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CAPÍTULO 4 GESTÃO LOGÍSTICA INTEGRADA A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Conhecer os conceitos de Gestão logística e de Gestão de logística integrada. Conhecer os conceitos de Gestão de cadeias de suprimentos. Conhecer as características dos modais de transporte. Estabelecer uma proposta de gestão da cadeia de suprimento. Identifi car estratégias de Gestão logística integrada e de Gestão de cadeias de suprimentos. 88 GESTÃO DO AGRONEGÓCIO II 89 GESTÃO LOGÍSTICA INTEGRADA Capítulo 4 CONTEXTUALIZAÇÃO No Capítulo 4 será abordada a Gestão logística integrada, seus conceitos e princípios; a Gestão e operações logísticas das Cadeias de suprimentos. Os saberes que você levará após este capítulo incluem os conceitos e estratégias de Gestão logística e como estabelecer uma proposta de gestão para as cadeias de suprimento do agronegócio. Este capítulo foi dividido em duas partes. Na primeira parte do capítulo, maior enfoque será dado para gestão das decisões logísticas das empresas, pois as decisões das cadeias de suprimento serão abordadas na segunda sessão de Gestão das cadeias de suprimentos. A logística será apresentada como uma gestão integrada dos fl uxos de produtos, sejam bens ou serviços, entre as empresas produtoras e os locais onde estes produtos sejam consumidos. Em suma, a logística trata do planejamento da movimentação dos recursos de uma empresa para que esta funcione bem, porém cabe ressaltar que os recursos humanos, sua capacitação e adaptação aos novos processos também são vitais para a estruturação de uma proposta logística acertada. Um dos elementos centrais destas propostas é manutenção dos estoques sobre o qual conversamos no capítulo anterior, mas também questões como transporte, armazenamento e distribuição de produtos. Se, por um lado, na logística vamos nos ater à organização dentro das instituições, na segunda parte, ao abordarmos a Gestão na cadeia de suprimentos, vamos discutir do processo de gerenciamento dos fl uxos de bens, de serviços, de recursos fi nanceiros, bem como as informações internas das cadeias de suprimento, que incluem diversos agentes, como os fabricantes, os fornecedores e os consumidores fi nais. Por fi m, a logística é uma construção contínua e é um elemento importante para a estratégia competitiva de muitas empresas, pois dela depende a entrega e recebimento dos produtos considerando valor de transporte e efi ciência de tempo e do uso de recursos. Nos primórdios de sua proposição, era bastante centrada apenas no armazenamento e no transporte de produtos. Nas propostas mais atuais, a logística é a base das cadeias produtivas, sendo muito trabalhada em conjunto com a gestão das cadeias de suprimento. Esta gestão conjunta, se realizada de forma efi ciente, oferece um controle e informações importantes aos gestores, identifi cando os gargalos dessas estruturas e fundamentando melhor as tomadas de decisões. 90 GESTÃO DO AGRONEGÓCIO II Nesta reportagem sobre automação na produção de ovos, você observa algumas inovações para aumentar a efi ciência da passagem dos ovos ao longo da empresa: <https://www.youtube. com/watch?v=RbqUl_T35wU>. CONCEITOS E PRINCÍPIOS LOGÍSTICOS A palavra “logística” provém do grego (logistikos) e signifi ca a arte de calcular ou de raciocinar de forma matemática. O termo foi muito utilizado no ambiente militar, especialmente na era da dominação persa, como um princípio para gerir a quantidade expressiva de aquisição, manutenção e transporte de materiais e de pessoas de que esse exército fez uso durante as guerras. Mais próximo ao nosso objetivo de discussão, a logística empresarial é considerada como o planejamento, a estratégia e o controle dos fl uxos itens desde as matérias-primas até os produtos fi nais, buscando atender às demandas dos consumidores e reduzindo custos e estoques, além de satisfazendo os consumidores internos das empresas (BOVET; THIAGARAJAN, 2000; BATALHA, 2007, p. 184). Ela responde por toda a movimentação de materiais, nos ambientes interno e externo da empresa, desde a chegada da matéria-prima até a entrega fi nal ao cliente (CHING, 2001). Segundo as proposições de Ballou (1993), as estratégias logísticas podem ser resumidas em três tipos de objetivos: • redução de custos, principalmente associados a movimentações e armazenamento/estocagem; • redução de capital, busca minimizar o nível de investimentos na logística; e • melhorias no serviço, porque normalmente melhores receitas são um refl exo de melhores serviços logísticos. Para o agronegócio, estes objetivos poderiam ser: • redução dos custos com embalagens; • redução do investimento em logística terceirizando parte do sistema; e • melhorias no serviço para aumentar a agilidade na carga e descarga de mercadorias, como no exemplo abaixo. lukas.silva.bastos Destacar 91 GESTÃO LOGÍSTICA INTEGRADA Capítulo 4 A logística pode ser abordada também conforme seus grandes processos e conforme as fases nas operações e relações das organizações. Apesar de muitas vezes ser confundida com outras estratégias, possui especifi cidades que a diferenciam de outras propostas, conforme mostra a Figura 19. Figura 19 – Diferentes abordagens da Logística e da Gestão da cadeia de suprimentos Fonte: Lambert e Cooper (2000). Especifi camente, duas propostas que devem ser melhor diferenciadas são a logística e a gestão das cadeias de suprimento (Figura 20). Considerando esta fi gura, uma empresa de tratores aplicaria a gestão de compras para a compra das peças, a gestão de materiais para organizar estes itens até que se transformem em um produto a ser comercializado e a logística para entrega-lo ao consumidor fi nal. A gestão de cadeias de suprimentos traz uma ideia muito mais ampla, que abrange todas as outras etapas e funções e será abordada de forma mais aprofundada no fi nal deste capítulo. Veja o exemplo na dissertação sobre a Logística Aplicada à Colheita Mecanizada de Cereais, disponível em: <http://www. teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11148/tde-08102004-153330/ publico/saulo.pdf>. 92 GESTÃO DO AGRONEGÓCIO II Figura 20 – Diferenças entre Logística e Gestão da cadeia de suprimentos Logística • Foco é para dentro da empresa; • Integração ocorre apelas entre os elos mais próximos (fornecedores e consumidores diretos); • Indicadores logísticos (como nível de estoques); • Foco na operação em si; • A tecnologia de informação é apenas um apoio ao sistema de logística; • Abordagem é majoritariamente técnica. SCM • Foco nas relações entre as empresas; • Perspectiva sistêmica de toda a cadeia de suprimentos envolvida; • Indicadores de cadeia; • Atencão à concepção das prospotas e ações; • Tecnologia de Informação é a base das propostas; • Abordagem mais do que técnica, englobando o sucesso de todos os negócios envolvidos. Fonte: Adaptado de Ballou (2006). Em suma, a logística compreende as atividades de suprimento, produção e distribuição, não apenas para reduzir estoques, mas para melhorar o controle sobre o fl uxo de materiais na organização (CHRISTOPHER, 2007). Por outro lado, a Gestão de cadeias de suprimentos (do original Supply Chain Management – SCM), é considerada uma expansão desta visão logística, sendo mais atual e holística, abrangendo a gestão estratégica e integrada de toda a cadeia produtiva, descrevendo a gestão tanto dos fl uxos de bens como de informações (BALLOU, 2006). Maiores detalhes sobre estas diferenças e propostas serão abordados nas sessões específi cas, a seguir. 93 GESTÃO LOGÍSTICA INTEGRADA Capítulo 4 GESTÃO LOGÍSTICA O gerenciamento de logísticafaz parte da Gestão das cadeias de suprimentos, e se dedica a planejar, implementar e controlar o fl uxo e o armazenamento de bens, serviços e informações relacionadas entre o ponto de origem e o ponto de consumo para atender aos requisitos dos clientes e dos objetivos da organização (CSCMP, 2017). Como pode ser observado, o conceito apresentado é muito semelhante aos que discutimos no Capítulo 1, em Administração de materiais. Atualmente, esta área tem sido denominada de logística de suprimentos. Ao denominarmos de logística temos uma ideia bem clara da importância dos fl uxos físicos que conduzem estes bens até os clientes fi nais, ou do cliente até voltar para algum ponto do processo (como acontece na Logística reversa). Logística reversa é um instrumento de desenvolvimento socioeconômico, constituído por ações para coletar resíduos sólidos para que sejam reaproveitados pelas empresas ou para que sejam atribuídos destinos corretos, sem prejuízo às sociedades humanas ou ao meio ambiente. Este princípio faz parte da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que salienta a responsabilidade das empresas no ciclo de vida dos produtos e no destino correto de seus resíduos. Segundo este programa governamental, todos os agentes da cadeia de suprimentos são responsáveis em algum grau por diminuir o volume e qualidade dos resíduos que seus produtos geram, bem como pelo impacto destes dejetos na saúde humana e no ambiente. Mais sobre a logística reversa pode ser aprofundado no site do Ministério do Meio Ambiente do governo brasileiro. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/residuos-perigosos/ logistica-reversa>. 94 GESTÃO DO AGRONEGÓCIO II A palavra logística passou a fazer parte da rotina das organizações principalmente após o período de estabilização econômica do Brasil advinda com o Plano Real, quando os administradores perceberam o risco de manter grandes estoques. Nesta ocasião, as empresas ganhavam com o aumento da infl ação, sendo conseguidos altos retornos que variavam dia após dia. Após a estabilidade da moeda, muitas empresas que mantinham estes estoques acabaram falindo, porque o retorno não existia mais. Assim, a logística empresarial passou a ser compreendida entre três grandes áreas: a logística de suprimentos, logística de produção e logística de distribuição física (RAZZOLINI FILHO, 2006). A logística de suprimentos se ocupa da gestão de materiais, incluindo as estratégias de movimentações destes itens. Grande parte deste conteúdo já foi abordado no Capítulo 1, de forma que maior ênfase será dada aos outros dois tipos de sistemas logísticos. Por outro lado, a logística de produção envolve as atividades desde o recebimento das matérias-primas, além de todo o suporte logístico à fabricação e a entrega dos produtos acabados para a expedição destes produtos (FARIA; ROBLES; BIO, 2004). Os sistemas logísticos demandam ferramentas de produção, como armazéns, caminhões, embalagens, procedimentos de preparação das ordens, e tudo isso deve ser utilizado da forma mais efi ciente para garantir o menor custo possível de produção (DORNIER, 2000). Um exemplo deste tipo de sistema logístico pode ser observado no material complementar a seguir. Discutir o material suplementar aqui. Na publicação a seguir, você encontra um exemplo prático de propostas logísticas para a produção de suínos. Disponível em: <http://www.cnpsa.embrapa.br/sgc/sgc_publicacoes/publicacao_ e3n54p5.pdf#page=104>. A logística de distribuição começa com o pedido do cliente, passando pela movimentação, estocagem e processamento dos pedidos fi nais da organização. Esse sistema é responsável por atender aos distribuidores (atacadistas e varejistas) e aos consumidores (BOWERSOX; CLOSS, 2001). Segundo os mesmos autores, é de responsabilidade da logística a garantia de disponibilidade de matérias-primas, de produtos quase acabados, de estoques de produtos prontos, no local e momento em que estes são necessários, com o menor custo e tempo possíveis. 95 GESTÃO LOGÍSTICA INTEGRADA Capítulo 4 Além destes, podemos citar também a logística pós-venda e a logística reversa. O retorno de produtos após as vendas ocorre, principalmente, como uma resposta a problemas de qualidade, como defeitos de fabricação, erros nos projetos originais ou problemas sérios na comercialização. Após o consumo, são enviados produtos por motivos de incapacidade de os consumidores darem o fi m correto às partes não consumíveis. Nesses casos, a logística reversa pode ser uma oportunidade de gerar valor aos clientes, dando novos destinos aos bens, ou garantindo um processamento correto dos resíduos perigosos (LEITE; BRITO, 2003). Um grande exemplo da importância deste tipo de problema ocorreu com as novas proposições de produtos para o mercado gourmet de café, como pode ser conferido no exemplo a seguir. Confi ra no link uma notícia sobre o projeto para implantação da logística reversa para cápsulas de café em Novo Hamburgo. Disponível em: <http://www.leandrominozzo.com.br/projeto-para- implantacao-da-logistica-reversa-para-capsulas-de-cafe-em-novo- hamburgo/>. Por fi m, temos a proposição de logística integrada. Segundo Ching (2001, p. 67), “a integração da cadeia logística concentra-se em alinhar os processos- chave do negócio”. Assim, a integração das funções logísticas oferece resultados como a redução e adequação dos estoques de produtos e principalmente redução dos custos com logística (KOBAYASHI, 2000). Neste caso, observa-se a necessidade de estender as estratégias logísticas para o ambiente externo às empresas, considerando os seus fornecedores e clientes. OBJETIVOS DA GESTÃO LOGÍSTICA INTEGRADA a) Resposta rápida: habilidade de satisfazer as exigências de serviço ao cliente em tempo hábil para eliminar os estoques excessivos. b) Variância mínima: causadas por eventualidades que possam afetar o sistema. Quando essa variação é controlada, a produtividade logística melhora por se tornar mais efi ciente. 96 GESTÃO DO AGRONEGÓCIO II c) Estoque mínimo: compreende a redução da quantidade de estoque ao nível mais baixo possível, e no aumento da rotatividade do material nos estoques. d) Consolidação da movimentação: busca minimizar os custos com o transporte, seja pela implantação de programas de agrupamento de cargas menores, pela terceirização ou pela movimentação conjunta de cargas com outras empresas. e) Qualidade: objetiva o aperfeiçoamento contínuo da qualidade, no caso, garantir que a entrega da mercadoria seja realizada apenas uma vez, sem a necessidade de retrabalhos. f) Apoio ao ciclo de vida: suporte a situação do produto no mercado, incluindo a logística reversa. Fonte: Adaptado de Bowersox e Closs (2001). Dessa forma, as empresas precisam administrar de forma integrada das atividades de transporte, de manutenção de estoques, de gestão dos pedidos, do armazenamento dos produtos, do manuseio dos produtos, e da programação das embalagens, distribuição e informações em relação a estes processos (GALVÃO, 2009). Esse processo de integração dessas atividades foi acontecendo gradualmente pela gestão integrada, pela qual as empresas procuram planejar, organizar e controlar o fl uxo de produtos, serviços e informações (BALLOU, 1993, p. 38). A constante avaliação dos processos é uma das bases da gestão logística. No entanto, uma boa gestão logística deve perceber em cada operação na cadeia de suprimentos uma forma de agregar valor. Essa avaliação possibilita o descarte de investimentos que não contribuem para adicionar valor, mas que custam tempo e dinheiro das organizações e poderiam ser descartados. Ademais, conhecer também as necessidades de cada um dos componentes tanto da empresa, quanto das atividades logísticas é fundamentalpara o sucesso não só da organização, mas de todos os integrantes da cadeia (NOVAES, 2001). Eis a importância de pensar nas estratégias sob uma perspectiva mais ampla, como a Gestão de cadeias de suprimento, na qual todos os elos formam estoques e assumem riscos (GALVÃO, 2009). 97 GESTÃO LOGÍSTICA INTEGRADA Capítulo 4 GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS Um dos objetivos da Gestão Logística Integrada diz respeito à necessidade de responder rapidamente às oportunidades que o mercado oferece. Esta rapidez de resposta está associada à capacidade de coordenação das atividades tanto de produção quanto de distribuição e ao longo de toda cadeia de produção (BATALHA, 2007, p. 53). A logística é vista como uma forma de diferenciar as empresas para obter vantagens competitivas, porém, com o passar do tempo, a logística foi sendo subjugada pela proposta de gestão da cadeia de suprimento (Supply Chain Management – SCM), que trata de um conceito bem mais amplo e pertinente. Isto porque a cadeia de suprimentos oferece mais informações que podem fundamentar estratégias para alcançar vantagem competitiva, que é quando a empresa opera em atividades de forma especial e a diferencia de seus concorrentes (PORTER, 1995). Uma cadeia de suprimentos é um conjunto de operações que fornece produtos (bens e/ou serviços) até os consumidores fi nais. Engloba todos os estágios envolvidos, direta e indiretamente, no atendimento dos pedidos dos clientes (CHOPRA; MEINDL, 2003). Sourcing se refere a um processo para encontrar, avaliar e negociar com as fontes necessárias para suprir as demandas do negócio, como os bens e serviços necessários para seu funcionamento. De formar geral, o SCM engloba o planejamento e gerenciamento de todas as atividades envolvidas em sourcing e aquisição, conversão e todas as atividades de gerenciamento de logística, incluindo também a coordenação e colaboração com parceiros (fornecedores, intermediários, provedores de serviços de terceiros e clientes (CSCMP, 2017). Para o agronegócio a ideia de cadeia de suprimento ainda apresenta outros fatores que devem ser considerados, como a importância do consumidor, a existência de redes de suprimento, a difi culdade do fl uxo físico de produtos altamente perecíveis, além da difi culdade de integração entre agentes diversos, dispersos e altamente competitivos. 98 GESTÃO DO AGRONEGÓCIO II Nesse contexto, a efi ciência é o grande objetivo na SCM. Ao longo dos canais de distribuição, a efi ciência pode ser alcançada melhorando as estratégias para compartilhar informações e para planejar conjuntamente entre todos os agentes das cadeias de suprimentos (BOWERSOX; CLOSS, 2001). Assim, as estratégias de SCM buscam integrar as organizações usando a logística como diferenciador e buscando integrar o ambiente interno da empresa com o ambiente externo, para otimizar processos em toda a cadeia produtiva. Assim, temos três grandes objetivos das SCM: redução de custos, adição de valor e gerar vantagem competitiva. A busca de valor agregado tem sido focada na criação de bens e serviços customizados ou diferenciados, do desenvolvimento de estratégias distintas, baseadas na cadeia de suprimento, para aumentar a lucratividade, dos fornecedores e clientes (FIGUEIREDO, 2006). As práticas mais efi cazes na SCM buscam simplifi car os processos e tornar as cadeias de produção mais efi cientes. Dentre estas práticas podemos citar a reestruturação e consolidação das relações com os agentes adjacentes da cadeia, reduzindo o número de parceiros, ou construindo parcerias com as outras empresas. As ações da SCM podem ser divididas em manutenção dos estoques (que foi abordada no Capítulo 1), do transporte, das instalações e das informações destas cadeias, conforme discutiremos a seguir. a) Transporte O transporte é uma atividade econômica que trata da movimentação física de insumos, produtos fi nalizados, além de pessoas e animais. Considerando os produtos sólidos, como grãos (como soja), insumos, minerais (como fertilizantes) a infl uência do custo do transporte no preço dos produtos é signifi cativa (GAMEIRO; CAIXETA FILHO, 2015, p. 107). Assim, essa etapa do sistema logístico deve ser atentamente considerada. Para cargas vivas (como suínos, aves e ruminantes) esta questão é ainda mais relevante, pois inclui preocupação com questões sanitárias (contaminação de outras localidades com patógenos de risco zootécnico e zoonótico) e de bem-estar dos animais que estão sendo transportados. Esta questão tende a se tornar ainda mais relevante com o aumento das preocupações em relação aos direitos e ao bem-estar desses animais de produção, como podemos perceber na reportagem a seguir. 99 GESTÃO LOGÍSTICA INTEGRADA Capítulo 4 Mudanças na legislação de transporte em relação à questão do bem-estar animal: Disponível em: <https://gauchazh.clicrbs.com. br/economia/campo-e-lavoura/noticia/2016/10/regulamentacao-do- transporte-de-animais-esta-em-discussao-7702641.html>. Quanto ao transporte, alguns pontos devem ser considerados, como o valor dos fretes, a confi abilidade nos prazos da entrega, a segurança ao longo da viagem, o risco que as cargas correm no transporte, ou em relação a perdas de qualidade. O transporte é um produto difícil de ser defi nido, porque é um item mutável e itinerante. Além disso, enfrenta vários riscos, como veículos tombados, assaltos, roubos de cargas, atrasos por greves e congestionamento, além de problemas mecânicos (GAMEIRO; CAIXETA FILHO, 2015) e de saúde dos motoristas, que difi cilmente encontram locais seguros para descansar e guardar as cargas sem perigos. A escolha da modalidade de transporte também é relevante e difícil, considerando a infraestrutura tão defi citária que o Brasil historicamente apresenta. Dentre as possibilidades de escolha temos os modais rodoviário, ferroviário, hidroviário, dutoviário, marítimo e aéreo. • Modal rodoviário O transporte por rodovias, que é realizado via caminhões e carretas, principalmente, é a alternativa mais utilizada no Brasil. Isso ocorre em função da conveniência de poder pegar e entregar os produtos de porta em porta, sem a necessidade de outros tipos de transporte como intermediários. Além disso, oferece maior fl exibilidade, possibilitando viagens curtas, de materiais de alto valor, por diversos tipos de estradas (BATALHA, 2007). Enquanto países de grandes dimensões territoriais, como EUA e China, utilizam predominantemente os modais ferroviário e aquaviário, em detrimento do rodoviário, no Brasil o que se observa é exatamente o contrário, ou seja, o predomínio absoluto do rodoviário (WANKE; FLEURY, 2006). De acordo com Fleury (2003), no Brasil mais de 60% da carga é transportada pelo modal rodoviário contra 26% nos EUA, 24% na Austrália e 8% na China. 100 GESTÃO DO AGRONEGÓCIO II Existe um excesso de oferta no transporte rodoviário em função da falta de regulamentação à entrada de novas empresas, criando uma concorrência desleal com os outros modais e inibindo a escala necessária para justifi car o investimento na infraestrutura básica para estas alternativas, como o ferroviário (WANKE; FLEURY, 2006). A infraestrutura de rodovias no Brasil é bastante defi citária, apresentando estradas sem manutenção e más rodovias, em função do alto peso de caminhões, que usam estradas pequenas demais e por causa de inefi ciências na regulamentação e fi scalização (BATALHA, 2007). Esses problemas causam um aumento considerável nos custos do frete, além de aumento do consumo de combustíveis, pneus, problemas mecânicos e acidentes. Com relação ao mercado de fretes, o modal do transporte é infl uenciado pela distância a ser percorrida, pela pressão de oferta e demanda, pelo produto nos pontos de origem e de destino,pelas condições físicas das vias de transporte, pelo número de praças de pedágio, pelo tipo de veículos necessários, pela possibilidade de obter outra carga de retorno no ponto de destino, e pelo tipo de carga (GAMEIRO; CAIXETA FILHO, 2015). Em geral, o custo fi xo do modal rodoviário é menor do que o ferroviário, que é menor do que o hidroviário, porque a construção e manutenção das rodovias depende também do poder governamental (WANKE; FLEURY, 2006). “Para os custos variáveis o rodoviário apresenta os maiores valores, podendo perder competitividade em grandes distâncias, sendo recomendado para distâncias menores” (GAMEIRO; CAIXETA FILHO, 2015, p. 110). São considerados custos variáveis deste modal combustível, óleo e manutenção de veículos (WANKE; FLEURY, 2006). Uma estratégia para reduzir os custos com o transporte rodoviário inclui a chamada carga de retorno. Neste caso, temos que considerar que quando contratado um serviço de transporte para levar uma carga X do ponto A para o ponto B, este veículo deve retornar por este trajeto, assim se for possível captar uma carga Y no ponto B para um ponto próximo ao ponto A os custos seriam bem menores tanto para os que embarcam os produtos quanto para os que o transportam (GAMEIRO; CAIXETA FILHO, 2015). 101 GESTÃO LOGÍSTICA INTEGRADA Capítulo 4 Um pouco sobre a história do transporte ferroviário no Brasil pode ser conhecido no material complementar. Disponível em: <https://gauchazh.clicrbs.com.br/economia/campo-e-lavoura/ noticia/2016/10/regulamentacao-do-transporte-de-animais-esta-em- discussao-7702641.html>. Para maiores informações sobre carga de retorno, sugerimos a leitura da publicação de Oliveira et al. (2010). Disponível em: <ftp:// ftp.sp.gov.br/ftpiea/publicacoes/ie/2010/tec4-0910.pdf>. • Modal ferroviário O modal ferroviário normalmente transporta produtos que não apresentam alto valor em relação ao seu volume (BATALHA, 2007). Dentro do agronegócio são transportados, desta forma, itens como grãos, adubos e fertilizantes. Em alguns países europeus, este modal é associado ao transporte conjunto com passageiros e com esta dupla função, ocorre a redução dos custos. Apesar de apresentar custos fi xos elevados, em função de altos investimentos em trilhos, terminais, locomotivas e vagões, seus custos variáveis são baixos (WANKE; FLEURY, 2006). As principais variáveis atribuídas ao custo ferroviário são: referência de tarifa máxima por origem, destino e produto (CAIXETA-FILHO, 2006). Este modal oferece vantagens para cargas maiores transportadas por longas distâncias, mas é uma alternativa lenta, principalmente em decorrência do tempo necessário para carga e descarga de produtos, além da necessidade de ter que esperar que todos os vagões estejam ocupados para que seja lucrativa a saída do trem. Nessa opção, o grande desafi o é garantir os prazos de entregas e controlar as perdas pelas más condições dos vagões que não são efi cientes no controle da umidade, que pode comprometer a qualidade dos grãos, tornando-os mais suscetíveis a fungos e bactérias, por exemplo. Além disso, a má conservação das vias refl ete-se nas baixas velocidades do transporte, o que reduz sua produtividade (WANKE; FLEURY, 2006). 102 GESTÃO DO AGRONEGÓCIO II • Modal hidroviário ou aquaviário O transporte de cargas via fl uvial ou marítima é um modal muito utilizado para grandes volumes de produtos de baixo valor relativo, não perecíveis, transportados por longas distâncias (BATALHA, 2007). Apresenta custos fi xos médios, principalmente para a compra de embarcações e em equipamentos; e os custos variáveis são baixos em razão da capacidade de transportar grandes volumes e toneladas (WANKE; FLEURY, 2006) e do baixo custo com combustíveis. Porém, é uma alternativa lenta e com muitos atrasos em portos e em terminais (BATALHA, 2007). Possibilita o transporte de diferentes volumes e tipos de produtos, podendo carregar milhares de toneladas (WANKE; FLEURY, 2006). Porém, apesar de ser amplamente utilizado no âmbito internacional, no Brasil sua utilização é baixa em função da dependência de hidrovias, especialmente porque temos poucas opções de rios navegáveis que vão até o oceano ou o que possibilitem conexões com importantes centros econômicos (BATALHA, 2007). Como consequência, são necessárias diversas operações extras de transbordo, que aumentam consideravelmente os custos. Em relação aos portos, como temos poucos investimentos, temos uma infraestrutura de baixa produtividade na movimentação das cargas. Enquanto o padrão internacional é de 40 contêineres/hora, a média no Brasil é de 16/hora, e o melhor terminal não movimenta mais do que 27/hora (BORGES, 2005). Um relatório geral sobre as hidrovias no Brasil pode ser consultado no documento disponível em: <http://repositorio.ipea.gov. br/bitstream/11058/2714/1/TD_1931.pdf>. • Modal aeroviário Esta alternativa é uma opção rápida, mas muito mais cara do que as outras. No entanto, oferece a grande vantagem de ser a opção mais rápida, por não incluir os tempos de manuseio, coleta e entrega das cargas (BATALHA, 2007). O modal aéreo apresenta custos fi xos baixos (aeronave e sistemas de manuseio), mas seus custos variáveis são os mais elevados: combustível, recursos humanos e manutenção (WANKE; FLEURY, 2006). Apesar da rapidez, confi abilidade 103 GESTÃO LOGÍSTICA INTEGRADA Capítulo 4 e disponibilidade do serviço, este modal apresenta limitações quanto às condições climáticas, podendo causar problemas mecânicos nas aeronaves e congestionamento aéreo (BATALHA, 2007). Entretanto, este modal apresenta sérios problemas ambientais e difi culdade de ser autossufi ciente na entrega de cargas, precisando de outros modais para fi nalizar a entrega. Na tese a seguir, temos algumas considerações sobre o impacto ambiental do transporte aéreo de cargas. Disponível em: <https:// goo.gl/TuzuPR>. • Modal dutoviário O transporte via dutos é bastante efi ciente para mover produtos líquidos e gasosos. Apesar de apresentar um dos custos mais baixos, também é um dos menos fl exíveis, pois poucos produtos podem ser transportados dessa forma. Mesmo sendo lento, os dutos podem operar continuamente, parando apenas para a manutenção, sendo também um dos mais confi áveis, porque raramente ocorrem interrupções ou falhas (BATALHA, 2007, p. 234). Os dutos possuem custos fi xos elevados, em decorrência de direitos de passagem, construção, estações de controle e capacidade de bombeamento, mas apresentam custos variáveis mais baixos, quase desprezíveis (WANKE; FLEURY, 2006). Quanto à frequência de utilização, os dutos operam 24 horas por dia, sete dias por semana, podendo ser acionados a qualquer momento, sem ser afetados por condições climáticas, congestionamentos ou verifi cações de segurança (WANKE; FLEURY, 2006). Entretanto, só transportam líquidos, gases e grãos. No Brasil, a principal utilização dos dutos é o transporte de gás natural através do gasoduto Brasil-Bolívia (BATALHA, 2007, p. 54). Você pode conhecer um pouco mais sobre o gasoduto Brasil- Bolívia no site da Petrobras. Disponível em: <http://www.petrobras. com.br/pt/nossas-atividades/principais-operacoes/gasodutos/ gasoduto-brasil-bolivia-trecho-sul.htm>. 104 GESTÃO DO AGRONEGÓCIO II Apesar dos altos investimentos em transporte e infraestrutura nos últimos anos terem aumentado, estes projetos são demorados e dependem de uma quantidade de recursos fi nanceiros signifi cantes. Dessa forma, o país ainda enfrentará muitas inefi ciências principalmente para usar sistemas multimodais, e isso representa grande parte dos custos das cadeias de suprimento (GAMEIRO; CAIXETA FILHO, 2015). Quadro 6 – Modais de transporte, suas redes físicas, de equipamentos e os principais produtos transportadospor estes modais no Brasil Modal de trans- porte Redes físicas e equi- pamentos Principais produtos transportados Participação no transporte Brasil (t-km) EUA (t-km) Fe r- ro vi ár io Ferrovias, locomo- tivas, vagões e es- tações ferroviárias. Grãos, cafés, carvão, madeira, adu- bos e fertilizantes. 20% 38% R o- do vi ár io Rodovias, caminhões e terminais. Grãos, cana-de-açúcar, madeira, produtos refrigerados (carnes), leite, suco de laranja, alimentos prontos para o consumo. 13% 16% H i- dr ov iá rio Hidrovias, navios, embarcações e por- tos. Grãos, açúcar, carros e produtos químicos. 61% 26% Ae ro vi ár io Aerovias, aviões e aeroportos. Produtos de alto valor como eletrônicos, joias. Produtos urgentes como documen- tos, fl ores, frutos do mar de alto valor. <1% <1% D ut ov iá rio Redes de tubulação, bombas, tanques de armazenagem e estações de bombea- mento. Petróleo, gás natural, água, esgo- to, materiais secos pulverizados e produtos a granel, como farinha em suspensão aquosa. 5% 20% Fonte: Adaptado de Batalha (2007, p. 235). Cabe lembrar que todos os modais de transporte têm vantagens e desvantagens em relação aos tipos de produtos que podem carregar, custos, velocidade, segurança e afi ns. Além disso, mesmo quando apenas vantagens são percebidas, às vezes, torna-se necessário o uso de um conjunto de modais para um mesmo transporte de carga. Assim temos: 105 GESTÃO LOGÍSTICA INTEGRADA Capítulo 4 Modal de transporte Vantagem Desvantagem Ferroviário Rodoviário Hidroviário Aeroviário Dutoviário • Modal: transporte realizado por apenas uma modalidade (apenas o rodoviário). • Intermodal: transporte realizado por mais de uma modalidade (Rodoviário e Ferroviário). • Multimodal: transporte realizado por mais de uma modalidade, porém estabelecido por um contrato prévio e único. • Segmentados: envolve vários contratos para diversos modais. Atividade de Estudos: 1) Descreva a principal vantagem e desvantagem de cada modal de transporte: b) Instalações São consideradas como instalações os espaços físicos: vias, instalações onde estão os produtos embarcados, os transformados, os processados e os distribuídos. A gestão das instalações inclui decisões como confi gurações dos armazéns, sua capacidade e fl exibilidade de utilização (GAMEIRO; CAIXETA- FILHO, 2015, p. 111). Alguns exemplos de propostas logísticas podem ser observados no Quadro 7. 106 GESTÃO DO AGRONEGÓCIO II Quadro 7 – Estudos sobre armazenamento e instalações físicas Objeto do estudo Referência Links para as publicações Unidades produtoras de suínos. (LOPES; CAIXE- TA-FILHO, 2000) <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101 -74382000000200006&script=sci_arttext> Armazéns de trans- bordo de açúcar (OLIVEIRA; CAIX- ETA-FILHO, 2007) <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010 3-20032007000400002&script=sci_arttex- t&tlng=ES> Unidades de arma- zenagem de grãos (FERRARI, 2006) <ftp://ftp.sp.gov.br/ftpiea/publicacoes/ ie/2010/tec4-0910.pdf> Frigorífi cos de bovi- nos de corte (ZUCCHI; ZENG; CAIXETA-FILHO, 2011). <http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.108 0/13675567.2011.608653> Tanques de arma- zenamento de etanol (XAVIER, 2008) <http://www.teses.usp.br/teses/dis- poniveis/11/11132/tde-17072008-152340/ en.php>. Fonte: A autora. Uma das formas de determinar como serão as instalações é a forma de acondicionamento dos produtos (embalagens), porque interferem diretamente na necessidade das instalações, como temperatura, luz e umidade (GAMEIRO; CAIXETA-FILHO, 2015, p. 112). Por exemplo, as instalações para sacas de grãos, grãos a granel e grãos processados são completamente diferentes entre si. O tipo de embalagem também interfere no modal de transporte e no tipo de veículos e armazéns para melhor acomodar estes produtos embalados. O planejamento das instalações inclui também o planejamento do uso da terra nas propriedades rurais, como no caso da citricultura, que inclui o planejamento da largura das ruas dentro dos pomares. Esta defi nição infl uencia os métodos de a aplicação de defensivos e fertilizantes, os veículos utilizados pelos equipamentos de coletas de frutas (CAIXETA-FILHO, 2006). A escolha do transporte e da localização das instalações também deve estar de acordo a forma como os consumidores desejam receber os produtos, que pode não coincidir com as opções mais baratas ou convenientes de transporte e armazenamento (GAMEIRO; CAIXETA-FILHO, 2015). c) Informação e softwares de gestão de SCM Nenhuma função logística dentro das empresas pode operar efi cientemente sem informações necessárias, que possibilitam o controle de custos e do desempenho de suas atividades (BALLOU, 2006). “As principais informações de interesse para a gestão são referentes aos estoques, ao transporte, às instalações 107 GESTÃO LOGÍSTICA INTEGRADA Capítulo 4 e aos clientes das empresas e das cadeias de suprimentos” (GAMEIRO; CAIXETA-FILHO, 2015, p. 113). “O fl uxo correto de informações é essencial para evitar interrupções em qualquer parte do processo suprimento dos materiais” (CHING, 2001, p. 57). Uma das grandes causas de o SCM ganhar tamanha relevância na gestão são os avanços tecnológicos e a disponibilidade de ferramentas, principalmente softwares, que facilitam a administração e a integração destes sistemas de gestão. Esta evolução traz grandes melhoras para as cadeias de suprimentos e estes softwares facilitam a integração entre as empresas. Em geral, estas estratégias buscam reduzir nível de complexidade dos processos, aumentar a velocidade do processo, ganhar fl exibilidade e redução dos custos. Estas ações são baseadas em decisões que, com o uso de tecnologias e informações, são muito mais assertivas. • ERP (Enterprise Resource Planning) Dentre as opções de softwares de integração, temos o ERP (Enterprise Resource Planning, ou Planejamento de Recursos da Empresa), que busca demonstrar aos gestores o que está acontecendo na empresa. Dentre suas funções estão a unifi cação dos processos de contabilidade, vendas, distribuição, orçamento e planejamento, recursos humanos, administração de materiais controle de estoques planejamento e controle da produção, manutenção, gerenciamento das ordens de serviço, logística, administração de armazéns e de compras (BATALHA, 2007). Este tipo de sistema é uma evolução dos sistemas de Manufacturing Resources Planning (MRP) e de Material Requirement Planning (MRPII), vistos no Capítulo 1. Uma vez que a implantação destes sistemas demanda um grande esforço das organizações, quando as empresas implantam o ERP difi cilmente elas mudam de fornecedores de sistemas. Esta mudança ocorre apenas em situações particulares, como quando os resultados esperados estejam bem longe do que foi projetado ou se o sistema atual não tem mais condições de atender às necessidades da empresa (BATALHA, 2007). Porém, estas reformulações podem causar grandes alterações nas empresas, além do que os funcionários devem ser treinados para sua utilização. Caso estes critérios não sejam atendidos, a implantação destes sistemas pode ser bastante prejudicial à empresa. 108 GESTÃO DO AGRONEGÓCIO II Exemplo negativo de implantação de ECR como consequência de avaliações inadequadas das características e necessidades de uma cooperativa agrícola. Disponível em: <http://www.scielo.br/ scielo.php?pid=S1984-92302002000300007&script=sci_arttext>. É uma abreviação de Business-to-business e identifi ca relações de negócios entre empresas que são fornecedoras e clientes. • EDI – Eletronic Data Interchange Estes sistemas tem o objetivo de automatizara integração dos documentos comerciais entre as empresas. Conforme as organizações aumentam suas redes de parceiros comerciais, fornecedores e clientes, torna-se necessário que a comunicação entre estes seja efi ciente, controlada e oferece o maior número de informações estratégicas possível para as empresas. Para POZO (2002), o EDI é uma tecnologia para transmissão eletrônica de dados, via computadores, através de linha telefônica, modem e software específi co para tradução e comunicação de documentos entre a empresa e os fornecedores. As empresas em geral possuem sistemas internos de gestão de informações para administrar seus processos de compra e venda, que são adequados às suas características. Porém, para manter painéis de comunicação com seus parceiros que sejam efetivos, estes sistemas devem ser capazes de ser utilizados por diversos tipos de empresas das mais diferentes áreas. Uma forma de estabelecer estas conexões são as soluções de EDI (Electronic Data Interchange), que permitem vincular os sistemas internos da empresa aos seus fornecedores e distribuidores, sendo bastante interessantes para a comercialização B2B. Nestes sistemas os dados são trocados por uma estrutura de documentação padronizada e tratados com softwares de comunicação (SILVA JÚNIOR; SOUZA; MANHÃES, 2014). 109 GESTÃO LOGÍSTICA INTEGRADA Capítulo 4 Também existem outros softwares específi cos para a SCM que contribuem para a tomada de decisões das organizações, porém, apesar da diversidade e disponibilidade dessas ferramentas nos agronegócios, muitas vezes, estes sistemas são pouco utilizados, observamos, principalmente porque as cadeias produtivas são muito complexas e seus agentes são muito diversos e dispersos geografi camente (GAMEIRO; CAIXETA-FILHO, 2015, p. 116). Temos dois exemplos disponíveis no Brasil para o agronegócio (Sifreca e o Siarma). SISTEMAS DE INFORMAÇÕES PARA AS CADEIAS AGROINDUSTRIAIS. SIFRECA: O Sistema de Informações de Fretes constantemente realiza pesquisas quanto ao transporte de diversas cargas, especialmente dos produtos agrícolas, envolvendo desde os insumos até os produtos fi nais. Através destas coletas e processamento de dados e informações referentes ao transporte desses produtos, é disponibilizado, mensalmente, o Informe Sifreca, que é enviado para diversas empresas em todo o país e que pode, também, ser acessado pela internet. SIARMA: o Sistema de Informação de Armazenagem é um projeto que envolve pesquisa sistemática sobre as principais características do armazenamento de cargas em ambiente natural e/ou artifi cial, com destaque para insumos e produtos agrícolas. As informações relacionadas à localização, capacidade, estrutura tecnológica e custos de armazenagem vêm sendo disponibilizadas via internet e, de maneira integrada com as informações disponibilizadas pelo Sifreca, têm se mostrado essenciais ao dimensionamento de projetos logísticos para empresas e/ou complexos agroindustriais específi cos. Fonte: Adaptado de Caixeta-Filho (1998) e de Siarma (2014). 110 GESTÃO DO AGRONEGÓCIO II Atividades de Estudos: 1) Acesso o site do SIFRECA <http://sifreca.esalq.usp.br/> e responda às questões: a) Qual é o valor do Frete Rodoviário para o Algodão (em R$/ tonelada) para o transporte de campo Novo do Parecis (MT) até Santa Bárbara d’Oeste (SP)? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ b) Consultando o boletim completo da SIFRECA para a Soja de Setembro/2017 – nº 37 <https://faex.edu.br/index. php?m=revistas&p=7&i=e-locucao_edicao_06&e=69> escolha um porto para a exportação de soja. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ • Resposta Efi ciente ao Consumidor (Effi cient consumer response – ECR) O ECR é um movimento internacional no qual os agentes das cadeias de suprimento juntam esforços para encontrar padrões e processos mais efi cientes para diminuir os custos e otimizar a produtividade nessas relações. Normalmente são estabelecidos entre indústria e o varejo/supermercados. Entretanto, não se trata de uma ferramenta pronta ou um kit e as empresas devem estar preparadas e considerar a utilização desta fi losofi a para sempre. Trata-se mais de uma postura em relação aos negócios das empresas, que se dispõem a compartilhar seus problemas, difi culdades, e informações para implantar conjuntamente as melhores soluções conforme seus sistemas operacionais e estratégicos (ECRBrasil, 2017). 111 GESTÃO LOGÍSTICA INTEGRADA Capítulo 4 Na prática, o ECR consiste de um sistema de reposição automática de estoques nos pontos de venda, sendo que demandas são repassadas aos integrantes subjacentes das cadeias de suprimentos automaticamente, aumentando a efi ciência da cadeia e das relações entre estes agentes (CORRÊA; MELLO, 2014). Vários países possuem sites com instruções e trocas de experiência em ECR. Confi ra o portal brasileiro. Disponível em: <http://www.ecrbrasil.com.br/ecrbrasil/page/>. Você também encontra mais informações sobre ECR nesta publicação. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1415-65552006000300007>. • Early Supplier Involvement (ESI) Este sistema trata do envolvimento dos fornecedores desde a fase inicial de concepção de um produto. Esta proposta de envolvimento faz com que os fornecedores incorporem suas competências ao projeto para a criação de produtos de forma mais rápida, com maior qualidade e com menores custos (PIRES, 2009). Este processo, quanto mais inicial, intenso, colaborativo, maiores suas chances de sucesso. Para desenvolver um produto e sua comercialização precisa além da integração da equipe interna da organização com os outros integrantes da cadeia de suprimentos (ROGERS; LAMBERT; KNEMEYER, 2004). Algumas das fases da ESI mais comuns podem ser observadas na Figura 21. 112 GESTÃO DO AGRONEGÓCIO II Figura 21 – Fases de implantação do ESI (Early Supplier Involvement) Fonte: Adaptado de Pires (2009). Este material complementar oferece uma revisão conceitual mais aprofundada sobre o envolvimento dos fornecedores inicialmente no desenvolvimento dos produtos. Disponível em: <http://www.simpoi. fgvsp.br/arquivo/2011/artigos/E2011_T00369_PCN00110.pdf>. • Outsourcing O outsourcing é uma prática empresarial que busca aumentar a competitividade das empresas, seja pela redução dos custos ou por incrementos na qualidade. Refere-se a uma substituição de uma ou mais atividades da organização pela contratação de outros agentes. Nestes casos, os fornecedores desenvolvem e mantêm uma relação de colaboração bastante integrada para manter os padrões de qualidade e conformidade necessários. Esta visão deve transcender a ideia de terceirização, pois o outsourcing envolve uma relação de parceria com um ou mais fornecedores da cadeia de suprimentos, e a terceirização tem signifi cado apenas para um negócio, uma decisão operacional. Ademais, para um outsourcing de sucesso, a seleção dos fornecedores deve considerar uma análise criteriosa, analisando sua capacidade de gestão e de manutenção dos princípios estratégicos e de qualidade que organização necessita, que deve servir a propósitos muito maiores do que apenas reduzir os custos (PIRES, 2009; CERRA et al., 2014). 113 GESTÃO LOGÍSTICA INTEGRADA Capítulo 4 Neste material você confere uma análise de viabilidade econômica da terceirização ou compra de frota de veículos para uma empresa de fertilizantesminerais. Disponível em: <https://revista. ipecege.com/Revista/article/view/107>. • Benchmarking O benchmarking é uma prática para disponibilizar e obter informações de mercado, através da integração e comunicação entre os agentes da cadeia. Em geral, trabalha uniformizando as análises de desempenho das organizações para atender aos segmentos em que estão inseridas. Busca-se a comparação entre produtos, serviços e estratégias entre as organizações, realizadas por pesquisas das ações de outras empresas. Para selecionar quais empresas serão alvo das atenções em busca de aprendizagem podem ser escolhidas as melhores empresas do setor, ou as melhores estratégias do mundo e aplicá-las ao setor em questão. AS ETAPAS DO BENCHMARKING 1) Identifi car empresas comparativas. 2) Defi nir o método e recolher dados. 3) Determinar os marcos de desempenho. 4) Projetar níveis de performance futuros e obter aceitação. 5) Estabelecer metas funcionais. 6) Desenvolver planos de ação. 7) Implementar ações específi cas e monitorar progressos. 8) Recalibrar marcos de referência. Fonte: Adaptado de Camp (1998). 114 GESTÃO DO AGRONEGÓCIO II ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Chegamos ao fi nal de uma jornada interessante por vários conceitos de Logística, Logística integrada e de Gestão de cadeias de suprimentos, além de suas contribuições, aplicações e restrições no mundo do agronegócio. Neste capítulo abordamos alguns pontos gerais sobre as estratégias de gestão das organizações e das cadeias do agronegócio, destacando a seleção de modais de transportes e conhecendo alguns softwares e estratégias para aumentar a efi ciência e o fl uxo de informações entre as organizações. Compreendemos que a logística é uma construção contínua, de fundamental importância para a estratégia competitiva de muitas empresas do agronegócio. Inicialmente a logística era muito dedicada a entender os processos de armazenamento e de transporte de produtos. Nos dias atuais, ela passa a englobar questões mais gerais e a integração entre as organizações. Esta gestão em parceria ou conjunta, quando realizada de forma efi ciente, oferece um controle e informações importantes aos gestores, identifi cando os gargalos dessas estruturas e fundamentando melhor as tomadas de decisões. Neste capítulo, procuramos demonstrar também os conceitos básicos da Gestão da cadeia de suprimentos (SCM) e sua aplicação para o agronegócio brasileiro, sujo objetivo principal é maximizar o valor global desenvolvido ao longo das diferentes etapas das cadeias. A evolução do entendimento de Logística integrada para uma abordagem de SCM, passa a considerar toda a cadeia de suprimentos para aumentar a qualidade de serviços e produtos que são disponibilizados aos consumidores fi nais. No capítulo fi nal desta apostila, abordaremos a gestão dos bens patrimoniais das organizações, em que serão descritos conceitos como depreciação, inventário e estratégias de gestão desta infraestrutura das empresas no âmbito do agronegócio. REFERÊNCIAS BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2006. BALLOU, R. H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 1993. BATALHA, M. O. (Coord.). Gestão agroindustrial: GEPAI: grupo de estudos e pesquisas agroindustriais. 3. ed. São Paulo: Editora Atlas SA, 2007. 2 v. v. 2. 115 GESTÃO LOGÍSTICA INTEGRADA Capítulo 4 BORGES, E. Um setor à beira do colapso. Conjuntura econômica, v. 59, n. 7, p. 24-32, 2005. BOVET, D. M.; THIAGARAJAN, S. Logística orientada para o cliente. HSM Management, São Paulo, ano 3, n. 18, p. 122-128, jan./fev. 2000. BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2001. CAIXETA-FILHO, J. V. Orange harvesting scheduling management: a case study. Journal of the Operational Research Society, v. 57, n. 6, p. 637-642, 2006. CAMP, R. C. Benchmarking: o caminho da qualidade total. 3. ed. São Paulo: Pioneira, 1998. CERRA, A. L. et al. Cadeias de Suprimentos de Montadoras dos Setores Automobilístico e de Linha Branca: Uma Análise Comparativa por Meio de Estudos de Caso. Revista Gestão & Produção, v. 21, n. 3, p. 635-647, 2014. CHING, H. Y. Gestão de estoques na cadeia de logística integrada: Supply Chain. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. CHOPRA, S.; MEINDL, P. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: estratégia, planejamento e operação. Pearson Prentice Hall, 2003. CHRISTOPHER, M. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: criando redes que agregam valor. Thomson Learning, 2007. CORREA, J. E.; MELLO, C. H. P. Effi cient Consumer Response (ECR) e a Tecnologia de Armazenagem, Movimentação de Materiais e Automação Logística. E-Locução Revista Científi ca da FAEX, v. 1, n. 6, p. 78-95, 2014. CSCMP – COUNCIL OF SUPPLY CHAIN MANAGEMENT PROFESSIONALS – Supply Chain Management Terms and Glossary. Disponível em: <https://goo. gl/DQK4q8>. Acesso em: 9 out. 2017. DORNIER, P. Logística e operações globais: textos e casos. São Paulo: Atlas, 2000. ECRBRASIL. Associação ECR Brasil. Saiba tudo sobre a ECR. Disponível em: <https://goo.gl/4HufLb>. Acesso em: 9 out. 2017. 116 GESTÃO DO AGRONEGÓCIO II FARIA, A. C.; ROBLES, L. T.; BIO, S. R. Custos logísticos: discussão sob uma ótica diferenciada. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CUSTOS, 11., 2004, Porto Seguro. Anais... Porto Seguro: Fundação VISCONDE DE CAIRU, 2004. FERRARI, R. C. Utilização de modelo matemático de otimização para identifi cação de locais para instalação de unidades armazenadoras de soja no estado do Mato Grosso. 2006. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo. FIGUEIREDO, J. C. et al. Operações em redes de suprimento globais e alta- confi abilidade. In: 44th Congress, July 23-27, 2006, Fortaleza, Ceará, Brazil. Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (SOBER), 2006. FLEURY, P. F. Terceirização logística no Brasil. In: FIGUEIREDO, K.F.; FLEURY, Paulo F.; WANKE, P. (Eds.). Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento do fl uxo de produtos e dos recursos. São Paulo: Editora Atlas, p. 313-324, 2003. GALVÃO, H. M. Uma análise do gerenciamento de estoques com enfoque na logística integrada: abordando instrumentos para tomada de decisão. Janus, v. 4, n. 5, 2009. G AMEIRO, A. H.; CAIXETA-FILHO, J. V. Gestão da cadeia de suprimentos. Capítulo 7. In: ZUIN, Luís Fernando Soares; QUEIROZ, Timóteo Ramos. Agronegócios: gestão, inovação e sustentabilidade. São Paulo: Saraiva, 2015, 312 p. KOBAYASHI, S. Renovação da logística: como defi nir as estratégias de distribuição física global. São Paulo: Atlas, 2000. LAMBERT, D. M.; COOPER, M. C. Issues in supply chain management. Industrial Marketing Management, London, v. 29, n. 2, p. 65-83, 2000. LEITE, P. R.; BRITO, E. Z. Reverse Logistics on returned products: is Brazil ready for the increasing challenge? 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