonella. Atividade 
antiparasitária: Entamoeba histolytica, Tricomonas vaginalis, Giardia 
lamblia. 
Mecanismo de ação: atua como deposito de elétrons, privando o 
organismo do poder redutor necessário, quando os elétrons são 
adquiridos o anel do fármaco é clivado e forma-se um intermediário 
toxico que provoca danos ao DNA. Também atua inibindo a síntese de 
DNA ao provocar a clivagem das fitas. 
 Tinidazol: O tinidazol é o 5-nitroimidazol derivado de um composto 
imidazólico substituído e possui atividade antimicrobiana contra 
bactérias anaeróbias e protozoários. Acredita-se que o mecanismo de 
ação do tinidazol contra bactérias anaeróbias e protozoários envolve a 
penetração do fármaco no interior da célula do micro-organismo com 
subsequente destruição da cadeia de DNA ou inibição de sua síntese. 
O tinidazol é ativo contra protozoários e bactérias anaeróbias 
obrigatórias. A atividade contra protozoários inclui Trichomonas 
vaginalis, Entamoeba histolytica e Giardia lamblia. O tinidazol é ativo 
contra Gardnerella vaginalis e a maioria das bactérias anaeróbias 
incluindo: Bacteroides fragilis, Bacteroides melaninogenicus, Bacteroides 
spp., Clostridium spp., Eubacterium spp., Fusobacterium spp., 
Peptococcus spp., Peptostreptococcus spp. e Veillonella spp. 
 
Vaginose Bacteriana: 
 É uma síndrome clinica polimicrobiana caracterizada pela ausência de 
lactobacilos e por crescimento excessivo de organismos anaeróbios 
facultativos, com proliferação de uma flora mista composta por: 
Peptostreptococcus, Prevoletta sp, Bacteriodes sp, Mobiluncus sp; 
bactérias anaeróbicas e predominantemente Gardnerella vaginallis, 
podendo em alguns casos estar presente também o Mycoplasma 
hominis. Ausência de leucócitos, 
 Na maioria dos casos a VB continua a ser um problema local em que 
está associado à multiplicidade de parceiros e pode facilitar a 
aquisição de DSTs. 
 Aproximadamente 50 a 70% dos pacientes com VB são assintomáticas, 
 Epidemiologia: responsável aproximadamente 40% das vulvovaginites, 
 Diagnóstico: pH vaginal > 4,5. Em geral entre 5,0 e 5,5, Leucorreia 
cremosa, homogênea, cinzenta e aderia às paredes vaginais e colo, 
 
 30 
 Exame a fresco: presença de clue cells (células vaginais 
recobertas com Gardnerella vaginallis), 
 Whiff test: adicionar 1 a 2 gotas de KOH a 10 % na secreção 
vaginal e depositar em uma lamina. O surgimento imediato de 
um odor desagradável de peixe pobre caracteriza a vaginose 
 Obs: também pode ser realizado por meio de Gram e do exame 
citopatológico. 
 Tratamento: as pacientes sintomáticas devem ser tratadas, não sendo 
necessário o tratamento de todas as pacientes assintomáticas. 
Fármaco de escolha: Metronidazol via oral ou tópico durante 5 a 7 dias 
 Tratamento de rotina do parceiro não é recomendado tendo em vista 
que não há diferença nos índices de recidiva da VC em suas parcerias 
 Clindamicina: é um antibiótico inibidor de síntese proteica. É 
bacteriostitatico. Sua atividade mais útil é contra anaeróbios. Liga-se a 
subunidade 50s e bloqueia a formação de ligações peptídicas por um 
mecanismo indeterminado. 
Causas Uterinocervicais: 
Cervicite (inflamação da mucosa glandular): Aguda é causada por 
gonococo, clamídia, herpes simples; crônica é causada por germes comuns 
da vagina, miracidio da esquisostomosse, HPV. Observa-se zona de 
transformação com orifícios glandulares ou cistos glandulares, 
Colpocervcite( inflamação da mucosa escamosa):HPV e herpes simples. 
Causas Uterniocorporais: Pólipos e miomas submucosos podem aumentar a 
produção de leite endometrial, DIU pode acarretar maior transudação 
endometrial. Nas neoplasias benignas, pólipo ou mioma submucoso o fluxo é 
seroso, só se apresentando purulento quando os tumores sofrem infecção. 
Causas tubarias: 
A secreção tubaria é determinada pelas células secretoras, ainda colabora o 
transudato epitelial e o liquido de origemperitoneal. O liquido tubário é 
produzido em sua maior parte na fase pre-ovulatoria. Os processos infecciosos 
ou neoplásicos podem aumentar a quantidade de liquido tubário. 
 
 31 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Doenças Sexualmente Transmissíveis: 
Gonorreia/Blenorragia/Blenorreia: 
 Agente etiológico: Neisseria gonorrhoae, diplococo Gram negativo, 
aeróbio ou anaeróbio facultativo. Infecta o epitélio colunar ou de 
transição podendo se propagar via hematogenica. Período de 
incubação é de 4 a 7 dias no homem e variável na mulher. Tropismo por 
epitélio colunar, pseudoestratificado (uretra, reto, endocérvice, faringe, 
conjuntiva, etc), 
 Transmissão: via sexual, canal do parto, fomites. Causa infecciosas não 
complicadas de mucosas, incluindo cérvice uterina, reto e garganta. 
Quando não tratada é responsável pela maioria de DIP, infertilidade, 
gestação ectópica e dor pélvica crônica. Mulheres pegam mais 
facilmente, 
 Epidemiologia: cerca de 25 milhões de novas infecções/ano no mundo, 
acometendo mais de 150 milhões de pessoas. 
 Patogênese: Apresentam pili, uma endotoxina LOS que atuam como 
fator de virulência. Presença de uma proteína porina que inativa o C3b 
do complemento causando os casos disseminados 
da doença. As principais defesas contra os 
gonococos são anticorpos IgA e IgG, complemento e 
 
 32 
neutrófilos. Presença da uma IgA protease que hidrolisa a IgA secretória 
do hospedeiro favorecendo a adesão da Neisseria a mucosa. 
 Quadro clinico: Assintomático em 60 a 80 % dos casos, facilitando a 
aquisição do vírus HIV, 
 Sinais e sintomas geniturinários: secreção endocervical mucopurulenta, 
dor pélvica, dispareunia, sangramento irregular, hiperemia vaginal, 
disúria, polaciúria. Colo do útero é o local onde a N. gonorrhoae é com 
mais frequência encontrada nas mulheres assintomáticas. Em 70% dos 
casos há comprometimento ureteral, 
 Sinais e sintomas da infecção gonocócica disseminada: período de 
incubação de 7 a 30 dias, febre, astenia e dores musculares, ocorre 
após a menstruação ou terceiro semestre de gravidez. Podem surgir 
artrite, dermatite, endocardite e meningite. 
 Diagnostico: Presença de secreção purulenta no canal cervical ou 
presente em swab endocervical, associado à secreção vaginal anormal 
e sangramento fácil na manipulação do colo uterino, 
 Cultura da secreção endocervical para Neisseria gonorrhoeae; Gram 
da secreção cervical revelando diplococos Gram-negativos associados 
a neutrófilos. 
 Tratamento 
 
Ampicilina 2g + probenecida 1g VO, 
Eritromicina esteratato, 
 Ciprofloxacina: Pertence ao grupo das quinolonas, é um fármaco 
bactericida que bloqueia a síntese de DNA bacteriano pela inibição da 
DNA girase. Não são recomendadas para crianças e mulheres gravidas 
por danificarem cartilagem em crescimento. 
 Ceftriaxona: É uma cefalosporina de 3ªgeração possuem atividade 
acentuada sobre bacilos aeróbios gram-negativos. Poucas 
cefalosporinas dessa geração são ativas contra Pseudomonas 
aeruginosa. Os medicamentos dessa classe são drogas importantes no 
tratamento da meningite bacteriana, e também são úteis no 
tratamento de infecções graves como pneumonia hospitalar por 
bacilos gram-negativos aeróbios. É B-lactamico que atuam da mesma 
maneira que a penicilina, inibindo as ligações cruzadas do 
peptideoglicano. 
 
 33 
 Ofloxacina: potente fluoroquinolona de terceira geração, é um agente 
bactericida cujo mecanismo de ação pode ser explicado pela inibição 
das enzimas sintetizadoras de DNA, observando-se lise bacteriana 
quando se usam as concentrações inibitórias mínimas (CIM). Os estudos 
disponíveis demonstram que o Ofloxacino tem amplo espectro de ação 
contra a maioria dos microorganismos Gram-positivos e Gram-negativos 
mais comuns: Staphylococcus sp., Streptococcus sp., S. pneumoniae, 
pneumococos, Micrococcus sp., Corynebacterium sp., Branhamella 
catarralis, Pseudomonas sp., P. aeruginosa, Haemophilus influenzae, 
Moraxella sp., Serratia sp., Proteus sp., Klebsiella sp. e Chlamydia 
trachomatis. 
Deve-se tratar sempre o companheiro e oferecer tratamento para 
infecção pela Clamídia. Deve-se orientar a suspensão das relações sexuais. 
Cancro Mole/cancroide/ulcera de Ducreyi/cancrela: 
 Evolui com ulceração genital tendo desse modo papel importante na 
disseminação do HIV, comum em locais de clima quente e baixo nível 
socioeconômico, 
 Agente etiológico: Haemophilus ducreyi, bacilo Gram-negativo, 
piogênico, anaeróbio facultativo. 
 Patogênese: necessita de solução de continuidade para penetração 
na epiderme, período de incubação de 2 a 5 dias. A necrose tissular 
produzida pelo bacilo parece resultar da ação de lipopolissacarideo 
contido em sua parede, 
 Epidemiologia: prevalente em regiões tropicais. 
 Quadro clinico: lesão ulcerada, dolorosa, secretante com bordas 
eritematosas, fundo purulento e necrótico. São lesões auto inoculáveis, 
portanto, podem ser múltiplas. Em 40 % dos casos ocorre enfartamento 
ganglionar inguinal, inclusive com supuração espontânea nos casos 
não tratados. Adenopatia satélite homolateral a ulcera, quando ocorre 
supuração há eliminação de conteúdo esverdeado e misturado com 
sangue através de orifício único. 
 Diagnostico: Identificação do H. ducreyi em meio de cultura especifico. 
 Clinica: combinação de ulcera dolorosa com adenopatia inguinal 
sensível, 
 Pode ser confundido com Herpes Genital e Sífilis. 
 
Tratamento: 
 
 34 
 
Recomendações: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 35 
Donovanose/Granuloma inguinal/granuloma vítreo/granuloma contagioso: 
É uma infecção genital, extragenital e sistêmica de evolução crônica e 
progressiva. Muito pouco contagiosa, auto inoculável, é mais frequente em 
negros. 
 Agente etiológico: Calymmatobacterium granulomatis. Bacilo gram 
negativo. Parece ser normal sua presença no intestino e reto. Tempo de 
incubação varia de 3 a 6 meses. A inoculação se dá em pequenas 
soluções de continuidade da pele ou mucosa resultante do 
traumatismo pelo coito, 
 Quadro clinico: lesão começa com uma pápula endurecida que 
frequentemente se ulcera. São lesões irregulares que coalescem dando 
um aspecto serpiginoso. Na mulher as partes mais afetadas são os lábios 
menores, a fúrcula, o períneo e a região perianal. A forma clinica mais 
frequente é a ulcerovegetante com abundante tecido de granulação 
e sangramento fácil. São lesões indolores exceto na forma cancroide. 
Os vasos linfáticos e linfonodos em geral não estão comprometidos, 
manifestações posteriores dependem das respostas tissulares do 
hospedeiro, 
 Diagnostico: observação dos corpúsculos de Donovan (formas 
intracelulares capsuladas), 
 Tratamento: 
 
Recomendações: 
 
 36 
 
 Doxiciclina: pertence à família das tetraciclinas que constituem uma 
família de antibióticos com atividade bacteriostática contra uma 
variedade de bactérias gram positivas e gram negativas, Micoplasma, 
clamídia. Inibe a síntese proteica ligando-se a subunidade ribossomal 
30S e bloqueando a entrada de aminoacil RNA de transferência no sitio 
aceptor do ribossomo. Apresentam baixa toxicidade, mas tem dois 
importantes efeitos colaterais: supressão da microbiota normal do trato 
intestinal, e formação de manchas marrons na dentição de fetos e 
crianças por que são quelantes de cálcio. Não é indicada, portanto 
para mulheres gravidas e crianças com idade abaixo de 8 anos. O 
cloridrato de Doxiciclina é um derivado sintético da oxitetraciclina. A 
Doxiciclina apresenta elevado grau de lipossolubilidade e pouca 
afinidade de ligaçãoao cálcio. É altamente estável no soro humano 
normal e não se degrada para uma forma epianidro. A Doxiciclina é 
fundamentalmente bacteriostática e acredita-se que exerça sua ação 
antimicrobiana pela inibição da síntese proteica. A Doxiciclina é ativa 
contra uma ampla variedade de micro-organismos Gram-positivos e 
Gram-negativos, 
 Eritromicina: fármaco bacteriostático de amplo espectro, pertence ao 
grupo dos macrolideos. Liga-se a subunidade 50s e bloqueia a síntese 
proteica. É um dos fármacos menos tóxicos. É um antibiótico macrólido 
bacteriostático, produzido por uma cepa de Streptomyces erythreus, 
nãoobstante pode ser bactericida em concentrações elevadas ou 
quando utilizado contra microrganismos altamente sensíveis. Acredita-
se que penetre na membrana da célula bacteriana e se une de forma 
reversível à subunidade 50 S dos ribossomas bacterianos ou perto de P 
ou local doador, de forma a bloquear a união do tRNA (RNA de 
 
 37 
transferência) ao local doador. É evitada a translocação de péptidos 
de A ou local receptor a P ou local doador, e consequentemente a 
síntese de proteínas é inibida. A eritromicina somente é eficaz frente a 
microrganismos que se dividem de forma ativa. 
 Azitromicina: macrolideo menos ativo contra bactérias gram positivas 
do que a eritromicina. A Azitromicina é o primeiro antibiótico da classe 
denominada quimicamente como “azalídeos”. Ela tem como 
mecanismo de ação a inibição da síntese proteica bacteriana através 
de sua ligação com a subunidade ribossomal 50S impedindo assim a 
translocação dos peptídeos. Ela demonstra atividade in vitro contra 
uma grande variedade de bactérias, incluindo: Bactérias aeróbias 
gram-positivas: Staphylococcus aureus, Streptococcus pyogenes 
(estreptococos betahemolíticos do grupo A), Streptococcus 
pneumoniae, estreptococos alfa-hemolíticos (grupo viridans) e outros 
estreptococos e Corynecbacterium diphtheriae. 
Clamídia: 
 Agente etiológico: Chlamydia trachomatis causa infecções oculares e 
do trato respiratório e genital. É uma bactéria intracelular obrigatória. 
Apresentam parede celular rígida, mas não tem uma camada típica de 
peptideoglicanos. 
 Transmissão: infecta apenas humanos sendo geralmente transmitida por 
contato pessoal próximo, sexualmente ou canal de parto. Indivíduos 
assintomáticos do trato genital correspondem a um importante 
reservatório de infecção pra terceiros. Pacientes acometidos por uma 
DST são coinfectados por C. trachomatis e Neisseria gonorrhoeae em 
aproximadamente 10 a 30 % dos casos. 
 Epidemiologia: EUA e Canadá a infecção pela clamídia é cerca de 2 a 
3 vezes mais frequente do que infecção pelo gonococo, sendo mais 
prevalente entre jovens sexualmente ativos entre 15 e 19 anos. Mais de 
1/3 das pacientes pode desenvolver DIP, um quinto pode se tornar 
infértil e um decimo pode ter quadros de gestações ectópicas. Tem sido 
implicada como o agente de maior prevalência na DIP. 
 Patogênese e achados clínicos: Tropismos por células epiteliais das 
membranas mucosas ou os pulmões. C. trachomatis apresenta mais de 
15 imunotipos. Tipo A, B,C causam tracoma (conjuntivite crônica). D e K 
causam infecções no trato genital. Em homens é uma causa comum de 
uretrite não gonococcia, em mulheres desenvolve-se cervicite, 
salpingite e DIP. Pacientes com infecções genitais apresentam uma alta 
incidência de síndrome de Reiter (uretite, artrite e uveite). Tipos L1, L2 e 
L3 causam o linfogranuloma venereo. 
 Quadro clinico: 
 
 38 
 Endocervicite mucopurulenta: é um parasita especifico das 
células escamocolunares, 
crescendo somente na zona de 
transição e na endocérvice. É 
observado muco-pus amarelado 
no canal cervical, ectopia cervical 
friável com edema e eritema 
acentuados ou ainda pelo 
achado de dez ou mais leucócitos 
no esfregaço do endocérvice 
corado pelo Gram. 
 Síndrome uretral aguda: disúria, 
polaciúria (vai várias vezes urinar em pouca quantidade) e piuria 
em mulheres com urocultura negativa. 
 Síndrome de Rettig e Nelson: persistência de corrimento de fluido 
seroso, disúria com ou sem infecção anal pela clamídia após 
tratamento pelo gonococo, 
 Diagnostico: Cultura da amostra endocervical, 
 Características das lesões: não dor, não é lesão específica e sim uma 
inflamação no local, 
 
Micoplasma: 
 Agente etiológico: menores organismos de vida livre, ausência de 
parede celular. Coram-se fracamente pela coloração Gram. Sua 
superfície externa consiste em uma membrana celular flexível de três 
camadas, assim são capazes de assumir uma variedade de formas. O 
Micoplasma (mycoplasma hominis) e o ureaplasma (ureaplasma 
urealyticum) são considerados bactérias procarióticas Gram negativas. 
São parasitas de superfícies aderindo firmemente à mucosa do epitélio 
urogenital. A taxa de colonização é diretamente proporcional com a 
atividade sexual. São parasitas de superfícies, aderindo firmemente à 
mucosa. 
 
 39 
 Quadro clínico: Uretrite, Vaginite e cervicite: há uma associação em 
torno de 60% dos micoplasmas e gardnerella nos processos de 
vaginose, DIP: O M. hominis é isolado de trompas inflamadas em 
aproximadamente 13 a 15 % dos casos. Provoca efeito citopatogênico 
nos cílios das trompas. Esterilidade. Infecção puerperal, 
 Diagnostico: Cultura (diagnóstico definitivo), Imunofluorescencia direta, 
Teste de inibição metabólica, ELISA, 
 Tratamento: 
 
 
 
Herpes: 
Os herpes vírus são estruturalmente similares, cada um apresenta um 
cerne icosaedro envolto por um envelope lipoproteico. Destacam-se pela 
capacidade de causar infecções latentes. Causam erupção vesicular tanto 
em infecções primarias como nas reativações. É a DST ulcerativa mais 
frequente, sendo o HSV-2 a maioria dos casos, 
 Agente etiológico: HSV-1 e HSV-2. HSV-1 causam lesões situadas acima 
da cintura (herpes labial, ceratoconjuntivite e encefalite) enquanto 
HSV-2 localizam-se abaixo delas (herpes genital, herpes neonatal e 
meningite asséptica). Embora haja essa divisão, pode haver variação e 
podem ser encontrados em dois tipos, 
 Transmissão: HSV-1 é transmitido pela saliva enquanto HSV-2 é 
transmitido por contato sexual. A transmissão não sexual é rara. Em 
pacientes HIV positivos, os episódios são mais severos, 
 Patogênese e imunidade: vírus replica-se na pele ou na membrana 
mucosa inicial de infecção em seguida migra para os neurônios e torna-
se latente em gânglios sensoriais. HSV-1 torna-se latente nos gânglios 
trigeminais e HSV-2 torna-se latente nos gânglios lombares e sacros. O 
vírus pode ser reativado a partir do estado latente por uma variedade 
de indutores. A típica lesão cutânea consiste em uma vesícula 
contendo fluido seroso com partículas virais e fragmentos celulares, 
 
 40 
quando a vesícula se rompe os vírus são liberados e podem ser 
transmitidos a outros indivíduos. 
 Quadro clínico: Após o período de incubação  hospedeiro terá uma 
primeiro episodio de infecção em apenas 25% dos casos, A fase 
sintomática dura de 2 a 6 semanas e o hospedeiro é infectante por 14 
dias. Doença caracterizada por formação de vesículas no períneo, 
vulva, nádegas, cérvice e vagina. As vesículas rapidamente se rompem 
formando pequenas ulceras dolorosas. Pode existir cefaleia, febre, 
anorexia, adenopatia inguinal. As lesões ulceradas duram em geral 2 
semanas na infec primaria e 1 semana na recorrente. Pode haver disúria 
e retenção urinaria. Na recorrência o edema é discreto, as vesículas são 
menores e em menor numero do que na infecção primaria. 
 Diagnostico: Clinico: lesão especifica já descrita, Colposcopia: 
visualização de lesões ou ulceras,Citologia: células multinucleares, 
Sorologia: IgM tipo 1 e 2 e IgG, Imunofluorescencia direta: anticorpos 
monoclonais para HSV-1 e 2, Cultura: Isolamento do vírus 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Tratamento: 
 
 
 41 
 
 
 
 
 
 
Tratamento supressivo: Indicado para 
as pacientes que apresentam recidivas 
frequentes (6/ano). É seguro e 
altamente eficaz. Nenhum efeito sobre 
a medula óssea, função renal e 
hepática foi detectado; 
Aciclovir: 200 mg 4/dia ou 400 mg 
2_/dia, por 6 a 12 meses. 
 
 42 
Valaciclovir: 500 mg/dia (9 recorrências/ano ou 1 g/dia se > 9 
recorrências/ano). 
Fanciclovir: 250 mg 2/dia. 
 
 
Linfogranuloma Venereo: 
 Agente etiológico: Chlamydia trachomatis L1, L2, L3. Período de 
incubação de 1 a 8 semanas. 
 Clinica: 
 
 
 43 
 
Diagnostico: 
 
Tratamento: 
 
 
 
 44 
 
 
 
Sífilis/LUES: 
 Agente etiológico: Treponema pallidum. Exibe crescimento muito lento, 
 Transmissão: transmitido a partir de lesões cutâneas ou de membranas 
mucosas. Infectante na sífilis recente pelo contato e na sífilis latente por 
meio de fluido corporal. Doença sistêmica de fácil detecção e de 
tratamento simples, barato e 100% eficaz, é geralmente adquirida por 
contato sexual, mas também por transfusão de sangue ou de forma 
transplacentária (em qualquer período da gestação). 
 Epidemiologia: Um terço dos indivíduos expostos a um parceiro 
infectado adquire a doença, 
 Classificação: clinicamente a sífilis é dividida em fases: recente (primeiro 
ano de evolução após contaminação); tardia (após um ano). 
 Sua sintomatologia pode ser classificada como: 
 Sífilis Primaria: cancro duro ou protossifilioma surge de 1 a 3 
semanas após o contagio. Presença de ulcera única, indolor, 
circular medindo de 1 a 2 cm de diâmetro, fundo liso e limpo, 
bordos infiltrados e cor de carne. Acompanhado de 
enfartamento ganglionar regional, indolor, sem sinais flogisiticos. 
Não coça, bordas nítidas. Persistem por 6 a 7 semanas e 
desaparecem espontaneamente. Pode ser levemente dolorosa, 
evolui de mácula para pápula e erosão, ulceração. Lesões 
 
 45 
podem ou não serem isoladas. As lesões podem estar no colo do 
útero (mais comuns), pênis, anus. 
 Sífilis secundaria: presença de lesões polimorfas cutâneas, 
podendo ter pápulas ou lesões planas eritematosas que 
acometem principalmente o tronco, e as sífilides que são lesões 
papuloerosivas pustuolas hipertróficas que acometem a 
cavidade oral, genital, palma das mãos e planta dos pés. 
Surgem 6 semanas a 6 meses após o contagio e desaparecem 
de 3 a 12 semanas. Em áreas úmidas do corpo forma-se uma 
lesão larga chamada condiloma lata. Manchas tipo placas 
podem aparecer nas mucosas genitais ou orais. Paciente muito 
contagioso nessa fase. Mal-estar, cefaleia, prurido e hiporexia. 
Podem aparecer sintomas mais específicos como: exantema, 
linfadenopatia, cancro primário residual, condiloma plano, 
hepatoesplenomegalia, placas mucosas e alopecia. 
 Sífilis latente: não apresenta sinais e sintomas, inicia quando 
desaparecem as lesões cutâneas secundarias, 
 Sífilis terciaria: pode exibir granulomas, sífilis cardiovascular ou 
neurosifilis. Gomas sifilíticas, tumorações amolecidas, juntas de 
charcot (deformidade articular) e juntas de clutton (efusões 
bilaterais dos joelhos). 
 VDRL positivo e FTA-ABS (ou TPHA) positivo confirmam o diagnóstico de 
sífilis. 
 VDRL positivo e FTA-ABS (ou TPHA) negativo indicam outra doença que 
não sífilis. 
 VDRL negativo e FTA-ABS (ou TPHA) positivo indicam sífilis numa fase 
bem inicial, sífilis já curada ou sífilis na fase terciária. 
 VDRL negativo e FTA-ABS (ou TPHA) negativo descartam o diagnóstico 
de sífilis. 
 
Diagnostico: 
 
 
 46 
 
 
 
Tratamento: 
 
 Penicilina: atuam inibindo as transpepidases que catalisam a etapa final 
das ligações cruzadas durante a síntese de peptideoglicano. É 
 
 47 
bactericida, mas mata as célula apenas quando se encontram em fase 
de crescimento.. São fármacos B-lactamicos , a clivagem do anel por B-
lactamses inativa o fármaco. Também ativa enzimas autoliticas 
denominadas mureina-hidrolases que acabam por degradar o 
peptidioglicano. A penicilina G benzatina é metabolizada de forma 
muito lenta sendo frequentemente denominada “preparação de 
deposito”. 
 
 Abordagem ao portador de DST: 
Atendimento: tempo de espera deve ser o menor possível; realização da 
anamnese; os exames laboratoriais devem ser colhidos na mesma 
oportunidade sempre que possível, mas a conduta não deve ser postergada. 
Recomenda-se a vacinação contra HB para todos os portadores de DST com 
menos de 30 anos exceto em zonas endêmicas. Assegurar um ambiente de 
privacidade. Os profissionais de saúde devem reconhecer a anatomia e 
fisiologia do trato genital masculino e feminino. Devem ser feitas as coletas das 
secreções e material de lesões para exame laboratorial, incluindo material 
para colpocitopatologia oncótica. A consulta clinica se completa com a 
prescrição e orientação para o 
tratamento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 48 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 49 
 
 
 
 
 50 
 
 
 
 
 
 
 51 
 
 
 
 
 
 
 
 52 
 
Novak – Dor Pélvica e Dismenorreia 
 
Dismenorreia é a queixa ginecológica mais comum em adolescentes e 
a principal causa de absenteísmo na escola ou no trabalho. A dismenorreia 
primária é caracterizada como dor em cólica, recorrente, localizada no 
abdome inferior, que ocorre no período menstrual, na ausência de doenças 
que a justifiquem. 
Fisiopatologia da dismenorreia primária: envolve a produção exagerada de 
prostaglandinas (PGF 2 alfa e PGE 2) pelo endométrio. Fosfolipídios presentes 
nas membranas celulares são convertidos em ácido aracdônico que, por sua 
vez, sofre a ação das enzimas lipoxigenase e cicloxigenase, dando início a 
uma cascata de reações que culminam com a produção de prostaglandinas 
e leucotrienos no útero. Essas substâncias causam contrações miometriais e 
vasoconstrição, respectivamente, com resultante isquemia local manifestada 
pela dor em cólica, característica da dismenorreia. 
 Tratamento dos Anti-inflamatórios não esteroidais ou então ACO (deixa 
o endométrio mais fino), pois diminui a produção de leucotrienos e 
prostaglandinas, 
A prevalência da dismenorreia em adolescentes oscila entre 60 e 70%, 
com apenas 10% dessas apresentando alguma anormalidade que justifique a 
presença do sintoma (dismenorreia secundária). A causa mais comum de 
dismenorreia secundária em adolescentes ou mulheres adultas é a 
endometriose. 
A dismenorreia pode ser classificada em primária (sem doença subjacente) ou 
secundária (com doença subjacente). 
 
 53 
A dor pélvica crônica (DPC) é um distúrbio multifacetado, caracterizado 
por alterações no processamento de sinais aferentes nos órgãos pélvicos, nos 
tecidos somáticos adjacentes, na medula espinal e no encéfalo. As inervações 
toracolombar e sacral em comum das estruturas pélvicas e o aumento do 
processamento de impulsos neurais no sistema nervoso central (SNC) são 
responsáveis pela multiplicidade de sintomas somáticos e psicológicos 
presentes nas mulheres que sofrem de DPC. 
Definições: 
 Dor aguda: é intensa e caracterizada por início súbito, aumento 
abrupto e curta duração. 
 Dor cíclica: é aquela definidamente associada ao ciclo menstrual. A 
dismenorreia, ou menstruação dolorosa, é a dor cíclica maiscomum, 
classificada em primária ou secundária, de acordo com a patologia 
associada. 
 Dor pélvica crônica (DPC): A DPC é definida como a dor com duração 
maior que 6 meses, localizada na pelve e intensa o bastante para 
causar incapacidade funcional ou exigir cuidados médicos. 
Embora a dor aguda esteja associada, em geral, a reflexos autônomos 
profundos – como náuseas, vômito, transpiração e apreensão –, tais reflexos 
não são observados em mulheres com DPC. A dor aguda está relacionada 
com sinais de inflamação ou infecção, como febre e leucocitose, ausentes em 
estados de dor crônica. A fisiopatologia da dor pélvica aguda conta com a 
participação de mediadores da inflamação presentes em alta concentração 
em virtude de infecção, isquemia ou irritação química. 
Por outro lado, a etiologia da DPC muitas vezes está associada a 
alterações na modulação ou à “intensificação” de estímulos normalmente 
indolores. A dor é desproporcional ao grau de lesão tecidual. Portanto, a dor 
crônica é caracterizada por respostas fisiológicas, afetivas e comportamentais 
diferentes daquelas associadas à dor aguda. Uma lesão inflamatória, como a 
endometriose, por exemplo, pode criar um ambiente de inflamação ou 
estimulação neurogênica crônica, com consequentes alterações “plásticas” 
no sistema nervoso periférico (SNP) e no SNC, bem como com persistência da 
dor crônica. Além disso, acredita-se que a predisposição genética, as pressões 
ambientais adversas e o meio hormonal aumentem a vulnerabilidade e a 
predisposição a distúrbios de dor crônica. 
 Dor Aguda: 
O início rápido da dor é mais compatível com perfuração ou ruptura de 
alguma víscera oca ou isquemia após torção de um pedículo vascular. 
 A dor tipo cólica ou espasmódica intensa está muitas vezes associada à 
contração muscular ou à obstrução de alguma víscera oca, como o 
intestino, o ureter ou o útero. 
 
 54 
 A dor em todo o abdome sugere reação generalizada a um líquido 
irritante na cavidade peritoneal, como sangue, um líquido purulento ou 
o conteúdo de algum cisto ovariano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. Porfiria aguda 
2. Tromboflebite aguda 
3. Aneurisma aórtico 
4. Angina abdominal 
 
 Avaliação da Dor Pélvica Aguda: 
Diagnóstico precoce é importante para 
evitar a morbidade e mortalidade. 
 Perguntar à paciente a data e as 
características dos dois últimos períodos 
menstruais, bem como se apresentou 
sangramento anormal ou corrimento. 
 As histórias menstrual, sexual e 
contraceptiva – assim como de doenças 
 
 55 
sexualmente transmissíveis (DST) e distúrbios ginecológicos prévios – são 
importantes. 
 A anamnese da dor deve incluir as circunstâncias e o momento em que 
ela se inicia, bem como sinais de infecção (febre, calafrios, corrimento 
vaginal purulento) e os seguintes sintomas: relacionados com a gravidez 
(amenorreia, sangramento irregular, náuseas, mamas doloridas); 
gastrintestinais (anorexia, náuseas, vômito, constipação intestinal, não 
estar evacuando, ausência de flatos, hematoquezia); urinários (disúria, 
urgência, polaciúria, hesitação, hematúria); e atribuíveis ao 
hemoperitônio (hipotensão ortostática, distensão abdominal e dor no 
quadrante superior direito ou no ombro). É preciso registrar qualquer 
história clínica e cirúrgica prévia e os medicamentos em uso. 
Os exames laboratoriais iniciais incluem... No mínimo, 
 Hemograma completo com contagem diferencial (leucograma), 
 Exame de urina de amostra do jato médio, coletada por técnica 
adequada, 
 Teste de gravidez urinário ou no sangue, pesquisa de gonorreia e 
clamídia e ultrassonografia (US) pélvica transvaginal. 
 Outros exames – como tomografia computadorizada (TC) com e sem 
contraste, exames bioquímicos ou tipo sanguíneo e pesquisa de 
anticorpos irregulares (se houver probabilidade ou história de transfusão 
prévia) – podem ser indicados, dependendo dos sintomas da paciente 
e do diagnóstico diferencial. 
 
 Causas de dor pélvica aguda associadas ao sistema reprodutivo: 
 
 Gravidez ectópica; 
Deve-se fazer teste de gravidez em todas as mulheres em idade 
reprodutiva com dor aguda. 
A gravidez ectópica é definida como a 
implantação do feto em local fora da cavidade 
uterina. 
 Sintomas: A implantação do feto na tuba 
uterina somente causa dor quando há 
dilatação aguda da tuba. Se houver ruptura 
tubária, a dor abdominal localizada tende a 
ser temporariamente aliviada e substituída 
tanto por dor pélvica e abdominal 
generalizada como por tontura devido à ocorrência de hemoperitônio. 
o Período de amenorreia, seguido por sangramento irregular e 
início agudo de dor, forma a tríade clássica de sintomas. 
 
 56 
o Uma massa no fundo de saco pode causar tenesmo. 
o Muitas vezes há dor referida no ombro direito se o sangue 
acumulado no abdome atravessar o sulco paracólico direito e 
irritar o diafragma (inervação de C3 a C5). 
 
 Sinais: Os sinais vitais costumam indicar alterações ortostáticas em caso 
de ruptura de gravidez ectópica. 
o O diagnóstico de hipotensão ortostática é feito por verificação 
do pulso e da pressão arterial da paciente durante o decúbito 
dorsal, depois de 3 minutos com a paciente sentada e, por fim, 
após 3 minutos de pé. 
o Se a pressão arterial sistólica diminuir 20 mmHg ou se a pressão 
arterial diastólica diminuir 10 mmHg ao passar da posição de 
decúbito dorsal para a posição de pé, está confirmada a 
hipotensão ortostática. 
o Embora a frequência de pulso não esteja especificamente 
incluída na definição de hipotensão ortostática, sua verificação 
é fácil e sua elevação pode sugerir hipotensão ortostática. Em 
geral, não há aumento da temperatura na gravidez ectópica. 
 
 Exame abdominal: é notável para dor à palpação e defesa abdominal 
em um ou ambos os quadrantes inferiores. Com a ocorrência de 
hemoperitônio, a distensão abdominal generalizada e a dor à 
descompressão súbita são proeminentes e há diminuição dos ruídos 
hidroaéreos. Em geral, o exame pélvico mostra leve dor à manobra de 
mobilização do colo. A palpação dos anexos causa dor, a qual 
costuma ser mais intensa no lado da gravidez ectópica, e palpa-se uma 
massa. 
 Diagnóstico diferencial: abortamento, 
 
 Extravasamento ou ruptura de cisto ovariano; 
Os cistos funcionais (p. ex., folicular ou do corpo lúteo) são os cistos 
ovarianos mais comuns e estão mais propensos à ruptura que as neoplasias 
benignas ou malignas. 
A dor associada à ruptura do folículo ovariano no momento da 
ovulação é denominada mittelschmerz. A pequena quantidade de sangue 
que extravasa para a cavidade peritoneal e a alta concentração de 
prostaglandinas no líquido folicular poderiam contribuir para essa dor pélvica 
no meio do ciclo. Em geral, a dor varia de leve a moderada e é autolimitada; 
o hemoperitônio é improvável se o sistema de coagulação estiver intacto. 
 
 57 
No desenvolvimento de um cisto do corpo lúteo hemorrágico na fase 
lútea do ciclo menstrual, a dor aguda é provocada pela rápida expansão da 
cápsula ovariana ou, no caso de ruptura, pelo sangue na cavidade 
peritoneal. A ruptura desse cisto pode causar um pequeno sangramento 
intraperitoneal ou hemorragia franca, com perda de sangue considerável e 
hemoperitônio. 
 Sintomas: Na maioria dos casos, o cisto ovariano que não sofra torção, 
expansão rápida, infecção ou extravasamento não causa dor aguda. 
o O cisto do corpo lúteo é aquele que, com maior frequência, sofre 
ruptura e causa hemoperitônio. Os sintomas de ruptura de um cisto 
do corpo lúteo são semelhantes aos da ruptura de uma gravidez 
ectópica. 
o

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