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AMIGDALITE BACTERIANA Faculdade de Medicina de Lisboa Cadeira de Microbiologia 3.º ano de Medicina Assistente: Dra. Sara Carvalho P20 2008/09 Carolina Correia Telma Calado Vânia Caldeira Amigdalite Infecção das amígdalas Principal sintoma: dor de garganta Casos graves ou recorrentes → amigdalectomia Etiologia viral ou bacteriana Agente bacteriano mais frequente: Streptococcus pyogenes Fig.1 – Amígdalas edemaciadas, hiperemiadas e purulentas Etiologia Viral Rhinovírus Coronavírus Adenovírus Vírus parainfluenza Vírus influenza Citomegalovírus Coxsackie A e outros enterovírus Vírus Epstein-Barr Vírus Herpes Simplex tipo I Fig.2 – Adenovírus Etiologia Bacteriana Streptococcus pyogenes Corynebacterium diphtheriae Neisseria gonorrhoeae Haemophilus influenzae Arcanobacterium spp. Borrelia vicenti e bacilos fusiformes (Angina de Vicent) Figs. 3 e 4– Streptococcus pyogenes. Colheita de Exsudado Pedir ao doente para respirar fundo com a boca aberta Baixar a língua com uma espátula Fazer a colheita com uma zaragatoa seca, colher o exsudado da faringe posterior ou amígdalas, sem tocar nas paredes da cavidade bucal, língua ou úvula Colocar a zaragatoa dentro de um tubo esterilizado, seco, adequado Colheita de Exsudado No caso de suspeita de Corynebacterium diphteriae ou Neisseria gonorrhoeae são necessários meios de cultura adequados Nunca refrigerar a amostra, manter à temperatura ambiente até a enviar Corynebacterium Bastonete Gram + Aeróbias ou anaeróbias facultativas Imóveis e catalase + Fermentam carbohidratos – subproduto: ác.láctico Algumas espécies precisam de suplementação de meios lipídicos para crescimento adequado Fig. 5 – Corynebacterium diphtheriae. Corynebacterium - estrutura Parede celular: Arabinose Galactose Ácido mesodiaminopimélico Ácidos micólicos de cadeias curtas (22-36 átomos C) Únicos corineformes com ác. Micólicos Configurações em V ou Y Fig. 6 – Parede celular de Gram +. Fig. 7 – Parede celular de Corynebacterium. Corynebacterium - espécies Microorganismo Doenças C.diphtheriae Difteria (respiratória,cutânea); faringite eendocardite C.jeikeium(grupo JK) Septicémia,endocardite,infecções de feridas, infecções de corpos estranhos (cateter, shunt, prótese) C.urealyticum(grupo D2) Infecções urinárias,septicémia,endocardite, infecções de feridas C.amycolatum Infecções de feridas e de corpos estranhos,septicémia, infecções urinárias, infecções respiratórias C.macginleyi Infecções oculares C.minutissimum Infecções de feridas, infecçõesrespiratórias C.pseudodiphtheriticum Infecções respiratórias,endocardite C.pseudotuberculosis Infecçõesurinárias (mulheres) C.riegelli Infecções urinárias (mulheres) C.striatum Infecções de feridas, infecções respiratórias, infecções de corpos estranhos C.ulcerans Difteriarespiratória Tabela 1 – Espécies de Corynebacterium associadas a doenças humanas. Corynebacterium diphtheriae Bastonete pleomórfico Gram + 0,3 - 0,8 x 1,0 - 8,0 μm Cresce bem em lípidos Anaeróbio facultativo 4 biotipos: Gravis Mitis Belfanti Intermedius Fig. 8 – Coloração Gram de Corynebacterium diphtheriae. Raramente associados à difteria Corynebacterium diphtheriae Virulência: Toxina diftérica – exotoxina A-B Inactiva EF-2 Outros – cepas não toxigénicas Não necessita de entrar na corrente sanguínea Epidemiologia: Distribuição mundial mantida Humanos único reservatório Disseminação pessoa a pessoa Fig. 9 – Corynebacterium diphtheriae. Corynebacterium diphtheriae Diagnóstico: Microscopia inespecífica Meios não selectivos (ágar-sangue) e selectivos (ágar-cisteína-telurito; ágar-plasma-telurito) Teste de Elek (reacção da polimerase em cadeia) Tratamento: Antitoxina diftérica, penicilina ou eritomicina Imunização com toxóide diftérico Administração de vacinas Fig. 10 – Corynebacterium diphtheriae mitis, em ágar-chocolate-telurito Corynebacterium diphtheriae Difteria respiratória: Início súbito Faringite exsudativa Dor de garganta Febre baixa Mal-estar Pseudomembrana espessa sobre a faringe Doentes críticos: obstrução respiratória, arrimias, coma e morte Fig. 11 – Difteria respiratória – amigdalite supurativa. Neisseria Família Neisseriaceae 10 espécies em humanos 2 espécies patógeneos estritamente humanos: Neisseria gonorrhoeae Neisseria meningitidis Restantes: mucosa orofaringe e nasofaringe Fig. 12 – Neisseria meningitidis. Fig. 13 – Neisseria gonorrhoeae. Neisseria Diplococos Gram – 0,6 – 1,o μm diâmetro Aeróbios Imóveis Não formam endósporos Oxidase + Produtoras de catalase Produzem ácidos por oxidação dos carbohidratos → testes diferenciar as espécies patogénicas Fig. 14 – Neisseria gonorrhoeae. Neisseria - estrutura Parede celular: Típica Gram – Camada peptidoglicano no meio da membrana cit.interna e externa Neisseria gonorrhoeae: Sem cápsula glícidica verdadeira Superfície celular com carga (-) semelhante à cápsula Pili Proteínas Por , Opa, Rmp Fig. 15 – Parede celular de Gram –. Neisseria gonorrhoeae Diplococos Gram – Meios complexos: cistina, aa, purinas, pirimidinas, vitaminas Ambientes secos e AG prejudiciais 35 – 37ºC + atmosfera húmida c/ CO2 Oxidase e catalase + Produzem ácido pela oxidação da glicose Superfície externa: Proteína PorB Β-lactamase Fig. 16 – Coloração Gram de Neisseria gonorrhoeae. Neisseria gonorrhoeae Epidemiologia: Humanos únicos hospedeiros naturais Portador pode ser assintomático Transmissão contacto sexual Diagnóstico: Coloração Gram de espécies ureterais é específica apenas no homem Cultura sensível e específica Testes de amplificação de ác. Nucleicos Tratamento: Ceftriaxona, fluoroquinolona, penicilina Doxiciclina ou azitromicina – infecções por Clamydia Profilaxia recém-nascidos: nitrato de Ag a 1% Uso preservativo e espermicidas com nonoxixol-9 Fig. 17 – Crescimento de colónias de Neisseria gonorrhoeae em chocolate-ágar. Haemophilus Familia Pasteurellaceae Cocobacilos ou bastonetes pequenos Pleomórficos Gram – Anaeróbios facultativos Fermentadores Maioria das espécies requer hemina e NAD para o crescimento Fig. 18 – Colorações de Gram de Haemophilus influenzae. Haemophilus - estrutura Parede celular Típica de bastonetes Gram - Lipopolissacarídio com actividade de endotoxina Membrana externa – proteinas espécie e estirpe especificos. Fig. 19 – Estrutura de bactérias Gram- Haemophilus - espécies Tabela2 – Espécies de haemophilus associadas a doença humana Virulência: O H. influenzae tipo b é o mais virulento – PRP na cápsula O Haemophilus adere às células hospedeiras via pilli e outras estruturas Haemophilus influenzae Diferenciação sorológica: Presença de antigénios capsulares Sorotipos de a-f Tipo b – mais virulento (vacina HIB) Diferenciação bioquímica: Biotipos de I-VIII Reacções bioquímicas – produção de indol, urease e ornitina descarboxilase Diferenciação em biogrupos: Utilização clinica Biogrupo aegypticus – febre purpúrica brasileira Fig. 20 – Haemophilus influenzae. Haemophilus Epidemiologia: Haemophilus não-capsulados colonizam o ser humano A maioria das infecções é causada pela própria flora bacteriana Diagnóstico: Microscopia Cultura em gelose de chocolate Testes de antigénios Terapêutica: Cefalosporinas de largo espectro, azitromicina ou fluoroquinolonas Imunização com vacinas PRP conjugadas – H. influenzae tipo b Profilaxia - rifampina Fig. –Haemophilus influenzae. Arcanobacterium haemolyticum Fig. – Amigdalite Bastonetes curineformes Pleomórficos Gram + Anaeróbios facultativos Fermentadores Não móvel e não esporulado Doenças – faringite, celulite, sepsis, endocardite. Arcanobacterium haemolyticum Patogénese: Produção de agentes hemolíticos – neurominidase e PLD Associação a manifestações cutâneas Diagnóstico: Microscopia Cultura em gelose de sangueExames imagiológicos Terapêutica: Penicilina Eritromicina Fig. 21 – Arcanobacterium haemolyticum Borrelia Espiroquetas Bactérias Gram- Microaerófilas 0,2 – 0,5µm x 8-30 µm Necessidades nutricionais complexas (N-acetilglicosamina e ácidos gordos de cadeia longa saturados e insaturados) Crescem lentamente em cultura Colorações de Giemsa e Wright Fig. 22 – Estrutura da Borrelia. Borrelia - estrutura 7 a 20 flagelos periplásmicos Motilidade de torção Fig. 23 – Estrutura da Borrelia. Borrelia Doenças associadas: febre recorrente e doença de Lyme Diagnóstico: Microscopia Sorologia Fisiopatologia: Fig. 24- Borrelia burgdorferi . Exposição ao artrópode infectado Sangue Tecidos e Órgãos Rapidamente eliminado Rearranjo genético e variação antigénica Resposta imunitária específica Borrelia Terapêutica Febre recorrente tetraciclina, eritromicina Doença de Lyme amoxicilina, doxicilina, cefuroxima, ceftriaxona, penicilina G Prevenção Evitamento ambiente natural dos artrópodes Medidas de protecção neste meio Controlo de roedores (saúde pública) Vacinas recombinantes (em desenvolvimento) Fig. 25 – Leite corporal repelente de insectos Borrelia vincenti Patogénio ou saprófita? Lesões ulcerativas: Orofaringe Gengivas Lábios Escroto (gangrena Fournier) Pele Fig. 26 – Gengivite ulcerativa necrosante. Fusobacterium Bastonetes alongados e fusiformes Bactérias Gram- Anaeróbias Crescem lentamente em cultura Factores de virulência: Adesinas (lectina) – F. nucleatum Resistência à toxicidade do oxigénio (superóxido dismutase e catalase) Destruição tecidual por enzimas citotóxicas (fosfolipase C) – F. necrophorum Protecção antifagocítica (LPS) – Fusobacterium sp. Fig. 27 – Fusobacterium nucleatum. Fusobacterium Doenças associadas: Infecção respiratória superior Abcesso cerebral Diagnóstico: Microscopia Cultura Identificação bioquímica Terapêutica: Metronidazol Beta-lactâmicos associados a inibidores da beta-lactamase Fig. 28 – Cultura de Fusobacterium necrophorum. Angina de Vincenti Estado inflamatório agudo da mucosa da orofaringe Ulceração com bordos talhados de fundo amarelo-acinzentado com adenopatia submaxilar Fig. 29 – Angina de Vincent na amígdala esquerda. A úlcera sangra facilmente quando esfregada. Angina de Vincenti Infecção aguda necrosante causada pela combinação de: Borrelia vincenti + Fusobacterium Sintomas/Manifestações clínicas: Ulceração unilateral da amígdala Dor e inflamação gengival Hemorragia oral Otalgia secundária homolateral Mau paladar Hálito fétido (halitose) Linfadenopatia Fig. 30 – Angina de Vincent com gengivite. Angina de Vincenti Diagnóstico: Colheita do material faríngeo (zaragatoa) Exame Directo: esfregaço + carbolfucsina diluída (Zielh-Neelsen) Observação de muitas espiroquetas e bacilos fusiformes confirmação diagnóstico Terapêutica: Penicilina Metronidazol Clindamicina Fig. 31 – Terapêutica para a Angina de Vincent. Outros agentes etiológicos Bordetella pertussis (faringite da tosse convulsa) Yersinia enterocolitica Treponema pallidum (sífilis secundária) Mycoplasma pneumoniae Chlamydia pneumoniae Fig. 32 – Bordetella pertussis. Fig. 33– Yersinia enterocolitica. Bibliografia - Livros Kasper et al; Harrison – Medicina Interna; McGrawHill; 16ªedição; 2006 Murray et al; Microbiologia Médica; Elsevier; 5ª edição; 2006 Bibliografia - Internet http://www.ghorayeb.com/Index.html http://www.lookfordiagnosis.com/ http://www.scribd.com/ http://www.itg.be/ http://www.ehagroup.com/resources/pathogens/ http://www.saludalia.com/docs/Salud/web_saludalia/temas_de_salud/doc/otorrinolaringologia/doc/doc_amigdalitis.htm http://www.mayoclinic.com/health/tonsillitis/DS00273/DSECTION=causes http://www.nhs.uk/Conditions/Tonsillitis/Pages/Causes.aspx?url=Pages/What-is-it.aspx