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TEMPOS DE EXCEÇÃO: REIVINDICAÇÕES DOS DIREITOS SOCIAIS NO PLANO INTERNACIONAL

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TEMPOS DE EXCEÇÃO: REIVINDICAÇÕES DOS DIREITOS SOCIAIS NO PLANO INTERNACIONAL[1: Resumo orientado pelo professor do Curso de Direito na Universidade Federal de Goiás- Jataí, Dr. Hugo Luis Pena Ferreira.]
FRANCO, Ana Gabriela Carneiro
 ROSA, Jennainy Alves Pereira.[2: Acadêmicas de Direito na Universidade Federal de Goiás - Jataí. Email: anagabi28@hotmail.com ejenna_iny@hotmail.com. Contato: (64) 99608-0749 e (64) 99208-5357.]
Eixo Temático: Exceção nos Direitos Sociais.
Palavras-chave: Novos Sujeitos; divergências doutrinárias; Direito Internacional Público; Exceção; Direitos Sociais.
Resumo
O artigo trata da possibilidade de pleitear os direitos sociais no âmbito internacional, a partir da modernização do Direito Internacional Público (DIP) que implicou novos sujeitos com prerrogativas neste cenário. Dessa forma, a pesquisa também pautou-se na controvérsia doutrinária acerca de quais seriam estes novos entes. Sendo assim, foi elaborado uma tabela para a apresentação das principais perspectivas sobre o assunto.
Objetivo
 Analisar o surgimento do indivíduo como sujeito de DIP, de forma a relacionar com a possibilidade de recorrer à esfera internacional, na busca pela conferência de direitos fundamentais e sociais, sem a intervenção Estatal.
Para tanto, comparar as principais concepções doutrinárias acerca dos sujeitos de DIP, tendo em vista a controvérsia que existe em relação a quais entes jurídicos gozam de prerrogativas em relação aos direitos e deveres no âmbito internacional.
Abordagem teórica
A ocorrência da exceção no interior dos Estados desperta a relevância temática de possibilidade de recurso à normatividades para além do Estado, como expediente para ressalvar direitos sociais. Nesse sentido, há, em DIP, um debate acerca de qual seria a extensão destes legitimados a pleitear direitos perante a normatividade internacional. Ao passo que autores de vertente mais tradicional ou conservadora enfatizam o papel do Estado - considerando -o como sujeito exclusivo ou ao lado de Organizações Internacionais-, os vanguardistas têm buscado abranger outros sujeitos, como indivíduos, ONG'S e movimentos sociais. 
Nesse sentido, é pertinente citar a condenação do Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos, a qual determinou que o país deveria localizar os mortos e responsabilizar os culpados das torturas e desaparecimentos de membros do PCdoB (Partido Comunista do Brasil) e de camponeses na Região Araguaia, entre os anos de 1972 e 1975, época referente à Ditadura Militar. A primeira condenação ocorreu em 2010, quando o Brasil foi encarregado de produzir um relatório com as reparações previstas, com prazo estabelecido até março de 2015. Contudo, em 2014, a Corte decidiu que o Estado descumpriu a determinação de investigar o paradeiro e identidade dos corpos, violando também o direito dos familiares das vítimas. 
Outro fato relevante foi o ocorrido com o jornalista Vladimir Herzog, que foi preso arbitrariamente, torturado e encontrado morto como vítima de um suposto suicídio nas dependências do 2° Exército, no ano de 1975. A versão oficial da morte foi contestada pelos membros de movimentos sociais e sua família, que entrou com uma ação na qual a União foi responsabilizada pelo episódio. No dia 10 de julho de 2009, foi apresentada uma petição à Corte Interamericana de Direitos Humanos que alegava a responsabilidade do Brasil neste caso. Em 2015, a Corte emitiu um relatório responsabilizando o Brasil, além de estabelecer que o Estado deve promover medidas para garantir a punição às violações contra os direitos humanos e reparar, na medida do possível, os familiares de Vladimir. 
Diante do exposto, percebemos que a possibilidade de acesso dos indivíduos ao meio internacional viabilizou a reivindicação de direitos, diante de um Estado de exceção.
Dessa forma, o debate em torno dos sujeitos de DIP associa-se à possibilidade de acesso desses entes ao plano internacional, a fim de requerer a conferência de seus direitos e participar das deliberações neste âmbito diretamente para além do aparato estatal, por isso a importância do estudo direcionado a essa mudança no DIP em reconhecer novos sujeitos, como por exemplo, o individuo, que passou a deter direitos e deveres no âmbito internacional.
Assim, diante da ausência de unanimidade dos autores sobre o assunto, foi realizada uma pesquisa com obras indicadas na ementa da disciplina de Direito Internacional Público do Curso de Direito da Universidade Federal de Goiás- Regional Jataí, e ainda abrangendo os principais doutrinadores da área, a fim de comparar quais são as principais entidades jurídicas aceitas no plano internacional. Posteriormente, foi elaborada uma tabela para exposição dos resultados obtidos. 
"Tabela 1 - Diferentes perspectivas sobre Sujeitos de Direito Internacional Público"
	
 SUJEITOS AUTORES
	
ESTADOS
	REZEK,
2010
	AMARAL JR., 2008
	TRINDADE,
2006
	MELLO,
2000
	BRAGA, 2010
	ACCIOLY,
2009
	PORTELA,
2009
	HUSEK,
2000
	AMARAL,
2010
	MAZZUOLI,
2011
	
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	OIS
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	ONG'S
	
	
	X
	X
	X
	X
	X
	
	
	
	
INDIVÍDUO
	
	
X
	
X
	
X
	
X
	
X
	
X
	
X
	
X
	
X
	
SANTA SÉ
	
	
	
	
	
	
X
	
X
	
X
	
X
	
X
	
BELIGERANTE/ INSURGENTE
	
	
	
	
	
	
	
X
	
	
	
X
	
EMPRESAS E SOCIEDADES COMERCIAIS
	
	
	
	
	
	
	
X
	
X
	
X
	
	
CICV
	
	
	
	
	
	
	
	
	
X
	
X
	
ORDEM DE MALTA
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
X
Conclusões
 Diante do exposto, conclui-se que grande parte dos doutrinadores romperam com a perspectiva clássica de sujeitos de Direito Internacional Público (DIP), pois reconhecem que as mudanças no âmbito internacional influenciam diretamente na classificação das pessoas internacionais, remontando a um neo/novo DIP. Com isso, é possível estabelecer a conexão de tais transformações no que se refere à garantia de direitos sociais diante de um Estado de exceção, conferindo autonomia de organismos que antes necessitavam do intermédio estatal para apresentar suas prerrogativas no cenário internacional.
A partir do século XX, foram considerados outros entes além dos estatais, devido a acontecimentos como a Segunda Guerra Mundial, difusão de Organizações Internacionais, Contratos e Convenções celebrados que admitem, por exemplo, a personalidade dos indivíduos e das Organizações Internacionais, entre outros. Esta perspectiva é legitimada pela maioria dos doutrinadores abordados, ou seja, visão de vanguarda do DIP, a contraposição representa uma pequena parte equivalente à ideia tradicional.[3: ACCIOLY, Hildebrando. A organização da Comunidade Internacional – Pessoas Internacionais. Tratado de Direito Internacional Público. Vol.1. São Paulo: Quartier Latin, 2009, p. 140-150. ACCIOLY, Hidelbrando. SILVA, G.E do Nascimento. CASELLA, Paulo Borba. Manual de Direito Internacional Público. 20° ed. São Paulo: SARAIVA, 2012. AMARAL, Júnior. Sujeitos de direito internacional público. Introdução ao direito internacional público. São Paulo: Atlas, 2008, p.153-165. AMARAL, Renata. Pessoas Internacionais. Direito Internacional Público e Privado. Porto Alegre :Verbo Jurídico,2010,p.27-46. BRAGA, Marcelo. Sujeitos Internacionais. Direito Internacional Público e Privado. 2° ed. São Paulo: MÉTODO, 2010, p. 91. BRASIL, Estatuto da Corte Internacional de Justiça de 22 de Outubro de 1945. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/d19841.htm>. Acesso em 25/08/2017.BRASIL, Constituição da República Federativa Brasileira de 05 de Outubro de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em 06/11/2012. ]
Alguns tratados (dos quais o Brasil é signatário), representam a reafirmação de direitos sociais nesteplano, como a Convenção Americana sobre Direitos Humanos ou Pacto de São José da Costa Rica, que prevê em seus artigos (19º e 22 º) a proteção a direitos sociais como: a infância e a residência em seu respectivo Estado. Em consonância a este pensamento, cita-se também o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.
Percebe-se que apesar da omissão do Estado na conferência dos direitos sociais, estes foram ratificados no plano internacional por meios de pactos e tratados, como supracitado.

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