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SEGURANÇA DE VOO Professor: Carlos Alberto de Souza e Silva www.aerocurso.com 1. SEGURANÇA DE VOO As atividades de investigação e prevenção de acidentes aeronáuticos no Brasil remontam à década de 20. Com o advento da aviação militar tanto na Marinha quanto no Exército, as investigações de acidentes ou incidentes aeronáuticos buscavam sempre a apuração de responsabilidade, através de inquérito. Da aviação civil brasileira, então incipiente, não se têm muitas notícias. Sabe-se que até o início dos anos 30 não existia forma alguma de controle ou registro das ocorrências. Com a criação do Ministério da Aeronáutica, em 1941, essas investigações foram unificadas sob a jurisdição da antiga Inspetoria Geral de Aeronáutica, e passaram a sofrer um processo de constante evolução. Após a criação da OACI (1944), em 1948, foi aprovado o regulamento para o serviço de investigação de acidentes aeronáuticos. Em 1951 nasce a sigla SIPAER para identificar o Serviço de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, sendo aprovado em 1965 o novo regulamento para o serviço. Uma nova filosofia foi criada e começou a ser difundida. Os acidentes passam a ser vistos a partir de uma perspectiva mais global e dinâmica. A palavra inquérito foi incondicionalmente substituída por investigações que passaram a ser realizadas com um único objetivo: a “prevenção de acidentes aeronáuticos”. Com isso as investigações são concentradas nos aspectos básicos, identificados e relacionados com a atividade aeronáutica e grupados nos fatores humanos, materiais e operacionais. Em 1971 houve a substituição do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos passando a denominar-se Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos – CENIPA – como órgão central da SIPAER. Em 1982, o CENIPA passou a ser uma organização autônoma. Esse novo patamar administrativo permitiu ao Centro tornar-se mais funcional, objetivo e dinâmico no seu trabalho de prevenção de acidentes e incidentes aeronáutico. Nessa mesma ocasião foi criado o Comitê Nacional de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CNPAA) sob coordenação do CENIPA. É assim que atualmente, o Comando da Aeronáutica, através do CENIPA, desenvolve sua política e filosofia de segurança de voo para todos os segmentos da comunidade aeronáutica. 1.1 SEGURANÇA DE VOO A NÍVEL INTERNACIONAL ICAO – ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL O Conselho adotou inicialmente as normas e práticas recomendadas para investigação de acidentes aeronáuticos em 11 de abril de 1951, de acordo com o disposto no Artigo 37 da Convenção sobre Aviação Civil Internacional (Chicago, 1944), com a designação de Anexo 13 à Convenção. As normas e práticas recomendadas se apoiaram em recomendações formuladas pelo Departamento de investigação de acidentes em sua Primeira Conferência, celebrada em fevereiro de 1946, as quais se desenvolveram posteriormente na Segunda Conferência do Departamento, celebrada em fevereiro de 1947. 1.1.1 OBJETIVOS DA ICAO aeroportos; 1. Assegurar o desenvolvimento seguro e ordenado da 2. aviação civil internacional no mundo; 3. Estimular o desenvolvimento de aerovias(rotas), 4. Evitar competição ruinosa; 5. Evitar discriminação entre os Estados. 6. Contribuir para a segurança dos voos internacionais Através da padronização das regras. 1.1.2 ICAO Anexo 13 - Investigação de Acidentes e Incidentes Aeronáuticos. Documento técnico que contém as normas e procedimentos recomendados a serem aplicados pelos estados contratantes em relação à investigação de acidentes e incidentes aeronáuticos. São responsabilidade dos estados contratantes: - Eliminação das deficiências quanto a segurança; - Incorporação dos processos técnicos; - Revisão contínua dos regulamentos. Pontos extraídos do ANEXO 13: a) que estude a possibilidade de iniciar um procedimento uniforme que possam utilizar os Estados para dispor rapidamente dos relatórios sobre investigações e investigação de acidentes aeronáuticos, especialmente quando se tratar das grandes e modernas aeronaves de transporte, a fim de que possa melhorá-la divulgação de tais relatórios em todos os Estados contratantes; b) que estude se for possível estabelecer procedimentos em virtude dos quais o Estado fabricante ou o Estado que certificou pela primeira vez o tipo de aeronave em questão, nos casos apropriados e prévio convite, possa facilitar técnicos competentes para consulta ou assessoramento na investigação dos acidentes, e que a base dos resultados de dito estudo: l) determine o meio mais prático para assegurar-se de que têm que derivá-los benefícios máximos possíveis dos conhecimentos especializados de ditos técnicos e que se notifique consequentemente a todos os Estados contratantes; ll) conclame a todos os Estados contratantes a que cooperem na utilização de tais técnicos a fim de contribuir à segurança da navegação aérea”; 2) “Conclame a todos os Estados contratantes a que façam oportunamente uma notificação dos acidentes aeronáuticos, especialmente quando se tratar de grandes e modernas aeronaves de transporte, ao Estado fabricante ou ao Estado que certificou pela primeira vez o tipo de aeronave, sempre que se considere apropriada sorte medida. ” “O Conselho recomenda as normas e práticas recomendadas para investigação de acidentes aeronáuticos que contém o Anexo 13 à Convenção, como procedimentos que os Estados contratantes têm que seguir ao fazer estas investigações de acidentes que impliquem morte ou lesões graves, instituídas de conformidade com as disposições do Artigo 26” 1.2 SEGURANÇA DE VOO EM NÍVEL NACIONAL O comando da Aeronáutica – COMAER – órgão pertencente à estrutura do Ministério da Defesa, é o responsável pela investigação e prevenção de acidentes aeronáuticos, através do CENIPA, em toda área de responsabilidade do Brasil. SIPAER O sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, instituído em 1971, tem a finalidade de planejar, orientar, coordenar, controlar e executar, através do órgão central, as atividades de investigação e prevenção de acidentes aeronáuticos. 1.2.1 HISTÓRICO E A RESPONSABILIDADE DO COMANDO DA AERONÁUTICA Em 1908 um balão pilotado pelo tenente Juventino da Fonseca teve pane na válvula de gás que gerava o aquecimento do ar. O balão caiu e o tenente Juventino veio a óbito. Esta seria a primeira investigação de um acidente aéreo. As atividades de investigação e prevenção de acidentes aeronáuticos, no Brasil, remontam à década de 20. Com o advento da aviação militar, tanto na Marinha, quanto no Exército, as investigações dos acidentes ou incidentes aeronáuticos buscavam, sempre, a apuração de responsabilidade, através do inquérito. Era a época do ITS – Inquérito Técnico Sumário (1944) que buscava um culpado para os acidentes / incidentes. 1.2.2 SIPAER – PRINCIPIOS FILOSÓFICOS E CONCEITOS Os princípios que fundamentam a ação do SIPAER são as seguintes: - Todos os acidentes resultam de uma sequência de eventos e nunca de uma causa isolada; - Todo acidente tem um precedente; - Todos os acidentes podem ser evitados; - A prevenção de acidentes é uma tarefa que requer mobilização geral; - O propósito da prevenção de acidentes não é restringir a atividade aérea, e sim estimular seu desenvolvimento com a segurança; - Os comandantes, diretores, chefes e proprietários são os principais responsáveis pelas medidas de segurança; - Reportar incidentesé prevenir acidentes; - A segurança de voo é um processo contínuo, onde homens com o mesmo ideal, conscientes e em ação, procuram atingir e garantir seus ideais, dentro da mais profunda e harmoniosa cooperação. 1.2.2.1 CENIPA COMO ÓRGÃO CENTRAL DO SIPAER Em 1951, nasce a sigla SIPAER para identificar o Serviço de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos. Em 1965, o Serviço torna- se Sistema. Em 1971, através do Decreto Nº. 69.565, nasceu o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos - CENIPA - como órgão central do SIPAER. Uma nova filosofia foi então criada e começou a ser difundida. Os acidentes passaram a ser visto a partir de uma perspectiva mais global e dinâmica. A palavra inquérito foi incondicionalmente substituída. As investigações passaram a ser realizadas com um único objetivo: a "prevenção de acidentes aeronáuticos". Para levar sua missão a termo, dentro de seu Programa Anual de Trabalho, o CENIPA desenvolve diversas atividades educacionais, operacionais e regulamentares. Como órgão central do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos - SIPAER tem como atribuição a supervisão, o planejamento, o controle e a coordenação de atividades afins, em perfeita consonância com todos os seus elos, na cadeia de comando operacional. É da análise técnico-científica de um acidente ou incidente aeronáutico que se retiram valiosos ensinamentos. Esse aprendizado, transformado em linguagem apropriada, é traduzido em RECOMENDAÇÕES DE SEGURANÇA específicas e objetivas ao fato, acarretando ao seu destinatário (proprietário, operador de equipamento, fabricante, piloto, oficina, órgão governamental, entidade civil, etc.), a obrigação do cumprimento de uma ação ou medida que possibilite o aumento da segurança ou a otimização de mecanismos capazes de eliminar ou diminuir a potencialidade de um desvio identificado. Na área educacional, o CENIPA promove, ao longo de cada ano, um calendário de seminários e cursos de segurança de voo, destinados à formação, à atualização e ao aperfeiçoamento do seu pessoal, bem como o intercâmbio de informações com países amigos. É assim que, hoje, o Comando da Aeronáutica, através do CENIPA, desenvolve sua Política e Filosofia de Segurança de Voo para todos os segmentos da comunidade aeronáutica brasileira. ESTRUTURA DO SIPAER O Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos é composto pelos órgãos, que se constituem nos Elos-SIPAER, e pelas pessoas devidamente qualificadas e credenciadas nos termos da regulamentação do SIPAER. Todas as organizações deverão ter em sua estrutura organizacional, obrigatoriamente, um Elo-SIPAER, diretamente subordinado aos seus respectivos Presidente, Diretores, Comandantes, Chefes ou congêneres, devendo ter claramente estabelecidas, em documento próprio, as linhas de responsabilidade por suas atividades específicas. A estrutura orgânica do Elo-SIPAER é parte integrante do Gerenciamento de Segurança Operacional da organização. Na estrutura do SIPAER encontramos órgãos destinados a prevenção de acidentes aeronáuticos e órgãos destinados a prevenção e investigação de acidentes aeronáuticos. CONSTITUIÇÃO BÁSICA CENIPA - Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos: órgão central do SIPAER que tem sua estrutura definida em regulamento e regimento interno próprios. GC-5 - Assessoria de Controle do Espaço Aéreo, Segurança de Voo e de Aviação Civil: setor pertencente à estrutura do Gabinete do Comandante da Aeronáutica (GABAER). DPAA - Divisão de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos: setor pertencente às estruturas do Comando-Geral de Operações Aéreas (COMGAR); do Comando-Geral de Apoio (COMGAP); do Departamento de Ensino da Aeronáutica (DEPENS) e do Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA). ASEGCEA - Assessoria de Segurança Operacional do Controle do Espaço Aéreo: setor pertencente à estrutura do Departamento de Controle do Espaço Aéreo - DECEA. SERIPA - Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos: organização do COMAER, subordinada administrativamente ao COMAR (Comandos Aéreos Regionais) em cuja área está sediada e, técnica e operacionalmente, ao CENIPA, tendo sua estrutura definida em regulamento e regimento interno próprios. SPAA - Seção de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos: setor pertencente às estruturas dos COMAR; da DIRMAB (Diretoria de Material Aeronáutico e Bélico); e das FAE (Forças Aéreas). SIPAA - Seção de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos: setor pertencente às estruturas das unidades aéreas, bem como das OM que sejam sede de unidade aérea ou que possuam aeronave orgânica. SIPACEA - Seção de Investigação e Prevenção de Acidentes e Incidentes do Controle do Espaço Aéreo: setor pertencente às estruturas do SRPV (Serviço Regional de Proteção ao Voo) e CINDACTA (Centros Integrados de Defesa Aérea e de Controle de Tráfego Aéreo). ASSIPACEA - Assessoria de Investigação e Prevenção de Acidentes e Incidentes do Controle do Espaço Aéreo: setor pertencente às estruturas dos Destacamentos de Controle do Espaço Aéreo (DTCEA) e Grupos de Comando e Controle (GCC). GGIP - Gerência Geral de Investigação e Prevenção: setor pertencente à estrutura da Agência Nacional de Aviação Civil. Elo-SIPAER - setor de gerenciamento da segurança operacional pertencente à estrutura das organizações. DIPAAA - divisão de Investigação e Pesquisa de Acidentes Aeronáuticos pertence à estrutura do CENIPA, atualmente tendo por competência: - Realizar investigação de acidentes aeronáuticos, de incidentes aeronáuticos e de ocorrências de solo, de acordo com a regulamentação estabelecida pelo SIPAER; - Supervisionar e analisar as atividades de investigação realizadas pelo elos do SIPAER; - Orientar, coordenar e controlar atividades de natureza técnica, ligadas às investigações desenvolvidas pelo SIPAER; - Elaborar os relatórios finais de acidentes aeronáuticos, de incidentes aeronáuticos e de ocorrências de solo de responsabilidade do SIPAER; - Propor a indicação de representantes acreditados para o acompanhamento das investigações de interesse do SIPAER ocorridas no exterior, em conformidade com o ANEXO 13 da OACI; - Emitir e distribuir os relatórios “Final Report” em conformidade com os dispositivos previstos no ANEXO 13 da OACI e com a regulamentação estabelecida pelo SIPAER; - Propor, quando cabível, o estabelecimento de programas específicos e de projetos de acordo com as necessidades ditadas pela segurança de voo; - Propor, no que lhe couber, a atualização da regulamentação relativa ao SIPAER. PPAA - Programa de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos da Aviação Civil Brasileira - é o documento que consolida orientações adotadas pelo CENIPA, no âmbito das competências do SIPAER. CNPAA - O comitê Nacional de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, sob a coordenação do CENIPA, tem por finalidade reunir representantes de entidades nacionais envolvidas, direta ou indiretamente, com a atividade aérea, com o objetivo de estabelecer a discussão, em nível nacional, de soluções para problemas ligados a segurança de voo. ELOS – SIPAER Órgão, cargo ou função dentro da estrutura das organizações que tem por responsabilidade do trato dos assuntos de segurança de voo. Tem suas atribuições estabelecidas na NSMA 3-2 “Estrutura e Atribuições do SIPAER”. OFICIAL DE SEGURANÇA DE VOO (OSV) – É um oficial militar credenciado pelo CENIPA através da conclusão do Curso de Segurança de Voo, designado parao desempenho das atividades de prevenção e investigação de acidentes e incidentes aeronáuticos. AGENTE DE SEGURANÇA DE VOO (ASV) – É o civil credenciado pelo CENIPA, exercendo funções específicas de prevenção e investigação de acidentes e incidentes aeronáuticos dentro das Cias Aéreas. EC - Elementos Credenciados / Certificado: cada um dos profissionais matriculados no SIPAER e credenciados pelo CENIPA, estando ou não vinculados a alguma organização integrante do Sistema. SUBORDINAÇÃO Os SERIPA são subordinados técnica e operacionalmente ao CENIPA. As DPAA, ASEGCEA, SPAA, SIPAA, SIPACEA e a ASSIPACEA são subordinadas diretamente ao Comandante, Diretor ou Chefe da organização a que pertencem. Os Elos-SIPAER das organizações são subordinados diretamente ao detentor do mais elevado cargo executivo da organização, independentemente do título a ele atribuído (Presidente, Diretor, Chefe, CEO etc), sobre quem recai, em última análise, a responsabilidade objetiva pela segurança operacional da organização.
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