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1 2 Problema 01 “O que será que eu tenho?” Juscylene, Marta e Valdirene são três amigas moradoras do Jardim Noroeste e cursam o primeiro ano do ensino médio e conversam sobre as mudanças que estão ocorrendo nos seus corpos. Juscylene se queixa que menstruou muito cedo e quer ir ao médico para pedir uma “pílula”, mas sua mãe não quer que ela namore. Marta se queixa que desde que menstruou não teve mais sossego. Sente dores e nunca sabe quando irá menstruar. Valdirene, a mais experiente, está preocupada, pois teve vários namorados e nem sempre usaram preservativos. Além do corrimento que a acompanhava há alguns meses, percebeu, há 4 dias, várias feridas nos pequenos lábios, dolorosas e com dor ao urinar e dor em baixo ventre. Fez uso de banhos de assento com remédios caseiros, na esperança de melhorar. Foram juntas à UBSF e tiveram dificuldades para serem atendidas, pois estavam sem um responsável. O médico que as atendeu examinou-as. Para todas prescreveu anticoncepcional e disse para Valdirene que ela estava com ”uma ferida no útero” e em seguida solicitou exames e lhe medicou. Pediu que seu parceiro também fosse consultado. E agora? Exames de Valdirene: Inspeção; Presença de múltiplas lesões ulceradas coalescentes em face medial de pequenos lábios, dolorosas ao toque, com hiperemia e edema de pequenos lábios e região periuretral, Exame Especular; Hiperemia vaginal com conteúdo vaginal acinzentado, abundante, bolhoso e com odor, Toque; útero de tamanho e consistência normais com colo fibroelástico, discreta dor à mobilização, anexos não palpáveis. Exames Laboratoriais; Secreção vaginal corada a Gram: Bacilos de Doderlein ausentes, moderada quantidade de leucócitos e presença de clue-cells. Urina I: Ligeiramente turva com densidade 1020, ph 5,0, depósito escasso, nitrito negativo, leucócitos 1 p/c, eritrócitos 1 p/c, bactérias; raras. Exames de Marta: Bhcg quantitativo: 2 mUI/mL acima de 25 considera-se grávida. US pélvica transvaginal: útero em retroversão de contornos regulares, textura homogênea, volume 67cm, endométrio centrado, regular, homogêneo, medindo 12mm de espessura. Ovários de formatos regulares, textura heterogênea, com mais de 10 folículos periféricos, menores de 10mm de 3 diâmetro em cada ovário. Volumes: OD 11,3cm3. Pequena quantidade de líquido livre em fundo de saco posterior normal. Objetivos: Elaborar propostas de atendimento para pacientes com dores pélvicas e atraso menstrual, Explicar as principais causas de dor pélvica na mulher e seus diagnósticos diferenciais, Descrever as classes dos medicamentos e seus mecanismos de ação, Identificar as principais causas de alterações no ciclo menstrual, Explicar como se da à puberdade feminina, Descrever as DSTs prevalentes na adolescência e seus métodos de prevenção (fisiopatologia, corrimento vaginal e etc.), Elaborar proposta de assistência integral à adolescente abordando prevenção às DSTs, contracepção e planejamento familiar, Explanar sobre aspectos éticos e bioéticos do atendimento à adolescente, Identificar quais os problemas afetivos mais prevalentes na adolescência, Identificar quais métodos contraceptivos mais indicados, Estudar qual a composição do corrimento vaginal normal e da pílula pós-coito. Conteúdos: Dor pélvica: principais fatores etiopatológicos e diagnóstico diferencial Más formações do trato genital Infecções genitais sexualmente transmissíveis ou não (etiopatogenia, microbiologia, quadro clínico) Infecção urinária baixa na mulher Endometriose Massas anexiais (cistos foliculares e lúteos, teratomas, etc.) Doença inflamatória pélvica (etiopatogenia e princípios terapêuticos) Gravidez (tópica e ectópica) Perturbações do ciclo menstrual com ênfase na adolescência (etiologia e diagnóstico diferencial) Síndrome dos ovários policísticos Contraceptivos: Critérios de elegibilidade, indicações, contra- indicações, sinais de alerta, efeitos adversos, benefícios não contraceptivos. Programas de prevenção na adolescência: educação sexual, prevenção de DSTs, de gravidez não planejada e do aborto clandestino, 4 Políticas Públicas para Juventude – “projeto Juventude”. (www.presidente.gov.br) Corrimentos vaginais: etiologia, diagnóstico diferencial e princípios terapêuticos, (candidíase, tricomoníase, clamidiose, vaginose bacteriana, outras). Citologia cérvico-vaginal (normal e alterada) Atendimento ginecológico em nível primário. SINAN – Notificação Compulsória (DSTs) Ética médica e Bioética: Enfocando Confidencialidade, Autonomia, Vulnerabilidade e Proteção. Documentos: Carta de Princípios Éticos sobre Direitos Sexuais e Reprodutivos-FEBRASGO, Pareceres e Resoluções do CFM e CRM-MS sobre contracepção, as Recomendações Éticas do atendimento à Adolescente-CREMESP e a Constituição Federativa do Brasil, no Artigo 226 § 7°. Fisiologia do Ciclo Menstrual/Ovário: 1. Maturação pré-natal dos ovócitos, 2. Formação das células germinativas primordiais (PGC) derivadas do epiblasto (5-7 semanas de vida), 3. PGC migra durante a 4ª semana para as gônadas, 4. PGC se diferenciam em oogônias, 5. Aumento das mitoses, 6. Formação dos ovócitos primários/folículo primordial, 7. Atresia de muitos ovócitos primários (no 7º mês a maioria já morreu), 8. Ovócitos primários sobreviventes entram em prófase I (param no estagio de diplóteno); são circundados por células foliculares achatadas células permanecem em repouso e só terminam sua divisão meiótica com a puberdade. 9. Puberdade: a cada mês 15 ou 20 folículos selecionados desse pool começam a maturar. 5 Primeiro estágio do Crescimento Folicular: Células foliculares se tornam cuboides e proliferam formando uma camada granulosa (folículo primário), As células foliculares granulosas segregam uma camada de glicoproteínas chamada zona pelúcidas; o folículo primário migra para a medula ovariana; as células intersticiais formam a teca interna (que tem a capacidade de secretar estrógeno e progesterona), a teca externa é uma cápsula fibrosa, Formação de receptores para FSH na camada granulosa (que se formam pela ação do próprio FSH), Formação de receptores para Estradiol estimulado pelo FSH e pelo próprio estradiol. O estradiol realiza um feedback positivo gerando cada vez mais receptores para FSH, Formação dos receptores a testosterona: os androgênios além de serem precursores estrogênicos também participam da degeneração das células granulosas, 6 Formação de junções gap nas células granulosas facilitando troca de moléculas de pequeno tamanho, tendo assim papel importante na coordenação de estrogênios. Segundo estagio do Crescimento Folicular: Formação dos receptores de LH nas células granulosas induzida pelo FSH. O LH estimula a produção de andrógenos (testosterona e androstenediona) na teca interna pelas enzimas Citocromo P450scc e citocromo P450c17a. Esses hormônios migram para difundirem-se para a camada granulosa onde são convertidos em estrógenos (testosterona estradiol; androstenediona estrona) pela enzima aromatase, cuja atividade aumenta pelo FSH, Acumulo de liquido folicular induzido pelo FSH formando o folículo secundário/antral, Cúmulo Oóforo, Terceira estagio do Crescimento Folicular: Um folículo apresentará um crescimento maior e será destinado a ovulação (folículo de graaf/maduro, que transforma oexcesso de andrógenos em estrógeno). Nesse momento o pico de estradiol é máximo. O estradiol junto com a inibina deprimem a secreção de FSH, O estrogênio exerce retroação positiva sobre a síntese, armazenamento e liberação do LH, O nível de LH acentua-se rapidamente pelo nível de estrogênio ou pela crescente quantidade de progesterona secretada pelo folículo, a progesterona é o requisito para a elevação do FSH na fase pré ovulatória. FSH induz cada vez mais receptor para FSH, O LH leva a retomada da meiose e a finalização da primeira divisão oocitária. É ele que induz a fase de pré-oocitação. FSH 7 O aumento de LH induz a fase de crescimento pré-oocitação meiose I é completada ovócito 2º + corpúsculo polar meiose II interrompe- se na metáfase cerca de 3h antes da ovulação e só se completa com a fecundação. Postura Ovular: Após pico de LH e FSH as células ovarianas e foliculares da zona do estigma (saliência no ovário) aumentam de volume devido graças à presença de vesículas contendo proteases. As proteases desintegram os elementos conjuntivos da cortical externa e da teca, O LH promove o aumento de prostanglandinas (PFG2a) que causam contração na parede do ovário. O ovócito primário é expulso e é capturado pelas fimbrias da tuba. Obs: Cerca de 25% das mulheres tem dor no baixo ventre na época da postura ovular, atribuída a irritação do peritônio pelo liquido folicular ou sangue que pode escoar da cavidade antral vazia. 8 Luteogênese: As células da granulosa e teca interna hipertrofiam-se e adquirem grande quantidade de REL, mitocôndrias e gotas de lipídeos acompanhando de crescimento vascular. O LH aumenta o receptor de PRL, O corpo lúteo consiste de no mínimo dois tipos de celulares esteroidogenicos: Os grandes são derivados das células granulosas, não são LH receptivos e contribuem apenas para a liberação basal de progesterona; os pequenos são derivados das células tecais são LH receptivos e contribuem para a liberação de progesterona estimulada pelo LH. Progesterona, estrógeno e inibina agem diminuindo a secreção de LH e FSH ou de GnRH, A progesterona incha o endométrio e promove o desenvolvimento glandular (Fase secretora). 9 Luteólise: Diminuição da quantidade de progesterona e consequentemente de estrógeno, Necrose endometrial, Menstruação. Fisiologia do ciclo menstrual/Endométrio: Fase Proliferativa (fase de crescimento/fase pré ovulatória): Estrogênio rápida proliferação das células do estroma e células epiteliais aumento da espessura do endométrio devido ao aumento das glândulas endometriais e novos vasos sanguíneos. Secreção de um muco fino e pegajoso. Fase Secretora (fase pós ovulatória): Progesterona aumento da tortuosidade das glândulas endometriais citoplasma das células acumulam glicogênio e lipídios. Menstruação (fim da fase lútea): Redução estrogênio e progesterona menor estimulação das células endometriais vasos sanguíneos ficam vasoespaticos necrose no endométrio crescimento de áreas hemorrágicas descamação do endométrio. A menstruação pode durar de 2-7 dias. 10 A Anatomia e a Puberdade Feminina: 11 José Conceição – Capítulo 11, Contracepção. Os métodos são classificados em quatro categorias: Categoria 1: o método pode ser usado sem restrições. Categoria 2: o método pode ser usado com restrições. As condições listadas sugerem que o método em questão deva ser usado com precaução; as vantagens superam os riscos, mas o acompanhamento médico deve ser mais frequente. Categoria 3: os riscos decorrentes do uso, em geral, superam os benefícios. Quando há uma condição da categoria 3, este método deve ser a última escolha e, se usado, o acompanhamento médico deve ser rigoroso. 12 Categoria 4: o método não deve ser usado, pois apresenta um risco inaceitável. Métodos Anticonceptivos na Adolescência: Métodos Comportamentais; Consistem em técnicas para evitar a gravidez baseando-se na observação de sinais e sintomas que caracterizam as diferentes fases do ciclo menstrual. O casal deve-se abster de relações sexuais no período fértil. A taxa de falha pode chegar a 20% no primeiro ano. Método Ogino-Knauss (Ritmo, Calendário, Tabela): A mulher deve ser orientada a registrar a duração do seu ciclo menstrual por, pelo menos, seis meses. Calcular a diferença entre o ciclo mais longo e o ciclo mais curto. Se a diferença for de dez dias ou mais, o método não deve ser usado. Caso a diferença seja inferior a dez dias, calcula-se o período fértil (durante o qual deve ser feita abstinência) da seguinte forma: subtrai-se 18 do ciclo mais curto e 11 do ciclo mais longo. Exemplo: mulher registra os ciclos nos últimos oito meses. – O ciclo mais curto durou 26 dias e o mais longo durou 32 dias. – Início do período fértil: 26 – 18 = 8. Fim do período fértil: 32 – 11=21. O casal deve se abster das relações sexuais entre o oitavo e o 21o dia do ciclo. Método da Temperatura Corporal Basal: A temperatura basal corporal permanece estável antes da ovulação. Quando ovulação termina, a temperatura eleva-se alguns décimos de grau centígrado por ação da progesterona. A mulher deve registrar cuidadosamente, diariamente, sua temperatura corporal basal, ou seja: pela manhã, em repouso, antes de realizar qualquer atividade, após repouso de pelo menos cinco horas. A temperatura pode ser verificada por via oral, retal ou vaginal, com termômetro comum. Por via oral, o termômetro deve permanecer embaixo da língua por 5 minutos. A mesma via deve ser usada por todo o ciclo. O aumento da temperatura em cerca de 0,2 graus célsius, continuado, por quatro dias, indica que já ocorreu a ovulação. O período fértil termina na manhã do quarto dia em que se observou a elevação da temperatura. 13 Principais críticas: muitos fatores podem interferir com a temperatura basal (estados infecciosos, insônia, por exemplo); a medida diária gera ansiedade; o método não permite prever a ovulação, o que dificulta a contracepção nos dias que a precedem. Método do Muco Cervical ou Billings: O muco produzido nas células glandulares do colo do útero, sob influência do estrogênio e da progesterona, modifica suas características ao longo do ciclo menstrual. No início da primeira fase do ciclo, o muco não é perceptível; quando a mulher começa a percebê-lo ele é espesso, pegajoso. À medida que se aproxima a ovulação, o muco vai-se tornando elástico, filante, comparável à clara de ovo. Havendo a percepção desse muco, ou a sensação de lubrificação, o casal deve abster-se do contato genital. Após a ovulação, o muco volta a ficar espesso turvo e perde a distensibilidade. Recomenda-se que o período de abstinência se prolongue até o quarto dia após a percepção máxima de umidade. Muitos fatores subjetivos estão envolvidos. Lembramos também que a presença de uma infecção da mucosa vaginal certamente vai influenciar na percepção das características do muco. Outros Métodos Comportamentais: Método Sintotérmico: consiste em combinar as observações sobre a temperatura basal, o muco cervical e outros parâmetros subjetivos que possam indicar a ovulação (enxaqueca, dor pélvica etc.). Método do Colar: a mulher recebe um colar com uma conta vermelha, que sinaliza o primeiro dia da menstruação. Seguem-se sete contas marrons, que sinalizam os dias não férteis da primeira fase do ciclo. As contas nove a 19 são brancas e indicam o período fértil; as contas 20 a 30 são novamente marrons, estando a atividade sexual novamente liberada. Relação sexual sem penetração e relação sexual interrompida antes da ejaculação (coito interrompido): não devem ser recomendadas como métodos sistemáticos, mas podem ser úteis em situações de emergência, quando não se dispõe de outros recursos. Lembramos que o “coito interrompido” exige grande controle por parte do homem, o que nem sempre acontece. Além disso, antes da ejaculação há liberação de muco que pode ter espermatozoides. 14 Métodos de Barreira Métodos de Barreira; Têm como mecanismo de ação a interposição de uma barreira física que impede a ascensão dos espermatozóides da vagina para o útero. A eficácia, quando usados consistentemente, é boa. Como o uso está sujeito a dificuldades em cada relação sexual, os usuários destes métodos precisam estar motivados e corretamente orientados para alcançar a melhor eficácia. Preservativo Masculino: O preservativo masculino é um envoltório de látex que deve ser colocado no pênis ereto antes do início do ato sexual. O usuário do método deve ser orientado a retirar o pênis da vagina assim que ocorrer a ejaculação. O mecanismo de ação é a retenção do esperma no preservativo, impedindo seu contato com a vagina. Quando usado corretamente, em todas as relações sexuais, a taxa de falha é de 3%. É um método que, além de apresentar ótima eficácia contraceptiva, reduz o risco de transmissão do HIV e outros agentes de doenças sexualmente transmissíveis. Registre-se que a validade do preservativo é de três a cinco anos, de acordo com o fabricante, e as condições de armazenamento também influenciam na validade. A única condição clínica que pode trazer restrições a seu uso é alergia ao látex. Preservativo Feminino: Consiste em um tubo maleável de poliuretano com uma extremidade fechada e outra aberta. Nas extremidades ficam dois anéis flexíveis, Custo mais caro, O anel que fica na extremidade fechada serve para fixar o preservativo na vagina; o anel que fica na extremidade aberta fica na vulva, cobrindo-a parcialmente. O mecanismo de ação é a retenção do esperma no preservativo, impedindo seu contato com a mucosa vaginal. A taxa de falha varia entre 1,6% (uso correto) e 21% (uso habitual). O preservativo tem que ser colocado antes da penetração e pode ser retirado com calma após o término da relação. Cada preservativo só pode ser usado uma vez. 15 Diafragma: Consiste em anel flexível coberto por uma membrana de silicone ou látex. O tamanho adequado a cada mulher será determinado pelo profissional de saúde treinado para esse atendimento. É imprescindível, também, que a mulher receba orientações para introdução e retirada do dispositivo. Portanto, somente após consulta com profissional de saúde a mulher pode iniciar o uso. A taxa de falha varia de 2,1% (uso consistente) a 20% (uso habitual). Recomenda-se o uso associado à substância espermaticida (nonoxol-9) que aumenta a eficácia e facilita a colocação. O dispositivo pode ser colocado em qualquer momento, antes da relação sexual, mas só pode ser retirado seis horas após o coito. O efeito secundário mais freqüente é a alergia ao látex, com consequente irritação da vagina ou do pênis. As restrições ao uso são: alergia ao látex, história de síndrome de choque tóxico, história de doença cardíaca valvular complicada (hipertensão pulmonar, fibrilação atrial, endocardite bacteriana subaguda). Métodos Hormonais; ACO: método mais comum. Pílula Combinada: Contem etinilestradiol combinando a um progestageno. Suprimem o eixo hipotalamo-hipofise-ovario. Aumenta viscosidade do muco cervical, altera motilidade tubaria. Causam atrofia endometrial. Inibem a ovulação. Comumente utilizados no regime de 28 dias, com 21 comprimidos ativos e 4-7 dias de intervalo ou comprimidos placebo. A falha é muito pequena 0,1%-6%. Pode ser pílula bifásica, monofásica e trifásica. Não devem usar ACO: Fumantes com mais de 35 anos, lactentes, pressão >ou= 160/100, história atual ou passada de doença cardiovascular, AVC, trombose venosa profunda, diabetes há mais de 20 anos, lesão ocular, renal ou neurológica, câncer de mama, cefaleia intensa com visão turva com frequência, Pílulas de Progestogênio: dose baixa de progesterona, usados de forma contínua, sem intervalo. Espessa muco cervical, dificultando a penetração dos espermatozóides, 16 Regime de uso estendido: diminui o numero de dias ou semanas livres de hormônios ou simplesmente realizando uso continuo sem intervalo, Minipilula: promovem o aumento da viscosidade do muco cervical causando atrofia endometrial, inibem a ovulação de forma não tão eficaz como ACO. Devem ser usado continuamente. Apresentam meia vida curta, o que exige maior exatidão nos horários, por isso devem ser de uso restrito em adolescentes. Indicada para jovens lactantes e para aquelas que apresentam contraindicação aos estrogênios. Pílulas de Progestogênio. Pílula pós-coito: Em casos de emergência como violência sexual e não eficácia dos métodos contraceptivos. Se usado de forma errônea pode causar diversas consequências negativas para a mulher principalmente quando usadas de forma indiscriminada. Pode ser de dose única ou em dois comprimidos. Deve ser tomado em até 72h após a relação sexual. Se for utilizado com muita frequência ele vai perdendo a eficácia. Ele possui altas doses de progesterona, uma das consequências é que desregula o ciclo por um tempo, podendo causar acne, vômitos, fadiga e sangramentos. Ex: Neodia, Posatouni, Poslov, Pilem. São à base de etinilestradiol e levonorgestrel. Anticoncepcionais injetáveis: podem ser combinados de estrogênios e progestageno ou de progestageno somente. São de uso mensal e devem ser aplicados IM. Seu uso em adolescente é restrito, pois devido ao hipoestrogenismo secundário a inibição de ganadotrofinas ocorre maior reabsorção óssea em relação à formação óssea, resultando em diminuição da DMO. A OMS orienta avaliar o risco-beneficio de uso ate os 17 anos e não impõe restrição após os 18 anos. Injeções a cada 3 meses, preocupação com risco de AVC, Contraceptivos hormonais de uso vaginal: o anel vaginal deve ser mantido na vagina por 3 semanas consecutivas e um novo anel deve ser inserido após intervalo de uma semana sem o dispositivo. Pouco indicada para adolescentes. Adesivos transdermicos: liberação diária de 0,020 mg de etinilestradiol e 0,150 mg de norelgestromina. Devem ser trocados semanalmente durante três semanas consecutivas. Implante subdermico: liberação de progestageno, duração de 3 a 5 anos, são considerados método de primeira linha em adolescentes. Promove a anovulação. 17 DIU: age impedindo a fertilização do ovulo e/ou nidação no endométrio. O ACOG recomenda fortemente o uso de DIU em adolescentes. DIU de levonorgestrel: contem 52 mg o qual libera 0,0200 mg nos primeiros 5 anos, diminui a espessura endometrial e altera viscosidade do muco cervical. Apresenta muitas vantagens para adolescentes, melhora na dismenorreia, discrição, independência do parceiro, não reduz densidade mineral óssea. Estimular o paciente a usar método contraceptivo independente de estar namorando ou não. Dar prioridade ao uso de contraceptivos orais especialmente os de baixas doses de hormônios em função da sua segurança, eficácia, facilidade de uso, disponibilidade, Recomendar com insistência o uso consistente de condom em todas as relações, Ensinar o paciente a usar corretamente os COC, Ter presente o roteiro para o manejo dos problemas que podem surgir com o uso dos COC. Artigo: Algumas reflexões sobre relacionamentos afetivos e relações sexuais na adolescência – Elaine Italiano Vidal. o O artigo em questão mostra algumas ideias e tabus criados na cabeça de adolescentes de 14-19 anos, o As meninas não concordam em maior número que os meninos com comportamentos como; transar com qualquer um apenas pelo prazer, indicando que ele deva ser feito somente quando existe amor, o Muitas vezes alguns pensamentos assim são preconceituosos, reproduzindo ideias machistas que inferiorizam a si mesmas. o Os meninos que criticaram o sexo somente pelo prazer associam a consequências de gravidez, doenças, como se o sexo por amor estivesse imune a isso, o Alguns associam o sexo apenas por prazer com complicações que levam graves consequências, o Alguns consideram que o sexo deve ser feito com a pessoa certa, sem associar a prevenção. Outros associam a prevenção. o Alguns enfatizam a necessidade de ter compromisso para haver o sexo, 18 o Alguns jovens possuem ideia pejorativa quando dizem que o jovem hoje em dia só pensa em sexo, como se isso fosse algo ruim, inconsequente e imoral, o Poucos chegam a dizer que o sexo é algo normal e não deveria ser tratado de maneira negativa ou imoral, porém alguns se contradizem ao abordar o assunto, levando junto ideias machistas. o Enfim, muitos, mesmo que inconscientemente, levam a ideia de que a menina não pode agir tal como o menino. A maioria dos alunos possuem pensamentos contraditórios, preconceituosos e estereotipados. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/linha_cuidado_criancas_familias_v iolencias.pdf Esse site acima mostra uma linha de cuidados para adolescentes que sofrem de violência. Protocolo de atendimento ao adolescente: 19 20 Ética: as diversas categorias da saúde possuem um código de ética profissional que garantem o sigilo e a confidencialidade. Art. 103, Isenção de juízo de valor: respeitar os valores morais, socioculturais e religiosos do adolescente. Proposta de assistência integral ao adolescente; O Sistema Único de Saúde (SUS) recebeu o mandato específico do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para promover o direito à vida e à saúde de crianças e adolescentes, mediante a atenção integral à saúde, que pressupõe o acesso universal e igualitário aos serviços nos três níveis da atenção. Essa tarefa exige o desenvolvimento de ações de promoção da saúde, a prevenção de doenças e agravos, a atenção humanizada e o trabalho em rede. Desenvolvimento de uma proposta de educação sexual para adolescentes – Rúbia de Aguiar Alencar. As mudanças no comportamento dos adolescentes em relação à sexualidade exigem atenção cuidadosa por parte dos pais e profissionais, devido às repercussões que incluem as vulnerabilidades relacionadas à saúde reprodutiva. A abordagem de questões sobre sexualidade é importante, pois está embasada na prevenção e discussão a respeito das DSTs. Logo, é necessário promover a reflexão de temas para que se possa ir de encontro com as práticas e comportamentos adotados pelos jovens que os levam a adquirir com mais facilidade doenças importantes. Ainda em relação à educação sexual, o Ministério da Educação, por meio dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) inclui a orientação sexual entre os temas transversais nas diversas áreas do conhecimento, com finalidade de impregnar toda a prática educativa com as questões da orientação sexual. Embora haja um consenso entre os estudiosos sobre a necessidade de se promover a discussão de questões referentes à sexualidade, na prática, educadores e pais ainda parecem apresentar dificuldades em abordar o tema com os jovens. Além disso, nota-se que nas escolas os chamados temas transversais, entre eles a educação sexual, não são tratados de forma a 21 integrar os diferentes saberes, ou seja: a interdisciplinaridade não é contemplada. O fundamental para a abordagem educacional é que esta seja trabalhada e discutida sob o enfoque da integralidade que, trata-se de abordar os indivíduos, grupos e coletividade tendo o usuário como sujeito histórico, social e político, articulado ao seu contexto familiar, ao meio ambiente e à sociedade na qual se insere. Sexualidade, família e escola (ou qualquer instituição que se dedique à educação), devem ser pensadas a partir do princípio da “não-exclusão”, ou seja, sistemas que devem interagir entre si por meio de vinculação, união e respeito pelas diferenças. http://www.ipea.gov.br/particip acao/images/pdfs/participaca o/politicas%20de%20juventude1 .pdf 22 23 Distúrbio menstrual na adolescência e a abordagem clínica do adolescente: O exame ginecológico tem como objetivo principal atestar a normalidade da genitália externa e o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, de acordo com a classificação e as relações temporais realizadas por Marshall e Tanner. O exame da mama tem como finalidade observar mais o desenvolvimento e as alterações, visto que as doenças de mama nessa idade são raras, Após o início da puberdade, podem ser diagnosticados fibroadenoma, mastite, mastalgia, eczema areolar e adensamentos. Durante a consulta ginecológica, o médico deve transmitir confiança, por meio de gestos tranquilos e comportamento seguro. As meninas devem ser atendidas preferencialmente junto com suas mães ou outro responsável, o que lhes dará a confiança e a tranquilidade necessárias para que se sintam mais à vontade durante a consulta. Dos 7-10 anos: modificações puberais, hímen (crescente, anular e redundante), assim como aqueles que poderão trazer problemas (microperfurado, imperfurado, septado e cribiforme), secreção vaginal é maior. Após o exame da genitália externa, tenta-se visualizar a vagina afastando delicadamente os pequenos lábios. A menina poderá tossir, ajudando na visualização da parede posterior da vagina. Dos 10-13 anos: vagina maior, distensível, com mucosa úmida e pregueada. Secreção vaginal com lactobacilos acidófilos. Após os 13 anos: exame completo se já ativa. Achados parecidos com a mulher adulta. Características comuns após a menarca; A anovulação prolonga-se até 18 meses após a menarca, A maioria dos adolescentes alcança ciclos regulares e ovulatoris em 24 meses após a menarca, Corrimento Vaginal: Sintoma ou sinal que indica a presença de secreção vulvovaginal excessiva ou anormal. Leucorreia é sinônimo, mas recomenda-se que o termo seja reservado para aumento excessivo das secreções normais. Causas vestibulares: Infecção das glândulas de Bartholin por gonococos, clamídias e outras bactérias pode acarretar secreção purulenta. Inflamação pós-traumatismo, masturbação, coito ou uso de roupas justas, 24 Causas vaginais: colpites e vaginites são as causas vaginais mais comuns do corrimento vaginal. A vaginose bacteriana é prevalecente. Região vulvogenital normal:Conteúdo líquido em pequena quantidade oriundo de glândula de Bartholin, glândula sebácea e sudoríparas do vestíbulo vulvar, transudato vaginal, muco cervical e raramente do endométrio e das tubas. Secreção vaginal geralmente branca a semelhança de farinha de trigo molhada, inodora, consistência viscosa ou não. Quando seca pode adquirir cor amarelada por causa dos pigmentos existentes, Colo do útero secreta muco de aspecto translucido em especial na metade do ciclo, pH: varia entre 3,8 e 4,2 (<5), odor varia de acordo com a higiene da mulher, No microscópio observam-se células escamadas e bacilos de Doderlein (são os lactobacilos normais da vagina), Leucócitos raramente são vistos, Candidíase: Caracterizado por prurido vulvar e ardor vulvovaginal. É um patógeno (Candida albicans, fungo) oportunista que infecta quando as condições são favoráveis. Em condições normais o mecanismo de defesa da vagina: lactobacilos competem com a cândida por glicogênio e produzem um fator inibidor de crescimento especifico contra o fungo; sistema imunológico humoral com IgA e IgG e sistema imunológico celular com linfócito T. Epidemiologia: estima-se que aproximadamente 75% de todas as mulheres adultas já apresentaram pelo menos um episodio de candidíase vaginal. Principais responsáveis: Candida albicans (80%), C. glabrat (10 a 16%), e C tropicalis (5%), A alta incidência da espécie albicans deve-se a capacidade de aderir firmemente aos receptores da célula vaginal através da proteína adesina, Risco: gestação, diabetes, contraceptivos de alta dosagem, imunossupressão, antibiótico terapia. Candida existe sob forma celular (blastoporos) e filamentar (pseudo- hifas). Adota as formas de acordo com as condições ambientais, O processo de aderência ocorre na forma esporulada e o crescimento na forma miceliana. Estrógeno estimula esse processo, cândida é comum entre a menarca e a menopausa, As pseudo-hifas podem invadir as células epiteliais e o processo inflamatório se deve a produção de uma toxina protease, 25 Reinfecção pode se suceder a partir dos reservatórios (próprio intestino da paciente ou parceiro), Recidiva é apoiada pelo fato que as mesmas cepas são identificadas em episódios sucessivos, Diminuição da imunidade: pela própria cândida, esperma ou outros alergenos, Quadro clínico: Aspecto do corrimento: branco leitoso, grumos brancos e odor ácido; disúria pelo contato da urina com a mucosa vestibular e pele e vulva inflamadas, prurido pela reação alérgica a cândida, eritema vulvar, mucosa vaginal hiperemiada e edemaciada e grumos brancos do corrimento aderentes à parede vaginal. Diagnostico: Clínico: presença de prurido intenso, edema de vulva e/ou vagina, secreção esbranquiçada e grumosa (parece queijo qualho), Laboratorial: Vaginite causada exclusivamente por fungos pode apresentar pH vaginal normal (não é utilizável no diagnostico pois pode coexistir com vaginose bacteriana). Avaliação do esfregaço vaginal a fresco, Coloração de Gram: Uso de KOH a 10% melhora a visualização do fungo, porem esse teste pode ser negativo em até 40% das pacientes com candidíase sintomática. O exame cultural deve ser estimulado especialmente nos casos de recidiva ou de resistência aos tratamentos usuais. Tratamento (deve ser realizado só por uma via): Tópico: de 3 a 14 dias dependendo do fármaco utilizado e/ou do quadro clinico apresentado. Terapia com azolicos é mais efetiva que uso de nistatina. 26 Nos pacientes com hiperemia e sintomas irritativos locais intensos os corticosteroides tópicos de baixa potencia podem ser utilizados para alivio de sintomas. Oral: dose única e de curta duração (até 7 dias) para casos não complicados, com intensidade leve a moderada. Tratamento durante múltiplos dias (> 7 dias) deve ser aplicado em casos de candidíase recorrente/ severas, Fármacos: Clorimazol, miconazol, terconazol, cetoconazol, itraconazol, isoconazol, tioconazol. Azois: grupo de agentes fungistáticos sintéticos, com amplo espectro de atividade. Alteram a função da membrana celular inibindo a síntese de ergosterol (componente das membranas fúngicas), pois bloqueiam a desmetilação citocromo p450... Miconazol: utilizado apenas topicamente. O Nitrato de Miconazol é um agente antifúngico, com amplo espectro de ação, atingindo igualmente os dermatófitos e leveduras patogênicos para o homem. Apresenta ação fungistática de alta potência, capaz de inibir o crescimento de colônias de diferentes espécies de Cândida. Seu mecanismo de ação está baseado na inibição da biossíntese de ergosterol do fungo e alteração da composição de outros componentes lipídicos da membrana do fungo, o que resulta na necrose destas células. Clotrimazol: interfere no transporte de aminoácidos para o interior do microrganismo atrás de uma ação sobre a membrana celular. Tioconazol: Este moderno derivado do imidazol (bifonazol, econazol, oxiconazol) é um fungistático-fungicida, conforme sua concentração, que possui um amplo espectro sobre diferentes variedades de fungos: Ephidermophyton, Trichophyton, Microsporum, Candida albicans, Trichosporum, Pityrosporum e algumas bactérias Gram-positivas e Gram- negativas produtoras de sobreinfecções das micoses cutâneas como Corynebacterium minutissimun, Staphylococcus aureus e epidermidis, Streptococcus agalactie. O Tioconazol apresenta, além disso, um efeito significativo sobre Chlamydia trachomatis, Gardnerella vaginalis e certos protozoários como Trichomonas vaginalis. Frente às dermatofitoses e leveduras, possui uma rápida ação fungicida superior à dos outros antimicóticos imidazólicos. Seu mecanismo de ação é duplo, já que em baixas concentrações desenvolve um efeito fungistático que se relaciona com a inibição da biossíntese do ergosterol, o que gera a desorganização da membrana celular e a alteração de seu funcionamento. Em troca, em concentrações elevadas atua como um potente fungicida por ação direta sobre a parede celular. A diferença com outros agentes imidazólicos é que o Tioconazol não atua durante a fase de crescimento logarítmico da Candida albicans e C. parapsilosis, 27 e sim, apresenta uma ação similar sobre a fase estacionária destas leveduras. A absorção sistêmica deste imidazólico é insignificante por via tópica ou intravaginal. A absorção dérmica é muito baixa, dado que o pico de concentração plasmática foi alcançado após 12 horas e a quantidade total de metabólitos reconhecidos na urina (3%) e fezes (17%) foi escassa. Nistatina: antibiótico macrolideo polienico. O mecanismo de ação da nistatina consiste na ligação aos esteroides existentes na membrana celular dos fungos susceptíveis, com resultante alteração na permeabilidade da membrana celular e consequente extravasamento do conteúdo citoplasmático. Obs: antifúngicos orais devem ser evitados durante a gravidez. Tratamento do parceiro não tem demonstrado reduzir a frequência de candidíase. Não há necessidade de convocar o parceiro a não ser que o mesmo apresente queixas. Tricomoniase: Vulvovaginite de alto poder infectante, podendo ser identificada em 30 a 40% dos parceiros masculinos (nos homens maioria são autolimitadas e transitórias), Após diagnóstico devem-se investigar outras DST, Agente etiológico: Trichomonas vaginalis, protozoário flagelado com 4 flagelos e uma membrana ondulante antero lateral responsáveis pela grande mobilidade. Tempo de incubação: 2 a 8 dias (4 a 28 dias segundo Freitas), podendo permanecer vivo no meio exteriordurante 6 horas e em agua clorada por 15 minutos. O T. vaginalis é um organismo anaeróbio facultativo. Cresce perfeitamente bem na ausência de oxigênio na faixa de pH compreendida entre 5 e 7,5 e em temperaturas entre 20ºC e 40ºC. Como fonte de energia, o flagelado utiliza à glicose, a maltose, a galactose. Os hidrogenossomos são portadores de uma enzima piruvato: ferredoxina oxidorredutase, capaz de transformar o piruvato em acetato pela oxidação fermentativa e liberar adenosina 5'-trifosfato (ATP) e hidrogênio molecular. O T. vaginalis é capaz de manter o glicogênio em reserva como forma de energia. Isso é importante para o parasito, pois o ambiente vaginal é constantemente modificado por variações de pH, hormônios, menstruação e fornecimento de nutrientes. Os carboidratos são a principal fonte de nutrientes para o T. vaginalis; no entanto, sob condições em que tais compostos são limitados, a utilização de aminoácidos torna-se vital. O T. vaginalis consome especialmente arginina, treonina e leucina. 28 Epidemiologia: estão presentes 4 a 35% de todos os casos de vulvovaginites. Clinica: pode variar desde um caráter assintomático até uma doença inflamatória severa e aguda. Corrimento costuma ser amarelo-esverdeado, abundante, fluido e espumoso com odor fétido e acompanhado de prurido vulvar, polaciúria, disúria e despareunia (dor na relação sexual). Mucosa vaginal encontra-se hiperemiada e edemaciada, secreção abundante e bolhosa, Diagnostico: Exame a fresco da secreção vaginal: identificação dos tricomonas flagelados, móveis e discretamente maiores que os leucócitos (abundantes), Exame citopatológico (não muito sensível apenas 50 a 70%). Grande quantidade de leucócitos, hipercromasia, pseudo-eosinofilia, vacúolos citoplasmáticos, halos perinucleares e numerosos histiocitos, pH vaginal entre 5,0 e 5,5, Pode ter a presença de clue-cells pode estar associada a Vaginose Bacteriana. Cultura esta indicada nos casos repetitivos, nos quais não se encontra o agente microscópico, O teste rápido para tricomonas tem sensibilidade de 88,3% e especificidade de 98,3% comparado com a cultura e pode ser útil particularmente em locais com alta prevalência e em que a cultura não está disponível. Tratamento: Metronidazol (2g, VO em dose única) é a droga de escolha para o tratamento. O tratamento tópico pode ter falha de ate 50% não sendo recomendado. Parceiros devem ser tratados recebendo o mesmo esquema terapêutico. O Metronidazol pode ser utilizado nas gestantes, o não tratamento esta associado ao aumento de risco para ruptura prematura de membranas, trabalho de parto prematuro e baixo peso ao nascer, Pode-se usar o Tinidazol (2g, VO, dose única) tendo eficácia semelhante, Abstinência sexual deve ser recomendada durante o tratamento. A utilização de bebidas alcoólicas deve ser evitada durante 24 horas nos regimes em dose única com Metronidazol e 72 horas quando o tinidazol é utilizado, tendo em vista que os imidazólicos têm interação com álcool. Na recorrência, repete-se o tratamento durante sete dias com Metronidazol (500 mg, VO, 12/12 h). Na persistência da infecção e ausência de reinfecção, podemos optar pelo uso de 2 g de Metronidazol em tomada única diária durante 3 a 5 dias. 29 Metronidazol: é um fármaco da família dos nitro-5-imidazóis que apresenta espectro de atividade antimicrobiana que abrange exclusivamente microrganismos anaeróbios. Espécies sensíveis (mais de 90% das espécies são sensíveis): Peptostreptococcus, Clostridium perfrigens, Clostridium difficile, Clostridium sp, Bacteroides sp, Bacteroides fragilis, Porevotella, Fusobacterium, Veillonella. Atividade antiparasitária: Entamoeba histolytica, Tricomonas vaginalis, Giardia lamblia. Mecanismo de ação: atua como deposito de elétrons, privando o organismo do poder redutor necessário, quando os elétrons são adquiridos o anel do fármaco é clivado e forma-se um intermediário toxico que provoca danos ao DNA. Também atua inibindo a síntese de DNA ao provocar a clivagem das fitas. Tinidazol: O tinidazol é o 5-nitroimidazol derivado de um composto imidazólico substituído e possui atividade antimicrobiana contra bactérias anaeróbias e protozoários. Acredita-se que o mecanismo de ação do tinidazol contra bactérias anaeróbias e protozoários envolve a penetração do fármaco no interior da célula do micro-organismo com subsequente destruição da cadeia de DNA ou inibição de sua síntese. O tinidazol é ativo contra protozoários e bactérias anaeróbias obrigatórias. A atividade contra protozoários inclui Trichomonas vaginalis, Entamoeba histolytica e Giardia lamblia. O tinidazol é ativo contra Gardnerella vaginalis e a maioria das bactérias anaeróbias incluindo: Bacteroides fragilis, Bacteroides melaninogenicus, Bacteroides spp., Clostridium spp., Eubacterium spp., Fusobacterium spp., Peptococcus spp., Peptostreptococcus spp. e Veillonella spp. Vaginose Bacteriana: É uma síndrome clinica polimicrobiana caracterizada pela ausência de lactobacilos e por crescimento excessivo de organismos anaeróbios facultativos, com proliferação de uma flora mista composta por: Peptostreptococcus, Prevoletta sp, Bacteriodes sp, Mobiluncus sp; bactérias anaeróbicas e predominantemente Gardnerella vaginallis, podendo em alguns casos estar presente também o Mycoplasma hominis. Ausência de leucócitos, Na maioria dos casos a VB continua a ser um problema local em que está associado à multiplicidade de parceiros e pode facilitar a aquisição de DSTs. Aproximadamente 50 a 70% dos pacientes com VB são assintomáticas, Epidemiologia: responsável aproximadamente 40% das vulvovaginites, Diagnóstico: pH vaginal > 4,5. Em geral entre 5,0 e 5,5, Leucorreia cremosa, homogênea, cinzenta e aderia às paredes vaginais e colo, 30 Exame a fresco: presença de clue cells (células vaginais recobertas com Gardnerella vaginallis), Whiff test: adicionar 1 a 2 gotas de KOH a 10 % na secreção vaginal e depositar em uma lamina. O surgimento imediato de um odor desagradável de peixe pobre caracteriza a vaginose Obs: também pode ser realizado por meio de Gram e do exame citopatológico. Tratamento: as pacientes sintomáticas devem ser tratadas, não sendo necessário o tratamento de todas as pacientes assintomáticas. Fármaco de escolha: Metronidazol via oral ou tópico durante 5 a 7 dias Tratamento de rotina do parceiro não é recomendado tendo em vista que não há diferença nos índices de recidiva da VC em suas parcerias Clindamicina: é um antibiótico inibidor de síntese proteica. É bacteriostitatico. Sua atividade mais útil é contra anaeróbios. Liga-se a subunidade 50s e bloqueia a formação de ligações peptídicas por um mecanismo indeterminado. Causas Uterinocervicais: Cervicite (inflamação da mucosa glandular): Aguda é causada por gonococo, clamídia, herpes simples; crônica é causada por germes comuns da vagina, miracidio da esquisostomosse, HPV. Observa-se zona de transformação com orifícios glandulares ou cistos glandulares, Colpocervcite( inflamação da mucosa escamosa):HPV e herpes simples. Causas Uterniocorporais: Pólipos e miomas submucosos podem aumentar a produção de leite endometrial, DIU pode acarretar maior transudação endometrial. Nas neoplasias benignas, pólipo ou mioma submucoso o fluxo é seroso, só se apresentando purulento quando os tumores sofrem infecção. Causas tubarias: A secreção tubaria é determinada pelas células secretoras, ainda colabora o transudato epitelial e o liquido de origemperitoneal. O liquido tubário é produzido em sua maior parte na fase pre-ovulatoria. Os processos infecciosos ou neoplásicos podem aumentar a quantidade de liquido tubário. 31 Doenças Sexualmente Transmissíveis: Gonorreia/Blenorragia/Blenorreia: Agente etiológico: Neisseria gonorrhoae, diplococo Gram negativo, aeróbio ou anaeróbio facultativo. Infecta o epitélio colunar ou de transição podendo se propagar via hematogenica. Período de incubação é de 4 a 7 dias no homem e variável na mulher. Tropismo por epitélio colunar, pseudoestratificado (uretra, reto, endocérvice, faringe, conjuntiva, etc), Transmissão: via sexual, canal do parto, fomites. Causa infecciosas não complicadas de mucosas, incluindo cérvice uterina, reto e garganta. Quando não tratada é responsável pela maioria de DIP, infertilidade, gestação ectópica e dor pélvica crônica. Mulheres pegam mais facilmente, Epidemiologia: cerca de 25 milhões de novas infecções/ano no mundo, acometendo mais de 150 milhões de pessoas. Patogênese: Apresentam pili, uma endotoxina LOS que atuam como fator de virulência. Presença de uma proteína porina que inativa o C3b do complemento causando os casos disseminados da doença. As principais defesas contra os gonococos são anticorpos IgA e IgG, complemento e 32 neutrófilos. Presença da uma IgA protease que hidrolisa a IgA secretória do hospedeiro favorecendo a adesão da Neisseria a mucosa. Quadro clinico: Assintomático em 60 a 80 % dos casos, facilitando a aquisição do vírus HIV, Sinais e sintomas geniturinários: secreção endocervical mucopurulenta, dor pélvica, dispareunia, sangramento irregular, hiperemia vaginal, disúria, polaciúria. Colo do útero é o local onde a N. gonorrhoae é com mais frequência encontrada nas mulheres assintomáticas. Em 70% dos casos há comprometimento ureteral, Sinais e sintomas da infecção gonocócica disseminada: período de incubação de 7 a 30 dias, febre, astenia e dores musculares, ocorre após a menstruação ou terceiro semestre de gravidez. Podem surgir artrite, dermatite, endocardite e meningite. Diagnostico: Presença de secreção purulenta no canal cervical ou presente em swab endocervical, associado à secreção vaginal anormal e sangramento fácil na manipulação do colo uterino, Cultura da secreção endocervical para Neisseria gonorrhoeae; Gram da secreção cervical revelando diplococos Gram-negativos associados a neutrófilos. Tratamento Ampicilina 2g + probenecida 1g VO, Eritromicina esteratato, Ciprofloxacina: Pertence ao grupo das quinolonas, é um fármaco bactericida que bloqueia a síntese de DNA bacteriano pela inibição da DNA girase. Não são recomendadas para crianças e mulheres gravidas por danificarem cartilagem em crescimento. Ceftriaxona: É uma cefalosporina de 3ªgeração possuem atividade acentuada sobre bacilos aeróbios gram-negativos. Poucas cefalosporinas dessa geração são ativas contra Pseudomonas aeruginosa. Os medicamentos dessa classe são drogas importantes no tratamento da meningite bacteriana, e também são úteis no tratamento de infecções graves como pneumonia hospitalar por bacilos gram-negativos aeróbios. É B-lactamico que atuam da mesma maneira que a penicilina, inibindo as ligações cruzadas do peptideoglicano. 33 Ofloxacina: potente fluoroquinolona de terceira geração, é um agente bactericida cujo mecanismo de ação pode ser explicado pela inibição das enzimas sintetizadoras de DNA, observando-se lise bacteriana quando se usam as concentrações inibitórias mínimas (CIM). Os estudos disponíveis demonstram que o Ofloxacino tem amplo espectro de ação contra a maioria dos microorganismos Gram-positivos e Gram-negativos mais comuns: Staphylococcus sp., Streptococcus sp., S. pneumoniae, pneumococos, Micrococcus sp., Corynebacterium sp., Branhamella catarralis, Pseudomonas sp., P. aeruginosa, Haemophilus influenzae, Moraxella sp., Serratia sp., Proteus sp., Klebsiella sp. e Chlamydia trachomatis. Deve-se tratar sempre o companheiro e oferecer tratamento para infecção pela Clamídia. Deve-se orientar a suspensão das relações sexuais. Cancro Mole/cancroide/ulcera de Ducreyi/cancrela: Evolui com ulceração genital tendo desse modo papel importante na disseminação do HIV, comum em locais de clima quente e baixo nível socioeconômico, Agente etiológico: Haemophilus ducreyi, bacilo Gram-negativo, piogênico, anaeróbio facultativo. Patogênese: necessita de solução de continuidade para penetração na epiderme, período de incubação de 2 a 5 dias. A necrose tissular produzida pelo bacilo parece resultar da ação de lipopolissacarideo contido em sua parede, Epidemiologia: prevalente em regiões tropicais. Quadro clinico: lesão ulcerada, dolorosa, secretante com bordas eritematosas, fundo purulento e necrótico. São lesões auto inoculáveis, portanto, podem ser múltiplas. Em 40 % dos casos ocorre enfartamento ganglionar inguinal, inclusive com supuração espontânea nos casos não tratados. Adenopatia satélite homolateral a ulcera, quando ocorre supuração há eliminação de conteúdo esverdeado e misturado com sangue através de orifício único. Diagnostico: Identificação do H. ducreyi em meio de cultura especifico. Clinica: combinação de ulcera dolorosa com adenopatia inguinal sensível, Pode ser confundido com Herpes Genital e Sífilis. Tratamento: 34 Recomendações: 35 Donovanose/Granuloma inguinal/granuloma vítreo/granuloma contagioso: É uma infecção genital, extragenital e sistêmica de evolução crônica e progressiva. Muito pouco contagiosa, auto inoculável, é mais frequente em negros. Agente etiológico: Calymmatobacterium granulomatis. Bacilo gram negativo. Parece ser normal sua presença no intestino e reto. Tempo de incubação varia de 3 a 6 meses. A inoculação se dá em pequenas soluções de continuidade da pele ou mucosa resultante do traumatismo pelo coito, Quadro clinico: lesão começa com uma pápula endurecida que frequentemente se ulcera. São lesões irregulares que coalescem dando um aspecto serpiginoso. Na mulher as partes mais afetadas são os lábios menores, a fúrcula, o períneo e a região perianal. A forma clinica mais frequente é a ulcerovegetante com abundante tecido de granulação e sangramento fácil. São lesões indolores exceto na forma cancroide. Os vasos linfáticos e linfonodos em geral não estão comprometidos, manifestações posteriores dependem das respostas tissulares do hospedeiro, Diagnostico: observação dos corpúsculos de Donovan (formas intracelulares capsuladas), Tratamento: Recomendações: 36 Doxiciclina: pertence à família das tetraciclinas que constituem uma família de antibióticos com atividade bacteriostática contra uma variedade de bactérias gram positivas e gram negativas, Micoplasma, clamídia. Inibe a síntese proteica ligando-se a subunidade ribossomal 30S e bloqueando a entrada de aminoacil RNA de transferência no sitio aceptor do ribossomo. Apresentam baixa toxicidade, mas tem dois importantes efeitos colaterais: supressão da microbiota normal do trato intestinal, e formação de manchas marrons na dentição de fetos e crianças por que são quelantes de cálcio. Não é indicada, portanto para mulheres gravidas e crianças com idade abaixo de 8 anos. O cloridrato de Doxiciclina é um derivado sintético da oxitetraciclina. A Doxiciclina apresenta elevado grau de lipossolubilidade e pouca afinidade de ligaçãoao cálcio. É altamente estável no soro humano normal e não se degrada para uma forma epianidro. A Doxiciclina é fundamentalmente bacteriostática e acredita-se que exerça sua ação antimicrobiana pela inibição da síntese proteica. A Doxiciclina é ativa contra uma ampla variedade de micro-organismos Gram-positivos e Gram-negativos, Eritromicina: fármaco bacteriostático de amplo espectro, pertence ao grupo dos macrolideos. Liga-se a subunidade 50s e bloqueia a síntese proteica. É um dos fármacos menos tóxicos. É um antibiótico macrólido bacteriostático, produzido por uma cepa de Streptomyces erythreus, nãoobstante pode ser bactericida em concentrações elevadas ou quando utilizado contra microrganismos altamente sensíveis. Acredita- se que penetre na membrana da célula bacteriana e se une de forma reversível à subunidade 50 S dos ribossomas bacterianos ou perto de P ou local doador, de forma a bloquear a união do tRNA (RNA de 37 transferência) ao local doador. É evitada a translocação de péptidos de A ou local receptor a P ou local doador, e consequentemente a síntese de proteínas é inibida. A eritromicina somente é eficaz frente a microrganismos que se dividem de forma ativa. Azitromicina: macrolideo menos ativo contra bactérias gram positivas do que a eritromicina. A Azitromicina é o primeiro antibiótico da classe denominada quimicamente como “azalídeos”. Ela tem como mecanismo de ação a inibição da síntese proteica bacteriana através de sua ligação com a subunidade ribossomal 50S impedindo assim a translocação dos peptídeos. Ela demonstra atividade in vitro contra uma grande variedade de bactérias, incluindo: Bactérias aeróbias gram-positivas: Staphylococcus aureus, Streptococcus pyogenes (estreptococos betahemolíticos do grupo A), Streptococcus pneumoniae, estreptococos alfa-hemolíticos (grupo viridans) e outros estreptococos e Corynecbacterium diphtheriae. Clamídia: Agente etiológico: Chlamydia trachomatis causa infecções oculares e do trato respiratório e genital. É uma bactéria intracelular obrigatória. Apresentam parede celular rígida, mas não tem uma camada típica de peptideoglicanos. Transmissão: infecta apenas humanos sendo geralmente transmitida por contato pessoal próximo, sexualmente ou canal de parto. Indivíduos assintomáticos do trato genital correspondem a um importante reservatório de infecção pra terceiros. Pacientes acometidos por uma DST são coinfectados por C. trachomatis e Neisseria gonorrhoeae em aproximadamente 10 a 30 % dos casos. Epidemiologia: EUA e Canadá a infecção pela clamídia é cerca de 2 a 3 vezes mais frequente do que infecção pelo gonococo, sendo mais prevalente entre jovens sexualmente ativos entre 15 e 19 anos. Mais de 1/3 das pacientes pode desenvolver DIP, um quinto pode se tornar infértil e um decimo pode ter quadros de gestações ectópicas. Tem sido implicada como o agente de maior prevalência na DIP. Patogênese e achados clínicos: Tropismos por células epiteliais das membranas mucosas ou os pulmões. C. trachomatis apresenta mais de 15 imunotipos. Tipo A, B,C causam tracoma (conjuntivite crônica). D e K causam infecções no trato genital. Em homens é uma causa comum de uretrite não gonococcia, em mulheres desenvolve-se cervicite, salpingite e DIP. Pacientes com infecções genitais apresentam uma alta incidência de síndrome de Reiter (uretite, artrite e uveite). Tipos L1, L2 e L3 causam o linfogranuloma venereo. Quadro clinico: 38 Endocervicite mucopurulenta: é um parasita especifico das células escamocolunares, crescendo somente na zona de transição e na endocérvice. É observado muco-pus amarelado no canal cervical, ectopia cervical friável com edema e eritema acentuados ou ainda pelo achado de dez ou mais leucócitos no esfregaço do endocérvice corado pelo Gram. Síndrome uretral aguda: disúria, polaciúria (vai várias vezes urinar em pouca quantidade) e piuria em mulheres com urocultura negativa. Síndrome de Rettig e Nelson: persistência de corrimento de fluido seroso, disúria com ou sem infecção anal pela clamídia após tratamento pelo gonococo, Diagnostico: Cultura da amostra endocervical, Características das lesões: não dor, não é lesão específica e sim uma inflamação no local, Micoplasma: Agente etiológico: menores organismos de vida livre, ausência de parede celular. Coram-se fracamente pela coloração Gram. Sua superfície externa consiste em uma membrana celular flexível de três camadas, assim são capazes de assumir uma variedade de formas. O Micoplasma (mycoplasma hominis) e o ureaplasma (ureaplasma urealyticum) são considerados bactérias procarióticas Gram negativas. São parasitas de superfícies aderindo firmemente à mucosa do epitélio urogenital. A taxa de colonização é diretamente proporcional com a atividade sexual. São parasitas de superfícies, aderindo firmemente à mucosa. 39 Quadro clínico: Uretrite, Vaginite e cervicite: há uma associação em torno de 60% dos micoplasmas e gardnerella nos processos de vaginose, DIP: O M. hominis é isolado de trompas inflamadas em aproximadamente 13 a 15 % dos casos. Provoca efeito citopatogênico nos cílios das trompas. Esterilidade. Infecção puerperal, Diagnostico: Cultura (diagnóstico definitivo), Imunofluorescencia direta, Teste de inibição metabólica, ELISA, Tratamento: Herpes: Os herpes vírus são estruturalmente similares, cada um apresenta um cerne icosaedro envolto por um envelope lipoproteico. Destacam-se pela capacidade de causar infecções latentes. Causam erupção vesicular tanto em infecções primarias como nas reativações. É a DST ulcerativa mais frequente, sendo o HSV-2 a maioria dos casos, Agente etiológico: HSV-1 e HSV-2. HSV-1 causam lesões situadas acima da cintura (herpes labial, ceratoconjuntivite e encefalite) enquanto HSV-2 localizam-se abaixo delas (herpes genital, herpes neonatal e meningite asséptica). Embora haja essa divisão, pode haver variação e podem ser encontrados em dois tipos, Transmissão: HSV-1 é transmitido pela saliva enquanto HSV-2 é transmitido por contato sexual. A transmissão não sexual é rara. Em pacientes HIV positivos, os episódios são mais severos, Patogênese e imunidade: vírus replica-se na pele ou na membrana mucosa inicial de infecção em seguida migra para os neurônios e torna- se latente em gânglios sensoriais. HSV-1 torna-se latente nos gânglios trigeminais e HSV-2 torna-se latente nos gânglios lombares e sacros. O vírus pode ser reativado a partir do estado latente por uma variedade de indutores. A típica lesão cutânea consiste em uma vesícula contendo fluido seroso com partículas virais e fragmentos celulares, 40 quando a vesícula se rompe os vírus são liberados e podem ser transmitidos a outros indivíduos. Quadro clínico: Após o período de incubação hospedeiro terá uma primeiro episodio de infecção em apenas 25% dos casos, A fase sintomática dura de 2 a 6 semanas e o hospedeiro é infectante por 14 dias. Doença caracterizada por formação de vesículas no períneo, vulva, nádegas, cérvice e vagina. As vesículas rapidamente se rompem formando pequenas ulceras dolorosas. Pode existir cefaleia, febre, anorexia, adenopatia inguinal. As lesões ulceradas duram em geral 2 semanas na infec primaria e 1 semana na recorrente. Pode haver disúria e retenção urinaria. Na recorrência o edema é discreto, as vesículas são menores e em menor numero do que na infecção primaria. Diagnostico: Clinico: lesão especifica já descrita, Colposcopia: visualização de lesões ou ulceras,Citologia: células multinucleares, Sorologia: IgM tipo 1 e 2 e IgG, Imunofluorescencia direta: anticorpos monoclonais para HSV-1 e 2, Cultura: Isolamento do vírus Tratamento: 41 Tratamento supressivo: Indicado para as pacientes que apresentam recidivas frequentes (6/ano). É seguro e altamente eficaz. Nenhum efeito sobre a medula óssea, função renal e hepática foi detectado; Aciclovir: 200 mg 4/dia ou 400 mg 2_/dia, por 6 a 12 meses. 42 Valaciclovir: 500 mg/dia (9 recorrências/ano ou 1 g/dia se > 9 recorrências/ano). Fanciclovir: 250 mg 2/dia. Linfogranuloma Venereo: Agente etiológico: Chlamydia trachomatis L1, L2, L3. Período de incubação de 1 a 8 semanas. Clinica: 43 Diagnostico: Tratamento: 44 Sífilis/LUES: Agente etiológico: Treponema pallidum. Exibe crescimento muito lento, Transmissão: transmitido a partir de lesões cutâneas ou de membranas mucosas. Infectante na sífilis recente pelo contato e na sífilis latente por meio de fluido corporal. Doença sistêmica de fácil detecção e de tratamento simples, barato e 100% eficaz, é geralmente adquirida por contato sexual, mas também por transfusão de sangue ou de forma transplacentária (em qualquer período da gestação). Epidemiologia: Um terço dos indivíduos expostos a um parceiro infectado adquire a doença, Classificação: clinicamente a sífilis é dividida em fases: recente (primeiro ano de evolução após contaminação); tardia (após um ano). Sua sintomatologia pode ser classificada como: Sífilis Primaria: cancro duro ou protossifilioma surge de 1 a 3 semanas após o contagio. Presença de ulcera única, indolor, circular medindo de 1 a 2 cm de diâmetro, fundo liso e limpo, bordos infiltrados e cor de carne. Acompanhado de enfartamento ganglionar regional, indolor, sem sinais flogisiticos. Não coça, bordas nítidas. Persistem por 6 a 7 semanas e desaparecem espontaneamente. Pode ser levemente dolorosa, evolui de mácula para pápula e erosão, ulceração. Lesões 45 podem ou não serem isoladas. As lesões podem estar no colo do útero (mais comuns), pênis, anus. Sífilis secundaria: presença de lesões polimorfas cutâneas, podendo ter pápulas ou lesões planas eritematosas que acometem principalmente o tronco, e as sífilides que são lesões papuloerosivas pustuolas hipertróficas que acometem a cavidade oral, genital, palma das mãos e planta dos pés. Surgem 6 semanas a 6 meses após o contagio e desaparecem de 3 a 12 semanas. Em áreas úmidas do corpo forma-se uma lesão larga chamada condiloma lata. Manchas tipo placas podem aparecer nas mucosas genitais ou orais. Paciente muito contagioso nessa fase. Mal-estar, cefaleia, prurido e hiporexia. Podem aparecer sintomas mais específicos como: exantema, linfadenopatia, cancro primário residual, condiloma plano, hepatoesplenomegalia, placas mucosas e alopecia. Sífilis latente: não apresenta sinais e sintomas, inicia quando desaparecem as lesões cutâneas secundarias, Sífilis terciaria: pode exibir granulomas, sífilis cardiovascular ou neurosifilis. Gomas sifilíticas, tumorações amolecidas, juntas de charcot (deformidade articular) e juntas de clutton (efusões bilaterais dos joelhos). VDRL positivo e FTA-ABS (ou TPHA) positivo confirmam o diagnóstico de sífilis. VDRL positivo e FTA-ABS (ou TPHA) negativo indicam outra doença que não sífilis. VDRL negativo e FTA-ABS (ou TPHA) positivo indicam sífilis numa fase bem inicial, sífilis já curada ou sífilis na fase terciária. VDRL negativo e FTA-ABS (ou TPHA) negativo descartam o diagnóstico de sífilis. Diagnostico: 46 Tratamento: Penicilina: atuam inibindo as transpepidases que catalisam a etapa final das ligações cruzadas durante a síntese de peptideoglicano. É 47 bactericida, mas mata as célula apenas quando se encontram em fase de crescimento.. São fármacos B-lactamicos , a clivagem do anel por B- lactamses inativa o fármaco. Também ativa enzimas autoliticas denominadas mureina-hidrolases que acabam por degradar o peptidioglicano. A penicilina G benzatina é metabolizada de forma muito lenta sendo frequentemente denominada “preparação de deposito”. Abordagem ao portador de DST: Atendimento: tempo de espera deve ser o menor possível; realização da anamnese; os exames laboratoriais devem ser colhidos na mesma oportunidade sempre que possível, mas a conduta não deve ser postergada. Recomenda-se a vacinação contra HB para todos os portadores de DST com menos de 30 anos exceto em zonas endêmicas. Assegurar um ambiente de privacidade. Os profissionais de saúde devem reconhecer a anatomia e fisiologia do trato genital masculino e feminino. Devem ser feitas as coletas das secreções e material de lesões para exame laboratorial, incluindo material para colpocitopatologia oncótica. A consulta clinica se completa com a prescrição e orientação para o tratamento 48 49 50 51 52 Novak – Dor Pélvica e Dismenorreia Dismenorreia é a queixa ginecológica mais comum em adolescentes e a principal causa de absenteísmo na escola ou no trabalho. A dismenorreia primária é caracterizada como dor em cólica, recorrente, localizada no abdome inferior, que ocorre no período menstrual, na ausência de doenças que a justifiquem. Fisiopatologia da dismenorreia primária: envolve a produção exagerada de prostaglandinas (PGF 2 alfa e PGE 2) pelo endométrio. Fosfolipídios presentes nas membranas celulares são convertidos em ácido aracdônico que, por sua vez, sofre a ação das enzimas lipoxigenase e cicloxigenase, dando início a uma cascata de reações que culminam com a produção de prostaglandinas e leucotrienos no útero. Essas substâncias causam contrações miometriais e vasoconstrição, respectivamente, com resultante isquemia local manifestada pela dor em cólica, característica da dismenorreia. Tratamento dos Anti-inflamatórios não esteroidais ou então ACO (deixa o endométrio mais fino), pois diminui a produção de leucotrienos e prostaglandinas, A prevalência da dismenorreia em adolescentes oscila entre 60 e 70%, com apenas 10% dessas apresentando alguma anormalidade que justifique a presença do sintoma (dismenorreia secundária). A causa mais comum de dismenorreia secundária em adolescentes ou mulheres adultas é a endometriose. A dismenorreia pode ser classificada em primária (sem doença subjacente) ou secundária (com doença subjacente). 53 A dor pélvica crônica (DPC) é um distúrbio multifacetado, caracterizado por alterações no processamento de sinais aferentes nos órgãos pélvicos, nos tecidos somáticos adjacentes, na medula espinal e no encéfalo. As inervações toracolombar e sacral em comum das estruturas pélvicas e o aumento do processamento de impulsos neurais no sistema nervoso central (SNC) são responsáveis pela multiplicidade de sintomas somáticos e psicológicos presentes nas mulheres que sofrem de DPC. Definições: Dor aguda: é intensa e caracterizada por início súbito, aumento abrupto e curta duração. Dor cíclica: é aquela definidamente associada ao ciclo menstrual. A dismenorreia, ou menstruação dolorosa, é a dor cíclica maiscomum, classificada em primária ou secundária, de acordo com a patologia associada. Dor pélvica crônica (DPC): A DPC é definida como a dor com duração maior que 6 meses, localizada na pelve e intensa o bastante para causar incapacidade funcional ou exigir cuidados médicos. Embora a dor aguda esteja associada, em geral, a reflexos autônomos profundos – como náuseas, vômito, transpiração e apreensão –, tais reflexos não são observados em mulheres com DPC. A dor aguda está relacionada com sinais de inflamação ou infecção, como febre e leucocitose, ausentes em estados de dor crônica. A fisiopatologia da dor pélvica aguda conta com a participação de mediadores da inflamação presentes em alta concentração em virtude de infecção, isquemia ou irritação química. Por outro lado, a etiologia da DPC muitas vezes está associada a alterações na modulação ou à “intensificação” de estímulos normalmente indolores. A dor é desproporcional ao grau de lesão tecidual. Portanto, a dor crônica é caracterizada por respostas fisiológicas, afetivas e comportamentais diferentes daquelas associadas à dor aguda. Uma lesão inflamatória, como a endometriose, por exemplo, pode criar um ambiente de inflamação ou estimulação neurogênica crônica, com consequentes alterações “plásticas” no sistema nervoso periférico (SNP) e no SNC, bem como com persistência da dor crônica. Além disso, acredita-se que a predisposição genética, as pressões ambientais adversas e o meio hormonal aumentem a vulnerabilidade e a predisposição a distúrbios de dor crônica. Dor Aguda: O início rápido da dor é mais compatível com perfuração ou ruptura de alguma víscera oca ou isquemia após torção de um pedículo vascular. A dor tipo cólica ou espasmódica intensa está muitas vezes associada à contração muscular ou à obstrução de alguma víscera oca, como o intestino, o ureter ou o útero. 54 A dor em todo o abdome sugere reação generalizada a um líquido irritante na cavidade peritoneal, como sangue, um líquido purulento ou o conteúdo de algum cisto ovariano. 1. Porfiria aguda 2. Tromboflebite aguda 3. Aneurisma aórtico 4. Angina abdominal Avaliação da Dor Pélvica Aguda: Diagnóstico precoce é importante para evitar a morbidade e mortalidade. Perguntar à paciente a data e as características dos dois últimos períodos menstruais, bem como se apresentou sangramento anormal ou corrimento. As histórias menstrual, sexual e contraceptiva – assim como de doenças 55 sexualmente transmissíveis (DST) e distúrbios ginecológicos prévios – são importantes. A anamnese da dor deve incluir as circunstâncias e o momento em que ela se inicia, bem como sinais de infecção (febre, calafrios, corrimento vaginal purulento) e os seguintes sintomas: relacionados com a gravidez (amenorreia, sangramento irregular, náuseas, mamas doloridas); gastrintestinais (anorexia, náuseas, vômito, constipação intestinal, não estar evacuando, ausência de flatos, hematoquezia); urinários (disúria, urgência, polaciúria, hesitação, hematúria); e atribuíveis ao hemoperitônio (hipotensão ortostática, distensão abdominal e dor no quadrante superior direito ou no ombro). É preciso registrar qualquer história clínica e cirúrgica prévia e os medicamentos em uso. Os exames laboratoriais iniciais incluem... No mínimo, Hemograma completo com contagem diferencial (leucograma), Exame de urina de amostra do jato médio, coletada por técnica adequada, Teste de gravidez urinário ou no sangue, pesquisa de gonorreia e clamídia e ultrassonografia (US) pélvica transvaginal. Outros exames – como tomografia computadorizada (TC) com e sem contraste, exames bioquímicos ou tipo sanguíneo e pesquisa de anticorpos irregulares (se houver probabilidade ou história de transfusão prévia) – podem ser indicados, dependendo dos sintomas da paciente e do diagnóstico diferencial. Causas de dor pélvica aguda associadas ao sistema reprodutivo: Gravidez ectópica; Deve-se fazer teste de gravidez em todas as mulheres em idade reprodutiva com dor aguda. A gravidez ectópica é definida como a implantação do feto em local fora da cavidade uterina. Sintomas: A implantação do feto na tuba uterina somente causa dor quando há dilatação aguda da tuba. Se houver ruptura tubária, a dor abdominal localizada tende a ser temporariamente aliviada e substituída tanto por dor pélvica e abdominal generalizada como por tontura devido à ocorrência de hemoperitônio. o Período de amenorreia, seguido por sangramento irregular e início agudo de dor, forma a tríade clássica de sintomas. 56 o Uma massa no fundo de saco pode causar tenesmo. o Muitas vezes há dor referida no ombro direito se o sangue acumulado no abdome atravessar o sulco paracólico direito e irritar o diafragma (inervação de C3 a C5). Sinais: Os sinais vitais costumam indicar alterações ortostáticas em caso de ruptura de gravidez ectópica. o O diagnóstico de hipotensão ortostática é feito por verificação do pulso e da pressão arterial da paciente durante o decúbito dorsal, depois de 3 minutos com a paciente sentada e, por fim, após 3 minutos de pé. o Se a pressão arterial sistólica diminuir 20 mmHg ou se a pressão arterial diastólica diminuir 10 mmHg ao passar da posição de decúbito dorsal para a posição de pé, está confirmada a hipotensão ortostática. o Embora a frequência de pulso não esteja especificamente incluída na definição de hipotensão ortostática, sua verificação é fácil e sua elevação pode sugerir hipotensão ortostática. Em geral, não há aumento da temperatura na gravidez ectópica. Exame abdominal: é notável para dor à palpação e defesa abdominal em um ou ambos os quadrantes inferiores. Com a ocorrência de hemoperitônio, a distensão abdominal generalizada e a dor à descompressão súbita são proeminentes e há diminuição dos ruídos hidroaéreos. Em geral, o exame pélvico mostra leve dor à manobra de mobilização do colo. A palpação dos anexos causa dor, a qual costuma ser mais intensa no lado da gravidez ectópica, e palpa-se uma massa. Diagnóstico diferencial: abortamento, Extravasamento ou ruptura de cisto ovariano; Os cistos funcionais (p. ex., folicular ou do corpo lúteo) são os cistos ovarianos mais comuns e estão mais propensos à ruptura que as neoplasias benignas ou malignas. A dor associada à ruptura do folículo ovariano no momento da ovulação é denominada mittelschmerz. A pequena quantidade de sangue que extravasa para a cavidade peritoneal e a alta concentração de prostaglandinas no líquido folicular poderiam contribuir para essa dor pélvica no meio do ciclo. Em geral, a dor varia de leve a moderada e é autolimitada; o hemoperitônio é improvável se o sistema de coagulação estiver intacto. 57 No desenvolvimento de um cisto do corpo lúteo hemorrágico na fase lútea do ciclo menstrual, a dor aguda é provocada pela rápida expansão da cápsula ovariana ou, no caso de ruptura, pelo sangue na cavidade peritoneal. A ruptura desse cisto pode causar um pequeno sangramento intraperitoneal ou hemorragia franca, com perda de sangue considerável e hemoperitônio. Sintomas: Na maioria dos casos, o cisto ovariano que não sofra torção, expansão rápida, infecção ou extravasamento não causa dor aguda. o O cisto do corpo lúteo é aquele que, com maior frequência, sofre ruptura e causa hemoperitônio. Os sintomas de ruptura de um cisto do corpo lúteo são semelhantes aos da ruptura de uma gravidez ectópica. o
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