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Assistência Humanizada nas Urgências Obstétricas Enf. Obstetra: Alinne A. Sousa de Sá HUMANIZAR É… • “tornar humano, dar condição humana” • “tornar benévolo, afável, civilizar, fazer adquirir hábitos sociais polidos” HUMANIZAR Humanizar é afirmar o humano na ação e isso significa cuidado porque só o ser humano é capaz de cuidar no sentido integral, ou seja, de forma natural e, ao mesmo tempo, consciente, conjugando desta forma os componentes racionais e sensíveis CUIDAR X HUMANIZAR 5 comportamentos básicos de cuidar: compaixão, confiança, competência, consciência e compromisso. • A valorização da experiência humana • A mulher e a família como centros da atenção • Fortalecimento da mulher como cidadã • Resgate das características fisiológicas e naturais do nascimento • Práticas baseadas em evidências científicas • Trabalho em equipe multiprofissional • Custo-eficácia Assistência Humanista/ Holística ao Parto PILARES O que é assistência à saúde baseada em evidências? O que é assistência à saúde baseada em evidências? • Cursos de emergências obstétricas promovem um aumento significativo na confiância dos provedores em abordar as situações de emergência • Estudo observacional tipo coorte • 75% complicações intraparto= abordagem sub-ótima • Depart Saúde do Reino Unido= redução de 25% dos danos por negligência em obstetrícia a partir de 2005 • Treinamento multidisciplinar (British Clinical Negligence Scheme for Trusts –CNST) • 19.460 partos (cesáreas eletivas excluídas) • Maternidade terciária em Hospital escola Resultados • Estudo demonstra como um treinamento multiprofissional em emergência obstétrica usando recursos locais pode melhorar o resultado perinatal PARADOXO PERINATAL BRASILEIRO Mortalidade infantil e materna elevadas – Causas evitáveis por ações de saúde – Asfixia intraparto: 25% dos óbitos infantis ocorrem no primeiro dia de vida Intensa medicalização do nascimento – 98% partos hospitalares – 88% por médicos – 55,4% cesariana (Brasil, 2012) Avanços tecnológicos, porém práticas sem respaldo científico: – Banalização da cesariana – Parto com intervenções desnecessárias que comprometem sua fisiologia, desrespeitando as evidências científicas, os direitos das mulheres e das crianças Pesquisa Nascer no Brasil (Fiocruz, Ministério da Saúde, 05/2014) • 23940 mulheres (fev 2011 a out 2012) • 266 maternidades de 191 municípios com mais de 500 partos/ mês (83% dos partos do país) • 52% de cesárea na rede pública • 88% de cesárea na rede privada DIRETRIZES DA REDE DE ATENÇÃO ÀS URGÊNCIAS • Ampliação do acesso e acolhimento aos casos agudos demandados aos serviços de saúde em todos os pontos de atenção, contemplando a classificação de risco e intervenção adequada e necessária aos diferentes agravos; • Garantia da universalidade, equidade e integralidade no atendimento às urgências clínicas, cirúrgicas, gineco- obstétricas, psiquiátricas, pediátricas e às relacionadas a causas externas (traumatismos, violências e acidentes); • Regionalização do atendimento às urgências com articulação das diversas redes de atenção e acesso regulado aos serviços de saúde; • Humanização da atenção garantindo efetivação de um modelo centrado no usuário e baseado nas suas necessidades de saúde; • Garantia de implantação de modelo de atenção de caráter multiprofissional, compartilhado por trabalho em equipe, instituído por meio de práticas clinicas cuidadoras e baseado na gestão de linhas de cuidado; • Articulação e integração dos diversos serviços e equipamentos de saúde, constituindo redes de saúde com conectividade entre os diferentes pontos de atenção DIRETRIZES DA REDE DE ATENÇÃO ÀS URGÊNCIAS • Atuação territorial, definição e organização das regiões de saúde e das redes de atenção a partir das necessidades de saúde destas populações, seus riscos e vulnerabilidades específicas; • Atuação profissional e gestora visando o aprimoramento da qualidade da atenção por meio do desenvolvimento de ações coordenadas, contínuas e que busquem a integralidade e longitudinalidade do cuidado em saúde; • Monitoramento e avaliação da qualidade dos serviços através de indicadores de desempenho que investiguem a efetividade e a resolutividade da atenção; DIRETRIZES DA REDE DE ATENÇÃO ÀS URGÊNCIAS • Articulação interfederativa entre os diversos gestores desenvolvendo atuação solidária, responsável e compartilhada; • Participação e controle social dos usuários sobre os serviços; • Fomento, coordenação e execução de projetos estratégicos de atendimento às necessidades coletivas em saúde, de caráter urgente e transitório, decorrentes de situações de perigo iminente, de calamidades públicas e de acidentes com múltiplas vítimas, a partir da construção de mapas de risco regionais e locais e da adoção de protocolos de prevenção, atenção e mitigação dos eventos; DIRETRIZES DA REDE DE ATENÇÃO ÀS URGÊNCIAS • Regulação articulada entre todos os componentes da Rede de Atenção às Urgências com garantia da equidade e integralidade do cuidado; e • Qualificação da assistência por meio da educação permanente das equipes de saúde do SUS na Atenção às Urgências, em acordo com os princípios da integralidade e humanização. DIRETRIZES DA REDE DE ATENÇÃO ÀS URGÊNCIAS Unidade de Cuidados Intermediários Unidade de Gestação de Alto Risco (UGAR) • Indicações de internação: •Pré-eclâmpsia grave/ HELLP •Hemorragia grave •Tromboembolismo Pulmonar (TEP) •Asma grave •Edema Agudo de Pulmão (EAP) •Infecção grave/Sepse • UCI: 9 leitos • 1Médico Intensivista • 1Médico Obstetra • 1Enfermeira intensivista Estabilização de pacientes criticamente enfermos Transporte de Pacientes Críticos para CTI Treinamento de Equipe Assistencial ALSO- Minas Gerais Padronização dos Protocolos de Urgência Obstétrica Capacitação de equipe assistencial (Médico, Enfermeira Obstetriz, técnicas) Morbimortalidade Materna no Brasil Fatores contribuintes • Qualidade na assistência pré-natal – Assistência Multiprofissional – Identificação precoce de fatores de risco e situações agravantes – Início precoce do Pré-natal – Cobertura adequada – Capacitação de enfermeiras e médicos de família (PSF) – Protocolos baseados em evidências – Rede estruturada: referência a serviços de AltoRisco/Med Fetal • Qualidade na assistência ao parto e puerpério – Monitorização de indicadores assistenciais – Assistência multiprofissional – Excesso de intervenções desnecessárias (efeito cascata) – Hierarquização da atenção – Falta de sistematização e treinamento nas situações de urgência e emergência – Protocolo de atendimento – Gerenciamento de risco (check-list) Morbimortalidade Materna no Brasil Fatores contribuintes • Planejamento Familiar de qualidade – Combate a gravidez indesejada e não planejada= diminuição do abortamento provocado – Contracepção de mulheres com contra- indicação a gestação (cardiopatas graves com hipertensão pulmonar, por exemplo) Morbimortalidade Materna no Brasil Fatores contribuintes Admissões Obstétricas em UTI • Anteparto – predominância de complicações clínicas • Pós-parto – predominância de complicações obstétricas - cirúrgicas UTI - HVS – IMIMG (2000– 2005) • Pré-Eclâmpsia Grave (54%) • Hemorragia pós-parto (20%) • Infecção Obstétrica (12%) • Outros (14%) – Hepatite aguda , EAG, ITU, Cardiopatias, TEP Terapia Intensiva em Obstetrícia - Epidemiologia DEFINIÇÃO: • Perda sanguínea: 1435 ml na cesárea eletiva+ histerectomia 2183 ml na histerectomia emergência (Prichard et al, 1962) Sangramento habitual: Parto vaginal 400 - 500 ml Cesariana 800 - 1000 ml Estimativa da perda sanguínea: Compressa suja de sangue: 75ml Cama com “poça” de sangue: sobre o lençol: 1L Sangue fluindo para o chão: 2 A 2,5 L Hemorragia grave obstétrica From: Dildy: Clin Obstet Gynecol, Volume 45(2).June 2002.330-344 Vol Plasmático Vol Eritrocitário ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DA GRAVIDEZ Volemia: Adulto normal= 7% PC Grávida normal= 10% PC Perda de 1,5 a 2 L (20-30% volemia) para apresentar primeiros sinais de choque Classes de choque ATLS Compensado Classe I Leve Classe II Moderado Classe III Grave Classe IV Perda sanguínea Até 750 ml Até 15% 1000-1500ml 15-25% 1500-2000ml 25-35% 2000-3000ml >35% Pulso PAS <100 N >100 (80-100mmHg) >120 (70-80mmHg) ≥140 (50-70mmHg) Perfusão Periférica N - -- --- Débito urinário (ml/h) ≥ 30 20- 30 5-15 anúria Consciência ansiosa ansiosa confusa letárgica Freq respiratória 14- 20 20- 30 30- 40 >40 Reposição Fluidos (3:1) cristalóide cristalóide Cristalóide + sangue Cristalóide + sangue Hemorragia pós-parto • 1 morte a cada 4 min= principal causa no mundo • 50% morre nas primeiras 24h • Incidência: 5 a 15%, mais de 80% por atonia > suscetibilidade: DHEG Anemia Desidratação Pequena estatura HEMORRAGIA GRAVE= perda sanguínea estimada>2500 mL, transfusão 5 ou mais unidades, ou tto para coagulopatia (PFC, plaquetas, crioprecipitado) Risco de morte (USA): 1 para 100 mil Países em desenvolvimento: 1 para mil Hemorragia pós-parto Auditoria de mortes maternas • Falta de sistematização no atendimento de Urgência • Abordagem clínica inadequada – Subestimação da perda sanguínea pela avaliação visual (20-30%) – Ressuscitação volêmica insuficiente – Hemoterapia inadequada • Retardo na abordagem cirúrgica após falha do tto clínico • Abordagem cirúrgica inadequada – Desconhecimento de técnicas cirúrgicas conservadoras, mais rápidas e menos mórbidas – Falta de treinamento cirúrgico adequado 3º Período: Dequitação Ativa Manejo ativo X expectante • Ativo (tríade): Clampagem oportuna (1 a 3 min) + tração contínua do cordão + ocitocina 10UI IM • Redução em 2/3 (RR=0,38) nas hemorragias pós-parto • Redução de 60% sangramento • Ocitocina X Sintometrina (náuseas, vômitos, aumento PA, retenção plac) • Misoprostol oral, SL ou retal (600- 1000 mcg) Evidência:A Manobra de Andrew-Brandt Morbimortalidade das Hemorragias Anormalidades da contratilidade uterina (70%) Trauma no trajeto (20%) Retenção de produtos da concepção(10%) Anormalidades da coagulação(1%) Teste do tamponamento uterino Cinco “Ts” Tônus Trauma Tecido Trombina Tamponamento Acesso venoso / Coagulograma / Tipagem e reserva de sangue / Teste do tubo de ensaio (Weiner) Hemorragia Pós-Parto Abordagem clínica •1-Pedir ajuda: –Equipe multidisciplinar (técnicos, enf, anestesista, etc) •2- Controle local –Compressão uterina bimanual e massagem –(Manobra de Hamilton) Hemorragia Pós- Parto Abordagem clínica “Quem comprime é quem comanda a ressuscitação na HPP” •CAB da ressuscitação (ACLS 2010) • 2 acessos periféricos de grosso calibre (no mínimo 16) • O2 na máscara facial 100% 6-8l/min (manter sat o2> 95%) • Monitorização hemodinâmica –(Manter PAS ≥ 90 mmHg, diurese ≥ 30 ml/h) • Reposição volêmica - Cristalóides (3 x perda estimada) - Preferir Ringer lactato a 37-39°C - Hemoderivados (Hb≥7 mg/dl, Htc 25- 30%) Hemorragia Pós- Parto Abordagem clínica 1- 2L na primeira hora Hipovolemia permissiva Ringer lactato a 37-39C= composição mais próxima do plasma Ressuscitação com Ringer= alcalose metabólica Ressuscitação com SF0,9%= acidose hiperclorêmica Hemorragia Pós-Parto: Drogas Quatro “Ts” Tônus Trauma Tecido Trombina Tamponamento Quatro “Ts” Tônus Trauma Tecido Trombina Tamponamento Hemorragia Pós-Parto: Mnemônico do Tônus M = Massagem Uterina O = Ocitocina D = Derivado E = Ergotínico M = Misoprostol Hemorragia pós-parto Novas Drogas/ Novos Conceitos • Ocitocina= saturação dos receptores (down regulation)= Ed90 3UI para cesárea intraparto ou TP. Após uso contínuo por 2 h, não consegue recuperar fibra miometrial com 90 min. Protocolo Canadá (Hosp Mont Sinai)= bolus de 3UI (em 50 a 100 ml SF) ( a partir de 30 sem) de 3/3 min até 9 UI; sem resposta= hemabate/ carboprost ou misoprostol • Carbetocina (análogo de longa ação da ocitocina) 100 mcg EV em 1 min, similar ocitocina, maior custo • Ocitocina Inalatória para HPP: estudos da OMS Hemorragia pós-parto Novas Drogas/ Novos Conceitos • Misoprostol (PGE1) Sublingual 400- 600 mcg, melhor via (rápida absorção, pico em 30 min com 3h de duração, menos ef colaterais); Retal 800-1000 mcg, pico em 1 h, duração 4 h • Correção da inversão (Taxe / Huntington) • Reparo das lacerações/ hematomas • Identificação da rotura uterina Quatro “Ts” Tônus Trauma Tecido Trombina Tamponamento Abordagem Clínica: Trauma (20%) Quatro “Ts” Tônus Trauma Tecido Trombina Tamponamento Hemorragia Pós-Parto Abordagem clínica: Trauma (20%) ROTURA UTERINA • Extração manual • Curagem • Curetagem uterina Hemorragia Pós-Parto Abordagem clínica: Tecido (10%) Exploração manual da cavidade: Rotura uterina Inversão parcial Retenção placentária Aproveita a anestesia da curetagem para inserir o balão intra-uterino Quatro “Ts” Tônus Trauma Tecido Trombina Tamponamento • Teste prognóstico e terapêutico prévio a abordagem cirúrgica (balão >12h e <24-36h) • Abordagem cirúrgica com melhor estabilidade clínica • Controle hemorrágico e transporte para unidade terciária quando coagulopatia presente • Tx de sucesso de 70 a 100% (80%) em série de casos, VPP= 87% • Profilaxia antibiótica (?) Hemorragia Pós-Parto Teste do Tamponamento com balão T Lao, 2011- RCOG Teste do Tamponamento com balão • Uterine Package/ tamponamento uterino (por 24h): – Compressas embebidas com vasopressina – Balão de Sengstaken-Blakemore – Cateter com Balão (Bakri) – Sonda de Foley (balonete de 40-50 ml) – Condom/ Luva amarrada em sonda uretral Sem condições cirúrgicas Instabilidade hemodinâmica Presença de coagulopatia Hemorragia Pós-Parto Tamponamento uterino R. Johanson et al. Management of massive postpartum haemorrhage: use of a hydrostatic balloon catheter to avoid laparotomy. BJOG 2001; 108(4): 420-24. Balão de Sengstaken-Blakemore Tamponamento Uterino Balão de Bakri Max: 500ml 24h Quatro “Ts” Tônus Trauma Tecido Trombina Hemorragia Pós-PartoAbordagem Clínica: Trombina • Diagnóstico: – sangramento excessivo com plaquetopenia (<100.000/mm3), TP (VN 12-15s) e TTPA (20-40s) e fibrinogênio (VN=150-300mg/dl) alterados • Teste de observação do coágulo (Weiner): – 5-10 ml de sangue em tubo por 8 a 10 min em repouso a 37ºC. Se coágulo firme e estável, fibrinogênio>100mg/dl – Se alterado, alta taxa de falso +, confirmar com coagulograma Hemoterapia Abordagem do Trauma 2015 Novos Conceitos • Controle rápido do sangramento é o fator mais importante no resultado (chegar rápido ao Hospital/ Bloco) • Ressuscitação volêmica balanceada (hipovolemia permissiva- 1 a 2 L de cristalóide no máximo) • Excesso de cristalóide aumenta coagulopatia/ sind compartimental e mortalidade (vasoconstricção periférica é protetora) •Monitorização da Coagulação e Fibrinólise • Tromboelastograma • Fibrinogênio, íons e gasometria Choque Hemorrágico Ressuscitação volêmica • Ressuscitação com Sangue Total Fresco morno ao invés de CH, PFC e Plaqt por aférese (Spinella et al. J Trauma 2009; 66; S69-76); 354 pac na guerra do Golfo – Não altera sobrevida em 24h, mas melhora sobrevida em 30 dias, talvez por menor uso de aditivos conservantes e anticoagulantes (825 ml) • Taxa de transfusão de conc plaquetas por aférese : CH ≥ 1:8 levam a maior sobrevida quando comparado com taxa > 1: 16, p<0,001(J Trauma 2009; 66: S77-84); Guerra do Golfo 2004-2006, 8618 pac • Melhor sobrevida com relação CH: PFC= 1,4:1 (3:2) Fibrinogênio • Preditor do agravamento da hemorragia/ coagulopatia, guia a agressividade da abordagem • Valor normal na gravidez= 350- 650 mg/dl (não grávida= 200-400) • O fibrinogênio cai para níveis críticos mais precocemente do que os outros fatores de coagulação na HPP, portanto é um indicador mais sensível para sangramento persistente do que o TP, TTPa ou contagem de plaquetas UP TO DATE 2015 Coagulopatia dilucional e fibrinogênio Microscopia eletrônica do coágulo Coágulo com densa rede de fibrina. Magnificação 3000 X Coágulo não-diluído Coágulo após hemodiluição ringer-lactato Coágulo diluído após infusão de fibrinogênio e concentrado de complexo protrombínico Fries D. 2006. British Journal of Anaesthesia 97 (4): 460–7. Modelo porcino de sangramento por coagulopatia dilucional: avaliação microscópica do coágulo sem hemodiluição, com hemodiluição e hemodiluído com reposição de fatores. 1 adulto (60Kg) : pelo menos 1000 ml para aumentar em 1 g Fibrinogênio PFC versus Crioprecipitado Ingerslev J, Sorensen B. Ugeskr Laeger. 2005 Jun; 167(25-31):2759-61 Armand R, Hess JR. Transfus Med Rev. 2003 Jul; 17(3):223-31 Plasma fresco congelado 1 U (250 mL) de PFC contém 1 U dos fatores Pelo menos 250 mg Fibrinogênio Crioprecipitado Contém fatores I, VIII, XIII, von Willebrand e fibronectina 1 U = 10 – 15 ml 150 – 250 mg de Fibrinogênio Dose clínica: 10 – 20 ml / Kg ELETRÓLITOS • Cálcio Ionizado (Valor normal: 1,1 – 1,3 mmol/L) – Medição a cada 15 min na HPP maciça – Ca< 1 mmol/L= coagulopatia e risco de parada cardíaca – Reposição com Cloreto de Cálcio 10%(1g/10 ml) 1g/100 ml SF 2 a 5 min cateter central ou Gluconato Cálcio 10%(1g/10ml) 1-2 g EV 2 a 3 min a cada 4 unidades de papa de hemácias transfundidas – Melhor preditor de mortalidade do que fibrinogênio • Potássio (Hipercalemia) – Sangue estocado, velho (300 ml de papa, 5 mEq de K+) – Transfusão maciça (>500 ml/h, K+> 6 mEq/dL) – Solução de dextrose 1% 500 mL/h com 10 U de insulina UP TO DATE 2015 Protocolo de Ressuscitação (uptodate 2015) • Perda estimada> 1,5L e/ou sangr. Contínuo: – 2-3 L de cristalóide – 2 UI de CH – 6:4:1 ou 4:4:1 – Fator recombinante VIIA • Estimar perda sanguínea a cada 15 a 30 min • Exames laboratoriais a cada 30 a 60 min Protocolo de Ressuscitação (uptodate 2015) • Após 5 a 7 Unid de CH, solicitar TP, TTPa, Plaquetas ou teste viscoelastico (tromboelastograma) • 4 unid de PFC se TP>1,5 x • 1 unid conc plaquetas por aférese se Plaq <50 mil • 10 bolsas de crioprecipitado se fibrinogênio< 100 mg/dl Hemorragia Pós-Parto Grave Abordagem Clínica do Choque Protocolo de Stanford (baseado no de trauma) – Disponível para uso imediato – 6 unid de grupo O Rh neg hemácias lavadas – 4 unid de plasma fresco ou plasma líquido – 1 unid de plaquetas por aférese (6 unid plaq normais) RAZÃO 6:4:1 •Aproxima-se da composição do sangue total •HTC em torno de 40% •70% do volume de uma pessoa de 70Kg Laboratório -Eritrograma + Plaquetas -PT /PTTa/ Fibrinogênio - Fator Recombinante VIIa Burtelow et al. How we treat: management of life-threatening primary postpartum hemorrhage with a standardized massive transfusion protocol. Transfusion 2007; 47: 1564-72 Metas transfusionais • Plaquetas > 50 mil/mL • Fibrinogênio > 200 mg/dl (> 100 é o mínimo para adequada coagulação) • TP e TTPa menor que 1,5 vezes o controle • Hemoglobina no mínimo de 7 g/dl (ideal>7,5) Débito urinário horário Débito urinário inadequado sugere reanimação inadequada MONITORIZAR: Sinais vitais Estado do SNC Perfusão da pele Débito urinário (30 ml/h) Oximetria de pulso Relação FC/PAS (índice de choque – ideal< 0,8) gravidade≥ 0,9 Abordagem do Choque Reavaliar Reperfusão Orgânica RESPOSTA RÁPIDA RESPOSTA TRANSITÓRIA RESPOSTA MÍNIMA OU AUSENTE •< 20 % perda sangüínea •20%-40% perda sangüínea > 40% perda sanguínea •Responde à reposição de cristalóides •Deteriora após reposição inicial Não responde à reanimação volêmica •Manter monitorização •Cristalóides/sangue •Cristalóides/sangue/ vasopressores (Excluir choque não hemorrágico) • Manter monitorização •Avaliar possibilidade de cirurgia •Cirurgia imediata A resposta do paciente determina a terapia subsequente Abordagem do Choque Resposta ao Tratamento Clínico Inicial • A. uterinas e ramos cervical e vaginal originam da a. hipogástrica ou ilíaca interna • AA. Uterinas (90%) • AA. Ovarianas (10%) Suprimento Sanguíneo Uterino Histerectomia com minilaparotomia (Técnica de Pelosi) • Minilaparotomia • Dissecção vesical • Ligadura das aa uterinas • Separação corpo/colo • Morcelamento do corpo uterino • Traquelectomia • Fechamento da cúpula Pelosi minilaparotomy hysterectomy: a non-endoscopic minimally invasive alternative to laparoscopy and laparotomy. Pelosi MA et al. New Jersey, USA. Surg Technol Int. 2004;13:157-67. Histerectomia vaginal sem prolapso Falha no Tto clínico Desvascularização uterina A. Uterinas >90% sucesso Ligadura em bloco da artéria e veia uterina 2-3 cm abaixo da histerotomia Via vaginal é opção A. ovarianas A. hipogástricas ou ilíacas internas Técnicas cirúrgicas Hemorragia Pós-Parto Abordagem Cirúrgica Técnica de O’Leary Conclusões • A Hemorragia pós-parto é a maior causa de morte materna no mundo, maioria prevenível • A maioria das mortes se devem a hemoterapia e tratamento clínico inadequados e/ou demora na instituição do tratamento cirúrgico. • Os protocolos de transfusãomaciça evoluiram recentemente com trabalhos realizados em centros de trauma civis e de guerra • A experiência no trauma civil e de guerra deve ser aplicada nas maternidades em HPP grave. Conclusões • O manejo ativo do terceiro período previne 2/3 das hemorragias pós-parto. • A abordagem cirúrgica deve ser instituída quando não há boa resposta ao tratamento clínico da hemorragia pós-parto e ao uso do balão intra-uterino. • Deve ser realizado a desvascularização uterina antes de indicar a histerectomia. • Na presença de coagulopatia, deve-se evitar o procedimento cirúrgico por meio do tamponamento uterino ou realizar o empacotamento pélvico (“Pelvic Pressure Pack”) com laparostomia. Conclusões • Não opere uma paciente com acretismo grave se não tem experiência em Cirurgia Geral/ Trauma ou Oncológica • Na dúvida, chame um colega cirurgião experiente • Tenha humildade e saiba os seus limites • ESTEJA PREPARADO PARA O PIOR !! DHEG conceito • É o desenvolvimento de hipertensão , proteinúria significativa e/ou edema de mãos e face após a 20ª semana de gravidez ou anteriormente a este período na associação com a moléstia trofoblástica gestacional. SÍNDROMES HIPERTENSIVAS INCIDÊNCIA • Leve----------------22% • Grave---------------13% • Eclâmpsia----------3.2% • HAS cr.------------43.8% • Sobreposta--------17.7% FATORES DE RISCO • HAS pré-gravídica • Diabetes • Idade materna avançada • Hereditariedade • Paridade • Gemelaridade • Estação do ano • Alimentação • Raça • Tabagismo Previsibilidade • Ganho ponderal ( > 1 Kg / Semana ) • Teste da PA média ( maior 75 mmHg) • Dopplervelocimetria ETIOPATOGENIA Nas gestantes com DHEG, as artérias espiraladas da decídua não são invadidas por tecido trofoblástico. Assim, a resistência local ao fluxo de sangue é de alta resistência. 1°Trimestre: invasão do sinciciotrofroblasto que migra entre as artérias espiraladas no leito placentário, que perdem suas capas musculoesqueléticas e diminuem sua resistência periférica e aumentam o fluxo sanguíneo na placenta, concluindo 1ª onda de migração do trofoblasto. ETIOPATOGENIA • 2°Trimestre: sinciciotrofoblasto avança e elimina o tecido musculoesqueletico das artérias esp.que passam a ser uteroplacentarias 2ª onda de migração; RP diminuída promovendo aumento do volume sanguíneo materno. • DHEG: não ocorre 2ª onda de migração;reduzindo fluxo sanguíneo. Promove desequilíbrio na produção de prostaciclina e tromboxano. ETIOPATOGENIA • ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES • ALTERAÇÕES RENAIS • ALTERAÇÕES HEPÁTICAS • ALTERAÇÕES CEREBRAIS • ALTERAÇÕES PLACENTÁRIAS • ALTERAÇÕES UTERINAS • ALTERAÇÕES SANGUÍNEAS FISIOPATOLOGIA • O Aumento da PA promove espasmo arteriolar. Os vasoespasmos associam-se à lesão do endotélio vascular e fazem hipóxia tecidual.Assim acarretam necrose, hemorragia e demais distúrbios. FISIOPATOLOGIA ALTERAÇÕES SANGUÍNEAS • Redução da volemia • Redução da proteinemia • Redução da pressão oncótica plasmática • Aumento da viscosidade sanguínea • Alteração da coagulação FISIOPATOLOGIA Alguns aspectos importantes: • Diminuição da perfusão , seja por aumento ou não do DC; Resistência periférica aumentada; Tx de filtração glomerular diminuída; tempo de trombina aumentado favorecendo CIVD; isquemia hepática; rotura da cápsula de Glisson por hematoma subcapsular; Aumento da resistência vascular provoca vasoconstricção artérias cerebrais... FISIOPATOLOGIA CLASSIFICAÇÃO • DHEG LEVE • DHEG GRAVE • IMINÊNCIA DE ECLÂMPSIA • ECLÂMPSIA • HELLP SINDROME PRECOCE TARDIA ANTEPARTO INTRAPARTO PÓS-PARTO DIAGNÓSTICO • HIPERTENSÃO • PA>= 140 X 90 mmHg • PAS 30 mmHg/ PAD 15 mmHg • Sentada/deitada • > 20 semanas • Após repouso/Duas ocasiões distintas • PROTEINÚRIA • > 300 mg urina de 24 h • EDEMA • Localização/Intensidade CRITÉRIOS DE GRAVIDADE • PA>= 160 X 110 mmHg • Proteinúria > 2g / 24 h • Oligúria : Diurese < 400 ml / dia • Encefalopatia hipertensiva • Insuficiência respiratória e/ou cardíaca • Dor no hipocôndrio direito • Plaquetas < 100.000 • Icterícia e/ou alteração provas hepáticas DIAGNÓSTICO • Sistema nervoso: Cefaléia/escotomas/torpor/obnubilação • Sistema urinário: Proteinúria/oligúria/hematúria/IRA • Sistema gastrintestinal/hepático: Náuseas/vômitos/dor epigástrica/icterícia DIAGNÓSTICO / CLÍNICA DHEG - Laboratório • HEMOGRAMA (PLAQUETAS) • ÁCIDO ÚRICO • URÉIA/CREATININA • TRANSAMINASES / DHL • BILIRRUBINAS • EAS • PROTEINÚRIA DE 24 H IMINÊNCIA DE ECLÂMPSIA • CEFALÉIA • AMAUROSE • ESCOTOMAS • EPIGASTRALGIA • OBNUBILAÇÃO MENTAL • DOR EPIGÁSTRICA • NÁUSEAS/VÔMITOS • HIPERREFLEXIA ECLÂMPSIA CONVULSÃO • FASE DE CONTRAÇÕES TÔNICAS • FASE DE CONTRAÇÕES CLÔNICAS • FASE DE COMA HELLP • H – HEMOLYSIS • EL – ELEVATED LIVER ENZYMES • LP – LOW PLATELETS PROGNÓSTICO MATERNO(IMEDIATO) • DPP---------------------------------22 % • TROMBOCITOPENIA------------20 % • HELLP------------------------------17 % • CONVULSÃO----------------------6 % • IRA---------------------------------5 % • MORTE MATERNA---------------10-15% (eclâmpsia) (HC-FMUSP) FETAL - MORTALIDADE • DHEG LEVE---------------------------1.2 % • DHEG GRAVE-------------------------8.6 % • ECLÂMPSIA--------------------------9.1 % • HAS CRÔNICA-----------------------2.6 % • SOBREPOSTA-----------------------13.7 % (HC-FMUSP) PROGNÓSTICO PROFILAXIA MEDIDAS DIETÉTICAS • CÁLCIO ----------------------1.5-2 g / DIA • DIETA HIPOSSÓDICA/HIPERPROTÉICA ADMINISTRAÇÃO DE AAS--100-200 mg /dia • TRATAMENTO DA DHEG • SULFATO DE MAGNÉSIO ATAQUE : 4 g EV EM 20 MINUTOS MANUTENÇÃO: 1-2 g / h PROFILAXIA • Zuspan,1978: D.A = 4g a 10% em 20’ D.M =10 amp. A 10% em 400ml de SGI a 5%, EV, 1 a 2 g/h. • Prichard,1984: IM, a 50%, sendo 5g em cada glúteo. D.M= 5g a 50%, IM, glúteo profundo a cada 4 h. • Sibai, 1986: D.A= 6g, EV, em 20’; D.M= 2 a 3 g/h,EV. TRATAMENTO • DIETA • REPOUSO • MEDICAMENTOS SEDATIVOS HIPOTENSORES (PAD>=110 mmHg) • METILDOPA • PINDOLOL • HIDRALAZINA • NIFEDIPINA Crise hipertensiva Tratamento definitivo PARTO VITALIDADE MATURIDADE VIA DE PARTO Normal x Cesárea DHEG • É A PRINCIPAL CAUSA DE MORTALIDADE EM GESTANTES NO MUNDO INTEIRO !!! CUIDADOS DE ENFERMAGEM • Repouso em DLE; • SSVV de acordo com diagnóstico; • Controle de peso; • Proteinúria; • SVD; Observar sinais de iminência; • Controle de diurese • Ambiente calmo e tranquilo; CUIDADOS DE ENFERMAGEM • Manter cânula de guedel próximo ao leito; • Auscultar BCF E avaliar DU; • Observar sangramentos; • Observar nível de consciência; • Material para oxigenoterapia; • Vias aéreas livres; CUIDADOS DE ENFERMAGEM • Uso de MgSO4: • Cautela com gotejamento do soro; • Monitorar SSVV;• SVD; controle de diurese/hora; • Reflexos tendíneos PATELAR; • Manter antagonista preparado no leito; OBRIGADA
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