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Imunologia Clínica – 3ª Prova Reações de hipersensibilidade A resposta do sistema imune é extremamente importante, mas existem situações em que ela pode ser totalmente inadequada, ou seja, não precisaria de uma resposta do sistema imune e ele responde. E em outras vezes você precisa responder, mas responde de forma excessiva e acaba provocando doenças. O que é então hipersensibilidade? É uma resposta imunológica que ocorre de forma excessiva e inapropriada que, algumas vezes, resultam em reações inflamatórias e lesão tecidual. São classificadas de acordo com o mecanismo imunológico que ativam. A hipersensibilidade do tipo I ou imediata é mediada basicamente por IgE, mas tem a participação de algumas outras células do sistema imune. Podemos ter doenças mediadas por anticorpo que não é IgE, mas sim o IgM ou IgG, como na imagem acima, o antígeno em volta da hemácia, isso é hipersensibilidade do tipo II ou mediada por anticorpos ou ainda citotóxica, essa hipersensibilidade resulta na destruição da célula na qual o antígeno está aderido como na anemia hemolítica ou na eritroblastose fetal. A hipersensibilidade do tipo III ou complexa é mediada por um imunocomplexo (antígeno mais anticorpo e as vezes até complemento) que se deposita em algum lugar, pode ser articulação, cérebro, pele; são geralmente da classe IgG, embora IgM possa estar envolvida. Hipersensibilidade tardia ou do tipo IV, é mediada por linfócitos T, onde sua ativação libera citocinas que levam à ativação de macrofagos também. Hipersensibilidade imediata (tipo I) Trata-se da resposta imunológica excessiva e inapropriada do organismo a um alérgeno, que pode ser um antígeno estranho (na esquistossomose o ovo do Schistossoma → Forma hepatoesplênica da doença) ou um antígeno próprio (autoimunidade) em contato constante a ele, tem a participação de IgE, mastócitos, neutrófilos, eosinófilos e linfócitos T. É o que conhecemos popularmente como alergia. Atopia é tendência de um indivíduo de produzir IgE em resposta a alérgenos ambientais. Como toda base do sistema imune adquirido, para desenvolver essa hipersensibilidade deve-se ter um contato anterior com esse alérgeno e ser hipersensibilizado. O primeiro contato é chamado de sensibilização da pessoa ou sensibilização do mastócito. Na primeira exposição ao alergeno, o sistema imune vai ativar linfócitos B e T e haverá produção de IgM. A partir da ação de interleucinas mediadas pelos linfócitos T helper, a ligação ao alergeno vai ativar as células TH2 e essas células vão estimular a troca da classe para IgE. Uma vez produzido o IgE, mesmo que ele não se ligue ao alergeno, ele vai se ligar aos mastócitos, isso porque o mastócito tem um receptor de alta afinidade para IgE, então haverão mastócitos recobertos de IgE. Essa é a fase de sensibilização. A partir daí, se o alergeno se ligar ao IgE da superficie dos mastocitos, eles serão ativados a liberar os grânulos internos que são mediadores (histamina, leucotrienos, prostaglandinas, citosina) e esses mediadores vão desencadear a reação de hipersensibilidade imediata e a de fase tardia. Então na hipersensibilidade imediata você vai ter a resposta que é mediada inclusive por histamina (por isso que uma das coisas que é usada é anti-histamínico) e vai ter também uma outra resposta, mais tardia, que é mediada por citocinas diferentes. A pessoa que não é atópica também tem IgE, mas em menor quantidade e especificidade, ou seja, a pessoa que não tem alergia, tem IgE na membrana do mastócito, mas é pouco e de diferentes especificidades, então não tem ligação cruzada entre o alérgeno e o IgE-receptor. A ativação dos mastócito, grande contribuintes da resposta imediata (resposta em alguns minutos) acarretam aumento da permeabilidade vascular (extravasamento para o tecido) e contração de músculo liso mediados pela ação da Histamina; Vasodilatação, broncoconstrição (falta de ar) e quimiotaxia de neutrófilos que são mediados pela Prostaglandina D2; Broncoconstrição + prolongada, aumento da secreção de muco e aumento da permeabilidade vascular mediada pelo Leucotrienos; e, por fim, a proliferação de mastócitos, inflamação (edema) e ativação e produção de eosinofilos mediados por diferentes citocinas. A resposta de fase tardia ocorre de 6-24 h após contato com alérgeno; estão envolvido neutrófilos, eosinófilos, basófilos e linfócitos Th2; com participação de citocinas (IL-4, IL-5, TNF) e quimiocinas. Ela é a responsável pela cronicidade de doenças respiratórias alérgicas (asma). Clinicamente as síndromes podem ser limitadas a um tecido ou órgão específico (rinite, dermatite atópica urticária) ou podem ser sistêmicas (degranulação sistêmica de mastócitos). Anafilaxia é uma reação de hipersensibilidade aguda potencialmente fatal, que envolve a liberação de mediadores dos mastócitos, basófilos e recrutamento de células inflamatórias. Inclui sintomas e sinais, isolados ou combinados, que ocorrem em minutos ou em até poucas horas da exposição ao agente causal. Pode ser de intensidade leve, moderada ou grave. Na maioria dos casos a anafilaxia é de intensidade leve, mas tem o potencial de evoluir para fatalidade. A evolução é usualmente rápida, atingindo pico em 5-30 minutos, raramente pode perdurar por vários dias. Vários sintomas estão associados à anafilaxia, mas os mais significativos e que estão envolvidos com seu potencial fatal são Edema de lábios e língua, Obstrução de vias aéreas superiores por angioedema de língua, orofaringe ou laringe; broncoespasmo, aperto no peito, hipotensão, arritmia, choque hipovolêmico. É tratada, de forma geral, com epinefrina. Para a prevenção e tratamento das Reações de Hip. Tipo I, o primeiro passo é identificar a causa da alergia e afastá-la; Para asma e rinite, recomendam-se medidas de controle ambiental contra a poeira e ácaros; Pode-se introduzir medicamentos para reduzir a inflamação e controlar os sintomas, uso de vacinas (imunoterapia) para dessensibilização; Deve-se evitar animais dentro de casa; O cigarro é proibido e recomenda-se praticar esportes ao ar livre, ter alimentação saudável, com bastante líquido. O alérgico, bem orientado, pode levar uma vida normal, sem restrições; mas recomenda-se acompanhamento médico. Para o diagnóstico de doenças alérgicas, deve-se levar em conta a história clínica do paciente, executar testes cutâneos, pesquisa de IgE específico, exclusão e provocação. Um teste cutâneo bastante eficiente é o teste de punctura onde o médico vai colocar gotinhas desses alérgenos diferentes e espera alguns minutos para que essa reação de alergia aconteça. Abaixo da pele você tem mastócito com IgE, daí se você tiver IgE contra aquele agente que foi inoculado, o mastócito imediatamente começa a liberar vários mediadores que já estão dentro dele que vão levar a uma vasodilatação onde células começam a migrar, na pele onde ocorreu alergia então fica inchado e vermelho, características do processo. Às vezes a pessoa pode ter alergia a vários componentes diferentes como a poeira, que reflete o ambiente que você está, ou seja, ácaros, escamas e pêlos de animais, restos alimentares, pólens, lã, penas, fibras de tecidos, etc. Os testes de punctura são usados para definir o alérgeno que deve ser evitado, para o planejamento da estratégia do tratamento e selecionar os alérgenos para imunoterapia, faz-se o tratamento para evitar que a pessoa tenha aquele tipo de alérgeno e evitar a ocorrência de alergia. A dosagem de IgE alérgenos específicos é utilizado para crianças menores de 3 anos, pacientes com dermografismo (tipo de alergia na pele, que se caracteriza peloaparecimento de inchaço após um estímulo físico), doenças cutâneas generalizadas, uso contínuo de medicação, reação importante ao alérgeno a ser testado, gravidez, principalmente pela técnica ser isenta de risco (alta segurança) e de não sofrer interferência de medicamentos em uso pelo paciente. Vale lembrar que o IgE não aumenta só por causa de alergia, mas também em parasitoses, imunodeficiências, hanseníase → Não necessariamente um IgE aumentado significa alergia. TESTE ImmunoCAP é um teste in vitro que visa a identificar e determinar semiquantitativamente a presença de anticorpos específicos da classe IgE no soro ou no plasma humano para 112 componentes alergênicos, de 51 fontes, simultaneamente. O exame consiste em um imunoensaio, em que os componentes alergênicos ficam imobilizados em um substrato sólido, na forma de microarray, e são incubados com 20 μL de soro do paciente para a detecção de anticorpos específicos IgE. A ligação entre esses anticorpos e os componentes alergênicos é identificada pela adição de um anticorpo anti-IgE conjugado, incubado posteriormente com substrato. A partir dessa análise, é possível conhecer o painel de sensibilização de IgE do paciente para inúmeros componentes alergênicos e também observar a presença ou não de sensibilização para alérgenos de reatividade cruzada. Por fim, pode-se fazer a dessensibilização desse paciente, a partir de vacina antialérgica. Ela, nesse caso, é usada como tratamento: a pessoa tem alergia, o objetivo é tratar para ela não ter alergia aquele alérgeno, por isso é chamado de dessensibilização, hipossensibilização ou vacina alergênica. Funciona pela administração repetidas de doses crescentes do alérgeno por vias subcutâneas, começa com doses bem pequenas daquele alérgeno e vai aumentando, uma dose inclusive pequena que não provoque alergia, por que você poderia com a própria vacina gerar uma resposta para aquela pessoa, então você tem que fazer um estudo para ver com que dose começar. Isso aí vai mudar a resposta da pessoa, ou seja, um benefício prolongado, no entanto é um tratamento de meses ou anos. Os mecanismos envolvidos nessa dessensibilização incluem • indução de tolerância (incapacidade do SI a responder); • de anticorpos bloqueadores contra o alérgeno (IgG1, IgG2 e IgA), ou seja, você vai produzir outra classe de anticorpo que liga no alérgeno e impede esse alérgeno de ligar no IgE; • diminuir o nível de IgE e sua afinidade; • aumento da produção de IL-10 e TGF-β; • favorecimento da produção de citocinas de Th1 (Th2 estimula IgE). Hipersensibilidade tipo II: Por alguma razão você passa produzir anticorpo contra determinado antígeno, você tem o anticorpo aqui que pode levar a ativação do complemento, pode fazer com que a ativação do complemento células vão ser recrutadas, então essas células vão liberar produtos tóxicos sendo que você tem aqui o próprio. Dai ocorre lesão tecidual daquele local. Algumas doenças mediadas por anticorpo, anemia por exemplo, anemia hemolítica autoimune a pessoa desenvolver anticorpo contra antígenos presentes nas hemácias. Outra doença que serve de exemplo é a miastenia gravis onde, na junção neuromuscular você tem liberação de acetilcolina fazendo esse músculo contrair, tem gente que produz anticorpo contra esse receptor de acetilcolina só que esse anticorpo é antagonista ele não liga e estimula ele vai impedir a acetilcolina de se ligar e acabam estimulando a destruição desses receptores que estão no músculo. Dai leva a paralisia por que o músculo não vai responder a acetilcolina. uma das características da doença é que a pálpebra cai, mas essa pessoa também pode ir para cadeira de rodas por causa de dificuldade de locomoção. Hipersensibilidade tipo III: O imunocomplexo vai depositar, pode ser nos vasos, na pele, nos rins, nas articulações, no cérebro, podem depositar em vários locais e eles não são removidos do organismo e se deposita dai ativa o sistema imune e provoca vasculite. O lúpus a pessoa pode ter muito auto anticorpo ou pode ter muito imunocomplexo, então no lúpus você pode ter vários problemas relacionados a isso, problema renal, problema nas articulações, pele. Hipersensibilidade tipo IV: É mediada por Linfócitos T, seja na forma de inflamação mediada por citocinas (CD4 e CD8) que vão recrutar neutrófilos e desencadear um processo inflamatório resultante em lesão tecidual, ou pela própria ação dos linfócitos T citotóxicos (CD8) que levar a lesão tecidual e morte celular. Na esquistossomose, por exemplo, você tem um ovo e seu sistema imune tenta destruir aquele ovo e não consegue e começa chamar células para destruir, é importante que a pessoa tenha mecanismo para controlar aquela resposta contra o ovo, tem gente que não consegue controlar e acaba tendo muita migração de célula, muita lesão tecidual e pode ter lesão no fígado e no intestino e ter fibrose, a circulação no fígado fica prejudicada, com isso a pessoa começa a ter barriga d’agua, a circulação não passa direito tem varizes esofágicas, tenta resolver o problema da circulação. Na tuberculose e hanseníase temos o agente infeccioso dentro do macrófago e da mesma forma o macrófago não consegue destruir e tem lesão. A infecção por HBV seria um vírus que não é citopático, mas a resposta que provoca lesão. Doenças autoimunes também são mediadas por linfócitos T, como a artrite reumatóide (inflamação das articulações deformidade). Para reduzir esses processos inflamatórios tem vários medicamentos e um deles é um anticorpo antagonista de citocinas (TNF, IL-1), mas temos também corticosteroides e agentes imunossupressores (ciclosporina). Imunologia de Tumores As maiores causas de morte no ocidente são as doenças cardiovasculares e o câncer, sendo que no Brasil o mais frequente entre as mulheres é o de mama e colo do útero, enquanto que nos homens é mais frequente o de próstata. Neoplasias é uma proliferação anormal de células que têm crescimento descontrolado e que tendem a perda de diferenciação e que podem se tornar neoplasias benignas ou malignas (câncer); Tumor é relacionado a massa, é um crescimento ou qualquer coisa que e acumule e leve ao aumento de um tecido ou determinada região, pode ocorrer por uma reação inflamatória, aumento de fluidos e/ou por uma proliferação descontrolada de células. As Neoplasias benignas sã incapazes de crescer indefinidamente e não invadem tecidos vizinhos saudáveis, fazem compressão. As células mantem as características de origem (são bem diferenciadas), formam uma cápsula e são mais lentas no crescimento, geralmente a recidiva após a cirurgia é rara. Já as Neoplasias malignas (cânceres): Crescem indefinidamente, invadem tecidos vizinhos. Não há formação de cápsulas e seu crescimento é rápido com tendência à recidiva. Por fim, as metástases são tumores secundários, que se desenvolvem separado do tumor primário em tecidos distantes (Ex.: Paciente com câncer diagnosticado no osso do fêmur, acaba por encontrar metástase no pulmão tumor primário: ósseo; tumor secundário: pulmonar). Fatores oncogênicos seriam os fatores com potencial para desenvolver o câncer e podem ser ambientais (tabagismo, abuso de álcool, radiação), genéticos ou podem provir da síndrome do reparo defeituoso (indivíduos que não conseguem reparar corretamente o DNA DNA defeituoso e instável). Os principais alvos de mutação genética envolvem quatro tipos de genes: protooncogenes que são genes promotores do crescimento e geram os oncogenes; genes inibidores do crescimento, genes que regulam apoptose e genes envolvidos no reparo do DNA. Resposta imune contra os tumores(Vigilância Imunológica) Macfarlane Burnet – década de 1950 “É função do sistema imune reconhecer e destruir clones de células transformadas antes que eles se transformem em tumores e destruir os tumores depois que eles já estão formados”. Aspectos gerais da imunidade tumoral • Tumores expressam Ag que são reconhecidos como estranhos pelo sistema imunológico - A imunogenicidade implica na expressão das células tumorais de antígenos que são efetivamente reconhecidos como estranhos pelo sistema imune. • As respostas imunológicas frequentemente falham na prevenção do crescimento de tumores. Isso ocorre porque a maioria dos tumores expressam poucos Ag que podem ser reconhecidos como não próprios (tumores fracamente imunogênicos). Além disso, o crescimento de um tumor pode superar a capacidade do sistema imune de erradicar as células tumorais gerando uma ineficiência no combate. Muitos tumores também têm mecanismos de escape do sistema imune. • O sistema imunológico pode ser ativado por estímulos externos para destruir células tumorais e erradicar tumores (aumento da resposta antitumoral imunoterapia para tumores). Antígenos tumorais A Tumorigênese leva à expressão de novos antígenos ou à alteração nos Ag existentes que são encontrados nas células normais. Esses Ag incluem receptores de membrana, reguladores do ciclo celular e apoptose, ou moléculas envolvidas nas vias de transdução de sinal que são classificados como Antígenos de transplante tumor- específicos (TSTA). Alguns Ags tumorais são produzidos por oncogenes mutantes de genes normais, são produzidos geralmente por mutação pontual, deleções, translocações cromossômicas ou inserções virais envolvendo protooncogenes ou genes supressores de tumor para formar oncogenes. Os produtos dessas mutações tem atividades transformadoras e produzem antígenos tumorais apresentado na forma de ag-MHC-I, que podem estimular linfócitos TCD8+. Proto-oncogene: gene associado a câncer que codifica um fator que regula a proliferação, sobrevivência ou morte celular. São genes necessários para a função normal da célula, mas traz problema se mutado ou produzido em excesso. Oncogene: gene que codifica uma proteína capaz de induzir transformação celular. Antígenos oncofetais: São expressos em altos níveis em fetos em desenvolvimento, mas não em adultos. (Ex: Antígeno carcinoembriônico - CEA: Estão aumentados em carcinomas de cólon, pâncreas, estômago e mama e em doenças não neoplásicas (condições inflamatórias); Alfa-feto proteína - AFP: Em carcinoma hepatocelular, tumores de células germinativas, teratocarcinoma, coriocarcinoma e monitora a terapia antineoplásica). Antígenos de vírus oncogênicos • Vírus de DNA em tumores humanos: tumores induzidos por estes vírus são muito imunogênicos (Ex: EBV: carcinoma de nasofaringe, linfoma de células B; HPV: carcinoma cervical; HBV: carcinoma hepático). • Vírus de RNA em tumores humanos (Ex: HTLV-1: agente da leucemia/linfoma de células T em adultos; HHV-8: sarcoma de Kaposi) Linfoma de Burkitt - EBV produz gene com homologia com o bcl-2 (supressão da apoptose). Antígenos de diferenciação tecido-específicos: São alvos potenciais para imunoterapia e identificação do tecido de origem do tumor (Ex:Linfomas: Identificação por Ac anti-CD10 e anti-CD20, Anticorpos são usados para imunoterapia). Respostas imunológicas contra os tumores - Imunidade adaptativa: • Linfócitos T: O principal mecanismo da imunidade tumoral é a morte das células tumorais pelos linfócitos TCD8. T CD8 se liga a MHC I das células tumorais, reconhece-o juntamente ao co-estimulador, é ativado e passa pela expansão clonal. Daí ataca essas células tumorais, induzindo-as à morte. As células TCD4 tem papel menos claro, elas podem execer papel por fornecer citocinas (para o desenvolvimento dos TCD8) e podem secretar TNF e IFN gama que aumentam a expressão de MHC I nas células tumorais. • Anticorpos: Podem atuar pela ativação do complemento ou por citotoxicidade celular dependente de anticorpo. - Imunidade inata: • Células NK: Alguns tumores perdem a expressão de moléculas do MHC de classe I, especialmente essas células tumorais as células NK podem destruir produzidno poros na superfície das células-alvo. • Macrófagos: Podem inibir ou promover o crescimento tumoral. Os M1 (antitumoral) atuam na produção e liberação de enzimas, EROs e NO e na produção de TNF-alfa (trombose de vasos sanguíneos tumorais). Os M2 (progressão tumoral) estão envolvidos na promoção da angiogênese tumoral. Os possíveis mecanismos de inibição do crescimento tumoral incluem o reconhecimento direto de alguns Ags de superfície das células tumorais e a ativação dos macrófagos pelo IFN das células T. Evasão tumoral O escape ao sistema imune antitumoral pode ocorrer por vários mecanismos. Um desses se relaciona à incapacidade produzir antígeno tumoral. Sem antígenos a serem reconhecidos então, o tumor não será identificado pela célula T. Outro mecanismo pode ocorrer porque os tumores podem não induzir resposta de linfócitos T, pela mutação nos genes MHC ou genes necessários para o processamento de antígenos síntese diminuída ou ineficiente de moléculas do MHC de classe I (apresentadoras de ag para linfócitos TCD8) ou de componentes envolvidos no processamento de Ag (ex: TAP). Além desses mecanismos, temos ainda a possibilidade da produção de citocinas imunosupressoras que vão impedir/inibir a ativação dos linfócitos T. O maior problema da terapia atual antitumoral é exercer efeito sobre células normais em proliferação. Imunoterapia para tumores: Baseia-se na ativação do sistema imune contra a célula maligna. Os mecanismos envolvem inoculação de bactérias (BCG), anticorpos monoclonais (contra proteínas especificas encontradas nas membranas das células neoplásicas e vacinas (ativação do sistema imune pela reinjeção de antígenos específicos das células tumorais). No entanto, a resposta imune regular não é suficiente para erradicar células tumorais, uma vez que estas escapam do sistema imune pela secreção de fatores que vão suprimir o sistema imune, baixa expressão de antígenos ou MHCI e pela falta da co-estimulação (é necessário um duplo estímulo para a ativação do linfócito T, a ligação com o MHC é um, a co-estimulação se relaciona ao outro). Uma forma de imunoterapia, denominada imunoterapia ativa consiste em aumentar a resposta imune aos tumores. Esse aumento pode ser feito a partir da vacinação e consequente imunização com células tumorais e antígenos tumorais. Outra forma, a imunoterapia passiva pode ter várias vertentes, uma delas consiste no cultivo e administração de Ac ou células T específicas contra o tumor, que é a chamada terapia celular adotiva, onde se isola células imunes antitumorais, expande-os por cultura em IL2 e os transfere de volta ao paciente a fim de conferir uma regressão tumoral. Por ser feita também a terapia com anticorpos monoclonais (MAbs) que podem ser não modificados ou conjugados a toxinas, agentes químicos ou substâncias radioativas com o objetivo de ativar o sistema imune para destruir as células tumorais. Doenças imunoproliferativas Mieloma múltiplo Advém da proliferação maligna de um plasmócito (células formadoras de anticorpos diferenciação do linfócito B) clonal, na maioria das vezes produzindo uma Ig monoclonal (paraproteína ou banda M); essa proliferação infiltra a medula óssea (plasmocitoma), suprimem a hematopoiese normal e provocam destruição óssea na forma difusa ou de nódulos e corresponde a 1% de todas as neoplasias e 10% das neoplasias hematológicas.Aspectos biológicos: Anormalidades complexas relacionadas ao cromossomo 1(40 a 50%); Translocações envolvendo o cromossomo 14 (20 a 25%); Monossomiado cromossomo 13; Maior expressão de IL-6 (receptor expresso pelo plasmócito fator de crescimento forte para as células do mieloma múltiplo). Características clínicas: São mais comum acima de 65 anos e tem igual incidência entre homens e mulheres. Os sinais e sintomas da doença consistem principalmente em dor óssea, ocorrência frequente de fraturas, osteoporose, anemia normocrômica e normocítica, insuficiência renal. Na IR há risco relacionado com a massa tumoral, pela deposição de cadeias leves de imunoglobulinas nos rins hipercalcemia, hiperuricemia, infecções do aparelho urinário e desidratação. Dos pacientes com IR, cerca de 10% têm fazer hemodiálise. Possuem ainda deficiência secundária de Ac com grande propensão a infecções bacterianas. A sobrevida média da doença é de 3 anos após diagnóstico e os locais mais afetados por lesões líticas e fraturas são as vértebras, o crânio, a caixa torácica, a pélvis, as extremidades superiores do fêmur e úmero. Achados laboratoriais: Nota-se um aumento de plasmócitos na medula óssea, anemia normocrômica e normocítica e aumento das globulinas. Percebe-se ainda proteinúria: presença de cadeias leves em concentrado de urina em 80% dos pacientes (Proteína de Bence Jones- detectada pelo teste com ácido sulfossalicílico), no caso de lesão renal, nota-se a presença de albumina e de moléculas de imunoglobulina na urina. Por fim há aumento da creatinina, gerando alteração da função renal. O aumento de beta2-microglobulina é um dos mais importantes fatores prognósticos, isso porque, quando expressa em altos níveis no soro, indica deterioração da função renal. Nota-se hipercalcemia e, no exame da medula óssea, averígua-se que plasmócitos constituem mais de 10% das células nucleadas. Há ainda a presença de banda homogênea na região gama; em alguns pacientes observa-se ausência de paraproteína e aumenteo só de cadeia leve de Ig na urina, podendo ser biclonal. Diagnóstico: Proteína monoclonal no soro ou na urina (>3g/dL), plasmócitos monoclonais na medula óssea ou lasmocitoma, hipercalemia, insuficiência renal e anemia. Tratamento: O tratamento é feito com agentes alquilantes (melfalano, ciclofosfamida), corticosteróide (prednisolona), em pacientes jovens pode-se usar quimioterapia de combinação: vincristina, adriamicina, metilprednisolona, em alguns casos indica-se transplante de medula óssea (receptores com menos de 50 anos, irmão HLA-compatível). Como terapias de suporte, foca-se no tratamento do processo anêmico do paciente, na insuficiência renal, em caso de infecções bacterianas, tratar com antibiótico ou ig endovenosa por exemplo. Doenças autoimunes São um grupo de mais de 100 doenças relacionadas entre si, que envolvem qualquer órgão ou sistema do nosso organismo onde o sistema imunitário fica desorientado, atacando o próprio corpo e os órgãos que deveria proteger. Podem ser classificadas como sistêmicas (Ex: Lúpus Eritematoso Sistêmico, artrite reumatoide) ou órgão-específicas (Ex: tireoidite de Hashimoto, hepatite autoimune, Doença de Graves). Lúpus eritematoso sistêmico (LES) Doença inflamatória sistêmica crônica caracterizada por exacerbações e remissões. Acomete vários órgãos e sistemas e afeta predominantemente as mulheres (10-12 mulheres: 1 homem) e é caracterizada pela grande variedade de auto anticorpos circulantes. 95% dos pacientes com LES em atividade apresentam Ac antinucleares (As doenças reumáticas são caracterizadas pela presença de um ou mais autoanticorpos que reagem com componentes do núcleo, citoplasma ou superfície das células, esses são os ac antinucleares). Na infância o Lúpus é associado a auto anticorpos maternos e se manifesta com lesões cutâneas, hematológicas e cardíacas. A mortalidade desses casos gira em torno de 20-30%. A maioria das doenças autoimunes afeta mais mulheres do que homens por conta da presença do hormônio feminino, o estrógeno. Ele facilita a resposta autoimune, ou seja, o sistema imunológico passa a reconhecer como estranhos, antígenos (proteínas ou parte de células) que são próprios e reage produzindo anticorpos contra estas estruturas. Patogenia do LES: A LES é uma doença multifatorial, que envolve fatores como fatores genéticos, onde temos a redução dos genes CR1 e deficiência de C1q, C1r ou C2; Infecções, principalmente associação com infecção pelo EBV; Radiação ultravioleta e Fatores hormonais (aumento da relação estrógeno/andrógeno). O CR1 (receptor de complemento tipo 1) codifica uma glicoproteína transmembrana que funciona na imunidade inata), os demais genes (C1r, C1q ou C2) estão também associados ao sist. complemento. Conforme mencionado, pacientes com LES têm vários auto anticorpos que formarão imunocomplexos. A deficiência de componentes do complemento (delimitada pelos fatores genéticos principalemente), dificulta a solubilização e remoção de imunocomplexos, fazendo com que eles se depositem em locais de grande turbulência (rins, vasos e articulações). Manifestações clínicas: O início é agudo ou insidioso; como manifestações sistêmicas temos fadiga, mal estar, febre, perda de peso e náusea. Manifestações tipo musculoesqueléticas são basicamente artrite, artralgia e mialgia (erosão óssea é rara). Manifestações cutâneas incluem erupção maculopapular em áreas expostas à luz, eritema “em asa de borboleta” em 50-60 % dos pacientes, alopecia (queda de cabelo), fotossensibilidade. Nos rins observa-se glomerulonefrite, associadas à deposição de imunocomplexos (hipersensibilidade do tipo III); neurológicas podem ser psicose ou depressão. Manifestações vasculares incluem trombose (vasos de vários calibres geralmente associadas a Ac antifosfolipídio) e sangramento (associado à presença de Ac anti fator VIII da cascata de coagulação). A síndrome de Sjogren: afeta até 30% dos pacientes com LES. A síndrome de Sjogren é condição inflamatória que afeta as glândulas que produzem lágrimas e saliva, causando boca e olhos secos. No entanto, a doença pode afetar várias partes do corpo, inclusive os rins e os pulmões. Diagnóstico: É feito pela combinação de sinais, sintomas e achados laboratoriais. Para isso, devem estar presentes pelo menos 4 de 11 critérios em qualquer momento durante a evolução da doença. Achados Laboratoriais no LES: Anemia normocrômica, normocítica (associada a mielossupressão), leucopenia (diminuição da taxa sanguínea de leucócitos), trombocitopenia (baixa quantidade de plaquetas no sangue); Anemia hemolítica (anemia devido à ruptura/destruição das hemácias) ocorre em menos de 15% dos pacientes. No exame de urina pode-se detectar hematúria (presença de sangue na urina), proteinúria (presença de proteínas na urina) e cilindros renais. Além disso, têm-se redução do complemento hemolítico total e de componentes do complemento e aumento dos testes de atividade inflamatória: PCR. Há ainda, presença de anticorpos antinucleares (ANA, FAN): A detecção destes é feita por RIFI (e mais recentemente em microscópio comum), o substrato utiliza linhagem de células humanas (HEp2), podem estar presentes em pacientes acima de 60 anos com mononucleose infecciosa e hepatite autoimune. Vale lembrar que os padrões de anticorpos antinucleares (ANA, FAN) obtidos por imunofluorescência podem estar presentes em outras doenças autoimunes. O Tratamento depende do tipo de acometimento. Artrite é o principal sintoma da doença e pode ser tratado com aspirina em altas doses ou outro anti-inflamatórionão esteroide; Pele deve ser tratada com antimaláricos (hidroxicloroquina ou cloroquina) e corticosteróides tópicos. Se a doença é sistêmica, indica-se também o uso de antimaláricos. No entanto, caso a doença se agrave, indica-se o uso de corticosteróides sistêmicos, no entanto, se não houver melhora ou houver efeitos colaterais graves, parte-se para terapia imunosupressora com agentes citotóxicos. Artrite Reumatóide É uma doença inflamatória crônica multisistêmica que afeta principalmente as articulações periféricas Frequentemente verifica-se deformidade. As manifestações extra articulares são vasculite, nódulos subcutâneos, atrofia da pele e músculos, novamente afeta predominantemente as mulheres (3:1) com pico entre 40-60 anos. Patogenia imunológica: A doença resulta de resposta a um evento ambiental (infecção??) em indivíduo susceptível. Os agentes infecciosos são frequentemente a Borrelia burgdoferi e EBV(??). Essa susceptibilidade é dada por alelos do HLA de classe II. O gatilho para a doença ainda é desconhecido, por isso tantas ?? nos slides e aqui no resumo. Mas acredita-se que fatores genéticos (especialmente HLA-DR1 e HLA-DR4), tabagismo e possivelmente infecções parecem contribuir. “Vírus e bactérias podem cair na corrente sanguínea e desencadear um desequilíbrio no sistema imunológico, resultando assim num quadro de artrite reumatoide” infecções urinárias, dores de dente e dores de garganta são alguns dos fatores. Além disso, ainda na patogenia, há um grande envolvimento de macrófagos (TNF-a e IL-1) que vão atuar causando destruição da cartilagem. As células B também vão ser ativadas, aumentando a produção de fatores reumatoides, onde o Imunocomplexo (FR – IgG) causará a amplificação do processo inflamatório. Os neutrófilos também secretarão EROs (espécies reativas de oxigênio) e proteases, agravando o processo. Manifestações: Tem início entre os 40 a 60 anos de idade e são gerais as manifestações articulares que conferem rigidez e dor articular, fatores que se agravam pela manhã (rigidez matinal). Na fase inicial há o acometimento de pequenas articulações das mãos e pés, de forma simétrica; em estágios mais avançados o acometimento passa a grandes articulações, sendo que até mesmo a coluna cervical pode estar afetada. Há presença de deformidades articulares como o desvio ulnar dos dedos, deformidade em casa de botão ou mesmo em pescoço de cisne. Algumas manifestações extra-articulares incluem os nódulos reumatóides (subcutâneos ou subperiósteos) em 20-25% dos pacientes; vasculite e síndrome de Sjögren (descritano LES, acima) que acomete em até 30% dos pacientes. Como achados laboratoriais temos anemia normocitica e normocrômica, trombocitose (número excessivo de plaquetas), elevação de proteínas de fase aguda (PCR). Aumento dos níveis do fator reumatóide (80% dos pacientes), mas deve-se levar em conta que o FR pode estar presente em várias outras doenças como LES, síndrome de Sjögren, hepatite C, processos malignos e em idosos. Frequentemente ele está ausente nas fases iniciais da doença. Além disso, temos presença de anticorpos antinucleares e presença de anticorpos anti-CCP (peptídeo citrulinado cítrico) que são uteis no diagnóstico de AR em pacientes com Fator Reumatóide negativo, estão presentse em 70% dos pacientes com AR nas fases iniciais da doença e predizem evolução mais agressiva da doença. Para o diagnóstico da artrite reumatoide segundo critérios o American College of Rheumatology – ACR -1987, são necessários 4 de 7 critérios para fazer diagnóstico de AR, sendo que os critérios 1-4 devem estar presentes por pelo menos 6 semanas. Critérios: (1) Rigidez matinal: rigidez articular durando pelo menos 1 hora; (2) Artrite de 3 ou mais articulações ; (3) Artrite das articulações das mãos; (4) Artrite simétrica; (5) Nódulos reumatoides, (6) Fator reumatóide sérico e (7) Alterações radiográficas. Já segundo os critérios American College of Rheumatology/European League Against Rheumatism - ACR/EULAR – 2010, deve-se analisar os critérios tabelados, atribuindo pontos ao paciente. Nesse caso o paciente deve ter pontuação de pelo menos 6 em 10. É importante o diagnóstico nos primeiros 12 meses de sintoma ⇨ janela de oportunidade terapêutica, além disso nenhum teste isolado (laboratorial, de imagem ou histopatológico) confirma o diagnóstico. O Tratamento é principalmente medicação para aliviar o inchaço e dor articular anti-inflamatórios não esteroidais como diclofenaco (Voltaren); corticosteroides em uso crônico associado a diabetes, hipertensão, osteoporose, catarata, necrose avascular. É utilizado também medicações modificadoras do curso da doença (DMCD) que previnem destruição articular, são indicadas no início do tratamento (3-6 primeiros meses), entre esses DMCDs estão o metotrexato que é o mais usado e melhor tolerado, sendo assim o fármaco padrão. Outras DMCD incluem a hidroxicloriquina mas que apresenta toxicidade ocular. Pode-se usar ainda agentes para terapia biológica como anticorpos anti-TNF ou anti-receptor de TNF ou anti-IL-1. Anticorpo anti CD 20 (depleção de linfócitos B). Como exemplo, tem-se o HUMIRA, um Ac monoclonal anti-TNF-alfa que é usado em pacientes com AR de moderada a grave. Seus efeitos colaterais incluem infecções graves (como tuberculose, infecções por bactérias e fungos) e câncer do tipo linfoma. Podem ocorrer reações alérgicas como eritema e dificuldade para respirar. Esclerose Múltipla Doença autoimune caracterizada por ataques recorrentes do sistema imune ao SNC, em que ocorre destruição da bainha de mielina que envolve os neurônios e dos oligodendrócitos (células produtoras de bainha de mielina). O início dos sintomas vai dos 30 aos 40 anos de idade, mulheres são mais afetadas que homens e é mais comum em caucasianos. A bainha de mielina é um invólucro constituído principalmente por lipídeos que funciona como isolante térmico e facilita a transmissão do impulso nervoso. Nos nervos lesados, pela falta da bainha, o impulso vai se deslocar muito mais lentamente. Epidemiologia: Fatores genéticos prevalentes indicam associação positiva entre EM e HLA – DR2 e fatores étnicos. Fatores ambientais e geográficos indicam um gradiente norte-sul de distribuição com maior prevalência nas regiões mais distantes da linha do Equador, em relação ao clima, são mais prevalentes em umidade e baixas temperaturas já que favorecem desenvolvimento de infecções respiratórias por vírus e bactérias. Os agentes possivelmente envolvidos como causa da EM são EBV, HTLV, vírus do sarampo e vírus da caxumba. Além, disso a baixa exposição à luz solar acarreta na redução dos níveis de vitamina D, o que levou à proposta de um neurologista da UNIFESP a tratar com super doses dessa vitamina. Quadro clínico: É caracterizado por surtos e remissões. Um surto é composto por alterações neurológicas subjetivas ou evidências destas ao exame neurológico, com duração mínima de 24 h, na ausência de febre ou aumento de temperatura corpórea. Uma remissão é caracterizada pela resolução total ou parcial das alterações neurológicas causadas pelo surto, com duração mínima de 1 mês. Sintomas iniciais: A EM pode ser monossintomática ou polissintomática. Entre os sintomas estão paresia (perda parcial da motricidade) em um ou mais membros, parestesia (sensações cutâneas como formigamento, pressão, frio ou queimação não causadas por estímulo exterior ao corpo), desequilíbrio na marcha (marcha atáxica deficiência na capacidade em coordenar os movimentos necessários para a caminhada normal), perda visual unilateral ou bilateral (neurite óptica),visão dupla, fadiga e fraqueza. Podem ocorrer sintomas de disfunção urinária e intestinal, bem como comprometimento sexual. Formas clínicas: Pode ser remitente-recorrente, onde há surtos e remissões com recuperação integral inicialmente e é a forma mais frequente, ou seja, vai haver um surto, as alterações vão cessar por parcialmente ou por completo por um tempo, e então haverá a um novo surto. A forma Secundariamente progressiva onde inicialmente é remitente-recorrente e algum tempo depois (5-10 anos) evolui de forma progressiva. Outra forma clínica, a Primariamente progressiva, é a forma menos frequente, no entanto mais comum quando a EM inicia ao redor dos 40 anos de idade; desde o início evolui lenta e progressivamente, com surtos leves e melhoras fugazes. E por fim, a forma benigna que é caracterizada por surto inicial e possivelmente apenas um surto adicional, que pode demorar 20 anos com recuperação total entre os episódios. Diagnóstico: É feito a partir de estudo de potenciais evocados auditivos e visuais. Um potencial evocado ou resposta evocada é um potencial elétrico registrado do sistema nervoso de um humano seguido da apresentação de um estímulo, distinto dos potenciais espontâneos detectados por eletroencefalografia (EEG), eletromiografia (EMG) ou outro método de registro de eletrofisiologia. Além disso, faz-se exame do líquido céfalo-raquidiano (LCR): que é positivo para altos níveis de IgG, pleiocitose (Presença de linfócitos em número excessivo no líquido cefalorraquidiano) leve, presença de 2 ou mais bandas de IgG oligoclonal na eletroforese; Ou, por fim, utiliza-se a ressonância magnética nuclear, onde se detecta a presença de lesões (placas) na substância branca em 95% dos pacientes. Tratamento: Quando sintomático deve-se focar no alívio dos sintomas (dores, fadiga, tremores). Quando de surto, objetiva-se reduzir o tempo e gravidade dos surtos, evitando danos aos axônios, para tal utiliza-se corticosteroides (metilprednisolona). Pode utilizar também um tratamento preventivo mediado por drogas imunomoduladoras a fim de reduzir o número de surtos, modificar o curso, a progressão da doença. Utiliza-se ainda interferon beta e acetamato de glatirâmer (injetável). Além disso, pode-se utilizar anticorpos monoclonais: Natalizumabe: impede entrada de células inflamatórias no cérebro; Alentuzumabe: depleção prolongada de linfócitos T; Fingolimode (oral): inibe migração de DC para órgãos linfoides e Suplementação de vitamina D. Prognóstico: Alguns fatores contribuem para um bom prognóstico, por exemplo o início em adulto jovem, surto inicial monosintomático, baixo índice de surtos nos primeiros 2 anos, intervalo longo entre os surtos, poucas alterações motoras, poucas alterações residuais após os surtos.
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