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Associativismo,
 Cooperativismo e Sindicalismo
FORMAÇÃO
TÉCNICA
Brasília, 2015
Associativismo, 
Cooperativismo e 
Sindicalismo
Curso Técnico em Agronegócio
SENAR - Brasília, 2015
S474c SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural.
 Curso técnico em agronegócio: associativismo, cooperativismo e sindicalis-
mo / Serviço Nacional de Aprendizagem Rural ; Programa Nacional de Acesso 
ao Ensino Técnico e Emprego, Rede e-Tec Brasil, SENAR (Organizadores). – 
Brasília : SENAR, 2015.
126 p. : il. (SENAR Formação Técnica)
 
 ISBN: 978-85-7664-093-6
 
 Inclui bibliografia.
 1. Cooperativismo 2. Sindicalismo 3. Agroindústria - ensino. I. Programa 
Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego. II. Rede e-Tec Brasil. III. 
Título. IV. Série. 
CDU: 658.114
Sumário
Introdução à Unidade Curricular –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 6
Tema1: Associativismo –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––12
Tópico 1: As Associações e sua Importância no Cenário Brasileiro –––––––––––––––––––––––––––––– 13
Tópico 2: Conceito e Características das Associações –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 27
Tópico 3: Associações de Produtores Rurais ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 33
Encerramento do Tema ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 35
Atividade de aprendizagem ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 35
Tema 2: Cooperativismo –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––39
Tópico 1: Organização das Cooperativas Brasileiras O Nascimento de uma Grande 
Ideia ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––40
Tópico 2: Concepção, Objetivos e Fundo Ético do Sistema Cooperativo Solidarismo e 
Mutualismo ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––46
Tópico 3: A Cooperação no Agronegócio –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––49
Tópico 4: Cooperativismo e as Regras do Mercado –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 53
Tópico 5: A Sociedade Cooperativa –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––60
Tópico 6: Atos Cooperativos –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 72
Tópico 7: Gestão das Sociedades Cooperativas de Produção Agropecuária –––––––––––––––77
Tópico 8: Análises Estratégicas de Gestão das Organizações Sociais Agropecuárias 81
Tópico 9: Sistema OCB/Sescoop ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 87
Encerramento do Tema –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––89
Atividade de aprendizagem –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––89
Tema 3: Sindicalismo ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––93
Tópico 1: Aspectos Gerais e Históricos do Sindicalismo –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––94
Tópico 2: Legislação sobre Princípios, Liberdade Sindical e de Organização –––––––––––––98
Tópico 3: Organização e Atividades Sindicais ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––99
Tópico 4: Sindicalismo Rural – Regras e Atores ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––101
:
:
S474c SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural.
 Curso técnico em agronegócio: associativismo, cooperativismo e sindicalis-
mo / Serviço Nacional de Aprendizagem Rural ; Programa Nacional de Acesso 
ao Ensino Técnico e Emprego, Rede e-Tec Brasil, SENAR (Organizadores). – 
Brasília : SENAR, 2015.
126 p. : il. (SENAR Formação Técnica)
 
 ISBN: 978-85-7664-093-6
 
 Inclui bibliografia.
 1. Cooperativismo 2. Sindicalismo 3. Agroindústria - ensino. I. Programa 
Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego. II. Rede e-Tec Brasil. III. 
Título. IV. Série. 
CDU: 658.114
Curso Técnico em Agronegócio
4
Tópico 5: Sistema Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA –––––––––––– 113
Encerramento do Tema –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 119
Atividade de aprendizagem –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 119
Atividade extra: Análise Conceitual Comparativa ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––122
Atividade de aprendizagem – Gabarito ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––123
Atividade extra: Análise Conceitual Comparativa ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––124
Referências Bibliográficas –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––125
Introdução à Unidade Curricular
Curso Técnico em Agronegócio
6
Introdução à Unidade Curricular
Olá, seja bem-vindo(a) à Unidade Curricular Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo do 
curso Técnico em Agronegócio da Rede e-Tec Brasil do Senar.
Para iniciar os estudos, reflita uns momentos sobre estas perguntas: 
• O que me motivou a fazer este curso? 
• Estou em busca de conhecimento? Para quê? 
• O que farei com esse conhecimento?
• Estou em busca de mais oportunidades? Para quê? Para o trabalho? Para a comunidade?
Dizem que não são as respostas que movem o mundo, e sim as perguntas. Na verdade, os 
desafios moram nas perguntas, e não nas respostas.
Na figura a seguir, você pode analisar um esquema que representa as relações sistêmicas de 
cooperação para o desenvolvimento sustentado com qualidade de vida. Tente se enxergar 
nas descrições de cidadãos, profissionais e pessoas.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
7
Qualidade de vida
Cooperativas
Associações
Sindicatos
Empresa
Individual
Assistência
técnica
Sociedades
Insumos
Crédito
Produtos
Comercialização
Primários
Agroindústria
Armazenamento
Beneficiados/
Transformados
Pesquisa
Tecnologia
Capacitação
Indicador
Renda sustentável
Defesa de
direitos
Mercado
Área estratégica
de Atuação
Desenvolvimento
Sustentável
Viabilidade econômica 
com sustentabilidade
Políticas públicas
Participação
Valores
Cooperação
Solidariedade
Democracia
Respeito às
diferenças
Conselhos
ONG’s
MSTR
Igrejas
Dimensões
Movimentos
sociais
Acordo de
conveniência
Contratos
sociais
CIDADÃOS PROFISSIONAIS PESSOAS
Curso Técnico em Agronegócio
8
Pessoas
Quem são as pessoas? As pessoas são aqueles indivíduos que possuem valores – de 
participação, cooperação, solidariedade, democracia e respeito às diferenças –, adquiridos e 
formados durante a sua vida, diante de conceitos que a sociedade impõe. 
As diferenças entre as pessoas sempre existirão, mas como podem ser minimizadas? 
Para facilitar a convivência entre as pessoas, existem ferramentas como o “acordo de 
convivência” ou os “contratos sociais”, que podem ser formais ou informais.
Contratos formais são escritos, e, em alguns casos, o seu registro é exigido. Esses contratos 
também são chamados de “contratos solenes”. Por exemplo, um contrato de compra e venda 
oude trabalho. Os informais podem ou não ser escritos, mas não seguem as exigências de um 
contrato formal, portanto têm menos garantias.
Cidadãos
Quem são os cidadãos? Os cidadãos são pessoas que convivem em uma sociedade e devem 
conhecer e exercer seus direitos e deveres, que interferem na vida de toda a sua sociedade.
Algumas vezes, esses direitos e deveres são incentivados pelas políticas públicas, pelos 
conselhos, pelas organizações não governamentais – ONGs, pelos movimentos sociais, (como o 
Movimento dos Sem Terra – MST), além das variadas associações e igrejas que existem.
Perceba que as organizações de pessoas ou cidadãos possuem dimensões diferenciadas, como a 
cultural, a social, a econômica, a política, a ambiental, a de gênero e a institucional.
Profissionais
Para que a pessoa busca uma profissão? 
Para a busca da qualidade de vida, as pessoas – que também são cidadãos – podem atuar 
como profissionais para o alcance dos seus objetivos materiais. Nesse caso, podem atuar 
individualmente ou por meio de sociedades, cooperativas, associações e sindicatos.
A opção dos profissionais para o trabalho em uma organização poderá facilitar o acesso a 
aquisição de insumos, crédito, assistência técnica, pesquisa, tecnologia, capacitação e defesa dos 
direitos.
Os produtos do trabalho poderão ser utilizados de forma primária (crua ou bruta) ou poderão 
ser beneficiados/transformados, e, em conjunto, facilitar a comercialização para o acesso ao 
mercado. Um exemplo são as agroindústrias e o armazenamento comunitário em cooperativas.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
9
Fonte: Shutterstock
A partir desse cenário, a pessoa/cidadão/profissional sempre buscará facilitar a viabilidade 
econômica com sustentabilidade da sua atividade.
No decorrer de nossas aulas, você vai estudar as formas mais comuns de organizações 
coletivas de cidadãos e entender como o associativismo, o cooperativismo e o sindicalismo 
podem colaborar para o alcance de melhor qualidade de vida.
Antes de conferir os objetivos de aprendizagem desta unidade curricular e de seguir para o 
Tema 1, pare um minuto, reflita e responda:
Para você, o que é qualidade de vida?
Curso Técnico em Agronegócio
10
a
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de:
• Distinguir os conceitos de associativismo, cooperativismo e sindicalismo com 
ênfase em ambientes rurais;
• compreender o histórico e a importância do associativismo, do cooperativismo 
e do sindicalismo para o desenvolvimento social e econômico no meio rural;
• definir melhores estratégias de estrutura e funcionamento de organizações 
sociais ligadas ao setor rural;
• analisar estratégias de gestão das organizações sociais agropecuárias;
• estimular a cooperação social como elemento de transformação sociocultural 
no agronegócio;
• exercitar os conceitos de associativismo, cooperativismo e sindicalismo com 
ênfase em ambientes rurais.
Associativismo
01
Curso Técnico em Agronegócio
12
Associativismo 
Você sabe por que as pessoas se associam em grupos? Será que o “associativismo” é apenas 
um termo que os administradores criaram na atualidade ou ele reflete um fenômeno social 
que sempre existiu?
A palavra mágica que resultou no nascimento do associativismo foi “necessidade” – necessidade 
que desperta interesse. 
Com a união de esforços, as pessoas com o mesmo interesse buscam o alcance de seus 
objetivos de maneira mais forte e efetiva. 
A partir do interesse e da necessidade, as pessoas podem ser motivadas.
Fonte: Shutterstock
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
13
Inicialmente, o maior objetivo era a sobrevivência. Os nossos ancestrais organizavam-se em 
grupos para conseguir alimentação, abrigo e segurança, sendo esses grupos uma resposta 
criativa dos indivíduos diante dos desafios da natureza. 
Posteriormente, a união de indivíduos passou a ser motivada para enfrentar mudanças 
econômicas e sociais que ocorriam em algumas sociedades.
Interessante, não? Ao final deste tema, espera-se que você desenvolva as seguintes 
competências:
• conhecer os principais tipos de associativismo;
• compreender o histórico e a importância do associativismo no meio rural;
• diferenciar o negócio social típico das associações;
• entender o conceito de associação e diferenciá-la das demais entidades privadas; 
• conhecer os passos para a formação de uma associação rural;
• identificar as principais vantagens oferecidas pelas associações rurais;
• contextualizar a sociedade rural brasileira no desenvolvimento da agricultura.
Tópico 1: As Associações e sua Importância no Cenário Brasileiro
Fonte: Shutterstock
Curso Técnico em Agronegócio
14
A sociedade é constituída de pessoas que vivem em comunidade, mas todos, a todo momento, 
tomam muitas decisões individuais – sobre do que se alimentar, qual cor da roupa, o corte do 
cabelo, o modelo do sapato, o time de futebol, no que trabalhar etc.
Ou seja, há uma grande diversidade de interesses nas sociedades, sejam interesses individuais 
ou de grupos.
Para facilitar e apoiar a convivência com essas diferenças e diversidades, as pessoas podem 
se associar de várias maneiras:
• associações (de profissionais, de trabalhadores ou de produtores rurais, religiosas, 
políticas, comerciais);
• associações filantrópicas; 
• conselhos (de desenvolvimento comunitário, de pais, de alunos e professores, de 
moradores de bairro ou comunidade);
• clubes (de esportes, de dirigentes, de produtores, de lazer);
• sindicatos (profissionais, de classe, de setores);
• grêmios (de estudantes, esportivos);
• cooperativas (de produção, de comercialização, de compras, de profissionais); 
• grupos informais, como pessoas que se unem para uma viagem, um mutirão ou por 
motivos religiosos;
• outras formas de associação.
E como isso funciona na nossa lei? Fazendo um exercício de Direito comparado, podemos 
perceber que a livre associação é um direito em vários países. 
Direito comparado
Chamamos de “Direito comparado” o estudo das diferenças e das semelhanças entre as leis de 
diferentes países. Ganhou muita ênfase atualmente com a globalização e a democratização dos 
sistemas de informação por meio da internet. 
Ele envolve o estudo dos diferentes sistemas jurídicos existentes no mundo, incluindo o Direito 
comum, os direitos civil e socialista, a lei islâmica, a lei hindu e a lei chinesa, e até mesmo onde 
não há comparação explícita.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 10 de dezembro de 1948, estipula, 
no parágrafo 1º do artigo 20, que “toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associação 
pacíficas.”
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
15
Legenda: Sede da Organização das Nações Unidas, em Nova York, nos Estados Unidos.
Fonte: Shutterstock
A Convenção Europeia dos Direitos Humanos aprovada convenciona que “qualquer pessoa 
tem direito à liberdade de reunião pacífica e à liberdade de associação, incluindo o direito de, 
com outrem, fundar e filiar-se em sindicatos para a defesa dos seus interesses.”
Já a Constituição da República portuguesa constitui, no seu artigo 46, que:
1. Os cidadãos têm o direito de, livremente e sem dependência de qualquer autorização, 
constituir associações, desde que estas não se destinem a promover a violência e os 
respectivos fins não sejam contrários à lei penal.
2. As associações prosseguem livremente os seus fins sem interferência das autoridades 
públicas, e não podem ser dissolvidas pelo Estado ou suspensas as suas actividades 
senão nos casos previstos na lei e mediante decisão judicial.
3. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação nem coagido por 
qualquer meio a permanecer nela.
4. Não são consentidas associações armadas nem de tipo militar,militarizadas ou 
paramilitares, nem organizações racistas ou que perfilhem a ideologia fascista.
d
Comentário do autor
Esses exemplos mostram que os sistemas de Direito ocidentais e de muitos 
outros países abordam de maneira libertária, flexível e independente o direito de 
associação dos cidadãos, independentemente da vontade e da atuação do poder 
público (ou seja, dos governos).
Curso Técnico em Agronegócio
16
Acompanhe, agora, os exemplos específicos da experiência do Brasil na legislação do 
associativismo.
1. O tratamento do associativismo na Constituição Federal
A Constituição brasileira de 1891 já determinava, no artigo 72: “A todos é lícito associarem-se 
e reunirem-se livremente e sem armas, não podendo intervir a polícia senão para manter a 
ordem pública.”
Na Constituição brasileira de1934, também já constava, em seu artigo 113, que “é garantida 
a liberdade de associação para fins lícitos, nenhuma associação será compulsoriamente 
dissolvida senão por sentença judiciária.”
E a Constituição Federal de 1988, ainda em vigor, ampliou os direitos associativos das pessoas, 
permitindo a livre manifestação das associações. 
Fonte: Shutterstock
Em destaque, o inciso XII do artigo 29 da Constituição (cooperação das associações 
representativas no planejamento municipal) proporciona a participação da população nos 
Conselhos Municipais por meio das organizações representativas.
No entanto, houve momentos na história do Brasil em que a 
liberdade de associação foi restrita, principalmente nos períodos 
autoritários que começaram em 1964. Apenas associações 
filantrópicas ou de setores como comércio e indústria tinham 
alguma liberdade. Entretanto, eram constantemente “vigiadas” 
pelo governo. Outras associações, como as de movimentos 
estudantis ou de trabalhadores, eram reprimidas, e seus dirigentes 
ficavam sem liberdade, pois eram períodos em que não havia 
liberdade de manifestação.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
17
Antes da Constituição de 1988, a criação e o funcionamento de associações só eram permitidos 
com a autorização do Estado. Era obrigatória a publicação em jornal oficial do resumo dos 
seus atos constitutivos. A partir da Constituição de 1988, instituiu-se o Estado Democrático, 
assegurando o exercício dos direitos sociais e individuais, e a liberdade.
Em seu art. 5º, a Constituição permite a li-
berdade de locomoção em todo o território 
nacional e a liberdade de reunião, desde 
que seja pacífica e sem armas, independen-
temente de autorização, sendo necessário 
apenas o aviso às autoridades. 
O inciso XVII definiu que “é plena a liberda-
de de associação para fins lícitos, vedada a 
de caráter paramilitar.”
Definiu, ainda, no inciso XVIII: “A criação de 
associações e, na forma da lei, a de coope-
rativas independe de autorização, sendo 
vedada a interferência estatal em seu fun-
cionamento.”
A plena liberdade conferida pela Constituição de 1988 provocou um grande aumento na 
criação de associações, sendo que muitas foram constituídas com interesses bastante restritos, 
imediatos, ou por pessoas que se associavam somente pelo “modismo”, e acabaram dissolvidas.
2. O negócio social do associativismo
Segundo o Sebrae, “além de ser viável economicamente, um negócio social existe para bus-
car solução a uma questão social.”
O maior objetivo do negócio social é diminuir as desigualdades sociais, não sendo o lucro 
seu propósito principal.
Legenda: O apoio à atividade rural é um tipo de negócio social.
Fonte: Shutterstock
Curso Técnico em Agronegócio
18
No entanto, para ser criado, o negócio social precisa ser analisado sob a ótica de sua viabilidade 
para almejar o benefício social e garantir a sua própria existência.
'
Dica
Por exemplo, considere a implantação de uma horta comunitária para a geração 
de trabalho e renda para ajudar as pessoas de uma comunidade, com o apoio de 
uma grande empresa. A empresa se compromete a auxiliar na sua instalação e a 
adquirir os produtos.
Entretanto, o empreendimento deve mostrar que é autossustentável, mesmo 
sem o apoio da empresa, pois, caso contrário, não seria social, e sim da empresa 
patrocinadora.
Pode, também, ser considerado como negócio social o Fair Trade, ou, em português, “Comércio 
Justo”. É uma alternativa em relação ao sistema tradicional comércio.
No Brasil, o Decreto nº 7.358/2010 instituiu o Sistema Nacional do Comércio Justo e Solidário. 
O Comércio Justo é um movimento internacional que teve início na década de 1960 e procura 
gerar uma alternativa de mercado ao produtor por meio da aquisição de seus produtos por 
instituições, muitas das quais organizações não governamentais e cooperativas, que pagam 
preços justos após a verificação das condições de produção. Dentre os segmentos, destacam-
se produtos do agronegócio, do artesanato e das confecções, de comunidades, associações e 
cooperativas dos meios rural e urbano.
Fonte: Shutterstock
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
19
As empresas que aderem ao movimento devem ter a licença para usar o selo de Fair Trade. 
Por exemplo, no Brasil, quando o preço do café está muito baixo, essas instituições adquirem 
a produção de pequenos produtores, preferencialmente por meio de suas organizações/
cooperativas, após orientação técnica, e comercializam no mercado interno ou externo 
com o selo de Fair Trade. Vários consumidores, muitos de fora do Brasil, preferem adquirir 
esses produtos, pois sabem que foram comercializados por um preço justo, contribuindo 
socialmente para a melhoria de vida dos pequenos produtores, evitando a exploração. 
O Comércio Justo é mais um apoio à produção e à comercialização dos pequenos agricultores 
e da agricultura familiar, mas exige o atendimento a padrões sociais e ambientais.
p
Atividades para praticar em casa
Você conhece algum empreendimento social em sua região? Descreva como ele 
funciona, quem o apoia e quem são os beneficiados.
Como sugestão, pesquise sobre o Fair Trade. Há várias empresas no Brasil que 
atuam com esse mercado e podem ser localizadas por uma busca na internet. 
Muitas empresas que trabalham com produtores rurais dão preferência para os 
que são organizados em associações ou cooperativas.
Para o processo de desenvolvimento, sobretudo da pequena produção, é importante a busca 
de ações que oportunizem a autogestão, com ênfase na participação ativa dos atores sociais 
envolvidos – o agricultor familiar, o pequeno produtor e o empregado rural –, fortalecendo a 
autonomia da agricultura familiar. Esses são os principais atores no crescimento do movimento 
associativista no meio rural brasileiro.
O governo federal, por meio de ações como o Programa Nacional de Fortalecimento da 
Agricultura Familiar – Pronaf, financia projetos individuais e coletivos para a geração de renda.
Outra ação, o Programa de Aquisição de Alimentos – PAA, tem como objetivos principais 
promover o acesso à alimentação e incentivar a agricultura familiar. 
Também diversas empresas privadas buscam a valorização do agricultor familiar e do 
trabalhador rural:
• a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – Contag, com suas federações 
estaduais e sindicatos, tem assumido importante papel na melhoria da qualidade de vida 
do trabalhador rural, sendo o incentivo ao associativismo uma importante linha de sua 
ação;
• o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar e a Confederação da Agricultura e 
Pecuária do Brasil – CNA criaram o programa CNA Jovem para formar novos líderes para o 
campo (Programa Jovens Liderando o Agro); 
Curso Técnico em Agronegócio
20
• o Programa Jovem no Campo ajuda a contribuir com a inserção do jovem no mercado 
de trabalho rural, oferecendo a ele uma visão empreendedora de negócio, com foco 
nas oportunidades locais e regionais, além de tambémincentivar as oportunidades 
associativistas e cooperativistas. 
'
Dica
Lembre-se de que no Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA você tem acesso 
a links e vídeos complementares aos assuntos tratados na unidade curricular!
3.Histórico e importância do associativismo 
Acompanhe as imagens a seguir e perceba como a vida em coletividade sempre fez parte da 
humanidade, com finalidades específicas para cada época:
Pré-história Grécia antiga
O objetivo de se viver em grupo era combater 
inimigos em comum (predadores, fome, frio, 
busca por abrigo) e sobreviver mais facilmente.
Ginásios para a prática de esporte, cultura 
física e grupos com fim educador de onde se 
originaram os Jogos Olímpicos.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
21
Roma antiga Idade Média 
Organizações profissionais, clubes de jovens, 
escolas militares e de gladiadores.
Irmandades, ordens militares e corporações 
(produtores, aprendizes, jornaleiros, mestres e 
artesãos de um ofício) até o séc. XIX. 
No Brasil, a partir do século XIX, quando o grupo desejasse criar uma associação religiosa, 
científica, beneficente, profissional ou para qualquer outro fim, seria obrigado a ter licença 
na delegacia mais próxima, e o material escrito deveria ser enviado à Secção de Negócios 
do Império do Conselho de Estado, sendo que, somente depois de analisado, poderia ser 
liberado. 
O Decreto nº 2.711 e a Lei nº 1.083, ambos de 1860, orientavam sobre a criação das sociedades, 
incluindo as associações, com a aprovação do seu estatuto e dos demais documentos – tudo 
era controlado pelo governo. 
A
Link
No AVA você encontra o Decreto nº 2.711 de 1860 e as demais leis citadas aqui 
na apostila. Acesse e confira!
Nesse período, as associações, em sua maioria, eram beneficentes, religiosas, literárias, 
científicas ou caixas providenciárias e montepios.
Curso Técnico em Agronegócio
22
Como você já estudou, a partir principalmente da Constituição de 1988 e do novo Código Civil 
de 2002, as associações ficaram mais livres para serem formadas e passaram, enfim, a ter 
papel mais importante no meio rural brasileiro.
d
Comentário do autor
Atualmente, podemos dizer que todas as empresas se organizam em associação. 
Por quê? Porque as associações transformam concorrentes em aliados, 
principalmente na atualidade de um mundo globalizado, em que o cliente escolhe 
e compra o produto, financia ou paga à vista, com empresas de todo o Brasil e do 
mundo, com um toque na tela do computador ou do celular. Unidas em entidades 
representativas, as empresas discutem diretamente com os governos e com a 
sociedade sobre as melhores políticas de incentivo às suas atividades. 
No mundo moderno, qualquer produto faz parte de uma cadeia produtiva, em que cada 
indivíduo é responsável por uma parte do processo. É como uma engrenagem: se um para ou 
danifica, afeta os outros.
Qualquer situação na cadeia produtiva, tanto positiva como negativa, afeta todos os setores 
envolvidos, mesmo os que não fazem parte direta do processo. 
'
Dica
O dono do restaurante pode ter problemas em quitar as suas dívidas caso 
seus clientes sejam dispensados do emprego, que pode ser na indústria ou no 
comércio. Nesse caso, essa dispensa afeta, ainda, o supermercado e o produtor 
rural que vendeu o produto, continuando o processo negativo na cadeia. 
O mesmo movimento também acontece ao contrário, ou seja, quando um 
setor da produção gera mais empregos, o restaurante vende mais, gera 
mais oportunidades de trabalho, compra mais e paga suas contas em dia no 
supermercado, e o produtor rural vende maiores quantidades e recebe melhor 
pelo produto.
Os próprios países também se organizam com motivos específicos: 
• Organização da Nações Unidas – ONU, 
• Organização dos Estados Americanos – OEA, 
• G7 – atualmente, Grupo dos Sete – é um grupo que reúne os sete países mais industrializados 
e desenvolvidos economicamente do mundo. Todos os países fundadores são nações 
democráticas: Estados Unidos, Alemanha, Canadá, França, Itália, Japão e Reino Unido. Com 
a exclusão da Rússia, o G8 passou a ser G7;
• G20 – é um fórum informal que promove entendimentos entre países industrializados 
e emergentes sobre assuntos relacionados à economia global, sendo o Brasil um dos 
participantes;
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
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• Mercado Comum do Sul – Mercosul – tem por objetivo a integração de alguns países da 
América do Sul (Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai e Venezuela) por meio da livre 
circulação de bens, serviços e fatores produtivos, do estabelecimento de uma Tarifa Externa 
Comum – TEC, da adoção de uma política comercial comum, da coordenação de políticas 
macroeconômicas e setoriais, e da harmonização de legislações nas áreas pertinentes; 
• Brics – é um grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, chamados 
de “países emergentes”, que busca atuação conjunta para pêr em prática e desenvolver 
projetos, mas não é reconhecido como um bloco econômico oficial, pois não possui 
estatuto ou registro formal. 
BRICS - 5 maiores economias emergentes
BRASIL RUSSIA INDIA CHINA ÁFRICADO SUL
Fonte: Adaptada Shutterstock
A
Link
Quer saber mais sobre o Mercosul? Acesse: www.mercosul.gov.br
4. Associativismo no meio rural
Tendo visto toda a presença e a importância do associativismo no decorrer da história e na 
economia atual, é hora de se debruçar sobre esse assunto aplicado ao meio rural.
O produtor rural, que é o responsável pela produção dos alimentos primários, deveria ter 
mais consciência da força que aplica na economia.
Conforme dados da CNA, a participação do agronegócio no Produto 
Interno Bruto – PIB do país tem crescido a cada ano, atingindo, em 
2014, 31% do PIB total. Por seu lado, as exportações do agronegócio 
representam cerca de 40% do total exportado pelo país, e o agronegócio 
gera 37% de todos os postos de trabalho no Brasil.
Curso Técnico em Agronegócio
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Afinal, as pessoas podem viver sem muitos dos bens que consomem ou usam, mas não podem 
viver sem os alimentos.
Há quarenta ou cinquenta anos, o fazendeiro tinha orgulho de dizer que “a única coisa que 
compro para minha fazenda é o sal e o querosene”. Tinha independência e autonomia, e fazia 
o escambo (troca de produtos) quando era necessário adquirir coisas “da cidade”. A cadeia 
produtiva era, em grande parte, “da porteira para dentro” das fazendas. 
Com a evolução do capitalismo, das tecnologias, da globalização e da especialização da 
produção (o produtor dever produzir apenas aquilo que ele pode gerar com mais eficiência e 
menos custo), atualmente, para o produtor rural continuar no mercado, ele deve deixar de ser 
o fazendeiro tradicional de antigamente para se tornar um empresário rural.
As exigências do mercado provocam essa mudança de comportamento do produtor, e, como 
empresário, ele tende a se especializar em alguma atividade em que tenha mais eficiência e 
obtenha mais lucros.
Fonte: Shutterstock
Daí a importância do associativismo, que pode transformar a produção individual ineficiente 
em participação coletiva e comunitária para aumentar a capacidade produtiva, a eficiência 
e a lucratividade do negócio. Compra e venda em conjunto, capacitação, aquisição de 
equipamentos e transporte são algumas das atividades associativas que podem contribuir 
para os negócios, principalmente para o pequeno agricultor.
Daí entende-se que os projetos comunitários, como aquisição de tratores e equipamentos, 
proporcionam aumento da produção e da produtividade, além de outras atividades em grupo, 
e são meios que influenciam diretamente o aumento da renda dos produtores.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
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A capacitação realizada pelo Senar, tanto na promoção social quanto na formação profissional 
para produtoresrurais, em cooperação com as associações, as cooperativas e os sindicatos, é 
outra atividade que contribui para a melhoria das condições do trabalho e da vida no campo. 
'
Dica
Não se esqueça: no AVA você tem acesso a links e vídeos complementares aos 
assuntos tratados na unidade curricular!
5. O associativismo como desenvolvimento interinstitucional
Como você já estudou neste tópico, a Constituição prevê a participação da população por 
meio de organizações representativas na formulação das políticas e no controle das ações em 
todos os níveis.
• Você sabe como é essa participação? 
• Já teve oportunidade de participar?
Uma das formas de participar das discussões na sua comunidade é por meio das associações 
de produtores, das associações comunitárias e de outras entidades representativas, 
encaminhando um plano de ação ou projeto e participando dos conselhos municipais de 
saúde e de educação, do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentado – CMDRS, 
do conselho tutelar, entre outros, de acordo com as necessidades da comunidade, para 
solucionar ou minimizar problemas apresentados.
Fonte: Adaptada Shutterstock
Curso Técnico em Agronegócio
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Nesses conselhos (municipais, estaduais e nacional), em que participam outras instituições e 
representantes do governo, o representante da entidade tem direito a opinar e votar sobre as 
atividades que receberão verbas públicas.
Esses conselhos constituem um grande avanço democrático no país, sendo paritária a 
participação do governo e de entidades sociais, isto é, o número de participantes do governo 
e das entidades sociais não governamentais é o mesmo, com o mesmo número de votos.
 
Além disso, as reuniões dos conselhos são abertas a todos os 
cidadãos, sendo obrigatória a sua divulgação com antecedência. No 
entanto, só podem votar os representantes eleitos.
Conforme o Portal da Transparência da Controladoria-Geral da União, o controle social pode 
ser feito individualmente, por qualquer cidadão, ou por um grupo de pessoas organizado. Os 
conselhos gestores de políticas públicas são canais efetivos de participação, que permitem 
estabelecer uma sociedade na qual a cidadania deixe de ser apenas um direito, passando a 
ser uma realidade. 
A importância dos conselhos está no seu papel de fortalecimento da participação democrática 
da população na formulação e na implementação de políticas públicas. Além disso, o seu 
funcionamento adequado e justo pressupõe a ausência de atividades político-eleitorais e de 
cunho ideológico-partidário. 
Esses conselhos podem ser deliberativos ou consultivos, sendo que:
Conselho deliberativo Conselho consultivo
Um conselho deliberativo é aquele que tem 
poder de decisão, desde a aprovação do 
plano ou projeto, até o acompanhamento 
da execução e a prestação de contas, como 
o Conselho Municipal de Saúde – CMS e o 
Conselho Municipal de Educação – CME. 
Contudo, não são órgãos executivos, ou 
seja, conselhos não realizam as ações de 
construção, pagamentos e operação. Estas 
são da alçada dos governos, de ONGs ou 
empresas. 
Um conselho consultivo tem a finalidade de 
aconselhar e opinar sobre questões relativas 
a atividades de interesse público, como, por 
exemplo, se deve-se ou não reformar uma 
estrada, emitindo pareceres e dando opiniões 
– apenas aconselha, mas não decide. Quem 
decide é o poder legislativo (vereadores, 
deputados estaduais e federais, e senadores) 
com a participação do executivo, e quem 
executa são órgãos do poder executivo 
(prefeituras, por exemplo, empresas privadas 
contratadas ou, ainda, organizações não 
governamentais autorizadas).
Vale lembrar, também, dos conselhos de interesse público, que são paritários entre governo 
e sociedade, ou seja, por meio de suas entidades representativas, têm o mesmo número de 
votos. Contudo, os conselhos criados pelas instituições ou empresas privadas não precisam 
seguir essa regra, e sua composição depende do interesse da empresa ou instituição.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
27
p
Atividades para praticar em casa
Procure na sua cidade informações sobre as atividades e as reuniões dos conselhos, 
como o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentado – CMDRS, em que 
são discutidas ações para atender aos pequenos produtores, como financiamentos 
do Pronaf, o Programa de Aquisição de Alimentos – PAA, a Declaração de Aptidão ao 
Pronaf – DAP, entre outras, e participe com suas opiniões. 
Você terá oportunidade de opinar com representantes de várias entidades e 
representantes do governo. Isso significa vivenciar a democracia. Participe! 
Também participam dos conselhos municipais: representantes da Empresa de Assistência 
Técnica e Extensão Rural – Emater, da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral – Cati, da 
Prefeitura, da Secretaria Municipal da Agricultura, da Secretaria de Ação Social, de associações 
comunitárias, do Sindicato dos Trabalhadores ou dos Produtores Rurais, de órgãos ambientais, 
dentre outros.
Tópico 2: Conceito e Características das Associações 
A principal característica das associações está estabelecida no Código Civil de 2002: “Art. 
53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não 
econômicos.”
Já vimos que a Constituição define a plena liberdade de associação e que ninguém poderá 
ser obrigado a se associar ou a permanecer associado. Porém, a concessão de um benefício 
público não pode ser condicionada à exigência de que a pessoa seja filiada em associação, 
como, por exemplo, a inscrição da DAP, financiamentos, previdência social, entre outras.
Fonte: Shutterstock
A maior parte dos programas sociais públicos, como o PAA, da Conab, prevê a participação 
dos produtores por meio de suas entidades associativas, mas também individualmente, 
diretamente pelo produtor. 
Curso Técnico em Agronegócio
28 '
Dica
Lembre-se de que no AVA você tem acesso a links e vídeos complementares aos 
assuntos tratados na unidade curricular!
Algumas importantes características das associações comunitárias são:
• quando expressamente autorizadas, possuir legitimidade para representar seus filiados 
judicial ou extrajudicialmente;
• atender ao Código Civil, do artigo 53 ao artigo 61;
• definir claramente os fins e os objetivos;
• se a associação tiver por objetivo a assistência social, atender ao previsto na Lei Orgânica 
da Assistência Social – LOAS e nas Resoluções do Conselho Nacional de Assistência Social 
– CNAS;
• ser constituídas por pessoas físicas e/ou jurídicas (empresas), com dois ou mais sócios;
• definir, em seu estatuto, sobre a responsabilidade dos sócios, que, em casos omissos, 
poderão ser responsabilizados;
• em caso de dissolução, destinar o remanescente a outra entidade ou ao governo, não 
podendo ser distribuído entre os sócios, a não ser nos casos em que possuam quotas, o 
que deve ser previsto no estatuto, como é o caso de clubes.
A Resolução CNAS nº 14/2014 define, no artigo 2º: 
As entidades ou organizações de Assistência Social podem ser isolada ou cumulativa-
mente: 
de atendimento: aquelas que, de forma continuada, permanente e planejada, prestam 
serviços, executam programas ou projetos e concedem benefícios de proteção social 
básica ou especial, dirigidos às famílias e indivíduos em situações de vulnerabilidades 
ou risco social e pessoal, nos termos das normas vigentes;
de assessoramento: aquelas que, de forma continuada, permanente e planejada, 
prestam serviços e executam programas ou projetos voltados prioritariamente para 
o fortalecimento dos movimentos sociais e das organizações de usuários, formação 
e capacitação de lideranças, dirigidos ao público da política de assistência social, nos 
termos das normas vigentes;
de defesa e garantia de direitos: aquelas que, de forma continuada, permanente e 
planejada, prestamserviços e executam programas ou projetos voltados prioritariamente 
para a defesa e efetivação dos direitos socioassistenciais, construção de novos direitos, 
promoção da cidadania, enfrentamento das desigualdades sociais e articulação com 
órgãos públicos de defesa de direitos, dirigidos ao público da política de assistência 
social, nos termos das normas vigentes.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
29
Para que uma associação possa ser atendida em parcerias com 
os governos, é importante que, além de constar no estatuto a sua 
finalidade social, a associação tenha que demonstrar que executa a 
sua atividade estatutária, mesmo sem recursos públicos.
Portanto, se você participa de alguma associação, é importante verificar se o estatuto tem 
finalidade social!
1. Classificação das associações
A classificação das atividades desenvolvidas por qualquer instituição ou empresa no Brasil é 
definida pelo Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE, que é um cadastro de 
abrangência nacional no qual estão organizadas e descritas todas as atividades possíveis de 
serem exercidas por pessoas jurídicas. 
É importante lembrar que uma associação, ou qualquer empresa no Brasil, só poderá exercer 
as atividades previstas no seu estatuto ou contrato social (no caso de empresas), que deverão 
constar nas informações cadastrais do seu Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ. 
A
Link
Para definir o código e a atividade da entidade, acesse: http://cnae.ibge.gov.br
Veja um exemplo de classificação do CNAE (que deve constar no CNPJ da associação):
CÓDIGO E DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA PRINCIPAL
94.30-8-00 - Atividades de associações de defesa de direitos sociais
CÓDIGO E DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS SECUNDÁRIAS
94.93-6-00 - Atividades de organizações associativas ligadas à cultura e à arte
94.99-5-00 - Atividades associativas não especificadas anteriormente
CÓDIGO E DESCRIÇÃO DA NATUREZA JURÍDICA
399-9 - Associação Privada
Curso Técnico em Agronegócio
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A classificação da associação também é importante para definir perante a Receita Federal se 
é imune ou isenta ao pagamento de tributos.
São imunes do imposto sobre a renda e estão obrigadas a entregar a Declaração de Imposto 
de Renda Pessoa Jurídica – DIPJ: 
a) os templos de qualquer culto (CF/1988, art. 150, VI, “b”); 
b) os partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais de trabalhadores, 
(CF/1988, art. 150, VI, “c”), desde que observados os requisitos do art. 14 do CTN, com 
redação alterada pela Lei Complementar n º 104, de 2001; 
c) as instituições de educação e as de assistência social, sem fins lucrativos (CF/1988, art. 
150, VI, “c”). 
Para o gozo da imunidade tributária, as instituições citadas em “b” e “c” estão obrigadas a 
atender aos seguintes requisitos: 
a) não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados, exceto no 
caso de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Oscip, em que a legislação 
prevê a possibilidade de se instituir remuneração para os dirigentes da entidade que atuem 
efetivamente na gestão executiva e para aqueles que a ela prestam serviços específicos;
b) aplicar integralmente no país seus recursos na manutenção e no desenvolvimento dos 
seus objetivos institucionais; 
c) manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros revestidos das 
formalidades que assegurem a respectiva exatidão; 
d) conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da emissão, os 
documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, 
bem assim a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar 
sua situação patrimonial; 
e) apresentar, anualmente, a DIPJ, em conformidade com o disposto em ato da Secretaria da 
Receita Federal; 
f) assegurar a destinação de seu patrimônio a outra instituição que atenda às condições 
para gozo da imunidade, no caso de incorporação, fusão, cisão ou de extinção da pessoa 
jurídica, ou a órgão público; 
g) não distribuir qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; 
h) outros requisitos, estabelecidos em lei específica, relacionados com o funcionamento das 
entidades citadas. 
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
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Consideram-se isentas de tributos as instituições de caráter 
filantrópico, recreativo, cultural e científico, e as associações civis 
que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os 
coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem 
fins lucrativos (Lei nº 9.532, de 1997, art.15).
A Receita Federal presta outros esclarecimentos quanto a imunidade e isenção. É importante 
reconhecer que a isenção não é “automática”: além de atender aos requisitos previstos, a 
entidade deve fazer a solicitação à Receita Federal, que publica no Diário Oficial da União após 
o reconhecimento.
'
Dica
Lembre-se de que no AVA você tem acesso a links e vídeos complementares aos 
assuntos tratados na unidade curricular!
2. Aquisição e constituição da personalidade jurídica
Para a formalização da associação, são necessários a elaboração, a aprovação e o registro dos 
seus atos constitutivos, que são a ata de fundação e o estatuto, conforme dispõe a lei.
Assim estabelece o Código Civil – Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002: 
Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá:
I - a denominação, os fins e a sede da associação;
II - os requisitos para a admissão, a demissão e a exclusão dos associados;
Curso Técnico em Agronegócio
32
III - os direitos e os deveres dos associados; 
IV - as fontes de recursos para sua manutenção;
V - o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; 
VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução;
VII - a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas. 
Assim, é importante que o grupo interessado discuta bastante o estatuto da sua futura 
associação antes da sua aprovação em Assembleia Geral Constitutiva, principalmente com 
relação à finalidade da entidade e à sua forma de gestão e eleição da diretoria e dos conselhos. 
Esclareça e discuta todos os itens do estatuto, de modo que todos os sócios tenham acesso 
(cópia) ao estatuto, conhecendo seus direitos e deveres na associação. 
c
Leitura complementar
Na biblioteca do AVA, você encontra um anexo com modelos de estatuto para 
uma associação.
3. Registro do ato constitutivo
Para que a entidade tenha personalidade jurídica, ou seja, para que ela exista formalmente, o 
estatuto deve ser registrado em cartório.
Para tanto, deve ser cumprido um rito de constituição previsto na legislação, conforme o 
passo a passo:
• o grupo interessado deve fazer o convite à comunidade para a realização da assembleia 
de fundação por meio de edital, em que devem constar data, horário, local, assuntos 
(leitura, discussão e aprovação do estatuto, eleição e posse dos membros da diretoria e do 
conselho fiscal ou outros órgãos, conforme preveja o estatuto);
• elaborar a ata que deve ser assinada e rubricada por todos os presentes, em todas as 
folhas. Nessa ata, deverão ser inscritos os sócios fundadores, com nome completo (sem 
abreviar), CPF ou CNPJ (para empresas), identidade, endereço, profissão, estado civil, além 
de outros dados que possam identificar o associado;
• o estatuto aprovado e a ata de fundação, em que constam os nomes de todos eleitos, 
devem, então, ser registrados em Cartório de Registro de Títulos e Documentos das Pessoas 
Jurídicas no município onde se localiza a entidade comunitária (verificar no cartório as 
taxas para o registro);
• de acordo com a Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, em seu art. 1º, § 2º, “os atos e 
contratos constitutivos de pessoasjurídicas, sob pena de nulidade, só podem ser admitidos 
a registro, nos órgãos competentes, quando visados por advogados”. Assim, um advogado 
deve dar um visto na ata e no estatuto constitutivo da associação;
• solicitar cadastro junto à Receita Federal do Brasil para obtenção do CNPJ, após registro de 
seu Estatuto em Cartório;
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
33
• é importante a assessoria de um profissional de contabilidade para a inscrição e a 
atualização das declarações e da documentação nos órgãos municipal, estadual e federal;
• caso venha utilizar a DAP Jurídica ou Inscrição Coletiva, deverá ser providenciada a inscrição 
na Secretaria Estadual da Fazenda;
• fazer inscrição no INSS, mesmo que não tenha empregado;
• verificar com a prefeitura a obrigatoriedade do registro municipal e do alvará de 
funcionamento;
• em alguns casos, será necessária a obtenção de licenças de órgão de vigilância sanitária, 
corpo de bombeiros, entre outros, dependendo do tipo de atividade e da localização.
Tópico 3: Associações de Produtores Rurais
Vamos começar este tópico relembrando uma informação importante: todas as associações 
devem atender à característica básica prevista no art. 53 do Código Civil de 2002, que é a 
união de pessoas que se organizem para fins não econômicos.
 
As associações de produtores rurais, assim como as demais 
associações, devem fazer constar em seus estatutos as atividades 
que serão destinadas ao atendimento de seus associados, cujo 
objetivo não poderá ser a obtenção de lucro para distribuição aos 
associados. Os lucros eventuais devem ser usados em investimentos 
na própria associação. 
A associação deve definir com clareza qual é o seu púbico constitutivo, ou seja, qual é a 
característica de seus sócios, como, por exemplo, se é de pequenos, médios ou grandes 
produtores ou da agricultura familiar, ou de apicultores, ou de moradores de uma determinada 
comunidade, e assim por diante.
Fonte: Shutterstock
Curso Técnico em Agronegócio
34
A área de abrangência também pode ser definida: se de produtores de uma determinada 
comunidade, distrito, município ou região, como associação dos pequenos produtores da 
comunidade X, ou associação dos agricultores familiares do município Y.
Vale lembrar que as condições para as pessoas se associarem e quanto à área de atuação 
devem ser explícitas no estatuto, podendo ser em uma determinada comunidade, região, 
município ou vários municípios, estado ou em todo país, desde que a estrutura da associação 
tenha condições de atendimento.
Acompanhe as principais vantagens de se trabalhar em associação rural:
• uma associação legalmente constituída possibilita às pessoas maior participação na 
sociedade em conselhos do município, do estado e do país;
• aumenta o poder de reivindicação e de negociação do grupo;
• facilita o contrato em grupo dos produtores com empresas que comercializam produtos 
agropecuários, como supermercados e sacolões, pela escala de produção e programação 
de entrega dos produtos;
• possibilita a participação em fóruns, seminários e em todos os espaços de decisão pública, 
promovidos pelas câmaras municipais e assembleias legislativas, podendo ter voz e se 
fazer ouvir na sociedade e nos espaços de decisão pública;
• facilita a assistência técnica em grupo e o processo de capacitação, que poderá aumentar 
a renda e o lucro com relação à produção e à melhoria da produtividade;
• permite a aquisição em grupo de insumos, sementes, adubos e fertilizantes a preços mais 
vantajosos; 
• permite a realização legal de convênios com o governo e contratos com entidades e 
empresas privadas, viabilizando projetos e busca de recursos, físicos e financeiros, para 
atendimento aos fins da associação;
• os produtores organizados em grupos terão facilidades de acesso a linhas de crédito e 
programas governamentais, visto que o atendimento não exclui o produtor individual, 
mas a sua preferência é para aqueles organizados em grupos formais e informais;
• com a geração de emprego e renda, o associativismo contribui para a redução do êxodo 
rural.
1. Sociedade Rural Brasileira
A Sociedade Rural Brasileira – SRB, entidade de caráter associativista representativa da classe 
rural, fundada no dia 19 de maio de 1919 na cidade de São Paulo, completou, em 2015, 96 
anos de importância e contribuição ao desenvolvimento do setor agropecuário.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
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A entidade trabalha como agente negociador político do agronegócio perante os públicos 
estratégicos do setor, atua como polo disseminador de conhecimento e funciona como 
centro de serviços e gerador de oportunidades e negócios para a cadeia produtiva rural. 
Ela representa o produtor rural brasileiro com reivindicações e propostas às autoridades na 
defesa dos interesses do setor e atua como mediadora entre os elos das cadeias produtivas, 
estimulando as políticas públicas favoráveis ao setor agropecuário brasileiro.
'
Dica
Lembre-se de que no AVA você tem acesso a links e vídeos complementares aos 
assuntos tratados na unidade curricular!
Encerramento do Tema 
Parabéns! Você está concluindo o primeiro tema deste curso, que trata sobre associativismo.
Nesta etapa, você teve a oportunidade de aprender que, organizadas em associações, as 
pessoas podem conhecer melhor e reivindicar seus direitos, manifestando-se junto ao governo 
e à sociedade. O cidadão consciente de seus direitos e deveres buscará de forma organizada 
a melhoria da qualidade de vida para ele e para a sua comunidade.
O associativismo atende, basicamente, às questões sociais e permite o apoio às questões 
econômicas, como, por exemplo, por meio da capacitação. Entretanto, para que as pessoas 
busquem o aumento da sua renda, é necessário o trabalho de produção ou de serviços, o que 
nos leva ao cooperativismo, uma das formas de organização mais utilizada em todo o mundo.
No próximo tema, você verá como as pessoas podem se organizar em cooperativas, além das 
vantagens e das limitações atreladas a essa decisão.
Depois que realizar as atividades de aprendizagem, você poderá começar a se sentir bem-
vindo ao cooperativismo!
Atividade de aprendizagem 
1. Qual destas atividades não é considerada associativa?
a) Conselho de desenvolvimento comunitário. 
b) Sindicato de trabalhadores rurais.
c) Empreendedor individual.
d) Cooperativa.
e) Horta comunitária.
Curso Técnico em Agronegócio
36
2. Em que condições o trabalhador rural é obrigado a ser associado na associação dos 
pequenos produtores rurais?
a) Para se aposentar.
b) Para receber seguro desemprego.
c) Para receber assistência técnica, como a do Emater. 
d) As letras a, b e c estão corretas.
e) As letras a, b, c e d não estão corretas.
3. Onde é feita a inscrição do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ da entidade 
associativa para a sua formalização?
a) No escritório de contabilidade.
b) Na Secretaria da Receita Federal do Brasil.
c) Na Prefeitura.
d) No escritório do advogado.
e) No escritório da empresa de assistência técnica.
4. Para qual destas atividades é necessário que o grupo seja formalizado?
a) Receber assistência técnica em grupo.
b) Buscar o banco para financiamento em grupo.
c) Adquirir insumos, sementes e adubos em grupo, diminuindo custos.
d) Participar de seminários e reuniões para discutir assuntos de interesse dos produtores.
e) Representar a comunidade perante o judiciário ou outros órgãos públicos para a 
aprovação de projetos de interesses comuns.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
37
5. Os conselhos municipais, como o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentado 
– CMDRS e o Conselho Municipal de Assistência Social – CMAS, servem para:
a) Reunir amigos depois do trabalho.
b) Falar do trabalho dasua propriedade rural.
c) Ser o local em que a população participa da discussão e do acompanhamento das 
políticas públicas.
d) Ser o local em que os políticos fazem as campanhas eleitorais. 
e) Aprovar sem discutir tudo o que o prefeito e os vereadores fizeram.
Cooperativismo
02
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
39
Tema 2: Cooperativismo
O que vem à sua cabeça quando se fala em cooperativismo? Quantas cooperativas você 
conhece? Estão difundidas no nosso mercado, hoje, cooperativas de vários tipos, como as de 
trabalho, as sociais, as de crédito...
Em sua definição, cooperativismo é um movimento, uma filosofia de vida e um modelo 
socioeconômico capaz de unir desenvolvimento econômico e bem-estar social. Seus 
referenciais fundamentais são: participação democrática, solidariedade, independência 
e autonomia. 
Fonte: Shutterstock
Curso Técnico em Agronegócio
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É um sistema fundamentado na reunião de pessoas, e não no capital – ele visa às necessidades 
do grupo, e não o lucro –, buscando a prosperidade conjunta, e não a individual. Essas 
diferenças fazem do cooperativismo a alternativa socioeconômica que pode levar ao sucesso 
empreendimentos com equilíbrio e justiça entre os participantes. 
 
“Associado a valores universais, o cooperativismo se desenvolve 
independentemente de território, língua, credo ou nacionalidade” 
(Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB).
Ao final deste tema, espera-se que você desenvolva as seguintes competências:
• conhecer e definir a sociedade cooperativa e diferenciá-la da associação;
• identificar o solidarismo e o mutualismo nas relações cooperativas;
• conhecer o principal objetivo da sociedade cooperativa;
• conhecer o instituto da cooperação;
• compreender as condicionantes do desenvolvimento econômico;
• identificar cada um dos aspectos econômicos na relação com o mercado;
• diferenciar lucro de sobras líquidas na sociedade cooperativa;
• identificar as atividades inerentes à sociedade cooperativa de produção agropecuária;
• diferenciar os negócios realizados pela sociedade cooperativa de produção agropecuária;
• conhecer o tratamento tributário ao ato cooperativo;
• conhecer as atividades qualificadas como “ato não cooperativo”;
• identificar as principais relações contratuais realizadas pelas sociedades cooperativas;
• conhecer as principais estratégicas utilizadas pelas entidades;
• conhecer as atribuições de cada sistema.
Vamos ao tópico 1?
Tópico 1. Organização das Cooperativas Brasileiras: o Nascimento 
de uma Grande Ideia
No século XVIII, aconteceu a Revolução Industrial na Inglaterra. Com a introdução das 
máquinas que substituíram os trabalhadores, a mão de obra perdeu grande poder de troca e 
de negociação. Os baixos salários e a longa jornada de trabalho resultantes trouxeram muitas 
dificuldades socioeconômicas para a população, que levaram também a protestos populares. 
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
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Fonte: Shutterstock
Diante dessa crise, surgiram lideranças que criaram associações de caráter assistencial. Essa 
experiência não teve resultado positivo na atenuação da situação econômica dos trabalhadores 
e ainda manteve pessoas ociosas nas ruas. 
d
Comentário do autor
Alguns anos de problemas socioeconômicos se passaram sem soluções para 
contornar eficientemente os efeitos colaterais da modernização da indústria. 
Com base nessas experiências, buscaram-se novas formas associativas que 
fossem eficazes para a viabilidade econômica de empreendimentos coletivos até 
chegarem ao que denominaram de cooperativa.
Esse modelo de reunião cooperativa teve início com a reunião de 28 cidadãos ingleses, em 
sua maioria tecelões, que se reuniram para discutir e avaliar suas ideias sobre alternativas de 
empreendimentos viáveis que não repetissem as falhas do modelo capitalista de gestão.
Respeitando seus costumes e suas tradições, e estabelecendo normas e metas para a 
organização de uma cooperativa, após um ano de trabalho, acumularam um pequeno capital 
(28 libras, que é a moeda inglesa) e conseguiram abrir as portas de um pequeno armazém 
cooperativo, em 1844, no bairro de Rochdale, na cidade de Manchester (Inglaterra). 
Curso Técnico em Agronegócio
42
Legenda: Os ingleses da sociedade de Rochdale são reconhecidos como os pioneiros do cooperativismo.
Fonte: Shutterstock
Nascia a Sociedade dos Probos de Rochdale, conhecida como a primeira cooperativa moderna 
do mundo. Ela criou os princípios morais e a conduta que são considerados, até hoje, a base 
do cooperativismo. Em 1848, já eram 140 membros, e, 12 anos depois, chegou a ter 3.450 
sócios com um capital de 152 mil libras. 
No Brasil, conforme dados da OCB, existem 6.827 cooperativas, 
distribuídas em todos os estados, com maior concentração nas 
regiões Sul e Sudeste do país, atividade que envolve diretamente 
11 milhões de pessoas.
Destas, 1.597 são de cooperativas agropecuárias, com cerca de um milhão de cooperados, com 
um faturamento, em 2014, de mais de R$ 100 bilhões e representando mais de 10% do PIB do 
agronegócio, com 152 mercados de destino, sendo responsáveis por 6% das exportações do 
agronegócio brasileiro 
Acompanhe a simbologia que envolve o emblema que representa o cooperativismo!
O pinheiro é considerado o símbolo da imortalidade e da fecundidade: 
multiplica-se com facilidade, inclusive em terrenos inóspitos. Dois pinheiros 
simbolizam a união e a fraternidade.
O círculo é uma figura geométrica que não tem começo nem fim, simbolizando 
a eternidade do cooperativismo.
O verde-escuro dos pinheiros simboliza o princípio vital da natureza e toda a 
esperança que ela representa.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
43
O amarelo-ouro, cor do sol, fonte de toda energia e calor, significa a fonte de 
toda a vida e de renda.
A combinação desses símbolos resultou na marca mundial do cooperativismo. 
Em qualquer país, em qualquer língua, quaisquer que sejam os princípios 
religiosos ou políticos, o emblema do cooperativismo mostra o círculo 
abraçando os dois pinheiros unidos nos seus princípios, perenes na 
multiplicação de seus ideais. A esperança verde e a energia amarela dos 
adeptos do cooperativismo são marcadas pelas cores dos emblemas.
1. Diferenças entre associação e cooperativa
No primeiro tema desta unidade curricular, você estudou sobre o associativismo. Acompanhe 
as principais diferenças entre uma associação e uma cooperativa.
As associações são instituições que buscam promover a educação, a cultura, a política 
e os interesses comuns de determinadas classes, regiões ou setores. Já as cooperativas 
desenvolvem mais um trabalho comercial e empresarial de uma maneira coletiva. 
Nas cooperativas, os cooperados são beneficiários e administradores do negócio, podendo ser 
beneficiados pelos resultados gerados. Nas associações, os associados não são exatamente os 
proprietários das instituições (elas são de interesse público), e, caso ocorra o seu fechamento, 
o valor que tiver sido acumulado deverá ser encaminhado a uma instituição que realize um 
trabalho semelhante ao seu ou ao governo.
O quadro a seguir mostra as principais características distintivas entre as associações e as 
cooperativas.
Característica/tipo 
de organização Associação Cooperativa
Definição
Sociedade civil sem fins 
econômicos e sem fins 
lucrativos.
Sociedade simples de fins 
econômicos e comerciais sem fins 
lucrativos.
Finalidade
Representar e defender os 
interesses dos associados, 
como prestar serviços e 
viabilizar assistências técnica, 
cultural e educativa aos 
associados.
Prestar serviços, viabilizar 
assistências técnica, cultural 
e educativa aos cooperados, 
bem como promover a venda 
e a compra em comum, 
desenvolvendo atividades 
de consumo, produção, 
prestaçãode serviços, crédito e 
comercialização.
. . .
Curso Técnico em Agronegócio
44
Característica/tipo 
de organização Associação Cooperativa
Número de sócios
Não existe um número mínimo 
legal de associados. Como 
se trata de uma sociedade, 
exigem-se, no mínimo, duas 
pessoas. 
Mínimo de 20 pessoas físicas 
(mínimo de sete pessoas nas 
cooperativas de trabalho).
Remuneração de 
dirigentes
Os dirigentes não são 
remunerados pelo exercício 
de suas funções, recebendo 
apenas o reembolso das 
despesas realizadas para 
o desempenho das suas 
atividades.
A remuneração dos dirigentes 
é definida na assembleia geral, 
na forma de pro labore, para 
compensar o afastamento do 
trabalho anterior, em valor de 
acordo com a profissão e o 
mercado.
Direito a voto
Cada associado tem direito a 
um voto em assembleia geral.
Cada associado tem direito a um 
voto em assembleia geral.
Receita
Composta por contribuições 
dos associados, taxas, doações, 
legados, subvenções, fundos e 
reservas.
Taxas de serviços sobre as 
operações dos cooperados e das 
operações bancárias, diferenças 
entre custos de produção ou 
compra e venda de produtos.
Capital e patrimônio
Não tem capital social. 
Contribuições dos associados, 
taxas, doações, legados, 
subvenções, fundos e reservas 
podem se constituir em 
patrimônio.
Tem capital social, que é formado 
por quotas/partes. Por ter capital 
social, as cooperativas podem 
realizar operações financeiras.
Sistema 
representativo
Em âmbitos municipal, estadual 
e federal, as associações 
podem ser representadas por 
federações e confederações, 
respectivamente. Em casos 
de ações coletivas, podem 
representar seus associados.
Em âmbito nacional, cooperativas 
são representadas pela 
Organização das Cooperativas 
Brasileiras – OCB. Em âmbito 
estadual, são representadas 
pelas Federações.
Em casos de ações coletivas, 
podem representar seus 
associados.
. . .
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
45
Característica/tipo 
de organização Associação Cooperativa
Responsabilidades
Os associados não 
responderão, ainda que 
subsidiariamente, pelas 
obrigações contraídas pela 
associação, salvo aquelas 
deliberadas em assembleia 
geral e na forma em que o 
forem.
A responsabilidade dos sócios 
pode ser limitada ou ilimitada. 
É limitada a responsabilidade 
na cooperativa em que o sócio 
responde somente pelo valor 
de suas quotas e pelo prejuízo 
verificado nas operações sociais, 
guardada a proporção de 
sua participação nas mesmas 
operações.
É ilimitada a responsabilidade 
na cooperativa em que o 
sócio responde solidária e 
ilimitadamente pelas obrigações 
sociais.
Contabilidade Escrituração simplificada.
A escrituração é completa, 
com todas as demonstrações 
contábeis.
Comercialização
A comercialização é feita 
diretamente pelo associado, 
assessorado pela associação 
A comercialização é feita 
diretamente pela cooperativa. 
As cooperativas podem tomar e 
repassar créditos aos produtores 
rurais e podem operar com 
instrumentos públicos de política 
agrícola, como aquisições do 
governo federal, além de poder 
tomar empréstimos.
Resultados 
financeiros
As possíveis sobras das 
operações financeiras não 
são divididas entre os sócios, 
sendo aplicadas integralmente 
no atendimento dos objetivos 
sociais da associação.
Distribuição das sobras líquidas 
do exercício aos associados, 
proporcionalmente às operações 
realizadas por cada um, salvo 
deliberação em contrário da 
assembleia geral.
. . .
Curso Técnico em Agronegócio
46
Característica/tipo 
de organização Associação Cooperativa
Tributação
Pode ser isenta ou imune, 
desde que atenda à legislação. 
A declaração de Imposto de 
Renda é obrigatória.
Não incide imposto sobre os atos 
cooperados. As cooperativas 
são tributadas sobre atos não 
cooperados, como os juros 
obtidos pela aplicação financeira.
Fiscalização
As associações podem ser 
fiscalizadas pela prefeitura, pela 
fazenda estadual, pelo INSS, 
pelo Ministério do Trabalho e 
pela Receita Federal.
Cooperativas podem ser 
fiscalizadas pela prefeitura, pela 
fazenda estadual, pelo INSS, 
pelo Ministério do Trabalho, pela 
Receita Federal e por outros 
órgãos públicos.
Dissolução
Definida em assembleia geral 
ou mediante intervenção 
judicial realizada por 
representante do Ministério 
Público. O saldo do patrimônio 
se reverterá às instituições 
congêneres.
Solucionado o passivo e 
reembolsados os cooperados até 
o valor de suas quotas-partes, o 
remanescente é distribuído de 
acordo com o estatuto.
Fonte: Associações rurais: práticas associativas, características e formalização (SENAR, 2011).
Tópico 2: Concepção, Objetivos e Fundo Ético do Sistema 
Cooperativo: Solidarismo e Mutualismo
Dizemos que a solidariedade e a mútua colaboração fazem parte do embasamento de um 
sistema cooperativo. Como elas são aplicadas e qual a sua ligação com a ética?
Para responder a essa pergunta, primeiro revise o que significa ética:
I - Ética é uma palavra de origem grega (ethos), que significa “propriedade do caráter”. 
Ser ético é agir dentro dos padrões convencionais, é proceder bem, é não prejudicar o 
próximo. Ser ético é cumprir os valores estabelecidos pela sociedade em que se vive.
II - O exercício da ética profissional implica na obrigatoriedade do indivíduo cumprir 
com todas as atividades de sua profissão, seguindo os princípios determinados pela 
sociedade e pelo seu grupo de trabalho.
III - Persistir na conduta ética possibilita ao profissional a realização do bem comum e 
individual – que é o propósito da Ética – e conduz ao desenvolvimento social, compondo 
um binômio inseparável.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
47
IV - No mundo organizacional das cooperativas, cabe ao sócio o preponderante papel de 
agente de desenvolvimento social para o bem-estar da coletividade. 
Vejamos um exemplo real de como a ética está presente no mundo cooperativo por meio 
do código de ética da cooperativa Coopifor: “Art. 1º - O trabalho realizado pelo sócio através 
da COOPIFOR implica em compromisso moral, ético e profissional com a Cooperativa e seu 
quadro social, o contratante de serviços da mesma e com a sociedade em geral, impondo 
direitos, deveres e responsabilidades indelegáveis.”
'
Dica
Lembre-se de que no AVA você tem acesso a links e vídeos complementares aos 
assuntos tratados na unidade curricular!
Já a Aliança Cooperativa Internacional orienta que todas as cooperativas devam ser baseadas 
nos valores de autoajuda, autorresponsabilidade, democracia, equidade e solidariedade. Seus 
membros acreditam nos valores éticos da honestidade, da abertura (transparência), da 
responsabilidade social e da preocupação com os outros.
Segundo Walmor Franke, a palavra “cooperativismo” pode ser tomada em duas acepções. Por 
um lado, designa o sistema de organização econômica que visa eliminar os desajustamentos 
sociais oriundos dos excessos da intermediação capitalista; por outro, significa a doutrina 
corporificada no conjunto de princípios que devem reger o comportamento do homem 
integrado ao sistema capitalista.
Voltando à pergunta inicial deste tópico, sobre a relação do cooperativismo e a ética, o 
princípio ético do sistema cooperativo traduz-se no lema “Um por todos, todos por um”, 
que é uma aplicação particular do princípio de solidariedade, a cujo império fica submetida a 
atividade dos cooperados. Costuma-se dizer, por isso, que o cooperativismo se identifica com 
o solidarismo, em contraste com o capitalismo, que, na sua forma histórica mais extremada, 
tem caráter marcadamente individualista.
A obtenção de vantagens econômicas em favor das economias 
individuais dos associados é o escopo fundamental das sociedadescooperativas.
Com relação ao mutualismo, trata-se de uma teoria econômica e social que propõe que 
“volumes iguais de trabalho devem receber pagamento igual”. Foi Pierre-Joseph Proudhon 
quem criou o termo “mutualismo” para descrever a sua teoria econômica, na qual o valor se 
baseia no trabalho. 
Curso Técnico em Agronegócio
48
Fonte: Shutterstock
Vale ressaltar que, atualmente, já se reconhece que a nossa sociedade é formada por 
trabalhadores de capacidades distintas, com diferentes formações e especialidades, sem que 
isso implique em qualquer diferença de nobreza entre os trabalhos.
p
Atividades para praticar em casa
Para reflexão: em sua opinião, como podem ocorrer a ajuda mútua e a 
solidariedade na cooperativa? Pesquise pela sua região sobre alguma atividade 
de ajuda mútua desenvolvida pelas cooperativas locais!
1. Por que se associar em cooperativas?
Na definição legal (art. 3º da Lei nº 5.764/71), celebram contrato de sociedade cooperativa as 
pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de 
uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de lucro.
Como regra geral, as cooperativas são constituídas de pessoas físicas. Excepcionalmente é 
permitida a admissão de pessoas jurídicas que tenham por objeto as mesmas ou correlatas 
atividades econômicas das pessoas físicas ou, ainda, aquelas sem fins lucrativos. As cooperativas 
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
49
singulares não podem ser constituídas somente por pessoas jurídicas (empresas). As 
cooperativas podem ser constituídas em cooperativas centrais, federações ou confederações. 
d
Comentário do autor
Observe que a cooperativa constituída não terá objetivo de lucro. No entanto, 
o aumento da renda e o lucro dos cooperados, por meio da distribuição dos 
resultados das cooperativas, contribuirão para atender ao principal objetivo 
da cooperativa, que é social. Isso, por consequência, proporciona melhoria na 
qualidade de vida dos cooperados e da comunidade. 
Portanto, as cooperativas não visam lucro para o negócio, mas a distribuição dos ganhos da 
atividade cooperada gera, indiretamente, um aumento de renda e lucro dos cooperados.
Acompanhe, no próximo tópico, exemplos de cooperação aplicada no agronegócio! 
Tópico 3: A Cooperação no Agronegócio
Para iniciar este tópico, veja algumas notícias recentes da imprensa nacional: 
SUDENE: ACORDOS DE COOPERAÇÃO NO AGRONEGÓCIO
Os acordos de cooperação, que abrangem a área de atuação da Sudene, visam, ainda, o 
fortalecimento das cadeias produtivas de pecuária e da fruticultura, além da ampliação 
da capacidade estática e dinâmica de armazenagem, e na maximização da eficiência de 
utilização dos sistemas de armazenagem.
Fonte: http://www.agendaparaiba.com/sudene-acordos-de-cooperacao-no-agronegocio/.
MINISTRA INICIA MISSÃO NA RÚSSIA NESTA TERÇA-FEIRA (7) 
A comitiva brasileira é composta também pelo senador Wellington Fagundes (PR-MT) 
e pelo deputado Newton Cardoso Junior (PMDB-MG), além de diversos empresários de 
setores que procuram aprofundar as relações comerciais com a Rússia, como laticínios, 
carnes, café, grãos, cereais e etanol.
Fonte: http://www.agricultura.gov.br/comunicacao/noticias/2015/07/ministra-inicia-missao-na-russia-nesta-terca-fei-
ra-7.
Em suma, é importante perceber que a cooperação funciona como os elos de uma corrente, 
em que todos são importantes no processo – produtores rurais, fornecedores, trabalhadores, 
entidades, órgãos públicos e consumidores –, em todas as instâncias, tanto local, regional ou 
mundial. Avante!
Curso Técnico em Agronegócio
50
1. O que esperar da cooperação
Imagine um jogo de futebol: jogadores em campo, técnico e torcida. Qual jogador é mais 
importante em um time? O que todos esperam? Você, com certeza, mesmo sem entender de 
futebol, sabe a resposta. Todos esperam que se façam gols e ganhem a partida.
Sendo um time, todos dependem da cooperação de cada um para chegar à vitória, o que está 
vinculado à cooperação de todos, inclusive da torcida. Para que haja cooperação, é necessário 
que todos tenham o mesmo objetivo.
Legenda: Cooperação no futebol: será que o atacante poderá cabecear para o gol se o zagueiro e o meia não tiverem o mesmo 
objetivo?
Fonte: Shutterstock
E no agronegócio? Será possível trabalhar em cooperação? Claro que sim! O agronegócio é um 
dos principais redutos do cooperativismo no Brasil. Com a cooperação, os produtores podem 
se ajudar, trabalhar junto aos fornecedores e clientes, e melhorar o desempenho da cadeia 
produtiva. Essa colaboração pode começar mesmo informalmente, por meio de parcerias, e o 
mutirão, tão comum no meio rural, é uma das formas de cooperação. 
d
Comentário do autor
A cooperação é um tipo de ação tão rica que pode gerar o que chamamos de 
intercooperação. Esse termo designa a cooperação entre cooperativas, um 
dos princípios do cooperativismo. Nesse caso, as cooperativas servem de forma 
mais eficaz aos seus membros e dão mais força ao movimento cooperativo, 
trabalhando em conjunto por meio das estruturas locais, regionais, nacionais e 
internacionais.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
51
Vamos resumir um exemplo hipotético e realçado, mas cuja essência é o objetivo do 
cooperativismo e que realmente acontece em muitas regiões do agronegócio brasileiro. 
Acompanhe a história!
Estudo de caso
Há alguns anos, as pessoas de uma certa região viviam 
uma vida rotineira, trabalhando apenas quando apare-
cia alguém oferecendo serviço avulso. Nem sempre re-
cebiam como se devia, mas “quebravam o galho” de vez 
em quando e ganhavam uns trocados. Quando o traba-
lhador recebia, era a vez de pagar a conta do armazém, 
do bar, da farmácia, além de fazer outro fiado. O resto 
do tempo era empenhado em “jogar conversa fora”.
Como a região possuía terras baratas para quem co-
nhecesse a tecnologia certa, e tinha, também, água com 
fartura e clima bom, começaram a chegar produtores 
rurais de outras regiões comprando as terras para 
plantio e criação de gado.
O povo do lugar ficou meio desconfiado, observando a 
maneira daquelas pessoas “estrangeiras” trabalharem.
“Chegam de carro novo, com tratores e animais, cons-
troem e reformam casas, fazem a feira. Mas cadê aque-
le supermercado?”
O dono do armazém do lugar nem sabia direito o que 
era cartão de crédito, apenas tinha ouvido falar...
Certo dia, os novos produtores fizeram uma reunião 
também convidando os outros membros da comunida-
de. O assunto? Abrir uma cooperativa dos produtores. 
Mesmo desconfiados, muitos foram a essa reunião.
Lá, os novos produtores falaram das dificuldades que 
estavam tendo para adquirir os insumos e armazenar 
a produção; faltava assistência técnica e até farmácia 
para comprar remédio para o gado.
Explicaram que seria mais fácil e rentável se se reunissem em uma cooperativa, pois isso dimi-
nuiria as despesas de cada um com os atravessadores que atendiam à região. Afinal, de onde 
vieram, já tinham experiência em trabalhar de forma cooperada.
Depois de várias outras reuniões, resolveram criar a cooperativa dos produtores rurais da 
região.
Fonte: Shutterstock
Fonte: Shutterstock
Curso Técnico em Agronegócio
52 Já durante a montagem das instalações da cooperativa, 
começou a aparecer serviço para o pessoal, com cartei-
ra assinada e pagando tudo direitinho, como décimo 
terceiro, Fundo de Garantia e tudo o mais.
A cooperativa também precisou contratar pessoal para 
trabalhar: atendentes, secretária, vigias, faxineiras, 
todo o pessoal de apoio. 
Com o movimento de pessoas que vinham de fora, 
como engenheiros, agrônomos, veterinários e fiscais do 
estado, a dona da pensão teve que aumentar e melho-
rar o atendimento. Recentemente, colocou até internet 
sem fio para atender o pessoal.
Como aumento do movimento de pessoas por causa da 
cooperativa, também aumentou o dinheiro circulando 
na região. Uma rede bancária se interessou e colocou 
um posto de atendimento no local.
Com mais gente, e com mais dinheiro, a prefeitura tam-
bém foi cobrada para melhorar os serviços na cidade: 
posto de saúde, escola, posto da polícia.
Começaram a chegar à cidade supermercado, lojas e 
posto de combustível. Com isso, o pessoal local foi in-
centivado a se capacitar, estudar mais, para conseguir 
os bons empregos.
Alguns anos depois, a cooperativa tinha gerado muitos 
empregos diretos, e os produtores passaram a ter mais 
lucro, pois a cooperativa prestava toda assistência. 
Muitas pessoas da cidade tinham emprego melhor e a 
prefeitura arrecadava mais impostos, podendo melho-
rar os serviços públicos. Como em toda boa história, no 
final, as pessoas estavam vivendo mais felizes. 
Ainda que este “causo” narrado seja apenas hipotético, contado como um exemplo, você 
pode acreditar que muitos fatos semelhantes aconteceram em vários locais do país, com as 
cooperativas contribuindo para o desenvolvimento econômico e social da região.
Fonte: Shutterstock
Fonte: Shutterstock
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
53
p
Atividades para praticar em casa
E você? Conhece alguma história parecida com essa? Escreva os pontos principais 
e relate para os seus colegas no fórum do AVA!
Tópico 4: Cooperativismo e as Regras do Mercado
Neste tópico, vamos conceituar primeiramente as ideias de mercado e o papel do liberalismo 
na economia. 
 
O liberalismo pode ser resumido na liberdade dos cidadãos e das 
empresas para praticar negócios de qualquer natureza, com as 
regras sendo ditadas mais pelo mercado do que pelos governos.
A história do liberalismo abrange a maior parte dos últimos quatro séculos. O liberalismo 
começou como uma doutrina principal e esforço intelectual em resposta às guerras religiosas 
na Europa durante os séculos XVI e XVII, embora o contexto histórico para a ascensão do 
liberalismo remonte à Idade Média.
A primeira encarnação notável da agitação liberal veio com a Revolução Americana, mas o 
liberalismo efetivamente cresceu como um movimento global contra a velha ordem feudal e 
aristocrática durante a Revolução Francesa, que marcou o ritmo para o futuro desenvolvimento 
da história humana. 
O criador da teoria mais aceita da economia liberal moderna foi, sem dúvida, Adam Smith, 
economista escocês que desenvolveu a teoria do liberalismo apontando como as nações iriam 
prosperar. Nela, ele confrontou as ideias de Quesnay e Gournay, afirmando que a desejada 
prosperidade econômica e a acumulação de riquezas não são concebidas pela atividade rural 
e nem pela comercial.
Legenda: Adam Smith é considerado o pai da teoria do livre mercado.
Fonte: Shutterstock
Curso Técnico em Agronegócio
54
Para Smith, o elemento de geração de riqueza está no potencial de trabalho, sendo este livre, 
sem ter o Estado como regulador e interventor. 
Hoje, o liberalismo econômico é também geralmente considerado contrário aos regimes 
que se pretendem não capitalistas, como o socialismo, o capitalismo de Estado (China) e o 
comunismo.
j
Atividade prática
A partir desses conceitos sobre a liberdade de mercado, faça uma análise da 
situação do mercado atual. Você já consegue imaginar como o cooperativismo 
pode contribuir para a liberdade de mercado? Discuta esse assunto com os seus 
colegas no AVA!
1. O preço de custo e o de mercado
Imagine a seguinte situação: 
 Estudo de caso
Um viajante dirige por uma estrada quando acontece algum imprevisto e o veículo para. Na 
região faz bastante calor. Ela, então, sai em busca de auxílio, mas terá que percorrer a pé 
vários quilômetros, por várias horas, até conseguir socorro. A região é quase deserta. Ao se 
preparar para a caminhada, percebe que está sem água de reserva para beber, mas decide ir 
assim mesmo. Após algumas horas de caminhada, exausto e com bastante sede, encontra um 
pequeno comércio à beira da estrada e logo pede água para beber. A pessoa que o atende diz: 
— Temos somente esta água que é de uma cisterna e que utilizamos para beber. Só que você 
tem de pagar R$ 100,00 – isso mesmo, cem reais por um copo de água.
O viajante tem, então, duas opções: ou comprar e beber aquela água sobre a qual ele nem 
sabe as condições, ou seguir em frente sem saber se irá encontrar outra água, correndo o risco 
de morrer de sede.
O que você acha? Alguém pode até preferir morrer de sede a pagar esse valor, mas a lógica é 
que se pagariam os extorsivos R$ 100,00.
Que situação, hein? Imagine, agora, um cidadão em uma estância hidromineral, em que a 
água que sai da torneira é própria para o consumo e de graça. No restaurante do hotel, uma 
garrafinha de água mineral industrializada custa R$ 1,00. Será que esse consumidor pagaria? 
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Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
55
Poderia até pagar, mas ele saberia que poderia recusar a compra e beber sua água mineral 
direto da torneira.
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Nesses dois exemplos, o que podemos analisar sobre o preço da água? Está caro ou está 
barato? 
Alguns dos fatores que determinam o preço são a necessidade e a oportunidade, que 
determinam o chamado preço de mercado. O preço de mercado é determinado pela livre 
oferta e procura, ou seja, quando não há interferências externas, como a do governo definindo 
o preço da conta de água, de energia etc. 
 O preço de mercado é o preço que as pessoas estão dispostas a pagar dada uma oferta do produto desejado.
O preço de custo, por outro lado, é determinado a partir de soma de todos os custos de 
produção de um produto (matérias-primas, armazenagem, transporte, conservação, impostos, 
despesas com pessoal etc.), ou seja, todos os custos fixos e variáveis, acrescentando o lucro 
ou a margem de lucro pretendida. Observe que, nesse caso, pode ser que o preço assim 
calculado não interesse a nenhum comprador. Então, ao invés de preço, ele se torna somente 
custo, porque não houve venda!
Conclui-se que o que define o preço de venda é o mercado por meio do preço de 
mercado. Um valor só se torna preço quando encontra compradores e vendedores àquele 
valor, resultando em transações que transformam o valor em preço de mercado.
Curso Técnico em Agronegócio
56
d
Comentário do autor
O produtor rural, trabalhando de forma individual, dificilmente tem condições de 
interferir no mercado porque sua margem de lucro é muito estreita. Por outro 
lado, se o produtor rural reunir forças em cooperativismo, terá mais condições 
para competir. Reunidos, produtores podem diminuir custos, buscar novas 
tecnologias e novos mercados, negociar, reduzir preços de compras, aumentar 
preços de vendas, ter maior margem de lucro e transformar o seu custo em valor 
de fato.
Por isso, podemos dizer que o cooperativismo tem uma “função corretiva”, porque corrige 
distorções do mercado e dá condições a atores pequenos de competirem.
2. Diferença entre empresas mercantis e sociedades cooperativas
De acordo com o Código Civil, art. 982, uma sociedade simples explora a atividade de prestação 
de serviços decorrentes de atividades intelectuais e de cooperativa, independentemente 
de seu objeto. Já as sociedades empresárias (mercantis) são aquelas que têm por objeto o 
exercício de atividade própria de empresário.
A Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, que dispõe sobre as sociedades por ações, esta-
belece que existem dois tipos de sociedades anônimas: a companhia aberta, que capta recur-
sos do público por meio de negociações em bolsas de valores e é fiscalizada pela Comissão de 
Valores Mobiliários – CVM, e a companhia fechada (também chamada de “empresa de capital 
fechado”), que obtém seus recursos dos próprios acionistas. Estas são as grandesempresas, 
como indústrias, redes de lojas etc.
A
Link
Não deixe de checar o site da CVM: www.cvm.gov.br
Já nas sociedades simples, dentre elas as cooperativas, o seu capital é representado por 
quotas, e não por ações. No caso da cooperativa, o associado poderá subscrever até um terço 
do total das quotas-partes, mas só terá direito a um voto. Isto é, para cada sócio, um voto. 
Nas sociedades por ações, o voto de sócio será conforme o seu capital. Se um ou mais sócios 
detiverem juntos mais de 50% do capital, eles terão o poder de decisão.
Em todas as sociedades, as pessoas reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou 
serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
57
d
Comentário do autor
Isso quer dizer que as pessoas se associam para ganhar mais do que se 
trabalhassem sozinhas, podendo esse ganho ser social, econômico ou ambos.
Qual das sociedades é a melhor? Quais são as vantagens e as limitações de cada 
uma? 
Essas são dúvidas que existem e devem ser analisadas antes da decisão. Assim, o interessado 
deve entender as diferenças entre os empreendimentos cooperativos e as empresas mercantis.
O quadro a seguir mostra as principais diferenças entre essas duas alternativas de sociedade.
Sociedade cooperativa Empresa mercantil
Sociedade simples, regida por legislação 
específica.
Sociedade de capital por ações.
Número de associados limitado à capacidade 
de prestação de serviços.
Número ilimitado de sócios.
Controle democrático: cada pessoa 
corresponde a um voto.
O voto é proporcional ao capital – quem tem 
mais capital decide. 
O objetivo é a prestação de serviços. O objetivo é o lucro.
O quorum na assembleia é baseado no 
número de sócios.
O quorum é baseado no capital.
Não é permitida a transferência de quotas-
partes a terceiros.
São permitidas a transferência e a venda de 
ações a terceiros.
O retorno dos resultados é proporcional ao 
valor das operações.
O dividendo é proporcional ao valor total das 
ações.
O compromisso é educativo, social e 
econômico.
O compromisso é econômico.
Fonte: OCB http://www.ocb.org.br/site/cooperativismo/papel_do_associado.asp
3. Conceitos de lucro, sobras e retorno
Considere os seguintes conceitos:
• Lucro é o retorno positivo do investimento.
• Sobras são o resultado obtido da diferença entre as receitas (vendas de produtos ou 
prestação de serviços) e os custos (dos serviços e das mercadorias vendidas), deduzido o 
total dos custos.
• Retorno é a devolução do lucro ou da sobra, como veremos a seguir.
Curso Técnico em Agronegócio
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Veja o seguinte exemplo: somando-se os custos (fixos e variáveis) para produzir um quilo de 
feijão, chega-se a R$ 0,70. O preço de venda foi de R$ 0,90. Para se chegar ao lucro, é preciso 
fazer a conta:
Custo total = R$ 0,70
Preço de venda = R$ 0,90 
Lucro líquido = R$ 0,20 
 
Esses conceitos de contabilidade são imprescindíveis para uma 
atividade econômica! É extremamente importante anotar e fazer os 
cálculos de todos os custos da sua propriedade rural. 
Ou seja, na empresa privada, ou sociedade empresária, o lucro é de R$ 0,20 e pode ser 
apropriado pelos sócios da empresa de maneira proporcional ao seu capital na companhia. 
Já no cooperativismo, quem tem o lucro não é a cooperativa. O resultado da cooperativa, ou 
seja, os R$ 0,20 de lucro podem ser distribuídos aos cooperados com o nome de “distribuição 
de resultados”, mas é importante lembrar que, na cooperativa, os resultados não são 
considerados lucro, apenas como atos cooperados, que são operações ocorridas entre o 
cooperado e a cooperativa.
'
Dica
Por exemplo: o cooperado comercializa (vende) o leite para a cooperativa 
ou adquire (compra) insumos da cooperativa. Esses são considerados “atos 
cooperados”, e não existe o lucro, ainda que possam existir resultados positivos 
nessas transações.
Mas, se a cooperativa aplica seu capital em um banco e obtém juros nessa 
operação, estes são considerados atos não cooperados, e o resultado é o lucro, 
portanto sujeitos à tributação como em outra sociedade mercantil. Da mesma 
maneira, existem cooperativas que vendem para pessoas da comunidade que 
não são cooperadas. Nessa operação, haverá incidência de IRPJ (Imposto de 
Renda da Pessoa Jurídica).
No caso de a nota fiscal ser emitida para pessoa não cooperada, pode ocorrer preço de venda 
diferenciado devido aos impostos existentes.
Retorno
Uma das características da cooperativa é o retorno das sobras líquidas do exercício 
proporcionalmente às operações realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário 
da assembleia geral. 
É importante lembrar que, das sobras líquidas, deverão ser destinados no mínimo 10% para o 
Fundo de Reserva e 5% para o Fates (Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social), não 
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
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sendo contabilizados para a distribuição entre os cooperados, pois a lei prevê a indivisibilidade 
dos fundos.
Sobras e perdas
Na apuração do resultado das operações, o estatuto da cooperativa deve prever a forma de 
devolução das sobras aos associados ou do rateio das perdas apuradas por insuficiência de 
contribuição para a cobertura das despesas da sociedade.
Rateio
Em razão proporcional entre os associados que tenham usufruído dos serviços durante o ano, 
o rateio das sobras líquidas verificadas no balanço do exercício, excluídas as despesas gerais, 
deve ser decidido em assembleia geral.
 
Os prejuízos verificados no decorrer do exercício serão cobertos 
com recursos provenientes do Fundo de Reserva e, se forem 
insuficientes, mediante rateio entre os associados na razão direta 
dos serviços usufruídos.
Algumas assembleias decidem, por exemplo, a incorporação das sobras ao patrimônio da 
cooperativa. Incluídas na quota-parte e com aumento do capital, a cooperativa terá maior 
poder de negociação. Já outras decidem pela distribuição da sobra.
Podemos exemplificar essa situação com uma cooperativa de produtores de leite. Acompanhe!
 Estudo de caso
Um cooperado forneceu durante o ano mil litros de leite, e outro forneceu quinhentos litros 
no mesmo período. Suponhamos que tenha havido sobra líquida. Se, no rateio da sobra, o 
que forneceu mil litros receber cem reais, o que forneceu quinhentos litros receberá cinquenta 
reais se o estatuto não prever outra condição.
Se, ao contrário, houver perdas, o cooperado que forneceu mil litros deverá depositar para a 
cooperativa cem reais, e o outro cooperado, cinquenta reais. Caso a cooperativa tenha Fundo 
de Reserva, este poderá ser utilizado para abater os prejuízos.
Portanto, os associados deverão acompanhar muito de perto os negócios da cooperativa sob 
pena de ter de desembolsar dinheiro para pagar eventuais prejuízos.
'
Dica
Sempre verifique a escrituração contábil da sua cooperativa e peça explicações 
sobre ela. O cooperado tem direito ao acesso a todas as informações.
Curso Técnico em Agronegócio
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Tópico 5: A Sociedade Cooperativa
Para iniciar este tópico, vamos voltar a um ponto básico: o que é uma cooperativa?
1. Legislação
A cooperativa é assim definida pela Lei nº 5.764 de 16 de dezembro de 1971: 
Art. 4º As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica 
próprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos 
associados, distinguindo-se das demais sociedades pelas seguintes características:
I - adesão voluntária, com número ilimitado de associados, salvo impossibilidade técnica 
de prestação de serviços;
II - variabilidade do capital social representado por quotas-partes;
III - limitação do número de quotas-partes do capital para cada associado, facultado, 
porém, o estabelecimentode critérios de proporcionalidade, se assim for mais adequado 
para o cumprimento dos objetivos sociais;
IV - inacessibilidade das quotas-partes do capital a terceiros, estranhos à sociedade;
V - singularidade de voto, podendo as cooperativas centrais, federações e confederações 
de cooperativas, com exceção das que exerçam atividade de crédito, optar pelo critério 
da proporcionalidade;
VI - quorum para o funcionamento e deliberação da Assembleia Geral baseado no 
número de associados, e não no capital;
VII - retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operações realizadas 
pelo associado, salvo deliberação em contrário da Assembleia Geral;
VIII - indivisibilidade dos Fundos de Reserva e de Assistência Técnica Educacional e Social;
IX - neutralidade política e não discriminação religiosa, racial e social;
X - prestação de assistência aos associados, e, quando previsto nos estatutos, aos 
empregados da cooperativa;
XI - área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião, controle, 
operações e prestação de serviços.
A mesma Lei nº 5.764 estabeleceu classificações para as sociedades cooperativas, escritas da 
seguinte maneira:
Art. 6º As sociedades cooperativas são consideradas: 
I - singulares, as constituídas pelo número mínimo de 20 (vinte) pessoas físicas, sendo 
excepcionalmente permitida a admissão de pessoas jurídicas que tenham por objeto 
as mesmas ou correlatas atividades econômicas das pessoas físicas ou, ainda, aquelas 
sem fins lucrativos;
II - cooperativas centrais ou federações de cooperativas, as constituídas de, no 
mínimo, 3 (três) singulares, podendo, excepcionalmente, admitir associados individuais;
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
61
III - confederações de cooperativas, as constituídas, pelo menos, de 3 (três) federações 
de cooperativas ou cooperativas centrais, da mesma ou de diferentes modalidades.
§ 1º Os associados individuais das cooperativas centrais e federações de cooperativas 
serão inscritos no Livro de Matrícula da sociedade e classificados em grupos visando à 
transformação, no futuro, em cooperativas singulares que a elas se filiarão.
§ 2º A exceção estabelecida no item II, in fine, do caput deste artigo não se aplica às 
centrais e federações que exerçam atividades de crédito.
Art. 7º As cooperativas singulares se caracterizam pela prestação direta de serviços aos 
associados.
Art. 8º As cooperativas centrais e federações de cooperativas objetivam organizar, em 
comum e em maior escala, os serviços econômicos e assistenciais de interesse das 
filiadas, integrando e orientando suas atividades, bem como facilitando a utilização 
recíproca dos serviços.
Parágrafo único. Para a prestação de serviços de interesse comum, é permitida a 
constituição de cooperativas centrais, às quais se associem outras cooperativas de 
objetivo e finalidades diversas.
Art. 9º As confederações de cooperativas têm por objetivo orientar e coordenar as 
atividades das filiadas, nos casos em que o vulto dos empreendimentos transcender o 
âmbito de capacidade ou conveniência de atuação das centrais e federações.
Art. 10 As cooperativas se classificam também de acordo com o objeto ou pela natureza 
das atividades desenvolvidas por elas ou por seus associados.
Fonte: Shutterstock
Curso Técnico em Agronegócio
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O Sistema Cooperativo congrega, representa, promove e integra cooperativas de 13 ramos de 
atuação. Veja, a seguir, a lista completa e um resumo das atividades realizadas. 
Agropecuário
Cooperativas formadas por produtores rurais e que têm como finalidade 
organizar a produção de seus associados em maior escala, garantindo 
melhor preço na comercialização dos produtos. O ramo agropecuário visa, 
também, integrar e orientar as atividades dos produtores, além de facilitar 
a utilização recíproca dos serviços (adquirir insumos, dividir custos de 
assistência técnica, entre outros) e a eliminação do atravessador para vender 
a produção dos cooperados diretamente ao consumidor.
Consumo
A atividade básica deste ramo é viabilizar aos cooperados mercadorias de 
boa qualidade a preços acessíveis. As cooperativas auxiliam na compra em 
comum de bens de consumo, como alimentos, roupas, medicamentos e 
material escolar, entre muitos outros itens.
Crédito
O objetivo principal de uma cooperativa de crédito é prestar serviços de 
natureza financeira, assim como reunir a poupança de seus cooperados e 
lhes proporcionar empréstimos com taxas menores que as praticadas no 
mercado.
Educacional
Ramo formado por cooperativas de alunos de escolas agrícolas, pais de 
alunos ou professores. Esses tipos de cooperativas buscam viabilizar 
algumas das atividades desenvolvidas pelo próprio estabelecimento de 
ensino e podem comprar insumos e materiais escolares, acompanhar o 
processo educacional dos alunos por meio da administração da escola/
cooperativa, além de reunir profissionais da área da educação para 
disponibilizar seus serviços no mercado.
Especial
Reúne cooperativas constituídas por pessoas que precisam de auxílios 
especiais, dejam físicos, sensoriais, psíquicos e mentais, assim como 
dependentes químicos, egressos de prisões, condenados a penas 
alternativas ou pessoas em situação familiar desajustada. Desenvolve 
e executa programas especiais de treinamento visando aumentar a 
produtividade e a independência econômica e social desse grupo.
Habitacional
As cooperativas desse ramo viabilizam a compra ou a construção da casa 
própria por um custo menor e dentro das possibilidades dos cooperados.
Infraestrutura
Ramo que administra serviços dos quais os cooperados necessitam e 
que não se encontram disponíveis ou são mais caros no mercado. As 
cooperativas mais conhecidas são as de eletrificação e telefonia rural, 
saneamento e limpeza pública. Podem comprar os insumos necessários e 
contratar terceiros para realizar os negócios.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
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Mineral
São cooperativas de mineradores constituídas para viabilizar a extração, a 
industrialização e a comercialização de produtos minerais.
Produção
Formado pelas cooperativas dedicadas à produção de bens e mercadorias, 
sendo os meios de produção de propriedade cooperativa, e não de 
propriedade individual. Nesse ramo, os cooperados organizam a produção 
dos bens e participam de todo os processos administrativo, técnico e 
operacional da cooperativa.
Saúde
Dividido em dois segmentos:
Cooperativas de profissionais de saúde: dedicam-se à preservação e à 
recuperação da saúde humana, congregando profissionais das áreas de 
medicina, odontologia, psicologia, fonoaudiologia, fisioterapia, enfermagem, 
terapia ocupacional, entre outras.
Cooperativas de usuários: compostas por usuários de serviços de saúde 
que buscam qualidade e atendimento rápido a preços mais acessíveis que os 
oferecidos no mercado.
Trabalho
Dedica-se à organização e à administração dos interesses inerentes do grupo 
de profissionais cooperados e organiza esses trabalhadores, posicionando o 
serviço prestado por eles no mercado. A Lei nº 12.690, de 19/7/2012, dispõe 
sobre a organização e o funcionamento das cooperativas de trabalho.
Transporte
São cooperativas que se dedicam à organização e à administração dos 
interesses inerentes do grupo de profissionais cooperados em atividades 
de transporte. Proporcionam para os cooperados maior volume de cargas e 
passageiros, garantindo mercado de trabalho.
Turismo e lazer
Ramo formado pelas cooperativas que atuam no setor de turismo e lazer, 
organiza as comunidades para disponibilizarem o seu potencial turístico, 
hospedando os turistas e prestando-lhes toda ordem de serviços.
Fonte: http://www.minasgerais.coop.br/pagina/31/ramos.aspx
2. Benefícios
Um dos benefícios diretos da sociedade cooperativa é o afastamentodos intermediários no 
decorrer dos negócios. Isso porque a atividade rural faz parte de um processo de produção 
que exige a participação de vários segmentos do mercado. 
O produtor rural, responsável diretamente pela produção, necessita da participação de outras 
pessoas ou empresas para completar o ciclo da atividade, como especialistas na comercialização 
ou no financiamento das atividades. Ele compra insumos, produz e vende, diretamente para o 
Curso Técnico em Agronegócio
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consumidor ou indiretamente por outras pessoas ou empresas. Atualmente, o produtor atua 
mais na produção e utiliza o conhecimento e a experiência de outras pessoas ou empresas 
para completar toda a atividade.
 
Nesse sentido, a cooperativa, ou as associações de produtores, ao 
organizar alguns elos da cadeia produtiva (como a compra e a venda 
de insumos, e a comercialização da produção), atua no sentido de 
afastar os intermediários e os especuladores do mercado agrícola, 
aumentando os ganhos do produtor rural. A negociação por meio da 
cooperativa, com qualidade e em maior escala, será benéfica tanto 
para o produtor quanto para os outros que atuam no mercado.
Outro benefício direto é a defesa econômica dos cooperados, ou, como diz um ditado 
comum no mundo cooperativo: “Somar é compartilhar resultados.” 
A cooperativa promove a defesa e a melhoria econômica dos cooperados, a partir de 
custos mais baixos dos bens e serviços prestados, e coloca no mercado, a preços justos, 
bens e prestações por eles produzidos, visto que a organização econômica, estruturada 
em empresa cooperativa, não tem existência estanque, pois está ao lado e em contato 
direto com as demais organizações econômicas que, no mundo liberal e democrático, 
nascem e atuam à sombra do regime da liberdade de indústria, comércio e serviços. 
(SCHNEIDER, 2006)
Fonte: Schneider, Edson Pedro Cooperativismo de crédito: organização sistêmica : ênfase 
no Sistema SICREDI / Edson Pedro Schneider. – Porto Alegre, 2006. 228 f. : il. 
O produtor rural é um dos profissionais que necessitam do mais amplo conhecimento para o 
desenvolvimento de suas atividades. 
Ele, para ser eficiente, deve ter conhecimentos e habilidades de agronomia, veterinária, 
contabilidade, ambientalismo, direito e administração, e ainda ser um bom comerciante. 
Mesmo o pequeno produtor se defronta, no dia a dia, com situações que exigem a tomada 
das mais diversas decisões. 
Quando busca a participação em uma cooperativa, o produtor espera minimizar muitas das 
dificuldades encontradas no seu cotidiano por meio da orientação e da prestação de serviços 
especializados por parte das cooperativas.
Com isso, o seu foco poderá ser mais direcionado para a produção, deixando a “preocupação” 
das outras atividades com a cooperativa, que, quando atua de forma eficiente, oferece 
assistência técnica, financiamentos, informações tecnológicas e comerciais, facilita o acesso 
à compra ou ao aluguel de máquinas e equipamentos, orientação jurídica, entre outros, de 
acordo com as características das atividades dos cooperados.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
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Fonte: Shutterstock
A confiança desse apoio pela cooperativa é decisiva para que o produtor tenha sucesso na sua 
atividade considerando os riscos que existem.
d
Comentário do autor
Podemos, então, considerar que a defesa econômica do produtor pela 
cooperativa está em todo o processo com o apoio constante, oferecendo 
infraestrutura necessária para suas atividades. 
Outra forma fundamental de defesa econômica dos cooperados é a escala de negociação 
detida pela cooperativa, mas não pelo cooperado individualmente. Isso é chamado de “ganho 
de escala” e permite que a cooperativa negocie de igual para igual com as grandes empresas 
fornecedoras e compradoras, podendo influenciar decisões de governo com mais força. 
A escala ou o tamanho das cooperativas permite que elas sejam mais fortes em qualquer 
negociação do que seria o produtor individual, o que garante ao cooperado as melhores 
condições possíveis nos resultados dos negócios.
Fonte: Shutterstock
Curso Técnico em Agronegócio
66
O sucesso é, na verdade, aumento dos resultados com a melhoria da qualidade de vida do 
cooperado e de seus familiares, sendo também importante esse apoio nas atividades sociais.
'
Dica
Verifique sempre se sua cooperativa possui condições de escala para 
negociações favoráveis aos cooperados!
3. Particularidades e cuidados
As cooperativas proporcionam, ainda, para seus cooperados uma coisa que se convencionou 
chamar de “dupla qualidade”, que merece bastante atenção.
d
Comentário do autor
A dupla qualidade do cooperado se refere ao fato de ele ser, na cooperativa, 
tanto dono como cliente. As cooperativas de produção e comercialização do 
setor rural geralmente tanto compram a produção de cooperados como vendem 
a eles insumos, máquinas, assistência técnica etc. Assim, os cooperados possuem 
as qualidades de ser, ao mesmo tempo, donos, porque são quotistas associados, 
e clientes, porque tanto compram como vendem para a cooperativa.
Mas é importante perceber que essa dupla qualidade traz também implicações. Acompanhe 
a situação a seguir!
 Estudo de caso
Como disseram que é vantajoso participar de uma cooperativa, um produtor rural vai até lá 
e pede para se associar. É bem recebido pelo gerente, conhece as instalações, toma cafezinho, 
bate um papo com o administrador, dá tapinha nas costas, assina sua ficha de inscrição e 
aguarda a decisão da diretoria. 
Logo é comunicado de que, a partir daquela data, passaria a ser sócio da cooperativa. Ele 
começou a entregar o leite da sua propriedade rural para a cooperativa e passava lá todos os 
meses para receber o dinheiro, ou ver se havia sido depositado no banco, aproveitando para 
fazer umas compras de coisas de que estaria precisando na fazenda. Até aí tudo ia bem, e ele 
estava feliz em ser um cooperado.
Em certo mês, quando foi receber o dinheiro pelo pagamento do leite, observou que a coope-
rativa estava pagando menos e que poderia ter pagado um pouco mais! Observou, também, 
que o preço do adubo da cooperativa estava caro e que poderia comprar mais barato.
Pensando sobre isso, “caiu a ficha”: como dono da cooperativa, isso era bom para ele, pois os 
resultados do negócio seriam melhores e ele poderia receber distribuição de resultados, mas, 
como consumidor, era ruim, pois o preço do leite estava barato e os insumos mais caros. Ou 
seja, era bom enquanto dono, mas ruim enquanto cliente.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
67
Vamos pensar um pouco: o dono do negócio procura vender mais barato ou mais caro? O 
cliente quer comprar mais caro ou mais barato?
O cooperado para e pensa: “E agora? Como faço? Sou dono e cliente.”
O
Informações extras
Em alguns casos, além de ser cliente e dono, o cooperado ainda pode ser, 
também, membro do conselho, ou seja, dirigente da cooperativa.
Essa é uma situação que deve ser bastante discutida com os cooperados para que todos 
ganhem mais, sem prejuízo para os outros.
p
Atividades para praticar em casa
Você conhece alguma situação semelhante à relatada nos estudos de caso? 
Como devo proceder sendo dono e cliente? É preciso aprender a ser dono de 
uma empresa da qual também seja cliente.
Registre suas impressões e seus pensamentos, e compartilhe com seus colegas 
no AVA!
Para reflexão sobre o tema, veja, a seguir, um trecho do artigo de enfoque jurídico “As falsas 
cooperativas não podem burlar a relação de emprego”, publicado por Waldir de Pinho Veloso 
na Revista da OAB-GO.
 Estudo de caso
Segundo Iara Alves Cordeiro Pacheco, quem começou a lecionar que o cooperativismo exige o 
Princípio da Dupla Qualidade foi Walmor Franke. Pelo Princípio da Dupla Qualidade, o coope-
rado é considerado, ao mesmo tempo,cliente e associado-cooperado. O próprio artigo 7º da 
Lei nº 5.764, tornando mais extensa uma parte do artigo 4º da mesma lei, traz explícito que 
“as cooperativas singulares se caracterizam pela prestação direta de serviços aos associados”. 
Pelo Princípio da Dupla Qualidade, um cooperado deve receber da sua entidade alguns be-
nefícios diretos, alguns serviços especiais. A cooperativa não pode, destarte, prestar serviços 
exclusivamente a terceiros, sem que seus próprios cooperados também tenham benefícios 
diretos pelos seus serviços. Tem, assim, a Dupla Qualidade o cooperado que, além de sócio da 
cooperativa, e desta sociedade fazendo parte como real sócio que participa das assembleias, 
vota e pode ser votado, também recebe serviços da sociedade da qual é parte. Exemplos há 
com excesso de cooperativas das quais seus cooperados recebem serviços especiais. Aqui, 
estamos falando das falsas cooperativas. Não das verdadeiras sociedades que têm o coope-
rativismo como lema.
Curso Técnico em Agronegócio
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(...) transcreveremos um trecho da sentença trabalhista do processo 1090/96, da mesma JCJ 
de Belo Horizonte, e tendo como presidente e relator o multicitado, porque multicapaz, Mau-
rício Godinho Delgado: “No caso em exame, o princípio da dupla qualidade não é atendido, já 
que não se encontra, nos autos, qualquer mínima evidência de que a cooperativa reclamada 
trate a autora como sua beneficiária, sua cliente, a razão de ser de sua existência. Não. Ao 
contrário, o que se percebe, simplesmente, é a oferta de trabalho a terceiros. (...) Excetuado 
o pagamento pelos serviços, não há qualquer retribuição material ou de outra natureza que 
demonstre que a trabalhadora seja destinatária dos serviços da cooperativa. Já o princípio 
da retribuição diferenciada também claramente não é atendido pela cooperativa em análise. 
A cooperativa reclamada não potencia o trabalho da reclamante: apenas defere-lhe um lu-
gar-padrão de prestação de serviços. Não se enxerga qualquer traço, nestes autos, de que a 
cooperativa permita que o cooperado obtenha uma retribuição pessoal em virtude de seu tra-
balho potencialmente superior àquilo que obteria caso não estivesse associado. (...) Ao revés, 
emerge claro um aritmético rebaixamento do preço da força de trabalho, se comparado com 
o padrão mínimo autorizado pelo direito brasileiro (há confissão no sentido de que o salário 
obreiro é levemente superior ao mínimo da categoria equivalente, sabendo-se que nenhum 
direito laboral clássico é assegurado à trabalhadora...).” 
Vê-se, pois, que em havendo uma real subordinação e uma comprovada continuidade de um 
trabalho oneroso, e desde que a sociedade não ofereça ao seu associado os princípios básicos 
do cooperativismo, há o reconhecimento do vínculo empregatício, a declaração da relação de 
emprego, e o “falso” cooperado veste-se de empregado e recebe todos os direitos trabalhistas 
que um empregado tem. Ao contrário, as verdadeiras cooperativas não têm vínculos emprega-
tícios com seus associados, bem como os tomadores dos serviços da correta cooperativa não 
é empregadora dos associados daquela. 
Vivenciamos, por diversas vezes, situações em que somos convidados para orientar grupos 
sobre a constituição de cooperativas e verificamos o que se relata nesse artigo. Pessoas que 
buscam a criação de cooperativa, mas, na verdade, querem “legalizar” o serviço que outras 
pessoas prestam para ela, como o caso, em uma região que produz frutas e verduras, dos 
produtores que querem criar uma cooperativa de trabalho para legalizar os serviços dos 
embaladores, ou seja, transformar os seus “empregados sem carteira” em “empregados 
cooperados”.
 
Essas atividades são ilegais e foram apelidadas de “coopergatos”, 
porque denigrem o sentido maior do cooperativismo. O Ministério do 
Trabalho tem se esforçado no sentido de coibir essas irregularidades.
Outro exemplo refere-se aos catadores de lixo. Com a lei que determina o fim dos lixões 
nas cidades, são constantes as denúncias sobre as “cooperativas de catadores de materiais 
recicláveis”, previstas na lei como forma de organização dos catadores. 
Pessoas se apresentam para auxiliar na criação da cooperativa, mas transformam os catadores 
em seus “empregados”. A imprensa tem feito várias denúncias sobre o assunto.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
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4. Dinâmica da sociedade cooperativa de produção agropecuária
Por definição, a sociedade cooperativa de produção agropecuária reúne produtores rurais 
para a prestação de serviços, que podem ser a compra em comum de insumos, a venda em 
comum da produção dos cooperados, a prestação de assistência técnica, armazenagem, 
beneficiamento da produção, entre outros.
No Brasil, as cooperativas agropecuárias são de grande importância para o dinamismo e o 
bom desempenho do agronegócio. Enquanto a maioria dos setores da economia brasileira 
apresenta resultados negativos nas exportações, o agronegócio continua mantendo resultados 
positivos na balança comercial brasileira. Em junho de 2015, o setor exportou US$ 9,13 bilhões 
e importou somente US$ 1,06 bilhão, o que resultou um saldo positivo de US$ 8,07 bilhões na 
balança comercial do Brasil, segundo dados divulgados em julho de 2015. 
Fonte: Shutterstock
'
Dica
Lembre-se de que no AVA você tem acesso a links e vídeos complementares aos 
assuntos tratados na unidade curricular!
Historicamente, as primeiras iniciativas cooperativistas no Brasil surgiram pouco tempo depois 
que o movimento despertou no mundo. Passados menos de 50 anos da criação da primeira 
Curso Técnico em Agronegócio
70
cooperativa na Inglaterra, em 1844, os brasileiros registraram formalmente a sua pioneira. 
Em Minas Gerais, foi formalizada a Sociedade Cooperativa Econômica dos Funcionários 
Públicos de Ouro Preto no ano de 1889. Assim como os tecelões de Rochdale, os precursores 
brasileiros eram cooperados de consumo, mas a Sociedade Cooperativa oferecia produtos 
diversificados, desde gêneros alimentícios até residências e crédito. A partir da organização 
mineira, outras rapidamente surgiram pelo país. 
No início do movimento, muitas cooperativas eram formadas por funcionários públicos, 
militares, profissionais liberais e operários, que juntos buscavam atender melhor às suas 
necessidades. Outras estavam vinculadas a empresas, as quais estimulavam a cooperação 
entre os funcionários, principalmente no Estado de São Paulo. 
Ainda no século XIX, nasciam as organizações que se tornariam destaques do cooperativismo 
brasileiro: as agropecuárias. A primeira registrada foi a Società Cooperativa delle Convenzioni 
Agricoli, fundada no Rio Grande do Sul, na região de Veranópolis, em 1892. 
Fonte: Shutterstock
A partir daí, esse segmento se desenvolveu com vigor no Sul do país, estimulado por imigrantes 
europeus e asiáticos, que traziam dos seus países o conhecimento da doutrina e buscavam a 
união para a garantia da subsistência. Conforme dados da Organização das Cooperativas do 
Brasil, o país tem atualmente 13 ramos do cooperativismo, com 6.835 cooperativas.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
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Ramos 
Nº de 
cooperativas
Nº de cooperados
Nº de empregos 
diretos
Agropecuário 1.597 100.767 161.701
Consumo 122 2.923.221 13.880
Crédito 1.042 5.487.098 38.132
Educacional 300 52.371 4.079
Especial 6 247 7
Habitacional 220 120.520 1.035
Infraestrutura 130 934.892 6.496 
Mineral 86 87.152 180
Produção 253 11.527 3.386
Saúde 849 249.906 92.198
Trabalho 977 228.613 1.929
Transporte 1.228 137.543 11.685
Turismo e lazer 25 1.696 18
Total 6.835 10.335.553 334.726
Fonte: OCB, setembro de 2015.
Podemos comparar o número de cooperados com o número de habitantes da Cidade de São 
Paulo, que é de 12 milhões. É como se 86% da população de São Paulo fosse de cooperados. 
O número de associadosa cooperativas representa hoje 5,7% da 
população brasileira, e, se somadas as famílias dos cooperados, 
estima-se que o movimento cooperativista agregue 22,8% da 
população nacional.
No mundo atual, o cooperativismo também cresce a passos largos em seu propósito de 
atenuar as contradições do capitalismo internacional. Nos Estados Unidos, 60% da população 
participa de algum tipo de cooperativa, que reúne mais de 150 milhões de pessoas; no Canadá, 
45% da população (12 milhões de pessoas); na Alemanha, 20% da população (20 milhões 
de pessoas, sendo que 80% dos agricultores e 75% dos comerciantes); na França, 20% da 
população (10,5 milhões). 
A Associação Cooperativa Internacional reúne nada menos do que 230 organizações de mais 
de 100 países e representa cerca de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo. Somente nas 
Américas, em 2010, eram 74 organizações filiadas de diferentes países, com cerca de 50 mil 
Curso Técnico em Agronegócio
72
cooperativas e mais de 300 milhões de cooperados em todo o continente, o que demonstra o 
poder do cooperativismo em seu papel como organização social. 
Tópico 6: Atos Cooperativos
Denominam-se atos cooperativos aqueles praticados entre a cooperativa e seus associados, e 
vice-versa, e pelas cooperativas entre si quando associadas, para a consecução dos objetivos 
sociais, nos termos do art. 79 da Lei nº 5.764, de 1971.
O ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de 
produto ou mercadoria, nem tributação.
1. Negócios-fim ou negócios internos
A Lei nº 5.764/71 define, em seu no art. 38: 
A Assembleia Geral dos associados é o órgão supremo da sociedade, dentro dos limites 
legais e estatutários, tendo poderes para decidir os negócios relativos ao objeto da 
sociedade e tomar as resoluções convenientes ao desenvolvimento e defesa desta, e 
suas deliberações vinculam a todos, ainda que ausentes ou discordantes.
Os sócios participam dos negócios internos praticando, com a sociedade, o negócio-fim. 
Por meio desse negócio-fim, em contato com o mercado, a cooperativa deve promover 
o incremento das economias dos sócios e a obtenção de recursos destinados a obras de 
assistência, cultura e educação.
Você já estudou que o fim da cooperativa não se confunde com o 
seu objeto. O fim é a promoção da defesa ou o fomento da economia 
dos cooperados, mediante a prestação dos serviços a que referem 
os estatutos. O objeto é a atividade empresarial desenvolvida pela 
cooperativa para a satisfação daquele fim, ou seja, a melhoria do 
status econômico dos sócios.
Os negócios jurídicos que a cooperativa realiza internamente com seus membros, para 
melhorar sua a situação econômica, regem-se pelo principio de identidade. O interesse 
do cooperado e o da cooperativa, nessas operações, obedecem à mesma causa (final): a 
cooperativa visa servir ao associado para melhorar sua posição econômica, e o associado 
serve-se da cooperativa para o mesmo fim (FRANKE & WALMOR, 1907).
d
Comentário do autor
Quando o produtor entrega o leite para a cooperativa para que ele possa ser 
processado, ela exerce o seu objeto empresarial de industrialização do leite 
para agregação de valor. Nesse caso, exercita-se, também, o negócio-fim da 
cooperativa: por meio de uma melhor condição de comercialização, fomenta-se a 
economia dos cooperados.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
73
2. Negócios-meio
O negócio interno (negócio-fim), comumente, só pode realizar-se em benefício do cooperado 
se precedido ou sucedido de um negócio externo, ou de mercado, denominado “negócio com 
terceiros” ou “negócio-meio”. Assim, nas cooperativas de produtores, o negócio interno, isto 
é, a entrega dos produtos pelo cooperado para serem vendidos pela cooperativa (in natura ou 
após transformados) necessita, para a sua total execução, de outro negócio, o negócio-meio, 
que é a venda do produto pela cooperativa no mercado, com reversão do respectivo preço, 
deduzidas as despesas, ao sócio (FRANKE & WALMOR, 1907).
A cooperativa beneficia e vende o produto no mercado em condições melhores do que se o 
produtor vendesse diretamente e individualmente, revertendo os ganhos ao próprio produtor.
Fonte: Shutterstock
Essa operação da cooperativa é o negócio-meio, porque é o meio pelo qual beneficia o 
cooperado.
3. Negócios-auxiliares
Até mesmo as cooperativas que adotam, no seu funcionamento, o princípio do exclusivismo, 
operando unicamente com associados, necessitam praticar, além dos negócios internos 
(negócios-fim) e dos negócios de mercado (negócios-meio), outros negócios que não se 
confundem com suas atividades específicas. Estes são os denominados negócios-auxiliares, 
que são “todos os negócios que, em dado caso, precisam ser realizados por motivos especiais 
e imperiosos no interesse da persecução do objeto da sociedade, os quais, por conseguinte, 
se tornam necessários à execução dos negócios-fim” (FRANKE & WALMOR, 1907).
Curso Técnico em Agronegócio
74
Fonte: Shutterstock
Incluem-se nos negócios-auxiliares a locação de imóveis para uso da cooperativa, a aquisição 
de material para escritório, a compra de combustível para máquinas agrícolas de uso comum, 
o fornecimento de caixas e cestos por uma cooperativa de fruticultores para uso dos sócios 
no acondicionamento de sua produção etc. 
4. Negócios-acessórios
Os negócios-acessórios são aqueles que não têm relação com a finalidade da sociedade 
cooperativa e que ocorrem eventualmente na esfera operacional, mas não são fonte de receita 
autônoma e recorrente da cooperativa. Um bom exemplo de negócio-acessório é a venda de 
máquinas e equipamentos obsoletos e imprestáveis. 
5. Tratamento tributário ao ato cooperativo na Constituição Federal
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 146, estabelece que cabe à lei complementar 
estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre adequado 
tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas.
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Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
75
A Organização das Cooperativas do Brasil tem acompanhado os legisladores para o tratamento 
adequado às cooperativas e às federações nos estados e municípios.
Sobre o ato cooperativo, a Constituição assim estabelece:
Art. 79 Denominam-se atos cooperativos os praticados entre as cooperativas e seus 
associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados, para 
a consecução dos objetivos sociais.
Parágrafo único. O ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de 
compra e venda de produto ou mercadoria.
Há várias discussões, inclusive na justiça, sobre as questões relativas ao ato cooperativo, 
pois a sua caracterização implica diretamente nos custos do produto ou serviço por meio da 
cobrança, ou não, dos tributos.
A Legislação Tributária, por meio da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, estabelece, 
com relação às cooperativas:
Art. 10 Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormen-
te a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1º a 8º:
VI - sociedades cooperativas, exceto as de produção agropecuária, sem prejuízo das 
deduções de que trata o art. 15 da Medida Provisória nº 2.158-35, de 24 de agosto 
de 2001, e o art. 17 da Lei nº 10.684, de 30 de maio de 2003, não lhes aplicando as 
disposições do § 7º do art. 3º das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, 
de 29 de dezembro de 2003, e as de consumo; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 
2004).
Quando a cooperativa contratar pessoas ou empresas para prestarem os serviços, o que é 
muito comum, deverá reter o valor relativo à Contribuição Social sobre o Lucro, a Contribuição 
para Financiamento da Seguridade Social – Cofins e os Programas de Integração Social e de 
Formação do Patrimôniodo Servidor Público – PIS/Pasep.
 A responsabilidade pelo recolhimento desses tributos é da cooperativa. 
Empresas contratadas, se forem optantes do Simples, devem apresentar a declaração de 
opção para a cooperativa e não estão obrigadas ao pagamento desses tributos em separado, 
já que é um valor único que a empresa paga e no qual estão incluídos todos os tributos.
A legislação esclarece:
Art. 30 Os pagamentos efetuados pelas pessoas jurídicas a outras pessoas jurídicas 
de direito privado, pela prestação de serviços de limpeza, conservação, manutenção, 
segurança, vigilância, transporte de valores e locação de mão de obra, pela prestação 
de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, 
administração de contas a pagar e a receber, bem como pela remuneração de serviços 
Curso Técnico em Agronegócio
76
profissionais, estão sujeitos a retenção na fonte da Contribuição Social sobre o Lucro 
Líquido – CSLL, da COFINS e da contribuição para o PIS/PASEP.
§ 1º O disposto neste artigo aplica-se inclusive aos pagamentos efetuados por:
I - associações, inclusive entidades sindicais, federações, confederações, centrais 
sindicais e serviços sociais autônomos;
II - sociedades simples, inclusive sociedades cooperativas.
Art. 32 A retenção de que trata o art. 30 não será exigida na hipótese de 
pagamentos efetuados a:
I - cooperativas, relativamente à CSLL.
 
É importante observar que, devido à complexidade e às alterações 
constantes na legislação, é importante que a cooperativa tenha 
acompanhamento, jurídico e contábil, com profissionais que atuam 
com cooperativas. Nos contratos com os profissionais, é importante 
constar que qualquer orientação contábil ou jurídica deve ser 
informada por escrito com a assinatura e a identificação do registro 
profissional à responsabilidade técnica. 
A cooperativa não pode ser optante do simples, independentemente do valor das receitas.
Devem-se observar as legislações estadual, no caso da comercialização, e municipal, da região 
em que a cooperativa tenha sede e atuação.
6. Atos não cooperativos
Os atos não cooperativos são aqueles que importam em operação com terceiros não 
associados ou não cooperados. São exemplos, dentre outros, os seguintes (arts. 85, 86 e 88 
da Lei nº 5.764/71): 
I) a comercialização ou a industrialização, pelas cooperativas agropecuárias ou de pesca, 
de produtos adquiridos de não associados, agricultores, pecuaristas ou pescadores, para 
completar lotes destinados ao cumprimento de contratos ou para suprir capacidade 
ociosa de suas instalações industriais; 
II) o fornecimento de bens ou serviços a não associados, para atender aos objetivos 
sociais; 
III) a participação em sociedades não cooperativas, públicas ou privadas, para 
atendimento de objetivos acessórios ou complementares;
IV) as aplicações financeiras; 
V) a contratação de bens e serviços de terceiros não associados.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
77
O art. 87 da Lei nº 5.764 de 1971 estabelece que as sociedades cooperativas devem contabilizar 
em separado os resultados das operações com não associados, de forma a permitir o cálculo 
de tributos. 
d
Comentário do autor
A cooperativa deve verificar o tratamento de outros tributos, como PIS e 
Cofins, relativos à operação com associados e não associados. Nesse sentido, é 
fundamental o assessoramento de um profissional de contabilidade.
Tópico 7: Gestão das Sociedades Cooperativas de Produção 
Agropecuária
Um dos fatores preponderantes para o sucesso de qualquer negócio é a sua gestão. Nas 
empresas privadas, a má gestão é penalizada com a falência. A boa gestão é premiada com 
bons resultados e perpetuidade do negócio. A perpetuidade, contudo, implica na necessidade 
da sucessão empresarial (quando os gestores devem ser substituídos), o que muitas vezes é 
um problema.
d
Comentário do autor
Perceba que, nas sociedades cooperativas, esse problema não é tão significativo. 
Como a cooperativa é de vários donos, haverá sempre mais possibilidades de 
continuidade das suas atividades de gestão, já que, em tese, a sua administração 
é sempre acompanhada por todos os donos-cooperados. 
Contudo, o histórico do cooperativismo brasileiro indica que esse tema é extremamente 
sensível, devendo haver sempre um esforço de profissionalização da gestão cooperativa, 
buscando que especialistas profissionais de fora dos quadros da cooperativa façam uma 
gestão técnica e profissional dos seus negócios. Essa prática pode evitar a quebra do negócio 
cooperativo, como, infelizmente, não é incomum no nosso país.
p
Atividades para praticar em casa
Você conhece alguma situação como essa que tenha ocorrido na sua região? 
Compartilhe e discuta com seus colegas no AVA alguma situação que reflita 
aquele ditado popular: “Pai rico, filho nobre e neto pobre.”
Acompanhe, agora, detalhes jurídicos da gestão de sociedades cooperativas!
Curso Técnico em Agronegócio
78
1. Relações contratuais
A Lei nº 5.764/71, em seu art. 3º, diz, sobre a relação contratual entre pessoas em sociedade 
cooperativa, que “reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o 
exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de lucro.”
Reciprocamente se obrigam
O termo “reciprocamente se obrigam” indica que, em qualquer atividade, inclusive nas não 
econômicas, é importante que todas as relações, mesmo as parcerias, sejam feitas por meio de 
contrato escrito.
Na cooperativa, as relações de contrato podem ser entre o cooperado e a cooperativa, e entre 
a cooperativa e seus clientes ou fornecedores.
Os contratos devem ser bastante claros quanto a responsabilidades de cada uma das partes, 
deveres, direitos, obrigações, prazos, valores, penalidades por descumprimento etc. 
A cooperativa, para que tenha uma gestão de qualidade, deve discutir e criar normas para 
contratos.
 
Sendo a cooperativa agropecuária responsável direta por parte do 
fornecimento da alimentação para a população, deve-se ter bas-
tante atenção sobre as responsabilidades de cada um, desde o 
produtor cooperado até chegar ao consumidor final. Logística de 
transporte, armazenagem, câmeras frias, industrialização direta 
ou terceirizada, entre outros, devem ser levados em consideração.
Essa questão atualmente é mais evidente devido à legislação que obriga a rastreabilidade do 
produto, ou seja, deve ficar explícito para o consumidor todo o processo, desde a produção 
até a sua mesa, identificando possíveis riscos à saúde que podem ocorrer com o consumo 
daquele produto. 
Também é necessário conhecer a legislação aduaneira e a de outros 
países quando o produto for destinado à exportação. Caso haja 
algum dano à saúde do consumidor e ele não tenha sido alertado, 
produtor e cooperativa poderão ser responsabilizados.
Na contratação de profissionais, como agrônomo, veterinário, técnico agrícola, contador, 
engenheiro etc., deve-se exigir no contrato a Responsabilidade Técnica – RT com registro no 
conselho da categoria profissional quando houver exigência para a execução da atividade, 
mesmo sendo cooperado.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
79
2. Gestão específica
Cooperativas em que os gestores, ou conselheiros, sempre tomam decisões pessoais relativas 
a contratos terão dificuldades de relacionamento entre os cooperados.
Essa prática pode resultar em frequências mínimas nas assembleias, visto que as decisões já 
foram previamente tomadas. “Todos podem dar suas opiniões à vontade, só que a decisão 
final é a minha” – este é um exemplo de postura de um gestor autoritário, que se esqueceu 
de que, na cooperativa, a gestão deve ser democrática. Todo sócio tem direito a um voto e à 
participação democrática nas decisões.
Fonte: Shutterstock
Como toda forma organizadade gestão, uma cooperativa deve ter uma estrutura organizacio-
nal sólida e bem dividida. Todos os cooperados devem ter bom conhecimento das formas de 
gestão e funcionamento da sua cooperativa, das determinações legais e de todas as caracte-
rísticas que garantam a condução de ações da maneira mais eficiente e harmoniosa possível.
 
Os gestores devem verificar se a cooperativa está em conformidade 
com os requisitos da Lei nº 5.764/71 a partir de um diagnóstico dos 
pontos fortes e das oportunidades, elaborando o plano de gestão 
para a melhoria das práticas cooperativistas para que a cooperativa 
tenha eficiência. 
Curso Técnico em Agronegócio
80
A OCB/Sescoop desenvolve o Programa de Desenvolvimento da Gestão das Cooperativas – 
PDGC, que tem como objetivo principal a adoção de boas práticas de gestão e governança, 
o aprimoramento dos processos de produção, a redução de custos e o aumento da 
competitividade das cooperativas.
3. Análise de eficiência
Partindo do princípio de que eficiência é o meio de se fazer corretamente um processo de boa 
qualidade, no prazo e de forma acertada, para a análise da eficiência é necessário conhecer 
a situação atual da cooperativa por meio de um diagnóstico que deve levar em conta a 
observância dos princípios cooperativistas, como a livre adesão, a cooperação, a participação 
nos resultados etc.
Outro item fundamental para o diagnóstico da eficiência da cooperativa é a sua situação 
econômica. Como estão os cálculos de custo da cooperativa para o rateio? O valor deduzido 
de cada sócio é suficiente? Há recuperação das perdas? Como estão os registros financeiros 
de cada cooperado? O cooperado conhece os custos de produção da sua propriedade?
Fonte: Shutterstock
A partir desse levantamento, devem constar no plano de ações corretivas quais as providências 
serão tomadas para resolver ou minimizar o que não está em conformidade prejudicando a 
eficiência operacional do empreendimento. O plano deve mostrar, também, quem é o responsável, 
se o gerente ou o conselheiro, de que forma será comprovada a execução e o prazo.
Sobre as questões financeiras, por exemplo, isso pode se dar por meio de acompanhamento 
do fluxo de caixa diário, balancetes, balanço anual, capacitação para os cooperados sobre 
custos de produção, capacitação dos conselheiros etc.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
81
d
Comentário do autor
Há situações em que se pode verificar diariamente ou imediatamente se foi 
implantado um sistema de acompanhamento financeiro. Em outras, somente no 
balanço anual nas demonstrações contábeis.
Após a elaboração do plano, a eficiência de sua implantação deve ser aferida com a avaliação 
das variáveis previstas. Exemplo: a média de remuneração dos cooperados aumentou de x 
para x+1, e a produtividade aumentou de y para y+2 após um ano de implantação do plano. 
Está como foi previsto? Podemos, ainda, comparar com outras cooperativas ou mesmo com 
empresas. É bom lembrar que um plano deve ser sempre feito “com o pé no chão”. Nada de 
previsões de metas que, antecipadamente, já se sabe que serão difíceis de serem alcançadas.
 
Por isso, a análise da eficiência deve começar com um diagnóstico 
bem elaborado e, no caso da cooperativa, de forma democrática. 
Deve-se ter a reavaliação constante por meio do chamado “Ciclo 
PDCA” – planejar, desenvolver, controlar e avaliar. Da avaliação, 
refaz-se o planejamento para corrigir falhas ou melhorar o que 
ficou bom. 
Para saber se a cooperativa está sendo eficiente, devem-se utilizar dados comparativos ou 
indicadores, internos e externos.
Tópico 8: Análises Estratégicas de Gestão das Organizações Sociais 
Agropecuárias 
Para que a cooperativa, a associação, o sindicato ou qualquer organização coletiva possa ter 
sucesso, é necessário que a administração seja realizada de forma planejada, prevendo o 
futuro. O impacto decorrente das crises pode ser minimizado com uma estratégia de gestão.
Como ocorre no Brasil atualmente com relação à seca, e que tem reflexos nas atividades 
econômicas e sociais, existem estudos sobre o comportamento da natureza que poderiam ser 
utilizados pelos governos, pelos empresários e pela população para minimizar os efeitos dos 
longos períodos de estiagem.
d
Comentário do autor
Assim ocorre nas organizações agropecuárias. Por que esperar a falta de chuva, 
ou enchente, para providenciar o socorro? Como diz o ditado, “É melhor prevenir 
que remediar”, porque remédio pode ficar muito caro. Se o produtor sabe que 
poderá faltar chuva, por que esperar a falta de pasto para comprar a ração com 
preço elevado ou deslocar o rebanho para outra região? Por que não se prevenir 
e construir um silo para o período de dificuldades? Esse tipo de raciocínio e 
atitude é o que chamamos de “análise estratégica” ou “gestão estratégica”.
Curso Técnico em Agronegócio
82
Para Bateman e Snell (1998), a administração estratégica é um processo envolvendo 
administradores de todos os níveis da organização, que formulam e implementam objetivos 
estratégicos. Já o planejamento estratégico seria o processo de elaboração da estratégia, na 
qual se definiria a relação entre a organização e os ambientes interno e externo, bem como 
os objetivos organizacionais, com a definição de estratégias alternativas.
O planejamento estratégico prevê o futuro da cooperativa em relação ao longo prazo. Ele 
consiste em saber o que deve ser executado e de que maneira para se garantir a sustentabilidade 
empresarial do negócio. Isso é crucial para o sucesso da organização, e a responsabilidade 
pela condução desse planejamento é da alta gestão, mas sempre com a participação máxima 
dos cooperados e com a assessoria de profissionais especializados.
Fonte: Shutterstock
O planejamento pode ser dividido em dois níveis: planejamento estratégico e planejamento 
operacional.
1. Planejamento estratégico
Em um planejamento estratégico, deve-se analisar e definir a MISSÃO, que é o objetivo 
fundamental da cooperativa, traduzindo sua finalidade, e que consiste na definição dos seus 
fins estratégicos gerais. 
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
83
'
Dica
Veja o exemplo: “Promover a valorização dos cooperados, através da geração de 
oportunidades de trabalho, propiciando melhoria de renda e ascensão social” 
(Coopifor).
Deve-se, também, no planejamento estratégico, definir a VISÃO do negócio, que é o estado 
futuro desejado e alinhado com as aspirações da cooperativa, algo que ela pode definir e 
redigir após responder à questão “Para onde pretendo ir?”; é o sonho, algo que ainda não tem, 
mas pode vir a ser real.
'
Dica
Como exemplo: “Prestar serviços de produção e comercialização de frutas 
atendendo às necessidades dos nossos clientes por meio da adoção de 
tecnologias e processos eficazes que garantam a qualidade dos nossos produtos, 
assegurando o crescimento socioeconômico dos cooperados e funcionários, 
contribuindo para o desenvolvimento regional.”
Devem-se, ainda, definir os VALORES, que são o conjunto de sentimentos que estrutura, ou 
pretende estruturar, a cultura e a prática da organização, como: ética, democracia, honestidade, 
transparência, responsabilidade socioambiental, satisfação dos clientes internos e externos, 
qualidade e comprometimento.
 
Para a elaboração do planejamento estratégico, a cooperativa 
deverá decidir sobre o objetivo, a análise da situação atual e as 
alternativas para solucionar ou minimizar os problemas.
Com essas informações discutidas e analisadas pelos gestores com a participação dos 
cooperados, deve ser elaborado o plano de ação considerando-se as questões técnicas e 
administrativas.
Análise SWOT ou FOFA
Para a análise desse cenário, ou análise do ambiente, pode ser utilizada a ferramenta 
denominada Análise SWOT, ou Análise FOFA, que é uma ferramenta utilizadacomo base 
para a gestão e o planejamento estratégico de uma corporação ou empresa, mas podendo, 
devido à sua simplicidade, ser utilizada para qualquer tipo de análise de cenário, desde a 
criação de um blog à gestão de uma multinacional.
A Análise FOFA é um sistema simples para posicionar ou verificar a posição estratégica da 
empresa no ambiente em questão. O termo “FOFA” deriva das letras iniciais das palavras 
“forças”, “oportunidades”, “fraquezas” e “ameaças”, conforme a imagem a seguir.
Curso Técnico em Agronegócio
84
OPORTUNIDADES AMEAÇAS
FORÇAS FRAQUEZAS
FORÇAS são os pontos positivos internos da cooperativa, como: pessoal administrativo capa-
citado e estrutura adequada. São fatores nos quais a cooperativa pode intervir diretamente, 
mas que lhe dão sustentação e poder de mercado. A cooperativa deve utilizar o máximo pos-
sível as suas forças.
OPORTUNIDADES são pontos positivos externos à cooperativa, como: mercado em cresci-
mento, políticas públicas favoráveis, financiamentos etc. São pontos favoráveis, mas nos quais 
a cooperativa não pode intervir diretamente; no entanto, deve sempre analisar e aproveitar 
as oportunidades.
FRAQUEZAS são fatores negativos internos e que podem ser controlados pela cooperativa: 
equipamentos obsoletos, instalações inadequadas para as atividades, pessoal administrativo 
com pouca ou nenhuma qualificação, alto índice de endividamento dos sócios, pouca 
participação dos sócios etc. Detectadas as fraquezas, a gestão da cooperativa deve trabalhar 
duro para superá-las, sob risco de não ter sustentabilidade.
AMEAÇAS são fatores externos que dificultam as atividades e nos quais a cooperativa não tem 
como intervir diretamente. Mercado desfavorável para as atividades da cooperativa, fatores 
climáticos que afetam a produção agropecuária dos cooperados e, consequentemente, a 
cooperativa, e políticas públicas inadequadas são alguns exemplos de ameaças.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
85
Com base no diagnóstico FOFA, que deve ser compartilhado com os cooperados, os gestores 
da cooperativa devem proceder ao planejamento estratégico para aproveitar os pontos 
positivos e superar os pontos negativos.
Depois que as informações são levantadas, deve-se definir a ordem de prioridade das ações 
propostas. 
Perceba sempre que:
• tem problema que é urgente;
• tem problema que é importante;
• tem problema que é importante, mas não é urgente;
• tem problema que é urgente, mas não é importante.
d
Comentário do autor
Vamos para um exemplo do dia a dia. Uma pessoa possui várias contas para 
pagar, mas o dinheiro não é suficiente para todas. Qual deve ser paga primeiro? 
Para alguns, é a conta de luz – se não pagar, a empresa “corta”. Para outras 
pessoas, é o cartão de crédito. Ainda para outras, seria a conta de celular. Tudo 
isso depende do grau de prioridade que cada pessoa confere aos bens e serviços 
que consome e paga.
Por isso, as prioridades devem ser bem discutidas, sobretudo em uma cooperativa, em que 
todos são donos e têm o direito de opinar sobre as prioridades do negócio. 
A partir das discussões com os cooperados por meio da análise FOFA, que resulta no 
planejamento estratégico, dever ser elaborado o planejamento operacional, que poderá ter o 
seguinte roteiro: 
• O que fazer? A atividade a ser executada;
• Como fazer? É o projeto descritivo da atividade;
• Quem fará? Definir o responsável ou os responsáveis pela execução e por sua prestação 
de contas;
• Quando? Cronograma de execução: início, término e período de execução;
• Onde? Local de realização;
• Quanto? Custos para a execução da atividade. 
Acompanhe, agora, os requisitos do planejamento operacional.
Curso Técnico em Agronegócio
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2. Planejamento operacional
Fonte: Shutterstock
Para o planejamento operacional, os fatores de risco devem ser considerados não como 
descrédito do plano, mas para prevenir eventuais insucessos. 
Veja um exemplo possível de planejamento operacional.
• Problema: foi verificada grande quantidade de sócios inativos, que não operam com a 
cooperativa há mais de um ano. 
• O que fazer? Verificar quem são, quantos são e o período de inatividade.
• Como? Por meio das informações registradas na cooperativa, repassar para o conselho 
de administração notificar individualmente os inativos para sensibilizá-los a voltarem a se 
relacionar com a cooperativa.
• Quem fará? O gerente da cooperativa, por exemplo.
• Quando? Imediatamente, finalizando até o último dia do próximo mês, com a comunicação 
formal pelo presidente da cooperativa, lembrando a hipótese da exclusão dos quadros da 
cooperativa por inatividade prolongada, conforme estatuto.
• Quanto? Levantar os custos de correio para envio de correspondência. 
• Posteriormente serão analisados os resultados. Quantos cooperados foram excluídos? 
Quantos decidiram permanecer?
De nada adianta fazer todo o planejamento estratégico se o planejamento operacional não 
for feito e executado. Neste caso, além da perda de tempo, a sustentabilidade do negócio da 
cooperativa ficará comprometida no longo prazo.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
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d
Comentário do autor
Mas outro erro comum é achar que o que está escrito no papel não pode ser 
mudado. De tempos em tempos, é fundamental reavaliar o planejamento e, 
à luz dos resultados, fazer as possíveis correções de rota. Nesse processo, é 
importante que tudo seja documentado.
O planejamento estratégico e o planejamento operacional darão eficiência à cooperativa, 
resultando na sua eficácia – isso, sim, será o cooperativismo desejado.
Tópico 9: Sistema OCB/Sescoop
OCB/Sescoop é a sigla que significa “Organização das Cooperativas Brasileiras/Serviço Nacio-
nal de Aprendizagem do Cooperativismo”. Trata-se da organização institucional representati-
va do cooperativismo brasileiro.
A Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB é o órgão máximo de representação das 
cooperativas no país. Ela foi criada em 1969 durante o IV Congresso Brasileiro de Cooperati-
vismo. A entidade veio a substituir a Associação Brasileira de Cooperativas – Abcoop e a União 
Nacional de Cooperativas – Unasco. A unificação foi uma decisão das próprias cooperativas e 
representou um grande avanço institucional e político para a organização do cooperativismo 
nacional. 
Entre suas atribuições, a OCB é responsável pela promoção, pelo fomento e pela defesa do 
sistema cooperativista, em todas as instâncias políticas e institucionais, pela preservação 
e pelo aprimoramento desse sistema, e pelo incentivo e pela orientação das sociedades 
cooperativas. Sua missão é promover um ambiente favorável para o desenvolvimento das 
cooperativas brasileiras por meio da representação político-institucional.
Fonte: Shutterstock
Curso Técnico em Agronegócio
88
Já o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo – Sescoop é integrante do chamado 
“Sistema S”, que congrega os sistemas nacionais de aprendizagem geridos pelas entidades 
representativas de classe. Foi criado pela Medida Provisória nº 1.715, de 3 de setembro de 
1998, e suas reedições, e regulamentado pelo Decreto nº 3.017, de 6 de abril de 1999. 
Seus objetivos são: 
• organizar, administrar e executar o ensino de formação profissional, a promoção social 
dos empregados de cooperativas, cooperados e de seus familiares, e o monitoramento 
das cooperativas em todo o território nacional; 
• operacionalizar o monitoramento, a supervisão, a auditoria e o controle em cooperativas; 
• assistir as sociedades cooperativas empregadoras na elaboração e na execução de 
programas de treinamento e na realização de aprendizagem metódica e contínua; 
• estabelecer e difundir metodologias adequadas à formação profissional e à promoção 
social do empregado de cooperativa, do dirigente de cooperativa,do cooperado e de seus 
familiares; 
• exercer a coordenação, a supervisão e a realização de programas e de projetos de formação 
profissional e de gestão em cooperativas para empregados, associados e seus familiares; 
• colaborar com o poder público em assuntos relacionados à formação profissional e à 
gestão cooperativista e outras atividades correlatas; 
• divulgar a doutrina e a filosofia cooperativistas como forma de desenvolvimento integral 
das pessoas; 
• promover e realizar estudos, pesquisas e projetos relacionados ao desenvolvimento 
humano, ao monitoramento e à promoção social, de acordo com os interesses das 
sociedades cooperativas e de seus integrantes. 
A missão do Sescoop, por sua vez, é promover a cultura cooperativista e o aperfeiçoamento da 
gestão para o desenvolvimento das cooperativas brasileiras. A Organização das Cooperativas 
Brasileiras, por meio do Sescoop, oferece oportunidade de capacitação a todas as cooperativas 
e cooperados, além das assessorias técnica e pedagógica.
d
Comentário do autor
O cooperado deve sempre lembrar que a cooperativa é também dele e buscar 
o fortalecimento das atividades participando e fazendo sugestões, tanto nos 
períodos de fartura quanto nos períodos de dificuldades, e a melhor forma de 
participar é por meio de capacitações.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
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Encerramento do Tema 
Neste tema, você pôde explorar conceitos aprofundados sobre o cooperativismo e viu que, 
mesmo com os desafios para a constituição e a gestão, o cooperativismo significa uma 
alternativa viável, comunitária e econômica para vários tipos de atividades, principalmente 
para o produtor rural, que participa atualmente de uma complexa cadeia produtiva. 
A atividade rural, hoje, tem interferências em todo o mercado, desde a matéria-prima para a 
produção de componentes para indústrias de máquinas e equipamentos, até distribuidores, 
laboratórios, escolas especializadas, agentes financeiros, governos, produção de embalagens 
e transporte, e, por outro lado, após a produção, tem o beneficiamento, o atacadista, o varejista 
e o supermercado até chegar ao consumidor final.
O produtor rural é o responsável por fazer a alimentação chegar às mesas dos magnatas em 
restaurantes cinco estrelas e pelo cafezinho dos presidentes, assim como àquele que cada dia 
necessita buscar a sua sobrevivência em descartes de feiras e supermercados. 
Enfim, o cooperativismo tem sido uma resposta positiva para superar esse desafio que hoje o 
empresário rural encontra a cada dia, mas que, com a cooperação de todos, facilita o acesso 
a tecnologias.
No próximo tema, você vai conhecer a importância do sindicalismo, que, além de promover o 
profissional, proporciona, junto com as associações e as cooperativas, a capacitação para que 
o produtor utilize as tecnologias disponíveis para aumento da produção, da produtividade 
e, consequentemente, da renda, gerando melhoria da qualidade de vida e enfrentando os 
desafios do dia a dia.
Atividade de aprendizagem 
1. Qual é o motivo para as pessoas se unirem e formarem uma cooperativa? Marque a 
alternativa correta.
a) Facilitar os trabalhos durante a exposição agropecuária que ocorre anualmente na 
cidade.
b) Reunir pessoas em uma atividade econômica para que, com a ajuda de todos, tenham 
mais lucro e melhoria de vida.
c) Sem a cooperativa, os produtores não poderão ter a vaquejada que será realizada 
anualmente na comunidade.
d) Unir as pessoas para a construção de um hospital para a comunidade.
e) Para que os filhos dos produtores rurais tenham acesso ao Fundo de Financiamento 
Estudantil – Fies com apoio dos vereadores.
Curso Técnico em Agronegócio
90
2. Qual item está corretamente relacionado à sociedade cooperativa?
a) É uma sociedade de capital.
b) É uma sociedade de pessoas.
c) O objetivo é o lucro.
d) É permitida a transferência de cotas a terceiros.
e) O voto nas assembleias é proporcional ao capital do sócio.
3. Qual das alternativas abaixo é considerada ato cooperado?
a) Venda direta da produção do produtor para o supermercado.
b) Financiamento pelo Pronaf.
c) Aquisição do adubo pelo produtor cooperado no armazém da cooperativa.
d) Aquisição do adubo pelo produtor não cooperado no armazém da cooperativa.
e) Financiamento direto com o Banco do Brasil.
4. O que é a OCB? Assinale a alternativa correta.
a) É um órgão do governo federal para decidir sobre questões relacionadas à produção 
rural do Brasil.
b) É a Organização de Cobrança do Brasil, criada por bancos cooperados, nacionais e 
internacionais, com a finalidade de manter as contas dos seus clientes em dia.
c) É o órgão máximo de representação das cooperativas do Brasil e tem sua sede em 
Genebra, na Suíça.
d) Com sede em Brasília, é o órgão máximo de representação das cooperativas do Brasil.
e) É a Organização dos Clubes de Basquete do Brasil, sem fins econômicos e que atua 
junto aos esportistas.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
91
5. Qual é o número mínimo de empresas necessário para criar uma cooperativa agropecuária 
singular? Marque a resposta correta.
a) 20.
b) 7.
c) Número mínimo para eleger o conselho.
d) Número mínimo para constituir o capital da cooperativa.
e) Nenhuma das respostas anteriores.
Sindicalismo
03
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
93
Tema 3: Sindicalismo
O sindicalismo é um movimento social que preconiza a organização dos trabalhadores e 
profissionais em sindicatos representativos dos interesses trabalhistas e políticos dos 
associados. A história do sindicato confunde-se, portanto, com a do sindicalismo, vindo desde 
as antigas corporações de ofício da Idade Média, tendo se desenvolvido mais intensamente 
durante a Revolução Industrial na Inglaterra no século XVIII, daí se espalhando pelo mundo 
como forma de organização e luta dos trabalhadores pelos seus direitos trabalhistas e políticos.
Fonte: Shutterstock
Ao final deste tema, espera-se que você desenvolva as seguintes competências:
• compreender a concepção moderna do sindicalismo;
• identificar as principais etapas históricas do sindicalismo rural;
• conhecer os princípios do sindicalismo;
Curso Técnico em Agronegócio
94
• compreender suas estruturas interna e externa;
• entender o funcionamento do sistema sindical sob a ótica das lideranças; 
• conhecer o papel dos atores no sindicalismo rural;
• diferenciar o papel dos órgãos integrantes do sistema CNA.
Tópico 1: Aspectos Gerais e Históricos do Sindicalismo
A diferença de posição entre as partes nas relações trabalhistas é um fato que sempre 
acompanhou a luta entre os detentores da força de trabalho e dos meios de produção desde 
as primeiras formações dessa relação.
As organizações profissionais parecem ter origem nas mais remotas civilizações. Na 
Antiguidade, a divisão da sociedade se fundamentava na religiosidade e condicionava os 
homens a viverem predeterminados ao desenvolvimento de funções que confirmavam a 
manutenção da ordem estabelecida. Dessa forma, essas sociedades pouco contribuíram para 
o próprio desenvolvimento do que hoje podemos chamar de organização sindical.
1. Era romana
Os colégios romanos são considerados como as primeiras espécies de agremiações 
profissionais e tinham o objetivo de prestar assistência social aos trabalhadores que exerciam 
o mesmo ofício. Por meio da mútua ajuda, buscavam atender às suas necessidades de acordo 
com suas posições e condições de trabalho existentes na época.
Legenda: Foi na Roma Antiga que surgiram as primeiras agremiações de trabalhadores do mesmo ofício, como artesãos de couro.
Fonte: Shutterstock
De acordo com Russomano (1995), com o progressivo desenvolvimento dos colégios, cresceu 
também a preocupação do Estado sobre eles, pois as associações começarama exercer 
influência na condução dos negócios do Império. Por essa razão, passaram a surgir reações 
contrárias à formação dessas associações profissionais, tanto que, no ano 67 a.C., foi proibido, 
pelo senado romano, o seu funcionamento.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
95
No entanto, com a promulgação da Lex Júlio, em 56 a.C., o direito de associação foi regula-
mentado em definitivo em Roma, e os colégios passaram a ter natureza privada, apesar de 
funcionarem como órgãos colaboradores do Estado e com isso ganharam força e relevância. 
Essa espécie de associação teve o seu fim com a derrocada do Império Romano.
d
Comentário do autor
Apesar dessa importância no desenvolvimento das organizações de classes, 
ainda não podemos dizer que os colégios romanos foram a origem do sindicato 
moderno. 
2. Séculos XVII e XVIII
Muitos historiadores consideram as corporações de ofício na Idade Média, no século XVII, 
como o berço do sindicalismo. Isso porque também havia organização de classes profissionais 
com vontade coletiva, ainda que diferentes dos sindicatos modernos.
Essas corporações eram dotadas de uma rígida estrutura hierárquica constituída por mestres, 
companheiros e aprendizes, sem possibilidade de ascensão. Essa forte hierarquia levou ao 
envelhecimento e à extinção dessas instituições.
Legenda: O trabalho dos ferreiros era fortemente hierarquizado e não dava possibilidade de ascensão.
Fonte: Shutterstock
Na Inglaterra, em 1720, surgiu a associação de trabalhadores alfaiates, que tinha como objetivo 
reivindicar melhores condições de salários e limitação da jornada de trabalho. Esse fato é 
considerado como a verdadeira origem do sindicalismo moderno. Esse tipo de associação 
foi proibido em 1799, sendo considerado ilícito penal o seu funcionamento. A França foi 
o primeiro país no qual ocorreu um movimento de contestação dos direitos sindicais que 
resultou no fim das corporações de trabalhadores. Após o movimento da revolução burguesa 
de 1789, foi editada a Lei Chapelier, que proibia, expressamente, o direito de associação entre 
os cidadãos de um mesmo estado ou profissão.
Curso Técnico em Agronegócio
96
3. Reconhecimento no século XIX
O sindicalismo só conseguiu se firmar depois do reconhecimento, pelo Estado Moderno, do 
direito de associação dos trabalhadores, que ocorreu no século XVIII sob grande influência dos 
ideais da Revolução Industrial. Ele surgiu como movimento contrário às repressões existentes 
desde o fim das corporações de ofício.
Enfim, em 1824, o parlamento inglês reconheceu o direito de associação dos trabalhadores, 
mesmo sem atribuir personalidade jurídica aos sindicatos e tampouco reconhecendo o direito 
de greve.
4. Sindicalismo no Brasil
Os primeiros passos do sindicalismo no Brasil surgiram após a independência, estando 
previsto já na sua primeira carta constitucional de 1824, ainda no período imperial. No campo 
das associações profissionais, essa Suprema Carta refletiu os movimentos que ocorriam na 
Europa, trazendo no seu art. 179 a proibição às corporações de ofício.
O fato que deu impulsão ao sindicalismo no Brasil ocorreu devido à chegada dos imigrantes 
europeus, que difundiram os ideais de organização de classes no intuito da defesa dos 
trabalhadores.
Legenda: Quando os colonos chegaram ao Brasil, trouxeram também suas organizações de classe trabalhadora.
Fonte: Shutterstock
A primeira constituição republicana de 1891 não previu, expressamente, normas a respeito de 
associações sindicais, porém consagrou, no art. 72, § 8, o direito de livre associação e reunião. 
Pode-se considerar que esse tenha sido o primeiro passo para a organização e a formação da 
consciência do movimento sindical no Brasil.
Em 1907, o Decreto–Lei nº 1.637 regulamentou o artigo constitucional, 
possibilitando o direito de constituir sindicatos. 
Legenda: O ex-presidente Getúlio Vargas é lem-
brado pela defesa da classe operária.
Fonte: Wikimedia Commons.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
97
Esse sindicalismo regulamentado foi um sindicalismo 
de ofício, ao agrado do Estado. No entanto, as leis re-
pressivas tinham mais aplicabilidade, porque permi-
tiam a expulsão de estrangeiros e o fechamento de 
associações vinculadas a danos, depredações incêndio 
etc., com o fim de controlar a organização sindical.
Depois de 1930, com a ascensão de Getúlio Vargas 
ao poder, o Estado passou a interferir mais sistema-
ticamente nos assuntos trabalhistas. O Ministério do 
Trabalho foi criado, e, logo depois, em finais dos anos 
1930, um decreto regulamentou a sindicalização das 
classes patronais e operárias.
Em 1934, a nova Constituição, de estilo mais democrata, 
reconheceu o princípio da pluralidade sindical, porém 
o Decreto nº 24.694, de 12 de julho de 1934, limitou 
a possibilidade de criação dos sindicatos em até três 
representativos de uma mesma categoria em uma 
mesma base territorial estabelecida, bem como a implementação das Juntas de Conciliação e 
Julgamento para processos trabalhistas.
Posteriormente, essas conquistas dos sindicalistas foram suprimidas por causa da nova 
Constituição de 1937, que implementou o Estado-Novo. Tal Constituição proibiu a pluralidade 
sindical, não sendo reconhecido senão um único sindicato por cada profissão, ou seja, 
estabeleceu a unicidade sindical, e os interesses dos particulares ficaram submetidos aos 
interesses do Estado. Assim, para os sindicatos terem existência legal, necessitavam ser 
reconhecidos pelo Ministério do Trabalho.
Legenda A carteira de trabalho, conquista do trabalhador brasileiro, foi criada em 1943.
Fonte: Shutterstock
3. Reconhecimento no século XIX
O sindicalismo só conseguiu se firmar depois do reconhecimento, pelo Estado Moderno, do 
direito de associação dos trabalhadores, que ocorreu no século XVIII sob grande influência dos 
ideais da Revolução Industrial. Ele surgiu como movimento contrário às repressões existentes 
desde o fim das corporações de ofício.
Enfim, em 1824, o parlamento inglês reconheceu o direito de associação dos trabalhadores, 
mesmo sem atribuir personalidade jurídica aos sindicatos e tampouco reconhecendo o direito 
de greve.
4. Sindicalismo no Brasil
Os primeiros passos do sindicalismo no Brasil surgiram após a independência, estando 
previsto já na sua primeira carta constitucional de 1824, ainda no período imperial. No campo 
das associações profissionais, essa Suprema Carta refletiu os movimentos que ocorriam na 
Europa, trazendo no seu art. 179 a proibição às corporações de ofício.
O fato que deu impulsão ao sindicalismo no Brasil ocorreu devido à chegada dos imigrantes 
europeus, que difundiram os ideais de organização de classes no intuito da defesa dos 
trabalhadores.
Legenda: Quando os colonos chegaram ao Brasil, trouxeram também suas organizações de classe trabalhadora.
Fonte: Shutterstock
A primeira constituição republicana de 1891 não previu, expressamente, normas a respeito de 
associações sindicais, porém consagrou, no art. 72, § 8, o direito de livre associação e reunião. 
Pode-se considerar que esse tenha sido o primeiro passo para a organização e a formação da 
consciência do movimento sindical no Brasil.
Em 1907, o Decreto–Lei nº 1.637 regulamentou o artigo constitucional, 
possibilitando o direito de constituir sindicatos. 
Legenda: O ex-presidente Getúlio Vargas é lem-
brado pela defesa da classe operária.
Fonte: Wikimedia Commons.
Curso Técnico em Agronegócio
98 
Em 1943, foi promulgado o Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio, que 
aprovou a Consolidação das Leis de Trabalho – CLT, de conteúdo 
espelhado no texto constitucional vigente e inspirada na legislação 
fascista italiana.
Por fim, em termos de Brasil, a Constituição Federal de 1988 trouxe uma grande evolução 
do direito sindical, pois concedeu a liberdade sindical, proibindoa interferência do Estado 
na organização dos sindicatos, mas, no entanto, manteve alguns resquícios da Carta de 1937 
(unidade sindical, sindicalização por categoria etc.). 
'
Dica
Lembre-se de que no AVA você tem acesso a links e vídeos complementares aos 
assuntos tratados na unidade curricular!
Tópico 2: Legislação sobre Princípios, Liberdade Sindical e de 
Organização
A Organização Internacional do Trabalho – OIT estabelece que a atividade sindical deve ser 
regida por dois princípios básicos: 
• o princípio da liberdade associativa e sindical;
• o princípio da autonomia sindical. 
Fonte: Shutterstock
A Constituição de 1988 determina, no art. 8º: 
É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: 
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado 
o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção 
na organização sindical;
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
99
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, 
representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que 
será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser 
inferior à área de um Município;
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da 
categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; 
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, 
será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação 
sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei; 
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura 
a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano 
após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. 
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos 
rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.
d
Comentário do autor
Atenção a este ponto: a participação do trabalhador junto ao sindicato 
profissional é muito importante, no entanto a legislação não obriga a filiação 
em sindicato (inciso V do art. 8º). Mesmo assim, os benefícios decorrentes da 
negociação dos sindicatos serão extensivos a todos os profissionais da categoria, 
e é por isso que ficou assegurada na lei a contribuição sindical compulsória 
(obrigatória), que é distribuída para a manutenção do sistema sindical.
Tópico 3: Organização e Atividades Sindicais
A organização sindical é regulamentada pela CLT, no Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio 
de 1943, título V, “Da Organização Sindical”, capítulo I, “Da Instituição Sindical”, seção I, “Da 
Associação em Sindicato”.
Ela define, em seu artigo 511, que 
é lícita a associação para fins de estudo, defesa e coordenação dos seus interesses 
econômicos ou profissionais de todos os que, como empregadores, empregados, agentes 
ou trabalhadores autônomos ou profissionais liberais exerçam, respectivamente, a 
mesma atividade ou profissão ou atividades ou profissões similares ou conexas.
Essa similaridade de condições na profissão ou no trabalho em comum compõe a expressão 
social compreendida como “categoria profissional”. 
Curso Técnico em Agronegócio
100
d
Comentário do autor
Chamamos de “categoria profissional diferenciada” aquela que se forma dos 
empregados que exercem profissões ou funções diferenciadas por força 
de estatuto profissional especial ou em consequência de condições de vida 
singulares. São os exemplos de trabalhadores que atuam embarcados em alto-
mar, por exemplo, que, por lei, têm horários e escalas de trabalho especiais.
Os limites de identidade, similaridade ou conexidade fixam as dimensões dentro das quais a 
categoria econômica ou profissional é homogênea e a associação é natural.
Fonte: Shutterstock
Sobre as atividades sindicais, o art. 512 da CLT determina: “Somente as associações 
profissionais constituídas para os fins e na forma do artigo anterior e registradas de acordo 
com o art. 558 poderão ser reconhecidas como Sindicatos e investidas nas prerrogativas 
definidas nesta Lei.”
Observe os deveres dos sindicatos a partir do artigo 514:
a) colaborar com os poderes públicos no desenvolvimento da solidariedade social; 
b) manter serviços de assistência judiciária para os associados; 
c) promover a conciliação nos dissídios de trabalho; 
d) sempre que possível, e de acordo com as suas possibilidades, manter no seu quadro 
de pessoal, em convênio com entidades assistenciais ou por conta própria, um assistente 
social com as atribuições específicas de promover a cooperação operacional na empresa 
e a integração profissional na Classe. (Incluída pela Lei nº 6.200, de 16/4/1975)
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
101
Parágrafo único. Os sindicatos de empregados terão, outrossim, o dever de: a) promover 
a fundação de cooperativas de consumo e de crédito; b) fundar e manter escolas do 
alfabetização e pré-vocacionais. 
Tópico 4: Sindicalismo Rural – Regras e Atores
Depois de algumas décadas de vigor da Consolidação das Leis de Trabalho, atualmente, não 
mais se questiona o direito conferido aos trabalhadores. Essa condição de sindicalização se 
estende aos empresários rurais como uma das fundamentais garantias democráticas de 
liberdade e como decorrência de um princípio de igualdade em relação ao meio urbano. 
No plano internacional, o Tratado de Versalhes prevê o direito de 
associação para todos, sem discriminações, que inclui o pessoal do 
campo.
Fonte: Wikimedia Commons
A Convenção nº 11, da OIT, da qual o Brasil é signatário, assegura igual direito, dispondo que 
todo membro da Organização Internacional do Trabalho, que ratificar a presente 
Convenção, obriga-se a assegurar a todas as pessoas ocupadas na agricultura os 
mesmos direitos de associação e de coalização que o dos trabalhadores da indústria 
e a derrogar qualquer disposição legislativa ou de outra espécie, que tenha por fim 
prejudicar esses direitos no que respeita aos trabalhadores agrícolas.
Curso Técnico em Agronegócio
102 d
Comentário do autor
Vale destacar que a Convenção nº 87 da OIT (sobre liberdade sindical) não 
faz discriminação entre trabalhadores urbanos e rurais, fixando os mesmos 
princípios gerais em relação a ambos. 
O sindicato tem o poder de representar institucionalmente os profissionais mediante 
instrumentos legais. Acompanhe a legislação!
A Constituição de 1988, no art. 8º, III, estabelece: ao sindicato cabe a defesa dos direitos 
e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou 
administrativas, sendo obrigatória a sua participação nas negociações coletivas de trabalho. 
O art. 74, IV, § 2º, dispõe que qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte 
legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de 
Contas da União.
A CLT, no art. 513, define: 
São prerrogativas dos sindicatos: 
a) representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias, os interesses gerais 
da respectiva categoria ou profissão liberal ou interesses individuais dos associados 
relativos à atividade ou profissão exercida; 
b) celebrar contratos coletivos de trabalho; 
c) eleger ou designar os representantes da respectiva categoria ou profissão liberal; 
d) colaborar com o Estado, como órgãos técnicos e consultivos, no estudo e soluçãodos 
problemas que se relacionam com a respectiva categoria ou profissão liberal; 
e) impor contribuições a todos aqueles que participam das categorias econômicas ou 
profissionais ou das profissões liberais representadas. 
Parágrafo Único. Os sindicatos de empregados terão, outrossim, a prerrogativa de 
fundar e manter agências de colocação.
Há dois princípios de organização do sindicalismo rural quanto aos critérios básicos a serem 
adotados na sua estrutura geral:
Princípio da paridade Princípio da diversidade
Não permite distinção entre o meio urbano 
e o rural, fixadas diretrizes comuns de 
sindicalização, tanto para o campo como para 
indústria e comércio.
Prevê leis especiais e diferentes para o meio 
rural, identificáveis em suas linhas básicas com 
as leis atribuídas ao sindicalismo urbano.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
103
 
No Brasil, passou-se do princípio da diversidade para o da paridade a 
partir do Estatuto do Trabalhador Rural (1963). Embora tal estatuto 
tenha sido revogado pela Lei nº 5.899, de 1973, esta manteve a 
paridade e as normas atinentes ao enquadramento sindical.
Em outras palavras, os critérios do sindicalismo urbano e os do rural foram unificados, mas é 
admitida a peculiaridade de tratamento na medida em que a norma constitucional transferiu 
para a lei ordinária a regulamentação da matéria.
A base legal para isso é a CLT (arts. 511 a 535; 537 a 552, 553, caput, “b”, “c”, “d”, “e”, §§ 1º 
e 2º; 554 a 562; 564 a 566; 570, caput; 601 a 603; 605 a 625), que regula a sindicalização 
rural, somada à Constituição Federal de 1988, que associa aos sindicatos rurais as disposições 
adotadas para os sindicatos urbanos. 
1. Trabalhadores rurais
Os principais atores do sindicalismo rural são os trabalhadores rurais, os parceiros, os 
poceiros e os pequenos produtores, os proprietários rurais e todas as associações sindicais a 
eles vinculados: sindicatos, federações, confederações, associações etc.
Como você já estudou, a Constituição Federal de 1988 igualou o trabalhador rural ao 
trabalhador urbano, prevendo os mesmos direitos trabalhistas. O artigo 7º da Constituição 
prevê que: 
São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria 
de sua condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, 
nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, 
dentre outros direitos;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
IV - salário-mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às 
suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, 
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com 
reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua 
vinculação para qualquer fim;
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração 
variável;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da 
aposentadoria;
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; 
Curso Técnico em Agronegócio
104
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, 
excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos 
termos da lei;
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro 
semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante 
acordo ou convenção coletiva de trabalho; (vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943)
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de 
revezamento, salvo negociação coletiva;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; 
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por 
cento do normal;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o 
salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento 
e vinte dias; 
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos 
termos da lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos 
termos da lei;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene 
e segurança;
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, 
na forma da lei;
XXIV - aposentadoria;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até cinco anos 
de idade em creches e pré-escolas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, 
de 2006)
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; 
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a 
indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; 
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo 
prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois 
anos após a extinção do contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda Constitucional 
nº 28, de 25/5/2000)
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
105
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão 
por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; 
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão 
do trabalhador portador de deficiência; 
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os 
profissionais respectivos; 
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de 
qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir 
de quatorze anos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente 
e o trabalhador avulso.
d
Comentário do autor
Atenção! É importante que você, enquanto trabalhador, conheça os seus direitos 
e obrigações, independentemente do sindicato. O sindicato tem a obrigação de 
representar a categoria profissional e prestar apoio jurídico. 
Já a Lei nº 5.889, de 8 de junho de 1973, define no art. 2º que “empregado rural é toda pessoa 
física que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual a 
empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário.”
Observe que, quanto à categoria de segurados pela Previdência Social, o trabalhador rural 
também pode ser empregado ou contribuinte individual. Acompanhe as características de cada.
Empregado
Nesta categoria estão os trabalhadores com carteira assinada e os 
trabalhadores temporários.
Contribuinte 
individual
Nesta categoria estão as pessoas que trabalham por conta própria 
(autônomos), os empresários e os trabalhadores que prestam serviços 
de natureza eventual a empresas, sem vínculo empregatício. Também 
podem ser os associados de cooperativas de trabalho e outros. 
2. Produtor ou empregador rural
Alguns produtores rurais têm dúvidas quanto à sua categoria. A definição depende de cada 
atividade e da maneira de exercê-la. Por isso, é importante que tenham conhecimento básico 
da legislação para o seu enquadramento.Acompanhe a lei, descrita a seguir.
A Instrução Normativa nº 3 de 2005 da Receita Federal estabelece, no art. 240, que se entende 
por produtor rural:
I - produtor rural, a pessoa física ou jurídica, proprietária ou não, que desenvolve, em 
área urbana ou rural, a atividade agropecuária, pesqueira ou silvicultura, bem como 
Curso Técnico em Agronegócio
106
a extração de produtos primários, vegetais ou animais, em caráter permanente ou 
temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, sendo:
a) produtor rural pessoa física:
1. o segurado especial que, na condição de proprietário, parceiro, meeiro, comodatário 
ou arrendatário, pescador artesanal ou a ele assemelhado, exerce a atividade 
individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual 
de terceiros, bem como seus respectivos cônjuges ou companheiros e filhos maiores de 
dezesseis anos ou a eles equiparados, desde que trabalhem comprovadamente com o 
grupo familiar, conforme definido no art. 10;
2. a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária ou pesqueira, 
em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos 
e com auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não 
contínua;
b) produtor rural pessoa jurídica:
1. o empregador rural que, constituído sob a forma de firma individual ou de empresário 
individual, assim considerado pelo art. 931 da Lei nº 10.406, de 2002 (Código Civil), ou 
sociedade mercantil, tem como fim apenas a atividade de produção rural, observado o 
disposto no inciso III do § 2º do art. 250 desta Instrução Normativa;
2. a agroindústria que desenvolve as atividades de produção rural e de industrialização, 
tanto da produção rural própria ou da adquirida de terceiros, observado o disposto no 
inciso IV do § 2º do art. 250 desta IN.
d
Comentário do autor
É importante enfatizar que há trabalhadores da atividade urbana que, quando 
chegam à idade para se aposentar, adquirem sítios ou chácaras com o objetivo 
de tentar o enquadramento na previdência como segurado especial.
Na maioria dos casos, as pessoas não podem ser enquadradas como segurado 
especial. A Previdência Social tem se especializado em combater esse tipo de 
fraude, e essa prática pode gerar processo criminal e devolução do dinheiro da 
seguridade. 
3. Agricultura familiar e sindicalismo
Nas duas últimas décadas, vem ocorrendo a construção da categoria “agricultura familiar” 
como modelo de agricultura e como identidade política de grupos de agricultores. Como você 
já estudou no Tema 1, foram criadas políticas públicas específicas de estímulo aos agricultores 
familiares (como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf, em 
1995) e secretarias de governo orientadas para trabalhar com a categoria (como a Secretaria 
da Agricultura Familiar, criada em 2003 no âmbito do Ministério do Desenvolvimento Agrário, 
criado em 1998). 
Promulgou-se, ainda, a Lei da Agricultura Familiar (Lei nº 11.326 de 24 de julho de 2006), que 
reconheceu oficialmente a agricultura familiar como profissão no mundo do trabalho, e foram 
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
107
criadas novas organizações de representação sindical com vistas a disputar e a consolidar a 
identidade política de agricultor familiar, a exemplo da Federação Nacional dos Trabalhadores 
e Trabalhadoras na Agricultura Familiar – Fetraf.
d
Comentário do autor
Podemos dizer que a criação de instituições representativas de novas categorias 
profissionais do agronegócio está lentamente se desenvolvendo, como mostra a 
representatividade da agricultura familiar.
Lembrando que o sindicalismo rural brasileiro foi criado na década de 1960, 
seguindo o modelo do sindicalismo urbano, as legislações subsequentes 
foram montadas em cima do princípio da unicidade sindical; portanto, toda a 
diversidade de grupos sociais e de situações de trabalho rural foi enquadrada na 
categoria “trabalhador rural”, sejam eles assalariados, pequenos proprietários, 
arrendatários ou posseiros. 
Felizmente, a agricultura familiar está puxando de forma positiva a criação de 
novas instituições representativas desse setor.
4. Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – Contag
A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – Contag completou 50 anos de 
fundação em 22 de dezembro de 2013. São cinco décadas na luta em busca de melhores 
condições de vida e de trabalho para a categoria trabalhadora rural. Sua trajetória é fruto da 
organização, do trabalho, da articulação e da mobilização dos mais de quatro mil Sindicatos 
de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais – STTRs e das 27 Federações de Trabalhadores 
na Agricultura – FETAGS filiadas, que compõem com a Contag o Movimento Sindical de 
Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais – MSTTR.
Foto: Cesar Ramos (CONTAG, 2015) 
Curso Técnico em Agronegócio
108
A ideia de sua criação deu-se em uma época em que ocorriam sucessivos conflitos agrários e 
era necessário organizar os movimentos de camponeses espalhados pelo Brasil. Reconhecida 
pelo Ministério do Trabalho e Emprego em 31 de janeiro de 1964, tornou-se a primeira 
entidade sindical do campo de caráter nacional.
A confederação iniciou sua atuação no momento em que se discutiam as reformas de base, 
inclusive a reforma agrária. Em 1964, o presidente João Goulart foi deposto com o apoio dos 
latifundiários. O regime militar, implantado no país, reprimiu todos os movimentos populares, 
inclusive suas lideranças e políticos comprometidos com as reformas de base. A Contag sofreu 
intervenção, e o primeiro presidente da entidade, Lyndolpho Silva, foi preso e exilado. Outras 
lideranças e dirigentes sindicais foram torturados, exilados e assassinados.
Entre 1968 e 1969, período do Ato Institucional nº 5 – AI-5, os trabalhadores e as trabalhadoras 
rurais realizaram um amplo movimento para retirar a Contag das mãos do interventor. Após 
a retomada, a confederação intensificou o processo de organização sindical e politização da 
categoria trabalhadora rural, fato que resultou no crescimento de sindicatos e sindicalizados 
em todo o país. Em 1979, o MSTTR contava com mais de cinco5 milhões de associados.
 
A Contag integrou, com outros movimentos sociais, a vanguarda na luta 
contra a ditadura militar e pela redemocratização do Brasil, reivindicando 
uma ampla e irrestrita anistia política, eleições diretas e a convocação da 
Assembleia Nacional Constituinte.
Durante a Constituinte, a entidade participou ativamente das discussões que envolviam os 
interesses da população do campo, alcançando significativas conquistas, como a inclusão 
dos trabalhadores rurais no Regime Geral da Previdência Social e a extensão dos direitos 
trabalhistas aos assalariados rurais.
Internamente, a Contag concentrou esforços em ampliar a participação de todos os segmentos 
da categoria, assegurando a integração das mulheres, dos jovens e das pessoas da terceira 
idade em suas mobilizações e instâncias deliberativas.
d
Comentário do autor
Portanto, historicamente podemos dizer que esses 50 anos foram marcados 
pelas constantes mobilizações em defesa dos interesses dos trabalhadores e das 
trabalhadoras rurais. Entre os mais importantes, podemos destacar o Grito da 
Terra Brasil, a Marcha das Margaridas, o Festival da Juventude e a Mobilização 
dos Assalariados Rurais, que continuam conquistando melhorias para toda a 
população do campo.
A Contag é referência no país na luta pela construção de uma sociedade mais justa, democrática 
e igualitária, e na defesa permanente dos interesses dos trabalhadores e das trabalhadoras 
rurais. 
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
109
5. Contribuição sindical rural
Você já estudou sobre a obrigatoriedade da contribuição sindical, ainda que não sejaobrigatório que o trabalhador se sindicalize. Neste momento, você vai conhecer um pouco 
das regras da contribuição sindical rural. 
A contribuição sindical dos empregados, devida e obrigatória, será descontada em folha de 
pagamento de uma só vez no mês de março de cada ano e corresponderá à remuneração 
de um dia de trabalho. O artigo 149 da Constituição Federal prevê a contribuição sindical, 
concomitantemente com os artigos 578 e 579 da CLT, os quais preveem tal contribuição a 
todos que participem das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais 
(vide Decreto-Lei nº 229, de 1967 e Lei nº 11.648, de 2008).
 
A contribuição sindical rural é feita anualmente por meio de guia de 
recolhimento enviada ao produtor rural, já preenchida com o valor 
da contribuição, e pode ser paga em qualquer agência bancária, 
também sendo disponibilizada nos sites das federações. A data de 
vencimento para pessoas jurídicas é 31/1 e, para pessoas físicas, 
22/5.
O cálculo da contribuição sindical rural é efetuado com base nas informações prestadas pelo 
proprietário rural ao Cadastro Fiscal de Imóveis Rurais – Cafir, administrado pela Secretaria 
da Receita Federal. De acordo com o § 1º do artigo 4º do Decreto-Lei nº 1.166/71, devem-se 
observar as distinções de base de cálculo para os contribuintes pessoas físicas e jurídicas:
1º - Pessoa Física – a contribuição é calculada com base no Valor da Terra Nua Tributável – 
VTNT da propriedade, constante no cadastro da Secretaria da Receita Federal, utilizado para 
lançamento do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR.
2º - Pessoa Jurídica – a contribuição é calculada com base na Parcela do Capital Social – PCS 
atribuída ao imóvel.
Estão obrigados a contribuir o empresário ou empregador rural, pessoa física ou jurídica, que 
empreendem a qualquer título a atividade rural, proprietário ou não, mesmo sem empregado, 
ainda que em regime de economia familiar, ou seja, explore o imóvel rural que lhe garanta a 
subsistência, em área superior a dois módulos rurais da respectiva região.
d
Comentário do autor
Dentre as perguntas mais comuns quando o assunto é sindicalismo, está a 
seguinte: “Para onde vai o imposto sindical?”
Acompanhe!
Curso Técnico em Agronegócio
110
A art. 589 da CLT estabelece que, da importância da arrecadação da contribuição sindical, 
serão feitos os seguintes créditos pela Caixa Econômica Federal, na forma das instruções que 
forem expedidas pelo Ministro do Trabalho: 
I - para os empregadores:
a) 5% (cinco por cento) para a confederação correspondente;
b) 15% (quinze por cento) para a federação;
c) 60% (sessenta por cento) para o sindicato respectivo; e
d) 20% (vinte por cento) para a “Conta Especial Emprego e Salário”’;
II - para os trabalhadores: 
a) 5% (cinco por cento) para a confederação correspondente;
b) 10% (dez por cento) para a central sindical;
c) 15% (quinze por cento) para a federação;
d) 60% (sessenta por cento) para o sindicato respectivo; e
e) 10% (dez por cento) para a “Conta Especial Emprego e Salário”.
§ 1º O sindicato de trabalhadores indicará ao Ministério do Trabalho e Emprego a central 
sindical a que estiver filiado como beneficiária da respectiva contribuição sindical, para 
fins de destinação dos créditos previstos neste artigo.
d
Comentário do autor
Portanto, como você pôde constatar, 60% (a maior parte) vai para o seu sindicato 
no município.
Você sabe como pode ser usada a contribuição sindical?
Os sindicatos poderão destacar, em seus orçamentos anuais, até 20% dos recursos da 
contribuição sindical para o custeio das suas atividades administrativas, independentemente 
de autorização.
A contribuição sindical, além das despesas vinculadas a arrecadação, recolhimento e controle, 
será aplicada pelos sindicatos, na conformidade dos respectivos estatutos, usando aos 
seguintes objetivos:
I - Sindicatos de empregadores e de agentes autônomos: 
a) assistência técnica e jurídica; 
b) assistência médica, dentária, hospitalar e farmacêutica;
c) realização de estudos econômicos e financeiros; 
d) agências de colocação; 
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
111
e) cooperativas; 
f) bibliotecas; 
g) creches; 
h) congressos e conferências; 
i) medidas de divulgação comercial e industrial no país e no estrangeiro, bem como em 
outras tendentes a incentivar e aperfeiçoar a produção nacional; 
j) feiras e exposições; 
l) prevenção de acidentes do trabalho; 
m) finalidades desportivas. 
II - Sindicatos de empregados: 
a) assistência jurídica; 
b) assistência médica, dentária, hospitalar e farmacêutica; 
c) assistência à maternidade; 
d) agências de colocação; 
e) cooperativas; 
f) bibliotecas; 
g) creches; 
h) congressos e conferências; 
i) auxilio-funeral; 
j) colônias de férias e centros de recreação; 
l) prevenção de acidentes do trabalho; 
m) finalidades desportivas e sociais; 
n) educação e formação profissional; 
o) bolsas de estudo. 
III - Sindicatos de profissionais liberais: 
a) assistência jurídica; 
b) assistência médica, dentária, hospitalar e farmacêutica; 
c) assistência à maternidade; 
d) bolsas de estudo
e) cooperativas; 
f) bibliotecas; 
g) creches; 
Curso Técnico em Agronegócio
112
h) congressos e conferências; 
i) auxílio-funeral; 
j) colônias de férias e centros de recreação; 
l) estudos técnicos e científicos; 
m) finalidades desportivas e sociais; 
n) educação e formação profissional; 
o) prêmios por trabalhos técnicos e científicos. 
IV - Sindicatos de trabalhadores autônomos: 
a) assistência técnica e jurídica; 
b) assistência médica, dentária, hospitalar e farmacêutica; 
c) assistência à maternidade; 
d) bolsas de estudo; 
e) cooperativas; 
f) bibliotecas; 
g) creches; 
h) congressos e conferências; 
i) auxílio-funeral
j) colônias de férias e centros de recreação; 
l) educação e formação profissional; 
m) finalidades desportivas e sociais.
d
Comentário do autor
Para poder realizar isso tudo, além da contribuição sindical, os sindicatos podem 
cobrar, ainda, a contribuição social e a mensalidade sindical. Veja a seguir.
6. Contribuição social e mensalidade sindical
A contribuição assistencial ou social, conforme prevê o artigo 513 da CLT, alínea “e”, poderá ser 
estabelecida por meio de acordo ou convenção coletiva de trabalho com o intuito de sanear 
gastos do sindicato da categoria representativa.
Já a mensalidade sindical é uma contribuição que o sócio sindicalizado faz, facultativamente 
(conforme art. 5º, inciso XX da CF), a partir do momento em que opta filiar-se ao sindicato 
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
113
representativo. Essa contribuição normalmente é feita por desconto mensal em folha de 
pagamento, no valor estipulado em convenção coletiva de trabalho.
d
Comentário do autor
É importante que o trabalhador e o produtor rural conheçam as contribuições 
obrigatórias. A contribuição sindical, ou o chamado “imposto sindical”, pode ser 
cobrada judicialmente, com a inscrição do débito na dívida ativa.
Todas as penalidades aplicáveis ao não pagamento da contribuição sindical estão previstas 
nos artigos 602 e seguintes da CLT, podendo, inclusive, promover a respectiva cobrança 
judicial mediante ação executiva por falta de pagamento da referida contribuição.
Tópico 5: Sistema Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil 
– CNA
O Sistema Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA é uma organização que 
representa perante o governo federal as federações da agricultura (que trabalham nos 
estados) e os sindicatos rurais no âmbito dos municípios, defendendo de forma unificada 
os interesses dos produtores rurais brasileiros. Além do Executivo, também é papel da CNA 
representaras entidades perante o Congresso Nacional e os tribunais superiores do Poder 
Judiciário, nos quais dificilmente um produtor, sozinho, conseguiria obter respostas para as 
suas demandas.
CNA
27 federações
de agricultura
1949 sindicatos rurais 
1123 extensões de base
1.7 milhões de produtores
rurais associados (voluntários)
Curso Técnico em Agronegócio
114
O Sistema CNA abrange três entidades:
• a CNA, que faz a representação e a defesa dos interesses dos produtores rurais; 
• o SENAR, encarregado da formação profissional rural e da promoção social, promovendo 
todos os níveis de ensino para o campo;
• o Instituto CNA, uma associação civil sem fins lucrativos que desenvolve estudos e pesquisas 
sociais e do agronegócio, atendendo às demandas do Sistema CNA/Senar.
1. A importância da CNA na vida do produtor rural
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA é responsável por congregar 
associações e lideranças políticas e rurais em todo o país. A CNA também apoia a geração de 
novas tecnologias e a criação de agroindústrias responsáveis por aumentar a produtividade 
rural. Outra grande iniciativa da entidade é a cooperação e o apoio aos programas regionais de 
desenvolvimento agrícola, especialmente aqueles que se destinam a reduzir as desigualdades 
geoeconômicas em todos os estados brasileiros.
Missão
A CNA tem como missão representar, organizar e fortalecer os produtores 
rurais brasileiros. Ela também defende seus direitos e interesses, promovendo 
o desenvolvimento econômico e social do setor agropecuário. Para tudo isso se 
tornar realidade, a CNA congrega associações e lideranças rurais, e participa de 
forma ativa e permanente das discussões e decisões sobre a política nacional 
agrícola.
Objetivos
• Unir a classe produtora rural.
• Defender o homem do campo e a economia agrícola.
• Valorizar a produção agrícola e a preservação do meio ambiente associada ao 
desenvolvimento da agropecuária e da produção de alimentos.
• Defender do livre comércio de produtos da agropecuária e agroindústria.
• Buscar e demonstrar o correto conhecimento dos problemas e das soluções 
apropriadas às questões da categoria econômica.
A CNA é dirigida por uma diretoria executiva, subordinada ao conselho de representantes, 
órgão máximo da instituição, composto por um colégio de 27 presidentes das federações da 
agricultura. Sua atribuição é definir políticas e ações em favor dos interesses dos produtores 
rurais. O conselho se reúne, ordinariamente, duas vezes por ano, podendo convocar reuniões 
extraordinárias.
'
Dica
Não se esqueça: no AVA você tem acesso a links e vídeos complementares aos 
assuntos tratados na unidade curricular!
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
115
2. Federações de agricultura e sindicatos municipais 
As federações de agricultura e pecuária nos estados são parte integrante do Sistema Patronal 
Rural, que tem como entidade líder a CNA, e representam os produtores rurais de todo o 
estado. 
Ao lado dos sindicatos rurais, defendem os interesses políticos, econômicos e sociais da cate-
goria, e propõem soluções alternativas para as questões relativas às atividades agropecuárias 
em busca da melhoria da qualidade de vida e da geração de emprego e renda.
As federações, juntamente com o Senar, que é parte do sistema e você vai conhecer melhor 
a seguir, buscam capacitar as pessoas do meio rural associadas, direta ou indiretamente, aos 
processos produtivos agrossilvipastoris por meio de cursos de Formação Profissional Rural – 
FPR e Promoção Social – PS.
 
Sobre os representantes municipais dos produtores, os dados da CNA 
apontam que existem no Brasil 1.949 sindicatos rurais e 1.123 extensões 
de base, atendendo a 1,7 milhão de produtores rurais associados.
Com o apoio da CNA e das federações, os sindicatos dos produtores rurais atuam nos 
municípios em apoio direto ao produtor agindo na defesa dos direitos e interesses coletivos 
ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas.
O Sistema CNA/Senar criou o programa Sindicato 
Forte para melhorar o atendimento prestado aos 
produtores rurais, verdadeiros clientes dos sindica-
tos e de todo o Sistema CNA/Senar, buscando ainda 
estimular as boas práticas sindicais. 
3. Entidades do Sistema CNA/Senar 
O Sistema CNA/Senar é dividido entre Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar e 
Instituto CNA – ICNA.
Senar
O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar abre oportunidades para homens e 
mulheres que desejam ampliar seus conhecimentos para impulsionar a produtividade com 
preservação ambiental e melhorar a renda e a qualidade de vida no campo.
Criado pela Lei nº 8.315, de 23/12/91, é uma entidade de direito privado, paraestatal, mantida 
pela classe patronal rural, vinculada à Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA 
e administrada por um conselho deliberativo tripartite. É integrante do chamado Sistema S 
e tem como função cumprir a missão estabelecida pelo seu conselho deliberativo, composto 
por representantes do governo federal e das classes trabalhadora e patronal rural.
SINDICATO
FORTE
PROGRAMA ESPECIAL
Curso Técnico em Agronegócio
116
A produção nos campos brasileiros avançou com a ciência e a tecnologia, colocando o Brasil 
entre os maiores produtores de alimentos do mundo. O Senar contribui para essa mudança 
com ações de Formação Profissional Rural, atividades de Promoção Social, ensino 
técnico de nível médio, presencial e a distância, ensino superior e de pós-graduação e 
produção assistida.
d
Comentário do autor
É interessante destacar que o Senar atende, gratuitamente, dois milhões de 
brasileiros do meio rural todos os anos, contribuindo para sua profissionalização, 
sua integração na sociedade, a melhoria da sua qualidade de vida e o pleno 
exercício da cidadania.
As 27 administrações regionais do Senar promovem cursos e capacitações para desenvolver 
competências profissionais e sociais em aproximadamente 300 profissões do meio rural, e a 
sua Administração Central também possui um portfólio de programas especiais. 
Nos últimos quatro anos, a entidade ampliou, significativamente, o seu leque de ofertas 
educativas de Formação Profissional Rural – FPR, Promoção Social – PS e educação profissional 
técnica e superior, e tem concentrado esforços na busca de novas parcerias para ampliar 
ainda mais o atendimento das necessidades de formação e qualificação no campo.
Veja alguns marcos:
• O Senar passou a fazer parte do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego 
– Pronatec, em 2011, expandindo a oferta de cursos para jovens e adultos do Brasil rural.
• Em 2013, sinalizou um novo caminho para ofertar, também, cursos técnicos, presenciais e 
a distância. Aderiu à Rede e-Tec Brasil e, em 2014, passou a oferecer curso técnico de nível 
médio a distância, sendo parte da carga horária total em polos de apoio presencial criados 
em vários estados. 
• Em 2013, o Senar Nacional iniciou a oferta de educação superior por meio do curso 
Tecnologia em Gestão do Agronegócio.
Com a enorme capilaridade que tem e por acreditar 
que pode contribuir ainda mais para a multiplicação 
do conhecimento, o Senar criou um programa de As-
sistência Técnica Gerencial com Meritocracia. A pro-
dução assistida da entidade auxilia, principalmente, 
os produtores rurais das classes C, D e E que não têm 
acesso à assistência técnica e às novas tecnologias.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
117
d
Comentário do autor
Pensando que a agropecuária brasileira tem hoje um nível elevado de 
sofisticação de suas operações, novas carreiras e novos perfis profissionais, 
o Senar tem papel importante nesse cenário. Os requisitos de cada cadeia 
produtiva – do laboratório de pesquisa até o ponto de venda no supermercado, 
nafeira ou no porto – demandam diversas habilidades e competências.
Portanto, podemos dizer que o Senar é a escola que tira a tecnologia das prateleiras e a leva 
ao campo onde há necessidade, e aplica as pesquisas onde há demanda.
 
Realizar Educação Profissional e Promoção Social das pessoas do 
meio rural, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e 
para o desenvolvimento sustentável do país – essa é a finalidade 
do Senar.
Ao profissionalizar e oferecer atividades de Promoção Social no meio rural nas modalidades 
estabelecidas, o Senar contribui efetivamente para o aumento de renda, a integração e a 
ascensão social das pessoas a partir dos princípios de sustentabilidade, produtividade e 
cidadania, colaborando, também, para o desenvolvimento socioeconômico do país.
Acompanhe os princípios do Senar!
• Organizar, administrar, executar e supervisionar, em todo o território nacional, o ensino da 
Formação Profissional Rural e da Promoção Social das pessoas do meio rural.
• Com base nos princípios da livre iniciativa, da economia de mercado e das urgências sociais, 
aprimorar as estratégias educativas e difundir metodologias para ofertar ações adequadas 
de Formação Profissional Rural e Promoção Social ao seu público.
• Assessorar os governos federal e estadual em assuntos relacionados com a formação de 
profissionais rurais e atividades assemelhadas.
• Expandir parcerias e consolidar alianças públicas e privadas com o objetivo de cumprir a 
missão institucional.
• Estimular a pesquisa e garantir o acesso à inovação rural.
• Fortalecer e modernizar o sistema sindical rural.
• Aperfeiçoar os mecanismos de planejamento, monitoramento e avaliação de desempenho 
institucional.
• Promover a cidadania, a qualidade de vida e a inclusão social das pessoas do meio rural.
Curso Técnico em Agronegócio
118
Os recursos do Senar se originam de quatro fontes específicas – um tipo de pessoa física e três 
tipos de pessoa jurídica. Acompanhe.
FONTES DE RECURSOS CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO
a) Produtor rural – pessoa física, empregador e 
segurado especial:
0,20% sobre o valor bruto da comercialização 
de sua produção agrossilvipastoril
b) Produtor rural – pessoa jurídica:
0,25% sobre o valor bruto da comercialização 
de sua produção agrossilvipastoril
c) Agroindústrias (produtor rural – pessoa 
jurídica):
0,25% sobre o valor da receita bruta 
proveniente da comercialização da produção 
industrializada ou não
d) Outras pessoas jurídicas (sindicatos 
patronais rurais; federações da agricultura e 
da confederação da agricultura e pecuária do 
Brasil; prestadores de serviço de mão de obra 
rural constituídos como PJ; agroindústrias 
de piscicultura, carcinicultura, suinocultura e 
avicultura (somente com relação aos empregados 
que atuam na área rural); agroindústrias que 
se dedicam apenas ao florestamento e ao 
reflorestamento.
2,5% sobre a folha de pagamento
Instituto CNA – ICNA
O Instituto CNA é uma associação civil sem fins lucrativos. Criado em 26 de março de 2009, 
desenvolve estudos e pesquisas sociais e do agronegócio, atendendo a demandas do Sistema 
CNA/Senar. Desenvolve, ainda, tecnologias alternativas para a produção e a divulgação de 
informações técnicas e científicas, com foco no meio rural brasileiro.
O trabalho realizado no Instituto CNA traz uma importante contribuição 
para a formulação de propostas de políticas públicas, nas quais o 
beneficiário é a população rural brasileira.
O ICNA tem como missão o desenvolvimento integral das pessoas 
que vivem no meio rural, oferecendo-lhes os mesmos acessos que são 
conferidos ao meio urbano.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
119
d
Comentário do autor
O ICNA tem uma história interessante: em 2009, o Instituto realizou uma 
pesquisa sobre os “vazios institucionais”, ou seja, as desproteções que afetam 
a população rural brasileira. As informações recolhidas formam um panorama 
sobre a vida e as dificuldades das pessoas da zona rural, descrevendo como 
estão os acessos aos serviços básicos de saúde, educação e cultura.
Com base nessa pesquisa, já foram elaborados programas e projetos que passaram 
a fazer parte do portfólio de ações do Sistema CNA/Senar para minimizar as 
dificuldades e propor soluções duradouras para as comunidades rurais.
Encerramento do Tema 
Os conhecimentos sobre sindicalismo adquiridos nesta etapa do curso proporcionaram uma 
visão da atuação do trabalhador e do produtor rural como profissional, conhecendo seus 
direitos e suas obrigações.
Vimos, também, a importância da participação do produtor e do trabalhador junto ao sindicato 
rural do seu município e as oportunidades de capacitação que o sistema sindical, por meio do 
Senar, oferece para que se possa acompanhar a evolução do mercado.
Os produtores e trabalhadores rurais juntos e organizados em associações, cooperativas e 
sindicatos terão mais oportunidades e condições para a melhoria da qualidade de vida.
Atividade de aprendizagem 
1. Por que as pessoas se associam em sindicatos? Assinale a resposta correta.
a) Porque é obrigado filiar-se ao sindicato para ter direitos trabalhistas.
b) Para facilitar a reivindicação dos direitos trabalhistas.
c) Para ter direito ao fundo de garantia quando for demitido da empresa ou pelo patrão.
d) Para que o banco possa financiar os projetos da atividade rural, como a construção do 
curral e a compra do gado.
e) Para pagamento da contribuição sindical.
Curso Técnico em Agronegócio
120
2. Pode ser constituído no município mais de um sindicato da mesma categoria profissional? 
Marque a resposta correta.
a) Poderá haver mais de um sindicato de trabalhadores rurais no município, desde que 
seja aprovado em assembleia geral.
b) Se os escritórios ficarem a mais de 100 quilômetros distantes um do outro, para 
facilitar, a diretoria pode propor a criação de outro, mas deve ser aprovado pela maioria 
presente na assembleia. A assembleia é soberana.
c) A lei não permite a criação de mais de um sindicato da mesma categoria profissional 
na mesma base territorial.
d) Se o Ministério do Trabalho e o INSS concordarem, poderá ser discutida com o 
pessoal da Federação dos Trabalhadores do Estado a criação de um novo sindicato 
de trabalhadores no mesmo município se conseguir cadastrar mais de dois mil 
trabalhadores rurais.
e) Poderá ser criado mais de um sindicato no município desde que haja autorização da 
prefeitura.
3. O que é o Senar?
a) O Senar é uma empresa criada pelo governo federal, com apoio da maioria da Câmara 
dos Deputados e do Senado, para atender aos fabricantes de máquinas e equipamentos 
agrícolas, facilitando o trabalho no campo.
b) O Senar, vinculado ao CNA, é uma instituição privada, responsável pela capacitação 
profissional e promoção social do produtor, do trabalhador rural e de seus familiares.
c) O Senar, Serviço Nacional de Atendimento aos Recursos Naturais, é um órgão publico 
para atendimento ao Ministério da Agricultura.
d) O Senar atua apenas para atender aos grandes produtores rurais, pois apenas eles 
contribuem com a sua manutenção.
e) É uma empresa paraestatal, que atua com orientações diretas do governo federal, 
criada para atuar com o saneamento rural do Brasil, vinculado ao Banco Central.
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
121
4. A contribuição sindical que cada sindicato recebe pode ser aplicada nas seguintes 
atividades, exceto:
a) Assistência jurídica.
b) Assistência médica, hospitalar, dentária e farmacêutica.
c) Congressos e conferências.
d) Aplicar mais de 50% anualmente para custeio da administração do sindicato.
e) Finalidades desportivas e sociais.
5. O Decreto–Lei nº 5.452/43 permite a aplicação de no máximo 20% para custeio do sindicato 
anualmente. Após a sua criação, quem deve assinar o reconhecimentoda associação como 
sindicato? Marque a opção correta.
a) Presidente da República.
b) Governador do estado.
c) O juiz de direito da comarca.
d) O Ministro do Trabalho.
e) A Contag.
Curso Técnico em Agronegócio
122
Atividade extra: Análise Conceitual Comparativa
Para encerrar esta unidade curricular, tente elaborar um quadro comparativo entre as três 
categorias estudadas: as associações, as cooperativas e os sindicatos.
O objetivo é identificar e analisar os institutos sob as formas simétrica e assimétrica nos 
ambientes rurais, sendo que é importante que você tenha consciência de que cada uma das 
categorias possui a sua função de acordo com as suas características.
Vamos lá? 
Associativismo Cooperativismo Sindicalismo
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
123
Atividade de aprendizagem – Gabarito
Tema 1
1) Alternativa c. Empreendedor individual, pois a atividade é individual.
2) Alternativa e. Conforme a Constituição, ninguém pode ser obrigado a se associar ou 
permanecer associado. Os benefícios citados são direitos.
3) Alternativa b. Secretaria da Receita Federal do Brasil. O contador, ou outro profissional, 
pode auxiliar, mas o CNPJ é feito na SRF.
4) Alternativa e. Representar a comunidade perante o judiciário ou outros órgãos públicos 
para aprovação de projetos de interesses comuns – a representação deve constar no 
estatuto.
5) Alternativa c. Local onde a população participa na discussão e no acompanhamento das 
políticas públicas.
Tema 2
1) Alternativa b. Reunir pessoas em uma atividade econômica para que, com a ajuda de 
todos, tenham mais lucro e melhoria de vida – é o objetivo de uma cooperativa.
2) Alternativa b. É uma sociedade de pessoas – todas as outras alternativas são características 
de uma sociedade da capital.
3) Alternativa c. Aquisição do adubo pelo produtor cooperado no armazém da cooperativa 
– só é considerada ato cooperado a operação entre o cooperado e a cooperativa. No caso 
do produtor não cooperado, não é ato cooperado.
4) Alternativa d. Com sede em Brasília, a Organização das Cooperativas do Brasil – OCB é o 
órgão máximo de representação das cooperativas brasileiras.
5) Alternativa e. Todas as repostas estão incorretas – a cooperativa singular não pode ser 
formada com pessoas jurídicas (empresas), somente pessoas físicas. Empresas só podem 
se associar em caso excepcional.
Tema 3
1) Alternativa b. Para facilitar a reivindicação dos direitos trabalhistas – a contribuição sindical 
é compulsória, sendo sindicalizado ou não. 
2) Alternativa c. A lei não permite a criação de mais de um sindicato da mesma categoria 
profissional na mesma base territorial (Constituição Federal, art. 8º, II).
3) Alternativa b. O Senar, vinculado à CNA, é uma instituição privada, responsável pela 
capacitação profissional e pela promoção social do produtor, do trabalhador rural e de 
seus familiares.
4) Alternativa d. Aplicar mais de 50% anualmente para custeio da administração do sindicato.
5) Alternativa d. O Ministro do Trabalho – de acordo com a lei –é quem tem poder de 
reconhecer a associação como sindicato após atendidas as exigências.
Curso Técnico em Agronegócio
124
Atividade extra: Análise Conceitual Comparativa
Associativismo
Podemos definir o associativismo como uma forma de organização social que se caracteriza 
pelo seu caráter normalmente de voluntariado, pela união de dois ou mais indivíduos que 
buscam o atendimento da satisfação das necessidades individuais humanas, ou seja, a 
melhoria da qualidade de vida.
Pode ser constituído de pessoas físicas ou jurídicas, que se unem sem objetivos econômicos, 
sem objetivo de lucro.
Para que possa ter representação, o grupo necessita de uma entidade formalizada, que pode 
ser uma associação, um clube, um conselho etc.
As pessoas se associam livremente.
Cooperativismo
Rios (1998, citado por Cavalcanti, 2006) informa que o “cooperativismo é uma doutrina 
econômica estruturada para a geração de riquezas por meio do livre associativismo entre 
pessoas que, espontaneamente, concordam em criar uma cooperativa, unidas pelos mesmos 
ideais e tendo os mesmos objetivos”. O cooperativismo, então, seria uma alternativa de 
exploração de atividade econômica que objetiva a satisfação das necessidades comuns de 
seus associados ou cooperados de forma conjunta, e não com exclusividade para este ou 
aquele membro.
Sindicalismo
É um movimento ou doutrina política que defende a organização dos profissionais e 
trabalhadores em sindicatos para que trabalhem juntos na defesa de seus interesses. Envolve 
atividade social, política ou reivindicatória dos sindicatos.
Pode ser, ainda, uma doutrina ou um movimento que visa fortalecer o sindicato dentro da 
organização econômica e social.
Fonte: Dicionário online Caldas Aulete. 
Associativismo, Cooperativismo e Sindicalismo
125
Referências Bibliográficas
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______. Gestão do agribusiness cooperativo. In: BATALHA, M. O. (Coord.). Gestão Agroindustrial. 
Vol.1. São Paulo: Atlas, 1997.
BIALOSKORSKI NETO, Sigismundo. Cooperativas: economia, crescimento e estrutura de capital. 
Tese de doutorado – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – ESALQ, Universidade de 
São Paulo, Piracicaba, 1998. 
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21: a formação de um novo padrão agrário. Brasília/DF: Embrapa, 2014. 
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Universitária, UFRJ, 1996.
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Livraria Petrony, 1981. 
SGAN 601 MÓDULOK - EDIFÍCIO ANTÔNIO
ERNESTO DE SALVO - 1º ANDAR - BRASÍLIA
DISTRITO FEDERAL - CEP: 70830-021
FONE: + 55 61 2109 1300
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