Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Ramsey Problema 1.1. Numa festa com 6 pessoas, e´ verdade que da´ para garantir que ha´ 3 pessoas que se conhecem ou 3 que na˜o se conhecem? Resolvendo: escolha uma pessoa qualquer da festa. Com relac¸a˜o a`s outras pessoas, ou essa pessoa conhece (pelo menos) 3 das outras, ou na˜o conhece (pelo menos) 3. Suponha o primeiro caso e olhe atentamente o desenho abaixo (a pes- soa escolhida e´ representada pela bolinha mais no alto). Problema 1.2. Daria para fazer o mesmo com 5 pessoas? Problema 1.3. E se em vez de procurar por 3 pessoas, procura´ssemos 4 pessoas (que se conhe- cem ou na˜o se conhecem entre si)? Pode-se mostrar que numa festa com 18 pes- soas isso e´ sempre poss´ıvel. Mais legal, pode-se mostrar que esse e´ o menor tamanho para uma festa ter para sempre se garantir essa proprie- dade. Problema 1.4. E se troca´ssemos para 5, 6 etc? Sempre existe um tamanho de festa que satisfac¸a isso? Teorema 1.5 (de Ramsey, versa˜o finita). Dado p > 0, existe N ∈ N tal que para toda bicolorac¸a˜o sobre as arestas de KN , existe um Kp ⊂ KN monocroma´tico1. 1Aqui vamos provar com apenas duas cores, mas da´ para fazer para qualquer quantidade finita de cores. Tente em casa. Voceˆ pode tentar uma demonstrac¸a˜o direta para o resultado acima. Vamos tentar um ca- minho indireto e infinito. Teorema 1.6 (de Ramsey, versa˜o infinita). Dado um grafo infinito completo e uma bico- lorac¸a˜o sobre suas arestas, existe um subgrafo in- finito completo e monocroma´tico2. Demonstrac¸a˜o. Vaoms fazer o caso em que os ve´rtices sa˜o os pontos de N. Considere a1 = 1. Note que existe uma cor c1 tal que H1 = {n > a1 : {a1, n} tem cor c1} seja infinito. Seja a2 ∈ H1. Note que existe c2 tal que H2 = {n ∈ H1 : {a1, a2} tem cor c2} e´ infinito. Defina a3 ∈ H2 e c3 de forma que H3 = {n ∈ H2 : {a2, a3} tem cor c3} seja infinito e continue. Note que existe uma cor c tal que c = ck para infinitos k’s. Note que H = {an : cn = k} e´ o conjunto desejado3. Como aplicac¸a˜o do u´ltimo resultado, vejamos que podemos usa´-lo para provar o seguinte resul- tado: Teorema 1.7. Toda sequeˆncia (xn)n∈N de nu´meros reais distintos admite subsequeˆncia crescente ou admite subsequeˆncia decrescente4. Demonstrac¸a˜o. Considere o grafo completo cu- jos ve´rtices sa˜o os xn’s. A aresta {xj , xk} e´ co- lorida de C se esses dois termos aparecem na or- dem crescente na sequeˆncia e de D caso contra´rio. Aplique Ramsey e pense no que aconteceu. Vamos ver como usar a versa˜o infinita de Ram- sey para provar a versa˜o finita. O seguinte resul- tado e´ u´til para isso: Teorema 1.8 (de Ko¨nig). Se T e´ uma a´rvore infinita que bifurca finitamente, enta˜o T admite um ramo infinito. E´ importante notar que a hipo´tese do “bifurcar finitamente” e´ necessa´ria. Como se usa tal resultado para provar o Ram- sey finito? Suponha que na˜o vale o Ramsey fi- nito. Enta˜o existe p tal que para todo N , existe 2Aqui novamente apresentamos com apenas duas cores, mas o resultado continua valendo para qualquer quanti- dade finita de cores. 3Um desenho da construc¸a˜o ajuda! 4Estamos supondo as subsequeˆncias infinitas. uma bicolorac¸a˜o em KN tal que na˜o existe Kp monocroma´tico. Considere a a´rvore de todas as bicolorac¸o˜es poss´ıveis em KN ’s (coloque ares- tas quando uma colorac¸a˜o estende a outra). O ramo dado por Ko¨nig da´ um grafo infinito sem subgrafo completo monocroma´tico (na˜o tem nem Kp), o que e´ uma contradic¸a˜o com o Ramsey in- finito. Apesar de sabermos que dado qualquer p, existe N , na˜o sabemos como calcular tal N . Pro- vamos que R(3) = 6 e comentamos que R(4) = 18. Mas a u´nica coisa que se sabe sobre R(5) e´ que 43 ≤ R(5) ≤ 48. Sobre R(6), sabemos que 102 ≤ R(6) ≤ 165. Ja´ que apresentamos o resultado sobre sequeˆncias, vamos apresentar uma versa˜o finita do mesmo. Teorema 1.9 (Erdo˝s / Szekeres). Sejam m,n ∈ N. Enta˜o, dada uma sequeˆncia com mn + 1 nu´meros reais distintos, existe uma subsequeˆncia crescente com m+1 nu´meros ou existe uma sub- sequeˆncia decrescente com n + 1 nu´meros. Demonstrac¸a˜o. Considere x1x2 · · ·xmn+1 uma sequeˆncia como no enunciado. Para cada i = 1, ...,mn + 1, seja ai a quantidade de elemen- tos da maior sequeˆncia crescente comec¸ando em xi. Seja bi a quantidade de elementos da maior sequeˆncia descrescente terminando em xi. Note que se algum i e´ tal que ai ≥ m + 1 ou algum bi ≥ n + 1, terminamos. Ou seja, so´ precisamos mostrar que o caso em que ai ≤ m e bi ≤ n para todo i e´ imposs´ıvel. Note que temos uma func¸a˜o f(i) = (ai, bi). E, que no caso em que estamos, f : {1, ...,mn+1} → {1, ...,m} × {1, ..., n}. Note que |{1, ...,m} × {1, ..., n}| = mn Assim, pelo princ´ıpio da casa dos pombos, f na˜o e´ injetora. Ou seja, existem i1 e i2 tais que 1 ≤ i1 < i2 ≤ mn + 1 tais que (ai1 , bi1) = (ai2 , bi2). Como xi1 6= xi2 , temos dois casos: • xi1 < xi2 : Neste caso, qualquer sequeˆncia crescente comec¸ando em xi2 pode ser esten- dida para uma comec¸ando em xi1 . Logo, ai1 > ai2 . • xi1 > xi2 : Neste caso, qualquer sequeˆncia decrescente terminando em xi1 pode ser es- tendida para uma terminando em xi2 . Logo, bi1 < bi2 . Em ambos os casos, temos que (ai1 , bi1) 6= (ai2 , bi2), contradic¸a˜o. Para mais detalhes, procure em
Compartilhar