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CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS OU PARAFISCAIS (Art.149 c/c 195, CF) Prof. Alberto Alves www.editoraferreira.com.br O art. 149, caput, da Lei Maior prescreve a possibilidade de a União instituir Contribuições como instrumento de sua atuação no âmbito social, na intervenção no domínio econômico e no interesse das categorias profissionais ou econômicas, tendo o constituinte empregado como critério classificatório a finalidade de cada uma delas, representada pela destinação legal do produto de sua arrecadação. Segundo posição pacífica do STF e majoritária na doutrina, a partir da CF/88 as Contribuições (chamadas de “especiais” ou “parafiscais” para diferenciá-las da contribuição de melhoria) são espécies tributárias autônomas, quero dizer, não se confundem com as outras espécies. Assim, não é necessária uma análise mais detalhada dos argumentos sustentados por cada corrente para definir a natureza jurídica das contribuições sociais. Dentro de nosso objetivo só nos importa saber que elas são, indiscutivelmente, modalidade de tributo, tendo como principal peculiaridade a destinação de seu produto à seguridade social. Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. § 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o Art 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União. § 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo: I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; II – incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços. III - poderão ter alíquotas: a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro; b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada. § 3º A pessoa natural destinatária das operações de importação poderá ser equiparada a pessoa jurídica, na forma da lei. § 4º A lei definirá as hipóteses em que as contribuições incidirão uma única vez. ( todos Ec 33) Características importantes das contribuições: (i) No caput do artigo transcrito, está prevista a instituição, exclusivamente pela União, de três subespécies de contribuições “especiais”, que serão detalhadas adiante: 9 Contribuições Sociais (ou “da Seguridade Social” ou “Gerais”); 9 Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (ou “Econômicas”); 9 Contribuições de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômicas (ou “Corporativas”). (ii) O § 1º deste dispositivo legal, contudo, excetua a regra da exclusividade - da União -, referida pelo caput, prevendo a instituição, pelos Estados, DF e Municípios, de contribuição social para custear a previdência social dos seus servidores (que, obviamente, só será cobrada destes servidores), como é o caso, p. ex., da contribuição para o IPERJ, no Rio de Janeiro. Cuida salientar que este assunto é bastante explorado em concursos públicos, sendo importante frisar que não é somente a União que pode instituir contribuições sociais, mas também os Estados, o DF e os Municípios, no caso específico do § 1º do art. 149. Já as demais contribuições (de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas), somente podem ser instituídas pela União. Em relação ao artigo retro-mencionado, é importante ainda observar que está expresso no texto constitucional que as contribuições submetem-se ao regime das normas gerais tributárias (art. 146, III) e aos princípios da legalidade (art. 150, I), da irretroatividade da lei tributária e da anterioridade e noventena (art. 150, III, “b” e “c”), que serão estudados mais adiante (cumpre alertar desde já que, no caso das contribuições sociais para a seguridade social, existe uma regra especial para a anterioridade - nonagesimal, mitigada). (iii) O § 2º, por seu turno, traz algumas materialidades passíveis de serem adotadas pelo legislador infraconstitucional. Assim, autoriza a instituição de contribuições sobre a importação de bens e serviços do exterior e, outrossim, aponta como bases de cálculo possíveis o faturamento, a receita bruta, o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro. Prevê ainda, no mesmo dispositivo legal, uma hipótese de imunidade, pois veda a incidência de contribuição social e a interventiva sobre as receitas decorrentes de exportação. (iv) Destinação legal do produto arrecadado: Ao contrário dos impostos, cuja vinculação do produto arrecadado enfrenta o disposto no inciso IV do artigo 167 da CF/881, as contribuições, por determinação Constitucional, seu produto arrecadado tem destinação específica. Assim, o produto arrecadado a título de contribuições deve 1 “Uma dessas diferenças reside na destinação legal do produto arrecadado, que é vedada nos impostos e exigida nas contribuições e empréstimos compulsórios. Tendo o constituinte proibida a criação de impostos com destinação específica (art. 167, IV, do Texto Maior) e, ao contrário, prescrito essa afetação relativamente às contribuições e aos empréstimos compulsórios, não podemos ignorar o tratamento diferenciado a eles atribuído”. (Fabiana Del Padre Tomé, in Curso de Iniciação em Direito Tributário, Dialética, São Paulo, 2.004, página 190). possuir destinação específica - qual seja, como instrumento de atuação do Estado nas respectivas áreas -, sob pena de descaracterizá-las. Sobre o tema, o Ministro Carlos Velloso esclarece: “Uma ressalva é preciso ser feita. É que caso há, no sistema tributário brasileiro, em que a destinação do tributo diz com a legitimidade deste e, por isso, não ocorrendo à destinação constitucional do mesmo, surge para o contribuinte o direito de não pagá-lo. Refiro-me às contribuições parafiscais – sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse de categorias profissionais ou econômicas, CF, art. 149 – e os empréstimos compulsórios (CF, art. 148)”. Leciona Misabel Abreu Machado Derzi que a “Constituição de 1988, pela primeira vez, cria tributos finalisticamente afetados, dando à destinação que lhe é a própria relevância não apenas do ponto de vista do Direito Financeiro ou Administrativo, mas igualmente do Direito Tributário”. E acrescenta a ilustre professora que “o contribuinte pode opor-se à cobrança de contribuições que não estejam afetadas aos fins, constitucionalmente admitidos; que igualmente poderá reclamar a repetição do tributo pago, se, apesar da lei, houver desvio quanto à aplicação dos recursos arrecadados. Assim, inexistente o gasto ou desviado o produto arrecadado para outras finalidades não autorizadas na Constituição, cai a competência do ente legiferante para legislar e arrecadar”. (Misabel Abreu Machado Derzi, notas atualizadoras de ‘Limitações Constitucionais do Poder de Tributar’, de Aliomar Baleeiro, Forense, 7. ed., 1977, p. 598- 599)” 2 (v) O Supremo Tribunal Federal entende que a Constituição Federal não proíbe que tenham as contribuições idêntico fato gerador dos impostos, inclusive aquelas que vierem a ser instituídas nos moldes do art. 195, § 4º, da CF. Entretanto, as novas fontes de custeio da seguridadesocial, criadas com fundamento nesse dispositivo (art. 195, § 4º), não poderão ter a mesma base de cálculo daquelas outras contribuições já previstas nos incisos I, II , III e IV do art. 195 da Constituição. 2 Recurso Extraordinário, n.º 189.419-6/SP, Rel. Ministro Carlos Velloso, 1º/12/97, DJU de 20/02/1998, n.º 45, RDDT n.º 32, maio de 1.998, página 143. GABARITO DA AULA ANTERIOR 01 – C 02 – D 03 – C 04 – D 05 – C 06 – C 07 – E 08 – D 09 – D 10 – C 11 – E 12 – A 13 – E 14 – B 15- B 16 – B 17 – D 18 – D 19 – B 20 – A 21 – D Prof. Alberto Alves www.editoraferreira.com.br
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