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RESUMO DE ARMAZENAGEM E PROCESSAMENTO DE SEMENTES E GRÃOS Os grãos armazenados dependem de fatores físicos, químicos e biológicos que inter-relacionados condicionarão sua qualidade. A variedade, o período, época e método de colheita, impurezas, método de secagem e condições de armazenamento definirão a qualidade final do produto. A incidência de pragas aumenta com o tempo de permanência do produto no campo, e o teor de umidade dos grãos na colheita relaciona-se com a danificação mecânica As temperaturas de secagem podem ter efeitos significativos na qualidade dos grãos. As condições de armazenamento definirão a paralisação continuação ou retardamento da deterioração iniciada em qualquer das fases de processamento do grão, devido a qualquer dos agentes descritos. As principais causas de perdas qualitativas e quantitativas durante a armazenagem são fungos, insetos, roedores e ácaros. a qualidade da semente não é melhorada sob condições ótimas de armazenamento. As técnicas modernas de conservação permitem apenas prolongar a vida útil da semente durante o armazenamento; todavia, o processo de deterioração será mais acelerado quando a semente armazenada apresentar qualidade inicial baixa, explicado pelo fato das sementes pertencerem à categoria de produtos deterioráveis, mas não perecíveis. Outro fator que governa a qualidade da semente armazenada é o seu teor de umidade , Assim, as condições climáticas sob as quais a semente vai permanecer armazenada é fator decisivo na escolha do tipo de embalagem z' BENEFICIAMENTO A operação de eliminação de materiais estranhos como palhas, restolhos, sementes de outros vegetais, insetos, terra e pó de modo geral, além de grãos quebrados ou estragados, é de grande importância antes da secagem e/ou armazenamento. A limpeza promove a redução da quantidade de umidade a ser removida, minimiza a contaminação por material estranho e fornece um produto mais uniforme para a passagem do ar de secagem e/ou aeração. Materiais estranhos finos e leves acumulam-se sob o cano de descarga do elevador de carga em silos inibindo o fluxo natural de ar ou obstruindo o fluxo de ar da aeração forçada SECAGEM E AERAÇÃO DE GRÃOS As operações de secagem e aeração de grãos em unidades armazenadoras são de extrema importância no "preparo" e na manutenção da qualidade do produto durante a armazenagem. A secagem é uma operação crítica que requer um cuidado especial para que se evite a secagem excessiva, desuniforme ou incompleta. Além disso, danos físicos (quebras e trincas) e fisiológicos (morte da semente) ocorrem em função da temperatura excessiva e dos estresses térmicos e hídricos; gastos excessivos de combustíveis; problemas com o meio ambiente; incêndios; cheiro de fumaça no produto; além de outros A umidade de sementes logo após a colheita normalmente é elevada. A manutenção por um período mais elevado desta umidade contribui para acelerar o processo de deterioração das sementes em função das atividades metabólicas, do consumo de reservas, liberação de energia e, por conseguinte, diminuição da sanidade das mesmas. Pode-se considerar que, desde o momento em que atinge a maturidade fisiológica (máximo de qualidade), a semente está sendo armazenada no campo, sujeita a condições potencialmente adversas de temperatura, umidade e ataque de pássaros, insetos e microrganismos que podem provocar perdas qualitativas e quantitativas que alcançam, muitas vezes, níveis bastante elevados. Assim, quando atingir de 11 a 13% de umidade, a semente pode estar em avançado estado de deterioração, ficando inutilizada para fins de semeadura. Algumas vantagens de se colher as sementes com umidade alta e se proceder à secagem são: a) possibilidade de planejar a colheita; b) possibilidade de colher mais horas por dia e mais dias por safra; c) menor perda de sementes por deiscência/degrane natural. Enfatiza-se que, para muitas espécies recalcitrantes, as sementes não podem ser secadas a baixos teores de água. PRINCÍPIOS DA SECAGEM O vapor d’água presente na semente tende a ocupar todos os espaços intercelulares disponíveis, gerando pressões em todas as direções, inclusive na interface entre a semente e o ar, denominada pressão parcial de vapor d’água na superfície da semente. Assim, durante a secagem, a retirada da umidade é obtida pela movimentação da água, decorrente de uma diferença de pressão de vapor d’água entre a superfície do produto a ser secado e o ar que envolve. A condição para que um produto seja submedito ao processo de secagem é que a pressão de vapor sobre a superfície do produto (pg) seja maior que a pressão do vapor d’água no ar de secagem (par) As podemos ter as seguintes observações. Se pg › par ; ocorrerá secagem do produto - DESSORÇÃO Se pg ˂ par ; ocorrerá umedecimento do produto – SORÇÃO -ABSORÇÃO – ADSORÇÃO Se pg = par ; ocorrerá o equilíbrio higroscópico o processo de secagem envolve a retirada parcial de água da semente através da transferência simultânea de calor do ar para a semente e de água, por meio de fluxo de vapor, da semente para o ar. A secagem de sementes, mediante fornecimento forçado de ar aquecido, compreende, essencialmente, dois processos simultâneos: a) transferência (evaporação) da água superficial da semente para o ar circundante, que ocorre motivado pelo gradiente de pressão parcial de vapor entre a superfície da semente e o ar de secagem; b) movimento de água do interior para a superfície da semente, em virtude de gradiente hídrico e térmico entre essas duas regiões. Uma teoria bastante aceita para explicar o transporte de água do interior para a superfície da semente durante a secagem, é um derramamento hidrodinâmico sob a ação da pressão total interna e/ou um processo de difusão resultante de gradientes internos de temperatura e teor de água. A forma mais utilizada para aumentar o diferencial entre as pressões de vapor da superfície da semente e do ar de secagem é o aquecimento desse último, diminuindo, em consequência, a sua umidade relativa que, dessa forma, adquire maior capacidade de retirada de água. MÉTODOS DE SECAGEM A secagem natural utiliza as energias solar e eólica para remover a umidade da semente. É realizada na própria planta, no período compreendido entre a maturidade fisiológica e a colheita, ou empregando recursos complementares, como eiras, tabuleiros ou lonas, onde as sementes são esparramadas. Na eira, as sementes são distribuídas formando uma camada, a qual é posteriormente ondulada para aumentar a superfície de secagem e, assim, possibilitar a passagem do ar por um maior número de sementes. é recomendável o emprego de camadas não muito delgadas, o revolvimento frequente, para que todas as sementes, bem como suas faces, sejam expostas ao ar, e o encobrimento das sementes no período noturno. sementes que são lavadas, essa movimentação é essencial, caso contrário poderá haver um gradiente muito grande de umidade na semente que pode ocasionar rupturas internas. A secagem natural é, em geral, demorada, e uma maneira de acelerar o processo é através do uso de telas de plástico ou arame entrelaçado, formando-se uma peneira. As sementes são esparramadas em forma ondulada sobre a peneira, a qual é posteriormente erguida a uma altura de 0,5 a 1,0m do solo, possibilitando que o ar passe por cima e por baixo das sementes, abreviando consideravelmente o tempo de secagem. A secagem natural, apesar de não estar sujeita a riscos de danificação mecânica e temperaturas excessivamente altas, é dependente das condições psicrométricas do ar ambiente que, muitas vezes, não são adequadas para a secagem das sementes. Devido aos riscos provenientes da demora de secagemmotivada por altas umidade relativa - URs, a secagem natural, em muitas regiões, é pouco utilizada. Por outro lado, nas regiões ou épocas onde a UR reinante no período da colheita é baixa e a possibilidade de ocorrência de chuvas bastante reduzida, a secagem natural é largamente utilizada SECAGEM ARTIFICIAL Os métodos de secagem artificial são obtidos pela exposição da massa de sementes a um fluxo de ar aquecido (ou não), sendo caracterizados, conforme o fluxo no secador, em estacionário, de fluxo contínuo e de fluxo intermitente. SECAGEM ESTACIONÁRIA Caracteriza-se pela passagem forçada do ar em fluxo axial ou radial através da camada de sementes que permanecem paradas no compartimento de secagem. O ar utilizado pode ser aquecido (desumidificado) ou não. Consiste em submeter uma massa de sementes estática à passagem de um fluxo de ar forçado, constantemente até o final do processo. O fluxo de ar tem as funções de criar as condições para haver a evaporação da água contida nas sementes, pelo transporte do calor (ou UR) conduzido até as sementes e, também, pelo transporte da umidade removida das sementes para fora do secador. Então, o fluxo de ar, ao transportar calor (ou UR) e água que migrou do interior para a superfície das sementes, permite que mais água continue evaporando. A secagem estacionária ou de leito fixo pode ser realizada em silos com fundo de chapa perfurada (plenum) por onde insufla-se ar, sendo o único sistema em que o ar pode ser aquecido ou não. Outra disposição é insuflar o ar através de um duto central, e o ar de secagem atravessar a massa radialmente. A secagem estacionária é caracterizada por ocorrer em camadas sucessivas, chamada de frente de secagem, pois as sementes que se encontram próximas à saída do ar são as primeiras a secar. Quando a primeira camada atinge o equilíbrio higroscópico com o ar de secagem, a segunda camada começa a secar. Enquanto isso, a terceira camada permanece úmida por estar adiante da frente de secagem, podendo haver risco de aumentar seu teor de água, devido à condensação do ar úmido trazido das camadas inferiores ou interiores. No caso de secadores de distribuição radial, a frente de secagem começa próxima ao duto de distribuição central de ar. a secagem estacionária requer precauções especiais para o seu adequado desempenho, sendo as mais importantesa) Fluxo de ar - O ar forma condições para que ocorra retirada de água da semente por evaporação, através de transporte de calor desde a fonte até o local de secagem das sementes ou câmara de secagem, além de transportar a umidade retirada da semente para fora do sistema de secagem, permitindo que continue a evaporação da umidade que migrou do interior para a superfície da semente. A secagem estacionária despende um longo período de tempo, o suficiente para o ar entrar em contato com as sementes, e não pode se utilizar grandes temperaturas devido à isotérmica entre o ar e as sementes. b) Umidade relativa do ar (UR) – A semente, como todo material higroscópico, perde ou ganha umidade em função da UR. Para cada UR, a uma determinada temperatura, a semente atinge um teor de água em equilíbrio. Assim, a UR do ar de secagem inferior a 40%, pode haver sobre secagem devido ao equilíbrio higroscópico entre a semente e o ar de secagem, em que as sementes atingiriam uma umidade inferior a 10%, tornando-se altamente susceptíveis ao dano mecânico. c) Temperatura do ar de secagem - Em razão das sementes permanecerem em contato com o ar aquecido por longo período de tempo, deve-se tomar precauções quanto à temperatura do ar, pois as sementes tendem a atingir a mesma temperatura do ar de secagem SECAGEM DE FLUXO CONTÍNUO A secagem contínua, como o próprio nome sugere, é quando o produto possui uma entrada contínua no secador, no entanto seu contato com o fluxo de ar pode ser constante ou não. O ar poderá ser uma mistura de ar ambiente e aquecido, dependendo das condições psicrométricas do ar ambiente.Os secadores contínuos, geralmente, são com fluxos de ar mistos, podendo estes possuir ou não reaproveitamento de ar. Este reaproveitamento recircula o ar proveniente da câmara de secagem onde as sementes estão mais secas. Esse ar, portanto, possui pouca alteração de sua razão de mistura e, consequentemente, ainda está com muita capacidade de carregar umidade. Desta forma, é misturado ao ar proveniente da fornalha (fonte de calor ou desumidificador), diminuindo ainda mais a razão de mistura e gerando mais eficiência ao secador, Esse secador geralmente possui uma tulha de produto ou local anterior a câmara de secagem, podendo possuir ou não uma câmara de resfriamento ou equalização, fornalha (desumidificador), sistema de ventilação e descarga. O contato entre produto e ar ocorre na câmara de secagem. Há modelos de equipamentos que possuem mais de uma câmara de secagem, sendo estas intercaladas por câmaras de equalização. Quando essa câmara é a última da coluna do secador, é chamada de câmara de resfriamento A secagem intermitente consiste no emprego de câmaras de secagem, onde as sementes, por curtos períodos, ficam em contato com o ar de secagem e câmaras de equalização, onde as sementes, por prolongados períodos, permanecem sem contato com o ar de secagem, permitindo que a água mais interna da semente migre para a sua superfície, predominantemente por difusão, facilitando o processo de secagem. É um sistema bastante recomendado para secar sementes. As relações câmara de secagem/câmara de equalização, chamadas de relação de intermitência dos secadores, podem ser 1:6; 1:9; 1:13 ou outra (significa um período de secagem para x períodos de equalização). Neste sistema são utilizados secadores nos quais as sementes fluem continuamente e a secagem se faz em mais de uma passagem. A temperatura do ar de secagem para secadores intermitentes não é tão crítica como para secadores contínuos ou estacionários, sendo mais eficientes em relação à qualidade do produto X tempo. Possui taxas de secagem para soja de 0,8 a 1,1 p.p por hora e para arroz de 1,4 a 1,8 p.p por hora. Isso é devido a seu princípio, que tem como base a intermitência, que faz com que o produto não esteja em contato constante com o fluxo de ar forçado aquecido (desumidificado), mas somente em determinados intervalos de tempo. Esse intervalo ou tempo de residência do produto é o condicionante chamado de taxa de intermitência e a capacidade operacional do secador. Assim, o produto fica parte do tempo na câmara de secagem e parte na câmara de equalização. O princípio da intermitência se baseia no tempo de migração da água do centro da semente para sua periferia, o que torna a retirada da água um processo mais eficiente e com a necessidade de menor tempo de exposição a altas temperaturas. O secador intermitente possui uma câmara de secagem, outra de equalização, sistema de ventilação e descarga, sendo obrigatório ter um elevador para realizar a intermitência. A temperatura de secagem depende do tempo de permanência do produto na câmara de secagem. Conforme o tempo necessário para as sementes passarem pela câmara de secagem, existem dois métodos: a) Método intermitente lento - Esse método foi adaptado dos secadores tipo contínuo. Quando não são utilizadas temperaturas altas do ar de secagem, as sementes não chegam a secar em uma só passagem pelo secador, tornando-se necessária a adaptação do método contínuo, fazendo com que elas retornem para o corpo do secador, a fim de passarem mais vezes pela câmara de secagem b) Método intermitente rápido - Assim denominado porque as sementes passam através do ar aquecido a intervalos regulares e mais frequentes do que no intermitente lento. Nos secadores que utilizam ar aquecido forçado, é recomendável que se utilizem temperaturas crescentesno início e decrescentes no término da secagem, para evitar choques térmicos que podem causar fissuras, de ocorrência frequente em sementes de arroz e milho. Também, no fim da secagem, recomenda-se a utilização do ar forçado sem aquecimento para homogeneização da umidade das sementes AERAÇÃO, TRANSILAGEM E INTRASSILAGEM Sob o ponto de vista operacional, a aeração pode ser definida como a prática de se ventilar os grãos com fluxo de ar cientificamente dimensionado, para promover a redução e a uniformização da temperatura na massa de grãos armazenados, visando uma boa conservação, pela redução das atividades metabólicas dos próprios grãos e dos organismos associados. A aeração consiste, basicamente, na circulação forçada do ar ambiente ou condicionado através da massa de grãos armazenados com a finalidade principal de estabelecer e manter uma temperatura moderadamente baixa e uniforme em todo o volume de grãos , A aeração se não for bem conduzida pode causar perda por aquecimento e fermentação e perda excessiva de teor de umidade, e é altamente dependente das condições climáticas locais. A automação não resolve todos os problemas de aeração. Dentre as propriedades dos grãos, a porosidade, a higroscopicidade e a condutibilidade térmica têm grande importância na aeração. O fato de os grãos constituírem uma massa não compacta, porosa, possibilita a passagem do ar entre eles com trocas constantes de umidade e calor, em função também das propriedades do ar. Além da porosidade interna, na massa de grãos há um percentual de poros entre eles, os intergranulares, ou “vazios” intersticiais, por onde o ar circula. Tanto os fatores abióticos como os bióticos interferem na ação enzimática no ecossistema de armazenagem, influindo diretamente no metabolismo dos grãos e na sua conservação. Além da aeração, outras formas de se promover a ventilação dos grãos são a transilagem e a intra-silagem. Na primeira, há transferência total, sendo todos os grãos de um silo removidos para outro, ou de uma célula para outra, no caso de armazéns graneleiros septados; na segunda há movimentação parcial, através da passagem pelo elevador de parte dos grãos, com retorno para o mesmo silo ou a mesma célula. Na aeração, o ar passa, forçadamente, pela massa de grãos, com auxílio de ventilador ou exaustor, dependendo do sistema, enquanto na transilagem e na intra-silagem são os grãos que passam pela massa de ar, com auxílio do elevador. são objetivos essenciais da aeração o resfriamento e a manutenção do grão a uma temperatura suficientemente baixa e uniforme para assegurar uma boa conservação, através da redução das atividades metabólicas dos próprios grãos e dos organismos associados. Objetivos: a) manter baixa e uniforme a temperatura dos grãos; b) reduzir os riscos de perda; c) evitar a migração da umidade, que ocorre pela formação de correntes convectivas; d) complementar a secagem; e) corrigir pequenas variações de temperatura e/ou de umidade dos grãos. Desta forma, vemos que a aeração é realizada pela circulação forçada do ar ambiente através da massa de grãos. O ar é insuflado ou aspirado por um ventilador ou exaustor, conduzido na massa de grãos através de condutos, onde é convenientemente distribuído por sistema de canaletas ou dutos de distribuição. A eficiência da aeração é devida em grande parte à homogeneidade da distribuição do ar, se o ventilador for subdimensionado, na insuflação ocorrerá condensação na cobertura ou “chapéu” do silo e na sucção haverá o “embuchamento” do ventilador por partículas menores que certamente serão arrastadas. A eficiência da aeração depende em grande parte da homogeneidade da distribuição do ar. Tipos de aeração Em geral, ao se promover a aeração de grãos, num silo ou num armazém, busca-se: a) manter baixa e uniforme a temperatura dos grãos; b) reduzir os riscos de perda por deterioração; c) evitar a migração da umidade, que ocorre pela formação de correntes convectivas; d) complementar a secagem; e) corrigir pequenas variações de umidade e/ou temperatura dos grãos e/ou decorrentes de odores indesejáveis. São tipos mais comuns de aeração: de resfriamento ou manutenção, provisória, corretiva, secante transilagem. Aeração provisória: É utilizada em grãos recém-colhidos, que cheguem úmidos (com umidade superior à recomendada para uma boa conservação) na unidade de armazenamento. Neste caso, a aeração é utilizada como meio de conservação temporária enquanto os grãos aguardam a secagem, para controlar não apenas danos imediatos, como danos latentes, que se manifestam durante o armazenamento, como a incidência de defeitos nos grãos. Simultaneamente, se as condições do ar assim o permitirem, pode haver remoção de alguns pontos percentuais de água, embora, nesse caso, esse seja um objetivo secundário, complementar, pois o mais importante é a manutenção dos grãos resfriados, para manter controlado o metabolismo dos grãos e dos organismos que acompanham os grãos desde a lavoura, como fungos e outros associados Aeração de resfriamento ou manutenção Para grãos armazenados em condições de conservação, limpos e com umidade entre 8 e 14%, dependendo da espécie e de outros fatores, a ventilação é aplicada para corrigir um início de aquecimento ou para resfriá-los, em ciclo único ou então progressivamente, em etapas sucessivas, desde que assim o permita a temperatura exterior. Sua finalidade maior, no entanto, é uniformizar a temperatura em toda a massa de grãos, para evitar a formação de correntes convectivas e reduzir seus efeitos. Aeração corretiva É utilizada, normalmente, em duas situações: a) quando, por metabolismo, os grãos armazenados adquiriram odores estranhos. Com a aeração se pode corrigir esse defeito; b) quando, por interesse de conservação, os grãos forem armazenados com umidade menor do que a de comercialização. A aeração, com ar úmido, realizada um pouco antes da expedição, pode corrigir essa diferença, sem afetar a qualidade do produto. Aeração secante Tem por objetivo manter os grãos a uma temperatura suficientemente baixa, ocasionando uma lenta dessecação, no próprio silo. Nesse caso, diferentemente da aeração de manutenção de grãos armazenados secos, ao invés do uso de silo-aerador, com dutos de aeração ou canais, cobertos por chapa perfurada, na aeração secante é recomendável o uso de silo-secador, com fundo falso perfurado. No caso de aeração secante, em que é insuflado o ar ambiente quando a umidade relativa for baixa, menor do que a umidade de equilíbrio, o fluxo de ar dever ser superdimensionado, maior do que o usado para secagem também em silo-secador quando o ar for aquecido. O fluxo de ar também deve ser maior do que o usado na aeração para conservação de grãos armazenados secos. Quando for aeração de manutenção, ar não se destina a remover água, mas visa reduzir e uniformizar a temperatura dos grãos, os fluxos de ar utilizados são menores, cerca de 0,1 a 3m3 .min-1.t-1 Transilagem Essa técnica também pode ser classificada como um tipo de aeração de resfriamento. Deve ser realizada quando for constatada uma elevação da temperatura do grão, se o silo não for dotado de um sistema eficiente de ventilação. Este método consiste em se transferir o grão de um silo para outro, fazendo com que haja redução e homogeneização da temperatura. Na aeração propriamente dita, se faz passar uma massa de ar pelos grãos; na transilagem, são os grãos que passam pela massa de ar. Por essa razão, parece mais racional se realizar a aeração do que a transilagem, mas nem sempre isso é possível. É necessário ter como primeiro princípio de conduta a redução da temperatura do grão e, por conseguinte, intervir quando a temperatura do arfor inferior em alguns graus à temperatura do grão. São levados em conta dois fatores restritivos: a umidade relativa do ar e a diferença de temperatura entre o ar e o grão. Quando os grãos estiverem ligeiramente úmidos, a diferença de temperatura entre o ar e os grãos é mais importante do que a umidade relativa do ar, mas quando a umidade dos grãos estiver próxima das normas comerciais, são igualmente importantes esses dois fatores, devendo ser evitada a ventilação quando a umidade relativa estiver acima de 70-75%, se a diferença de temperatura entre o ar e os grãos for menor do que 3 a 5ºC. Entretanto, se for necessário escolher entre duas alternativas (risco de aquecimento ou perda de peso por perda d’água) as condições de qualidade dos grãos no momento devem ser priorizadas na decisão Outro importante princípio a ser observado na aeração é intervir preventivamente, e não corretivamente, para remediar uma elevação de temperatura pelo aquecimento natural do grão, pois só ocorre aumento de temperatura quando há metabolismo e, aí, as perdas já são irreversíveis. Assim como a umidade, o calor é, ao mesmo tempo, causa e consequência do metabolismo. Assim, antes de optar pelo o uso de um sistema de aeração, devem-se avaliar as condições climáticas para entender os objetivos propostos, principalmente quando se trata da conservação dos grãos durante a armazenagem. Este diagrama possibilita prever a natureza dos riscos a que o produto ficara sujeito durante a aeração. . A interpretação do diagrama de conservação de grãos é dada pela formula abaixo. DIFERENÇA DE TEMPERATURA = TEMPERATURA AMBIENTE – TEMPERATURA INTERNA DT = TA – TI A diferença da temperatura ambiente (externa) e a interna da massa de grão, neste exemplo citado foi de 5°C. Avaliando o diagrama de conservação de grãos, observa-se que a aeração é recomendada para umidade relativa (UR) entre 60 e 70%. Sendo possível em outras faixas de umidade, porém sujeita a alguns riscos eminentes Para a umidade relativa inferior ou igual a 60%, a aeração só é recomendada e aplicável em grãos úmidos ou que estejam aquecidos a temperatura muito superior á do ambiente, necessitando, portanto do resfriamento. Em outra situação, que difere da relatada, poderá haver super-secagem da massa. Resfriamento com gradiente de temperatura a 7°C torna a aeração possível, porém pode provocar condensação do vapor de água na superfície da massa e nas paredes do silo. BENEFICIAMENTO O beneficiamento é um dos passos a serem seguidos para obtenção de sementes de alta qualidade numa empresa de sementes. A máxima qualidade de um lote de sementes é função direta das condições de produção no campo, ou seja, semente se obtém no campo. Entretanto, a semente, depois de colhida, contém materiais indesejáveis que devem ser removidos a fim de facilitar a semeadura, a secagem e o armazenamento, além de evitar que sejam levadas sementes de plantas daninhas para outras áreas. O beneficiamento consiste em todas as operações a que a semente é submetida, desde a sua recepção na unidade de beneficiamento de sementes (UBS) até a embalagem e distribuição, fase do beneficiamento 1- Recepção É o processo de caracterização e identificação dos lotes de sementes que são recebidos na UBS. Conceitua-se um lote como "uma quantidade limitada de sementes com atributos físicos e fisiológicos similares dentro de certos limites toleráveis". 2-Amostragem É o processo pelo qual obtém-se uma pequena fração de sementes que irá representar o lote nos testes para avaliação da qualidade, determinação da umidade, pureza e viabilidade. 3- Pré-limpeza A pré-limpeza consiste basicamente na remoção do material bem maior, bem menor e bem mais leve do lote de semente. Para essa operação, utiliza-se máquina de ar e peneiras com alta produção, pois nessa etapa do beneficiamento é mais importante o rendimento do que a qualidade, considerando-se a necessidade de passar na pré-limpeza toda a semente recebida no dia Operações especiais Algumas sementes necessitam de operações especiais (desaristamento, debulha, descascamento e escarificação) para que possam ser beneficiadas, como é o caso das sementes palhentas e aristadas, milho em espiga, algodão, amendoim e de sementes duras e múltiplas Limpeza das sementes A remoção dos materiais indesejáveis do meio do lote de sementes só é possível se houver diferença física entre os componentes. As propriedades físicas usadas para a separação são largura, espessura, comprimento, peso forma, peso específico, textura superficial, cor, condutibilidade elétrica e afinidade por líquidos. ARMAZENAGEM A armazenagem de sementes inicia-se quando estas alcançam o ponto de maturação fisiológica. O teor de água das sementes no ponto de maturação fisiológica é muito alto para que se possa realizar a colheita e debulha. As sementes têm que ficar no campo até que as condições intrínsecas da semente e do ambiente permitam a colheita. Obviamente, as condições nesse período não são as mais favoráveis para o armazenamento, devendo as sementes serem retiradas do campo tão logo quanto possível as sementes deverão apresentar uma porcentagem de germinação razoável (mínimo 80%) após terem sido mecanicamente colhidas, beneficiadas, manuseadas e armazenadas de uma temporada de produção à outra. Assim sendo, o objetivo principal do armazenamento das sementes é manter sua qualidade desde que atingem o ponto de maturação fisiológica até quando serão semeadas, considerando que, em todo esse período, esta qualidade não poderá ser melhorada, nem mesmo sob condições ideais. UNIDADES E SISTEMAS DE ARMAZENAMENTO Os métodos de armazenamento de grãos utilizam unidades armazenadoras que podem ser agrupados em sistemas. Os principais sistemas usados no Brasil são: convencional, a granel, hermético e emergencial. O sistema convencional é o mais diversificado, tendo desde unidades bastante rústicas, como os paióis, galpões ou celeiros, até unidades maiores e mais tecnificadas, como os armazéns convencionais. Já nas unidades de armazenamento a granel, há os silos, os armazéns graneleiros e os armazéns granelizados, em geral dotados de sistemas de termometria e aeração, para grandes volumes, assim como as caixas e tulhas, por exemplo, para pequenas quantidades. No sistema hermético, que não se aplica para grandes volumes, predominam os tonéis, as bombonas e outros recipientes, para quantidades pequenas, e ―silos plásticos‖ para aquelas um pouco maiores, enquanto nos emergenciais os modelos mais utilizados são ―as piscinas de sacaria‖, as unidades infláveis e estruturais, além de outras estruturas adaptadas. Sistema convencional é aquele em que os grãos são armazenados dentro de embalagens, em geral sacarias. As unidades armazenadoras desse sistema são paióis, galpões ou celeiros e armazéns convencionais. São unidades não herméticas, onde a conservação dos grãos, já secos, ocorre por ventilação não forçada, através de convecção natural do ar ambiente, não aquecido. Permitem individualização da carga. A inspeção e a coleta de amostras podem ser feitas diretamente. Os paióis, destinados ao armazenamento de milho em espigas, na palha, em geral utilizam tecnologias muito rudimentares, com sistema de controle de qualidade bastante deficiente, as perdas costumam ser grandes, pelas dificuldades que o ar encontra para atingir os grãos na intensidade e na velocidade necessárias para que ocorra secagem rápida e até umidade reduzida. Os galpões são micro armazéns ventilados. Embora sejam mais versáteis do que os paióis, pela possibilidade que oferecem de armazenamento de vários produtosna mesma unidade, apresentam eficiência conservativa menor. Os armazéns convencionais são utilizados para armazenamento em maior quantidade do que nos paióis e nos galpões. São mais empregados em cerealistas e em cooperativas, que armazenam várias espécies de grãos simultaneamente na mesma unidade. Suas principais características são: - pé direito, com altura de 6 metros ou, em casos excepcionais, 7 metros; - existência de lanternins para facilitar a circulação do ar e evitar o acúmulo de calor no interior do armazém; - a presença de dispositivos de combate ao incêndio deve ser rigorosamente observada; - a iluminação deve variar de 20 a 40 lux, sendo evitada a incidência direta dos raios solares sobre a sacaria; - rua principal, com largura 10 a 15% (espaço de segurança) maior do que o equipamento mais largo que precise ser utilizado, como esteiras ou empilhadeiras. As ruas secundárias, entre os blocos, servem para movimentação de equipamentos, como empilhadeiras, e devem ter largura compatível com sua movimentação; - entre um bloco e a parede deve ser deixada distância de 0,5m, para inspeção, amostragem e expurgo (cobrir com lona). A parede não é construída para suportar peso de pilha; - cada bloco deve ser formado por várias pilhas. Quando feita a desocupação verticalmente (várias pilhas justapostas), podem ser retirados 25% dos sacos, por exemplo, e reocupar o espaço. Quando da desocupação horizontal (base larga), só se pode reocupar o espaço após a retirada de toda a pilha; - o piso deve ser impermeabilizado. Mesmo assim, é importante a utilização de estrados para facilitar a ventilação da parte inferior e dificultar a condensação de umidade; - a maior dimensão horizontal de uma pilha não deve ultrapassar 19m. Mais do que isso dificulta o trabalho do carregador de sacos, cuja função é denominada braçagista. - a disposição dos sacos nas pilhas deve ser uniforme para evitar que a pilha tombe e facilitar as posteriores contagens de conferência de estoques. Se não houver boa disposição da sacaria, pode haver ruptura de algum um saco e os grãos que se coloquem entre os sacos dificultem a circulação de ar, pelo aumento da pressão estática, diminuindo a conservabilidade do produto. - a soma dos espaços não ocupados equivale a 20% da área do armazém, sendo aproveitados 80% da área construída Sendo: S a superfície ou área do piso do armazém, h a altura da parede (pé direito) e 1,5m a distância recomendada entre a parte mais alta da pilha e o telhado. Por questões operacionais e de segurança, a altura máxima da pilha deve ser de 4,5 ou 5,5m. Considerando-se como pé direito‖ do armazém a altura de 6m (seis metros) e que a distância entre a camada superior da pilha (em seu nível mais alto) e a altura do pé-direito‖ seja de 1,5m (um metro e meio), conforme as razões já expostas, fica prático o cálculo da capacidade armazenadora de um armazém convencional, em função de suas dimensões, com a aplicação dos dados da Tabela 1. Para o manuseio da Tabela 1, podem ser considerados os exemplo a seguir: 1) Calcular a capacidade armazenadora de um armazém convencional de 40m de comprimento e 20m de largura, com altura de ―pé direito‖ de 6m e altura efetiva de pilha de 4,5m, destinado a armazenar feijão em sacaria de juta Resolução: Cálculo da área útil (Fórmula 1): Área total do piso = 40m X 20m = 800m2 Área útil = 800m2 X 0,8 = 640m2 Cálculo da capacidade armazenadora: Capacidade armazenadora = área útil X número de sacos por metro quadrado (Tabela 1) Capacidade armazenadora = 640m2 X 35,91 sacos.m-2 = 22.982 sacos 2) Calcular a capacidade armazenadora de um armazém convencional de 40m de comprimento e 20m de largura, com altura de pé direito‖ de 6,5m e altura efetiva de pilha de 5m, destinado a armazenar feijão em sacaria de juta. Resolução: Cálculo da área útil (Fórmula 1) Área total = 40m X 20m = 800m2 Área útil = 800m2 X 0,8 = 640m2 Cálculo do volume útil (Fórmula 2) Volume útil = Área útil X (6,5 – 1,5) Volume útil = 640m2 X 5m = 3.200m3 Cálculo da capacidade armazenadora: Capacidade armazenadora = área útil X número de sacos por metro quadrado (Tabela 1) Capacidade armazenadora = 3.200m3 X 7,98 sacos.m-3 = 25.536 sacos Em geral, as sementes pertencem a espécies que são geneticamente de vida longa, porém algumas são de vida curta. A maioria das espécies consideradas de vida longa pertence à família das Fabáceas (leguminosas), que se caracterizam por apresentar tegumento duro e impermeável (sementes duras). Cereais, como cevada e aveia, são também considerados de vida longa, enquanto que o centeio é de vida curta e milho e trigo são intermediários . O potencial de armazenagem das sementes varia consideravelmente entre espécies em condições favoráveis idênticas. Esse potencial está determinado pelo período de tempo em que certa proporção de sementes morre ou, inversamente, permanecem vivas. Em um lote de sementes, nem todas morrem ao mesmo tempo, já que, por ser uma característica individual, o potencial de armazenagem afeta a porcentagem de viabilidade do lote de sementes Sementes ortodoxas São aquelas que alcançaram sua maturidade na planta mãe com conteúdos de água relativamente baixos. Podem ser secadas artificialmente até baixos teores de água sem sofrer dano e armazenadas por períodos longos, especialmente quando a temperatura é baixa. Condições de armazenagem com baixo teor de água e temperatura de - l8ºC podem manter viáveis sementes por períodos de até um século ou mais. Quando secas, essas sementes podem resistir às adversidades do ambiente e, embora dormentes, quando fornecidas às condições para a germinação, reassumirão sua atividade metabólica total e seu crescimento e desenvolvimento As sementes ortodoxas incluem a maioria das espécies agronomicamente importantes em zonas temperadas. Essas sementes não requerem condições especiais de armazenagem em climas temperados e frios, mas em regiões de clima quente e úmido, o controle das condições de armazenagem (baixa temperatura e desumidificação) se faz necessário. Sementes recalcitrantes São aquelas que perdem rapidamente sua viabilidade se são secas abaixo de um teor de água relativamente alto. Essas sementes não podem ser secas por métodos tradicionais e não são bem armazenadas em condições normais de armazenagem. Armazenamento a granel A armazenagem a granel facilita bastante o manejo das sementes, em função da necessidade de secagem, já que atua como regulador de fluxo antes e depois da secagem. É um tipo de armazenamento temporário que se pode estender de poucos dias até vários meses, enquanto as sementes aguardam para serem beneficiadas, sendo necessário que as sementes estejam limpas (pré- limpeza) e secas Se as sementes são armazenadas a granel com elevado teor de água (maior que 13%), a sua atividade metabólica produz calor, o qual aumenta a temperatura da massa de sementes perigosamente, acelerando a atividade biológica, podendo chegar a matar as sementes. Isso poderia ser evitado se essa armazenagem fosse feito em silos secadores, com a finalidade de fazer secagem através da aeração constante do silo e, por consequência, da massa de sementes Outras características do armazenamento de sementes a granel são: a) o local de armazenamento é fixo e pode ser em silos metálicos dotados com sistemas de aeração; b) sistema de transporte para encher e esvaziar os silos é completamente mecanizado e rápido, devendo-se tomar cuidado com os danos mecânicos às sementes e à mistura varietal; c) pequeno desperdício de sementes; d) alto custo inicial;e) poucas perdas devido a roedores; f) custos operacionais baixos. b) Estruturas de armazenagem A armazenagem de sementes a granel é feito, preferencialmente, em silos cilíndricos metálicos. Essas unidades armazenadoras a granel devem possuir ventiladores para resfriar a massa de sementes Um dos fenômenos que ocorre em uma massa de sementes armazenada a granel é o de migração de umidade. Em regiões de clima subtropical, onde há variações bruscas de temperatura, inclusive durante o dia, as paredes do silo, no inverno, esfriam ou aquecem em função da variação da temperatura ambiente. A diferença de temperatura entre a massa de sementes e o meio ambiente externo produz correntes convectivas dentro da massa, movimentando-se o ar nos espaços entre as sementes. Esse ar, ao chegar no topo da massa de sementes, encontra o ar mais frio, condensando o vapor e criando zonas de alta umidade no alto da massa de sementes. Isso poderá provocar a germinação das sementes, estimular o ataque de insetos, que são atraídos pelo odor e calor despendido pela acelerada respiração aeróbica da semente e, ainda, criar condições favoráveis para o rápido desenvolvimento dos fungos de armazenagem (Pennicillium e Aspergillus). Para evitar esse fenômeno da migração de umidade, deve-se proceder à aeração periódica da massa de sementes mediante o uso dos ventiladores do silo. d) Aeração de sementes A aeração consiste na movimentação forçada do ar ambiente através da massa de sementes, sendo seu objetivo principal o resfriamento e a manutenção das sementes a uma temperatura suficientemente baixa para assegurar uma boa conservação. Ao se fazer aeração, o efeito inicial, num período relativamente curto, é de equilíbrio da temperatura da semente com a do ar ambiente; logo após, pode-se reduzir a temperatura com o consequente resfriamento da massa e, após um longo período de aeração, poderá haver um efeito secante. Como regra geral, a aeração deve ser aplicada quando a diferença de temperatura da massa de sementes e a temperatura do ar ambiente for em torno de 5ºC. Ocorrendo essa diferença, e tendo por objetivo resfriar a massa de semente, o ventilador deve ser ligado dia e noite, com ou sem chuva, até que a massa seja resfriada. Isso é devido a que a aeração no silo se dá na forma de uma frente de aeração que avança de baixo para cima, devendo o ventilador permanecer ligado até que essa frente atinja o topo da massa de sementes, tendo a resfriado totalmente, homogeneizando sua temperatura. Quando as sementes vêm diretamente da colheita e são armazenadas a granel em silo-pulmão ou tulha de produto úmido, aguardando pela secagem, não devem ficar por um período superior a 48 horas (a semente está com aproximadamente 18% de água) e a aeração deve ser contínua para conservação provisória das sementes até a secagem ser realizada. Semente armazenada a granel em silos deve ser vistoriada regularmente. ARMAZENAMENTO EM SACOS A comercialização de sementes é feita em sacos e, em latas ou pacotes, no caso de sementes de espécies olerícolas. Após o beneficiamento, as sementes devem ser embaladas para logo serem armazenadas, esperando pela sua distribuição. A estrutura de armazenagem é um armazém do tipo convencional em vez de um silo A embalagem de sementes atende a duas finalidades básicas: 1) quanto ao aspecto comercial, transporte e manuseio da semente; 2) a mais importante, proteção das sementes contra umidade, insetos, roedores e danos mecânicos no manuseio. TIPOS DE EMBALAGENS Embalagens porosas ou permeáveis As embalagens permeáveis constituem-se em saco de tecido (algodão, aniagem, ou juta), de papel multifoliado e de plástico ou polipropileno trançado, de amplo uso pelo seu baixo custo. Esses tipos permitem trocas de umidade entre a semente e o ar ambiente do armazém, logo, as sementes tendem ao Ponto de Equilíbrio Higroscópico (PEH) empregadas para períodos curtos de armazenamento e, de preferência, em climas secos . Suas principais vantagens são a resistência à ruptura e ao choque, facilidade de empilhamento e manuseio e boa apresentação (facilidade de impressão). As principais desvantagens são: os custos comparativos mais elevados e as flutuações de umidade dentro da embalagem devido às sementes alcançarem o PEH. As embalagens semipermeáveis oferecem certa resistência à penetração de umidade, podendo ser utilizadas em regiões de umidade relativa do ar mais altas, porém ainda por período limitado de tempo de armazenamento.O maior inconveniente é que nesse tipo de embalagem as sementes devem estar com teor de água mais baixo do que o permitido naquelas acondicionadas em embalagens totalmente porosas. - Embalagens impermeáveis ou à prova de umidade, ou completamente vedadas As embalagens impermeáveis oferecem completa resistência às trocas de umidade com o ambiente. É importante salientar que a impermeabilidade da embalagem depende da vedação da mesma.Essas embalagens não permitem o equilíbrio do teor de umidade da semente com o ar exterior, nem flutuações de umidade dentro da embalagem. A umidade do interior da embalagem é determinada pelo teor de água das sementes, logo, esse último deve ser mais baixo do que para as sementes nos outros tipos de embalagens. O teor de umidade das sementes armazenadas em embalagens impermeáveis deve ser de 8 a 9%, para amiláceas, e de 4 a 7%, para as oleaginosas. C) EMPILHAMENTO O prédio no qual as sementes permanecerão ensacadas durante seu armazenamento em pilhas, conhecido como armazém (do tipo convencional), deve preencher certos requisitos. O armazém deve ser bem arejado, porém deve-se evitar janelas ou aberturas muito grandes que permitam a penetração de raios solares por muitas horas atingindo as pilhas. O ideal é que possua uma só porta. Se as paredes não são de tijolo, pedra ou cimento, ou seja, são de ferro galvanizado ou de zinco, deveriam possuir algum tipo de isolamento térmico, como, por exemplo, isopor (50 mm), que também deverá ser usado no teto. O armazém deve ser pintado com cores mais claras possíveis (branca, metálica), para facilitar a reflexão do calor. Para facilitar a ventilação, podem ser instalados exaustores que podem ser ligados quando o ar ambiente externo está mais frio e seco que o interior do armazém ARMAZENAGEM SOB CONDIÇÕES DE AMBIENTE CONTROLADO O armazenamento de sementes em condições de ambiente controlado (temperatura e/ou umidade relativa do ar) permite conservá-las por longos períodos de tempo. As sementes são higroscópicas e, para evitar que absorvam umidade do ar e o aumento do teor de água a limites que afetariam sua qualidade, as condições ambientais podem ser modificadas permitindo a conservação das sementes a baixas temperaturas e/ou baixa umidade relativa do ar. Para isso, utiliza-se a refrigeração e/ou a desumidificação. No entanto, independentemente do padrão tecnológico da unidade, ela deverá apresentar condições básicas para a manutenção das qualidades desejáveis ao produto e ser economicamente viável. Assim, uma unidade, na fazenda, deverá ser simples e projetada conforme os princípios e os conceitos básicos de armazenagem. A granelização consiste na conversão das estruturas construídas para armazenar em sacaria, em estruturas para armazenagem a granel. Pode contribuir para elevar o percentual de armazenagem na fazenda, devido ao número de armazéns convencionais já existentes. Por terem o fundo plano, os equipamentos utilizados para a descarga são adaptados às características do fundo, dificultando a operação de descarga. Em comparação à armazenagem convencional (em sacos), a granelização apresenta algumas vantagens, como - redução do custo de operaçãodevido à eliminação de sacaria; - maior facilidade na operação de controle de pragas; - manuseio facilitado e menor uso de mão-de-obra. Silos São células individualizadas, construídas de chapas metálicas, de concreto ou de alvenaria. Geralmente possuem forma cilíndrica, podendo ou não ser equipadas com sistema de aeração. Estas células apresentam condições necessárias à preservação da qualidade do produto, durante longos períodos de armazenagem. Quando os silos são agrupados em uma unidade de recebimento e processamento, são denominados "bateria". A disposição física de uma "bateria" deve permitir ampliação da capacidade estática, com baixo custo adicional. Os silos podem ser classificados em horizontais e verticais, dependendo da relação que apresentam entre a altura e o diâmetro. Os verticais, se forem cilíndricos, podem, para facilitar a descarga, possuir o fundo em forma de cone. De acordo com sua posição em relação ao nível do solo, classificam-se em elevados ou semi- enterrados. Os silos horizontais apresentam as dimensões da base maior que a altura e, comparados aos verticais, exigem menor investimento por tonelada armazenada. Armazéns "graneleiros" São unidades armazenadoras horizontais, de grande capacidade, formados por um ou vários septos, que apresentam predominância do comprimento sobre a largura. Por suas características e simplicidade de construção, na maioria dos casos, representa menor investimento que o silo, para a mesma capacidade de estocagem. Como os silos horizontais, os graneleiros apresentam o fundo plano, em V ou septado. Essas unidades armazenadoras são instaladas ao nível do solo ou semi- enterradas. Unidades de armazenagem para sacaria a) Galpões ou depósitos: são unidades armazenadoras adaptadas de construções projetadas para outras finalidades; por isso não apresentam características técnicas necessárias à armazenagem segura e são utilizadas, em caráter de emergência, durante períodos curtos. b) Armazéns convencionais: são de fundo plano, de compartimento único, onde os produtos são armazenados em blocos individualizados, segundo a sua origem e suas características. São construídos geralmente em alvenaria, estruturas metálicas ou mistas e apresentam características técnicas necessárias à boa armazenagem, como ventilação, impermeabilização do piso, iluminação, pé-direito adequado e cobertura. Prestam-se à armazenagem de produtos ensacados, durante pequeno período. ELABORAÇÃO DE PROJETOS A realização de um projeto de unidades armazenadoras implica o estabelecimento de conhecimentos técnicos e práticos que melhor utilizem recursos disponíveis para obter o produto desejado. O estudo técnico compreende o agrupamento adequado de elementos que reúnem as informações necessárias para obtenção de resultados sobre tamanho, processo de produção, localização, características de máquinas e equipamentos, descrição de obras físicas, organização para a execução, necessidade de mão-de-obra, cronograma de realização, dentre outras. o estudo técnico demonstrará a viabilidade do projeto e as alternativas técnicas que melhor se ajustam aos critérios de otimização. O estudo básico estabelece as principais características físicas e tecnológicas do bem ou serviço a ser prestado, em função das exigências técnicas aplicáveis ao processamento do produto e às características de mercado ou normas técnicas, previamente, estabelecidas. Para a localização, deve-se levar em consideração os aspectos básicos que, sendo analisados, tornam-se indispensáveis para a justificativa do local proposto e, ao mesmo tempo, contribuem para a análise que permite a eliminação de outras alternativas. Os principais parâmetros a serem considerados neste tipo de estudo são o mapa geográfico do município que mostre, com clareza, o perímetro urbano, suburbano e rural; local de construção; vias de transporte; área da ação do proponente; área de influência da unidade; vias de escoamento da produção modalidades de transporte. Vias de escoamento e meios de transporte Neste estudo deve-se dar atenção ao sistema de transporte, descrevendo as ferrovias, rodovias e hidrovias, além do estado de conservação em que estas se encontram. Estudos de mercado Deve-se verificar quais os agentes de comercialização, suas influências e suas formas de atuação, bem como caracterizar quanto e qual o tipo de influência que a unidade a ser implantada exercerá sobre o município, evidenciando as quantidades produzidas, os tipos de produtos, as quantidades a serem processadas por produto e a possibilidade de atendimento à produção de outros municípios Infra-estrutura e aspectos agrícolas regionais Devem ser analisados o sistema de comunicação, o fornecimento de energia, os serviços bancários e atendimentos sociais, bem como: Levar em consideração os aspectos agrícolas, clima e solo, considerando as diferentes lavouras implantadas. Estabelecer, com base nas características dos produtos, qual a demanda por armazenagem a granel e por sacaria. Estimar, com base em pelo menos cinco anos e para cada produto, a possibilidade de aumento da produtividade ou da produção pelo aumento da área plantada. Analisar os períodos de colheita, estabelecendo o início e o final de cada safra, com estimativas da quantidade colhida em cada mês, além de quantificar as perdas, por produto, da colheita à armazenagem. Avaliar as quantidades de produtos consumidas nas indústrias, como sementes, como ração e nas propriedades rurais, quantificando os estoques existentes e o comportamento da movimentação de estoques, em relação a outras regiões. Se possível, compilar o saldo mensal de armazenagem, por produtos, no caso de existência de unidades armazenadoras concorrentes Aspectos de Engenharia Compreende os serviços de obras civis, eletromecânicas, arquitetônicas, "layout", memoriais descritivos e fluxogramas. O local de edificação deverá ser caracterizado por um levantamento topográfico plani-altimétrico, sondagens de subsolo, observando, principalmente, a resistência deste, o nível do lençol freático e a presença de plataformas rochosas. Memoriais descritivos Deve-se discriminar as edificações a serem realizadas, descrevendo-as quanto às suas características de posição, forma e detalhe, dentro do projeto, assim como destacar as obras primárias, como fosso de balanças rodoviárias ou rodo-ferroviárias, moegas de recepção, central para processamento, fundações de silos metálicos, edificações de silos de concreto e de graneleiros, armazéns para sacarias, e outras. Estas informações permitem estabelecer o fluxograma básico que irá caracterizar a futura unidade, conforme o seguinte: pátio de amostragem; balança; moegas para recebimento; silos pulmões; equipamentos para movimentação; equipamentos para pré-limpeza; sistemas de secagem; equipamentos para limpeza; sistemas de movimentação e distribuição de produto; sistemas de armazenagem; sistemas de termometria, aeração e tratamentos fitossanitários; sistemas de expedição; laboratórios. PRINCÍPIOS E TÉCNICAS USADOS NA CUBAGEM DE GRÃOS ARMAZENADOS 1. Câmaras: área de um pavilhão. 2. Célula: local de depósito para a guarda de produtos agrícolas, especialmente grãos e farelos, possuindo forma circular ou hexagonal, com fundo plano ou cônico, fabricado em concreto armado, metal, alvenaria ou madeira e coberta com um mesmo material. 3. Entre-célula: espaço aproveitável para armazenamento a granel, formados pela união de cada conjunto de quatro células iguais e paralelas se interligando nos seus tangenciamentos. 4. Cubagem: métodomatemático para estimar o volume de grãos armazenados a granel. 5. Estoque Físico: quantidade real de produto existente na unidade e aferido ou estimado por pesagem ou cubagem 6. Estoque Escriturado: quantidade verificada e escriturada conforme documentos de entrada e saída de produtos Para calcularmos a cubagem aplicamos de modo geral a formula: O cálculo do volume de grãos está baseado nas medidas de largura, altura e comprimento das mesmas, obedecidas as diferentes fórmulas existentes para cada tipo de figura geométrica. Como fator de cubagem que deve ser utilizado é o peso hectolitro (PH) de cada produto que passa por cubagem dividido por 100. Ex: Para um PH de 80 teremos um fator de cubagem igual a 80 dividido por 100 que será 0,80. O peso hectolitro (PH) é a massa de 100 litros de grãos, expressa em quilogramas/100 litros.