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PROJETOS DE SISTEMAS DE CONTROLE PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA Professores: Luís Fernando Alves Pereira, José Felipe Haffner & Luciano Fonseca Chaves 1 Aula 2 – Modelagem de Sistemas Dinâmicos Introdução Amplificadores Operacionais (AMPOP) Componentes Básicos do Computador Analógico Relação entre Função de Transferência e Circuitos com AMPOP Escalonamento de grandezas Tarefa Introdução Será apresentado neste experimento o emprego de amplificadores analógicos para a simulação de processos. Os amplificadores operacionais podem ser ligados de forma a representar o comportamento dinâmico de processos físicos de qualquer natureza. O objetivo deste tipo de simulação é o de obter fisicamente, tensões em diversos pontos do processo simulado. Tais tensões, dependendo da natureza do processo, poderão ser interpretadas como variáveis do tipo vazão, temperatura, nível, deslocamento, etc... Procedendo desta forma, pode-se conhecer o comportamento do sistema real e o engenheiro de controle, poderá efetuar o projeto do controlador e validá-lo junto ao processo representado com o emprego de amplificadores operacionais. Amplificadores Operacionais O amplificador operacional (AMPOP) é o componente eletrônico que pode ser, empregado na realização de várias operações matemáticas tais como inversão de sinal, soma e integração. Tais componentes apresentam características bem definidas como ganho DC elevadíssimo e impedância de entrada idealmente infinita e impedância de saída idealmente nula. Estes componentes são compostos por dois terminais de entrada, um deles representado por um sinal “+”, chamado de entrada não-inversora e o outro, representado por um sinal “-”, denominado de entrada inversora. Na figura 1b é mostrado a pinagem do amplificador operacional CA3140. (a) Símbolo básico do amplificador operacional (b) Pinagem do amplificador operacional CA3140 Fig. 1: Amplificador Operacional. Configurações Básicas com Amplificadores Operacionais Baseado nas características dos amplificadores operacionais, serão apresentados algumas configurações básicas, utilizadas em circuitos analógicos. PROJETOS DE SISTEMAS DE CONTROLE PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA Professores: Luís Fernando Alves Pereira, José Felipe Haffner & Luciano Fonseca Chaves 2 · Amplificador Inversor: A primeira destas configurações é a do amplificador inversor, apresentada na Figura 1. Considerando-se inicialmente i1=i2, e=0, implica i 1 2 22o 1 i 21 VR R iRV R V ii -=-=== (1) De acordo com a equação (1), constata-se que tal configuração apresenta um ganho dado por -R2/R1.. Fig. 2: Amplificador inversor. · Somador: É um elemento que fornece em sua saída a soma ponderada das entradas, i.e.: i i i in= + + +1 2 .... (2) uma vez que e=0, tem-se: i V R i V Rn n n 1 1 1 = =; .. .. .. . (3) Adicionalmente, sabe-se que V Ri R R V R R Vo n n= - = - + + æ è ç ö ø ÷ 1 1 .... (4) Admitindo-se a1=R/R1,...., an=R/Rn. nn11o V....VV a--a-= (5) Fig. 3: Configuração somadora. · Integrador: Este elemento fornece em sua saída a integral de suas entradas. Sendo a corrente “i”, que circula no capacitor de realimentação do amplificador operacional. Desta forma, pode-se escrever a tensão na saída do integrador como V t C i t dt Vo o t ( ) ( ) ( )= - +ò 1 0 0 (6) admitindo-se agora a1=1/CR1,...., an=1/CRn, resulta PROJETOS DE SISTEMAS DE CONTROLE PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA Professores: Luís Fernando Alves Pereira, José Felipe Haffner & Luciano Fonseca Chaves 3 V t V t dt V t dt Vo t n n t o( ) ( ) .... ( ) ( )= - + + æ è ç ç ö ø ÷ ÷ +ò òa a1 1 0 0 0 (7) sendo V0(0) a condição inicial do integrador. Fig. 4: Configuração integradora. · Comparador: Estrutura empregada para implementar a comparação entre sinais. Especificamente em sistemas de controle é usada para realizar a comparação entre o sinal de referencia r(t) e o sinal de saída y(t). A equação (8) relaciona os sinais de entrada com o sinal de saída do circuito apresentado na Figura 5. y(t) R R - r(t) R R 1 RR R e(t) 3 4 3 4 21 2 ××÷÷ ø ö çç è æ + + = (8) + - R4 R3 R1 R2 r(t) y(t) e(t) Fig. 5: Configuração comparadora com amplificador operacional. Considerado 4321 RRRR === , conforme mostra a equação (8), pode-se comparar diretamente os sinais, ou seja: y(t) - r(t)e(t) = (9) Portanto, se todos os resistores da figura 5 são iguais, este circuito pode ser empregado para realizar diretamente a comparação de sinais conforme o diagrama apresentado na figura 6. + - E(s)R(s) Y(s) Fig. 6: representação em diagrama de blocos do comparador de sinais. PROJETOS DE SISTEMAS DE CONTROLE PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA Professores: Luís Fernando Alves Pereira, José Felipe Haffner & Luciano Fonseca Chaves 4 Relação entre Função de Transferência e Circuitos com AMPOP Outra forma usual de descrever o comportamento dinâmico de sistemas é através de funções de transferências. Estas funções de transferência podem ser implementadas através de circuitos analógicos com amplificadores operacionais. A topologia fundamental para a implementação de funções de transferência com AMPOPs está apresentada na Figura 7, onde as impedâncias Z1 e Z2 especificam o numerador e o denominador da função de transferência. A Tabela 1 apresenta de forma esquematizada funções de transferência em função obtidas a partir da substituição das impedâncias Z1 e Z2 por elementos discretos (capacitores e resistores). Z1 Z2 + - U(s) Y(s) Fig. 7: Circuito genérico com Ampop Elemento de entrada Z1(s) Elemento de saída Z2(s) Função de transferência R1 R2 1 2 R R - R1 C2 s 1 CR 1 21 ×- C1 R2 sCR 12 ×- Tab. 1: Funções de transferência do circuito da Fig. 7. R1 R2 C2 22 21 R 1 s R 1 C C + - R1 R2 C2 ÷ ÷ ÷ ÷ ø ö ç ç ç ç è æ + - s CR 1 s R R 21 1 2 R1 C1 R2 ÷÷ ø ö çç è æ +- 11 12 CR 1 sCR PROJETOS DE SISTEMAS DE CONTROLE PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA Professores: Luís Fernando Alves Pereira, José Felipe Haffner & Luciano Fonseca Chaves 5 R1 C1 R2 C2 2 12 1 CR 1 s CR 1 s C C 2 1 + ÷÷ø ö ççè æ +- Continuação da Tab. 1: Funções de transferência do circuito da Fig. 7. As realizações de sistemas através de técnicas analógica, que consistem no emprego de integradores, somadores e ganhos puros, e através de funções de transferência são equivalentes sob o ponto de vista entrada-saída de um sistema, como era de se esperar. Justamente devido a isto é importante visualizar o ponto de conexão entre estas duas formasde representação de sistemas dinâmicos. Uma situação relativamente freqüente diz respeito ao fato de ter-se a disposição a representação de um dado sistema dinâmico através de sua função de transferência e, devido a técnica de controle escolhida para a regulação deste processo, existe a necessidade de observar-se não somente os sinais de entrada e saída do processo, mas também sinais intermediários. Assim, dado um sistema dinâmico descrito por: )ps)(ps( )zs(K)s(G 21 1 ++ += (10) e considerando que qualquer sistema dinâmico descrito através de sua função de transferência pode ser representado pela combinação de sistemas de primeira e de segunda ordem, a função de transferência G(s) podes ser reescrita como: K)zs( psps )s(G ×+× + × + = 1 2 1 1 1 (11) onde a representação através de diagramas de blocos de cada uma destas parcelas pode ser obtida facilmente conforme apresentado na Tabela 2. 1 1 ps + + - 1 s p1 2 1 ps + + - 1 s p2 K)zs( ×+ 1 + + s z1 K Tab. 2: Representação de funções de transferência através de técnicas de computação analógica. E desta forma, o sistema dinâmico representado pela função de transferência apresentada na equação (10) pode ser representado utilizando-se técnicas analógicas através da composição dos termos apresentados na Tabela 2, conforme apresentado na Figura 6 PROJETOS DE SISTEMAS DE CONTROLE PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA Professores: Luís Fernando Alves Pereira, José Felipe Haffner & Luciano Fonseca Chaves 6 )ps)(ps( )zs(K)s(G 21 1 ++ += 1 s p1 + - 1 s p2 + - s z1 + K + Figura 8: Representação de uma função de transferência através de técnicas de computação analógica. Fazendo-se uma simples manipulação nos blocos do digrama apresentado na Figura 8 pode-se obter uma representação que utiliza somente integradores, somadores e ganhos, conforme apresentado na Figura 9. 1 s p1 + - 1 s p2 + - z1 + K + Figura 9: Representação de uma função de transferência utilizando somente integradores. Escalonamento de grandezas Em muitas situações práticas as variáveis envolvidas em um mesmo processo podem apresentar muita variação entre si. Um exemplo disto pode ser encontrado ao analisar as variáveis associadas a um motor de corrente contínua de baixa potência, onde a corrente de armadura varia em torno de alguns décimos de amperes enquanto a velocidade alcança valores próximos de alguns milhares de RPM. Este fato impossibilita a representação de tais sistemas dinâmicos utilizando-se AMOPs utilizando-se o mapeamento direto das grandezas físicas em níveis de tensão devido as limitações existentes. Para que tal tarefa seja passível de realização é preciso efetuar uma operação de escalonamento com o objetivo de fazer com que todas as grandezas físicas envolvidas no processo possam ser representadas por sinais de tensão que não ultrapassem os valores das tensões de alimentação dos AMPOs. Escalonamento em Amplitude: Consiste em alterar o ganho DC de uma ou mais funções de transferencia do sistema de forma a manter a amplitude dos sinais de entrada e saída dentro de valores adequados. Admitindo-se o sistema representado na Figura 10 tenha o ganho DC conforme (12), Fig. 10: Sistema não escalonado. 21 1 pp Kz Kdc = (12) Admitindo Z1=-100, P1=-10, P2=-5 e K= 1000 percebe-se que a o ganho DC da função igual a 2000, o que implica numa saída de y(t)=4000 para uma entrada u(t)=2. Neste caso para que seja possível representar tal função de transferência através de AMPOPs é necessário realizar o escalonamento da K(s+Z1) (s+P1)(s+P2) U(s) Y(s) PROJETOS DE SISTEMAS DE CONTROLE PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA Professores: Luís Fernando Alves Pereira, José Felipe Haffner & Luciano Fonseca Chaves 7 variável de saída de forma a não ultrapassar os limites de alimentação dos amplificadores operacionais1. Neste caso pode-se aplicar um ganho Ka=1/1000, conforme observado na Figura 11 e em (13), pode reduzir o ganho DC da função de transferencia Y1(s)/U(s). Fig. 11: Sistema escalonado condicionado 21 1 1 pp KzK K adc = (13) resultando num valor de saída y1(t)=4 para a mesma entrada de u(t)=2, onde o valor de tensão da saída y1(t) deve ser interpretado como sendo Ka y(t) . Escalonamento em freqüência: Eventualmente processos físicos possuem constantes de tempo difíceis de serem avaliadas através de instrumentos de medição convencionais. Para tanto é possível realizar o escalonamento da resposta temporal sem alterar o comportamento dinâmico do processo como um todo. Admitindo-se novamente o processo representado na Figura 10, e considerando que deseja-se avaliar as dinâmicas do processo para um tempo de estabilização 10 vezes menor que o original, desta forma, o processo pode ser representado conforme apresentado na Figura 12. Fig. 12: Sistema escalonado condicionado 21 1 21 1 2 ppK KzK pKpK zKKK K f x ff fx dc == (14) Onde Kf =10, identifica a razão de modificação entre os tempos de estabilização desejados e o atual, enquanto que Kx corresponde ao ganho necessário para manter o ganho DC da função escalonada igual ao da função original. Observado os ganhos DC associados as funções de transferência, sem e com o escalonamento em freqüência dados receptivamente por (12) e (14), sejam iguais, determina-se Kx=Kf. 1 Normalmente os amplificadores operacionais são alimentados com uma fonte de alimentação simétrica de ±15V. Ka K(s+Z1) (s+P1)(s+P2) U(s) Y1(s) Kx K(s+Z1*Kf) (s+P1Kf)(s+P2Kf) U(s) Y2(s)
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